Minas Gerais
Midia Ninja
ESPECIAL 4 ANOS DE LAMA
MG
Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019 • edição 305 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita
VALE DESTRÓI, O POVO CONSTRÓI
430 famílias atingidas seguem sem lar Dependência da mineração: Samarco volta a operar Publicidade assassina Um projeto popular para a mineração
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
O porteiro e as bruxas
ESPAÇO DOS LEITORES “Não entendo as pessoas que torcem pelas privatizações! No Brasil elas são sinônimos de aumento de tarifas e piora na qualidade dos serviços” Cidinha Monteiro opina sobre a matéria “Trabalhadores da Cemig denunciam que privatização da estatal já está em curso” -------------------“Aqui no RJ, a energia está cada dia mais cara depois da privatização” Rose May Corrêa da Silva escreve sobre a matéria “Quatro mentiras sobre a privatização da Cemig” --------------------------“Francisco: o mundo precisa de mais lideranças como vc” Lívia Bacelete comenta o artigo de Robson Sávio: “Francisco: o grande líder global da atualidade” ------------------------------“Até que enfim o futebol se politizando!” Frederico Araújo Mesquita sobre a coluna de Jordania Souza: “A mancha de óleo chega ao futebol”
Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg
Imagine a história: um homem, com ambição desmedida e poucos escrúpulos, faz de tudo para conquistar o poder. Nada limita sua sede de comando sobre os homens. Mente, engana, faz pactos com o lado sombrio da força, age nas trevas e se cerca do pior tipo de gente. Dos mistificadores a pessoas conhecidas por sua proximidade com extermínios. Reconheceu? Parece, mas não é quem você está pensando. Este personagem existiu, pelo menos na imaginação do dramaturgo Shakespeare (que se inspirou em fatos reais), e está imortalizado na mais sombria tragédia de todos os tempos, Macbeth. Produzida no século 17, a obra tem muitas passagens clássicas, como uma das mais conhecidas falas escritas pelo autor: “A vida é uma história narrada por um idiota, cheia de barulho e fúria, não significando nada”. A peça é uma sequência de disputas, mortes, crimes, traições, conspirações e assassinatos. Há uma cena que costuma passar despercebida. Em meio a tanto sangue e maldade, em uma madrugada, batem à porta do castelo. E então surge um porteiro simplório, que solta os cachorros contra tudo e contra todos, antes de fazer seu serviço e abrir a porta. É sua única participação na peça. Sem que fiquemos sabendo seu nome, como parece ocorrer com a maioria dos porteiros, ele se compara a um porteiro do inferno, acostumado a abrir a porta ao demônio. A fala parece não ter função na narrativa. Depois, ele se despede de forma enigmática: “Não quero mais saber de ser o porteiro do demo. Por favor, lembrai-vos do porteiro”. E some. O que significa esse porteiro?
O jornal Brasil de Fato circula com edições regionais na Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
Opinião
Talvez haja uma explicação. Estamos tão impressionados com a violência à nossa volta, com a sombra do mal e o exercício da força que a todos acovarda, que perdemos a capacidade de ouvir as vozes de pessoas nor-
Esqueçam-se dos donos do poder, ouçam os porteiros mais. Esperamos sempre o pior. Só damos atenção ao que parece suplantar a vida comum em nome da exceção e da manifestação de poder. Só ficamos ligados ao barulho e à fúria. É mais fácil dar atenção aos demônios que aos porteiros. Estes, quando incomodarem, deverão ser investigados, tratados com desdém e ameaçados. Quando o porteiro de Macbeth insiste aos espectadores que se lembrem dele, talvez esteja mandando um sinal de humanidade. Estamos passando pela cruzada dos crimes que tomam conta dos nossos dias, amargando a briga pelo poder e pelo dinheiro acima de qualquer valor moral, suportando a retirada de direitos e liberdades, mesmo com toda a resistência. Resultado da vitória fraudulenta que tudo legitima. Mas não devemos nos esquecer dos porteiros. Em sua simplicidade, eles são o que nos resta de esperança. Para os porteiros, homens comuns e trabalhadores, gente como a gente, a vida não é feita de barulho e fúria. Por essa razão, esqueçam-se dos donos do poder que destilam ódio e vociferam como demônios quando contrariados. Ouçam os porteiros.
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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, Izabela Xavier, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação
? PERGUNTA DA SEMANA
Uma reportagem do Jornal Nacional revelou, nesta semana, que Bolsonaro foi citado nas investigações no caso do assassinato de Marielle Franco. O porteiro contou à polícia que Élcio Queiroz, suspeito de ser o motorista do carro usado no crime, entrou no condomínio dirigindo um Logan e disse que iria para a casa 58, de propriedade do Seu Jair. Ronnie Lessa, ex-policial suspeito de ser o atirador, e Carlos Bolsonaro, filho do presidente, têm casa no mesmo condomínio. Um dia depois, uma procuradora do MP, apoiadora de Bolsonaro, disse que quem autorizou a entrada de Queiroz foi Ronnie Lessa. Mas de qual casa saiu a autorização? O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:
Você acha que a família Bolsonaro deve ser investigada?
Ele, como presidente, qualquer tema que surja envolvendo o nome dele, tem que estar sujeito à investigação. Isso por conta de defesa dele mesmo. Como você tem um presidente citado em um caso tão sério e o povo vai ficar sem saber nada?
Atlas Júnior Nunes, atleta e músico
Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
GERAL
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Número da Semana 190 mil
é a quantidade de domicílios desocupados na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os dados são da Fundação João Pinheiro e foram apresentados em audiência pública na Câmara Municipal, realizada na última terça (29)
Cotas na UEMG para ciganos
Pedro Gontijo-/Imprensa MG
A família deve ser investigada, pelas coisas que encontraram no condomínio. É muita coincidência, né? Então, por esse fato, eu acho que devem ser investigados sim.
