Edição 232 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Saturno entra em quadra “A maior partida do mundo” aconteceu na região Leste de BH Esporte 15

Minas Gerais

UNE

UNE discute política através da cultura Iniciativa dos anos 1960 é exemplo para projeto que rodará universidades do país Cultura 14

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio de 2018 • edição 232 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg

Rafaella Dotta / Brasil de Fato MG

O QUE VOCÊ VAI FAZER SEM O SUS? VOCÊ JÁ FOI NO POSTO TOMAR VACINA E NÃO PAGOU? SUS VOCÊ COME EM RESTAURANTES? VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Aprenda a bloquear ligações de telemarketing Variedades 12

Estudo e literatura pode transformar vida de mulheres em penitenciárias Minas 6

Dirigente popular analisa tentativa de impeachment de Pimentel Entrevista 11

É RESPONSABILIDADE DO SUS JÁ LEVOU ALGUÉM NA UPA? SUS TEM ACESSO A ALIMENTOS? FISCALIZADOS PELO SUS JÁ REPORTOU UM ACIDENTE E RECEBEU A AMBULÂNCIA? SUS HEMODIÁLISE? É EXCLUSIVO DO SUS TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS? EXCLUSIVO DO SUS JÁ TEVE VISITA DE UM AGENTE DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM CASA? SUS BEBE ÁGUA? É FISCALIZADA PELO SUS JÁ PEGOU REMÉDIO NUM POSTO DE SAÚDE? SUS PROPAGANDA DE USO DA CAMISINHA? SUS DISTRIBUIÇÃO DE CAMISINHA E ANTICONCEPCIONAL? SUS TESTAGEM RÁPIDA DE HIV? QUASE SEMPRE SUS DEU POSITIVO PARA HIV E PRECISA DE TRATAMENTO? SÓ TEM NO SUS ANTÍDOTO PARA ANIMAIS PEÇONHENTOS? PRODUZIDO PELO SUS TRATAMENTO DA HANSENÍASE? SÓ PELO SUS TRATAMENTO DA TUBERCULOSE? SÓ PELO SUS MEDICAMENTOS DE ALTO CUSTO PARA ARTRITE REUMATOIDE, CÂNCER? A MAIORIA É PELO SUS I BRASIL 8 E 9


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

Porque querem o impeachment de Pimentel?

Nilson

ESPAÇO DOS LEITORES “O nome de cada um desses calhordas tem que ser publicado no face, pra gente espalhar pro Brasil todo ver, quem são esses vermes!” Vanderlei Lopes comenta a matéria “Deputados que aprovaram reforma trabalhista também votaram ‘sim’ contra Dilma” “Gente pra se ter orgulho! ” Karinna Malacarne Bueno escreveu sobre a entrevista com Marli Beraldo “Se estou desempregada, com baixa escolaridade, vou pra catação”, publicada na edição 231 “É obrigação do Estado garantir moradia, logo, a culpa é de quem?” Karina Pierroti, sobre a matéria publicada no site do BdF “Após desabamento de prédio no centro da capital paulista, entidades temem que vítimas sejam culpabilizadas” “Irei acompanhar aqui de Minas Gerais a rádio. Obrigado por pensar em quem não pode ir” Claudio Luiz comenta a inauguração da radioweb do Brasil de Fato, agora com programação diária. No dia 1º de maio, houve cobertura ao vivo de Curitiba “Essa não vai sair na grande mídia brasileira, uma das piores.” Marcus Machado Gomes comentou o artigo “Imprensa brasileira na segunda divisão”, de João Paulo Cunha

As forças golpistas e conservadoras que tiraram a presidenta Dilma Rousseff avançam em Minas Gerais. O estado possui uma direita ativa que atua para se projetar para as disputas nacionais. Essa direita, liderada pelo PSDB, governou Minas Gerais por muito tempo. Como reação contrária à políticas de choque de gestão e déficit zero, nasceu uma grande aliança das forças populares para romper com esse projeto. A candidatura e eleição para governador de Fernando Pimentel do PT,

Golpe em Minas, retiraria mais direitos em aliança com o PMDB é resultado dessa resistência do povo mineiro. Aécio Neves e Antônio Anastasia deixaram um estado falido. Junta-se a isso um cenário de crise internacional e de golpe em curso no âmbito nacional, com o desmonte do estado brasileiro. Governo federal e estadual passam a confrontar projetos. Para se manter no governo, Fernando Pimentel estabelece amplas alianças com intuito de construir base na Assembleia Legislativa e na sociedade. Por um lado, essas alianças, medidas neoliberais no governo federal, crise econômica e cerco político, e por outro lado, a não aposta na mobilização popular para enfrentar a direita mineira, inviabilizam o avanço no atendimento das demandas populares por parte do governo estadual. Junte-se a isso que ainda no início do mandato, o atual vice-governador, Antônio An-

drade, do PMDB, rompe com o governo indicando que as forças golpistas queriam o controle do estado. Novamente o golpe do impeachment sem embasamento legal A aceitação do pedido de impeachment pela Assembleia Legislativa na semana passada é mais um capítulo dessa disputa política. Alguns elementos influenciaram essa atitude. A oposição prevê uma derrota eleitoral no estado, tendo em vista a crise do PSDB e de Aécio Neves. Querem retomar o controle sobre o estado, buscando o rompimento do PMDB de Minas com o governo estadual. A direita controla em âmbito nacional os meios de comunicação empresariais, o poder legislativo, o executivo nacional e grande parte do judiciário, querem também ter o domínio sobre um importante esta-

Direita reage à provável derrota eleitoral no estado do. Respondem, assim, ao fato de o governo do estado não ter se subordinado à imposição de ajuste do governo federal, que propunha ao estado congelamento de salários, demissão do funcionalismo e privatização de estatais, incluindo a Cemig. As forças populares e democráticas necessitam barrar essa ofensiva golpista, sob risco de, se não o fizer, ver avançar a retirada de direitos, o sucateamento do estado e a defesa de privilégios.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Felipe Marcelino, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Taciana Dutra, Thainá Nogueira. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

No final de abril completou-se um ano que os deputados federais aprovaram a Reforma Trabalhista (Lei 13.467). As novas regras passaram a valer em novembro e mudam uma série de coisas no dia a dia do trabalhador. O Brasil de Fato MG quer saber:

A Reforma Trabalhista já está trazendo consequências à sua vida?

Demais! Principalmente a homologação, que não é mais obrigatório fazer no sindicato, o que prejudica a gente. E também a hora extra, que no meu caso tinha hora extra 100%, agora, que pode fazer banco de horas, está prejudicando muito o funcionário. Andreiwis Jéssica, recepcionista

O que eu tenho notado é que têm sido cortados cada vez mais os recursos no meio estudantil e imagino que para os trabalhadores está ainda pior. Meu pai, por exemplo, estava perto de se aposentar e alongou mais. Já está cansado, tem problema de saúde, não está dando conta de trabalhar mais. Diuaila Talita Nascimento, estudante

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

GERAL

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Declaração da Semana “A ideia de a periferia ocupar o centro sempre foi rejeitada. Um incêndio em uma ocupação em SP, um ‘acidente’ que depois vira um shopping, parque, ou qualquer coisa que gere renda pra algum bacana. Tá severo viu...”

Bazar no sindicato

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Twittou o rapper Rincon Sapiência sobre o desabamento do prédio na capital paulista, ocorrido na madrugada de terça (2). Na ocupação, moravam 150 famílias.

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O Sindicato dos Jornalistas promove, no sábado (12) a partir das 10h, mais uma edição do bazar que, desta vez, homenageia o Dia das Mães. O evento é um espaço onde se pode comprar e trocar de tudo: roupas, acessórios, livros, discos e afeto. Quem quiser vender ou trocar suas peças, é só fazer a inscrição, que custa R$ 20. Jornalistas sindicalizados e em dia não pagam! O endereço é Av. Álvares Cabral, 400, no Centro. A entrada é gratuita. Mais informações pelo telefone (31) 3224-5011.

