TCC arqurbuvv Lugar, espaço de [con]vivência.

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LUGAR, ESPAÇO DE [CON]VIVÊNCIA.



UNIVERSIDADE VILA VELHA

MARIANA DE CARVALHO BRILHANTE

LUGAR, ESPAÇO DE [CON]VIVÊNCIA.

VILA VELHA 2020



MARIANA DE CARVALHO BRILHANTE

LUGAR, ESPAÇO DE [CON]VIVÊNCIA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profa. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira

VILA VELHA 2020



MARIANA DE CARVALHO BRILHANTE

LUGAR, ESPAÇO DE [CON]VIVÊNCIA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Profa. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira. Aprovado em 09 de dezembro de 2020. COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________________ Profa. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira Universidade Vila Velha Orientadora

_________________________________________ Rubiene Callegario Iglesias Avaliadora Interna

_________________________________________ Dr. Laudelino Roberto Schweigert Avaliador Externo

VILA VELHA 2020



“Primeiro nós moldamos as cidades – então, elas nos moldam” Jan Gehl


RESUMO A comunidade, como toda localidade periférica, sofre da ausência do Estado e de suas estruturas administrativas. Dessa forma é fato notório que não se encontra, em seus limites, abundância de espaços comunitários estruturados e dedicados às práticas de manifestações culturais. Os laços existentes entre as pessoas e seu território toma a forma de apropriação do espaço público livre. Através da percepção deste cenário, o estudo a seguir consiste em uma proposta projetual de um Centro de Convivência na cidade de Vitória. Um projeto com caráter social e cultural, que busca dinamizar os espaços públicos e uma arquitetura que visa estimular o convívio e apropriação. O local escolhido para a implantação é o bairro Santo Antônio, devido a sua consciência social e política, seu histórico e engajamento comunitário. Como resultado, o Centro de Convivência busca suprir a carência dos espaços públicos, proporcionado um local de troca, convivência e encontro de pessoas. Um espaço que contribua na formação da identidade cultural dos indivíduos e da comunidade. Palavras chave: convivência ; equipamento urbano; periferia; bairro Santo Antônio; Vitória.

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ABST RACT The community, like any peripheral location, suffers from the absence of the State and its administrative structures. Thus, it is a well-known fact that there is not, within its limits, an abundance of structured community spaces dedicated to the practices of cultural manifestations. The ties that exist between people and their territory take the form of appropriation of free public space. Through the perception of this scenario, the following study consists of a project proposal for a Community Center in the city of Vitória. A project with a social and cultural character, which seeks to dynamize public spaces and an architecture that aims to stimulate conviviality and appropriation. The location chosen for implementation is the Santo Antônio neighborhood, due to its social and political awareness, its history and community engagement. As a result, the Community Center seeks to make up for the lack of public spaces, providing a place for exchange, coexistence and meeting people. A space that contributes to the formation of the cultural identity of individuals and the community.A space that contributes to the formation of the cultural identity of individuals and the community. Keywords: coexistence; urban equipment; periphery; Santo Antônio neighborhood; Victory.

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Sumário

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INTRODUÇÃO

OS ESPAÇOS DE [CON]VIVÊNCIA

REFERENCIAL PROJETUAL

06 Contextualização

15 Espaços de [con]vivencia

27 Espaço Comunitário do Refeitório San Martín

07 Objetivos

17 Apropriação do espaço

08 Metodologia 09 Justificativa 11 Organização dos capítulos

39 Centro Social Comunitário


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LOCAL DE INTERVENÇÃO

PROPOSTA DE PROJETO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

51 Caracterização espacial

78 A proposta do Centro de Convivência

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

79 Programa de necessidades 81 Memorial Justificativo



introdução.


baixa infraestrutura

carência de espaços públicos


pertencimento

apropriação do espaço


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CONTEXTUALIZAÇÃO

A comunidade, como toda localidade periférica, sofre da ausência do Estado e de suas estruturas administrativas. Dessa forma é fato notório que não se encontra, em seus limites, abundância de espaços comunitários estruturados e dedicados às práticas de manifestações culturais. Os laços existentes entre as pessoas e seu território toma a forma de apropriação do espaço público livre. Este pode ser entendido como espaços dedicados ao trânsito e uso universal, como ruas, calçadas e praças (MOREIRA, 2019). Trata-se, quando se fala desse tipo de ocupação que metamorfoseia o espaço comum, público, como ruas e vielas, em lugares de produção cultural, de uma denúncia do descaso da administração pública em oferecer o planejamento adequado para a utilização do espaço, com vista a desenvolver as diversas modalidades de expressão cultural e vivência. Com essa estrutura precária, acontece o fato de não se encontrar, dentro do contexto periférico, centros de convivência. Espaços comunitários que são locais de extrema importância no cenário da recuperação urbana, a eles cabe o papel de acolher todas as classes sociais como um espaço para a expressividade social e política. São nesses espaços que se desenvolvem o espírito de resistência, coletividade, lazer e pertencimento. O presente trabalho se desenvolve sobre um Brasil onde áreas de ocupação informal estão presentes desde o final do século XIX, originadas pela ausência de políticas públicas, infraestrutura e por transformações sociais, como o êxodo rural e a mudança do perfil das famílias. Brasil

onde a população excluída é levada a ocupar áreas vulneráveis e desprezadas pelo mercado imobiliário, colocando em risco a integridade física dos moradores, além de causar danos ambientais e comprometer a qualidade de vida nas cidades. Essas áreas de ocupação informal, são, atualmente, uma realidade recorrente e crescente. Nesses espaços são cada vez maiores as necessidades por espaços livres, principalmente aqueles destinados ao lazer e convívio. Entendemos que diante desse panorama, tornase urgente repensar não só o espaço urbano, mas suas relações com a comunidade. Frente a essa realidade, analisando a precariedade e a falta de infraestrutura das ocupações informais no Brasil, e com base no histórico da população que vive nas favelas e periferias, o objetivo deste trabalho é a criação de um equipamento urbano, um Centro de Convivência a ser implementado no bairro Santo Antônio, na Cidade de Vitória, e possui como diretriz a elaboração de um edifício com caráter social e cultural para promover uma arquitetura estimuladora de convívio e apropriação de pessoas. Um lugar com o princípio de oferecer assistência e capacitação técnica, suprir as necessidades do cotidiano e disponibilizar o acesso à educação, a cultura e ao convívio social, além de acolher a diversidade, a riqueza e a sutileza da vida cotidiana dessa comunidade e do seu entorno imediato.

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OBJETIVOS OBJETIVOS GERAIS Analisando a precariedade e a falta de infraestrutura das ocupações informais no Brasil, e com base no histórico da população que vive nas favelas e periferias, o objetivo deste trabalho é conceber um Centro de Convivência que possa oferecer assistência e capacitação técnica, suprir as necessidades do cotidiano e disponibilizar o acesso à educação, a cultura e ao convívio social, além de acolher a diversidade, a riqueza e a sutileza da vida cotidiana dessa comunidade e do seu entorno imediato.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Compreender o que são e qual a importância dos espaços de convivência nas áreas periféricas. • Compreender como os espaços de convivência possam ser um elemento dinamizador dos espaços públicos, de integração de pessoas e potencializador do espaço urbano. • Analisar espaços comunitários existentes e identificar os melhores programas e configurações para utilização do equipamento urbano a ser desenvolvido. • Desenvolvimento de uma proposta projetual de arquitetura para um Centro de Convivência, em nível de estudo preliminar.