Fernanda Souza, desempregada
A partir de 2020, povos ciganos terão direito à reserva de vagas nos 115 cursos de graduação da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). No estado, existem
acampamentos nômades registrados em 120 municípios e grande parte dessa população tem dificuldade em acessar o ensino superior público. Reprodução
Declaração da Semana “Espero que as autoridades competentes investiguem com isenção. É uma resposta que o Estado brasileiro deve aos familiares, à sociedade e ao mundo”
Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, sobre a citação do nome de Jair Bolsonaro nas investigações do assassinato da vereadora
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4 ANOS DE LAMA
Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
Reassentamentos coletivos não foram feitos em 4 anos REPARAÇÃO 430 famílias atingidas por rompimento seguem sem lar. Movimento popular começa a construir casa do zero Comunicação / MAB
Atingidos moram de aluguel, em casa de parentes ou próximo a área afetada
Família da Yolanda é a beneficiária da casa que será construída em Barra Longa
Maíra Gomes
C
omunidades centenárias, os distritos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira foram atingidas pela lama de rejeitos após rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015. De lá pra cá já se passaram quatro anos, e 430 famílias seguem sem um lar. Obrigados a morar de aluguel, em casas de parentes, ou muito próximo à área afetada, os atingidos e atin-
gidas esperaram a construção dos reassentamentos coletivos, responsabilidade da Fundação Renova e das empresas Vale/Samarco/ BHPBilliton. Os reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo estão mais adiantados. Segundo a Renova, no caso de Bento, já foi iniciada a construção das casas. Em Gesteira, há apenas a escolha do terreno e algum tipo de trabalho realizado por tratores no local. A informação oficial da
fundação é de que “o projeto conceitual está em desenvolvimento”. Casa Solidária denuncia negligência na reparação Em denúncia à lentidão e negligência no processo de reassentamento coletivo, atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) constroem uma casa para família atingida. Letícia Oliveira, militante do MAB em Barra Longa, ressalta a importância da
construção. “Essa casa é um símbolo de que o povo tem força e luta pelos seus direitos. Esperamos quatro anos, não dá para esperar mais. A reparação integral é urgente”, diz. A casa que será construída pelas mãos do povo já tem destino certo. A família escolhida para receber é da Yolanda Gouveia, casada com o Douglas Basílio, e seus três filhos. Todos são nascidos e criados em Barra Longa, moradores de Volta da Capela, comunidade que teve todas as casas atingidas pela movimentação do maquinário pesado das mineradoras. Mesmo após quatro anos de luta, a família ainda não foi reconhecida como atingida. “A grande luta aqui é que a Fundação Renova reconheça que há um problema estrutural nas moradias. No entanto, ela trabalha com
um conceito muito reduzido de atingidos”, explica Verônica Medeiros, coordenadora da Assessoria Técnica da AEDAS no município. O projeto da casa foi feito pelo Gepsa, Grupo de Estudos e Pesquisa Socioambiental da UFOP, junto com Observatório do Reassentamento: rede de ações e apoio aos atingidos nos municípios de Mariana e Barra Longa. A construção da casa é parte da Jornada de Luta dos Atingidos, chamada “A Vale Destrói, o Povo Constrói”, com o objetivo de denunciar os crimes dos rompimentos das barragens de Fundão e Córrego do Feijão em Brumadinho. A jornada segue até janeiro de 2020. Contribua
A casa será construída via campanhas de arrecadação. As doações já começaram, com caixinhas espalhadas por todo o país. Também é possível ajudar pela plataforma online de financiamento coletivo Catarse. A campanha pode ser encontrada no link: catarse. me/opovoconstroi.
LINHA DO TEMPO DA LAMA
2015 NOVEMBRO DIA 5. Rompe a Barragem de Fundão, da mineradora Samarco/Vale/BHPBilliton
2015
2015
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NOVEMBRO
DEZEMBRO
MARÇO
DIA 15. Lama de rejeitos chega ao estado do Espírito Santo, no município de Regência
Assinado o primeiro aditivo ao Termo de Compromisso Socioambiental (TCSA), obrigando a Samarco a pagar renda mínima para pessoas afetadas pela lama no Rio Doce
Mineradoras, governo federal e governos de MG e do ES firmam acordo calculado em R$ 20 bilhões. MPF e movimentos dizem que acordo é ruim para vítimas
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Samarco é autorizada a retomar operações em Mariana MINERAÇÃO Quatro anos depois do rompimento de Fundão, danos sociais e ambientais ainda não foram reparados Rogério Alves / TV Senado
Dependência da mineração
Larissa Costa ção. Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Samarco, empresa con- Desenvolvimento Sustentrolada pela Vale e pela tável (Semad) afirmou que BHP Billiton, voltará a ope- a “retomada das atividades rar no Complexo de Germa- não é automática e que são no, localizado em Mariana necessárias obras que leva(MG). A autorização foi con- rão cerca de 15 meses”. cedida no último dia 25 pelo A atividade da mineradoConselho Estadual de Políti- ra ficou suspensa desde o ca Ambiental (Copam), em rompimento da barragem votação concluída com dez de Fundão, que completa votos a favor, um voto con- quatro anos no dia 5 de notrário, do Fórum Nacional da vembro. O crime despejou Sociedade Civil nos Comitês 48 milhões de metros cúde Bacias Hidrográficas (Fo- bicos de lama tóxica no Rio nasc-CBH), e uma absten- Doce, atingindo 43 municípios, matando 19 pessoas e provocando um aborto. Até hoje, atingidos denunciam a Lucro da Vale foi negligência da empresa, cobram indenizações justas e de R$ 6,5 bi de julho a setembro reivindicam a construção de novas casas.