Saúde de crianças e adolescentes

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Quer dicas de prevenção e saúde no cuidado com os pequenos? A página “Pediatria de A a Z” divulga e explica questões sobre o cotidiano de crianças e adolescentes. Temas como alimentação, crescimento, desenvolvimento e doenças podem ser encontrados em ordem alfabética no portal. O projeto, desenvolvido pelo Departamento de Pediatria da UFMG, tem como objetivo apresentar conceitos do universo pediátrico de forma simples e acessível à população. Acesse facebook. com/pediatriadeaaz.


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CIDADES

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

Um programa de rádio que você escolhe quando ouvir PODCAST Encontro reuniu 30 produtores da mídia em Minas Gerais Reprodução

que em seu podcast traz dicas de cinema e séries. Esta turma toda se reuniu para discutir sobre os desafios para que a mídia se torne mais conhecida pelo grande público. Rodrigo Cornélio, do “Entre Fraldas”, que fala sobre paternidade e infância, ressal-

Marcelo Pereira Especial para o Brasil de Fato

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magina um programa de rádio que você escuta a hora que quiser, sem ter que sintonizar na hora certa. Interessou? Pois saiba que isso existe e atende pelo nome de podcast. A mídia, que existe desde 2004, é um arquivo de áudio distribuído pela internet. Como não há imagem, apenas áudio, o podcast é o companheiro perfeito para ser combinado com alguma outra tarefa que não demanda 100% da sua atenção, como pegar um ônibus, limpar a casa, ou malhar na academia. “Por ser uma mídia relativamente barata para se produzir, podendo-se começar um podcast com equipamentos que a maioria das pessoas já tem, como um celular e um computador, o recurso tem um enorme potencial para a democratização da mídia”, defende

UaiPdod, encontro de ouvintes e podcasters de Minas Gerais, em sua 3ª edição

Amélia Gomes, do Granma Podcast. Existem podcasts dos mais variados assuntos: cinema, literatura, ciência, política, quadrinhos… Aqui em Minas os produtores desse tipo de mídia se reúnem desde 2017 no UaiPod - Encontro de Ouvintes e Podcasters de Minas Gerais, que teve sua terceira edição realizada no dia 28 de abril, em Belo Horizonte. O evento contou com mais de 60 inscritos e 30 diferentes po-

dcasts marcaram presença. Entre eles está o “O Que Assistir”, da jornalista Priscila Armani, que aposta na mídia para se aproximar do seu público: “O podcast estabelece uma relação de cumplicidade grande com os ouvintes. É um conteúdo diferenciado, que vai além do compartilhamento de conhecimentos, como se se estabelecesse uma relação de amizade naquele período do programa em que o ouvinte se engaja com o conteúdo”, ressalta Priscila,

Podcast pode ser uma ferramenta de democratização da comunicação ta a importância da unidade entre os produtores: “o UaiPod não é um evento para fazer propaganda de um podcast específico, mas para divulgar a mídia como um todo. Cabe todo mundo, e tomamos todas as decisões em coletivo. Esse processo é muito rico e tem nos fortalecido”. Ouvintes de podcast costumam criar uma relação

bem próxima com os criadores, sugerindo temas para os episódios, participando de gravações e até mesmo apoiando financeiramente a produção dos programas. A comunidade de ouvintes e produtores ganhou o apelido de podosfera, e seus participantes utilizam as redes sociais para divulgar os programas e eventos. Atualmente, qualquer telefone celular está apto para a reprodução de podcasts, por meio de um aplicativo agregador que possibilita ao ouvinte assinar seu programa favorito e fazer o download assim que novos episódios sejam lançados. Há várias opções de agregadores de podcasts, inclusive apps gratuitos, tanto para Android quanto para IOS. Para quem prefere ouvir no computador, há diversos sites que reúnem podcasts, como Podflix e Youturner.

Prefeitura de Uberlândia é investigada por suposta irregularidade na contratação de serviço de podas de árvores Damas verdes

Julia Cabral

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o passar pelas ruas de Uberlândia algo tem chamado a atenção dos moradores da cidade: as podas drásticas feitas nas árvores. A engenheira agrônoma Maria Alice Vieira, que faz parte do projeto “Damas Verdes”, critica a forma como elas estão sendo feitas. “Essas podas drásticas (quando se retira mais de 30% da copa) estão sendo realizadas tanto fora de época, o que é prejudicial

DEPOIS ANTES

às plantas, quanto de forma incorreta, deixando as plantas mais altas e com maior risco de queda”, afirma. Além

disso o projeto também denuncia a inexistência de laudos técnicos que legitimem as podas.

O vereador Adriano Zago (MDB) entrou com uma representação no Ministério Público denunciando as práticas prejudiciais ao meio ambiente e aos cofres públicos. Segundo o documento, o aumento desenfreado das podas poderia ocorrer para “legitimar uma demanda e justificar o aumento de 200% no valor do contrato com a empresa responsável por dar destinação à biomassa resultante das supressões e podas”. As empresas responsáveis

pela destinação constituem o Consórcio Verde, vencedor do processo licitatório que foi iniciado a partir de um contrato de prestação de serviço de R$ 890 mil por ano, alterando o valor em 2017 para R$ 2,9 milhões por ano. Segundo o inquérito, o Ministério Público entendeu que são necessárias novas provas e documentos. Entramos em contato com a Prefeitura de Uberlândia, mas até o fechamento da matéria não obtivemos retorno.


Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

MINAS

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Opinião

Corpos que incomodam merecem o fogo João Paulo Cunha A história da expansão e ocupação de áreas centrais das cidades no Brasil é um conto de horror. As pessoas foram retiradas de suas casas, expulsas para a periferia cada vez mais distante, consideradas estrangeiras em sua própria terra. Pelo menos, na medida do possível, as vidas eram respeitadas. Os habitantes de cortiços e casas em regiões valorizadas eram despejados antes que chegassem “os homens com as ferramentas que o dono mandou derrubar”, como registrou Adoniran Barbosa em “Saudosa maloca”. Hoje, as moradias são postas abaixo, a ferro e fogo, sem que seus habitantes sejam retirados. A maneira como essa operação se dá pouco importa. Não é um acaso que depois de dezenas de favelas incendiadas o mesmo destino chegue a um prédio na região central de São Paulo. O fogo que destrói é o mesmo que “purifica” o terreno, limpando a área para a especulação imobiliária. O que se deve escutar a partir de agora é a defesa da

desocupação rápida de outros prédios, para evitar o mesmo destino trágico. O incêndio e queda do edifício no Largo do Paissandu é mais um capítulo dessa história. Ele expressa, ao mesmo tempo, a ca-

A cidade se tornou negócio que nega o direito à moradia rência de moradias dignas para as famílias de trabalhadores, a política de exclusão, a incapacidade do Estado em cumprir suas obrigações – da garantia de habitação como direito à responsabilidade pela segurança das edificações –, a derrocada de projetos consistentes de ocupação urbana e a criminalização dos movimentos populares. Na história da colonização das cidades brasileiras, o BNH se tornou o símbolo des-

se processo de exclusão programada. Depois de despejados, cabia aos renegados da cidade comprar suas unidades habitacionais (seria muito falar de casa ou lar) em locais cada vez mais distantes, na não-cidade, mesmo que ganhassem o nome de Cidade de Deus. A lógica era claríssima: seus corpos eram uma barreira para a definição higiênica e racista de cidade que se construía com a inspiração da modernidade. Distantes dos olhos, seus problemas passavam a ser caso de polícia. Não por acaso, poucas décadas depois, as chamadas UPPs – intervenções de natureza policialesca – foram vendidas como um projeto social de inclusão. Ficar vivo era lucro. Há uma tradição que defende que a cidade é um direito. Outra, cada vez mais dominante, afirma que a cidade é uma oportunidade de negócio. É o que o fogo no coração de São Paulo ilumina. O mais sombrio das nossas almas caridosas.

