Edição 317 - Especial Privatizações e Greve dos Petroleiros

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EDIÇÃO ESPECIAL Ano 7

Fevereiro de 2020

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Desfazer da Regap pode levar a aumento do desemprego e do preço do combustível PRIORIDADES Refinaria de Betim está na lista de “desinvestimento” da Petrobras JOANA TAVARES

Geraldo Falcão

MG

Em 2019, sob o governo da extrema direita de Jair Bolsonaro, a Petrobras lançou comunicado de venda de oito refinarias. “Os desinvestimentos representam, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado”, diz nota oficial da companhia. As refinarias a serem vendidas são Rnest (PE), Rlam (BA), Repar (PR), e Refap (RS), Reman (AM), Six (PR), Lubnor (CE) e a Regap, que fica em Betim região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Segundo a Secretaria Municipal de Finanças, Planejamento, Gestão, Orçamento e Obras Públicas de Betim, a Refinaria Gabriel Passos - Regap passa em média R$ 30 milhões por mês para o município. “Não há nenhum estudo específico sobre o impacto da privatização”, diz, em nota, a Prefeitura da cidade. Menos produção e menos emprego “As empresas privadas costumam pedir isenção de impostos”, argumenta Felipe Pinheiro, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas.

Regap produz cerca de 60% da capacidade de abastecimento do estado de Minas Gerais

Outra possível consequência da privatização levantada pelo dirigente sindical diz respeito à redução das atividades. “Uma empresa privada pode, em um determinado momento do ano, conforme o valor do preço do petróleo, decidir reduzir a produção ou mesmo não operar. Se a empresa for privatizada, a Regap não tem mais necessariamente o interesse de abastecer o mercado de Minas e região. O interesse é lucro”, destaca. Com a diminuição da produção, os preços dos

combustíveis podem aumentar, assim como o desemprego. Cloviomar Cararine, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acrescenta que a privatização leva a mudanças na arrecadação dos royalties, que podem ser até zerados. “O petróleo utilizado na produção da refinaria poderá ser importado e não produzido no Brasil”, exemplifica. A segurança do trabalho é outro fator que pode piorar com a venda da unidade

para uma empresa privada. “Eles vão querer que os funcionários trabalhem com a lógica da produção acima de tudo, inclusive acima da segurança, com risco de perder vidas”, diz Anselmo Braga, coordenador geral do Sindipetro MG.

Unidade passa em média R$ 30 milhões por mês para Betim

O QUE É A REGAP Minas Gerais abriga quatro unidades da Petrobras, sendo a maior delas a Refinaria Gabriel Passos (Regap), localizada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. A planta completou 50 anos em 2018 e tem capacidade de processamento de 150 mil barris de petróleo por dia. Entre seus principais produtos estão a gasolina, diesel, combustível marítimo, querosene de aviação, entre outros. “A Regap produz cerca de 60% da capacidade de abastecimento do estado de Minas Gerais”, pontua Cloviomar Cararine, do Dieese. Além do estado, a unidade atende parte do mercado do Espírito Santo. Segundo estimativa do Dieese, a refinaria conta com 800 trabalhadores próprios e 1200 terceirizados.


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