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ME TODOLOGIA

Com base nos objetivos deste trabalho, definese como composição metodológica as seguintes etapas: I. Introdução e contextualização do tema, destinando-se a pesquisa teórica e revisão bibliográfica que fundamentam as premissas necessárias para a realização do projeto, através de leituras de livros, revistas, teses, artigos e sites que possuem temas e contextos semelhantes ao estudado. II. Reunião de experiências de formas de apropriação dos espaços nas periferias, através pesquisa de dados e estudos de caso. III. Análise e qualificação dos espaços de convivência existentes, com a finalidade de estabelecer os melhores programas e configurações. IV. Diagnóstico e compreensão dos assentamentos subnormais em Vitória, a fim de selecionar o terreno para a proposta projetual. V. Diagnóstico e análise da área em estudo, através da obtenção da base de dados e informações do local. VI. Proposição projetual

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J U S T I F I C AT I VA

A principal função do conhecimento, enquanto reflexão sobre o mundo, é criar o sujeito crítico e capaz de transformar o mundo analisado. Esta pesquisa é fruto de motivações ideológicas, experiências e vivências em campo durante um curso de graduação que cumpre sua função na medida em que move o graduando no caminho de se sentir capaz de produzir mudanças na realidade. As questões e problemas elaborados pelo conhecimento se desdobram sobre relações de produção de vida no espaço urbano, em especial nas periferias, e sua potência para produção de espaços de qualidade, promoção de vida urbana e união comunitária. Nos empenhamos na análise do contexto periférico, entendendo as dimensões de um “não lugar” (AUGÉ, 1994) e o seus desdobramentos. Um não lugar na medida em que não recebe a devida atenção do poder público no seu dever de criar estruturas que desenvolvam a cidadania e os direitos fundamentais, como estabelece nossa constituição (BRASI, 1988). Uma cidadania plural, de exercício pleno, entendida como usufruto de viver a dignidade de se expressar em todas as modalidades de um ser humano completo. A descaso fica evidente quando não encontramos no espaço periférico os aparatos necessários e essa expressão, como lugares que estimulem a criação e o compartilhar da comunidade.

Os espaços comunitários de convívio são um componente muito importante nas áreas de periferia, uma vez que se constitui pela pluralidade das relações e onde acontece o exercício da solidariedade, da união e a construção da identidade sociocultural. São locais de discussão, de trocas de ideias e de integração social, ao passo que proporcionam diversas formas de recreação, lazer e aprendizado.

Grande Santo Antônio Fonte: acesservo pessoal, 2020

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ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS

O trabalho estrutura-se em quatro capítulos. No primeiro capítulo é construída, através de referências bibliográficas, uma visão sobre os espaços de convivência, com foco nas periferias. Busca compreender e reunir experiências de formas de apropriação desses espaços em áreas periféricas. O segundo capítulo dissertará sobre o referencial projetual, de forma a identificar e estabelecer os melhores programas e configurações. O terceiro capítulo relaciona-se a caracterização espacial e análise do local de intervenção, a fim de obter todas as informações necessárias para a concepção do projeto. Por fim, o quarto e último capítulo, a proposta de projeto do Centro de Convivência.

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Capítulo 1 OS ESPAÇOS DE [CON]VIVÊNCIA.


E S P A Ç O S D E [CON]VIVÊNCIA.

as definições de sociabilidade, manifesta-se enquanto espaço de usufruto universal, trânsito e convivência mantidos pelo Estado enquanto garantidor de direitos básicos e da cidadania (ALOMÁ, 2013). Essa modalidade de configuração espacial incorpora em si o exercício do convívio e da integração social, tão relevantes em nossos tempos (MOREIRA, 2019, p. 26). Entender esse arranjo e domínio do espaço urbano, nos leva a compreender que muito desse desfrute, que se baseia na universalidade de presenças e modos de ser, no convívio e nas interações, é limitada por condições materiais de apropriação. A simples existência do espaço público não garante, por si só, o acesso aos recursos que ele oferece. Mais uma vez, as configurações geográficas desenham o tecido social e suas relações: as diferenças entre o centro e periferia. O espaço urbano é feito de suas ocupações, que o modificam e dão significado, dentro da influência da cidade. A periferia passa a ser a denominação da ocupação espacial onde se reproduzem as representações sociais das comunidades mais pobres, estes que, movidos pela sua condição econômica, passam a habitar regiões com ofertas precárias de serviços e infraestrutura (MARES, 2013, p. 3). As condições dadas pela segregação espacial, onde os fatores sociais criam configurações de domínio do espaço por diferentes classes, deixam a periferia como

Refletir a sociedade e as complexas redes de relações que a compõem e dão sentido à existência comunitária, é construir a teia de comunicações que o humano possui com o mundo, em diferentes dimensões, a ponto de compreendê-lo, estruturá-lo e transformá-lo. O meio torna-se, então, na forma de espaço, o lugar onde acontece as ações humanas. A mútua implicância das ideias de sociedade e espaço comportam o entendimento de que há uma totalidade concreta representada pelo entendimento desses conceitos em conjunto (SOUZA, 2008, p. 160). Há, aí, uma noção de complementariedade entre as duas concepções que se entendem sob a denominação de, segundo Souza (2008), sócio-espaço. Este compreende que não há uma superposição entre sociedade ou espaço. Ambos compõem a trama da existência humana em sua produção de significados como agentes de transformação e objetos transformados. A assimilação das relações sociais é compreendida dentro de determinado meio, produzido e animado pela sociedade, que, por sua vez, demarcado pelas relações que o fizeram, também a delimitam e a moldam segundo as condições geográficas. Nessa perspectiva o espaço comporta determinadas formas de representação das vivências em sociedade. A ideia de público, elemento do presente trabalho, que permeia

