Edição 22 do Brasil de Fato MG

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Juventude ativa

Belo Horizonte intensifica a produção das famosas marchinhas e ironiza ações do governo e políticos da cidade. “Baile do Pó Royal” é o destaque de 2014

Apesar da eliminação na Copa São Paulo, time de juniores do Galo faz bonito e é promessa na Copa Libertadores

Edição

Carnaval politizado

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Belo Horizonte, de 24 a 30 de janeiro de 2014 | ano 1 | edição 22 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg

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Mais um patrimônio público será entregue para empresários

Depois da MG-050, do Mineirão, das UAI e da Penitenciária de Neves, o governo de Minas entregará, via Parceria PúblicoPrivada (PPP), o Parque da Gameleira. A rodovia viu os acidentes aumentarem quase 40%, teve fuga no presídio - que é questionado pelo MP - e o Minas Arena tem lucro mensal com o estádio de R$ 3,7 milhões, garantidos pelo Estado

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Aécio Neves entrou com processo contra o Facebook solicitando exclusão de conteúdo. Há indicativos de que ele também processe o Google, mas ação corre em segredo

Movimento Sem Terra comemora 25 anos em Minas Gerais e promete intensificar ocupações de fazendas para fazer avançar reforma agrária


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Belo Horizonte, de 24 a 30 de janeiro de 2014

editorial | Brasil

editorial | Minas Gerais

Janeiro quente em Minas O mês de janeiro é tradicionalmente pouco movimentado na política. Mas não está sendo bem assim em 2014. Ano eleitoral e ações na Justiça esquentam a disputa. Contratos sem licitação levaram a Justiça mineira a aceitar o pedido do Ministério Público Estadual de quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico do senador Zezé Perrella (PDT), e de seu filho, deputado estadual Gustavo Perrella (SDD), além de outros diretores da empresa Limeira Agropecuária e Representações Ltda. (sim, a mesma do helicóptero dos 445 kg de cocaína), e de ex-diretores da Epamig. E ainda tiveram R$ 14,5 milhões em bens da família bloqueados. No período investigado, os Perrella estavam impedidos por lei de terem contratos com o poder público, já que eram parlamentares.

Faltam pouco mais de 150 dias para prescrever o mensalão tucano. Considerando que o chamado mensalão petista, denunciado sete anos depois, já está com os condenados presos, tem ou não tem lado a Justiça?

no. Considerando que o chamado mensalão petista, denunciado sete anos depois, já está com os condenados presos, tem ou não tem lado a Justiça? Também esta semana, a Justiça mineira, numa atitude controversa, mandou prender o jornalista Marco Aurélio Carone. Ele é proprietário do Novo Jornal, site que não cansa de denunciar políticos e gestores públicos, sem poupar Aécio Neves e aliados. O promotor que pediu a prisão se diz ameaçado pelo acusado, logo, como parte interessada, deveria ser impedido de se meter no processo. A acusação é de que o jornalista seria uma ameaça pelo que escreve. Se é isso, é preciso perguntar onde está a liberdade de imprensa, já que o processo não cita quais ameaças e a quais autoridades. E, claro, antes da prisão, deveriam ter pedido retratação ou simplesmente determinado a publicação de direito de resposta no veículo. Dado que Carone foi divulgador da Lista de Furnas, que associa políticos do PSDB ao desvio de verbas públicas, fica a interrogação: será que a justiça em Minas foi imparcial com essa prisão?

Um rolezinho das periferias Em suas sempre profundas e lúcidas análises sobre a sociedade brasileira, Florestan Fernandes dizia que a burguesia primava pelo seu caráter antinacional, antissocial e antidemocrático. O fenômeno dos rolezinhos ainda é um enigma a ser decifrado, mas teve o mérito de expor ao país o acerto e atualidade da assertiva de Florestan. A primeira engrenagem que a burguesia põe em movimento dessa estrutura antissocial é o aparato repressivo. A ação indiscriminada da Policia Militar para reprimir os rolezinhos atestam a máxima “questão social é caso de polícia”. Diante da repercussão que obteve a brutalidade policial, se buscou no Poder Judiciário uma justificativa legal para atender aos interesses da irracional política de segregação social. Assim, os shoppings obtiveram liminares para proibir e fazer uma “triagem” de quem pode ou não entrar no estabelecimento. Os critérios usados para a “triagem” restringiam-se às indumentárias e aos traços físicos das pessoas. Não é difícil identificar jovens da peri-

Pedro Nathan

Era um negócio da China: a Epamig fornecia as sementes, técnicos acompanhavam o plantio e o Estado comprava toda a produção. Quem não quer um contrato desse? Quem sabe, com os sigilos bancários e telefônicos quebrados, não se descobre um pouco mais também sobre o caso do helicóptero? De outro lado, a Justiça Mineira deixou que o ex-vice governador de Eduardo Azeredo, Walfrido dos Mares Guia, ficasse livre de qualquer punição pelas acusações de peculato e formação de quadrilha. Como completou 70 anos, não será julgado. Se a sociedade não pressionar, logo todos os acusados ficarão livres de julgamento, já que faltam pouco mais de 150 dias para prescrever o mensalão tuca-

feria, pretos, mestiços e pobres. Imaginaram que respaldo judiciário e a costumeira força repressiva era condição suficiente para barrar os jovens pobres... A triagem motivou estudantes, movimentos negros e de direitos humanos a organizar um protesto em frente de um dos shoppings mais luxuosos de SP, o Iguatemi JK, do Grupo Jereissati. Foi o suficiente para o shopping tomar a decisão de fechar as portas em pleno sábado, ao meio-dia. Nesse processo, não faltou a participação da mídia. Sobraram reportagens para tentar promover uma histeria coletiva e pedir uma ação enérgica dos governos. São análises que partem sempre da premissa de que as concentrações de jovens das periferias representam perigo e destinam-se sempre a provocar badernas.

Quando esses jovens iam apenas aos shoppings olhar as vitrines e lotar as praças de alimentação, eram tolerados. Quando encontraram uma forma de serem ouvidos, causaram medo e insegurança Quando esses mesmos jovens iam apenas aos shoppings olhar as vitrines e lotar as praças de alimentação, eram tolerados. Quando os grupos encontraram uma forma de serem vistos e ouvidos, causaram medo e insegurança, sentimento que se transformou na ação de expulsá-los e não permitir sua entrada. É animador perceber, desde já, que os que detêm o poder de fazer triagem nas portas de shoppings, os que gastam fortunas com a segurança patrimonial, obtêm facilmente liminares na Justiça e contam com o irrestrito apoio de uma mídia oligopolizada – e decadente – tomaram um verdadeiro rolezinho dos jovens das periferias.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado. conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: redacaomg@brasildefato.com.br/ (31) 3309-3314


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Restaurante Popular do Centro recebe chefs de cozinha

Pergunta da semana

PRATO DO DIA Chefes dão dicas para os cardápios de quarta-feira Mídia Ninja

Rafaella Dotta De Belo Horizonte

Já imaginou comer um prato elegante por apenas R$2? Essa foi a ideia do Verão Arte Contemporânea (VAC), que convidou três chefes de cozinha a irem ao Restaurante Popular I. Foram preparadas refeições para 6.200 pessoas, contando com temperos indicados pelas chefs. O evento aconteceu na última quarta-feira (22) e terá mais uma edição no dia 19 de janeiro. Em parceria com o grupo Viva Mesa, que é composto por chefes que se encontram semanalmente, o evento tinha o objetivo de fazer uma troca de conhecimentos entre chefs de restaurantes renomados e os chefs e cozinheiros do Restaurante Popular I, de Belo Horizonte. Para o primeiro encontro deste ano, foram convidadas as chefs Samira Lyrio (Flores Restaurante), Juliana Scucato (Sorveteria Easy Ice) e Juliana Myrrha (Restaurante 2013). “O maior ganho é trabalhar com os cozinheiros do Popular”, concordaram as chefs. Para elas, a disciplina e a organização do Popular poderiam humilhar qualquer restaurante. “Eu já disse o ano passado e vou dizer de novo: a melhor coisa é trabalhar com os funcionários daqui, são pessoas ótimas”, completa Samira Lyrio. Prato A refeição do dia, feita com indicações das chefs, teve arroz, feijão, cenoura com cebolinha, frango com beterraba e salada de abó-

No ano de 2013, 60 presos foram assassinados dentro de penitenciárias no estado do Maranhão. Os noticiários abordaram o problema e várias denúncias de maus tratos surgiram contra os presídios brasileiros, provando que os direitos humanos estão sendo violados. O Brasil de Fato MG pergunta:

Qual é o papel do governo diante dos assassinatos dentro da cadeia?

