Brasil de Fato PR - Edição 157

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Decisão na Vila Capanema

Vitor Silva

Esportes | p. 8

Brasil | p. 5

Quem matou Marielle?

Paraná busca sobreviver na Copa do Brasil contra Botafogo

Dia 14, assassinato completa 2 anos. Ato em Curitiba cobra justiça

Divulgação

PARANÁ

Ano 4

Edição 157

12 a 18 de março de 2020

Coronavírus vira pandemia Casos se multiplicam no mundo e influenciam saúde e economias. Veja cuidados necessários Brasil | p. 5 Alex Pazuello | Semcom

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

Um março marcado por lutas O Dia Internacional das Mulheres reuniu milhares de pessoas em todo o país. E as mobilizações continuam: no dia 14, atos exigem justiça pela morte de Marielle Franco. E, no dia 18, é a greve com a bandeira da democracia e da educação pública Geral | p. 3 e 5 Giorgia Prates

Direitos | p. 6

Economia Solidária Governo regulamenta lei, mas não prevê orçamento Cultura | p. 7

Artistas pedem volta da Cultura Mais de 500 produtores querem volta de Secretaria


Brasil de Fato PR 2 Opinião

EDITORIAL

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Paraná, 12 a 18 de março de 2020

O Pibinho e a crise do Dólão

A

crise econômica mundial teve um novo momento sério nesta semana. A dívida das grandes empresas, o envidamento dos Estados nacionais e a falta de relação entre o investimento produtivo e os capitais que circulam na Bolsa de Valores faz com que nova crise estoure. O mais duro é perceber como a economia brasileira está fragilizada

diante desse cenário turbulento. O último informe sobre o Produto Interno Bruto (PIB) alcançou 1,1% de projeção para este ano, abaixo das promessas feitas, na casa de 2,4%. E no meio dessa crise o governo retira dinheiro da mão dos trabalhadores, permitindo o fechamento de empresas, tirando investimentos da Petrobras (que inclusive teve queda

de 29,7% nas ações) por exemplo. Infelizmente, temos setores empresariais aderindo ao projeto de Bolsonaro sem qualquer crítica, como capachos, com um projeto voltado aos Estados Unidos. As notas da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) até mesmo

justificam medidas do governo. Apesar de reconhecerem que os setores industriais em vários estados estão parados. O governo Bolsonaro patina na economia. As forças populares e democráticas devem se unir nos dias 14 e 18 de março, nos atos nacionais, ganhar as ruas para exigir um projeto nacional, soberano e popular de país.

A mentira da infecção do dólar pelo coronavírus

OPINIÃO

Frédi Vasconcelos,

jornalista

O

dólar explodiu na segunda-feira, 9/3, fechando o dia a R$ 4,75. A primeira “explicação” dos meios de comunicação comerciais (Globo e outros) é que se devia ao coronavírus, à crise mundial etc. Escondendo os “erros” da política econômica do Paulo “Posto Ipiranga” Guedes e de Bolsonaro, que eles apoiam. A nova gripe estressou as bolsas e mexeu no câmbio em muitos paí-

SEMANA

ses. Mas, como nos casos fatais da doença, quem sofre os piores efeitos são aqueles que já estão mal de saúde. É o caso da economia brasileira. O real foi a moeda que mais perdeu valor no mundo em relação ao dólar em 2020. De 2 de janeiro a14 de fevereiro, desvalorização de 6,22%. Antes ainda do desastre do começo de março. O que tem muito mais a ver com doença econômica interna que com o vírus chinês. Desde que o atual governo assumiu, em 1/1/2019, os resultados são medíocres. O cresci-

mento econômico ficou em 1,1%, em estagnação. Nossa economia está do tamanho que tinha em 2013. São sete anos perdidos. Voltando ao dólar. O governo começou com a moeda estadunidense a R$ 3,82 em 2 de janeiro. O tal do mercado e os mesmos meios de comunicação venderam a ideia de que o país chegaria ao paraíso econômico com as “reformas”, que o dólar cairia etc. A Previdência e outras medidas foram aprovadas, mas o desemprego continuou na casa de 12 milhões de