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MINAS

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

Algemas e poemas: uma escola de dentro do presídio LIBERTAÇÃO Leia mais sobre a vontade de quem encontrou nos estudos uma forma de crescer, mesmo com tantos obstáculos Rafaella Dotta / Brasil de Fato MG

Rafaella Dotta

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uita árvore, rio e até macaquinhos fazem parte do que as mulheres presas podem ver, mas não tocar. As detentas estão na penitenciária feminina José Abranches, construída na margem da BR 040 em uma antiga fazenda de Ribeirão das Neves. O clima é tranquilo, mas não deixa de ser uma prisão. No meio das grades, as detentas arranjaram um lugar para homenagear a famosa escritora Clarice Lispector. Este é o nome da biblioteca da Escola Estadual Nossa Senhora das Graças, que funciona dentro do presídio. A homenagem foi resultado do projeto “Poetisa do Meu Eu”, que se transformou na “menina dos olhos” da escola. Uma pasta com dezenas de poemas que as alunas escreveram e fotos delas fica em cima da mesa da direto-

-se a pedagoga Rejane Cândido.

Foi um orgulho pra minha família”, diz detenta aprovada no ENEM ria, pronta para se transformar em livro. “Os poemas falam da vida delas. À medida que foram recitando, a alma parece que veio junto, porque a poesia faz isso com as pessoas. Não tem jeito de não chorar”, ri e emociona-

“Aqui eles me abraçam” A diretora da escola, Renata Alves da Silva, lembra que a escola dá também educação formal para as alunas. São seis cômodos com grades, em que funcionam seis turmas dos anos iniciais ao ensino médio. Professores e alunas ficam dentro das salas e são vigiados por agentes penitenciários. Ao terminar o ensino médio, todas são inscritas na prova do ENEM.

Foi assim com Sinara Gonçalves Santos. Depois de 13 anos sem estudar, ela terminou o ensino médio dentro da penitenciária e foi aprovada no ENEM de 2017. Hoje estuda administração à distância na PUC Minas. “É gratificante! Foi um orgulho para minha família ver que eu realmente queria mudança, que realmente eu tenho capacidade”, conta. Sinara reconhece que a escola ajuda também no seu estado psicológico e na sua verdadeira ressocialização. O carinho e o tratamento que os professores dão a ela é de aluna e não de detenta, diz. “Aqui eles me abraçam, a bibliotecária me dá um bom dia”, descreve. Ela já cumpriu dois anos e sete meses de regime fechado e deve evoluir para o regime semiaberto no mês que vem. Pela primeira vez, Sinara vai comemorar o aniversário da filha junto dela.

A escola e a cadeia superlotada EBC

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penitenciária tem hoje 272 presas para um lugar que comportaria 126. Em dezembro, no auge de uma reorganização do sistema, o local chegou a receber 350 mulheres. Segundo Elaine Lopes Coelho, diretora geral do presídio, o pico da superlotação passou, mas acontece agora uma mudança no perfil da instituição. Antes, 90% das detentas eram já condenadas, hoje o número se inverteu e 90% são presas provisórias. Assim que são condenadas, as detentas são transferidas a outra penitenciária.

Em 10 anos:

aumento de 500% de mulheres presas

Renata, diretora da escola, conta que mesmo com situação incerta, as detentas continuam querendo se matricular. Há 54 mulheres esperando aprovação para estudar “e mais um bolo de pedi-

dos do mesmo tamanho que não conseguimos ainda listar”, anima-se Renata. Quando comento que vai ter mais alunas do que a escola comporta, ela glorifica: “Se Deus quiser!”

Relatório do Departamento Penitenciário Nacional mostra que em 2005 Minas Gerais tinha 611 mulheres encarceradas, passando para 3.279 em 2016. Em 2007, o aumento foi de 317%, em apenas um ano. O número de presas provisórias também cresceu. Em 2005, MG tinha 148 presas sem condenação, em 2016 passou para 1832.

Congresso do Povo já começou em Sete Lagoas O Congresso do Povo segue com força por todo o Brasil. Em Minas, já são mais de 50 municípios participantes. Sete Lagoas realizou, no dia 1º de maio, sua formação de formadores, reunindo mais de 80 pessoas de 12 municípios. A ideia de agregar municípios partiu de uma conversa entre a professora e conselheira do Sindi-UTE Flávia Lúcia Saturnino e do presidente do PT da cidade, José Arimatéia Rabelo, ambos da Frente Brasil Popular de Sete Lagoas, que Flávia ajudou a fundar. Eles fizeram contatos com representantes de diversas entidades. Os participantes foram separados em grupos por municípios, que debateram a metodologia para multiplicar a atividade. Flávia destaca: “todos os grupos manifestaram o consenso de que querem uma forma de governo diferente, que olhe para o social”. Foram agendados dois congressos municipais. Um em Sete Lagoas, no dia 19 de maio. E outro, no Assentamento Resistência, em Funilândia no dia 26. E ainda, o compromisso de cada participante multiplicar a iniciativa, trazendo mais pessoas a cada atividade. Mais informações em facebook.com/frentebrasilpopularmg


Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018 AVN

OPINIÃO

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Thiago Alves

A lama da Samarco e o crime que se renova

Venezuela promete derrotar guerra econômica Faltando exatamente 19 dias para as eleições presidenciais do país, o Dia do Trabalhador foi comemorado na Venezuela com a presença de mais de 50 mil pessoas nas ruas da capital Caracas. A participação massiva de trabalhadores, movimentos e organizações sociais nas ruas da capital demonstrou que o “chavismo” segue forte. A boa presença de público demonstrou também o respaldo político de Nicolás Maduro que, segundo pesquisas de opinião, possui mais de 50% das intenções de voto para presidente. Nicolás Maduro agradeceu a presença dos trabalhadores e felicitou-os por seu dia. “Hoje é o dia dos que produzem, dos que criam e sustentam com suas próprias mãos a pátria”, disse o presidente. O mandatário venezuelano recordou que na comemoração do dia dos trabalhadores do ano passado, o país vivia um cenário de guerra devido à ação de grupos terroristas de extrema direita, conhecidos como “guarimbeiros”. Como saída para conquistar a paz, o presidente recordou que exatamente há um ano foi anunciada a convocação do poder constituinte ori- Sanções ginário para eleger uma assembleia nacional cons- econômicas dos tituinte. Maduro ressaltou ainda que a participação EUA criam crise popular derrotou a violência das guarimbas. O presidente aproveitou a oportunidade para fir- na Venezuela mar outro compromisso: a recuperação econômica do país. “Hoje lhes digo que me deem seu apoio no dia 20 de maio e derrotarei a guerra econômica”, disse Maduro. Atualmente a Venezuela sofre uma grave crise econômica, fruto das sanções e bloqueios financeiros impostos pelos EUA e União Europeia. Nicolás Maduro enviou uma saudação fraterna ao ex-presidente Lula e um abraço solidário à classe trabalhadora brasileira e argentina que se encontram em luta contra governos neoliberais. Caio Clímaco é cientista do Estado e mestrando em Ciencias para el Desarrollo Estrategico na Universidad Bolivariana de Venezuela (UBV).

Thiago Alves é jornalista e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB MG.