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LUCRO
“As vantagens que são apresentadas com a retomada da operação da mineradora, que é a geração de recurso para o município, deveria ser medida reparatória. Ou seja, ela deveria gerar esse recurso para os municípios atingidos sem estar operando de novo”, analisa Tatiana. Para ela, os rompimentos de barragens ocorridos em Mariana e em Brumadinho deveriam inspirar um novo modelo de mineração no país, que envolva a diminuição da dependência econômica que os municípios possuem da atividade minerária. Atualmente, os municípios recebem uma Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), que são os royalties pagos para que mineradoras possam explorar as reservas minerais. De uma forma geral, a mineração ameaça as economias tradicionais e, muitas vezes, se torna a única fonte de renda para a população, aumentando assim a dependência financeira dos municípios em relação às empresas.
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Crime atingiu 43 municípios e matou 19 pessoas “O ideal era ter cassado a concessão da Samarco frente ao crime que ela cometeu e também por sua incompetência em não ter garantido a reparação dos atingidos até hoje. Não se trata somente de questões ambientais, de regularidade do processo produtivo, mas de toda a postura da empresa, que mostra que não vai resolver o problema criado”, afirma Joceli Andreoli, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Segundo ele, ainda existem milhares de famílias atingidas ao longo da bacia que não foram cadastradas e a situação dos indígenas, quilombolas e pescadores está “caótica”. Tatiana Ribeiro Souza, professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), diz que a preocupação deveria ser com o rejeito espalhado na bacia do Rio Doce. “É surpreendente que uma mineradora que não tomou as medidas preventivas para que não ocorresse o rompimento da barragem, não tomou as medi-
2016
A Vale, que junto com a BHP Billiton controlam a Samarco, é responsável pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), em janeiro deste ano. A barragem despejou 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, deixando 252 mortos, 18 desaparecidos e milhares de atingidos ao longo da Bacia do Rio Paraopeba. Apesar do crime, o resultado financeiro da Vale no terceiro trimestre, de julho a setembro deste ano, foi de lucro de R$ 6,5 bilhões e um aumento de 20,2% na extração de minério de ferro, em comparação com o trimestre anterior.
das necessárias para reparar os danos causados, tenha de novo a autorização do Estado para operar, quando ela deu todas as demonstrações de que não atua com responsabilidade ambiental e nem social”, critica. A mineradora diz que, até agosto de 2019, foram alocados cerca de R$ 6,68 bilhões para medidas de reparação e compensação.
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MARÇO
MAIO
MAIO
MAIO
No Dia da Mulher, 1.500 mulheres do MST, MAB e MAM realizam ato em setor de produção de minério da Samarco
MPF entra com uma ação para a total reparação dos danos, no valor de R$ 155 bilhões
Polícia Federal afirma que Vale adulterou relatórios de cinco anos para confundir investigação
ICMBio conclui relatório sobre contaminação de peixes. Pesca proibida no litoral do Espírito Santo e Bahia
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Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019 Rogério Alves /TV Senado
Joceli Andreoli
A Vale é do povo brasileiro e deve ser reestatizada
Edmundo Antonio Dias Netto Junior
Por que a Fundação Renova não funciona? Samarco, Vale e BHP Billiton do Brasil fizeram, em março de 2016, um acordo com a União e com os Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, criando a Fundação Renova. A fundação destina recursos milionários para a propaganda de uma reparação de ficção. A existência da Renova foi, desde o começo, questionada pelo Ministério Público Federal. Ainda assim, seu bom funcionamento significaria reparação. Para isso, seria preciso atender a algumas condições: 1ª) a possibilidade de efetiva participação das pessoas que foram atingidas pelos crimes cometidos; 2ª) o afastamento das empresas poluidoras dos espaços de decisão da Renova; 3ª) a condução eficiente do enorme trabalho necessário a uma reparação integral. A legitimidade mostra-se, a cada dia, mais distante, diante da renovação de danos de um desastre que não cessou. Samarco, Vale e BHP estabeleceram um sistema que leva a que, quanto mais vagaroso for o ritmo inicial de aporte de dinheiro que façam para a Renova, menos precisarão gastar, ao final, com a reparação total. Isso porque o acordo que elas fizeram com a União e com os Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo prevê que os montantes das transferências de dinheiro sejam recalculados, periodicamen- Fundação te, a partir do que tenha sido gasto no período anterior, e não foi, desde em função do que efetivamente precisa ser gasto. Assim, gastar o começo, menos no período anterior traz, para as empresas, como conquestionada sequência, menores gastos para o seguinte. É possível, sem uma alteração radical, que esse sistema fun- pelo MP cione? Edmundo Antonio Dias Netto Junior é procurador substituto regional dos direitos do cidadão do Ministério Público Federal em Minas Gerais e integrante das forças-tarefa Rio Doce e Brumadinho. Leia íntegra em: http://jornalasirene.com.br/opiniao/2019/09/18/opiniao-por-que-a-fundacao-renova-nao-funciona
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A privatização mata. É o que prova a mineradora multinacional Vale, após os dois maiores crimes socioambientais do Brasil, nos anos de 2015 e 2019, contabilizando 292 mortes. A luta contra as privatizações e pela soberania são fundamentais no Brasil, e se intensificam depois da realização do Seminário Nacional em Defesa da Soberania Nacional e Popular, realizado em Brasília. Ali nasceu a Frente Parlamentar em Defesa da Soberania e foram definidas diversas pautas das lutas no Brasil. A luta pela reestatização da Vale é uma das principais. O crime da mineradora em Brumadinho escancarou a incompetên- O lucro cia e imprudência da não vale a vida multinacional e as muitas mortes que a privatização tem trazido ao nosso país. Atualmente, segue em debate no Judiciário o processo de privatização da empresa com denúncia de irregularidades. A mineradora foi ‘vendida’, em 1997, por R$3,3 bilhões – quando somente o patrimônio valia mais de R$100 bilhões. Ou seja, foi uma entrega de um bem do povo brasileiro para empresas privadas. Denunciamos a postura da Vale em sua relação com o Brasil: sonegando impostos, negligenciando a segurança nos processos de extração e transporte de minérios, e causando morte de trabalhadores e destruição do meio ambiente. A Vale privatizada usa a lógica do lucro acima das vidas. Justamente por ela não cumprir o seu papel no desenvolvimento nacional, e que precisa ser reestatizada, estar sob o controle do Estado, da população brasileira. No dia 5 de novembro, quando completam-se quatro anos do crime da Vale na Bacia do rio Doce, reafirmamos também o Dia de luta pela Soberania e pela Reestatização da Vale. A Vale é do povo brasileiro, o lucro não vale a vida! Joceli Andreoli é da Coordenação Nacional do MAB
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JUNHO
OUTUBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
Fundação Renova é criada para reparação dos danos. Na sua direção estão funcionários da Vale e BHPBilliton
Atingidos conquistam o direito à assessoria técnica: grupo de profissionais que atuam de forma independente das mineradoras
Vale processa 13 pessoas atingidas por se manifestarem contra a Samarco
MAB realiza a jornada “1 Ano de Lama e Luta! Lutar e Organizar para os Direitos Conquistar!”, de Regência a Mariana
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Vale teve gastos milionários em mídia já na primeira semana pós Brumadinho PUBLICIDADE “Vale busca transformar a sua obrigação de reparar um crime em uma coisa boa, como se estivesse fazendo voluntariamente”, afirma atingido Henrique Fornazin / Justiça Global
Rafaella Dotta
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m 25 de janeiro, escorreu a onda de lama sobre Brumadinho, matando 272 pessoas. E, como se não fosse suficiente, a mineradora Vale protagonizou outra “onda” nos meses seguintes: a midiática. A mineradora colocou no ar excessivas propagandas para dar a sua visão dos fatos. E será essa uma estratégia legítima?