Para Devair, a comida estava tão boa como nos outros dias

bora com vinagrete. A chef Samira Lyrio afirmou que, apesar da tentativa, elas não conseguiram modificar ingredientes do cardápio. “Às vezes a gente quer colocar pra hoje uma comida que vai ter amanhã, mas não pode”, conta. Como o Restaurante Popular serve refeições para um número grande de pessoas, muitas delas com problemas de saúde, a quantidade de temperos e a escolha dos pratos são determinadas por um nutricionista profissional. Assim, as mudanças feitas pelas chefs tiveram que ser limitadas. Resultado do dia Apesar do esforço, o resultado foi

Corrida dos Carteiros acontece em BH Da Redação Os Correios irão realizar, neste mês, o Circuito Nacional de Corridas do Carteiro, que irá acontecer em 24 estados brasileiros. Em Belo Horizonte, a Corrida será no próximo sábado (25), na mesma data que se comemora o dia do carteiro. Cerca de 1.500 atletas já estão inscritos. Organizado há 16 anos pelos Correios de Minas Gerais, a Corrida do Carteiro tem o objetivo de estimular a integração entre os funcionários da empresa, além de incentivá-los a praticar esportes.

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A corrida terá início na Praça Geralda Pimentel, na Pampulha, às 16h, seguindo pela Avenida Otacílio Negrão. Os competidores passarão pela Rua Mondovi e retornarão à Praça Geralda Pimentel, em um percurso total de 10km. Os primeiros cinco colocados nas categorias - masculino, feminino e pessoas com deficiência - receberão prêmios. O evento, que está inserido no calendário oficial de Corridas de Rua de Belo Horizonte, terá participação aberta e gratuita.

menor que o esperado. Os clientes do Restaurante Popular gostaram da comida, mas não identificaram muita diferença. Devair Felisberto, que geralmente almoça ali, disse que a comida estava tão boa quanto os outros dias, mas não viu nada muito diferente. A chef Samira Lyrio já previa o resultado. Como não puderam alterar ingredientes, dificilmente iam conseguir fazer um prato especial. E, para tentar resolver o problema, ela já lançou uma nova ideia: “vamos cercar ali a Praça da Estação, colocar várias barraquinhas e vender a 2 reais, com apoio da prefeitura. Não pode ser?”

O governo tem que ter total preocupação sobre isso, porque foi muito grave e é responsabilidade dele fazer política pra isso não acontecer. Maria Eduarda, assistente de banco

NÚMERO DA SEMANA

De acordo com relatório anual divulgado pela ONG mexicana Conselho Cidadão Para a Segurança Pública e Justiça Penal, 16 das 50 cidades mais violentas do mundo são brasileiras. No ranking de 2014,

Belo Horizonte ocupa a 44ª

posiçãoentre as cidades mais violentas do mundo

Como a vida não tem volta, pelo menos tem que indenizar a família. E jamais essas coisas podem ficar esquecidas no Brasil. João Batista, pedreiro


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Os jovens querem seus direitos ROLEZINHOS Jovens marcam encontros em shoppings e desagradam a classe média Rafaella Dotta De Belo Horizonte Nas últimas semanas de dezembro e nas primeiras de 2014, o país sentiu, mais uma vez, a agitação da juventude. Milhares de adolescentes organizaram e participaram dos “rolezinhos” em shoppings centers. Esses eventos dividiram opiniões na sociedade, mostrando o racismo da classe média e a ousadia dos jovens. Uirá Hans Emmermacher é um jovem brasileiro que atualmente mora em Berlim (Alemanha), com sua esposa e filhos. Foi ele quem criou o evento virtual “Rolezinho no Minas Shopping”, marcado para o último sábado (18) em Belo Horizonte. O encontro tinha 330 pessoas confirmadas e, segundo Uirá, “o shopping dobrou a segurança, a polícia se mobilizou e os jovens presentes foram todos barrados”. Uirá disse que percebeu uma chance de mostrar o preconceito e a falta de atenção com a população de Belo Horizonte. “Sou neto de uma negra e sempre estive bastante mobilizado com as questões de interesse comum da população de BH. Nunca estive satisfeito com os rumos das políticas no estado e na cidade”, afirmou. Assim como ele, Pedro Valentim, o Pdr, que é um dos organizadores do Duelo de MCs, concorda que o “rolê” desmascarou o governo e deu destaque para a juventude da periferia. Porém, lem-

fatos em foco Dez anos da chacina de Unaí Na próxima terça-feira (28) o Sindicato Nacional dos AuditoresFiscais do Trabalho realiza ato público em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), para lembrar os dez anos da Chacina de Unaí. O protesto irá pedir o julgamento e condenação de todos os envolvidos no crime. Dos nove indiciados, apenas três foram julgados e condenados até agora. No dia 28, se comemora o dia do Auditor Fiscal do Trabalho, em homenagem a Ailton Pereira de Oliveira, Eratóstenes, João Batista e Nelson José da Silva, trabalhadores assassinados.

Comissão da Verdade travada na Câmara

brou que é importante ter cuidado com as interpretações. “Até que ponto é bom colocar o rolezinho nesse lugar de ato ‘político’? Isso é importante, mas tem que ir devagar para não colocar a coisa em um lugar que não é dela.” O MC acredita que nos “rolezinhos” tem de tudo: jovens querendo protestar, querendo paquerar ou querendo encontrar seu pessoal. Ou seja, os participantes do “rolezinho” não têm um motivo só, mas vários. A vontade de Pdr é que esses jovens continuem demonstrando seus desejos e necessidades.

Minas, explica que o racismo está na resposta que ricos e “metidos a ricos” deram para os “rolezinhos”. Ao ver rapazes e moças da periferia entrarem em “seu” ambiente de lazer, eles reclamaram: “aqui não é lugar pra eles”. E, desde então, os shoppings contrataram mais seguranças e fizeram parcerias com a Polícia Militar para impedir a entrada de jovens negros, pardos e com roupas que lembram a periferia. Mas em dias comuns, eles não são impedidos de entrar, certo? Certo. E o professor Robson completa: “os pobres só são bem vindos quando são bons consumidoOnde está o racismo? res. Mas a periferia não quer só O professor Robson Sávio, co- consumir, as pessoas querem diordenador do Núcleo de Estudos reitos e igualdade também.” Sociopolíticos (NESP) da PUC Participante do movimento União de Negros pela Igualdade (Unegro), Alexandre Braga tem 26 anos e mora no bairro Boa Vista, em Belo Horizonte. Ele está atento aos problemas dos jovens da periferia e concorda com o professor: “essa juventude está pedindo mais, começando com mais direitos”. Alexandre acredita que as últimas políticas, como o Prouni, o Pró-jovem, o Jovens Aprendizes e as cotas nas universidades públicas estão no rumo certo. Porém, não são suficientes para atender o pessoal que está participando dos “rolezinhos”. E, para Alexandre, a juventude está mostrando que ela não “está de bobeira”. “Depois das manifestações de junho, os jovens redescobriram essa forma de questionar a política e vão se manifestar cada vez mais”, aposta.

O projeto de lei que prevê a criação da Comissão Municipal da Memória e Verdade em Belo Horizonte está sendo travado na Câmara Municipal pela conhecida bancada da bala, composta por ex-policiais e civis. O projeto, se aprovado, pretende apurar as violações cometidas durante o período da ditadura militar no Brasil (1964 a 1985). Segundo o vereador que criou o projeto, Gilson Reis, as resistências deveriam ser quebradas. “Só vivemos a democracia e temos a possibilidade de ter estabilidade democrática porque tivemos pessoas que enfrentaram o Estado ditatorial e construíram a democracia no país”, afirmou.

Pistoleiros julgados Na quinta-feira (23), ocorreu o julgamento de Francisco de Assis Oliveira e Milton Francisco de Souza, acusados de invadir o acampamento Terra Prometida e matar cinco trabalhadores sem terra no município de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. O crime, conhecido como Massacre de Felisburgo, aconteceu no dia 20 de novembro de 2004. Os dois réus negaram participação no massacre. A acusação afirmou, no entanto, que muitas testemunhas viram Milton de Souza atirando nos trabalhadores e colocando fogo no local. Em outubro de 2013, outros dois acusados foram julgados. O fazendeiro Adriano Chafik, mandante do crime, foi condenado a 115 anos de prisão, enquanto seu ex-funcionário, Washinton Agostinho, a 97 anos e seis meses. Ambos estão em liberdade a partir de benefício concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).


