Brasil de Fato PR - Edição 147

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Divulgação

Cultura | p. 7

Esportes | p. 8

Vitória dos protestos

Natal sem agrotóxico

Jogadores do Chile cancelam amistoso

Cestas da agroecologia são opção para presentes

Ciclovivo

PARANÁ

Ano 4

Edição 147

28 de novembro a 4 de dezembro de 2019

distribuição gratuita

O Brasil não está à venda As empresas públicas auxiliam no crescimento da economia, gerando empregos e mantendo o preço dos serviços acessível à população. As privatizações propostas pelo governo não resolvem o problemas do desemprego EDIÇÃO ESPECIAL de quatro páginas Giorgia Prates

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As mentiras que muita gente acreditou Na economia, na política e em várias outras áreas BRASIL | p. 4 e 5 PUBLICIDADE

Editorial | p. 2

Brasil | p. Direitos | p.66

Comunicação é direito

A memória da luta

Governos querem privatizar serviços de dados e informações

Movimento LGBTI comemora os 50 anos da “Revolta de Stonewall


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Paraná, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2019

Brasil de Fato PR

E se Querem privatizar encararmos a nossas vidas EDITORIAL

O

governo de Bolsonaro segue com o planejado para a economia brasileira: o projeto ultraliberal que pretende privatizar nossas empresas públicas mais lucrativas. E as empresas paranaenses, no governo de Ratinho Jr., estão também na esteira das privatizações. Petrobras, Correios, Banco do Brasil e Caixa conformam a infraestrutura do país. Porém, a educação pública, empresas de comunicação e dados também estão na mira do governo. Entre as instituições na-

OPINIÃO

cionais que correm risco situa-se o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), considerada a melhor empresa do setor da indústria digital e que registrou, segundo informações do site, lucro líquido de R$ 459,7 milhões em 2018, com aumento de 273% em relação a 2017. Entre as estaduais, está a Copel Telecom, líder no ranking de banda larga no estado e que registrou lucro de R$ 1,1 bilhão apenas no primeiro trimestre de 2019. O Serpro e a Copel Telecom

são empresas de comunicação e tecnologia da informação que, além de possuírem dados dos brasileiros, são responsáveis pela transmissão de informações. Em tempos em que a ação das mídias pode determinar a consciência coletiva, as redes e tecnologias são ingredientes centrais para interferir e manipular as sociedades. Entregar o Serpro e a Copel Telecom à gestão privada significa entregar a consciência da população aos interesses dos ricos e poderosos.

PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Comunicação como um direito? Márcio Ribeiro Garoni,

trabalhador da EBC e diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)

A

Empresa Brasil de Comunicação está no Programa de Parcerias de Investimentos do governo federal. A intenção é fechar parcerias com a iniciativa privada, ou vender parte dos bens da empresa – ou até mesmo todos. O processo está em fase de estudos, mas o que é certo é a intenção do governo de entregar a empresas privadas parte das decisões sobre o direito à Comunicação. A Comunicação é um direito social relacionado ao direito à informação e à liberdade de expressão, tão importante quanto Educação e Saúde. Portanto, é obrigação do poder público o devido investimento para a garantia desse direito. Assim, cai por terra a história de que a EBC custa caro. O orçamento da empresa proposto para o ano que vem é de R$ 657 milhões, o que daria cerca de 26 centavos por mês para cada brasileiro. Quanto precisamos consumir para sustentar uma TV Globo? Entre as tevês abertas, a TV Brasil tem a maior programação infantil - o que

não interessa às emissoras privadas, já que não rende publicidade. As Rádios Nacional da Amazônia e do Alto Solimões alcançam povos que não são atendidos por outras emissoras. A Agência Brasil tem seu conteúdo utilizado por milhares de jornais e sites do país. A EBC também tem um importante papel cultural e de fomento a produções audiovisuais independentes, por meio de editais que apoiam projetos para tevês públicas.

Quanto precisamos consumir para sustentar uma TV Globo? Não estamos satisfeitos com a EBC que temos hoje, com episódios de censura, conteúdos que mais se aproximam de propaganda de governo, e uma estrutura que não garante qualquer tipo de participação popular nas tomadas de decisão. Mas acreditamos que a EBC só tem chances de estar à altura de sua missão se a defesa da Comunicação Pública estiver entre as principais pautas do povo brasileiro, o verdadeiro dono da empresa.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 147 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Márcio Ribeiro Garone, Cinthia Alves, Davi Macedo, Manoel Ramires e Paula Zarth Padilha ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes e Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113 APOIO NA EDIÇÃO ESPECIAL Sindipetro, Sindiquímica, Claudio Ribeiro, Clair Martins, Sintcom, Sindijor


Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2019

Brasil de Fato|PR Geral 3

FRASE DA SEMANA

“É assustadora, irresponsável e muito grave a fala do ministro da Economia ao cogitar um possível novo AI-5 no Brasil”

