Dossier
Produtoras: dos novos territórios à seriedade Cinco produtoras dão a conhecer no Briefing a sua visão sobre como vai evoluir o mercado de produção de filmes em Portugal.
Ser parceiro do negócio
Francisco Saafeld Stopline
Briefing | Como definiria o estado atual do sector da produção de filmes em Portugal? Francisco Saafeld | A produção de filmes não escapa às consequências da crise que afeta o País. O trabalho das produtoras está dependente das iniciativas do marketing e, com o mercado retraído, há uma natural tendência à restrição no investimento publicitário. Encaramos este abrandamento como uma consequência natural e respondemos com uma atitude de pro-atividade, oferecendo soluções que viabilizem os projetos dentro das restrições que o mercado impõe. É fundamental sermos cada vez mais parceiros de negócio, sobretudo quando há know how para tal, como é o caso da Stopline. Briefing | Quais as principais debilidades do mercado e como as estão a enfrentar? FS | Estamos inseridos um mercado que sofreu uma grande contração e como tal, não consideramos como tendo “debilidades”, mas www.briefing.pt
antes, uma dimensão diferente – mais reduzido, com verbas mais modestas, mas com a mesma exigência em termos de qualidade. Realizamos ideias, produzindo emoções - É este o nosso trabalho. E sendo as ideias o fator de sucesso de uma campanha, não as podemos sujeitar à contração do mercado – desenvolvemos uma maior interação entre criativos, realizador e produção, na procura das soluções mais adequadas a cada projeto. Briefing | A produtora tem mais ou menos trabalho do que há um ano? FS | A Stopline reflete naturalmente a situação do mercado em que está inserida. Todavia e até à data, o nosso esforço de parceria na viabilização dos projetos, tem levado a uma quebra muito inferior à que o mercado sofreu. Em todo o caso, é cedo para fazermos extrapolações comparativas, porquanto a publicidade tem uma sazonalidade muito acentuada, em que o primeiro trimestre é claramente um período de balanço e implementação de estratégias.
associados a um conceituado produtor na área da publicidade, área esta que tencionamos desenvolver numa segunda fase. Em 2012, constituímos uma sociedade em Espanha, a “Roleta Media”, sediada em Madrid e que está a rodar o seu primeiro filme em Nova Iorque. Uma comédia com elenco espanhol e americano. Temos ainda um projeto em estado muito avançado de negociação para iniciarmos produção na China. Briefing | Como vê o futuro do sector? FS | O sector vive em função das flutuações do poder de compra e da dinamização que este imprime ao mercado. É natural que esta contração influencie o volume de trabalho, assim como a rentabilidade das produtoras. Todavia, a importância da comunicação audiovisual, incontornável em qualquer processo de recuperação,
leva-nos a considerar que o mercado recuperará muito em breve, cabendo às produtoras flexibilizar as estruturas e meios técnicos às variantes a que o mercado entretanto obrigará. Briefing | Considera que Lisboa se pode tornar num destino mundial para se fazerem filmes (comerciais e cinema)? FS | Não só Lisboa, como o País em si, constituem uma excelente oferta em todas as disciplinas da produção de filmes, sejam eles comerciais ou longas metragens. Da multiplicidade geográfica e arquitetónica, à população cada vez mais multirracial, ao clima que nos oferece o maior número de horas de sol da Europa e acabando na grande qualidade dos recursos técnicos, Portugal constitui-se sem dúvida como um destino a privilegiar. Pensamos, assim, que o futuro se perfilha nesse sentido.
Briefing | Quais os projetos de internacionalização da empresa? FS | A internacionalização é um projeto que a Stopline tem vindo a implementar, em especial com coproduções na área da ficção e séries para televisão. Um exemplo mais recente, a série “Vermelho Brasil” que recentemente acabou a sua exibição na RTP 1. Abrimos o primeiro escritório no Brasil, a CCFBR – Produções, em S. Paulo, Abril de 2013
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