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Aécio solicita retirada de conteúdo da internet CENSURA Senador conseguiu segredo de Justiça no processo contra o Google, mas pedido foi rejeitado na ação contra o Facebook Jose Cruz/ABr

Revista Fórum O senador Aécio Neves (PSDB) teria ingressado com um processo de procedimento sumário contra o Google e outras empresas solicitando exclusão de conteúdo com base em direito de imagem. O nome do requerente aparece como A. N. Da C., iniciais que coincidem com o nome completo do senador, Aécio Neves da Cunha. Um dos requeridos, G. B. I. L coincide com as iniciais do Google do Brasil Internet Ltda. A assessoria de imprensa do Google, num primeiro momento, disse que: “O Google informa que cumpriu a decisão judicial fornecendo os dados solicitados pela justiça brasileira.” E depois procurou a redação para que seu po-

sicionamento fosse alterado por se tratar de uma ação na qual não teria sido citados. “O Google nem chegou a ser citado, portanto, não temos nada a comentar.” O senador Aécio Neves também foi procurado. Seu assessor, Fernando, afirmou desconhecer o assunto, afirmando que retornaria o contato. Depois de insistentes ligações, porém, não ofereceu resposta até o fechamento desta nota. A reportagem procurou, ainda, o Tribunal de Justiça de São Paulo e a resposta foi de que o juiz não pode dar entrevista porque o processo corre em segredo de justiça. Em relação ao processo contra o Facebook, não há segredo de justiça, por isso o nome do senador e da empresa podem ser verificados no Diário Oficial de 10 de janeiro.

Aécio Neves recorre a direito de imagem para tirar conteúdo da internet

O senador, porém, também tentou obter sigilo nesse processo. A Justiça indeferiu o pedido por duas vezes. Consultado pela reporta-

gem, o Facebook, por meio de sua assessoria, diz que não se pronuncia sobre processos judiciais, estejam ou não em andamento.

Prisão de jornalista: cortina de fumaça para encobrir mensalão tucano Raul Gondim De Belo Horizonte A prisão do jornalista Marco Aurélio Carone, responsável pelo portal de notícias Novo Jornal, reacende um debate que de tempos em tempos paira sobre a política mineira: a censura promovida por Aécio Neves e seus aliados em nosso estado. Marcada por desacertos processuais e motivações escusas, a prisão é mais um exemplo dessa prática. O Novo Jornal trazia informações sobre os escândalos de corrupção do PSDB e seus aliados. Lista de Furnas, mensalão tucano, cartel das empreiteiras, todos estes casos foram noticiados com depoimentos de testemunhas e apresentação de documentos. A Lista de Furnas, com o nome de políticos e autoridades que teriam recebido recursos ilegalmente durante as eleições de 2002, já havia sido, inclusive, declarada autêntica por perícia da Polícia Federal. Prisão ilegal Na manhã da última segunda-feira (20), um mandado de prisão preventiva foi expedido e cumprido pela Polícia Civil

contra Carone, acusado de crimes de injúria, calúnia e difamação. Carone teria utilizado seu site para coagir testemunhas de um processo em que ele mesmo é réu. O mandado de prisão, contudo, teria sido expedido sem qualquer conclusão investigativa ou trânsito em julgado. Para o deputado estadual Rogério Correia (PT), a prisão teve por objetivo “calar a boca” do jornalista e promover o descrédito do veículo, num explícito ataque à liberdade de imprensa. “Tudo para proteger Eduardo Azeredo, Pimenta da Veiga, Aécio Neves, que são mencionados na lista de Furnas e no mensalão tucano”, afirma. Carone, que apresenta problemas de saúde e foi levado às pressas para um hospital na quarta-feira (22), aguarda o desenrolar do caso no Ceresp da Gameleira. O líder do Bloco Minas Sem Censura da Assembleia Legislativa, deputado Pompilio Canavez (PT), entrou com um requerimento para uma audiência pública para debater os motivos da prisão. Serão convidados os advogados, representantes do MP e do Sindicato dos Jornalistas.

Mensalão tucano começa a prescrever A Justiça de Minas Gerais decretou extinta a punibilidade de Walfrido dos Mares Guia, acusado de participar de esquema de desvio de dinheiro público em 1998 para a campanha do deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), então candidato à reeleição ao governo. As denúncias são investigadas no processo que ficou conhecido como mensalão mineiro. A juíza Neide da Silva Martins, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, entendeu que as acusações de peculato e formação de quadrilha prescreveram em 2012, quando Mares Guia completou 70 anos. A denúncia contra Mares Guia, que ocupou cargo de ministro do governo do ex-presidente Lula e foi integrante do governo tucano em 1998, foi recebida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2009.


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Governo de Minas entrega Parque aos empresários PPP Toda a estrutura do Parque da Gameleira será destruída para dar lugar a empreendimento lucrativo Maíra Gomes De Belo Horizonte O governo de Minas Gerais vai entregar à iniciativa privada mais um bem público, o Parque de Exposições Bolivar de Andrade, conhecido como Parque da Gameleira. O governo, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), entrega aos empresários a administração do local por 30 anos, além de ceder espaço para a construção de qualquer tipo de empreendimento, como um shopping ou hotel, cujo lucro será totalmente entregue à concessionária vencedora da licitação. O empreendedor público da unidade de PPP do governo de Minas Gerais, Eloy Oliveira, justifica que o local tem sido subutilizado, recebendo apenas dez eventos por ano. Segundo Eloy, o desejo do governo é aproveitar melhor o Parque, que é muito bem localizado - na avenida Amazonas, região Oeste da capital com fácil acesso pelo metrô e grandes vias. “Aliado a isso, há a necessidade de gerar mais turismo de negócios na cidade, para aproveitar o legado da Copa do Mundo”, declara. Atualmente, o Parque da Gameleira oferece à população eventos como rodeios, provas hípicas e apresentações de lazer. Atividades agropecuárias também ocorrem no local, como exposições e leilões de animais e amostras da produção agrícola. Toda a estrutura existente no local pode ser demolida para dar espaço a novos equipamentos. O investimento deve ser de cerca de R$ 300 milhões. O governo exigiu da concessionária a construção

Real necessidade O vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas, Jairo Nogueira Filho, aponta que espaço para negócios em Belo Horizonte não é o que a cidade precisa. “Precisamos entender como é feita essa estratégia de PPPs. É só para o lucro da iniciativa privada, não vemos contratos feitos de acordo com a necessidade da população”, aponta. Ele declara que o estado mineiro tem diversas deficiências que devem ser sanadas, como falta de moradia e saneamento básico, além de poucos espaços de lazer. “O que essas modificações têm a ver com a população? Nada. O espaço poderia virar um centro cultural, para a população da periferia, mas acabou sendo entregue à iniciativa privada, apenas para beneficiar os empresários”, diz.

PPPs em Minas Gerais O Estado de Minas Gerais possui atualmente quatro contratos de Parcerias Público-Privadas em execução, se tornando o estado com maior número de PPPs assinadas e maior destinação de ver-

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de dois espaços: um parque multiuso, para a realização de eventos e um auditório com capacidade para 4 mil pessoas. O responsável no Estado pela PPP aponta que espaços deste tipo não garantem o lucro ao investidor privado. Assim, será entregue, além da construção dos equipamentos obrigatórios, um espaço para um empreendimento lucrativo, como um shopping ou hotel, que será definido pela própria concessionária vencedora da licitação. “Vamos deixar uma parte do terreno para que a empresa explore da maneira que quiser. O governo deve aprovar antes, mas apenas para evitar coisas esdrúxulas, como a construção de uma usina nuclear”, aponta Eloy.

Incêndio no Expominas No dia seguinte ao anúncio da PPP, parte do Expominas sofreu um incêndio. O fogo atingiu apenas o teto e o forro da Arena, mas provocou uma fumaça intensa. Não foi confirmada a razão do incêndio, mas funcionários afirmaram que há cerca de um ano foi feita uma reforma no teto, com colocação de isopor para isolamento acústico. “Deve ter esquentado muito e derreteu algum fio”, declarou um trabalhador, que prefere não se identificar. Uma boa reforma daria conta Como se trata de uma espaço dedicado à pecuária, o Parque funciona como sede para algumas entidades de criadores e comerciantes de animais. O diretor da ABCCCampolina e presidente da Academia Brasileira do Cavalo Campolina, Emir Cadar, conta que há cerca de um ano os grupos têm se reunido com o governo para reivindicar Agência Minas

ba pública a esse tipo de contratação no país. Confira os patrimônios públicos que foram entregues para a iniciativa no estado:

Rodovia MG-050 Primeira rodovia do estado de Minas Gerais a ser administrada pela iniciativa privada. O contrato, assinado em julho de 2007, prevê a recuperação, ampliação e manutenção de 372 quilômetros da rodovia, sob responsabilidade da Concessionária Nascentes das Gerais, empresa do Grupo Bertin, até 2032. O alto custo de tarifa de pedágio na rodovia (R$ 4,40) é constantemente questionado por entidades e movimentos. Ainda assim, verifica-se um alto número de obras em atraso no trecho, publicado pelo próprio governo de Minas em janeiro de 2013, após vistoria: 70 obras fora do prazo. Desde que a administração da via está nas mãos da iniciativa privada, o número de acidentes tem subido: de 1.250 em 2007 para 1.680 em 2012.

melhorias na estrutura. “Fizemos uma série de reivindicações que o governo conseguiria atender com uma boa reforma”, diz. No entanto, a mudança no uso do espaço acabou por mudar o projeto das associações. “Não temos mais como lutar contra isso, o governo já decidiu fazer o acordo. Mas estamos querendo é a garantia de que haja espaço para a pecuária, e isso nós conseguimos”, aponta.