A batalha da Prova Paraná A Secretaria de Educação do Paraná (SEED) e os professores travaram uma batalha em torno da Prova Paraná. O exame realizado em 27 de novembro tem por “objetivo identificar as dificuldades apresentadas por cada um dos estudantes”. São realizadas provas de Língua Portuguesa e Matemática para 6º, 7º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1ª, 2º e 3ª séries do Ensino Médio. Por conta dos conflitos entre o funcionalismo e o governo, cada lado adotou uma estratégia para a avaliação. A SEED chegou a autorizar até lanche diferenciado no dia da Prova. No Ofício Circular 135, os gestores educacionais foram incentivados a “avaliar a possibilidade de atribuir pontuação por participação atrelada à dedicação na execução da prova; lanche diferenciado, brindes, conforme possibilidades da escola”. Já do lado dos professores, a APP Sindicato defendeu o boicote à prova. Segundo o presidente da entidade, Hermes Leão, a Secretaria adotou política de pressão. “Teve pressão sobre os diretores e as equipes para que os alunos refizessem ou participassem da prova. É perigosa a forma. Por isso, nesta quarta etapa, nós defendemos o boicote, principalmente porque está sendo feita uma fraude intelectual”, denuncia.

Wenderson Araujo | Fotos Públicas

Disse Marina Silva, excandidata à Presidência, em relação à frase de Paulo Guedes sobre o AI5 e o uso do excludente de ilicitude contra adversários políticos.

Ratinho ainda não publicou decreto que regulamenta alimentação escolar 100% orgânica Deputada autora do projeto protocolou pedido de informações à Secretaria de Agricultura Manoel Ramires, do Porém.net

Uma longa espera que ainda não chegou ao fim. A Lei 16.751, de 2010, que estabelece 100% de alimentação escolar orgânica no estado até 2030 foi regulamentada no dia 3 de setembro de 2019. A cerimônia, que contou com a participação do governador Ratinho Júnior (PSD), do secretário de Agricultura, Norberto Ortigara, de deputados e autoridades, definiu que esses produtos devem vir da agricultura familiar. Mas quase três meses depois o decreto ainda não foi publicado em Diário Oficial do Estado. A meta é levar alimentação orgânica a todas as 2.146 escolas estaduais até

2030. De acordo com dados do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), hoje apenas 8% da alimentação escolar é orgânica e 60% vêm da agricultura familiar. O decreto estabelece que a responsabilidade de implementação da merenda orgânica nas escolas estaduais cabe, de forma conjunta, às Secretarias Estaduais de Educação (Seed) e Agricultura e Abastecimento (Seab). É aí que mora o impasse. A reportagem apurou que não está definida qual será a fonte de recursos para custear o programa. A deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), uma das autoras da proposta da alimentação escolar 100% orgânica no Paraná, até o fechamento da edição, ia protocolar requerimento

pedindo informações ao secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara, questionando por que o decreto assinado no último dia 3 de setembro pelo governador Ratinho Jr. ainda não foi publicado. De acordo com o advogado Ludimar Rafanhim, especialista em direito administrativo, não existe prazo entre a cerimônia de assinatura do decreto de regulamentação e a sua publicação em Diário Oficial. O tempo não se enquadra no trâmite da Assembleia Legislativa. “Depois que foi publicada a lei, não se envolve mais a Alep a não ser que se queira mudá-la. É na própria lei que se define o prazo para que ela seja regulamentada”, esclarece.

Audiência Pública “Indígenas do Paraná” Os povos indígenas, guardiões desta terra, Paraná, resistem há mais de 500 anos. Sofreram e sofrem diversos ataques direitos negados, território tomado, genocídio, descaso e preconceito. Nos dias 29/11, em Foz do Iguaçu, e 3/12, em Curitiba, serão realizadas Audiências Públicas para debater sobre os direitos das populações indígenas no Paraná. O objetivo é escutar representantes dos povos tradicionais, discutir os principais problemas por eles enfrentados e encontrar soluções para valorizar as raízes de nossa cultura. Entre os participantes estarão representantes indígenas do Paraná, do legislativo estadual e municipal, do Ministério Público, da Funai, além de especialistas da academia e outras entidades que atuam em defesa dos povos tradicionais. De iniciativa do mandato do deputado Goura, as audiências serão abertas ao público. 29/11 Foz do Iguaçu - 19h Local: UNILA JU, Auditório Martina, Sala C309. Av. Taquínio Joslin dos Santos, 1000 - Jardim Universitário I, Foz do Iguaçu 03/12 Curitiba - 9h Local: Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná. Praça Nossa Senhora de Salete, s/n ·


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Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2019

Impeachment: “tira a Dilma que tudo melhora” Dilma e o PT foram afastados do governo em 12 de maio de 2016, há quase 4 anos. Desde então aumentou o desemprego, o dólar, subiu o preço dos combustíveis e dos alimentos. Veja algumas comparações. Força Sindical

“Os gastos do dia a dia vão diminuir” Em levantamento da Agência Nacional do Petróleo antes da queda de Dilma, o bujão de gás de 13 quilos custava, no Paraná, em média, R$ 57. No levantamento de outubro de 2019, o último disponível, estava a R$ 69, aumento de 21% para uma inflação de 12,8% no período, quase o dobro.

