Brasil de Fato- Edição 17

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Alexsandro Teixeira Ribeiro

Cidades | p. 05

Patrimônio público em risco

Portuguesa caminha para um triste fim

“Pacotaço” permite venda de ações de empresas públicas sem necessidade do aval da Alep 22 a 29 de setembro de 2016

Derrota para a Tombense pode ter sido um dos últimos capítulos do clube

Arquivo Portuguesa

PARANÁ

Esportes | p. 08

distribuição gratuita

Ano 01 | Edição 17

Mídia Ninja

Trabalhadores preparam greve geral no país

Centrais sindicais fazem “esquenta” com paralisação nacional nesta quinta-feira (22) e apontam dias de luta de várias categorias Geral | p. 03

Cidades | p. 04

Cultura | p. 07

Eleições municipais

Rio Apa estará sempre aí

Dos nove candidatos à Prefeitura, cinco pertencem a famílias tradicionais da política

Ao invés de um adeus a Rio Apa, deixamos um convite para conhecê-lo em sua vida e obra


2 | Editorial

Brasil de Fato PR

Paraná, 22 a 29 de setembro de 2016

EDITORIAL

Novo passo na luta contra o golpe O

dia nacional de paralisação e mobilização por nenhum direito a menos, no 22 de setembro, é um “esquenta” para a construção de uma greve geral. Sabemos que só a luta dos trabalhadores pode mudar o cenário de golpe parlamentar, no qual o governo de Michel Temer (PMDB) encaminha cortes de direitos. As Frentes Brasil Popular (FBP) e Povo Sem Medo têm se consolidado como espaços importantes para as organizações populares que convocam a paralisação e lutam contra o golpe desde o fim de 2014. O desafio agora é ampliar as mobilizações contra o governo ilegítimo, retomar o debate em associações de moradores, igrejas de base, sindicatos, grêmios estudantis e locais de trabalho para explicar quais direitos estão em jogo neste momento. Um fato importante é que novos grupos se so-

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº17 do Brasil de Fato PR, que circulará sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. JORNALISTA RESPONSÁVEL Ednubia Ghisi (MTB-0008997/PR) EDIÇÃO Camilla Hoshino COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Paula Zarth Padilha, Carolina Goetten, Ricardo Gebrim, Ricardo Prestes Pazello ARTICULISTAS Roger Pereira, Manolo Ramires, Cesar Caldas e Gibran Mendes REVISÃO Maurini Souza FOTOGRAFIA Joka Madruga, Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Pedro Carrano TIRAGEM SEMANAL 10 mil exemplares REDES SOCIAIS facebook.com/ bdfpr ANUNCIE administracaopr@brasildefato. com.br

A luta contra o golpe ganha espaço e o governo Temer não conta com apoio popular

mam às lutas: atrizes, jovens, universitários e personalidades. A luta contra o golpe ganha espaço e Temer não conta com apoio popular. A burguesia hoje controla o Po-

der Legislativo, Judiciário, a mídia de rádios e TVs e, agora, o Executivo. No plano político, seu objetivo passa a ser: a) impedir eventual candidatura de Lula à presidência em 2018;

b) silenciar o avanço dos movimentos contra o golpe; c) alinhar o Brasil com uma política de cortes de direitos trabalhistas e sociais; d) alinhar o país com a política dos Estados Unidos, e não mais com os países do sul. A unidade de todos os movimentos populares e forças da sociedade é urgente para barrar essa perigosa agenda de retrocessos.

OPINIÃO

Não podemos ter propostas somente defensivas Por Ricardo Gebrim, da Frente Brasil Popular e da organização Consulta Popular

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“golpe de novo tipo”, construído para não aparecer como tal, é revelado num embate diário, sobretudo nas redes sociais. Como uma novela de má qualidade, seu roteiro fica cada vez mais previsível. Concluído o episódio do afastamento da presidenta Dilma, era esperado o momento de inviabilizar uma possível candidatura de Lula. Como em qualquer golpe político, a regra é limitar as liberdades democráticas, espionar, forjar provas e reprimir. Sendo assim, é emblemático que o Ministério da Justiça convoque um seminário para discutir uma forma de “reinterpre-