ACOMPANHANDO

Caio Clímaco

Os 60 milhões de m³ de lixo das minerações da Vale e da Samarco, derramados em mais de 620 km de cursos de águas entre Bento Rodrigues e Linhares, no Espírito Santo, ainda provocam preocupações e problemas. Em Mariana, famílias ainda aguardam reassentamentos que a empresa admite só ficarem prontos em 2020. A Fundação Renova, braço político e publicitário das mineradoras, dificulta a reparação multiplicando reuniões e repetindo vistorias que em nada resultam. Em toda a bacia, o Programa de Indenização Mediado – PIM avança como forma de as mineradoras negarem direitos impondo regras fraudulentas. Para ser reconhecido, o atingido deve morar a no máximo 1km do Rio Doce. Além disso, exigem confidencialidade e a assinatura de um termo de quitação total dos danos. Há milhares de famílias que tiveram seu trabalho e sua renda atingidos pela lama, mas não são reconhecidos. Como é o caso dos mais de 13 mil pescadores da bacia, a maioria sem acesso ao cartão subsistência. Passados 36 meses do crime, grandes e pequenas cidades enfrentam problemas diários com o abastecimento da água tratada. Exames recém realizados apontam que a lama é responsável por adoecimentos e contaminações por níquel, zinco e arsênio. Enquanto isso, a Samarco, O crime da a Vale e a BHP Billiton encon- Samarco é tram facilidades no Poder Ju- atualizado todos diciário com a sua Ação Pe- os dias nal praticamente paralisada na Vara Federal em Ponte Nova, fechando acordos amistosos com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O crime da Samarco é atualizado todos os dias, restando somente a força popular organizada e animada pela solidariedade, a esperança e a luta.

Na edição 231.... Repressão aos professores mineiros lembra episódio da ditadura E agora... Três setores da educação de Minas Gerais estão em greve ou protestos Profissionais das escolas estaduais pressionam que deputados aprovem uma lei que obriga o governador a pagar o piso salarial, através da PEC 49. Na capital, as escolas de educação infantil continuam em greve. Os servidores reivindicam o mesmo salário dos professores de ensino fundamental. No setor particular, cerca de 70 escolas também estão paralisadas. Professores pedem reajuste e não aceitam a retirada de direitos, como a exclusão de intervalo e diminuição do pagamento de trabalho extraclasse.


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BRASIL

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

SUS: saúde como direito, não mercadoria ATAQUE Em 2018, o Sistema Único de Saúde completa 30 anos e especialistas avaliam o seu legado. Garantia de saúde gratuita para todos está sob risco Francisco Campos e Julyane Galvão / Ses

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)

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onsiderada uma das maiores conquistas da Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) completa 30 anos neste ano, com o imenso desafio de universalizar o acesso gratuito à saúde para a população. Os números impressionam. O SUS é a opção prioritária para cerca de 165 milhões de brasileiros, que dependem diretamente desse sistema para o acesso à saúde, mas está disponível, indistintamente, ao conjunto dos 205 milhões de habitantes do país, inclusive aqueles 47 milhões que possuem al-

O SUS é a opção prioritária para cerca de 165 milhões de brasileiros”

O SUS não veio do Estado, de governos, mas da sociedade civil, dos movimentos sociais que combateram uma ditadura de 21 anos”, diz professor

gum plano privado. Ao todo, são 330 mil leitos, 12 milhões de internações e 4,3 bilhões de procedimentos ambulatoriais já realizados. Nem todo mundo se dá conta, mas a maioria dos tratamentos de alta complexidade, como câncer, AIDS, hemodiálise, são feitos pela rede pública. O programa nacional de vacinação também

é considerado um dos maiores avanços dos SUS, já que garante acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Em torno de 78% da população depende do SUS. Se o SUS não existisse, a saúde seria um direito apenas de quem pode pagar”, afirma o médico Artur Chioro, ex-minis-

tro do governo Dilma Rousseff, em recente entrevista para a TVT. Para o professor Jairnilson Paim, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o SUS “não é apenas uma sigla”. “Ele traz valores muito caros para a nossa civilização: valor da igualdade, da emancipação, do atendimento para todos. A democracia como valor universal”. Paim, que participou do processo de debate para a configuração do SUS na

Constituição Federal, lembra que esse modelo é uma conquista da sociedade. “O SUS nasceu da sociedade civil, dos movimentos sociais que combateram uma ditadura de 21 anos, dos estudantes, das donas de casa, das igrejas, dos sindicatos, dos bairros, dos professores, dos profissionais e trabalhadores da saúde”, ressaltou, em palestra no encontro do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass). O presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gastão Wagner de Sousa Campos, afirma que a ideia de eficiência e eficácia no atendimento à saúde é uma característica dos sistemas universais gratuitos. “A atenção primária, a prevenção com clínica, o trabalho multiprofissional, e não apenas médico, tudo isso foi consolidado nos sistemas universais de saúde, trazendo eficiência, com menor custo, muito menor do que o do mercado privado”, afirma.

Com governo Temer, saúde como direito está ameaçada RETROCESSO Há estimativa de redução do orçamento do SUS em R$ 40 bilhões Governo do Maranhão

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pesar de um histórico de avanços do SUS, as políticas públicas de saúde são desaprovadas por 85% da população, segundo pesquisa CNI/Ibope recente. Esse cenário abre caminho para a deslegitimação desse modelo em direção a um

Orçamento do SUS está congelado por 20 anos

gradual processo de privatização dos serviços de saúde. “Está havendo uma radicalização dos processos de privatização e financeiri-

zação do sistema de saúde no Brasil”, afirma Jairnilson Paim, da UFBA. Ele lembra, por exemplo, o grave desmonte da saú-

de pública no Brasil imposto pelo governo de Michel Temer, especialmente após a aprovação da Emenda Constitucional (EC) 95/2016, que congela os gastos públicos por 20 anos no país, incluindo com saúde e educação. Uma estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, aponta que o país pode perder, em duas décadas, um total de R$ 745 bilhões em recursos para o setor. “Esses cortes orçamentários e as restrições, sendo que o mais escandaloso é EC 95, constitucionaliza o subfi-

nanciamento do SUS. Nem a ditadura do Pinochet fez isso no Chile”, critica. Arthur Chiro, ex-ministro da Saúde, disse em entrevista à TVT que há uma estimativa de redução de mais de R$ 40 bilhões no orçamento da saúde já para os próximos anos. “Estamos vendo a desestruturação da atenção básica, o desmonte do programa Farmácia Popular, a fragilização da Vigilância Sanitária. Este ano já teremos menos recursos que em 2017, que já foi um ano de recursos insuficientes”, explica.


Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

Porque o SUS é importante para todos Governo do Rio de Janeiro

BRASIL

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Protestos de 1° de maio pedem liberdade de Lula’

Mídia NINJA

Transplantes

Vacinação

Também é do SUS o maior programa de transplantes de órgãos do mundo. Em 2016, mais de 90% dos transplantes realizados no Brasil foram financiados pelo Sistema Único de Saúde. Os pacientes possuem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.

Reconhecido internacionalmente, o Programa Nacional de Imunização (PNI), responsável por 98% do mercado de vacinas do país, garante à população acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Mais Médicos O Programa garantiu a contratação de mais de 18 mil médicos que atuam em 4.058 municípios (73% dos municípios brasileiros) e nos 34 distritos de saúde indígenas, enfrentando o problema crônico de sistema de saúde, que é a ausência de médicos nas regiões periféricas e nas mais remotas do país. O programa vem garantindo atendimento a 63 milhões de brasileiros que não contavam com assistência médica perto de casa.

SAMU O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192), conhecido dos brasileiros, é outro dos serviços oferecidos de forma gratuita pelo SUS. O objetivo é garantir pronto atendimento pré-hospitalar em situações de emergência, como acidentes de carro, por exemplo. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, o SAMU atende a 75% da população brasileira: 149,9 milhões habitantes, distribuídos em 2,9 mil municípios em todo o território nacional.