Reprodução | RCF

“Dólar vai cair” No dia em que Dilma saiu do Palácio do Planalto, o dólar comercial valia R$ 3,48. Na quartafeira, dia 21 de novembro, estava em R$ 4,263. Alta de 22% para uma inflação no período de cerca de 12%.

Bancários | SSSC

“Serão gerados empregos” O governo Dilma teve, no final de 2014, a menor taxa de desemprego na História do Brasil, com 4,8%. Em maio de 2016, já com a crise política e econômica, tinha chegado a 11,2%. Agora, depois de ter chegado a 13%, está em 11,8%, 12,5 milhões de pessoas desempregadas. Mas, com o agravante: mais de 41% dos trabalhadores têm de viver de bicos, sem emprego formal. E é bom lembrar que o argumento para a reforma trabalhista era de que seriam gerados empregos. Outra mentira. O que aconteceu foi a diminuição dos salários e a retirada de direitos trabalhistas.

Reuters | Paulo Whitaker

“PT quebrou o Brasil” Desde o primeiro ano de Lula, em 2003, até 2013, o Brasil arrecadou mais do que gastou, o que é chamado de superávit fiscal. A onda só se inverteu em 2014, quando a conta ficou negativa em R$ 23 bilhões. O recorde foi no ano do golpe contra Dilma, 2016, em que o rombo foi de R$ 160 bilhões. Desde então o Brasil só tem ficado no negativo. Se for olhar as reservas cambiais, uma espécie de poupança que o Brasil tem guardada para evitar problemas para pagar suas contas, como a dívida externa, Lula pegou esse valor em cerca de 40 bilhões de dólares e Dilma deixou em cerca de 380 bilhões, quase dez vezes mais.


Neste especial, em parceria com o Comitê Unificado do Paraná, no marco do lançamento da Frente Popular e Parlamentar em Defesa da Soberania Nacional e Contra as Privatizações, você vai entender por que as empresas nacionais não podem ser doadas pelo governo para grupos estrangeiros.

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Ano 4

Edição Especial

Entrevista

Privatização

A economista Liana Carleial defende o papel do estado na economia

Governo não pode livrar-se de empresas competentes e lucrativas

Especial | p. 2

Novembro e dezembro de 2019

Especial | p. 3

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POR QUE A VENDA DO BRASIL PREJUDICA VOCÊ Q

ual a lógica de alguém vender sua casa própria e ir viver de aluguel? Nenhuma porque em pouco tempo gasta o dinheiro e depois tem de pagar aluguel todo mês pelo resto da vida. É mais ou menos assim também com o país. Para ficar num exemplo, o Brasil tem uma das maiores empresas petroleiras do mundo, a Petrobras. Por isso tem controle da extração de petróleo, do refino da gasolina e do diesel. Pode determinar os preços aqui no país. Mas se a empresa for vendida, ou parte dela, o preço fica nas mãos das empresas estrangeiras e vão subir. Sem contar que essas empresas mandam o lucro para fora do Brasil, aumentando o dólar e deixando o país mais pobre. E a mesma coisa pode acontecer com as empresas de energia, como a Eletrobras, os Correios, Telebras, Serpro, EBC, Casa da Moeda, todas colocadas na lista de Bolsonaro para a venda. E ainda há risco de vender bancos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Além de empresas de água e esgoto e luz, como a Sanepar e Copel, que podem ser vendidas pelo governo do Estado. Tudo isso, se conseguirem fazer, trará prejuízos para a maioria da população, que passará a pagar contas mais altas. E deixará o Brasil e o Paraná mais pobres, nas mãos de empresas privadas de outros países. Não será gerado emprego e desenvolvimento econômico aqui. E o dinheiro arrecadado iria para os bancos, para pagar juros da dívida. Sem melhorar em nada a vida das pessoas.

Lenon | MST

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Carlos Bassan | Fotos Públicas

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Lia Bianchini

Divulgação | UEPG

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As privatizações são um erro estratégico ENTREVISTA

A economista e professora da Universidade Federal do Paraná, Eliana Carleial, fala sobre os riscos que o Brasil corre com as medidas do atual governo Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano

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Brasil tem hoje uma participação da indústria no seu Produto Interno Bruto (PIB) menor que em 1950 e está implantando medidas contra os interesses nacionais, como a venda de empresas estatais. Veja abaixo trechos da entrevista exclusiva da economista e professora da UFPR, Eliana Carleial, na roda de conversa das segundas-feiras do Brasil de Fato Paraná. Brasil de Fato O que falar da situação do Brasil hoje, na economia, em que o estado brasileiro está sendo desmontado com as privatizações e políticas neoliberais?