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Mineirão, Estádio Governador Magalhães Pinto O acordo de PPP foi elaborado especialmente para atender à demanda de preparação para a Copa do Mundo em 2014, no qual a capital mineira se insere como uma das doze cidades-sede do evento. Assinado em 21 de dezembro de 2010 com a Concessionária Minas Arena Gestão de Instalação Esportiva S.A., o contrato prevê obras de reforma, renovação e adequação do Mineirão, e a concessão administrativa, de operação e manutenção do estádio por 25 anos. Durante o período de concessão do estádio, o consórcio Minas Arena terá um retorno garantido, que vai variar de acordo com seu desempenho financeiro. Se o negócio não render lucro, o governo repassa ao consórcio um valor mensal para cobrir o déficit, de acordo com o contrato assinado, que estabelece o valor de R$3,7 milhões ao mês de repasse para a empresa. Assim, se o negócio render até R$ 2,59 milhões por mês, o governo entrega a diferença para completar os R $3,7 milhões. (MG)

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Unidades de Atendimento Integrado – UAI O contrato da PPP UAI foi assinado em dezembro de 2010, passando para a responsabilidade da Concessionária Minas Cidadão Centrais de Atendimento S.A. o fornecimento de serviços de interesse do cidadão, como elaboração de carteiras de identidade, passaportes e outros documentos obrigatórios. O serviço é prestado por meio das Unidades de Atendimento Integrado – UAI em seis municípios mineiros: Betim, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Uberlândia e Varginha. O prazo de concessão vai até o ano de 2030, com previsão legal de prorrogação da vigência do contrato até 2045. Desde o início de sua implantação, já foram registradas mais de 300 demissões de funcionários concursados pela Minas Gerais Administração e Serviços (MGS) que faziam o serviço, além de diversas denúncias de aumento nas filas nas unidades e perda na qualidade do serviço. Agência Minas

Wikipédia

Complexo Penitenciário Público-Privado Penal, em Ribeirão das Neves

Agência Minas

No dia 28 de janeiro de 2013 foi inaugurado o primeiro presídio privado do país. A unidade prisional é explorada por uma Parceria Público-Privada (PPP), e tem como responsável a empresa Gestores Prisionais Associados (GPA), consórcio formado por cinco empresas. O acordo, firmado em 2009 entre a GPA e o governo de Minas Gerais, estabelece o período de 27 anos para a parceria. O projeto prevê a disponibilização de 3 mil vagas prisionais, divididas em cinco unidades prisionais, três para o regime fechado e duas para o regime aberto. Além disso, é prevista a construção de uma unidade de administração central do Complexo Penal. O Ministério Público de Minas (MP/MG) afirma que o formato de Parceria Público -Privada (PPP) para presídios é inconstitucional, uma vez que o Estado está se desresponsabilizando da execução de penas e passando para a iniciativa privada. É também ilegal, já que não cumpre a Lei nº 12.936, que decreta o número máximo de 170 presos por unidade prisional, pois cada unidade do Complexo PPP terá 608 vagas.

Movimento Sem Terra comemora 25 anos em MG Rafaella Dotta De Governador Valadares De 17 a 19 de janeiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou o seu 24º encontro estadual, no assentamento Oziel Alves, em Governador Valadares. Cerca de 150 pessoas de todo o estado, representando 6 mil famílias acampadas e assentadas, além de apoiadores, comemoraram os 25 anos do movimento em Minas. Felipe Russo, coordenador estadual do MST, lembrou: “Em 2013 nós ficamos 18 dias dentro do Incra, para não ter 47 despejos. E depois de um ano estamos aqui, comemorando que eles não aconteceram.” Para o dirigente, isso é uma prova de que o MST está mais vivo que nunca.

MST

Plano para 2014: muitas ocupações O MST de Minas Gerais chega aos 25 anos repensando suas formas de mobilização. Sílvio Netto, da coordenação estadual, declarou que o movimento passará a reivindicar um novo modelo de reforma agrária, incluindo a melhor divisão de insumos agrícolas, como tratores, sementes, adubos e vacinas. De acordo com Sílvio, o MST vai apoiar e levar à frente neste ano três lutas: as manifestações da juventude, pela reforma política e contra o governo Anastasia e os partidos da direita. Além disso, o movimento promete muitas ocupações de terra. “As ações já começaram. No dia 1º de janeiro de 2014 a primeira fazenda foi ocupada. Isso é uma sinalização muito clara do MST de que esse vai ser um ano de muita luta”, disse.


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Mídia NInja

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Na edição 21 ... Espaço Comum Luiz Estrela aguarda limpeza de quadra para seguir ...E AGORA

Mesmo após protestos da população, técnicos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte podaram, no sábado (18), os Ficus da Avenida Bernardo Monteiro, região Centro-Sul da capital. A avenida será palco para evento em repúdio ao corte das árvores, neste sábado (25), às 13h.

Sávio Souza Cruz

Adelmo Leão

A Minas do marketing e a real

De Rolés e Rolex

Desde 2003, Minas vive uma espécie disfarçada de ditadura, a ditadura do marketing. Verbas publicitárias de grande vulto criaram uma Minas de sonho, onde tudo é bem realizado, onde tudo dá certo, onde a educação, a saúde, a segurança e demais serviços públicos são de primeira linha. É a Minas como o outro nome do paraíso. Para criar essa Minas, as verbas publicitárias não apenas produzem peças de propaganda bem feitas e bem pagas, mas também compram muito da voz da grande imprensa. Conflitos, problemas, desacertos e outros não têm lugar na imprensa mineira em geral. E a verdade é bem outra. Minas tornou-se desde 2003 um dos Estados mais endividados da Nação, reprimarizou sua economia e passou a depender quase que exclusivamente da exportação do minério, viu crescerem os índices de violência, tratou mal seus professores, seus servidores aposentados, sua população carente de saúde, escolas, transporte e segurança. Sobretudo, Minas gerenciou mal sua economia. Deve atualmente cerca de R$ 100 bilhões, a maior parte ao governo federal, em decorrência de uma negociação infeliz feita pelo governador Eduardo Azeredo. O governador Itamar foi ridicularizado pelos tucanos em 1999, quando quis renegociar essa dívida. E eles, uma vez no poder em 2003, esqueceram a dívida e a austeridade. O resultado é que Minas já pagou cerca de R$ 30 bilhões à União e ainda deve cerca de R$ 70 bilhões, aos quais se acrescentaram cerca de outros R$ 30 bilhões de empréstimos junto a instituições financeiras nacionais e internacionais. Penso que um Estado de tradição libertária como Minas precisa repudiar o cabrestamento fruto do marketing, ferramenta moderna, mas tão contrária às suas tradições de liberdade e de democracia. Sávio Souza Cruz é deputado estadual pelo PMDB

Mote de apaixonados artigos e posts contra e a favor, talvez se tenha feito muito “carnaval” sobre os rolezinhos. Ou não. O fato é que a balbúrdia despertada por esses “flash mobs de periferia” aconselha separar o fato em si e suas interpretações. O que pode ter nascido como zoação inocente ganhou conotação política. Para o professor da USP Renato Janine Ribeiro, “com ou sem consciência disso, os participantes se reúnem - em vez de atuar sozinhos - para exigir direitos”. De mãos dadas com os rolezinhos veio a mensagem: “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Ou roupas e tênis. De todo modo, as reações seguintes politizaram de vez o tema. Primeiro, a polícia, como em 2013, tratou de pôr lenha na fogueira com truculência. Depois, shoppings triando quem podia ou não entrar. Por fim, a ira que brotou nas redes contra esses jovens pobres, por ousarem invadir uns templos do consumo AB. Entre preconceito e grosseria, não faltaram recomendações para que a meninada fosse dar rolé em bibliotecas. Quem sugeriu precisa muito, talvez mais. O homem cordial de Sérgio Buarque está em falta. Embora minoritária, parcela ruidosa da sociedade não se conforma em ver “os de baixo” saltando cercas. Saudemos nós a irreverência que desnudou racismo, segregação e ódio de classe numa tacada. Volto ao professor Ribeiro: ‘’Um mundo acabou. Durante décadas, nos protegemos dele atrás de grades. A boa nova é que a exigência de que isso mude tem-se feito dentro da lei e com nenhuma ou pouquíssima violência. Mas o tempo urge. A brincadeira de injustiça social terminou. Quem quiser continuar jogando esse jogo só vai gerar problemas - para si e para os outros.” Adelmo Leão é deputado estadual pelo PT

Os ocupantes do Espaço Comum Luiz Estrela vinham esperando a limpeza do pátio ao lado do prédio para seguirem suas atividades desde o final de 2013. Na quarta-feira (16), o Governo do Estado cumpriu sua parte no acordo e desentulhou toda a área. Na próxima segunda (27), os ativistas darão início a um mutirão que convocará todos os colaboradores do Estrela para iniciarem a construção da estrutura e decoração do espaço provisório, que receberá toda a programação cultural até o início de agosto deste ano, quando está previsto o fim das reformas emergenciais no casarão. A estimativa é de que em torno de duas semanas já exista uma grade continuada de atividades culturais no pátio.