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o local onde se afloram com intensidade os dramas relacionados às condições materiais de existência (MARES, 2013). A ocupação do espaço periférico é condicionada pela ausência de infraestrutura, que, como dissemos, limita o acesso ao desfrute de uma existência cidadã de fato. Se a cidadania comporta as ideias de lazer, educação, arte e cultura, fica a dúvida de onde essas manifestações teriam espaço em uma configuração sócio-espacial carente. No rearranjo de forças e a disputa pelo domínio de fato do território, ganha atenção os espaços livres de uso público como lugar de significação. Os espaços livres de uso público podem apresentar diversas configurações, formas e tamanhos nas cidades contemporâneas, abrangendo desde vias e calçadas, até espaços comuns que visam a realização de atividades relacionadas a interações sociais, lazer e esportes, como as praças e parques (ALEX, 2011). Estes espaços favorecem, dentre outras atribuições, o desenvolvimento de atividades de integração, contribuindo para a vitalidade urbana e manutenção da qualidade de vida da população, caracterizando-se pela reunião de conjuntos de elementos qualificadores, sejam eles urbanísticos ou ambientais. Magnoli (1982), por sua vez, orienta o conceito de espaços livres correspondendo a tudo e qualquer espaço livre de edificações, seja ele público ou privado, urbano ou rural, coberto por vegetação ou descampado, pavimentado ou não. Dessa maneira, além de áreas voltadas para circulação e práticas de interação social, como as ruas, praças e parques, os espaços livres podem englobar também os vazios urbanos e outros terrenos ainda não construídos, de propriedade privada ou pública, compondo, em grande parte, uma gama de espaços potenciais com vocação para apropriação do uso coletivo. Não é característica da periferia o planejamento do tecido urbano de forma distribuir pela região espaços destinados ao convívio das pessoas e suas vivências. Sem essas locações específicas o espaço do convívio

passa ser ocupado pelo que há de espaço público: a rua com suas conversas e futebol, por exemplo. É dentro desse vazio que ocorre a ocupação para o desenvolvimento dos laços de vivência comunitária. Essa é a vivência enquanto constituinte do ser consciente na forma que representa as interações entre o afeto e o intelecto (MARQUES, 2017). Não basta presenciar os acontecimentos para que o acontecido esteja enquanto parte constituinte do vivido. Entendemos vivência enquanto acontecimento que causa afeto, e, por meio de afeto, provoca o sujeito que, por sua vez, a partir da mudança operada pelo afeto, volta-se para a realidade que o circunda (MARQUES, 2017). O foco nessa vivência (MARQUES, 2017), que entende a formação do sujeito e seu se colocar frente ao mundo, coloca na comunidade, na medida em que nenhum sujeito é isolado e, por isso, compartilha de si e vive experiências em conjunto, o coletivo enquanto comunhão de vivências, laços e afetos. Tendo o sujeito enquanto vivência, e a comunidade enquanto fruto desse compartilhar dos sujeitos, concluímos que o próprio exercício da cidadania, enquanto sujeitos ativos na construção da realidade, é feita por meio desses conceitos que operam a transformação do sujeito por meio de sua própria vida e suas relações com o mundo, seus afetos. Nesse ponto é importante fazer a relação de que a oferta de lugares planejados e adequados às atividades que contribuem para a formação do indivíduo, por tanto, vivência e o seu compartilhar em convivências, é de urgência para a constituição da própria cidadania. Fornecer o acesso e as condições de usufruir de forma adequada, em instalações adequadas e que potencializam as possibilidades de comunicação e desenvolvimento do humano, faz parte de um arranjo espacial que prioriza a dignidade e faz-se cumprir de fato o dever com um interesse que é público.

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A P R O P R I A Ç Ã O D O E S PA Ç O

Na relação de qualificar o “onde” da sociabilidade (SOUZA, 2008), o espaço é animado e dotado de significado a partir das manifestações humanas que nele ocorrem. A leitura de mundo feita pela humanidade, a cultura, é a tida como o dar sentido e direção ao objeto da significação. Existe uma relação, então, de representação desse espaço na dimensão em que o lugar adquire laços identitários. Laços que se espalham por cada rua, beco, referência, ocupação e tornam, numa relação afetiva, o “onde” da existência cultural e social, um lugar de posse da vivência. Passar para o plano de vivência quer dizer que esse espaço torna-se parte constituinte do sujeito (MARQUES, 2017). O oferece e determina seu lugar dentro de um todo. As atividades que permeiam o espaço, como essas atividades dominam o espaço, se distribuem, fornecem cada traço de identificação que o ser humano precisa para que se desenvolva o sentimento de pertencimento. Isso só pode ocorrer na medida em que não possa mais haver separação nítida do ser e do seu meio enquanto parte integrante desse mesmo ser. O indivíduo, logo, se apropria desse espaço, tomando-o como seu, não por uma relação de posse, mas por uma relação de integração. Ai está, mais uma vez, o efeito dialógico entre a humanidade e seu espaço: ela dota o espaço de sentido, subjetividade na medida que esse torna-se componente da própria identidade da humanidade a qual pertence.

A capoeira, por exemplo, já como manifestação ancestral e cultural do Brasil, compreende uma existência de laços identitários e afirmativos complexa dentro das comunidades praticantes (CLEVES, 2014). Dotada de uma ética própria, promove o contato do capoeirista com uma história e constrói sua interpretação de mundo. A ligação dessa atividade com o espaço, por exemplo, faz do meio um objeto dotado de significado, na medida em que torna-se o lugar da partilha de saberes, interação e transformação de si. Essa dimensão do lugar para ser local dos afetos relativos a essa manifestação cultural, que o dota de referências subjetivas compartilhadas.

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A capoeira é usada como uma forma de dar a conhecer às crianças e aos jovens a ideia de comunidade. Fonte: RioOnWatch

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O mesmo podemos notar no carnaval. Os desfiles dos blocos e seus coloridos adereços, que se lançam nas ruas e praças para desenvolver uma teia de significados no espaço público. A rua deixa de ser a rua e torna-se o lugar do desfile de uma identidade. É esse momento que identifica a tomada de significado subjetivo do espaço para a condição de significante, de consagração dentro de determinada representatividade. É o que ocorre na narrativa de Gabriel Loiola (2020) quando descreve um bloco de carnaval do complexo da Maré, Rio de Janeiro. O “ Se Benze que Dá” toma as ruas da favela para desfilar a história da comunidade, saudar moradores e, mais do que tudo, transformar a passarela, que poderia ser qualquer rua do mundo, em uma rua única, somente possível, em representatividade, por ser aquele lugar específico e nenhum outro.

Bloco ‘Se Benze Que Dá’ des Maré e reafirma Direito à Cidad mem Fonte: RioOnW

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sfila na de e à mória. Watch

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Há, logo, uma comunhão entre a produção cultural e a significação de espaços. Seja em atividades de maior complexidade ou atividades mais simples, o que importa para a identificação e o usufruto. Nesse conjunto, incluímos os meios onde podem ocorrer atividades de artesanato, soltar pipa, andar de bicicleta. Tudo que cria os laços entre o indivíduo e o lugar, preenchendo o “vazio” pela representatividade da vivência, onde o espaço habita o sujeito, assim como o sujeito habita o espaço. Dentro da proposta do presente trabalho, temos ambição de contribuir com a estrutura necessária a potencializar essas manifestações que promovem o sentido da comunidade, tornando o Centro de Convivência um local de consagração e consagrado de saberes, culturas e existências, suprindo a ausência de aparato público destinado a essas realizações. Oferecendo à comunidade o espaço destinado a ocupação, habitação e realização de si. Onde ela possa existir nas rodas de capoeira, no levantar das pipas, na convivência cotidiana, em cursos de formação, tudo em lugar dedicado a própria manutenção da identidade.