Atingidos pelos rompimentos das barragens consideram que não. Thiago Alves, que é jornalista e participa do Movimento de Atin-
gidos por Barragens (MAB), opina que a campanha é um “falseamento da realidade”, que serve para melhorar a sua própria imagem e não para prestar contas.
Quanto gastou? É impossível calcular a quantidade de dinheiro gasto com a campanha midiática que está sendo feita pela Vale S.A., mas a reportagem do Brasil de Fato MG levantou alguns valores baseados no preço oficial de anúncios dos veículos. Na primeira semana pós Brumadinho, os principais jornais de Minas veicularam, nos dias 27 e 29 de janeiro, anúncios de página inteira. Juntos, os jornais O Tempo e Estado de
Minas devem ter recebido, apenas nesta primeira semana, R$ 1 milhão, conforme suas tabelas oficiais de anúncio. Outra veiculação que chamou a atenção dos espectadores são as propagandas no intervalo do Jornal Nacional, da Rede Globo. Um anúncio de apenas 30 segundos custa R$ 847 mil. E há publicidade também nos intervalos do Jornal Hoje, da Globo, que tem o preço de R$ 243 mil por 30 segundos.
Reportagem ou publicidade? D
ois tradicionais jornais de Minas não se limitaram a vender espaços para anúncios. Em junho, o Estado de Minas publicou a série “Brumadinho e RegiãoReconstrução”. Títulos como “Depois da Tragédia: novos empregos” e “Vale investe R$ 1,8 bi” fizeram parte do Projeto Especial de Marketing dos Diários Associados, com 20 matérias que traziam o “lado” da Vale. Não se sabe quanto custou o especial, mas funcionários falam de milhões. Um ex-jornalista do Estado de Minas comentou com o Brasil de Fato, sob anonimato, que “essas grandes empresas encontram terreno fértil para a veiculação desse tipo
de material em razão da crise financeira que vivem alguns grupos de comunicação, como os Diários Associados”. “Entretanto”, continua o jornalista, “ao abrir espaço para publicação e produção de
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conteúdos pagos pela Vale, o jornal abdica de alguns valores que o jornalismo responsável exige: independência e compromisso com o leitor”. O jornal O Tempo lançou o mesmo formato de repor-
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tagens especiais vendidas, porém, aparentemente pagas pela Fundação Renova. A fundação, que é controlada majoritariamente pela Vale e BHP Billiton, cuida das indenizações e reparações do crime do Rio Doce - rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. O Tempo publicou 20 matérias na primeira parte do especial “Capítulos do Rio Doce”, e agora publica uma série de vídeos. Nas matérias e nos vídeos, nenhuma marca de que o jornal vendeu o espaço. Os jornais e a Vale não responderam à reportagem. A Renova afirma que os gastos com informação fazem parte das ações de reparação.
2017
Ética
As matérias “vendidas” não são proibidas no Brasil. Porém, o Código de Ética dos Jornalistas tenta regular a atividade e indica que é dever do jornalista “informar claramente à sociedade quando suas matérias tiverem caráter publicitário ou decorrerem de patrocínios ou promoções”. Maria José Braga, presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), explica que o código de ética é aplicável ao jornalista, já o meio de comunicação, caso um leitor sinta-se lesado, deve ser processado por vias comuns.
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NOVEMBRO
JANEIRO
AGOSTO
OUTUBRO
22 pessoas e quatro empresas são denunciadas pela Justiça Federal por crimes da tragédia de Mariana. As empresas são: Samarco, Vale, BHP Billiton e VOGBR
Cidades da bacia do Rio Doce passam por surto de febre amarela
MAB protesta na Vara de Justiça Federal, em BH, contra lentidão no julgamento do caso
MST produz 150 mil mudas para ajudar a reflorestar a Bacia do Rio Doce
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Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
Quatro anos depois, como o rompimento da barragem de Fundão segue te afetando?