pessoas, a informalidade explodiu e todos os trabalhadores ficaram mais pobres. E o dólar passou da casa dos R$ 4 em agosto do ano passado, de onde nunca mais desceu. E é bom lembrar as datas. O primeiro caso de coronavírus na China é de 31 de dezembro de 2019. No Brasil, 25 de fevereiro de 2020. Antes disso a moeda americana já estava nas alturas por incompetência do governo e porque o tal mercado, que diz apoiá-los, aproveita a fraqueza de Bolsonaro e Guedes para ganhar (muito) dinheiro.

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 157 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ednubia Ghisi, Marina Duarte de Souza e Sheila Oliveira ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 10 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113


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Paraná, 12 a 18 de março de 2020

Geral | 3

FRASE DA SEMANA

Crescem as mortes e acidentes devido a instalações elétricas inadequadas O aumento do contato das pessoas com a energia elétrica e a complexidade dos sistemas das fábricas sem a devida prudência tem feito aumentar a quantidade de acidentes e mortes provocadas por incêndios e choques elétricos. Os números são alarmantes. De acordo com relatório da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, em nível nacional, os incêndios por sobrecarga e curto-circuito subiram de 537 ocorrências em 2018, sendo 61 vítimas fatais, para 656 ocorrências, em 2019, com 74 vítimas fatais. Já os choques elétricos ocorridos em 2018 subiram de 832, com preocupantes 622 vítimas fatais, para 909 ocorrências e 697 vítimas fatais em 2019. O ano de 2020 não apresenta números confortáveis. Em janeiro deste ano um novo recorde de ocorrências em um mês apenas: 181 acidentes e 93 vítimas fatais. Desses números, 99 ocorrências foram choques elétricos com 83 mortes e 70 acidentes com sobrecarga, resultando em uma morte. A maioria dos casos contabilizados no levantamento aponta o ambiente doméstico como o lugar de maior perigo. O fio partido é o principal culpado, mas os eletrodomésticos também têm apresentado perigo.

“A gente não está discutindo a esquerda ou a direita, a gente está discutindo democracia e barbárie”

Campanha incentiva voto aos 16 anos

disse a viúva de Marielle Franco, Monica Benicio. A morte de Marielle completa 2 anos no dia 14 sem que se responda à pergunta: “Quem mandou matar Marielle?” Divulgação

Mulheres da favela exigem paz e direitos sociais garantidos Centenas de pessoas participaram da marcha realizada no bairro Parolin Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini Pela primeira vez, em Curitiba, a programação do Dia Internacional da Mulher aconteceu na periferia. O ato “Mulheres da favela exigem paz” foi organizado pelas moradoras do bairro Parolin, em parceria com entidades e movimentos populares. Reuniu centenas de pessoas, das 8h da manhã ao meio-dia, quando balões brancos foram soltos por paz. O Parolin está entre os piores índices de desenvolvimento humano municipal. Moradora do bairro há 27 anos, Maria Aparecida Ferreira diz que o pedido de paz é porque existem mortes e desigualdade no lugar. “Temos muitas mães chorando todos os dias por causa da violência. Nossa favela pare-

ce que está esquecida”, disse. Ao longo da marcha foram realizados atos de denúncia sobre o descaso dos governos municipal e estadual com os bairros periféricos. Segurando cartazes com as fotos do prefeito Rafael Greca (DEM), do governador Ratinho Junior (PSD), entre outros, as mulheres falaram sobre déficit de moradia, condições precárias na infraestrutura e falta de vagas nas creches para as crianças.