Festival de pipa em Santo Antônio, 2020. Fonte: acervo pessoal

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Na ausência de espaços públicos de lazer na periferia, as crianças se apropriam de ruas e calçadas para a prátrica do lazer em convívio. Fonte: acervo pessoal, 2020

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Capítulo 2 REFERENCIAL PROJETUAL.


E S PA Ç O C O M U N I TÁ R I O DO REFEITÓRIO SAN MARTÍN

DISTRITO DE LIMA, PERU Local: Distrito de Lima, Peru Arquitetos: Proyecto Fitekantropus Área: 280m² Ano: 2017

A cidade de Lima, localizada no Peru, se desenvolveu de forma informal e irregular, resultado dado por consequência da ausência do poder público em relação aos problemas que a cidade vinha enfrantando ao longo de seu crescimento urbano. Apresenta uma característica peculiar em relação aos seus formadores de conteúdo. Lima contém uma porcão da população da qual se mobilizou e se responsabilizou pelas questões sociais da região, as mulheres e os grupos artísticos. Essas mulheres oriundas de diversos bairros se juntaram e formaram uma organização responsável pela alimentação dos populares, por meio de um refeitório público. Essa mobilização obteve um grande impacto na área, e hoje tem uma importância em larga escala, alimentando mais de meio milhão de pessoas diariamente. O que antes era apenas para atender as necessidades básicas da região, como alimentação diária; se tornou uma casa de cultura com finalidade a integração da comunidade por diversas atividades alternativas. O espaço possibilita que a população consiga crescer e se desenvolver em variadas formas, se tornando um ambiente para todos viverem e compartilharem experiências e consequentemente se tornando um formador de identidade e cultura.

Com o decorrer do tempo, houve o crescimento do projeto, proporcionado pela união da comunidade e organizações que se dispuseram a trabalhar em equipe para desenvolver a estrutura para melhor atender a funcionalidade e os usos coletivos que o local passaria a comportar. O projeto é uma inspiração de desenvolvimento local, solidariedade, união e engajamento comunitário, que teve como objetivo transformar algo que era destinao a sobrevivência básica, em um espaço público destinado a criar novas experiênias, laços afetivos, autodesenvolvimento e integração comunitário.

Espaço Comunitário, Lima. Fonte: Arch Daily

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implantação geral Fonte: Arch Daily



O projeto se desenvolve em uma área com 280m², onde o desafio principal era trans um espaço para comer em um espaço para viver que seja marco e um lugar de enco bairro. O pavimento inferior conta com o refeitório, banheiros e um horta para uso comu

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planta - tĂŠrreo Fonte: Arch Daily

sformar ontro do

unitĂĄrio.

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Com a reforma, os espaรงos foram reorganizados para melhorar a funcionalidade e os usos coletivos, contando agora com salas multiuso, biblioteca, banheiros e jard pavimento superior.

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planta - piso 2 Fonte: Arch Daily

ampliar dins no

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Salas multiuso Fonte: Arch Daily

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Espaรงos de lazer Fonte: Arch Daily

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Mão de obra local para a conecpção e produção dos mobiliários Fonte: Arch Daily

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Local: La Serena, Chile Arquitetos: 3 arquitectos Área: 613m² Ano: 2011

Este projeto é parte do programa “Quero Mi Barrio” do Ministério de Habitação e Urbanismo Chileno, o qual visa melhorar a qualidade de vida de 200 bairros com grande vulnerabilidade social e deterioração do Chile. O projeto nasceu a partir do desejo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das comunidades em situação de vulnerabilidade social, e através de um processo participativo, recuperar os espaços públicos e os entornos urbanos. E por meio do projeto, gerar paisagens e um novo visual do entorno para a população. Como público alvo, o projeto atende a população de três bairros, pois permite acesso físico a todos eles: bairro 17 de Setembro, bairro Juan Fernandez e bairro Rapanui.

Centro Social Comunitário, Chile Fonte: Arch Daily

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C E N T R O S O C I A L C O M U N I TÁ R I O LA SERENA, CHILE


O projeto foi implantado na ponta da favela 17 de Setembro, onde possui uma grande impo simbólica para a região, por trazer uma nova paisagem para um bairro antes cheio de espaços ab sem utilidade, com carência de espaços de encontro de qualidade. Observa-se na implantação geral os campos de futebol na Avenida 17 de Setembro, e o pro Centro Comunitário logo atrás.

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implantação Fonte: Arch Daily

ortância bertos e

ojeto do

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O programa de necessidades é composto por ambientes multifuncionais que se distribuem em três vo um para a administração local, onde residentes do bairro e associações tem acesso ao aconselha familiar; uma sala para uso dos jovens, onde eles podem se reunir para realizar atividades em co levando em consideração que grande parte deles reúnem-se em lugares externos; e outro para e onde ocorrem atividades recreativas e comunitárias.

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planta - tĂŠrreo Fonte: Arch Daily

olumes: amento onjunto, eventos,

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A estrutura do projeto conta com uma malha irregular de pilares circulares de concreto, que são ap dentro da edicação. Tais pilares estão fincados na terra com auxílio de sapatas, e desta forma ve acentuado desnível do terreno. O projeto também conta com paredes estruturais de blocos de concreto na sua composição estru

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corte Fonte: Arch Daily

parentes encem o

utural.

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Fonte: Arch Daily


Houve uma grande preocupação e cuidado para que o projeto pudesse se aproximar e se integrar ao seu entorno. Os materiais utilizados são similares aos encontrados na região, favorecendo a ligação física e visual com a linguagem local. Os acabamentos em concreto aparente e poucas cores também contribuiu para que o projeto tivesse uma maior comunicação com o entorno, e tivesse destaque pela sua forma e utilidade. E por consequência, essa população sente-se convidada a utilizá-lo. Os cobogós de concreto foram usados como fechamento, cumprindo o papel de segurança sem prejudicar a iluminação e ventilação dos ambientes. Fonte: Arch Daily

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Centro Social Comunitรกrio Fonte: Arch Daily

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Capítulo 3 LOCAL DE INTERVENÇÃO.



TERRENOS

POTENCIAIS Foram selecionados 6 terrenos potenciais em áreas de vulnerabilidade social na cidade de Vitória, e o escolhido foi o que se encontra na região da Grande Santo Antônio, por apresentar uma comunidade ativa com grande consciência social e política, e por estar próximo de comunidades neste mesmo contexto.


