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Conversas Entrevista no Tivoli
Fátima Sousa Jornalista
Carlos Mestieri, presidente da Rede Inform
“Crise e RP são quase sinónimos” “Crise e Relações Públicas são quase sinónimos. Tenho vivido em crises, nunca vivi um período de rotina, de equilíbrio. Nunca fui chamado por um cliente porque tudo estivesse bem. A meu ver, as Relações Públicas buscam soluções para minimizar os problemas que surgem em época de crise”, afirma Carlos Mestieri, presidente da Rede Inform e um dos pioneiros das Relações Públicas no Brasil, acrescentando que não é fácil encontrar essas soluções: “Se fosse fácil, não éramos contratados”
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Maio de 2010
Briefing | A sua história profissional confunde-se com a história das Relações Públicas no Brasil. A que se deve esse caminho paralelo? Carlos Mestieri | Costumo dizer que foi a vida que me encaminhou para as Relações Públicas (RP). Comecei a trabalhar em RP em 1963 (faz pouquinho tempo, né?). Tinha acabado de me formar em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e ia seguir a carreira de advogado, mas há coisas que acontecem na vida da gente que mudam tudo… Nessa época eu trabalhava na Assembleia Legislativa de São Paulo
“Foi o maior choque quando sugiram os computadores e depois a Internet. Hoje em dia, os media online são o desafio total para qualquer empresário, seja na área da comunicação ou não. Coloca-se uma nota mínima na net e todo o mundo fica sabendo…. Para as empresas em bolsa, então, é tremendo”
e um amigo meu – o José Carlos Fonseca Ferreira – que tinha aberto a primeira agência de RP do país, a Assessoria Administrativa do Brasil (ABB), desafiou-me para colaborar numa pesquisa que estava fazendo para a indústria farmacêutica. Ele e o sócio – o José Rolim Valença – estavam a desenvolver aquilo que no Brasil chamamos auditoria de opinião pública. Não se trata de uma pesquisa tradicional, com questões fixas, mas sim de uma entrevista em aberta para líderes de opinião nos diversos segmentos de público. E na sequência desse trabalho constaram que havia uma série de conceitos e preconceitos em torno da indústria farmacêutica, tendo a partir daí desenvolvido um plano integrado de comunicação. E precisavam de pessoas que cuidassem de cada segmento, tendo-me convidado para assegurar a área das relações governamentais, uma vez que eu conhecia bem os trâmites para se chegar a uma lei. Acabei fazendo um estágio nos Estados Unidos na área do lóbi. No Brasil – não sei como é aqui em Portugal… mas no Brasil era ainda mal visto, confundido com processos meio obscuros. Nos Estados Unidos já era tudo codificado, controlado, era uma actividade científica. E o que nós fizemos foi levar os deputados a conhecer melhor a indústria farmacêutica, ver como os medicamentos eram produzidos, quanto é que investiam em pesquisa. Com isso conseguimos, ao cabo de pouco mais de um ano, demonstrar que certos projectos de lei estavam imbuídos de preconceitos, o que levou ao arquivamento de vários. O novo agregador do marketing.