tar o artigo 5º da Constituição sobre a liberdade de manifestação e reunião política”. O que está em questão é a dificuldade de os golpistas aplicarem suas medidas impopulares convivendo com liberdades democráticas. É necessário para eles estreitar ainda mais as margens democráticas de nosso limitado sistema político. Frente a isso, precisamos apostar na construção de uma greve geral, fortalecer a Frente Brasil Popular, a unidade da esquerda e manter um clima de contínuas mobilizações. “Diretas Já” e Constituinte Associar a palavra de ordem “Diretas Já” ao consagrado “Fora, Temer” é um passo importante, mas insuficiente. É certo que cumpre um pa-

pel de desmoralizar o golpe e se antecipa ante uma possível eleição indireta – que pode ocorrer com uma eventual saída de Temer. Mas isso nos mantém numa lógica meramente defensiva. Insisto. Não podemos enfrentar a iniciativa dos golpistas apenas com bandeiras políticas defensivas. Eles contam com a maioria parlamentar para destruir as conquistas sociais asseguradas pela Constituição de 1988. Somente a bandeira de uma Constituinte pode oferecer uma saída política que retome a soberania popular no enfrentamento ao golpe. Esta é a chance que temos diante da atual encruzilhada histórica. Devemos construir a resposta política que permita mudanças de fundo em nossa sociedade.


Brasil de Fato PR

3 | Geral

Paraná, 22 a 29 de setembro de 2016

FRASE DA SEMANA

mandou

bem

“Queria que aborto fosse algo sempre permitido, sempre seguro e raramente necessário”,

Beto Barata

mandou

mal

Reinaldo Ferrigno/Agência Câmara

O candidato à Prefeitura de Curitiba, Rafael Grega (PMN) mandou mal durante sabatina na Gazeta do Povo, na segunda-feira (19), quando respondeu o que achava da candidata do PSOL, Xênia Mello. “Tem belos lábios”, disse Greca. Ele recebeu críticas nas redes sociais pelo comentário machista.

Divulgação

Trabalhadores prepararam greve geral no país Da Redação, de Curitiba (PR) Para iniciar a construção de uma greve geral, as principais centrais sindicais do país promovem, no dia 22 de setembro, uma paralisação nacional. Sob o lema de “Nenhum Direito a Menos”, a mobilização é um ato de unidade entre as centrais e movimentos populares, com atividades durante todo o dia em diversas cidades do Brasil. Entre as principais bandeiras está a denúncia das medidas anunciadas por Michel Temer em relação à reforma trabalhista e previdenciária. Além disso, a Frente Brasil Popular, que chama a paralisação ao lado da Frente Povo Sem Medo, critica as propostas de congelamento no investimento público e o pacote de privatizações. Em Curitiba, acontecem ações pela manhã em portas de fábricas, na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em rodovias, escolas e nas ruas. A maior atividade ocorre na Praça Santos Andrade, às 18h, convocada também pe-

la organização CWB Contra Temer. O encerramento é na Boca Maldita com apresentações culturais e uma aula pública para explicar os projetos no Congresso que atacam os direitos trabalhistas. Essa data também inicia um calendário de lutas que continua no dia 29 de setembro, com paralisação nacional dos metalúrgicos. Já no dia 5 de outubro é a vez dos servidores públicos se mobilizarem contra a PEC 241, que congela gastos no serviço público – medida que impacta toda a população. Tony Winston/Agência Brasil

Em protesto contra Michel Temer (PMDB), representantes de países da América Latina abandonaram o plenário da 71ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque (EUA), na terça-feira (20). Os países que mandaram bem ao não reconhecer o governo golpista foram Equador, Costa Rica, Bolívia, Venezuela, Cuba e Nicarágua.

Disse Jefferson Drezett, ginecologista e chefe do Serviço de Violência Sexual e Aborto Legal do Hospital Pérola Byington, maior referência dessa área no Brasil

Centrais sindicais fazem “esquenta” com atos e dias de luta de várias categorias Setores em greve No dia 22 de setembro os bancários entram no 17º dia de greve nacional. Em todo país, são 13.071 agências fechadas e 48 centros administrativos. Estão em greve também, os financiários, desde o dia 12, e os petroleiros da Usina do Xisto (São Mateus do Sul), desde o dia 1º de setembro. Sobre as greves Desde os anos 2000, o número de greves passou a crescer. De 2013 para cá, o movimento sindical manteve o número de greves no país, em cerca de 2 mil por ano. No contexto de demissões, aumenta, de acordo com o Dieese, o número de greves por manutenções de emprego. Aumenta também no serviço público, afetado pelas políticas de ajuste de anos recentes.