Tratamento de portadores de HIV O SUS oferece assistência integral e totalmente gratuita para a população portadora do vírus HIV, que pode levar à Aids, que inclui o fornecimento de 22 medicamentos antirretrovirais, 151 serviços de 115 municípios com mais de 100 mil habitantes. No eixo da prevenção, o Ministério da Saúde oferece distribuição de preservativos gratuitamente e tratamento pós-exposição ao HIV, a chamada PEP.

Tratamento de doenças renais, hanseníase e tuberculose Atualmente, dos cerca de 100 mil doentes renais crônicos que precisam de tratamento de Terapia Renal Substitutiva (hemodiálise) no país, 85% deles são assistidos exclusivamente pelo SUS, de forma gratuita. O tratamento da hanseníase, que dura de 6 a 12 meses, também pode ser feito de forma gratuita pelo SUS em todo o país. O mesmo ocorre com pacientes com tuberculose, que, além do tratamento, tem a vacina BCG disponível para crianças, como forma de prevenção.

No Brasil e exterior aconteceram diversos atos em defesa do ex-presidente Lula. Em Curitiba, 30 mil pessoas marcharam até a Superintendência da Polícia Federal. As comemorações uniram as sete centrais sindicais e diversos movimentos populares. Investigações muito lentas Centenas de pessoas continuam acampadas em frente à Polícia Federal, onde Lula está preso desde 7 de abril. Elas foram atacadas a tiros na madrugada de 28 de abril, sábado, e um homem foi baleado no pescoço, mas não corre risco de morrer. Peritos da Secretaria de Segurança Pública do Paraná afirmam que os tiros vieram de uma pistola 9 mm, mas ainda não sabem a autoria. Já sobre o atentado aos ônibus da caravana de Lula, em março, o avanço na investigação é ainda menor. Em 2 de maio, a Polícia Civil afirmou que o disparo foi “intencional”. Ou seja, a pessoa teve a intenção de atingir a comitiva ou o próprio ex-presidente.


10 10

MUNDO

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

Em um cenário conturbado, eleições do México acontecem em 1º de julho DESAFIO Processo eleitoral tem influência de cartéis de drogas, militares e também de organizações dos EUA Reprodução

Da redação*

O

s mexicanos vão às urnas para definir o próximo presidente no dia 1º de julho. O país está em campanha eleitoral desde o começo de abril, processo que acontece em meio à alta taxa de violência provocada pelos cartéis de drogas, o radicalismo político de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e a militarização da polícia. São quatro os principais candidatos na disputa: Andrés Manuel López Obrador, do partido Movimento de Regeneração Nacional (Morena); Ricardo Anaya, do Partido Nacional (PAN); José Antonio Meade, que se apresenta como candidato sem partido mas conta com o apoio de algumas organiza-

ções políticas; e Maria Rita Zavala, candidata independente, esposa do ex-presidente Felipe Calderón. Quem lidera as intenções de voto é López Obrador, de centro-esquerda, que pertence a uma coalizão composta pelo seu partido e pelo Partido do Trabalhador (PT), além de uma legenda evangélica de extrema-di-

Em 12 anos foram assassinadas cerca de 280 mil pessoas e 32 mil estão desaparecidas no país

reita, o Partido Encontro Social (PES). Em outros anos, López Obrador também se candidatou e liderou as pesquisas de voto durante as campanhas, mas não foi eleito.

fabricação de heroína. Em 2018, o debate da militarização voltou a aparecer na política nacional, mas nenhum dos quatro principais candidatos enfrentou o tema.

Coação Por conta do crime organizado e da militarização da polícia, medida de Felipe Calderón iniciada em 2006, o cenário do México é de extrema violência. De acordo com os dados do governo, após 12 anos de guerra foram assassinadas cerca de 280 mil pessoas e 32 mil estão desaparecidas. Mesmo com o modelo de polícia vigente, o narcotráfico não foi combatido. O país é hoje um dos maiores produtores mundiais da papoula, a matéria-prima usada na

Mais mortes Desde o início da temporada eleitoral, em setembro do ano passado, pelo menos 82 candidatos foram mortos. Eles eram de diversos partidos políticos, grandes e pequenos, e a maioria disputava cargos locais, como o de prefeito. Nas eleições do país, além dos partidos políticos, os cartéis de drogas, meios de comunicação, bancos internacionais e diferentes organizações dos EUA possuem peso decisivo. (*Com informações de Fania Rodrigues)

Trabalhadores da África do Sul saem às ruas contra reforma trabalhista DIREITOS Protestos questionam medidas que podem enfraquecer manifestações e manter salário mínimo abaixo da linha da pobreza Vashna Jagarnath

Da redação

M

ais de 80 mil trabalhadores da África do Sul cruzaram os braços em protesto contra um pacote de reformas do governo que, entre outras ações, pretende manter o salário mínimo abaixo da linha da pobreza. A proposta é que os sul-africanos trabalhem por 20 randes por hora, o que equivale a cerca de R$ 5. De acordo com a Federação Sul-Africana de Sindicatos (South African Federation

of Trade Unions – SAFTU), o território tem um dos maiores históricos de desigualdade no mundo, no qual 10% da população ganha mais de

50% da renda familiar do país e 20% ganham menos do que 1,5%. Durante a greve, que foi realizada em diversas cidades na

última semana, os manifestantes marcharam em direção a órgãos governamentais e instituições públicas. Na Cidade do Cabo, o ato teve como alvo a prefeitura e a sede do parlamento, e em Joanesburgo o objetivo foi chegar até as secretarias do trabalho. Outra pauta foi o direito à manifestação, já que as emendas também podem dificultar a organização de sindicatos e movimentos populares. A organização está em campanha por toda a África do Sul

para pressionar o governo e o Ministério do Trabalho para que não aprovem as novas leis trabalhistas. A entidade prevê, inclusive, que o número de processos jurídicos movidos pelos trabalhadores contra as empresas deve aumentar. Atualmente, o órgão responsável por esse tipo de procedimento, a Comissão de Conciliação, Mediação e Arbitragem (Commission for Conciliation, Mediation and Arbitration – CCMA), recebe em média 745 casos por dia.


Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

ENTREVISTA 11

“A iniciativa de tentar derrubar o governador é uma reprodução do golpe nacional” POLÍTICA Dirigente da Frente Brasil Popular analisa pedido de processo de impeachment em Minas Wallace Oliveira

N

a última semana, antes de anunciar que teria candidato próprio ao governo do estado, o MDB, partido de Temer e do vice-governador Antônio Andrade, participou de uma articulação para tentar derrubar Fernando Pimentel. De acordo com denúncia feita pelo advogado Mariel Márley Marra e aceita pela Assembleia Legislativa, Pimentel deixou de repassar recursos ao Legislativo, prefeituras e advogados

O governador tem que avançar em suas políticas, mas é o governo que elegemos e, por isso, é com ele que queremos brigar” do estado. O governo aponta as crises financeira e política como motivo para atrasos. O andamento da denúncia foi temporariamente suspenso, atendendo à questão de ordem dos deputados Durval Ângelo e Rogério Correia (PT). Nesta entrevista, Sílvio Neto, dirigente do MST e integrante da Frente Brasil Popular, analisa a possiblidade do impeachment e a avalia como uma tentativa de reproduzir em Minas o golpe dado há dois anos contra a presidenta Dilma Rousseff. Brasil de Fato – Na sua análise, o que levou a Assembleia Legislativa a aceitar o pedido de impeachment do Pimentel?