BRASIL

ESPÍRITO SANTO

LOCALIZAÇÃO

SANTO ANTÔNIO

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VITÓRIA


LOCAL DE INTER VENÇÃO O BAIRRO

A Região Administrativa 2, também conhecida como Grande Santo Antônio está situada na cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, e compreende a 12 bairros: Santo Antônio, Grande Vitória, Estrelinha, Universitário, Inhanguetá, Bela Vista, Santa Tereza, Morro do Cabral, Morro do Quadro, Morro do Alagoano, Caratoíra e Mário Cypreste. A principal área a ser estudada será o bairro Santo Antônio, onde encontra-se localizado o terreno para proposta deste projeto, a fim de identificar os principais problemas que motivaram a escolha desta região, a partir da análise de dados socioeconômicos. O bairro Santo Antônio é, historicamente, o bairro mais antigo e é bastante ativo policamente através de um movimento comunitário organizado e influente. Este é localizado no extremo oeste da cidade, margeado pela Baía de Vitória, tendo como limites a leste o Morro de Alto Caratoíra, o Morro de Bela Vista e de Nossa Senhora Aparecida. Trata-se de um bairro residencial, onde o tradicional convive harmoniosamente com o atual. Há casas de um ou dois pavimentos, outras antigas e algumas em ruínas. A maioria delas é habitada por proprietários. Ali se alojam várias gerações da mesma família. Santo Antônio passa por um processo de transformação a partir dos anos 40, a região antes sem vitalidade, passa a receber a população mais pobre que se movimentava de outros locais da Capital, ocupando as áreas de mangue e o morro. É a partir deste cenário de ocupações desordenadas e degradação das áreas de preservação ambiental, que surgem problemas como a violência e alto índice de vulnerabilidade social. Nos anos 90, caracterizou-se como um aglomerado urbano de baixa renda. 56


R E G I Ã O A D M N I S T R AT I VA 2 - S A N T O A N T Ô N I O DADOS SOCIOECONÔMICOS INDICADORES

DADOS

Número de bairros

12

Área (km²)

4.426

População (2010)

35.261

Densidade demográfica (hab/km²)

7.967

Número de domicílios (2010)

10.796

Renda média R$ (2010)

649,84

Atividades econômicas (2012)

4.738

Fonte: IBGE (2010); Coordenação de Cadastro Imobiliário ­SEMFA/PMV

A região é caracterizada por abrigar bairros antigos e áreas de urbanização mais recente, sobretudo nas encostas dos morros. Entre os ícones marcantes da Região está o Santuário de Santo Antõnio, tombado como patrimônio histórico municipal, o Centro Esportivo Tancredo de Almeida Neves (Tancredão) e o Complexo Walmor Miranda (Sambão do Povo), local dos desfiles das escolas de samba capixaba. A Região de Santo Antônio é a quarta mais populosa, a sexta em área territorial e a quarta mais densamente povoada.

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Tancredão Fonte: terracapixaba.com

Santuário de Santo Antônio Fonte: acervo pessoal, 2020

Sambão do Povo Fonte: acervo pessoal, 2020

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19 10

A área ocupada fazia parte da Fazenda “Santo Antônio” de propriedade do Estado, que foi loteada e vendida no governo de Jerônimo Monteiro, em 1910.

19 40 19 10

Naquela época o lugar não tinha vitalidade, onde se localizavam cemitérios e matadouros.

19 60

HISTORIANDO

SANTO ANTÔNIO

Na década de 40, foi inaugurado o Cais do Avião, que contribuiu para impulsionar o desenvolvimento econômico da região que já era uma referência como local de habitação para uma população que se movimentava de outros locais da Capital.

No início dos anos 60, se expande através de invasões a área mais precária do bairro, o mangue e o morro.

19 60

Esta época m ocupação de a degradaçã preservação estabelecida


19 40

marca a fase da esordenada e ão das áreas de o ambiental ali as.

O bairro já contava com o transporte de bondes elétricos, e com a rua principal demarcada, o que facilitou a expansão de residências permeando a linha do bonde.

19 70 80

19 40

Sofreu um acelerado crescimento populacional nas décadas de 70 e 80.

Nesta década, registra também a chegada dos Padres Pavonianos ao bairro. Com a sua visão expansionista, além do aspecto de assistência às família carentes, ficou expressa na construção do Santuário, hoje a maior referência do bairro.

19 90

19 40 50

Santo Antônio tem um incremento populacional com o estabelecimento de migrantes italianos e alemães, que chegavam, juntamente com outras famílias que saiam de outros municípios de Vitória.

Nos anos 90, caracterizouse como um aglomerado urbano de baixa renda.

Fonte: elaborado pela autora


Demarcação do recorte de projeto escolhido a partir das leituras.



LOCAL DE INTER VENÇÃO O TERRENO

O terreno em questão é de grande valia para os objetivos do projeto na medida em que é localizado em um bairro de periferia da cidade de Vitória, região que demanda a criação e manutenção de aparelhos urbanos fundamentais para o convívio e relações pessoais. A região se comunica com as comunidades adjacentes, como Morro do Alagoano e Morro do Quadro, que possuem histórico de movimentação social semelhante ao bairro de Santo Antônio e podem usufruir em conjunto do espaço a ser desenvolvido. Vale lembrar do peso representativo da própria localidade no sentido que trata-se do bairro mais antigo da capital do Espírito Santo e possuir, em seu traçado urbano, amplo acesso pelos mais diferentes meios.

Fonte: Google Maps, 2020

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área 5913,66 m²

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ANÁLISE DO ENTORNO

É possível analisar no mapa ao lado a área de intervenção em relação ao seu entorno imediato. A área destinada ao projeto é um vazio urbano, e está localizada entre Santo Antônio, Santa Tereza e Caratoíra. Por estar em uma região central, seu entorno possui equipamentos essenciais para a cidade. No mapa é possível analisar o entorno multifuncional do projeto, com o predomínio de equipamentos religiosos e a carência de equipamentos culturais, de assistência social e de lazer. Entretanto, os espaços estão segregados na malha urbana da cidade, não existindo uma conexão efetiva entre eles. Este déficit de articulação dos espaços públicos atua como segregador socio-espacial. Desta forma, área escolhida para a intervenção mostra-se estratégica nos âmbitos sociais, econômicos e ambientais. Possui potencial pela localização por conta da sua área central e boa visibilidade e integração com o entorno.

LEGENDA CEMITÉRIO EQUIPAMENTO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EQUIPAMENTO CULTURAL EQUIPAMENTO EDUCACIONAL EQUIPAMENTO RELIGIOSO EQUIPAMENTO DE SAÚDE EQUIPAMENTO PÚBLICO DE LAZER

Mapa dos equipam imediado à área de Fonte: elaborado p

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mentos do entorno e intervenção. pela autora

SANTO ANTÔNIO SANTA TEREZA

CARATOÍRA


DIAGNÓSTICO

SÍNTESE



ANÁLISE

A partir da análise do mapa e levantamento em campo, nota-se os tipos de ocupação que acontecem na região, sendo necessário destacar a predominância do uso residencial e a carência de espaços públicos. Estes fatores em conjunto com a ausência de atividades adjacentes e elementos dinamizadores, caracterizam uma área pouco movimentada e tranquila. O mapa possibilita a visualização dos vazios urbanos da regiao, demonstrando a potencialidade que a área possui para a criação de novas formas de ocupação que possam contribuir para o relacionamento de integração socioespacial do bairro. O terreno está localizado entre a Rua Ernesto Bassini, por onde se dá o acesso principal ao terreno, e a Rua Agostinho de Oliveira, que possui uma inclinação e por onde se dá o acesso secundário na sua cota mais alta. O bairro apresenta vias locais com perfis mais amplos, onde possuem em sua disposição diversos pontos de ônibus, das quais formam e contribuem para as características de mobilidade na região. Favorecendo o fácil acesso ao bairro e ao terreno.