SINDICAL | Por Paula Zarth Padilha

Desinteresse Os candidatos à Prefeitura de Curitiba participaram, no último sábado (17), de sabatina promovida pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sismuc). As perguntas tiveram enfoque em temas de interesse dos trabalhadores vinculados à Prefeitura, como orçamento, concursos e terceirizações, saúde e valorização profissional. Os candidatos Gustavo Fruet e Rafael Greca demonstraram seu desinteresse pela categoria e não compareceram.

Educadores A APP Sindicato realizou também no sábado (17), em Curitiba, uma assembleia estadual permanente da categoria, formada por professores e funcionários das escolas estaduais do Paraná. O caráter permanente da assembleia permite convocação em 24 horas em caso de ameaça de retirada de direitos. Foi deliberado que nesta quinta (22), a adesão à greve geral no país é parcial, em forma de aulas de 30 minutos.

Seminário Curitiba irá sediar, em outubro, o 4º Seminário Unificado de Imprensa Sindical, direcionado a jornalistas, comunicadores e dirigentes sindicais. O evento é organizado pelo Fórum de Comunicação da Classe Trabalhadora e debate os rumos da comunicação sindical no cenário econômico de crise. As inscrições podem ser feitas até 30 de setembro via fanpage do facebook da entidade.


4 | Cidades

Brasil de Fato PR

Paraná, 22 a 29 de setembro de 2016

Dos nove candidatos para prefeito, cinco pertencem a famílias tradicionais da política Da Redação, de Curitiba (PR)

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APOIADORES

e acordo com uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos Paranaenses da UFPR, cinco dos nove candidatos para prefeito de Curitiba pertencem a famílias tradicionais da política: Gustavo Fruet (PDT), Rafael Greca (PMN), Ney Leprevost (PSD), Maria Victória (PP) e Requião Filho (PMDB). “Os partidos não são mais do que braços dessas famílias. E é exatamente estes cinco candidatos que possuem as maiores coligações na disputa”, diz a pesquisa de Fernando Marcelino. Assim, as velhas oligarquias que dominam o Paraná, segundo ele, passam a ter mais chances de gerir o Estado com suas novas gerações. Além deles, também concorrem o ex-bancário, deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná, Tadeu Veneri (PT); a advogada, membro do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher em Curitiba e militante feminista, Xênia Mello (PSOL); o empresário Ademar Pereira (Pros) e Afonso Rangel (PRP), pró-reitor da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Exceto a candidata Xênia Melo, que faz aliança com o PCB, os três outros candidatos não apresentam coligações. Apesar de não estar entre as famílias tradicionais, Ademar Pereira é o candidato com maior quanti-

dade de bens declarados na Justiça Eleitoral, com R$ 4, 1 milhões. Afonso Rangel declarou um patrimônio de R$1,2 milhão. Tadeu Veneri é o

PODER EXECUTIVO O prefeito exerce a função do Poder Executivo municipal. Um de seus papeis é decidir onde aplicar os recursos vindos de impostos municipais, como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e o ISS (Imposto sobre Serviços), assim como os repasses feitos pelos governos estadual e federal, com quem ele deve negociar. Saúde, educação, transporte, habitação e saneamento básico estão entre os serviços sobre os quais o prefeito deve elaborar políticas públicas.

segundo candidato com menor patrimônio: R$ 342,2 mil. Xênia Mello declarou não possuir bens em seu nome.

LEI ORÇAMENTÁRIA O prefeito trabalha junto com os vereadores, analisando as leis feitas na Câmara Municipal, podendo sancioná-las ou vetá-las. Entre as principais ações no mandato, é necessário que ele proponha e cumpra a Lei Orçamentária Anual (LOA), que prevê fontes de receitas e autorização das despesas para o ano. A LOA pode ser alterada pelos vereadores, responsáveis também por julgar as prestações de conta da Prefeitura com auxílio do Tribunal de Contas.