“Eu sou lavadeira e a gente lavava a roupa no rio Doce. Desde quando a lama chegou, não dá mais pra fazer isso lá, agora tenho que ir lavar lá no SAEE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) do rio Suaçuí, que é bem mais longe. Nas horas vagas a gente, pescava e pegava uns 2 ou 3 quilos de peixe por dia, por lazer e pra comer. Até hoje não deu pra pescar mais.” Maria do Amparo Baguari/MG
“O nosso sossego acabou. Não tem mais emprego, é tudo terceirizado por eles. Não tem liberdade pra andar na cidade mais, as coisas ficaram todas mais caras, aluguel, alimento... Eu pescava antes e hoje não pega nada lá. Além disso, tem a poeira na rua, a minha casa que ficou toda rachada com os caminhões passando lá na porta e que até hoje eles não arrumaram.”
“Eu vendia frutas e bolos na minha barraca e hoje não vendo mais nada porque perdi meus clientes. Os que conheciam o local da barraca já não param mais pra comprar. Depois do crime lá, o trabalho acabou. Hoje não dou conta mais de sair na rua pra vender as coisas, tenho problema na coluna. Tenho dois netos pra cuidar e não tenho trabalho.”
Sebastiana Rodrigues de Freitas - Baguari/MG
“Sou pescadora de rio e mar e até hoje não conseguimos voltar a pescar. A Renova só me ignora, colocou no meu formulário que eu pescava só em rio, e em um rio que eu nem sei onde fica. Tenho três filhas e estou passando dificuldade sem a pesca.” Daiane dos Santos Conceição da Barra/ES
Carmem Gomes Periquito/MG
Yolanda Gouveia Barra Longa/MG
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“Eu pescava e tomava banho no rio todo dia, hoje não faço mais nada nele, afetou tudo. Perdi meu lazer, meu alimento e meu sustento também, né? A gente olha o rio aí hoje e se pergunta: quando vai voltar? Se é que vai voltar...”
“Até hoje não incluíram o mar no meu cadastro de pescadora. Sou pescadora e preciso do meu sustento. Está cada vez pior a nossa situação, estamos sem trabalho e isso não pode ficar assim não.” Ednalva dos Santos Conceição da Barra/ES
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2018
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MARÇO
MAIO
NOVEMBRO
NOVEMBRO
Exames realizados pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade comprovam presença de altos índices de arsênio e níquel no sangue de atingidos
Somente após 3 anos, Fundação Renova implanta o canteiro de obras para reconstrução de Bento Rodrigues
Em 3 anos, Samarco cumpriu apenas 1 dos 42 programas de reparação
Mulheres denunciam que ações da Fundação Renova são revestidas de machismo. Cartões de subsistência e indenizações são entregues, em 90% dos casos, aos homens das famílias
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Outro modelo de mineração é possível? CONTROLE POPULAR Mineração a serviço do povo, respeitando o meio ambiente e a sociedade é possível e economicamente rentável para o país, afirmam estudiosos Amélia Gomes
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tualmente vivemos um dilema sobre a questão minerária no Brasil. De um lado, a necessidade e dependência do minério, seja
no transporte, telecomunicações ou na economia. De outro, a preocupação ambiental e social, o fantasma e os traumas deixados por crimes socioambientais cometidos por mineradoras. Mas
será que é possível continuar utilizando o recurso de uma forma prudente, cautelosa e que atenda aos interesses do nosso país? Essa proposta está sendo debatida e construída
COMO É
por organizações que compõem o grupo de trabalho sobre mineração do Projeto Brasil Popular. Para ter acesso aos debates, basta acessar https://projetobrasilpopular.org
Abaixo você conhece um pouco mais sobre o que poderia ser feito para mudar o atual modelo de mineração no Brasil.
COMO PODE SER
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PROPÓSITO DA MINERAÇÃO E RITMO DE EXPLORAÇÃO Hoje a extração mineral no Brasil tem finalidade única: servir aos interesses capitalistas, ou seja, gerar lucro para aqueles que exploram esse bem. Com isso, o ritmo de exploração está a serviço do mercado internacional. De 2003 a 2011 a exportação mineral no Brasil passou de 5% para 14,5%, refletindo a alta demanda internacional. A exploração do minério foi intensificada. E com a extração em ritmo acelerado, a segurança desses locais fica ainda mais sujeita a negligências, como a instabilidade das barragens de rejeitos.
A exploração do minério a serviço da população significa que a extração será para atender à demanda do país. Isso significa que o ritmo de exploração seria controlado pelos brasileiros e não mais pela demanda internacional. A população também seria responsável por determinar o quanto seria extraído, de onde e para qual finalidade. Por isso é necessária a nacionalização dos bens de minério. A criação de mecanismos de controle popular da extração minerária no Brasil seria um instrumento para isso.
USO E APROVEITAMENTO DO MINÉRIO O Brasil é o segundo maior produtor de minério de ferro no mundo. No entanto, muito pouco do que é extraído aqui é utilizado na produção nacional. Atualmente vendemos commodities, o minério bruto, e compramos produtos manufaturados.
É preciso potencializar o beneficiamento do minério no Brasil, levando em conta as vocações minerárias do país, ou seja, quais produtos são mais extraídos e quais produtos são melhores para serem beneficiados. A partir disso, investir em indústrias para extração e beneficiamento desses elementos. Isso potencializaria a indústria nacional e baratearia o custo de diversos produtos, além de gerar mais empregos.
LOCAIS DE EXPLORAÇÃO Como o lucro é a prioridade das empresas de mineração que atuam no Brasil, não há restrições para a extração. Ela pode ser realizada em locais, por exemplo, fundamentais para o meio ambiente. No modelo atual, as empresas mineradoras se instalam nas cidades independente do desejo das comunidades.
Não é porque uma região tem minérios que necessariamente ela precisa ser explorada. Comunidades tradicionais, com reservas mananciais ou outras potencialidades, por exemplo, não seriam exploradas. Além disso, a prioridade dos postos de trabalho seria para os habitantes do município.