Na edição 16... Farinhaços e CPI para não acabar em pizza

... e agora A Justiça decretou na terça-feira (21) o bloqueio dos bens até o limite de R$ 14,58 milhões e a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador Zezé Perrella (PDT) e do filho dele, o deputado estadual Gustavo Perrella (SDD). A juíza Rosimere das Graças do Couto, da 3ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de BH, entende que há “indícios da prática de improbidade administrativa” em contratos firmados entre a Epamig e a Limeira Agropecuária e Representações Ltda, pertencente à família Perrella. A empresa da família está ligada ao escândalo que estourou no fim de novembro, quando foram apreendidos 450 kg de pasta de cocaína no helicóptero da empresa.


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entrevista | 09

“Na prisão, tudo é mediado pela violência” SEGURANÇA Ex-detento, professor da USP afirma que sistema carcerário está abandonado e vive inversão de valores Mariana Desidério De São Paulo As prisões brasileiras são dominadas pela lógica da violência e por valores como o machismo e a lei do mais forte. É o que diz Roberto da Silva, especialista em educação e sistema prisional. Professor da Faculdade de Educação da USP, Silva fez do mestrado à livre-docência nessa universidade. O tema de suas pesquisas tem tudo a ver com sua trajetória de vida. Ele foi interno da antiga Febem e já esteve na prisão, condenado por crimes diversos. Nesta entrevista ao Brasil de Fato, o professor fala sobre o abandono do sistema prisional brasileiro (o último exemplo são os casos de barbárie no Maranhão) e a política de encarceramento em massa que vigora no país atualmente. “Como o poder público não pode alcançar essas populações com as políticas públicas, o que se faz é armar uma grande teia do sistema policial e do sistema de Justiça para pegá-los diante de qualquer infração”, afirma. Brasil de Fato - Temos visto situações extremas no Maranhão, como a decapitação de presos. O que isso revela sobre o sistema prisional brasileiro? Roberto da Silva - Esses motins e rebeliões revelam exaustão do sistema. Quando os presos não são ou-

“Esse perfil da população prisional no Brasil, de ser majoritariamente jovem, de baixa escolaridade, baixa qualificação profissional, afrodescendente e moradora de periferia mostra a seletividade do sistema de Justiça” vidos, não têm canais de comunicação com as autoridades, com a Justiça ou com o sistema penitenciário, quando se esgotam as possibilidades de negociação, o último recurso para o qual eles apelam são essas manifestações extremadas de violência. Temos de aprender a reler isso como um pedido de socorro.

Rafael Stedile

Por que a situação chegou a esse ponto por lá? Não sei dizer sobre a situação específica de lá. O que se alega é a presença de facções criminosas. Mas mesmo a existência dessas facções mostra o abandono por parte das autoridades. É o abandono do sistema penitenciário que leva a essas manifestações de violência. Um dos principais problemas é a superlotação. Por que o Brasil prende tanto? É a lógica do encarceramento em massa de segmentos extremamente específicos. Esse perfil da população prisional no Brasil, de ser majoritariamente jovem, de baixa escolaridade, baixa qualificação profissional, afrodescendente e moradora de periferia mostra a seletividade do sistema de Justiça. Como o poder público não pode alcançar essas populações com as políticas públicas, com os serviços básicos de educação, saúde, moradia e tudo o mais, o que se faz é armar uma grande teia do sistema policial e do sistema de Justiça para pegá-los diante de qualquer infração. Mas são pessoas que cometeram crimes, não? De 550 mil presos, se você somar o valor monetário das infrações, é insignificante. Não é nada diante de uma falcatrua que se faz na prefeitura, de um desvio de verba do metrô. Eles não estão presos porque roubaram da sociedade e deixaram pessoas mais pobres. São pessoas que, diante da condição de miséria que vivenciam, em algum tipo de infração iriam cair. Quais dificuldades um egresso encontra para fazer seu projeto de vida fora da prisão? Primeiro, é o longo tempo de permanência do sujeito no cárcere. No Brasil se fica em média oito anos na prisão. Também pesam os antecedentes criminais, a baixa escolaridade e a falta de qualificação profissional. Além disso, a maioria dos presos tem dificuldade, por exemplo, com moradia. E é um problema que não é abordado no âmbito das políticas de atendimento a presos, egressos, ou às famílias deles. Existe uma resistência da sociedade quando se fala em política

de auxílio a presos ou egressos? Mais de 90% dos presos são desempregados ou ex-empregados. Ou seja, pessoas que saíram da sua terra natal, vieram para os grandes centros e não conseguiram organizar sua vida. Para esses mais de 90%, moradia e emprego resolveriam o problema. No caso dos presos que trabalhavam, eles adquiriram direitos como qualquer trabalhador. Eles têm o auxílio desemprego, têm direito a fundo de garantia. Os formadores de opinião tra-

“A violência é utilizada para mediar todas as relações: entre presos e presos, presos e funcionários, funcionários e sistema, e assim por diante” tam muito mal essa questão, como se isso fosse um benefício, uma regalia dada ao preso. Não é. É direito dele. Você passou um período preso na década de 1980. O sistema prisional mudou de lá para cá? A cultura penitenciária continua a mesma. Essa cultura possui um tripé de sustentação, que é composto em primeiro lugar pela excessiva tolerância ao uso da violência. A violência é utilizada para mediar todas as relações: entre presos e presos, presos e funcionários, funcionários e sistema, e assim por diante. Depois vem a excessiva tolerância à corrupção. E não estou falando da corrupção monetária, é a cor-

rupção dos costumes e dos valores. O machismo, o uso da força, a hombridade, a prevalência do mais forte, esses valores ainda são predominantes dentro da prisão. Isso está na base da dificuldade que o egresso tem de depois voltar a se adaptar à sociedade. O terceiro é a prevalência da regra do prêmio e do castigo. Em vez de prevalecer a lógica do direito, dentro da prisão os direitos são negociados. Ou seja, se permite aos presos dominar outros presos, se permite dominar espaços e territórios dentro da prisão. Sempre em troca de algo. Isso faz com que, dentro da prisão, certos presos se sintam muito importantes, quando em liberdade eles não tinham importância nenhuma. Você estudou direito na prisão e, depois de sair, virou professor da USP. Como foi esse caminho? O estudo veio pela necessidade de entender a circunstância de vida, entender a lógica de organização da sociedade, a estrutura e o funcionamento das leis e do sistema de justiça, para ver como lidar com esse emaranhado de complicações. Não é o estudo do direito, é o estudo da sociedade e da estrutura social para aprender a lidar com ela. E como você procurou entender a sociedade? Para isso não precisa ser um estudo escolar. A leitura ajuda, as conversas ajudam, tentar entender como as pessoas pensam, como elas fundamentam suas decisões. Só busquei a escola para ela certificar o aprendizado que eu tive ao longo da vida.


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Joaquim Barbosa, com diárias oficiais, faz compras em Paris JUSTIÇA Ministro do STF recebe R$ 14 mil por dia para participar de evento durante as férias Luiz Azevedo

Brasil 247 Deve-se ao fotógrafo Luiz Azevedo, do Estado de S. Paulo, o registro de uma cena à qual se aplica o clichê: uma imagem vale por mil palavras. A cena em questão é do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, numa galeria de luxo em Paris, onde desfilam grifes como Fendi, Prada e Bottega Veneta. Com seu elegante chapéu e um terno bem cortado, risca de giz, Barbosa passa pelo caixa. A vendedora parece espantada com a compra. E Barbosa a olha com um certo ar de superioridade. Como se sabe, o chefe do Poder Judiciário está de férias em Paris. Lá, recebe diárias de R$ 14 mil, só justificadas pelo Supremo

Tribunal Federal depois que o repórter Felipe Recondo, do Estado de S. Paulo, a quem Barbosa mandou “chafurdar no lixo”, revelou a mordomia. Indagado sobre o interesse público das diárias, Barbosa afirmou que o caso não passa de uma “tremenda bobagem”. Disse mais: “O interesse público é esse que vocês estão vendo, eu sou o presidente de um dos poderes da República”. Barbosa se vê como uma espécie de rei do Brasil, ou, quem sabe, como uma versão moderna do monarca Luís XIV, a quem se atribui a frase “L’état c’est moi”, “o estado sou eu”. Ele pode tudo. E talvez ele tenha razão: “o interesse público é esse que vocês estão vendo”.

