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Brasil pode deixar de comer feijão até 2025, mostra pesquisa da UFMG

MUDANÇA NO PRATO Estudo indica que queda no consumo piora as condições nutricionais e pode aumentar ganho de peso da população

Desde 2022, segundo a pesquisa, as mulheres são maioria no grupo que menos consome a leguminosa por semana. Nos dados isolados da população masculina observada, o alimento deixaria de aparecer no prato com regularidade em 2029. O cenário pode ser explicado pela jornada dupla das trabalhadoras e pela falta de tempo, cada vez mais determinante para as famílias.

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Desnutrição e obesidade

Redação

Nara Lacerda

Se as tendências atuais para o consumo de feijão no Brasil se mantiverem, o alimento vai sair da dieta básica da população e deixará de ser comido regularmente até 2025. A conclusão está em uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que alerta também para as consequências negativas que a mudança de dieta pode causar às famílias brasileiras.

Os estudos são de autoria da pesquisadora e nutricionista Fernanda Serra e foram desenvolvidos ao longo de um doutorado em saúde pública. Ela levantou dados que demonstram queda na frequência semanal com que o feijão aparece no prato de pessoas adultas e observou substituição da alimentação natural por ultraprocessados, produtos com pouco ou nenhum valor nutricional.

Informações de 2007 a 2017 mostram um declínio a partir da segunda metade do período. Se antes 67,5% da população consumia feijão regularmente – cinco a sete dias por semana –no fim do período, o número tinha caído para 59,5% das pessoas. No mesmo período, cresceu o que a pesquisa classifica como “consumo irregular” de feijão, quando as pessoas comem o produto de 0 a 4 vezes por semana.

A queda aconteceu em todos os gêneros, faixas etárias acima de 12 anos e níveis de escolaridade. Nesse ritmo, nos próximos dois anos, o feijão vai deixar de fazer parte da dieta regular de quase metade da população brasileira.

A autora afirma que de fato a tendência de mudança na dieta é preocupante para a saúde e para a cultura alimentar do Brasil. “É um risco muito grande, especialmente em termos culturais, porque o feijão é um símbolo identitário da nossa cultura”, alerta.

O que são ultraprocessados

São produtos transformados pela indústria alimentícia que contêm apenas derivados dos alimentos em sua forma natural. Entre as principais características dos ultraprocessados estão a alta quantidade de sal, açúcar, gorduras, realçadores de sabor e texturizantes. Para especialistas, são tantos ingredientes artificiais que muitos produtos que fazem parte da dispensa dos brasileiros nem deveriam ser considerados alimentos.

A pesquisadora concluiu também que a diminuição no consumo de feijão está associada ao ganho de peso e a um estado nutricional insatisfatório. Quem não consumiu o produto teve 20% mais risco de obesidade e 10% mais chances de desenvolver excesso de peso. Já o grupo em que o consumo ocorreu cinco ou mais vezes por semana apresentou 15% menos obesidade e 14% menos sobrepeso.

Além disso, assim como outros alimentos naturais, o feijão tem grande oscilação de preço e cada vez menos espaço na agricultura. Mais caro que as soluções altamente industrializadas, ele se torna inacessível para uma parcela da população.

A pesquisadora lembra que o alimento tem aindaobstáculos nas variações climáticas e sazonais e, a partir de 2016, sofreu com o desmonte da política de armazenamento e abastecimento interno de alimentos.

O famoso queijo mineiro está mais uma vez entre os melhores do mundo, de acordo com o site estadunidense Taste Atlas, uma espécie de guia colaborativo de viagem sobre comidas tradicionais. A lista dos 50 melhores queijos do mundo, segundo os usuários da plataforma, traz dois brasileiros: o Queijo da Canastra, de Minas Gerais, no 12º lugar e o Queijo de Coalho, produzido no Nordeste, na 38ª posição.

A iguaria mineira, que em meados de 2022 chegou a liderar a lista, ficou à frente de exemplares famosos internacionalmente, como o italiano mozzarella e o suíço gruyère.

Quem produz

Atualmente, o Queijo Canastra é produzido em oito municípios: Bambuí, Delfinópolis, Medeiros, Piumhi, São João Batista do Glória, São Roque de Minas, Tapiraí e Vargem Bonita.

Desde 2008, o modo artesanal de fazer queijo de Minas, nas regiões do Serro, da Serra da Canastra e do Salitre, em Minas Gerais, é reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como um patrimônio cultural imaterial.

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