TAXAÇÃO E IMPOSTOS A taxa cobrada sobre a atividade minerária no Brasil é a menor do planeta, apenas 2%. Assim, o alto índice de exploração do minério não se reflete na economia. Outro problema são as isenções fiscais, como a Lei Kandir, que dá isenção do ICMS para produtos destinados à exportação. Por causa da lei, por ano, Minas Gerais deixa de arrecadar R$ 1 bilhão. Além disso, as empresas de mineração burlam a legislação nacional para sonegar impostos.
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É preciso revogar a Lei Kandir, aumentar a taxa de compensação da exploração mineral e impor o controle popular para a aplicação do recurso. Hoje, o valor arrecadado com a compensação é utilizado em questões que deveriam ser de responsabilidade das próprias mineradoras, como a recuperação de vias, ampliação do sistema de saúde para atendimento dos trabalhadores, etc. Com o controle popular, o povo poderia escolher onde aplicar esse recurso.
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ABRIL
Indígenas do povo tupiniquim de Aracruz realizam protesto e bloqueiam a portaria da Vale/BHP Billiton
Rompe a barragem em Brumadinho (MG). Novamente uma mina de exploração da Vale
Projeto de Lei sobre a fiscalização das barragens em MG, impulsionado por iniciativa popular, é finalmente aprovado pelos deputados estaduais
Tribunal de Justiça de MG começa a julgar, coletivamente, os 50 mil processos de moradores que ficaram sem água contra a Samarco
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Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
Mariana não é o primeiro caso de violação de direitos envolvendo mineradora Vale MUNDO Conflitos ambientais e sociais têm relação com o controle da empresa por grupos financeiros Justiça Global
Wallace Oliveira
Q
uando, no dia 5 de novembro de 2015, rompeu a barragem da Samarco em Mariana, a maior parte da população recebeu pela primeira vez uma notícia de violação de direitos envolvendo a Vale. No entanto, a mineradora, que divide o controle da Samarco com a australiana BHP Billiton, há anos tem sua atuação contestada no Brasil e em outros países. A Vale no mundo Presente em cerca de 30 países dos cinco continentes, a Vale é a terceira companhia na indústria global de mineração de metais, a maior na produção mundial de ferro, vice-líder na
produção de níquel, além de participar das cadeias globais de manganês, cobre, carvão, pelotas, ferroligas e fertilizantes. Essa atuação global rende muito dinheiro, mas também muitas denúncias de violação de direitos de funcio-
nários e comunidades locais. Em junho de 2011, por exemplo, dois trabalhadores da Vale morreram soterrados em acidente subterrâneo na mina de níquel Stobie, em Ontário (Canadá). Em 2017, a empresa decidiu fechar a mina, aberta há
quase um século, por conta da queda no preço do metal. Parte do quadro de funcionários foi demitido. A empresa iniciou o projeto “Moatize” de extração de carvão, em 2009, na província de Tete, Moçambique. O projeto ocupou uma vasta área utilizada por produtores de tijolos e camponeses na extração de argila. Esses trabalhadores foram removidos. Em 2015, cerca de 1300 famílias reassentadas enfrentavam falta de água e terras impróprias para trabalhar nas áreas dos reassentamentos. Trabalho escravo Em 2015, antes do rompimento da Barragem de Fundão, a Articulação Internacional dos Atingidos
pela Vale publicou um relatório denunciando algumas violações de direitos. O relatório pode ser obtido na internet, acessando o link: tinyurl.com/yxl6uf2b. Em 26 agosto de 2014, por exemplo, um operário morreu e outro ficou ferido no desabamento de um túnel na Mina do Pico, em Itabirito. Em fevereiro de 2015, em Mariana, o mecânico Ildeu Aparecido Romeu, de 43 anos, morreu esmagado por uma empilhadeira na mina de Fábrica Nova. No mês seguinte, fiscais do trabalho notificaram a Vale por submeter 300 trabalhadores a condições análogas à escravidão, em Itabirito, região Central do estado.
Privatização e atuação mais agressiva Wikimedia Commons
Antes de ser privatizada, a Vale era a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). A empresa foi criada em 1942 como estatal, com investimentos públicos. Em abril de 1997, a CVRD foi vendida pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por US$ 3,4 bilhões, com subsídio do BNDES para os compradores. Em 2009, o lucro líquido da agora Vale S.A. seria superior ao valor da
2019 JUNHO Atingidos pela barragem da Samarco/Vale/BHPBilliton ocupam o escritório da Fundação Renova, em Mariana, por 23 dias
venda (cerca de US$ 5,3 bilhões). A transferência de riqueza do setor público para o capital privado não foi o único desdobramento pós-privatização. Márcio Zonta, da coordenação nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), afirma que, ao longo das décadas, a mineradora tem criado um receituário ou padrão de atuação nos diferentes países. Esse padrão
tem como pilares a militarização em torno dos projetos e áreas mineradas, a cooptação de lideranças e a compra de culturas locais. “Há um compêndio de ações da Vale, tanto pelo âmbito violento quanto pelo âmbito cultural, para dominar as sociedades onde implementa seus projetos. As cidades mineradas, por sua vez, estão hoje entre as mais miseráveis do Brasil”, detalha Márcio Zonta.