Campanha Salarial 2014: O trabalhador merece respeito! Os servidores públicos continuam cobrando do Governo Federal o respeito aos seus direitos e um salário condizente com a realidade. Por isso mesmo, já está nas ruas a Campanha Salarial 2014, que vai reunir todos em uma luta por mais dignidade e valorização no serviço público. A campanha usará como mote a Copa do Mundo, lembrando que os servidores são como um time que serve ao Brasil e deve ser valorizado como toda equipe que quer ser campeã. O lema será o mesmo que tomou as ruas nas manifestações do ano passado: a sociedade quer serviços públicos no “padrão Fifa”. pa As principais bandeiras são: a luta por política salarial permanente; paridade entre ativos, aposentados e pensionistas; definição de data-base unificada; regulamentação da negociação coletiva; e plano de carreira, além do cumprimento, por parte do governo, de acordos firmados em processos de negociação anteriores.

Servidor, traga sua bandeira e junte-se ao seu sindicato e aos seus colegas: só unidos conseguiremos!

Rede não quer se aliar com PSDB em Minas Brasil 247

Depois de afastar o PSB de Eduardo Campos do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, a Rede de Marina Silva divulgou nota defendendo candidatura própria em Minas Gerais, recanto do presidenciável tucano Aécio Neves. “A Rede vem afirmar a necessidade de romper a hegemonia do PSDB em Minas Gerais e renovar a prática política no Estado, des-

gastada com o rodízio de velhos grupos no poder”, diz nota. O PSB comanda a Secretaria de Educação e Júlio Delgado, presidente da legenda no Estado, afirmou que continuará a discutir a possibilidade de composição com a chapa tucana. “Temos que reconhecer a força que o Aécio tem em Minas. Certamente ele será o vencedor aqui, o que impactará na eleição estadual. Minas não pode ser tratada da mesma forma que SP”, diz.


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brasil | 11

Brasil não vai restringir entrada de haitianos IMIGRAÇÃO Governo promete plano de ação para melhorar condições de ingresso e estadia de refugiados

ABr

Diego Sartorato Rede Brasil Atual

Uma equipe interministerial formada pelas pastas de Defesa, Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Justiça, Trabalho e o Itamaraty irá apresentar ao governo do Acre uma proposta de cooperação para melhorar as condições de entrada e estadia dos refugiados haitianos. Os haitianos estão chegando em número cada vez maior em Brasileia, município no sul do estado do Acre, onde há um abrigo destinado aos imigrantes que chegam pela fronteira com o Peru. No começo do mês, o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, chegou a falar em fechar as divisas para impedir que a superlotação causasse uma crise humanitária no abrigo. O espaço é feito para receber 300 pessoas, mas está com população de 1,1 mil haitianos e sofre com falta de suprimentos. “Ficou decidido que não haverá fechamento de fronteira, em respeito à tradição acolhedora do Brasil, mas isso significa que as pessoas continuam entrando. Então, conta-

mos com o projeto que será apresentado pelo governo federal até esta sexta-feira (31)”, afirma Mourão. Os registros do abrigo de Brasileia dão conta de que 1.465 haitianos entraram no país por aquela fronteira em dezembro; outros 1.057 chegaram até dia 22 de janeiro. De acordo com Damião Borges, coordenador do abrigo, o aumento do fluxo se deu por conta do aumento de extradições na República Dominicana. “De cada dez haitianos que chegam aqui, quatro já falam espanhol. Eles estavam trabalhando na República Dominicana, mas o desemprego lá está fazendo com que os haitianos sejam forçados a sair do país. Eles não querem voltar para o Haiti, então seguem viagem e chegam até o Brasil”, explica. Enquanto a ajuda federal não chega, o governo estadual tenta melhorar as condições do abrigo. Nesta semana, 400 novos colchões foram levados para Brasileia, e uma equipe especial da Secretaria de Saúde montou posto no abrigo para prover atendimento preventivo aos imigrantes.

Haitianos dormem no chão do abrigo para refugiados no Acre Confira todas as entrevistas completas do Programa de Classe que é exibido na TV Comunitária, canal 06 da NET e 13 OI TV, domingo às 10h, com reprises na segunda (7h30 e 23h30), terça (7h30), quarta (15h30), quinta (16h30), sextas (13h) e sábados (9h30 e 15h30).

Forças Armadas devem atuar durante Copa do Mundo Reprodução

Não está descartada a convocação das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança para atuar durante a Copa do Mundo, que começa em junho. A informação foi dada, na quarta-feira (22), pelo coordenador da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) do Ministério da Justiça, Humberto Freire, após entrevista à imprensa estrangeira, no Rio. “As Forças Armadas têm seu papel no eixo defesa e uma das atuações nesse eixo é a de ser uma força de contingência”, declarou o coordenador. Segundo ele, a convocação de militares é uma das possibilidades, mas depende de aprovação da Presidência da República. “O plano da segurança é fazer frente a qualquer ocorrência e essa força de reserva é posta como possível”, reforçou. O coordenador da Sesge, que é

delegado da Polícia Federal, esclareceu que as forças policiais vão atuar para dar segurança às delegações e representantes de governos, além de garantir a realização dos jogos do Mundial. No caso de manifestações, ele confirmou que o planejamento leva em consideração dois tipos de protesto: os “legítimos e legais” e os “violentos e ilegais”. “Atos de vandalismo e violência criminosa que derivem de manifestação merecerão atenção da segurança e serão coibidos”, afirmou Freire. Como parte do planejamento para a Copa do Mundo, a Sesge investiu mais de R$ 40 milhões na compra de armas de baixa letalidade, como balas de borracha, spray de pimenta e tonfas (tipo de bastão semelhante ao cassetete) . “Realmente estamos comprando esse material para suprir os órgãos de segurança pública”, confirmou. Também estão sendo

adquiridos equipamentos de proteção individual para os policiais, como escudos. Para episódios de abuso policial contra manifestantes e jornalistas, o coordenador informou que os policiais recebem treinamento constante e que todas as denúncias devem ser registradas em delegacias de polícia. Em 2013, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) contabilizou 102 casos de agressão a jornalista durante a cobertura de manifestações, até outubro. “Atos que, por ventura, sejam realizados com excesso, são apurados e coibidos, como na Copa das Confederações”, disse. Na ocasião, na avaliação do delegado, a atuação das polícias foi eficaz. “Garantimos o evento, a participação dos espectadores e das equipes”, argumentou. (Agência Brasil)


Crédito: Reprodução

12 | mundo

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Após regulamentar maconha, Uruguai pretende regular álcool e mídia LEGISLAÇÃO Até final de mandato, Mujica também quer limitar compra de terras por empresas estrangeiras Vitor Sion de São Paulo Depois de atrair a atenção da opinião pública mundial em 2013 com a regularização da maconha, o governo do Uruguai pretende dar continuidade à sua agenda de reformas sobre temas polêmicos. As duas principais prioridades da coalizão de José Mujica neste ano são a regulação da mídia e da venda de bebidas alcoólicas. Entre as propostas da Frente Ampla estão o aumento do contro-

FATOS EM FOCO Desigualdade social Uma pesquisa da organização Oxfam International, sediada na Inglaterra, revelou que o pequeno grupo das 85 pessoas mais ricas do mundo concentra a mesma riqueza que os 3,5 bilhões mais pobres do planeta, ou seja, praticamente metade da população do mundo. A

Wikicommons

le sobre a publicidade e os pontos de venda de álcool. Os legisladores governistas querem proibir, por exemplo, a realização dos “happy hour”, situações em que as bebidas são comercializadas com preços mais baixos. “O Uruguai precisa de regulação porque o álcool é a droga lícita que mais causa acidentes. Seus vendedores querem nos convencer de que é uma bebida refrescante e está associada a mulheres lindas”, argumentou o senador Ernesto Agazzi. organização alerta ainda para o fato de que 1% da população detém metade das riquezas. Os dados foram divulgados às vésperas do Fórum Econômico Mundial, que ocorre nesta semana em Davos, na Suíça. Argentina lança plano social para os pobres Após 34 dias de ausência pública, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, reapareceu no

cenário político para lançar um plano de inclusão social destinado a jovens que não trabalham nem estudam. Com o projeto, o governo argentino dará cobertura mensal de 600 pesos (R$ 205) a 1,5 milhão de jovens desempregados entre 18 e 24 anos, como forma de incentivo para que voltem a estudar. “São os filhos do neoliberalismo e precisam do Estado”, disse a presidente, na Casa Rosada.

202 milhões sem emprego Relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que, em 2013, o número de desempregados no mundo aumentou 5 milhões. Com isso, o número de pessoas sem emprego é cerca de 202 milhões, o que representa uma taxa de desemprego mundial de 6%.