BNDES volta a financiar privatizações Da redação, de Curitiba (PR) Até o primeiro semestre de 2018, o governo de Michel Temer (PMDB) prevê a realização de leilões para concessão às empresas privadas nos setores de transportes, energia e saneamento. Entre as propostas, a concessão de quatro aeroportos, além de rodovias, ferrovias, terminais portuários e a licitação de áreas para exploração de petróleo e gás. A maioria dos leilões está programada para ocorrer em 2017, de acordo com informações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O BNDES também aprovou medida temporária que reduz de 60% para 50% o índice mínimo de nacionalização em valor exigido para o credenciamento de máquinas e equipamentos, sistemas industriais e componentes nas operações de crédito do Banco, denominado Credenciamento de Fornecedores Informatizado (CFI). Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Celg Distribuição S.A. prevê venda de 99,93% de suas ações


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Paraná, 22 a 29 de setembro de 2016

5 | Cidades

Omissão da Alep coloca patrimônio público em risco Alep aprovou PL que dispensa aval dos deputados para vender ações de empresas públicas Alexsandro Teixeira Ribeiro

Por Ednubia Ghisi, de Curitiba (PR)

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maioria dos deputados estaduais entregou um ‘cheque em branco’ ao governador Beto Richa (PSDB), por meio da aprovação do Projeto de Lei 435/2016. O PL permite que o governo venda ações da Copel e da Sanepar, além de imóveis das empresas públicas e sociedades de economia mista, sem precisar de autorização da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). A proposta é uma das cinco medidas aceitas pela ALEP no dia 19 de setembro, como parte do ‘pacotaço’ de ajustes administrativos e fiscais do governo estadual. “Os deputados lavaram as mãos. Abriram mão da sua responsabilidade e estão deixando que o governador e o secretário da Fazenda tomem todas as decisões da gerência do patrimônio público”, lamenta Leandro Grassmann, integrante da diretoria do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge), uma das entidades que se manifestaram contra as medidas. A OAB Paraná posicionou-se contrária e pretende adotar medidas judiciais para impedir a efetivação dos PLs do governo. Em nota, a entidade caracterizou os textos dos projetos como inconstitucionais e com efeito de “evidente prejuízo ao patrimônio público e à sociedade”. O Fórum das Entidades Sindicais

“Os deputados lavaram as mãos. Abriram mão da sua responsabilidade”, Leandro Grassmann, diretor do Senge

Com a aprovação do “pacotaço”, a intenção do Governo Beto Richa é arrecadação em R$100 milhões anuais com novas taxas e até R$ 2 bilhões com a venda de ações das estatais

dos Servidores Públicos Estaduais do Estado do Paraná, que realizou atos durante as sessões da ALEP que trataram dos temas, promete seguir mobilizado. Plenárias estão programadas para ocorrer na capital e em municípios do interior. A articulação é composta por sindicatos de trabalhadores do setor público e privado, além de movimentos como o dos Atingidos por Barragens (MAB) e dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Empresa pública, lucro privado A venda das ações se restringe às ordinárias (que dão direito a voto), portanto, o Estado deve manter o controle das estatais – que para a Sanepar é de 60%, e para a Copel, 50%. Com este critério, o governo está liberado pelo Legislativo para vender 14% das ações da Sanepar e 8,5% da Copel. O engenheiro Leandro Grassmann garante que a venda de parte das Companhias trará prejuízos à população em decorrência da redução dos lucros arrecadados pelo Estado. Em 2015, a Copel chegou ao lucro líquido de R$ 1,26 bilhão e ficou entre as 25 empresas brasileiras com melhores resultados do ano. Já a Sanepar lucrou R$ 438 milhões, 4% maior do

que em 2014. “Isso é se desfazer do patrimônio público, vai deixar de entrar recurso para os cofres públicos. Óbvio que isso tem interesses de curto prazo, mas essa bomba não vai estourar agora”, alerta Grassmann. Na avaliação do deputado estadual Tadeu Veneri (PT), integrante da bancada de oposição na ALEP, a Copel e a Sanepar são uma “cenoura para que o coelho corra atrás”, uma vez que não há transparência sobre quantos são e qual o valor dos imóveis das demais empresas. Entre elas está a Compa-

nhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar), a Estrada de Ferro do Paraná (Ferroeste), a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) e Centrais de Abastecimento do Paraná S/A (Ceasa). “Ninguém sabe o que de fato estaria sendo autorizado a ser vendido. Quantas centenas de milhões vale este patrimônio? Eu duvido que algum deputado saiba o que está colocando, com o seu voto, para ser vendido”, desafiou Veneri, durante uma das sessões em que o PL foi debatido na ALEP.