Para Andreia de Lima, uma das organizadoras e também moradora do Parolin, direitos não são garantidos às moradoras de favelas. “Não nos permitem que saiamos de manhã e deixemos nossos filhos em creches, escolas. Não nos dão o direito de moradia com qualidade e, quando conseguimos emprego, temos que ser ou zeladora ou catar nossos carrinhos e ir para rua com nossos filhos”, afirmou. Giorgia Prates

No Paraná, são mais de 800 mil jovens aptos a votar, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR). Este é o público-alvo da campanha “Se liga dezesseis”, lançada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) junto com a União Paranaense dos Estudantes (UPE) e a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES). As organizações querem dialogar com os jovens sobre a importância de fazer o título de eleitor e participar das decisões da sua cidade, estado e país. A campanha será desenvolvida em duas fases: a primeira de divulgação de materiais e visitas nas escolas e sindicatos e a segunda acontecerá quando faltarem 16 dias para o prazo final do título de eleitor. “A ideia é fazer com que o jovem seja protagonista neste processo eleitoral. Que quanto mais cedo tirar o título de eleitor, terá mais oportunidades de participar da política”, disse a estudante Larissa Souza, presidente da UPE Paraná. Uma comissão da Campanha “Se Liga, dezesseis” se reuniu no dia 5 de março com o presidente do TRE, o desembargador Tito Campos de Paula, para dialogar sobre possíveis parcerias. No dia 17 de março, o TRE PR realiza um dia aberto para receber jovens que queiram fazer o título de eleitor.


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Paraná, 12 a 18 de março de 2020

Encontro histórico reúne mulheres do MST em Brasília Evento teve cerca de 3.500 participantes de todos os estados Ednubia Ghisi e Marina Duarte de Souza

U

ma plateia formada por cerca de 3.500 mulheres, coloridas com as cores símbolos do feminismo e do socialismo, lilás e vermelho. Após três anos de preparação e mobilização, a emoção era o sentimento comum entre as presentes na abertura

do 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem-Terra, na noite de quinta-feira (5), em Brasília. O evento, inédito, marcou os 36 anos de trajetória do MST. Passando pelo Dia Internacional das Mulheres, o Encontro seguiu até o dia 9 e integrou a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres, com mobilizações em todo o Brasil.

Com o lema “Mulheres em luta, semeando resistência”, o encontro reuniu camponesas de todos os estados brasileiros. Do Paraná, foi uma caravana com 314 mulheres. Entre as participantes também estiveram integrantes de movimentos e organizações parceiras, além de 30 internacionalistas de movimentos e organizações de 14 dife-

Matheus Alves

Janine Moraes

rentes países da América Latina, América do Norte, Europa e África. Para Ceres Antunes Hadich, assentada no Paraná e integrante da direção nacional, o encontro é fruto de esforços coletivos, que persistem desde a origem do movimento: “Sem dúvida nenhuma, a gente conseguiu chegar até aqui graças à construção histórica que o MST como um todo, que o conjunto da organização, sempre fez em torno desse debate da participação das mulheres, da igualdade de gênero, da gente possibilitar construir processos de igualdade. Então, isso também é resultado e mérito de toda a construção de luta social igualitária pelo que o MST constrói e acredita”.

Após três anos de preparação, a emoção era o sentimento comum na abertura do 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem-Terra MULHERES INICIAM JORNADA DE LUTAS POR REFORMA AGRÁRIA Marina Duarte de Souza e Sheila Oliveira O dia 9 marcou o último dia do I Encontro Nacional das Mulheres Sem-Terra e também o início da “Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem-Terra em Defesa da Reforma Agrária”. Até o momento, foram 10 mil pessoas mobilizadas em pelo menos 16 ações em todo país. A primeira atividade foi na capital federal, Brasília, onde as participantes do Encontro de Mulheres ocuparam o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A Jornada de Lutas tem objetivo de denunciar o desmonte da

política de reforma agrária no país. Além de tentar criminalizar os movimentos de luta pela terra, o governo de Jair Bolsonaro tem prota-

gonizado outras iniciativas, como a transferência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para a alçada do Ministério Manuela Martinoya

da Agricultura. Superintendências do Incra foram ocupadas em pelo menos outras nove cidades: Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Palmas (TO), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG), Maceió (AL), Florianópolis (SC), Recife (PE) e Porto Alegre (RS). “Estamos contra os processos que têm sido implementados neste governo, com licença para matar, dando direito a fazendeiros, a policiais, a milícias armadas de serem violentos contra o povo que quer manter seus territórios e o direito de viver, comer, produzir e morar com dignidade no campo”, afirmou Antônia Ivoneide da direção nacional do MST.