Liana Carleial A gente está discutindo uma política social no contexto de um capitalismo financeirizado e que usa essas práticas neoliberais como se fosse uma saída. Isso aconteceu no governo de Fernando Collor, no governo Fernando Henrique Cardoso e está acontecendo agora de forma mais violenta. Isso não é novo também na América Latina, a gente está vendo a situação no Chile, que foi o primeiro a implementar essas medidas de maneira muito forte. Até demorou para ter reação. Isso está nesse pacote de que o Estado tem de ser menor. E pergunto. Existe um tamanho ideal de estado? Creio que não. Tem de ver o tamanho da população que se tem, no caso do Brasil são 210 milhões de pessoas, que necessidades que

essa população tem e, a partir daí, pensar que tamanho o Estado precisa ter. E em relação às privatizações? É, a meu ver, um erro estratégico. As privatizações estão baseadas em dois princípios, um que o privado é mais eficiente que o público. E eu não conheço metodologia que possa comparar a eficiência do estado e da iniciativa privada. Vamos falar, por exemplo, na Vale, que foi privatizada. Será que o que vimos em Mariana e Brumadinho pode ser tomado como símbolo da eficiência privada? Essa tentativa de transformar o estado numa empresa é uma tentativa fracassada. O estado tem

E a Petrobras, por exemplo, que tinha uma forma muito ajustada de ir do poço até o posto, utilizando as refinarias para investir no que era importante, que era a prospecção em águas profundas, como vai abrir mão disso se tem vários elos produtivos encadeados?”

pressupostos diferentes, objetivos diferentes. A eficiência do estado é a eficiência e a efetivação de suas políticas. Se você tem ou não efetividade na política pública. E o papel do Estado no desenvolvimento do país? A

outra questão é a ideia de que não se podem usar empresas públicas em prol do desenvolvimento do país. Como se essas empresas não fizessem parte do estado e dos objetivos do estado. Por que os Estados Unidos, por exemplo, fazem etanol

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de milho, que é caríssimo? E subsidiam fortemente, com qual objetivo? É para ter autossuficiência energética. Isso é contraditório, está errado? Claro que não. Eles têm de produzir tudo que seja estratégico para eles. No nosso caso, a estrutura produtiva brasileira já perdeu vários elos de sua cadeia. E a Petrobras, por exemplo, que tinha uma forma muito ajustada de ir do poço até o posto, utilizando as refinarias para investir no que era importante, que era a prospecção em águas profundas, como vai abrir mão disso se tem vários elos produtivos encadeados? Há o risco de o governo Bolsonaro tornar o Brasil um país dependente da importação de produtos industrializados? A questão da soberania nacional parece em nenhum momento despertar o interesse ou ter algum compromisso do governo. Eles usam a bandeira brasileira como símbolo, mas prestam continência à bandeira dos Estados Unidos. Mas o que vai acontecer se tivermos uma estrutura produtiva “vazia”. Mas o que me inquieta é que os próprios empresários permanecem calados. Você não os vê lutando pelos seus espaços produtivos. Porque temos em 2018 uma participação da indústria no PIB menor que em 1950, houve uma perda grande. E os empresários parecem não se incomodar com isso. Será que eles acham que simplesmente é suficiente serem rentistas? Se o Brasil não der certo, vão embora, compram casa em Miami?


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Paraná, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2019

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Empresas públicas a serviço do povo e do país Bolsonaro quer leiloar empresas públicas lucrativas e que prestam importantes serviços à população, de Norte a Sul do país. Não há motivo para privatizações Redação,

com colaboração de Cinthia Alves, Davi Macedo, Manoel Ramires e Paula Zarth Padilha

O

lançamento da Frente Popular e Parlamentar em Defesa da Soberania Nacional questiona as tentativas de privatizações do governo Bolsonaro. A atividade será no Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), no dia 2 de dezembro

(segunda), às 19h. Terá a participação da presidente da Frente Nacional em Defesa da Soberania Nacional, a senadora Zenaide Maia (PROS), do deputado federal Patrus Ananias (PT), da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), de Roberto Requião (MDB), entre outros políticos convidados. Em parceria com sindicatos, o Brasil de Fato elenca abaixo alguns dos setores estratégicos que correm risco de ser vendidos:

Ratinho quer desconectar Paraná de sua empresa de Banda Larga

Tomaz Silva

Correios prestam serviços em todo o território nacional No dia 16 de outubro, Bolsonaro oficializou a intenção de privatização. A venda requer aval da Câmara e do Senado. Mas, na realidade, os Correios são lucrativos, repassam 25% de sua receita líquida para o governo e exercem um papel social insubstituível. É o maior empregador nacional, com mais de 99 mil funcionários. Os Correios só lucram em 324 grandes municípios e, mesmo assim, realizam entregas em 100% do território nacional, chegando em regiões onde a iniciativa privada não tem interesse em atuar. São 12 mil agências espalhadas por todo o país.

O governo do Paraná priorizou a privatização de duas empresas: a Copel Telecom e a Compagás. Ambas pertencem à Copel, empresa que tem lucro bruto de R$ 3,2 bilhões somente neste ano. O desejo de vendê-las não atende a nenhuma crise na sua administração. O intuito é de atender aos interesses do mercado financeiro. A Copel Telecom está presente nos 399 municípios, prestando serviço de internet para órgãos públicos, escolas, hospitais e polícia, além de atender consumidores residenciais. Contra essas privatizações, foi criado o Fórum Paranaense em Defesa das Estatais. A organização pretende coletar 100 mil assinaturas em uma ação civil pública.

Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal geram lucro para o governo Um negócio privado visa ao lucro na comercialização de produtos e serviços, que a lucratividade é o objetivo de um empresário. No caso dos bancos públicos, BB e Caixa, Pedro Carrano o “dono” desse negócio é o governo federal e essas empresas geram muito lucro. De janeiro a setembro, esse lucro cresceu 40,9% na Caixa e 36,8% no BB, se comparado com 2018. Então, se é um bom negócio, por que o governo de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro quer privatizar? A Caixa é o banco da cidadania, da distribuição de renda e da inclusão social e está em mais de 5.400 cidades brasileiras. Responsável pelo FGTS, pelo Minha Casa, Minha Vida, pelo Bolsa Família e FIES.

Governo acelera a privatização e venda de refinarias da Petrobras No dia 22 de novembro, a direção da Petrobras anunciou o início da fase vinculante do processo de venda de quatro refinarias e seus ativos logísticos integrados, como dutos e terminais de distribuição. Depois de leiloar a BR distribuidora Divulgação e importantes poços do pré-sal, agora Bolsonaro coloca à disposição do mercado as refinarias Presidente Getúlio Vargas (PR), Alberto Pasqualini (RS), Abreu e Lima (PE) e Landulpho Alves (BA). Juntas, elas têm capacidade de processar 879 mil barris de petróleo por dia, cerca de 40% da produção nacional de derivados. Sem isso, o país será ainda mais dependente de importações.

Fertilizantes e empresas à venda

Manoel Ramires

Até o final de 2018, o Brasil tinha três unidades de produção de amônia e ureia. As Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN) da Petrobras, operavam nos estados da Bahia, Sergipe e Paraná. E ainda existe uma unidade semiconcluída no Mato Grosso do Sul. As unidades de produção próprias de fertilizantes estão sendo abandonadas pelo governo. Em Araucária, a última Fafen está à venda.


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A vida de quem foi “privatizado” Trabalhadores do Paraná relatam impactos negativos em suas vidas com a venda de empresas públicas Ana Carolina Caldas

quem já experimentou os efeitos da privatização tem opinião contrária. O Brasil de Fato Paraná entrevistou trabalhadores que vivenciam os impactos da venda de uma empresa pública para a iniciativa privada. Péssimas condições de tra-

balho e de segurança para o trabalhador e falta de inserção no desenvolvimento do país são alguns dos inúmeros problemas citados decorrentes da privatização. Confira os depoimentos:

“ ““ O

governo federal e o do estado têm apresentado a privatização de empresas públicas como solução para melhorar a economia. Porém,

Reginaldo Fernandes Lopes da Silva, trabalha na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR)

Aos 25 anos entrei na Fafen por processo seletivo. Nessa época a empresa havia sido privatizada e por isso já não se fazia concurso. De 1999 até 2013 ficou privatizada. Foi reestatizada em 2013, no governo do PT. No tempo da privatização, foram cerca de três empresas, e o que vi foi que quanto maior era o acionista, pior era o investimento dentro da empresa, mais precarizado o trabalho, menos preocupação com a nossa segurança e mais interesse somente com o lucro. Teve demissão de empregados, e a Fafen perdeu sua importância como empresa nacional. Atualmente, com o governo anunciando sua venda novamente, o clima é o pior possível entre os trabalhadores. Já existe recuo na produção e isso impacta na economia da cidade, no ânimo dos trabalhadores e na soberania do país.” Entenda O governo Temer mandou a Petrobras vender a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) para a Acron, uma empresa russa, sem licitação. A medida só foi impedida pelo ministro Ricardo Lewandovski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu serem necessários debates em audiências públicas e votação no Congresso Nacional. Agora, no atual governo, a Fafen voltou para a lista de empresas que podem ser vendidas. Arquivo Pessoal

Darci Saldanha é bancário do ex-Banestado e Itaú

Consuelo Trancoso é auxiliar de enfermagem e trabalha no Hospital de Clinicas

Entrei no antigo Banestado por concurso, em 1977, passando pela época da venda deste importante banco para o Itaú. Não esqueço do dia 19 de outubro de 2000, no governo Lerner, quando o banco foi vendido. Foi triste. O Banestado tinha uma carteira para projetos na área rural, estava em todos os municípios do Paraná e servia à sociedade, e não ao lucro de uma empresa. De 17 mil trabalhadores, com a venda para o Itaú passamos para 7mil. Depois, cerca de 2 mil trabalhadores. A diferença de ter trabalhado em um banco estatal é que tínhamos garantias como Plano de Carreira, Licença-prêmio e possibilidade de crescimento dentro da empresa, além do orgulho de trabalhar num banco que participava ativamente do crescimento do estado. Isso acaba totalmente com a venda para o Itaú.”

Desde 2002 trabalho no Hospital de Clínicas. Com a entrada da empresa EBSERH, em outubro de 2014, as coisas foram mudando dentro do hospital. A promessa era que a privatização traria mudanças positivas, mas o que vem acontecendo é a piora. Há aumento crescente de assédio moral, infelizmente, e o descaso com trabalhador e com os usuários do hospital. Neste momento estamos vivendo um clima de incertezas em todo o Complexo Hospitalar, com as demissões de servidores da Funpar, deixando um clima de desmotivação e sobrecarga. No lugar das pessoas demitidas, teremos substituições de pessoas com salários mais baixos e com menos qualificação. Onde havia dois funcionários, agora tem apenas um. Onde havia funcionários que conheciam bem o serviço, tem um que não conhece. Estamos trabalhando com vidas, e isso não tem sensibilizado a empresa que gere o hospital.”