Frei Gilvander

cuito econômico, provocado por uma política equivocada dos tucanos. Em segundo lugar, há uma crise econômica internacional, que afeta especialmente Minas Gerais, que tem uma economia dependente das exportações de commodities. Porém, isso não fundamenta a ideia de que houve crime de responsabilidade, assim como não Sílvio Netto: “É um governo contraditório, mas com ações importantes” se justifica a denúncia feita Sílvio Netto – A conjuntura rante anos o projeto tuca- há dois anos de pedalada fisde Minas não está descolada no, que manteve interesses cal contra Dilma. São argudo momento que estamos vi- das mineradoras, siderúrgi- mentos infundados. Por isso, vendo nos níveis nacional e cas, agronegócio. Para fazer essa iniciativa de tentar derinternacional. Há uma crise essa disputa, uma parcela do rubar o governador é uma reeconômica diante da qual os PMDB fez essa aliança com o produção do golpe nacional. recursos do Estado são dis- PT e, consequentemente, geputados entre as elites e os rou esse governo de superamais pobres, os trabalhado- ção do pesadelo que Minas res, o povo brasileiro. Foi isso viveu. Agora, a aliança que o que motivou o golpe, com próximo governo tem que fa- A presidenta Dila retirada, há dois anos, da zer é com as organizações poma é acolhida pepresidenta eleita pela maio- pulares, com as iniciativas de ria dos brasileiros. Passados constituição de um projeto los movimentos dois anos do golpe nacional, democrático e popular. da Frente Brasil a parcela do MDB que reprePopular para parsenta os interesses das eliticipar dessa distes propõe a retirada do goputa em 2018” verno que elegemos em MiA aliança que o nas para desgastar uma possível reeleição e se apropriar próximo governo Nesse processo, qual o pado governo para manter pri- de Minas Gerais pel da transferência de tívilégios. tulo da presidenta Dilma

tem que fazer é com as organizações populares”

Há uma crise econômica diante da qual os recursos do Estado são disputados entre as elites e os mais pobres A aliança do governo com o MDB foi um erro?

Foi algo necessário para o enfrentamento ao projeto extremamente nefasto que o povo mineiro suportou du-

O processo de impeachment cita atrasos de repasses para municípios e a Assembleia Legislativa. O governo afirma que pegou o estado quebrado pela gestão tucana. Isso pode ter a ver também com o problema da arrecadação, por conta da crise?

Precisamos ter um entendimento sobre três elementos. Primeiro, de fato, o atual governo entrou um curto-cir-

para Minas, a fim de ser candidata ao Senado?

A presidenta Dilma é acolhida pelos movimentos da Frente Brasil Popular para participar dessa disputa em 2018. O povo sabe que foi golpe, que ela é uma mulher injustiçada. Uma parcela mais conservadora sabe a força que tiveram os governos Lula e Dilma na melhoria de vida do conjunto do povo mineiro. Por isso, têm feito essa birra toda para inibir uma ação positiva do Partido dos Trabalhadores para trazer Dilma para o cenário estadual, contrapondo-se a manobras.

O governo teve uma postura avançada em algumas áreas, como no acerto de contas. Por outro lado, tem sido muito criticado em outros campos, enfrentou uma greve importante na educação e tenta privatizar a Codemig. Como a Frente Brasil Popular avalia esse governo?

É um governo contraditório. Porém, é importante entender que existem iniciativas importantes para o povo mineiro. A criação da Secretaria do Desenvolvimento Agrário mostra uma disposição do governo em pagar uma dívida histórica com os camponeses. A Secretaria de Direitos Humanos é um avanço importante, para que possamos reivindicar diversas demandas vinculadas aos direitos fundamentais do povo mineiro. O governo é fruto de uma correlação de forças. Só a aliança com o povo vai permitir que o governo supere essas contradições. A Frente Brasil Popular se posicionou contra o golpe em Minas. Nesta semana, porém, a tramitação do processo foi paralisada. Como a Frente se posiciona a partir de agora?

Aqui em Minas, fizemos grandes enfrentamentos para derrotar os governos tucanos e garantir desapropriações de terras, o acordo do piso da educação e que as ruas se mantivessem ocupadas pelos trabalhadores. Toda essa força vai ser canalizada em um combate aos deputados golpistas que ousarem tentar mexer com a democracia mineira. Reforçamos que o governador tem que avançar em suas políticas, mas é o governo que elegemos e é com ele que queremos brigar.


12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

BAFAFÁ NOVA NOVELA É CRITICADA POR AUSÊNCIA DE NEGROS Reprodução

Amiga da Saúde Meu pai tem pressão alta e vai sempre ao médico. Observo que ele toma os remédios direitinho, mas está sempre com a pressão descontrolada. Toda vez que mede está alta. O que fazemos? Maria Clara, 29 anos, esteticista.

A pressão alta (hipertensão arterial) é uma doença que pode sofrer influência de vários fatores. Um dos mais importantes é a alimentação. Muitos produtos industrializados contêm sal ou derivados dele. É importante verificar sempre no rótulo: tudo que tem sódio vai aumentar a pressão. Os temperos industrializados (tipo sazon, caldo knor, molhos prontos, etc) são os piores por conter uma substância chaNem chegou a estrear e a nova novela das nove já tem provocado polêmica. Para quem anda vendo as chamadas para “Segundo sol” trama que será ambientada na Bahia - perceberá a ausência de atores negros, no estado com a maior população negra do país. Segundo dados do IBGE divulgados em 2013, 76% dos baianos se declaram pretos ou pardos. No entanto, dos 26 atores que participam do folhetim, apenas três são negros. Na última semana, surgiram vídeos na internet ironizando a escalação do elenco. Um deles, da página “Trick Tudo”, por 76% dos baianos exemplo, criou um álbum intitulado são pretos e “Eu poderia estar na novela Segundo pardos, mas na Sol”, que reúne fotos de 53 artistas nenovela que vai se gros que já trabalharam em tramas da Globo, mostrando que há sim grandes passar na Bahia, atores negros no elenco da emissora. apenas 10% são “Segundo Sol” é escrita por João negros Emanuel Carneiro, autor do grande sucesso “Avenida Brasil”. Na nova novela, os protagonistas (todos brancos) serão interpretados por Emílio Dantas, Vladimir Brichta, Giovanna Antonelli, Adriana Esteves e José de Abreu. Esses dois últimos são queridos pelo autor, que aposta (e provavelmente com razão) que Adriana Esteves, no papel de mais uma vilã, repetirá o sucesso da inesquecível Carminha. E “O outro lado do paraíso” já vai se despedindo do público, com seus últimos capítulos e a vingança final da mocinha Clara (Bianca Bin) contra a megera e assassina das tesouradas Sophia (Marieta Severo). Na novela, que teve seus altos e baixos, merecem destaque dois núcleos: o da vidente Mercedes (Fernanda Montenegro) que formou um casal com Josafá (Lima Duarte) e o bordel de Pedra Santa, com as meninas e Dona Caetana (Laura Cardoso). O romance principal da trama Clara com Gael (Sérgio Guizé) ficou meio perdido e tumultuado. Mesmo assim, a novela segurou a audiência do horário e garantiu boas emoções para os telespectadores. E você, o que achou?

*Felipe Marcelino é professor de filosofia.

mada glutamato monossódico, que é pior que o sal. Estes devem ser cortados da alimentação. Os temperos naturais como alho, cebola e ervas são liberados. Outros fatores, como o excesso de peso, sedentarismo e o estresse podem piorar os índices da pressão arterial. Veja se não é o caso dele e procurem ajudá-lo a cultivar hábitos de vida saudáveis, isso beneficiará seu controle da pressão.

Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

Nossos direitos Bloqueio de ligações de telemarketing Quem nunca perdeu a paciência recebendo insistentes ligações e mensagens de telemarketing oferecendo produtos e serviços? Sabendo que estas ligações são bastante incômodas e violam os direitos dos consumidores, o Ministério Público de Minas Gerais, juntamente com o Procon-MG, criaram um sistema para bloquear o recebimento de telemarketing! Assim, caso você não queira mais recebê-las, basta cadastrar seus números de telefones fixo e/

ou móvel no Sistema de “Bloqueio de Telemarketing”, acessando página: https://aplicacao.mpmg. mp.br/proconbloqueio/ Esse é um serviço gratuito e válido por um ano. Ao final desse período, o sistema enviará alerta para o e-mail do usuário informando a necessidade de revalidação do cadastro. A empresa que não respeitar a vontade do consumidor ficará sujeita à multa e à suspensão temporária de suas atividades em casos de reincidência.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares - RENAP


Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

13 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas RISOTO DE TOMATE Reprodução

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Dente próprio para triturar (pl.) Atributo culturalmente associado ao inglês

Livro das Revelações (Bíb.) Concede

"Sex (?) the City", série dos EUA (TV)

Acessório que identifica o xerife (?) cardíacas: são a principal causa de mortes no mundo Orientação (bras.)

Situação que faz com que políticos recuem em seus intentos Ficam sem a posse de

Tira a roupa (de outrem) Confusão (pop.) Home (?), jogada do beisebol

Russell Crowe, ator neozelandês Dispositivo intrauterino Alpinista

Topo Zombaria através do telefone

(?) a sorte, finalidade de amuletos

Apreciadores da arte de comer bem

© Revistas COQUETEL

"Amor à (?)": a primeira telenovela da Globo a exibir um beijo gay (2014) O menor e mais raso dos oceanos

Marca de (?): status da Cruz de Santo André durante a Inquisição (Hist.)

O fim de quem ama (Vinicius)

(?) Défense, distrito de Paris

"Nacional", em PNB (Econ.)

A Região mais fria do Brasil (abrev.)

3 tomates maduros 1 cebola picadinha 100 g de manteiga sem sal 2 xícaras de arroz para risoto 1 xícara de vinho branco seco Caldo de galinha

Intervalo entre dois apoios de uma ponte

Modo de preparo

Substituem o "l" no plural de "qualquer"

Membro de voo Idade, em inglês

1. No liquidificador, bata os 3 tomates, coe e reserve

Leilão; arrematamento

2. Em outra panela, refogue a cebola em 1 colher (sopa) de manteiga em fogo médio, até ficar transparente. Acrescente

"(?) tem...", insinuação maldosa

Tritura até reduzir a pó (?) Bull Racing, escuderia da F1 Área de atuação do compositor de jingles

Ingredientes

Magneto natural Lao-(?), filósofo

o arroz e frite por três minutos Mise-(?)scene: encenação (fig.)

3. Adicione o vinho e mexa até evaporar 4. Aumente a chama. Despeje o caldo aos poucos, conforme for secando, mexendo sempre para não grudar no fundo.

2/en — la. 3/age — and — red — run. 5/hasta. 7/infâmia.

33

Solução S O L I D Ã P R O

A P O D N A T U G A L D I D A D R E

M O L A R E S

C A O R T A I C T R O O T I E N F C A M M I P A

V L I P D E A R R D U M E N O M N N T I Ç A S N H A O I S E T G A N

I U S O S Ã Ã V O N A GE S TA A I V D A R

C

R S E S PE

BANCO

O risoto deve ficar cremoso, com os grãos cozidos, mas al dente. Entre uma concha e outra, acrescente o tomate batido reservado e o extrato de tomate 5. Desligue o fogo. Junte a manteiga restante. Misture delicadamente para incorporar. Tempere com sal e pimenta 6. Se quiser, adicione parmesão e rúcula na finalização

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

Movimento estudantil quer reconstruir experiência dos centros populares de cultura RESISTÊNCIA Iniciativa da UNE da década de 60 é exemplo de aproximação com as classes populares Memorial da Democracia

Thainá Nogueira

O

s Centros Populares de Cultura - CPCs surgiram no início da década de 1960 quando os jovens também enfrentaram um período político conturbado no Brasil. Às vésperas do um golpe militar, os trabalhadores do campo construíram as Ligas Camponesas, os trabalhadores da cidade atuavam nos sindicatos, e os estudantes atuam na União Nacional dos Estudantes, a UNE. Com a UNE Volante, a entidade pretendia viajar por todo o país para debater educação e política, em parceria com os CPCs. Ana Carolina Caldas, jornalista paranaense e mestre em História da Educação, que realizou o documentário “Teatro Político, uma história de utopia”, afirma sobre a parceria: “Os estudantes e os artistas se uniram para tentar uma nova forma de comunicação, para falar de temas importantes para a época”.

CPC em Belo Horizonte Vera Lucia Alves de Brito, hoje com 77 anos, participou da criação do CPC na capital mineira. Ela era uma jovem estudante de filosofia na UFMG quando a UNE Volante passou pela cidade. Um grupo de estudantes, incluindo Vera, começou a se reunir na antiga sede da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE) para planejar a criação do Centro Popular de Cultura. O CPC apresentou diversas peças de teatro em BH. As que Vera mais lembra são “Auto dos 99%” e “Eles não usam black tie”. Essa última foi com atores de BH e de outros estados, que saíam em

Cena da peça “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto

caravana pelo país apresentando a peça. Já outro grupo, de estudantes ligados à alfabetização popular, fazia ações nas periferias em par-

Uma vertente do CPC trabalhava mais com teatro; outra, mais com alfabetização

cerias com as Uniões de Defesa Coletiva (UDC) e os Movimentos de Educação de Base (MEB). Ela diferencia as duas vertentes: “As duas áreas eram importantíssimas, mas eram coisas diferentes. Um grupo se descolou um pouco do teatro e colocou a necessidade de se ligar a movimentos populares, ocupações em terrenos assentados, e outras coisas”. O trabalho nas periferias não se resumia à alfabe-

Alimentos para Encontro na Lapinha Reprodução

Para alimentar os 300 participantes do XV Encontro Lapinha Museu Vivo, foi criada uma campanha de doação de alimentos. O evento acontece entre 1 e 3 de junho, na Lapinha, em Lagoa Santa, e é organizado de forma colaborativa entre a comunidade e a Associação Cultural Eu Sou Angoleiro (Acesa). A programação conta com capoeira, tambor de criola, candombe, samba de raiz e outras expressões culturais. Quem quiser doar, é só deixar os alimentos na rua da Bahia, 570, no 12º andar, em BH. Mais informações em facebook. com/lapinhamuseuvivo.

tização. O CPC criava ‘círculos de cultura’ que, de acordo com Vera, não eram aulas, e sim conversas sobre a realidade vivida nos locais. Era comum usar fotografias do bairro para diagnosticar problemas e conscientizar as pessoas que viviam ali sobre saúde, trabalho, urbanismo. Trabalho junto ao povo Desse trabalho foi produzida a 1ª Cartilha de Alfabetização Popular, chamada “Uma família operária”, feita por Marilda Trancoso, outra integrante do CPC. Depois de participarem de curso com Paulo Freire, educador e filósofo da pedagogia do oprimido, os participantes fizeram formações com outros professores que iriam trabalhar com alfabetização de adultos. “Fizemos um curso para uma turma grande na PUC, um curso longo, de 3 ou 4 semanas, se não me engano, e muito politizado. Era através

de módulos: Realidade brasileira, Políticas educacionais no país, Formas de mobilização da população e mais alguns que formaram uma turma inteira de jovens professores prontos para disseminar o que nós já fazíamos no CPC”, lembra Marilda. Com o golpe de 1964, a UNE foi umas das primeiras organizações perseguidas e colocadas na clandestinidade, assim como os CPCs de todos os estados.

O projeto UNE Volante chega a Minas Gerais no dia 10. O evento acontecerá na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tem como proposta discutir a soberania, educação e democracia dentro da universidade. A UNE Volante já passou pelo Pará, Ceará e Paraíba.