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Brasil | 5

Coronavírus vira pandemia

Mario Vasconcellos | Câmara Municipal do Rio de Janeiro | AFP

Organização Mundial da Saúde reconheceu agravamento da doença. Veja as medidas para se proteger Nelson Almeida | AFP

Quem mandou matar Marielle e Anderson? Ato no dia 14, em Curitiba, cobra respostas após 2 anos de morte da vereadora e motorista Redação

N Redação

A

Organização Mundial da Saúde, OMS, reconheceu na quarta, dia 11, que o surto do coronavírus, o Convid-19, tornou-se uma pandemia. O termo é utilizado para indicar que uma epidemia se espalhou para dois ou mais continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. A última pandemia declarada pela OMS foi em 2009, com o H1N1, que estima-se ter infectado 1 bilhão de pessoas e matado centenas de milhares no mundo todo. Segundo os dados coletados até agora o Covid-19 vem afetando menos pessoas, com menor grau de letalidade. Para o diretor-geral da OMS, o novo status da doença não deve

Para o diretor-geral da OMS, o novo status da doença não deve mudar a atuação dos países no sentido de ‘detectar, proteger, tratar e reduzir a transmissão’ mudar a atuação dos países no sentido de ‘detectar, proteger, tratar e reduzir a transmissão’. A mudança do status da doença aconteceu por conta da maior disseminação do vírus: metade dos países atingidos registraram os primeiros casos nos últimos dez dias. Já São 118 mil casos registrados no

mundo e 4.291 mortes. No Brasil o primeiro caso foi diagnosticado em 25 de fevereiro e já havia 69 confirmados no dia 11. A progressão dos casos, agora, deve aumentar muito. Como se proteger A contaminação se dá por gotículas de pessoas infectadas por meio de tosse, espirro e fala. O vírus pode estar em qualquer superfície como maçanetas, mesas, bancadas. Por isso o mais importante é lavar as mãos com água e sabão ou higienizar com álcool em gel antes de tocar rosto, boca e olhos, que são portas de entrada do vírus no organismo. Se possível, evite multidões. Se tiver sintomas de infecção respiratória, procure um posto de saúde.

o próximo sábado, dia 14, a Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, terá a manifestação “Quem mandou matar Marielle e Anderson?”. Organizado pela Frente Feminista e outras organizações, o ato marca os dois anos do assassinato da vereadora e seu motorista, no Rio de Janeiro. Nesta semana, a Justiça determinou que dois dos principais suspeitos de ter executado o crime, o PM reformado Ronnie Lessa e o ex -PM Élcio Vieira irão a júri popular pela acusação de assassinato. A defesa dos dois acusados deve recorrer da decisão. Ronnie Lessa morava, à época do crime, no mesmo condomínio que Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca. O ex-PM passou pela Polícia Civil e também integrou o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). Ficou conhecido por executar crimes de mando e pela eficiência e frieza em puxar o gatilho.

Em 1998, Lessa recebeu uma homenagem na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A mostra de admiração foi concedida pelo ex-deputado Pedro Fernandes Filho, já falecido, e avô de Pedro Fernandes Neto (PDT), atualmente secretário de Educação do governador Wilson Witzel (PSC). O autor da moção também é pai da vereadora Rosa Fernandes (MDB). Já Elcio Queiroz, acusado de dirigir o Cobalt utilizado na ação que matou Marielle e Anderson, foi expulso da PM em 2016 por fazer segurança ilegal em uma casa de jogos de azar no Rio.