Entenda O Banestado foi vendido ao Itaú via leilão, no dia 17 de outubro de 2000, pelo valor de R$ 1,6 bilhão, após o então governador Jaime Lerner reagir à ameaça de intervenção pelo Banco Central do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Entenda Em 28 de agosto de 2014, foi aprovada pelo Conselho Universitário da Universidade Federal do Paraná a adesão do HC – Hospital de Clínicas – à Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, e o HC foi submetido à administração de uma entidade de caráter privado.

Giorgia Prates

Giorgia Prates


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As fake news de Bolsonaro

Presidente chega ao governo com uma série de promessas e discursos que não se concretizam. Nem no papel “Governo distribuía kit gay”

“Somos o País que mais preserva o meio ambiente”

“A vida dos trabalhadores vai melhorar”

À época da eleição, havia várias mensagens dizendo que o governo estava distribuindo “kit gay” nas escolas. O tal kit nunca foi distribuído e sumiu do noticiário depois da eleição.

Durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o presidente Bolsonaro afirmou que “o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente.” O recorde de queimadas no país, tragédias como o rompimento de barragem em Brumadinho e as manchas de óleo do Nordeste até o Rio de Janeiro desmentem o presidente, que é responsável por desmontar as políticas de preservação que vinham de anos anteriores.

Nos últimos anos, os ricos estão ficando mais ricos e os pobres mais pobres. Só têm aumentado os lucros dos bancos e a concentração de renda. Estudo do IBGE mostra, por exemplo, que em 2018 o 1% da população mais rico recebeu 33,8 vezes a remuneração dos 50% mais pobres. Os mais pobres ganhavam, em média, R$ 820 por mês, menos que um salário mínimo.

Portal Lula

Portal Vermelho PT Minas Gerais

“Reformas trazem confiança de investidores” O Brasil aprovou a reforma trabalhista, a reforma da Previdência e outras medidas que retiram direitos dos trabalhadores com a desculpa de que a imagem do Brasil ia melhorar e os investidores internacionais iam botar dinheiro aqui e melhorar a economia. Nada disso aconteceu, e os estrangeiros estão tirando dinheiro do País. Em 2019 deve acontecer a maior saída de dólares da série histórica iniciada em 1982. Até outubro deste ano já saíram 21,5 bilhões de dólares. Antes, o pior déficit era de 16,2 bilhões, de 1999.

Vanessa Nicolav | Brasil de Fato Divulgação

“A corrupção vai acabar” Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi acusado de patrocinar esquema de laranjas no PSL de Minas Gerais (partido pelo qual Bolsonaro foi eleito). A “Folha de S. Paulo” denunciou que parte do dinheiro desse esquema pode ter ido para a própria campanha de Bolsonaro. O filho do presidente também é acusado de esquema em que pegava dinheiro dos funcionários na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o famoso caso Queiroz, que fez depósitos na conta da esposa de Bolsonaro. Além disso, pelo menos seis ministros do governo são investigados pela Justiça. Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil, admitiu ter recebido dinheiro de caixa 2 da JBS. O que mudou foi a postura de seu ministro da Justiça, Sergio Moro, que nunca mais falou de corrupção no governo.


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Parada da Diversidade LGBTI lembra revolta que iniciou luta por direitos há 50 anos

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de Fato PR 6Brasil Direitos

Evento acontece no domingo (1/12) na Praça 19 de Dezembro, Centro de Curitiba Lia Bianchini

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movimento LGBTI comemora, em 2019, um marco histórico: os 50 anos da “Revolta de Stonewall”, que deu força ao movimento organizado na luta pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A revolta, que começou em Nova York, nos Estados Unidos, se espalhou por diversas cidades ao redor do mundo e, até hoje, é lembrada como o marco inicial da luta LGBTI. Para celebrar esse meio século de resistência, em Curitiba, a 20ª Parada da Diversidade LGBTI traz como tema: “50 anos de Stonewall - E elas, Travestis, Transexuais, Transgêneras, Drag Queens e Afeminadas continuam na luta!”. O evento acontece no domingo (1/12), com início às 12h, na Praça 19 de Dezembro. A marcha será rea-

Arquivo Pessoal

lizada na Avenida Cândido de Abreu até a Praça Nossa Senhora de Salete. Para Márcio Marins, coordenador geral da Associação Paranaense da Parada da Diversidade (Appad), o evento é um “grande manifesto” pela visibilidade e por respeito à comunidade LGBTI. “A parada vem para fazer enfrentamento. Não é carnaval fora de época nem micareta, é um evento de visibilidade da comunidade, que há décadas, séculos, vem sofrendo com a discriminação e a violência”, afirma. Marins lembra que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTI no mundo. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, apenas neste ano já foram mortas 141 pessoas LGBTI no país. Em 2018, foram 420 pessoas mortas pelo ódio à orientação sexual ou diversidade de gênero.