REDUÇÃO DO ESTADO Para Nadia Brixner, funcionária de escola e diretora da APP Sindicato, a gestão de Richa é marcada por políticas de Estado mínimo, que sucateia os serviços públicos. “Depois de fazer isso, vai querer justificar que a gestão privada é melhor que a pública”, para avançar com as privatizações, terceirizações e precarizações dos setores de educação, saúde e segurança, aponta. Este é o quarto ‘pacota-

ço’ enviado pelo governo estadual à ALEP desde o início da gestão tucana. A partir do novo ‘pacotaço’, a intenção do governo é aumentar a arrecadação em R$ 100 milhões anuais com novas taxas, e até R$ 2 bilhões com a venda das ações das estatais. Na avaliação de Nadia Brixner, trata-se de uma tentativa de “fazer caixa” para cobrir a má administração tucana.


6 | Paraná

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Paraná, 22 a 29 de setembro de 2016

Moro aceita denúncia mesmo sendo uma farsa, diz Lula Confederação de trabalhadores lança campanha “Estamos com Lula” em Nova York Da Redação, Via Rede Brasil Atual

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ex-presidente Lula afirmou que Sérgio Moro aceitou na terça-feira (20) a denúncia apresentada no dia 14 de setembro pelos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato contra ele mesmo se tratando de uma farsa. “Não quero nenhum privilégio. Mas não quero mentira. Não quero falsidade. Não posso aceitar que algumas pessoas façam o que estão fazendo”, disse Lula, que afirmou acreditar na Justiça e que continuará lutando. A declaração foi feita durante teleconferência promovida pela Confederação Sindical Internacional (CSI), que representa 162 mi-

“Não quero nenhum privilégio. Mas não quero mentira. Não quero falsidade” Ex-presidente Lula lhões de trabalhadores sindicalizados em 180 países. Na reunião, em Nova York, que ocorre paralelamente à Assembleia Geral das Nações Unidas, foi lançada a campanha internacional “Stand with Lula” (“Estamos com Lula”). Segundo a secretária-geral da CSI, Sharan Burrow, o objetivo é defender o ex-presidente brasileiro de abusos

judiciais e denunciar os “poderosos interesses” que tentam impedir sua livre atuação política. “Ilusionismo” A denúncia feita pelos procuradores da Lava Jato foi condenada por juristas, parlamentares, analistas políticos e classificado de “farsa” por defensores do ex-presidente devido à ausência de “provas cabais”, no dizer dos procuradores – apenas de convicções. Foi alvo de piadas, comentários críticos da imprensa internacional e até mesmo de opositores históricos de Lula. A denúncia o acusa de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, no litoral sul de São Paulo. A decisão de Moro torna o ex-presidente réu peRicardo Stuckert/Instituto Lula

APOIADORES

la segunda vez na operação e agora ele será julgado pelo próprio juiz de Curitiba. Caso seja condenado, ele ficará inelegível nas próximas elei-

ções presidenciais. É esse o principal objetivo da peça de “ilusionismo”, conforme vem manifestando a defesa de Lula e seus aliados.


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Paraná, 22 a 29 de setembro de 2016

7 | 7Cultura | Cultura

DISTRAÍDOS CANTAREMOS | Por Ricardo Prestes Pazello

Rio Apa estará sempre aí dores, um movimento com mais de três mil associados. No litoral, todavia, foi o teatro o seu maior trabalho coletivo. Entusiasta do teatro popular, em Antonina – mas também no litoral catarinense –, montou uma série de peças

em que os atores eram os próprios caiçaras, especialmente mobilizados para encenar a Paixão de Cristo. Seus livros se contam às dezenas e sua trajetória espanta. Meio poeta, meio filósofo; meio dramaturgo, meio romancista; meio ilhéu, meio Aexandre Mazzo