Fique por dentro O quê? Ato “Quem mandou matar Marielle e Anderson?” Quando: sábado, dia 14, às 16h Onde: Praça Santos Andrade


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Lia Bianchini

Desmonte do Pronera é projeto de extinção da população rural, diz estudante Mais de 5 mil pessoas do campo foram formadas em universidades públicas pelo programa Wellington Leno

Ana Carolina Caldas

Feira Permanente de Economia Popular Solidária acontece todas as quartas e sábados, ao lado do Terminal do Portão

O

decreto nº 20.252, publicado no Diário Oficial em 20 de fevereiro de 2020, reorganizou a estrutura do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), enfraquecendo programas importantes para o desenvolvimento de movimentos sem-terra e quilombolas. Na reestruturação, o governo Bolsonaro extinguiu a coordenação responsável pela educação no campo. Assim, ficou inviabilizada a continuidade do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, o Pronera, voltado para a formação de estudantes dessas localidades. Para Isabela da Cruz, formada em Direito na Universidade Federal do Paraná pelo Pronera, não é de hoje que a política pública para melhorias de vida no campo vem sendo sucateada. “É um projeto político de extinção da população rural, vindo de um governo que menospreza a educação, a leitura e o conhecimento”, diz. Educação para população do campo O Pronera, criado em 1998, foi responsável pela formação de cerca de 9 mil alunos que concluíram o ensino médio; 5.347 graduados no ensino superior em convênio com universidades públicas; 1.765 deles tornaram-se especialistas e 1.527 são alunos na residência agrária nacional. PUBLICIDADE

Em 2014, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com o Pronera, criou uma turma especial do curso de Direito para assentados. Em 2019, 47 alunos da primeira turma se formaram. Para Izabel Cortez da Silva Ferreira, do curso de Direito, a extinção do programa é um grande ataque à educação dos povos do campo. “Este governo mostra a que veio, que é questionar a ciência, a educação. E traz muito sofrimento para as pessoas”, diz. Sobre a formação recebida, Ferreira destaca a riqueza de trazer jovens do campo para dentro das universidades. “Eles têm a oportunidade de estudar, aprofundar e voltar para contribuir nas suas comunidades e produzir conhecimento também”, afirma.

Governo regulamenta economia solidária no estado Redação Na terça (17), o governo do estado fará apresentação do decreto 3932-27, que regulamenta a Lei de Economia Solidária no Paraná. A lei visa a fomentar, por meio de parcerias entre a sociedade civil e o poder público, empreendimentos econômicos solidários, isto é, baseados em cooperação, solidariedade e autogestão. A lei é de autoria do deputado estadual Professor Lemos (PT). De acordo com a Secretaria da Justiça, Família e Trabalho do estado, estima-se que dois mil empreendimentos e 100 mil trabalhadores deverão ser beneficiados. Com a regulamentação, a Política Estadual de Economia Solidária será organizada nos eixos educacional (formação, assessoria técnica e qualificação social e profissional); de aces-

so a serviços de finanças solidárias e créditos; de fomento à comercialização, consumo responsável e cooperação; de fomento à recuperação de empresas por trabalhadores organizados em autogestão e apoio à pesquisa e ao desenvolvimento. “Com a extinção do Ministério do Trabalho, a Secretaria Nacional de Economia Solidária se tornou um departamento dentro do Ministério da Cidadania. É importante ter um apoio municipal e estadual para garantir nossos direitos a partir dessas instâncias”, diz Rayane Costa, da secretaria executiva do Fórum Paranaense de Economia Solidária. Ela pondera, no entanto, que o decreto não prevê um fundo orçamentário para a execução nem institui uma secretaria associada. “Isso dificulta e pode até impossibilitar a execução da lei”, afirma Rayane.