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CORPOS INVISÍVEIS A militante Renata Borges (foto) foi vítima de ameaças por sua atuação política em defesa dos direitos da comunidade trans. Em outubro, ela, que é transexual e filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), teve sua casa invadida e duas facas foram deixadas em cima da cama. Para Renata, lembrar os 50 anos de Stonewall com um evento em praça pública é colocar em pauta a discussão de uma cidade que olhe para os “corpos invisíveis”. “Quando se faz

uma parada LGBTI, coloca-se em questionamento que a sociedade precisa ser discutida e que novas políticas públicas precisam ser incorporadas”. A militante lembra também que no Brasil atual, em que o presidente Jair Bolsonaro coleciona declarações homofóbicas, “tudo se potencializou, o ódio, a perseguição”. A expectativa da organização da 20ª Parada da Diversidade LGBTI de Curitiba é que estejam reunidas no evento cerca de 60 mil pessoas.


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Paraná, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2019

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Produtos de reforma agrária viram cesta de natal Heloisa Nichele

Redação A união de produtores rurais de áreas da reforma agrária e de empreendimentos da economia solidária gerou uma nova forma de presentear neste natal. São as cestas natalinas da reforma agrária, que levam desde o tradicional panetone até o salame colonial e a cachaça orgânica. As cestas são organizadas pela Cooperativa Central de Reforma Agrária do Paraná (CCA-PR), Coletivo Sinergia Alimentos Saudáveis e Rede Mandala - Rede Paranaense de Economia Solidária Campo-Cidade. Simplicidade Luiz Pequeno é um dos organizadores das cestas e explica que a iniciativa se inspira no espírito de natal. “Esses produtos têm um sentido muito valioso que é de pessoas simples para outras

pessoas também simples. E é importante a gente priorizar as cestas natalinas por conta de que o Natal é a festa da simplicidade, da humildade, da doação, da cooperação”. O organizador faz uma proposta a quem planeja presentear neste final de ano: “Nada melhor do que trocar o supermercado, hipermercado e o shopping por produtos da economia solidária da Reforma Agrária”.

Ademir Fernandes

Preços acessíveis O preço das cestas apresentam versões que variam entre R$ 30, R$ 60 e R$ 100. Os pedidos podem ser feitos até dia 2 de dezembro pelo site www. produtosdaterrapr.com.br Gibran Mendes

DICAS MASTIGADAS

Abobrinha recheada Por Pedro Carrano

Casa da Democracia Um amigo me pediu um texto sobre a Casa da Democracia, casa alugada pelo coletivo Mídia Ninja no bairro do Santa Cândida, um mês depois da prisão política de Lula, em maio de 2018. Foi uma experiência coletiva de reunir veículos de mídia alternativa e popular, debatendo o ataque contra a democracia, representado na prisão de Lula, mas também difundindo a mensagem das/os trabalhadoras/es e da Vigília Lula Livre. Ao lado da programação própria, o Mídia Ninja foi generoso e fez uma série de parcerias. A casa foi um espaço de encontro, marcou a resistência da Vigília. O programa “Democracia em

Rede” entrevistou diariamente grandes nomes que passaram pela Vigília Lula Livre, de Danny Glover a Lucélia Santos, às principais lideranças sociais da atualidade, transmitindo em mais de 30 páginas nas redes sociais. Outra experiência que teve espaço no subsolo da casa foi a Rede Lula Livre, programa de rádio diário, de 15 minutos, retransmitido por vinte rádios em todo o país. Ao final, foi espaço da excelente formação de jovens comunicadores. Porém, a casa não se sustentou. Experiências de comunicação da classe trabalhadora como essa não podem se perder pela falta de (poucos) recursos.

Ingredientes 4 abobrinhas médias. 1 cebola picada. 2 dentes de alho amassados. 300 g de carne moída. 100 g de bacon picado. 2 tomates picados. 50 g de queijo parmesão ralado. Cheiro verde. Sal. Pimenta-do-reino.

Reprodução

Como fazer Corte as abobrinhas ao meio, no sentido do comprimento. Tire cuidadosamente a polpa e reserve. Cozinhe as abobrinhas em água fervente com sal. Prepare o recheio, refogue a cebola e o alho com um pouco de óleo. Acrescente o bacon e deixe fritar bem. Adicione a carne moída, a pimenta-do-reino e o sal. Deixe fritar bem. Acrescente o tomate e a polpa picada da abobrinha. Deixe apurar. Por último, salpique um pouco de cheiro verde. Recheie as abobrinhas com a carne moída. Salpique o queijo ralado sobre as abobrinhas e leve ao forno para gratinar.