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A novela Como ela é

PALAVRAS DIRETAS PALAVRAS CRUZADAS CRUZADAS DIRETAS

© Revistas Revistas COQUETEL COQUETEL ©

Época do Época do desenvoldesenvolvimento vimento do Rock docor Rock Da do Da cor do carmim carmim Tipo de Tipo de telegrama telegrama

Estação de Os estudantes que Partida de futebol Os estudantes que em Estação de pediram Partida de futebol andamento (gír.) o (?) Smith, televisão (gír.) pediram televisão (?) Smith, em(?)andamento civil: violação impeachment de o economiseconomis(?) civil: violação impeachment de Fernando Collor ta escocês simbólica da lei Fernando Collor ta escocês simbólica da lei

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Aquele Aquele que que aplaude aplaude Nariz Nariz grande grande (gíria) (gíria) Neste Neste local local

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As As atuais atuais são são eleeletrônicas trônicas Roça onde Roça onde laboravam laboravam escravos escravos (bras.) (bras.) Tédio Tédio

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Dilemas de pais e filhos: tramas de novela

Fixador Fixador de cabelo de cabelo Porém; Porém; entretanto entretanto

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Cede; oferece Tecla de gravadores

Laço da da Laço gravata gravata Orelha, Orelha, em inglês

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Restinga Restinga da da (?), (?), área área da da Marinha Marinha (RJ) (RJ) Condição Condição da da pele pele malmaltratada tratada pelo pelo sol sol (pl.) (pl.) BANCO BANCO

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AMIGA DA saúde

Reprodução

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variedades | 13

Os dilemas na relação entre pais e filhos são comuns. Estão nas melhores famílias. E nas piores também. Não é somente porque ninguém é igual a ninguém que pais e filhos são diferentes, mas porque projetam neles desejos e expectativas, desenhando um futuro que parece o ideal para a cria. Os filhos também esperam dos pais: reconhecimento, carinho, proteção, desenhando uma imagem de pais heróis e de pessoas ideais. Os dilemas aparecem quando esses desenhos se borram, desconstruindo a imagem que um tem do outro. E como quase tudo que passa na vida real chega às novelas, tramas familiares são enredo certo dos folhetins. Em Joia Rara, Manfred é um mau caráter de carteirinha, que não mede esforços para se vingar de seu pai, Ernest, por tê-lo renegado como um filho legítimo da família. Além de roubar a empresa do pai e se tornar o único dono da joalheria, tem o mantido refém dentro de casa e, por chantagem, o obrigou a casar com a mãe, a governanta da mansão. Que orgulho do filhinho, hein, papai Ernest! Mas, pudera, com um papai desse, tão mau caráter quanto... Em Amor à Vida, a guerra de Félix e César não ainda não chegou ao fim. Nesse caso, as armações do vilão contra o “papi soberano” parecem ser uma reação à rejeição de sua sexualidade. Nem mesmo quando quis estender a mão para tirar o pai das garras de Aline, César baixou a guarda. Essa semana o expulsou de sua casa. E Félix começa se sensibilizar com o peso de ter um pai que odeia o filho. Muitos pais rejeitam os filhos gays e esses filhos se tornam pessoas mais amargas por isso. Parece que os dilemas entre pais e filhos são como vias de mão dupla. Ou, como dizemos: tal pai, tal filho! O que você acha? Mande e-mail para quimvela@brasildefato.com.br para gente conversar mais. Até semana que vem!

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde (Excepcionalmente, não teremos coluna nesta semana)

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(31) 3309-3304

Todas as semanas nas ruas de

BH


14 | cultura

Belo Horizonte, de 24 a 30 de janeiro de 2014

Marchinhas de carnaval politizadas iniciam o clima BLOCO População da cidade reinventa a festa popular e cria concurso Maíra Gomes De Belo Horizonte O carnaval brasileiro é famoso mundialmente: as avenidas do samba, as festas do Boi, os desfiles. Mas os brasileiros sabem que o bom mesmo está nas ruas, na irreverência, na festa popular para brincar as alegrias e amarguras da vida cotidiana. Mas o que fazer se a sua cidade não oferece brincadeiras de rua? A população de Belo Horizonte respondeu à pergunta criando seu próprio carnaval. Há cerca de três anos vem crescendo um movimento de blocos na cidade e, com isso, renasceram também as famosas marchinhas. Com temas do cotidiano, escândalos políticos e os clássicos de duplo sentido, a população se anima a ir às ruas. Importante marco desse movimento foi a criação do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, em 2012. O coordenador do concurso, Kuru Lima, explica que a ideia nasceu de uma brincadeira proposta pelo jornalista e apresentador Tutti Ma-

ravilha em seu programa de rádio, convidando ouvintes a mandar suas marchinhas. “Dali nós pensamos em fazer uma coisa formal, como tem em outras cidades do país”, conta. Junto com a jornalista e produtora cultural Brisa Marques, o trio iniciou o movimento, que conta com o apoio da Rádio Inconfidência. “O concurso é para tentar estimular a produção. A gente sabe que a produção musical é muito rica no estado, mas não tinha produção de marchinhas à altura”, declara. Ele conta que na primeira edição foram enviadas 58 músicas, e no ano passado, já foram quase 90. O trio seleciona 12 principais, que são votadas por uma comissão julgadora, de onde saem três vencedoras. Começa com M, termina com erda Em 2012, o produtor musical e professor Renato Villaça levou pra casa o troféu de segundo lugar com a marchinha “Começa com M, termina com erda”, em referência ao prefeito de BH, Marcio Lacerda. Após ler a frase escrita pelo amigo João Basílio, a quem ele também dá

“Baile do Pó Royal”

Deixaram o Pó Royal cair no chão em pleno baile de carnaval achei que ia rolar a confusão mas a turma achou legal. O pó chegou voando no salão que farra sensacional deu até notícia na televisão virou Baile do Pó Royal.

Mídia Ninja

O pó rela no pé o pé rela no pó O pó rela no pé o pé rela no pó Esse pó é de quem tô pesando? Ah é sim, ah é sim Você sabe eu também sei Ah é sim, ah é sim Não espalha que vai ser melhor

Há cerca de três anos, vem crescendo o movimento de carnaval de rua em BH

os créditos da música, teve a inspiração musical. “Foi uma surpresa ela ter sido selecionada. Duas horas depois que eu publiquei já tinha duas mil visualizações, não esperava essa repercussão”, conta o professor, que acredita ter sido importante a visibilidade do tema, já que a música leva o debate político. Essa é uma característica cada vez mais presente nas marchinhas criadas pelos mineiros. A vencedora daquele ano foi “Coxinha da Madrasta”, que fez referência à irregularidade na contratação de um buffet pelo vereador Léo Burgues na Câmara. Em 2013, foi a vez da Copa do Mundo, que ganhou o hit “Imagina na Copa”, citando as desocupações violentas e a contratação do filho do prefeito de BH, Thiago Lacerda, para a coordenação das obras da Copa na cidade. O coordenador do concurso acredita que as marchinhas sempre tiveram características de irreverência, que acaba por dar espaço a críticas. “As marchinhas sempre foram uma manifestação espontânea de crítica, esta é a natureza delas. Sempre tem questões do coti-

diano, com crítica política, social e comportamental”, aponta. Hit de 2014, Marchinha do Pó Royal Inscrita no Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, o hit já avisa logo de início que qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência, e segue contando uma história de quando o pó se espalhou todo pelo salão de carnaval. Faz referência ao caso envolvendo um helicóptero de Zezé Perrela, encontrado com 450 kg de pasta de cocaína, e ao senador Aécio Neves, pré-candidato à presidência da República. Kuru conta que é de grande importância músicas populares, como marchinhas, tratarem da situação da política, como forma de alertar a população, rememorar fatos que não podem ficar escondidos. “A marchinha é sensacional, inteligentíssima. O festival de corrupção e inconsequência que praticam os que estão no poder acontecem o tempo todo. As marchinhas trazem as possibilidades de nos sentirmos vingados”, define.


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AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA

Show de lançamento do CD de Douglas Din, MC relevado pelo Duelo de MC’s. Sábado (25), às 21h, no Teatro Oi Futuro (Afonso Pena, 4001, Mangabeiras). INFANTIL

DANÇA

é tudo de graça! LITERATURA Oficina de literatura, que apresentará o gênero dramático e suas particularidades, como subgêneros, rubricas, diálogos e caracterização das personagens. A partir da peça escolhida, serão realizadas leituras dramáticas. Sexta (24), às 14h, no Centro Cultural Salgado Filho (Rua Nova Ponte, 22, Salgado Filho). POESIA

Segunda a quinta-feira FOTOGRAFIA

Apresentação do grupo Breaking no Asfalto. Sexta (24), às 20h30, na Rua Rio de Janeiro, em frente ao Sesc Palladium

Sarau com a poeta e haikaista Alice Ruiz. Domingo (26), às 11h e às 13h, no Memorial Minas (Praça da Liberdade).