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Cultura | 7

Artistas reivindicam recriação da Secretaria de Cultura no Paraná Carta foi entregue a vice-governador por pessoas de todas as áreas culturais Ana Carolina Caldas

Ana Carolina Caldas “Apesar de possuirmos uma herança cultural sólida, consolidada no mercado de produção cultural do país, necessitamos de maior comprometimento através de política públicas de cultura que visem, dentro da realidade orçamentária, social e cidadã do Estado, autonomia da cultura em nosso estado,” diz carta assinada por mais de 500 artistas e gestores culturais, que reivindica a recriação da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná. O documento foi entregue, nesta quarta, 11, em reunião entre artistas e o vice-governador do Paraná, Darci Piana. A secretaria completaria 40 anos de existência não fosse sua extinção no início da gestão Ratinho Junior. Inicialmente, a cultura foi acoplada à Secretaria de Comunicação Social. Ago-

ra, em 2020, mudou de lugar novamente, passando para a Secretaria de Educação. Para Caio Cesário, secretário de cultura de Londrina, a incompreensão da importância da cultura acontece também no Brasil. “Em nível nacional, atualmente ela está junto ao Ministério de Cidadania, o que mostra a desvalorização e falta de compreensão do que é a área da cultura.” Representantes Artistas representantes de Curitiba, da Região Metropolitana e do interior estiveram presentes e a maioria das falas destacou a importância da cultura como investimento, geradora de empregos e estratégica para o desenvolvimento econômico. Para a representante da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná (APAP), Waltraud Sekula, “a cultura no Brasil é que menos rece-

be recursos. Em outros países ela tem status porque é parceira da economia.” Waltraud lembrou que a cultura no Paraná é uma das áreas que mais gera empregos. O Coordenador do Fórum de Cultura de Curitiba e a Região Metropolitana, e secretário de Quitandinha, Fernando Cordeiro, mencionou a importância de ter uma secretaria para que os municípios possam desenvolver suas políticas de cultura. “Atualmente a estrutura do Estado para cultura tem apenas 23 funcionários para atender 399 municípios. Além disso, sem a regulamentação de um Sistema Estadual de Cultura, não temos como prosperar na cultura municipal.” O vice-governador informou aos presentes que uma conversa preliminar foi feita com Ratinho Junior e que nos próximos dias uma resposta será dada.

DICAS MASTIGADAS Divulgação

Torta de banana Ingredientes 2 xícaras de farinha de trigo 2 xícaras de açúcar 1 colher (sopa) de fermento em pó 2 ovos batidos 1 copo de leite 5 colheres (sopa) de margarina 10 bananas cortadas na horizontal. Modo de preparo Para a farofa, misture numa vasilha o trigo, o açúcar, e o fermento, reserve. Derreta a margarina, acrescente o leite e os ovos, mexa bem. Numa forma untada coloque uma camada de farofa e outra de bananas, e assim por diante. Despeje o líquido por cima, sem mexer. Asse em forno morno até dourar.


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ELAS POR ELA Fernanda Haag

A Seleção Brasileira no Torneio da França Esta semana o Brasil encerrou a sua participação no Torneio Internacional da França. Foram três jogos com adversárias fortes: Holanda, França e Canadá. Ficamos no 0x0 com as holandesas; perdemos de 1x0 para as francesas; e as canadenses empataram o jogo no final, depois de abrirmos 2x0. Nos números frios, dois empates e uma derrota, o que poderia até desanimar, inclusive porque caiu a invencibilidade da Era Pia. Contudo, as perspectivas são positivas. A técnica sueca utilizou o torneio – assim como os amistosos anteriores – para testar o máximo possível. Parece algo óbvio, mas não ocorria anteriormente. Desde que assumiu, a treinadora convocou 46 jogadoras e percebemos mudanças significativas. A principal talvez seja no setor defensivo, em que o Brasil melhorou. Na França, a dificuldade brasileira ficou no setor ofensivo, com pouca criatividade, porém os testes mostram as fraquezas e o que melhorar. Alguns nomes saíram fortes do torneio: Luana, que comeu a bola; a imperatriz Bia Zaneratto, uma das artilheiras da seleção; e Ludmila, que teve uma evolução clara. Aguardamos as próximas convocações, o Brasil joga em abril com Costa Rica e Estados Unidos.