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Paraná, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2019

O ponto de U$ 25 milhões Por Cesar Caldas A diferença entre a derrota e o empate diante do Vitória no próximo sábado (30/11), em Salvador, repercute em tão grande medida nas receitas do Coritiba para 2020 que se pode dizer: a capacidade de montar time competitivo e manter sua atual estrutura administrativa e de recursos humanos pagando em dia seus compromissos financeiros, no ano que vem, depende desses 90 minutos. Apenas na primeira divisão o Alviverde poderá vender direitos de transmissão televisiva aberta por R$ 50 milhões anuais – cota habitual negociada com clubes do chamado “grupo 5” (Bahia, Sport, Coritiba e Athletico-PR). A assinatura de contrato por quatro anos implica também o recebimento de “luvas” de R$ 25 milhões em parcela única. Mais que isso: estar na Série A facilita a busca de patrocinador frontal para a camisa, além de impulsionar receitas com sócios e bilheteria. É isso. Ou quase nada.

Fim da linha Por Marcio Mittelbach Quando for dado o apito fi nal no jogo desta sexta-feira, 29/11, na Vila Capanema, a torcida paranista entrará na pior parte do ano. Serão 50 dias sem um jogo oficial. Começa a fase em que quase todo mundo vai embora e chegam dezenas de jogadores que a gente nunca viu na vida. Entre os que estão de saída existem alguns que poderiam ter mais uma chance com a camisa tricolor. É o caso dos meias Fernando Neto e Matheus Anjos e do atacante Bruno Rodrigues. O trio foi responsável direto por alguns bons momentos que vivemos este ano. Mas, como sabemos que a grana é pouca, melhor nem criar muitas expectativas. O jeito é confiar no trabalho de bastidores da diretoria. Mesmo aqueles que só gostam de reclamar vão ter de esperar a volta do estadual para pedir a cabeça do treinador, seja lá quem ele for.

Decisão em janeiro Por Roger Pereira Com o título brasileiro do Flamengo, o Athletico já tem sua primeira decisão para 2020. É a Supercopa do Brasil, mais novo torneio criado pela CBF, que colocará frente a frente os campeões do Brasileiro e da Copa do Brasil. A partida única está marcada, previamente, para Brasília, em janeiro. As supercopas são tradicionais em diversos países, numa disputa que abre a temporada, reunindo campeões do ano anterior. A escolha da data no Brasil, no entanto, deve esvaziá-lo. Em janeiro os times estão em pré-temporada, mal começaram a disputa do estadual e, para piorar, o Flamengo tem calendário até o último fi nal e semana antes do Natal, com o Mundial de Clubes. A Supercopa tem tudo para ser mais uma disputa interessante no futebol brasileiro, mas a data precisa ser revista. Para 2020, resta ao Furacão voltar a fazer história e ser o primeiro campeão desse torneio.

Por que jogadores do Chile se recusaram a entrar em campo?

Foi uma forma de expressar solidariedade aos manifestantes e protestar contra o governo de Sebastián Piñera Divulgação

Redação, Recife (PE)

O

alto nível de politização dos protestos no Chile alcançou também o futebol. A seleção nacional tinha um amistoso contra o Peru agendado para este mês, na data Fifa, mas os atletas decidiram não jogar. Foi uma forma de expressar solidariedade aos manifestantes e protestar contra o governo de Sebastián Piñera. Há mais de 30 dias a população chilena está nas ruas em protestos quase diários contra as condições de vida precárias a que estão submetidos há anos. O governo tem respondido com truculência: colocou o exército nas ruas e já são mais de 20 manifestantes mortos, 230 pessoas perderam a visão e outras tantas feridas.

Atletas titulares da seleção chilena, como o goleiro Cláudio Bravo (Manchester City-Inglaterra), o zagueiro Medel (Bologna-Itália) e a goleira Christiane Endler (Paris Saint Germain-FRA) fizeram publicações em solidariedade ao seu povo. Há atletas participando inclusive dos atos de rua, como Nicolás Maturana. Torcidas organizadas de equipes rivais se uniram e somaram-se às manifestações.

Você sabia? Desde a ditadura de Augusto Pinochet (1974-1990), o governo chileno fez mudanças neoliberais, como reformas da previdência e trabalhista, reduzindo direitos da população e adequando as leis e o Estado aos interesses empresariais do país e internacionais. Hoje a população idosa recebe metade de um salário mínimo e boa parte da população se encontra endividada.

ELAS POR ELA Fernanda Haag

Calendário e seleção: o que vem por aí Na quarta-feira (20), a CBF, buscando comprovar sua fala de que o futebol de mulheres também é prioridade, divulgou o primeiro calendário exclusivo de competições femininas para 2020. E já podemos começar a torcida do próximo ano. Serão cinco torneios nacionais, dois na categoria adulta e três de base. Isso mobilizará 96 equipes em 382 jogos. O Brasileiro da série A1 terá início em 9 de fevereiro, com 16 times. A série A2 terá 36 clubes, com representantes de todos os estados brasileiros, e a bola come-

çará a rolar em 15 de março. Nas categorias de base teremos os brasileiros Sub-14, Sub-16 e Sub-18. A CBF, para além dos clubes, mobilizou nesta semana a Seleção. Pia Sundhage fez sua última convocação do ano para amistosos contra o México. As baixas são Marta, que está de férias, e a goleira Barbara, envolvida com a faculdade de enfermagem. Como lembrou Pia: “Ela tem provas agora em dezembro. Essa é a realidade do futebol feminino”. A boa notícia vem com a volta de Cris Rozeira!


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