EXPOSIÇÃO

A artista Camila Otto aborda na mostra “Enquanto te esperava” deA oficina Olhar Urbano, para jovens de 9 a 13 talhes da vida cotidiana. anos, propõe a prática do olhar sobre o espaço Até 16 de fevereiro, terurbano explorando o conceito de flâneur, ela- ças, quartas, sextas e sáborado por Baudelaire no século XIX. Os partici- bados, de 10h às 17h30, pantes serão instigados a produzir imagens fo- no Memorial Minas (Praça tográficas do percurso escolhido. Quem deseja da Liberdade). participar deve levar câmera fotográfica ou ceINFANTIL lulares com o dispositivo. Quinta (29), de 9h30 às 12h30, no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia (Av. Afonso Pena, 737, Centro). PERCUSSÃO

Oficina de teatro para crianças. Sexta (24), às 15h, no Centro Cultural Vila Santa Rita (Rua Ana Rafael dos Santos, 149, Vila Santa Rita).

cultura | 15

Apresentação do grupo de percussão da Escola Integrada CIAC. Quinta (29), às 15h, no Centro Cultural Vila Santa Rita (Rua Ana Rafael dos Santos, 149, Vila Santa Rita).

CINEMA

13ª Estação da Brincadeira, com o convidado Rodrigo Libânio Christo, especialista em adaptar jogos e brinquedos. As vagas são limitadas e Exibição de filmes e documentários nacio- as inscrições devem ser feitas pelo telefone (31) nais. Quinta (29), às 9h30, no Centro Cultural 3248-8621. Terça (28), às 15h, no Museu de ArZilah Spósito (Rua Carnaúba, 286, Conjunto Zi- tes e Ofícios (Praça Rui lah Spósito, Jaqueline). Barbosa, Centro). esporte |

na geral Final da Copa Brasil de Vôlei Masculino Neste sábado (25), às 10h, em Maringá (PR), será realizada a final da Copa Brasil de Vôlei Masculino, competição que reúne os oito primeiros colocados da primeira fase da Superliga e que garante ao campeão vaga no Campeonato Sulamericano de Clubes. Até o fechamento desta edição não tínhamos os resultados das semifinais, que aconteceram na quinta (23) à noite, também em Maringá. O Cruzeiro, atual campeão mundial e líder da Superliga, fez a semifinal contra o Campinas, enquanto o SESI-SP enfrentou a equipe gaúcha do Canoas. A final será transmitida ao vivo pela Rede Globo.

Estaduais 2014 Começaram no último sábado (18) alguns campeonatos estaduais pelo Brasil. Entre os principais

estão: Campeonato Carioca, Gaúcho, Paulista e a Copa Nordeste, que reúne representantes de todos os estados da região. As novidades dos campeonatos estaduais de 2014 ficam por conta da mudança na fórmula de disputa. Há quem diga que as exigências feitas pelo Bom Senso F.C sobre o calendário já surtiram efeito neste ano, mas o fato é que a redução de datas dos estaduais se deve mesmo à presença da Copa do Mundo no calendário brasileiro. O que fica de reflexão para o torcedor brasileiro é se essas alterações nas fórmulas de disputa vão deixar os campeonatos mais competitivos ou não.

guaios veio à tona nos minutos finais da partida realizada na segunda-feira (20) no Estádio Centenário. Ao todo, nove jogadores foram detidos para prestar depoimento sobre as cenas de pancadaria que protagonizaram e podem pegar penas de até dois anos de prisão.

As meninas do Osasco já são campeãs

Torneio de Verão no Uruguai Torneio disputado no Uruguai sempre no começo do ano, antes do início da temporada, e que já contou com a presença dos dois maiores times mineiros - Cruzeiro e Atlético/MG - teve, neste ano, uma inédita briga generalizada entre os jogadores de Peñarol e Nacional/URU. A rivalidade existente entre os dois times uru-

A edição feminina da Copa Brasil, que também teve suas finais realizadas em Maringá, teve como campeã a equipe de Osasco, atual líder da Superliga. A final foi realizada contra o SESI-SP,

com resultado final de 3 sets a 1 para o Osasco. Com o resultado, ambas equipes se classificaram para o Sulamericano de Clubes, uma vez que Osasco já tinha vaga assegurada por ser a sede da competição.

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Você Sabia

Que o primeiro estádio brasileiro não era bem um estádio? O jogo disputado entre Paulistano e São Paulo Athletic em 1902 foi realizado no Velódromo de São Paulo, que recebia competições ciclísticas desde 1875 e teve suas arquibancadas construídas para a prática futebolística por uma família tradicional paulistana.


16 | esporte

Belo Horizonte, de 24 a 30 de janeiro de 2014

OPINIÃO Cruzeiro

O inesquecível Batata Reprodução

OPINIÃO Atlético Wallace Oliveira O primeiro título continental cruzeirense, em 1976, traz consigo uma triste marca. A 12 de maio daquele ano, pelas semifinais da competição, o Cruzeiro derrotou o Alianza Lima, no Peru, por 4 a 0, numa brilhante partida do ponta Roberto Batata (1949-1976). No dia seguinte, Batata antecipou o retorno a Minas Gerais para ver seu filho de onze meses, na cidade de Três Corações. No percurso pela Rodovia Fernão Dias, um acidente de automóvel lhe roubou a vida, quando ele tinha apenas 26 anos. Ao seu velório, na sede do clube, compareceram milhares de pessoas, entre jogadores e torcedores da Raposa e de outros times, inclusive do Atlético Mineiro. A Federação Mineira declarou luto oficial e suspendeu várias rodadas do campeonato estadual. O funeral parou a cidade.

Sete dias após perder seu camisa sete, a Raposa novamente enfrentou o Alianza Lima pela Libertadores, desta vez no Mineirão. A equipe pactuou jogar para vencer e homenagear o companheiro. Ao fim da partida, vitória do Guerreiro dos Gramados por 7 a 1, com quatro gols de Jairzinho e três de Palhinha. Substituto do Diabo Loiro Natal, Batata estreou no Cruzeiro no dia 20 de janeiro de 1971, num amistoso contra o Peñarol. Atuando pela Raposa em 286 jogos, marcou 125 gols e figura entre os dez maiores artilheiros do clube. Pelo maior de Minas, Batata venceu a Libertadores, que lhe foi dedicada pelos colegas, e quatro campeonatos mineiros, entre 1972 e 1975. Que a memória do guerreiro Batata inspire os nossos atacantes nesta Libertadores.

Divulgação

Rogério Hilário

OPINIÃO América Celeiro de craques Bráulio Siffert O América é um dos times que melhor sabe (ou pelo menos sabia) cuidar de suas categorias de base. Daqui saíram craques como Tostão, Éder Aleixo, Palhinha, Euller, Gilberto Silva e Fred. E são dezenas os títulos dos jovens americanos, com destaque para o Campeonato Brasileiro Sub-20 de 2011. Além disso, há várias escolinhas e parcerias do clube que o futebol como diversão, esporte e inclusão social. Interessante notar que, apesar da importância da competição e da proximidade com o profissionalismo, mesmo dos times campeões, são poucos os que se tornam jo-

Viva a rapaziada

Tostão começou carreira no América

gadores de clubes importantes. A maioria dos jovens jogadores, em virtude de empresários oportunistas, má gestão ou mesmo despreparo, acabam tendo seus desejos interrompidos. Muitos largaram os estudos na ilusão de se tornarem milionários. O futuro sonhado acaba se tornando nebuloso.

“A felicidade do homem é uma felicidade guerreira. Viva a rapaziada, o gênio é uma grande besteira.” Embora discorde da última frase, admiro Oswald de Andrade, o grande, entre tantos articuladores da Semana de Arte Moderna de 1922 – e como os paulistas retrocederam depois de 92 anos. Assim como sou um entusiasta da juventude. Sem, claro, desprezar a experiência, o talento e a sabedoria dos mais velhos (ignoro, olimpicamente, o politicamente correto). Escrevo isso para enaltecer o time de juniores (detesto a denominação sub-20) do Atlético, embora tenha sido eliminado pelo Santos nas semifinais da Copa São Paulo, na última terça-feira. Durante sua passagem pela competição, jogou um futebol de empolgar, fez muitos gols e

encheu os olhos dos torcedores alvinegros. Por isso, não se deve menosprezar os meninos e, sim, valorizar o adversário, atuais campeões do torneio e da Copa do Brasil da categoria. O Galinho também trouxe mais esperança com jogadores como o artilheiro Carlos e o meio-campista Dodô. Cito apenas dois, mas outros têm potencial para serem testados e reforçar o elenco principal do Atlético. Com a desistência das contratações de Rildo e de Elias, os garotos podem conquistar espaço no grupo a ser definido por Paulo Autuori e ganhar oportunidades no Campeonato Mineiro. Falo isso porque, pela lógica, o Atlético vai priorizar a Copa Libertadores, em busca do bicampeonato, deixando o Estadual em segundo plano. O Regional seria o laboratório ideal. E viva a rapaziada.


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