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potencialidades • Fácil acesso ao terreno pelas principais avenidas da cidade • Disposição de diversos pontos de ônibus próximo, contribuindo para a mobilidade e favorecendo o acesso ao bairro e ao terreno • Localizado no bairro com grande representatividade, por ser o bairro mais antigo a capital do Espírito Santo • Possui uma localização favorável na malha urbana da cidade • Entorno imediato caracterizado por comunidades que também possuem grande engajamento social e político • Boa iluminação no terreno e entorno

fragilidades • Ausência de espaços públicos de qualidade • Falta de espaços de permanência e mobiliário que convidam pessoas a frequentar o lugar • Calçadas sem medidas mínimas de acessibilidade

70


2

1 Mapa de localização das imagens do diagnóstico Fonte: Google Maps, 2020. Editado pela autora.

71


3

4

7 5

6

72


1

Moradores se apropriando da praça da Bandeira para manifestações culturais. Fonte: acervo pessoal

5

Rua Ernesto Bassini, acesso principal ao terreno. Fonte: acervo pessoal, 2020

2

Parque da Prainha - Santo Antônio. Fonte: acervo pessoal

5

Acesso ao terreno. Fonte: acervo pessoal


3

A Basílica de Santo Antônio, marco principal da região, sendo utilizada como espaço de lazer. Fonte: acervo pessoal

6

Rua Agostinho de Oliveira, acesso secundário. Fonte: acervo pessoal, 2020

4

Equipamento público próximo ao terreno. Fonte: Google Maps, 2020.

7

Apropriação do terreno pela comunidade para práticas de soltar pipa. Fonte: acervo pessoal, 2020



Capítulo 4 PROPOSTA DE PROJETO.



A P R O P O S TA D O CENTRO DE CONVIVÊNCIA

A proposta do Centro de Convivência na periferia da grande Santo Antônio manifestase como um resultado das necessidades sociais atuais, que demandam espaços mais multifuncionais e que envolvam de certa maneira a comunidade local. Após a apresentação do diagnóstico da área confirmou-se a necessidade de criar um espaço que somasse as necessidades existentes e que ao mesmo tempo integrasse as modalidades que já são desenvolvidas em Santo Antônio. O projeto de uso público foi concebido para acolher a comunidade local, promovendo atividades de cunho cultural e social de forma a proporcionar um espaço de convívio e encontro para a população do bairro e do seu entorno imediato. Um espaço fundamental para integração de pessoas, a medida que ele proporciona a criação de laços sociais tanto entre pessoas, como de identidade e percepção do espaço que se habita. Como um espaço público aberto a todos os moradores da região da grande Santo Antônio, o projeto do Centro de Convivência espera acolher a diversidade, a riqueza e a sutileza da vida cotidiana dessa comunidade. Das partidas de xadrez e carteado, do breve encontro entre vizinhos, até o incremento do desenvolvimento humano.

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PROGRAMA DE NECESSIDADES

programa funcional RESTAURANTE POPULAR

Recepção/Pré-higienização de matéria p Depósito de mateiral de limpeza Depósito de caixas Câmaras frias (2) Administração e controle Despensa Pré-preparo de vegetais Pré-preparo de carnes, aves e peixes Cocçaõ Higienização de utensílios Armazenamento de utensílios de cozinha Cozinha experimental Distribuição de marmitex Nutricionista Higienização dos usuários Refeitório Devolução de bandejas Depósito de lixos Sanitários dos usuários Sanitários dos funcionários

Partindo do entendimento do tema, o programa se resolve em 5913m², onde foram determinadas cinco diretrizes principais para a definição do programa de necessidades básicas. A assistência social, criará um diálogo e interação com a comunidade, além de oferecer auxílio as necessidades fundamentais. Como proposta foi sugerida a implantação de um escritório público de arquitetura, um restaurante popular, uma horta comunitária e uma sala de apoio psicológico, além da abertura de um espaço para associações de bairro; A cultura pretende contribuir para diminuir a deficiência de equipamentos nessa área. A proposta é que se crie um espaço de integração dedicado às práticas e iniciativas de manifestações culturais que já são desenvolvidas na comunidade e pelos próprios moradores; A educação, proporcionará o desenvolvimento intelectual e profissional, viabilizando a inserção dos cidadãos no sistema de ensino superior e no mercado de trabalho legal, onde o projeto procura criar salas amplas e multifuncionais a fim de disponibilizar diversos cursos de capacitação que possam atender a necessidade do usuário; O lazer, funcionará como atrativo e impulsionador na utilização do equipamento, além de ser um imã visual criando um centro de interação da comunidade; E a saúde, que buscará sanar parte da necessidade de atendimento básico da região, com atendimentos psicológicos e odontológicos, salas de fisioterapia, terapia ocupacional e consultórios para atendimentos básicos.

UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

Recepção Sanitários Sala de vacina Sala de inalação Fisioterapia Terapia ocupacional Consultório odontológico Consultório indiferenciado com banheiro Consultório indiferenciado Apoio psicológico DML Terraço

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prima

a

o

BLOCO DE CAPACITAÇÃO 23m² 2,65m² 2,65m² 13m² 11m² 8,5m² 8m² 8,7m² 38m² 3,5m² 2,5m² 31m² 12m² 8m² 7m² 166m² 7,7m² 5m² 8m² 34m²

57m² 8m² 14,5m² 15m² 24m² 16m² 21m² 25m² 21m² 22m² 6m² 185m²

Recepção 1 Recepção 2 Sala multiuso 1 Sala multiuso 2 Sala de informática Oficina de cerâmica Corte e Costura Sala de idiomas Sala de dança Sanitários Terraço

66,35m² 50,15m² 143,75m² 50m² 28,50m² 26m² 28m² 63m² 50,50m² 32m² 81m²

BLOCO DE ASSISTÊNCIA Sala da administração Sala de reunião Biblioteca pública Café Escritório público de arquitetura Sala de reunião escritório Sanitários Terraço ÁREA EXTERNA Estacionamento Bicicletário Parquinho Redario Área de jogos/estar Área para feirinha Quadra/arquibancada Palco Horta comunitária

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15m² 16m² 128m² 62m² 15m² 16m² 32m² 67m²


M E M O R A I L J U S T I F I C AT I V O

ASPECTOS URBANOS

ASPECTO FORMAL

Analisando o contexto urbano onde o projeto estaria inserido, valeria destacar as condições urbanas levando em consideração as ligações do equipamento com a cidade. Ele tem frente para a Rua Ernesto Bassini, que se liga a importante Rodovia Serafim Derenzi e a outras partes de Vitória, além de estar localizado em uma região que se comunica com as comunidades adjacentes com um grande histórico de movimentação social, possibilitando uma maior integração. Está próximo a pontos de ônibus que facilitam o acesso através do transporte público, além do seu traçado urbano permitir amplo acesso pelos mais diferentes meios.