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OUTUBRO
OUTUBRO
OUTUBRO
Estado de MG aprova que Samarco volte a funcionar em Mariana. A barragem de rejeitos de Germano é 10 vezes maior que a barragem de Brumadinho
Com seus próprios meios, atingidos iniciam construção de uma casa em Barra Longa (MG)
Vale aumenta seu lucro e tira R$ 6,5 bi em um trimestre. Vítimas seguem denunciando a mineradora
Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
Globo liga Bolsonaro a assassinato de Marielle e presidente sobe o tom em vídeo POLÍTICA Presidente chama emissora de canalha e ameaça acabar com concessão
Frédi Vasconcelos
O
presidente Jair Bolsonaro parece não se incomodar com o fato de que há quase 600 dias está sem solução o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes. Mas reagiu com violência quando o Jornal Nacional, da TV Globo, fez matéria em que afirma que um dos suspeitos das mortes entrou no condomínio em que morava, e segundo um porteiro, teria pedido autorização para se dirigir à casa do presidente. Em vídeo que gravou na Arábia Saudita e postou nas redes sociais, vociferou: “Seus patifes da TV Globo, seus canalhas. Não vai colar. Não tinha motivo para matar quem quer que fosse no Rio de Janeiro”, xingou o presidente. Os ataques continuam em mais de 20 minutos de vídeo em que chega a ameaçar
não renovar a concessão que permite à emissora transmitir sua programação. Sobrou também para o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a quem Bolsonaro acusou de ter passado a informação para a Globo. Reações Em nota divulgada no dia da reportagem do Jornal Nacional, o PSOL, partido de Marielle, exigiu esclarecimentos sobre os fatos. “O PSOL nunca fez qualquer ilação entre o assassinato e Jair Bolsonaro. Mas as informações veiculadas são gravíssimas. O Brasil não pode conviver com qualquer dúvida sobre a relação entre o presidente da República e um assassinato... Exigimos respostas. Exigimos justiça para Marielle e Anderson.” Sobre a ordem de Bolsonaro para o ministro Sergio Moro interferir no caso, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) reagiu. “Recusamos e não aceitaremos
Reprodução
qualquer interferência externa, por exemplo, avocando-se o processo para a Polícia Federal. Nesse sentido, o pedido do ministro Sergio Moro para o PGR para que seja instaurado inquérito sobre a investigação nos parece uma interferência indevida.” “Atrevimento de Bolsonaro não tem limites” Disse à Folha de S.Paulo o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello. O comentário foi sobre vídeo postado nas redes sociais do presidente em que ele se compara a um leão atacado por hienas, entre elas o STF, a imprensa, a OAB e partidos de oposição. O vídeo caiu tão mal que foi apagado em seguida.
BRASIL
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Mercado de trabalho precário Nossos bate direitos recordes SEM CARTEIRA Emprego sem carteira e trabalho autônomo superam o número de empregados formais no Brasil A taxa de desemprego praticamente não se alterou no trimestre encerrado em setembro, atingindo 11,8%, ante 12% em junho e 11,9% há um ano. E estacionou em um cenário de precariedade: o país cria vagas, mas na maior parte sem carteira e de trabalho autônomo, modalidades que atingem novo recorde e superam o emprego formal. O total de desempregados foi estimado em 12,515 milhões, 65 mil a mais em 12 meses (0,5%). São 93,801 milhões de ocupados, quase 1,5 milhão a mais no período de um ano. O emprego com carteira assinada quase não sai do lugar, com 166 mil a mais (0,5%). Já o emprego sem carteira cresce 3,4%, com 384 mil vagas a mais. O que aumenta de fato é o trabalho por conta própria: 4,3%, ou mais 1,015 milhão de pessoas nessa situação. Assim, quase todas as ocupações criadas são informais.
NO TRABALHO CUMPRO MINHAS OBRIGAÇÕES, MAS O PATRÃO NÃO... O contrato de trabalho, quando celebrado, possui obrigações às duas partes, empregado e empregador. Dentre essas obrigações, estão o regular pagamento dos salários, o fornecimento das condições necessárias à realização do serviço, o regular pagamento dos encargos trabalhistas, como o INSS e FGTS, exigência somente de funções descritas no contrato, dentre outros. Entretanto, nas relações de trabalho, por vezes ocorrem posturas do empregador em descumprimento às suas obrigações. Nessas situações, o trabalhador pode requerer a Rescisão Indireta do contrato de trabalho, uma vez que o patrão não estaria cumprindo com as suas obrigações. Para isso, é necessário que provas sejam reunidas que demonstrem as situações. Na Rescisão Indireta, o contrato é encerrado garantindo direitos tais como o FGTS, férias, 13º, além do seguro desemprego. Para requerer a medida, é necessária ação trabalhista na Justiça do Trabalho. Jonathan Hassen é advogado popular
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MUNDO
Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
Apoiadores de Evo Povos da América Latina resistem ao neoliberalismo são atacados a tiros Elineudo Meira /ComunicaSul
Da redação Depois da onda conservadora que varreu a América Latina nos últimos anos, como impeachment no Brasil, vitória de um projeto de direita na Argentina e tentativas de derrubar o go-
verno da Venezuela, os povos do continente sentiram os ataques que sofreram e estão dando respostas. Levantes são vistos no Chile, Equador, Costa Rica e Haiti. O Chile teve, em outubro, as maiores manifestações populares da década contra
na Bolívia; direita não reconhece a reeleição
medidas do governo liberal de Sebastián Piñera. A eleição presidencial da Argentina, no domingo (27), que deu a vitória a Alberto Fernández, da Frente de Todos, foi considerada uma derrota expressiva do neoliberalismo, representado nacionalmente pelo atual presidente, Mauricio Macri, derrotado no pleito.Na Bolívia, ao contrário, Evo Morales, presidente que promoveu a integração e melhoria das condições de vida dos mais pobres, foi eleito pela quarta vez no primeiro turno. E, na Venezuela, a população continua resistindo a ataques externos e construindo moradias.