Apresentações culturais em Uberlândia

Reprodução

O Teatro Municipal de Uberlândia apresenta nos dias 10 e 11 de maio, respectivamente, os espetáculos “JK, Um Reencontro com o Brasil”, e “Circuito Arrumação com Saulo Laranjeira e Convidados”. Os dois eventos acontecem às 20h e têm entrada gratuita. Mais informações: https://www.facebook.com/ TeatroMunicipalDeUberlandia/


Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

na geral

Brasil vence mundial de bocha

ESPORTE

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Curto e Grosso

Ana Patrícia Almeida / Rio

A maior partida de todos os tempos Reprodução

A Seleção Brasileira de bocha paralímpica conquistou três ouros e uma prata no Aberto Mundial de Bocha, em Montreal (Canadá). Os dois primeiros pódios foram conquistados pelo mineiro José Carlos Chagas no individual, na classe BC1 (para atletas que precisam de auxílio para usar cadeira de rodas), e o cearense Maciel Santos, na classe BC2 (sem auxílio). Na disputa por equipes, o Brasil ficou com a prata na BC1/BC2 e com o ouro na BC3 (atletas que precisam de equipamentos para locomoção). Os resultados deram ao Brasil a liderança absoluta na competição, à frente da Grã-Bretanha, Japão e Hong Kong. (Com informações da Associação Nacional de Desportos para Deficientes)

Praia Clube pensa na próxima temporada

Por Bruno Mateus Divulgação

O Dentil Praia Clube não perdeu tempo e já começou a montagem de seu elenco. Menos de um mês após a conquista do título inédito da Superliga feminina, a equipe de Uberlândia já anunciou a contratação das jogadoras Francynne, Paula Borgo e Carly Lloyd, além do retorno da ponteira Michelle. Elas se juntarão a Fabiana, Suelen, Ananda, Laís, Ellen, Fernanda Garay e Nicole Fawcett, que tiveram suas renovações de contrato anunciadas.

Conmebol censura “demoracia corinthiana”

Divulgação

A Conmebol vetou a homenagem que o Corinthians faria na noite de quarta-feira (2), no jogo contra o Independiente, ao movimento “Democracia Corinthiana”. O regulamento da Libertadores, segundo a entidade, proíbe manifestações políticas no campo. Por isso, a campanha só terá visibilidade no dia 13, quando o Timão pega o Palmeiras, pelo Brasileirão, em casa.

Uma imponente camisa vermelha, calção e meias brancas. Tênis preto, apenas preto, diferente desses pisantes ridiculamente coloridos que passaram a calçar nossos jogadores. Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que aquele menino franzino e tímido entrou em uma quadra para a maior de todas as partidas. Com seus 7 ou 8 anos, era o caçula do Saturno, saudoso esquadrão formado por vizinhos que moravam no bairro Esplanada, na Região Leste de Belo Horizonte, onde ele nasceu, cresceu e aprendeu a enxergar o futebol e toda sua beleza. Corria o ano de 1990, poucos meses depois da Copa do Mundo, que teve o italiano Totó Schillaci como artilheiro, autor de seis gols no torneio. Em uma tarde de setembro, o Saturno enfrentou o Monte Verde. E lá estava o menino, com a camisa de tão grande que lhe escondia o calção, correndo entre adversários bem maiores que ele, mas isso nada importava. Ele castigou o goleiro uma, duas, três... seis vezes. De cavadinha, de bico, deixando o arqueiro no chão com um toque rápido, de rebote, de tudo quanto é jeito. Metia a bola no arame velho do gol e saía numa disparada sublime. O jogo terminou 8 a 2 para os vermelhos do Esplanada. Nivaldo, tio de dois jogadores do Saturno, foi testemunha da peleja magistral. Ele comemorou cada gol do menino franzino como se dele fosse. Quase 30 anos se passaram desde aquele dia. Mas sempre quando se encontram em algum botequim, Nivaldo arregala seus olhos verdes, abre um sorriso e grita feliz como naquela tarde de setembro: “Schillaci! Totó Schillaci!”.


16

Belo Horizonte, 4 a 10 de maio 2018

Cruzeiro e Sesi-SP fazem final no Mineirinho

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução Renato Araújo / Sada Cruzeiro

“Quando o Dr. Sócrates levantou o punho, um time levantou uma democracia”

D

omingo (6), Sada Cruzeiro e Sesi-SP decidem o título da Superliga masculina de voleibol. No primeiro jogo da decisão, em São Paulo, o Cruzeiro venceu o Sesi por 3 a 2, no sábado (26). Agora, o time mineiro pode garantir o título com mais uma vitória. Se perder, o primeiro lugar será definido no golden set, uma mini-partida de 15 pontos. Os dois gigantes do vôlei brasileiro já se encontraram outras quatro vezes em decisões da Superliga. Em 2011, deu Sesi. Em 2012, 2014 e 2015, o Cruzeiro levou a melhor.

Divulgação do novo uniforme do Corinthians, homenageando Sócrates e o movimento Democracia Corintiana, que defendia a participação de dirigentes, atletas e funcionários nas decisões do clube.

Gol de placa Muito dinheiro, craques em campo, cabeça fria, tradição no futebol, sorte. São esses os elementos que colocaram o Real Madrid na sua quarta final de Champions League em cinco anos, a terceira seguida.

Gol contra O comentarista esportivo Eduardo Bueno, o Peninha, adora um gol contra. O último foi na quinta (26), em transmissão na Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, quando mandou a colega Duda Streb voltar para a cozinha ao invés de comentar futebol. No dia seguinte, ao se desculpar, disse que pedia perdão pela “piada sem graça”.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Léo Calixto

A postura e o resultado do América diante do Vitória confirmaram o que já havia sido demonstrado na montagem do elenco e atuação das duas primeiras rodadas: o início de Série A é promissor. A proposta ofensiva, a variação de ataques, a consistência defensiva e asDecacampeão opções novamente se repetiram. Mesmo jogadores que não vinham tão bem, como Norberto, Rafael Moura e Marquinhos, voltaram a jogar em bom nível e justificar suas escalações. É preciso manter a confiança e estabilidade e melhorar nas finalizações, na recomposição da defesa e nos passes curtos. Os próximos jogos são fundamentais para mostrar que o América é time de Série A: Vasco e Ceará fora, Botafogo e São Paulo em casa.

Saímos da euforia para a preocupação em tempo recorde. Domingo (29), diante do Corinthians, até mesmo o questionado Patrick passou de quebra-galho a imprescindível, por causa da assistência ao gol do Roger Guedes. De repente, contra a É nada Galofuncionou. doido! Nem mesChapecoense, mo o polivalente Luan. Não fosse Victor, talvez a situação ficasse ainda pior. O jogo de volta será dia 16 de maio. O tempo para reflexão é quase nulo, pois sábado (5) temos pela frente o São Paulo, no campo do adversário, pela quarta rodada do Brasileiro. O elenco é limitado para tantas frentes de batalha. O alento, para o Galo, é que a falta de opções se transformou numa triste realidade em nosso futebol.

Anúncio Futebol não é sorte, não é especulação e muito menos jogo de azar. É um jogo coletivo, em que as estratégias e táticas defendidas pelos treinadores são colocadas em prática por jogadores. Dito isso, da mesma forma que não era para exaltar as atuações do CruzeiroLa noBestia Mineiro,Negra não poderíamos jogar o trabalho de Mano Menezes no lixo, como alguns chegaram a ventilar. A diferença na atuação da equipe nestes últimos dois jogos pela Libertadores (LaU e Vasco) para os anteriores é a presença de um centroavante de ofício. O time celeste ganhou em profundidade e deu mais mobilidade a Thiago Neves por dentro. Lucas Silva entrou bem e Robinho deve perder a vaga na equipe pra Rafinha.


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