A solução plástica dos edifícios foi definida compondo formas retangulares simples e escalonada, inspiradas na criação de terrações habitáveis que permitem a livre apropriação. Onde podem ser desenvolvidos eventos externos, encontro de coletivos, propostas de atividades específicas no Centro de Convivência, ou até ser um local de passagem, estar, ou contemplação da paisagem. Optou-se por uma implantação completamente aberta à cidade e integrada ao entorno, criando fluxos e acessos demarcados no piso ao longo do projeto que criassem permeabilidade. A permeabilidade do espaço serve para integrar o edifício ao entorno do bairro, convidando os pedestres a entrar e compartilhar esta experiência com seus vizinhos. O projeto procura configurar também espaços indefinidos, sempre aberto à acolher a vitalidade das ruas e suas atividades mais espontâneas, com uma organização espacial fluída. Ao forçar a abertura do terreno entre duas ruas, transformando linha em roda, propõe-se que o Centro de Convivência se transforme em, de fato, uma infraestrutura para a região.

CONCEITUAÇÃO DO PROJETO O partido arquitetônico foi concebido através da combinação da localização estratégica do terreno, entre duas ruas, com o movimento estudado da periferia. Ele foi pensado de forma a ter uma conexão direta com a cidade e se tornar um equipamento catalisador e aglutinador no meio urbano, que tivesse elementos espaciais de identificação dos usuários e que fosse um marco reconhecível para moradores e visitantes.

simbiose rua x praça x edifício

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capacitação restaurante popular/ubs assistência


ASPECTOS FUNCIONAIS A disposição do programa e a configuração dos edifícios foram pensadas para garantir um ambiente acolhedor, acessível e confortável. Nesse sentido houve uma collab com três artistas capixabas para a criação de painéis interativos e representativos nas fachadas de todos os edifícios, promovendo uma paisagem viva. O projeto dispõe de três edifícios, e cada um tem a função de abrigar um ou dois temas do programa de necessidades. O restaurante popular e a Unidade Básica de Saúde é o primeiro edifício que se apresenta ao usuário através do acesso principal pela Rua Ernesto Bassini, e marca o início do caminho que cruza o lote. O edifício conta com dois pavimentos, sendo a parte inferior reservada às instalações ligadas essencialmente ao restaurante popular, criado no intuito de prestar assistência a população e gerar um meio de profissionalização e aprendizado através da cozinha experimental presente no seu programa. A distribuição do layout foi feita de forma a setorizar a área pública dos usuários da parte restrita aos funcionários, além de também ter sido pensado para o cumprimento das medidas de segurança e contenção de risco, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde para o Covid-19. O piso superior, onde se tem acesso por meio de escada e elevador, por sua vez, abriga o bloco da Unidade Básica de Saúde que permite atendimento médico de várias áreas, como pediatria, odontologia, ginecologia, gerontologia, e possui consultórios indiferenciados que podem ser adaptados as necessidades locais. Conta também com um consultório de atendimento psicológico e terapia ocupacional, uma sala para fisioterapia e um terraço público para contemplação e descanso.

restaurante popular/saúde painel 1

restaurante popular/saúde painel 2

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A percepção que os artistas atribuem a seus painéis, se dão nos comentários a seguir: “Encontro de Água e terra Os 2 painéis foram pensados como bipitico. Duas cenas que remomtam uma, ambas fazem menções a memórias que tenho do local. Painel 1 - O pássaro que observa O pássaro que observa o pescador, esse por sua vez em meio as folhas, cruzado pelos feixes de luz que entram em meio as árvores. Painel 2 - O pescador O painel 2 remonta a cena de um pescador voltando da pesca com a corda cheia de peixes. A imagem que tenho de infância de minha primeira ida a Santo Antônio quando criança com meus pais para comer frutos do mar ou até mesmo a famosa moqueca. Os painéis foram pensados para a superfícia aplicada levando em conta seus volumes e detalhes estruturais. O painel 2 funciona como um grande painel se visto de longe e 2 outros painéis diferentes quando visualizados de perto do térreo e do segundo piso pela parte externa.” Caio Azoury

84






O edifício de capacitação encontra-se logo atrás, com uma sobreposição de formas de 4 pavimentos e uma passarela interligando ao bloco de assistência. Neste bloco estão localizados as oficinas profissionalizantes, sala de tecnologia, idiomas e dança, além de um espaço para o encontro da associação de moradores. Na intenção de criar um espaço dinâmico, as oficinas podem ser moldadas conforme as tendências de mercados e atividades. Como sugestão de layout temos três modelos: uma oficina de corte e costura, uma oficina de cerâmica e um espaço para atividades multiuso. O terceiro pavimento está ligado na cota mais alta da Rua Agostinho de Oliveira, por onde se dá um dos acessos principais ao edifício e ao terraço habitável hora coberto, hora descoberto.

“As formas geométricas representam o berimbau ou hungo, também conhecido como berimbau de peito em Portugal e hungu na África, é um instrumento de corda com origem em Angola e tradicional da Bahia. É também conhecido entre os angolanos como m’bolumbumba, e utilizado pelos quimbundos, ovambos, nyanekas, humbis e khoisan. Contrastam com a diversidade da população local, onde natureza, arte, cultura e dança são unidas e fortalecidas em prol de um bem maior. A inclusão social e cultural.” Renato de Lima

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painel bloco de capacitação

90






Interligado ao edifício de capacitação, encontra-se o bloco de assistência. O bloco abriga a administração e sala de reunião, uma biblioteca pública, um café e um escritório público de arquitetura que fornece apoio e assistência técnica às famílias da comunidade. Da rua existem aberturas, verdadeiras “janelas urbanas”, que proporcionam uma visão do interior do edifício, evidenciando seu dinamismo e aprimorando o aspecto público do projeto. Além da visibilidade, as janelas em avanço funcionam como um espaço de estar interno. O café está conectado ao terraço habitável através de uma porta que, quando está totalmente aberta, desfaz o limite entre o interior e exterior criando um espaço de encontro e integração. A circulação externa é feita através de uma rampa escultural que permite acesso a passarela que liga os dois blocos, funcionando como uma circulação acessível para pessoas com necessidades especiais e como outra alternativa de percurso.