Em tempos de pragmatismo e imediatismo, como os que vivemos, parece impensável que alguém possa abrir mão de tudo para viver um grande sonho. Ainda mais se for de boa família e com promissor futuro profissional. Pois é, este foi o caso de Wilson Rio Apa que, após receber seu diploma de direito na UFPR em 1949, resolveu se tornar trabalhador de convés e girar o mundo como marinheiro. Hoje, olhamos para a história de Rio Apa e nos surpreendemos com ela. No último dia 7 de setembro, aos 91 anos de idade, ele se foi, mas sua partida não deixou para trás um vazio. Ao contrário. Escritor de mão cheia, talvez seja dele o grande épico produzido no Paraná, a tetralogia “Os vivos e os mortos”. Nela, Rio Apa condensa os mitos do povo do mar que tão bem conheceu, não só como marinheiro, mas também como ilhéu e pescador que fora – a ponto de liderar uma experiência de cooperativa de pesca-

marinheiro, Rio Apa deixa um forte legado para a cultura popular paranaense. A síntese necessária entre o corpo e a mente, o trabalho corporal e o intelectual, a aposta comunitária e a utópica dão um sopro libertário à vida desta grande personagem, infelizmente desconhecida da maioria. Ao invés de um adeus a Rio Apa, deixamos um convite para conhecê-lo em sua vida e obra. A sua morte não indica uma despedida, mas a possibilidade do reencontro. Basta olharmos para trás e perceberemos que Rio Apa estará sempre aí.

Para ficar por dentro Livro Os vivos e os mortos (1989, 4 volumes) Livro W. Rio Apa: vida e obra (2011) Livro Ensaio da paixão (1896), de Cristóvão Tezza Registro da Viagem Rio de JaneiroAntonina, da família Rio Apa

RESENHA | Por Pedro Carrano

AGENDA 0800

Exposição Vidas Refugiadas

Curtas ‘Cidade ao Redor’

O quê: A exposição fotográfica busca apresentar as mulheres que estão na condição de refugiadas. O projeto foi criada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados (ACNUR) e Organização Internacional do Trabalho (OIT) Quando: até 23 de Divulgação outubro, de terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábados, das 10h às 18h; domingos e feriados, das 11h às 17h Onde: Espaço das Artes do Sesc Paço da Liberdade, Praça Generoso Marques, 189, Centro Quanto: 0800

O quê: Seis curtas, de 45 minutos cada, fazem parte da série ‘Cidade ao Redor: Retratos da Luta por Moradia em Curitiba’. Os filmes dão um panorama de comunidades e populações da periferia de Curitiba. As vilas retratadas são Ribeirão dos Padilhas no bairro Xaxim, Vila São Domingos no Cajuru, Vila Canaã no Novo Mundo, Vila Joanita no bairro Tarumã, Vila Sabará e Ocupações Nova Primavera, 29 de Março e Tiradentes, localizadas na CIC. Quando: 24 de setembro, sábado, das 16h às 20h, intercalando Divulgação café, exibição dos filmes e debate com presença de moradores das vilas Onde: APP Sindicato, Avenida Iguaçu, 880, Rebouças Quanto: 0800

A distância para o Brasil que queremos O livro “Brasil Que Queremos”, organizado pelo sociólogo e escritor Emir Sader, pauta a discussão de um projeto de país, de tecnologia, de indústria e de uma economia voltada para as necessidades do

povo. Já no início do livro, uma percepção possível: o governo golpista de Michel Temer (PMDB) coloca em risco todo um ciclo de direitos conquistados desde a década de 1980 e até antes desse período. Para o autor, Carolina Goetten os treze anos de governo do PT representaram um avanço, mas ainda distante de significar uma ascensão do povo a mais poder.


8 | Esportes

Brasil de Fato PR

Paraná, 22 a 29 de setembro de 2016

Vice-campeã brasileira em 1996, Portuguesa caminha para o fim A derrota para a Tombense por 2X0 pode ter sido um dos últimos capítulos do clube

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Portuguesa de Desportos caiu para a Série D no último fi nal de semana. A derrota para a Tombense por 2x0 no domingo (18) pode ter sido um dos últimos capítulos do clube, que agoniza em dívidas e outras dificuldades extracampo para sobreviver. A tradicional equipe da colônia lusitana em São Paulo acumula, em dívidas, cerca de R$ 230 milhões. Somente R$ 70 milhões são passivos trabalhistas. As receitas, por sua vez, não param de cair. O clube conta com cerca de 3,5 mil sócios que não pagam em dia. No caso da televisão, as verbas caíram de R$ 20 milhões para R$ 5,6 milhões. Os patrocinadores também reduziram seus investimentos de R$3,7 para R$ 1,4 milhão. Os dados são do jornalista Cosme Rímoli.