Tudo em aberto

Derrota pelo placar mínimo no Rio de Janeiro gera boa expectativa para o jogo da volta Vitor Silva

Com Biluca ou Sicupira Por Cesar Caldas Tudo é clássico: jogo, dia, horário e local. O Atletiba das 16 horas do domingo (15/3) no Alto da Glória será tão importante quanto os 342 precedentes. Para o torcedor coxa-branca não importa quem são os jogadores vestidos de vermelho e preto em campo. Precisam perder. Pode ser o melhor Athletico que eu já vi jogar (sensacional), vice-campeão brasileiro de 2004, ou aqueles que fizeram história mesmo sem tanto brilho, ganhando o Brasileiro (2001), a Copa do Brasil (2019) ou a SulAmericana. Pode ser o time B ou aqueles medíocres da primeira metade dos anos 90, aos quais os próprios rubro-negros chamavam de soprinho. Nosso time, com Zé Roberto e Alex ou com Vilson Cavalo e Cruvinel, quer ganhar. A torcida sabe que, com o imenso Sicupira ou com o diminuto Biluca do outro lado, o freguês jamais tirará a diferença de 26 vitórias e 52 gols do Verdão.

Tem Atletiba, e daí? Por Roger Pereira O grande clássico do futebol paranaense acontece num momento de alta, em que o Athletico colhe os frutos das duas últimas excelentes temporadas e o Coritiba de volta à elite do futebol brasileiro. De quebra, é a última rodada da primeira fase do paranaense e vale o primeiro lugar da competição. Mas o Atletiba de domingo, novamente, fica em segundo plano, por conta da falta de sensibilidade da Federação Paranaense de Futebol. Depois da bizarrice de marcar um jogo do CAP no “Ruralzão” no dia seguinte a uma partida de Libertadores, a federação agendou a última rodada do estadual para dois dias antes de um jogo do Furacão na Bolívia. Num ano em que o clube anunciou que usaria o time principal em algumas partidas do estadual, a federação desprestigia o próprio campeonato, obrigando o Athletico a usar o time reserva no jogo que deveria ser o mais legal do torneio.

Marcio Mittelbach

E

mbalados pelo milagre do Bahia de Feira de Santana, a torcida paranista foi para o primeiro duelo com o Botafogo pela terceira fase da Copa do Brasil sem saber ao certo o que esperar. Mesmo com todas as limitações técnicas que o elenco tem apresentado, o time está indo bem em momentos decisivos. A torcida alvinegra, por sua vez, comprou mais de 20 mil ingressos de forma antecipada na expectativa de ver a estreia do japonês Honda. Tudo indicava um cenário de muitas dificuldades para o Paraná. O que não aconteceu. Por conta de problemas médicos, Honda não jogou e ofuscou a festa dos cariocas. Embora tenha feito o único gol da partida logo aos 11 minutos, o Botafogo esteve longe de dominar as ações, como era de se esperar diante de um confronto de orçamentos tão opostos. O problema

é que o Paraná Clube, mais uma vez, não foi efetivo no ataque. Embora equilibrasse as forçar na marcação, faltava poder de fogo para finalizar. Mesmo com uma posse de bola inferior, 43% contra 57%, o tricolor teve maior número de finalizações: 13 contra 10. O Paraná também teve maior número de escanteios, 6 contra 5. Nas duas jogadas em que Renan Bressan e Rafael Carioca conseguiram caprichar um pouco mais, brilhou a estrela do goleiro Gatito Fernández. Não chega a ser um bom resultado diante do que foi o jogo. Mas dos males o menor. O Paraná precisa agora de uma vitória simples para levar a decisão para os pênaltis. Vale lembrar que não existe mais o critério de gol fora de casa. É a hora de a torcida paranista fazer a sua festa e empurrar o time para mais uma classificação. Os ingressos já estão disponíveis a preços promocionais – R$ 15.


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