“As aves no escritório público de arquitetura sempre voam e voltam ao ninho, são aves que se apegam e se apaixonam, representando o amor pelo trabalho. São aves da região, que aparecem mais no verão, e a arara azul que está quase extinta. O sistema solar para representar conhecimento e, também fazer referência a se localizar, pertencer.” Angelo de Paulo

95


96






Além dos edifícios, a área externa também foi projetada e encontra-se completamente aberta à cidade e integrada ao entorno. A implantação levou em consideração a criação de espaços ativos que pudessem ser usados pelos usuários nas suas mais variadas atividades, desde uma roda de samba e capoeira até encontros espontâneos e reuniões sociais dos moradores. Foi proposto um palco, que funciona como uma superfície de apresentações artísticas e culturais, além de ser um imã visual criando um centro de interação da comunidade. Além disso, foi pensado em uma área de lazer com parquinho para as crianças, uma quadra aberta com arquibancada para as práticas esportivas, uma área de estar/jogos bem arborizada e um redario para uma leitura confortável. Pensando no envolvimento da comunidade, foi criada uma horta comunitária proposta para ser gerida pelos próprios moradores da Grande Santo Antônio, possibilitando que o material produzido no próprio Centro de Convivência, seja utilizado no restaurante popular e ainda se torna fonte de movimentação econômica. Também foi pensado em um espaço para a feirinha, visto que é uma prática que já existe na comunidade, e contribui para renda. Um espaço que pode ser moldado, e quando não estiver sendo usado para essa atividade, outras atividades poderão acontecer, como a roda de capoeira. Pensando na mobilidade e acessibilidade, o Centro de Convivência conta com um bicicletário e estacionamento para carros e motos.

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1

BICICLETÁRIO

7

PA L C O

2

PA R Q U I N H O

8

H O R TA C O M U N I T Á R I A

9

E S TA C I O N A M E N T O

3

REDARIO

4

Á R E A D E E S TA R / J O G O S

1 0 R E S TA U R A N T E P O P U L

5

QUADRA/ARQUIBANCADA

11 B L O C O D E C A PA C I TA

6

FEIRINHA

12 BLOCO DE ASSISTÊN


A

LAR/UBS ÇÃO CIA

implantação sem escala

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1

BICICLETÁRIO

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PA L C O

2

PA R Q U I N H O

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H O R TA C O M U N I T Á R I A

3

REDARIO

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E S TA C I O N A M E N T O

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Á R E A D E E S TA R / J O G O S

10 R E S T A U R A N T E P O P U L A R / U B S

5

QUADRA/ARQUIBANCADA

11 B L O C O D E C A P A C I T A Ç Ã O

6

FEIRINHA

12 B L O C O D E A S S I S T Ê N C I A

IMPLANTAÇÃO E COBERTURA 115


116

ESCALA 1:500


TÉRREO 117


118

ESCALA 1:500


03

04

03

05

BLOCOS DE CAPACITAÇÃO E ASSISTÊNCIA térreo

119


02

01

03 03

01. Recepção 66,35 m² 02. Sala multiuso 143,75 m² 03. Sanitários 4 m² cada 04. Sala da administração 15 m² 05. Sala de reunião 16 m²

120

ESCALA 1:150


06

06

11

BLOCOS DE CAPACITAÇÃO E ASSISTÊNCIA primeiro pavimento

121


10

08

07

06

09

06

06. Sanitários 4 m² cada 07. Sala de informática 28,50 m² 08. Oficina de cerâmica 26 m² 09. Corte e costura 28 m² 10. Sala de idiomas 63 m² 11. Biblioteca pública 128 m²

122

ESCALA 1:150


12

12 16

18

17

BLOCOS DE CAPACITAÇÃO E ASSISTÊNCIA segundo pavimento

123


15

14

13

12 12

12. Sanitários 4 m² cada 13. Recepção 50,15 m² 14. Sala de dança 50,50 m² 15. Terraço capacitação 81 m² 16. Passarela 63,35 m² 17. Terraço assistência 67 m² 18. Café 62 m²

124

ESCALA 1:150


19

22

19

23

BLOCO DE CAPACITAÇÃO E ASSISTÊNCIA terceiro pavimento

125


20

21 19 19

19. Sanitários 4 m² cada 20. Depósito de materiais 10,25 m² 21. Sala multiuso 50 m² 22. Escritório público de arquitetura 15 m² 23. Sala de reunião arquitetura 16 m²

126

ESCALA 1:150


23

23

20

19

11

13 21

14 22 15 18

16

17

RESTAURANTE POPULAR térreo

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01. Recepção/pré-higienização de materiais 23 m² 02. Depósito de material de limpeza 2,65 m² 03. Depósito de caixas 2,65 m² 04. Sanitários dos funcionários 17 m² cada 05. Cozinha experimental 31 m² 06. Despensa 8,5 m² 07. Administração e controle 11 m² 08. Antecâmara 2,35 m² 09 10

1

09 08

09. Câmaras frias 5,55 m² cada

01

10. Pré-preparo de vegetais 8 m² 11. Pré-preparo de carnes, aves e peixes 8,7 m²

12

02

12. Cocção 38 m²

03

13. Higienização de utensílios 3,5 m²

07

14. Armazenamento de utensílios 2,5 m²

04 06

15. Nutricionista 8 m² 16. Distribuição de marmitex 12 m²

05

17. Bilheteria 3,3 m²

04

6

18. Higienização dos usuários 7 m² 19. Depósito de lixo 5 m² 20. Devolução de bandejas 7,7 m² 21. Refeitório 166 m² 22. Linha de destribuição de comida 10,65 m² 23. Sanitários dos usuários 4 m² cada

128

ESCALA 1:150


02 02

12 01

11

UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE primeiro pavimento

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03

04 05 01. Recepção 57 m²

06

02. Sanitários 4 m² cada

07

03. Área de vacina 14,5 m² 04. Depósito de materiais 6 m² 05. Apoio psicológico 22 m²

08 10

09

06. Sala de Fisioterapia 24 m² 07. Consultório indiferenciado 21 m² 08. Consultorio indiferenciado com banheiro 25 m² 09. Consultório odontológico 21 m² 10. Terapeuta Ocupacional 16 m² 11. Sala de inalação 15 m² 12. Terraço 185 m²

130

ESCALA 1:150


BLOCO DE CAPACITAÇÃO E ASSISTÊNCIA corte

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132

ESCALA 1:150


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto arquitetônico simboliza a mudança que almejamos sobre a realidade construída. Desejando projetar em um espaço vazio da comunidade, esse trabalho procurou oferecer alternativas nas formas de conceber e relacionar o espaço público em uma lógica comunitária, contribuindo para intervenção urbana e social com foco na melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. O primeiro passo a pensar sobre nossa realização é entender a periferia como terreno fértil de possibilidades de concepção de mundo, mais do que isso, de concepções de mundo ameaçadas pela falta de estrutura que consiga sustentar os laços identitários e fornecer os materiais necessários para a realização das diversas manifestações culturais. Dessa forma, buscou-se intervir no bairro de Santo Antônio para a identificação dos problemas socioespaciais e de sua superação através de equipamentos urbanos. Trata-se de uma iniciativa que desejou dar início a um movimento permanente de transformação. O Centro de Convivência é o local pensado desse movimento contínuo, que não limita as pessoas, pelo contrário, as fazem florescer. Com suas salas de oficina e capacitação, espaços para atividades culturais diversas, não está em jogo uma percepção de que isso não possa ser explorado de formas ainda não pensadas. É justamente a sua utilização, de forma livre e criativa, que propomos, a ponto de ser gerador de ideias e de iniciativas cada vez mais ousadas sobre o mundo que os cerca.

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