Como se não bastasse, o estádio poderá ser leiloado para o pagamento de credores a qualquer momento. Para piorar a situação, a Portuguesa só tem direito a 45%, uma vez que o restante pertence à Prefeitura de São Paulo. A situação é caótica? Mas onde começou o fi m?

Arquivo Portuguesa

Por Gibran Mendes, de Curitiba (PR)

Rebaixamento Em 2013 o clube, que foi vice-campeão brasileiro em 1996, foi rebaixado para a Série B do campeonato brasileiro. O motivo foi a escalação irregular do jogador Héverton que entrou no segundo tempo da última partida do campeonato. O caso gerou suspeita. Órgãos públicos, como o Ministério Público, foram investigar. Chegou-se a cogitar a venda da vaga. Setores da imprensa falaram em milhões pa-

gos pela vaga na Série A. Agora, três anos depois do polêmico caso Héverton, nada foi provado. A Portuguesa disputará a última divisão do futebol brasileiro em 2017. O clube que formou jogadores como Djalma Santos, Dener e Zé Roberto, está caminhando para um triste fi m.

A tradicional equipe da colônia lusitana em São Paulo acumula, em dívidas, perto de R$230 milhões

CORITIBA | Por Cesar Caldas

ATLÉTICO | Por Roger Pereira

PARANÁ | Por Manolo Ramires

Lente bifocal

Fator Arena

Ano Paranista

O avanço da pesquisa e da tecnologia ótica permitiu a invenção da lente com dois campos de visão distintos, proporcionando o uso de um único artefato ocular para duas perspectivas - a próxima e a distante. É precisamente esse instrumento que o técnico coritibano, Paulo César Carpegiani, utilizará para os próximos jogos do time: o campo visual próximo é o Campeonato Brasileiro; o de longa distância é a Copa Sul-Americana. Na competição nacional, o objetivo é estabilizar a equipe no bloco intermediário, afastando-a do risco de rebaixamento. Na internacional, no confronto decisivo com o Belgrano, em Córdoba (Argentina), na próxima quarta-feira (28) é a busca de uma vaga nas quartas de final. O desfalque de Neto Berola (com fratura no tornozelo) até o fim do ano há de ser compensado com o retorno ao time de outros contundidos, como Kléber Gladiador, Juan e César Gonzáles.

O melhor time do campeonato jogando em casa, um dos piores fora. Fundamental para as campanhas do Atlético, a Arena da Baixada ganhou ainda mais importância neste Brasileirão. E a grama sintética pode ser o fator determinante. Nas 13 partidas no Caldeirão, o Atlética ganhou 10. Marcou 32 pontos de 39 possíveis, e só perdeu uma, para o líder Palmeiras. Fora de casa, no entanto, o rubro-negro faz campanha de rebaixado. Apenas duas vitórias e 10 derrotas. É a 17ª campanha como visitante, igual ao Santa Cruz e à frente apenas do Figueirense e América-MG. Já são cinco derrotas consecutivas como visitante. Ao comentar o fator grama sintética, o presidente Mário Celso Petráglia minimizou a diferença de superfície e disse que os adversários estão sendo incompetentes ao jogar no gramado artificial. E a nossa competência para jogar nos outros 19 gramados naturais do campeonato, a quantas anda?

Dizem por aqui que o ano só começa após o carnaval. Na política, ele quase nunca tem doze meses. 2016, que deve acabar após as eleições, também foi assim. No meio disso, o recesso parlamentar. Já no futebol, o ano paranista também não tem quatro estações. Apesar do bom começo, a afirmação da diretoria é de que o objetivo principal seria o acesso. Ou seja, em 13 de maio. Uma estreia com derrota para o Brasil de Pelotas. A esperança se mantinha com a promessa de reforços e elenco competitivo que nunca veio. Já o meio do ano do tricolor terminou em 2 de agosto com derrota para o Tupy. Em setembro, parece que o ano acaba para o Paraná Clube. As recentes derrotas trazem o desânimo à curva norte. Desalento que nem promoção de ingresso consegue reverter. Estando na segunda parte da classificação, o Paraná já pode entrar em outubro planejando 2018: um ano de 15 meses.


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