Dois bolivianos morreram e seis ficaram feridos após um ataque a tiros à comunidade Guadalupe II, na cidade de Montero. O local é um reduto de apoio ao atual presidente Evo Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS), em plena região da “meia-lua”, onde o candidato opositor, Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã, foi o mais votado. Dezenas de casas foram incendiadas. A apuração manual dos votos para presidente, iniciada no domingo (20) de
eleições, durou cinco dias e foi marcada pelo equilíbrio entre Evo Morales e Mesa. Para vencer as eleições em primeiro turno, o presidente precisava de dez pontos percentuais de vantagem, e superou essa marca após 95% das urnas apuradas. Morales e a OEA concordaram em fazer uma auditoria dos votos, mas Mesa se mantém incitando seus apoiadores a protestar nas ruas da Bolívia contra a vitória do atual presidente. ANÚNCIO
PLANO DE EMA Z E D O T N E ATENDIM ULAS ÍC ZERA MATR MAS FECHA TUR REITO I D O A G E N ÃO À EDUCAÇ LAS O C S E A H FEC REGO P M E S E D GERA
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Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
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Dicas Mastigadas FOCACCIA INCRÍVEL DE TOMATE E ALECRIM Ingredientes • • • • • •
10 g de fermento biológico seco 1 ¼ xícara de água 2 ½ xícaras de farinha de trigo ½ colher de sopa de sal Tomate cereja e alecrim à vontade Azeite para regar
Modo de Preparo 1. Em uma tigela, misture o fermento e água e deixe descansar por 10 minutos. 2. Adicione a farinha e o sal até formar uma massa. A massa fica mole e pegajosa. 3. Unte com bastante azeite uma forma e abra a massa com as mãos, também untadas com azeite, do centro para as bordas. Deixe descansar por 1 hora. 4. A massa vai crescer um pouco. Adicione os tomates e o alecrim na massa, com cuidado para não desfazer as bolhas de ar. 5. Asse por aproximadamente 25 minutos ou até ficar dourada. 6. Deixe esfriar e sirva com antepastos.
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SIND-UTE/MG CONVOCA TRABALHADORES E TRABALHADORAS EM EDUCAÇÃO NAS ESCOLAS, SRE'S E ÓRGÃO CENTRAL
Nov/ 2019
14h
QUARTA-FEIRA
PARTICIPE!
VIGÍLIA PELO PISO SALARIAL Pelo pagamento do Piso Salarial da Educação Por emprego Pelo 13º Salário de 2019
FotoStudium
Vamos continuar cobrando do governador Zema que ele cumpra a Constituição Federal, a Lei 21.710/15 e a Constituição do Estado.
O PISO SALARIAL É LEI!
www.sindutemg.org.br Cidade Administrativa Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.
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Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
300 anos de Minas Gerais, a história que a história não contou RESISTÊNCIA Carnaval 2020 traz para a passarela do samba heróis não condecorados da história mineira Leo Drumond / Nitro /Divulgação
FIQUE
BEM ELOGIE AS PESSOAS Nossa tendência parece ser criticar muito mais do que notar as coisas boas, já reparou? Isso vale tanto para nós mesmos como para as pessoas próximas de nós. Como – felizmente – todos somos muito diferentes, o colega de trabalho não fará aquela tarefa exatamente como você faria, ou como você acharia o ideal. Seu colega de casa não vai deixar a pia do jeitinho perfeito que você gosta, mas isso não quer dizer que está tudo errado nem que a vida se resume a uma sucessão de frustrações. Experimente o exercício oposto: comece a botar reparo nas coisinhas boas, que te agradam no modo de ser ou de falar de outra pessoa. E aí diga em voz alta, elogie, expresse esse sentimento agradável. Tente fazer isso em todos os ambientes que você frequenta e preste atenção no efeito que isso gera, tanto em você como no entorno.
ORGANIZE SEU TEMPO Amélia Gomes Você já ouviu falar dos botocudos? Sabia que em Minas Gerais negros e indígenas formaram alianças fundamentais para os mineiros? Quando a gente fala do nosso estado, sempre vem à mente a boa comida, a simpatia do povo mineiro e a paisagem inconfundível das Minas Gerais. Mas a verdade é que nestes três centenários que marcam nossa construção há muitas histórias que foram silenciadas e esquecidas, mas que foram e são fundamentais para o nosso povo. E é justamente para trazer à tona essa memória apagada que a Escola de Samba Cidade Jardim, propôs para o seu enredo de 2020 o tema: a história que a história não contou. “A gente quis pegar a riqueza do nosso estado através de personagens e atores que têm uma representatividade muito grande em Minas Gerais e que quase não são falados”, explica o diretor da Escola Cidade Jardim, Xandão. Crimes das mineradoras contra Minas Gerais também serão lembrados Logo em seus primeiros versos o enredo traz a denúncia dos dois crimes ambientais cometidos por mi-
neradoras em Minas Gerais; o de 2015 na bacia do Rio Doce, causado pela Vale, BHP Billiton e Samarco, e o de 2019 na Bacia do Paraopebas pela Vale. “Respeite o solo / Que o poder e a ganância / Braços da ignorância / Vão destruir”. Para Evandro Mello, “se abrirmos mão e não lutarmos juntos, as mineradoras vão acabar com tudo. Então precisamos denunciar. E o samba é uma arma que a gente tem nas mãos. É uma ferramenta que o povo tem para falar quando não está sendo ouvido. O recado está sendo dado!”.
Um dos grandes antídotos contra a ansiedade é o planejamento. Organize suas tarefas, anote o que precisa fazer. Existem muitos aplicativos na internet e nos celulares para isso, você pode pesquisar e escolher um que te agrade mais. Ou então recorra à boa e velha agenda de papel, desde que você se comprometa a ler suas anotações. E se você perceber que o volume de coisas extrapolou o tempo disponível, não se desespere nem dê o cano: negocie com as pessoas envolvidas um prazo maior.
AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621
Seis décadas de resistência Em seus quase 60 anos de resistência, a Escola de Samba Cidade Jardim é uma das mais tradicionais de Minas Gerais. Além de abrigar os ensaios, na sede da escola também são oferecidas oficinas para crianças e adolescentes do Morro das Pedras. Recentemente a Cidade Jardim ajudou a fundar a Liga das Escolas, instituição responsável para organizar e buscar mais direitos para os grêmios em toda a Minas Gerais.
Sou fumante e uso pílula anticoncepcional. Me disseram que corro risco. Devo parar com a pílula? Luara Gomes, 36 anos, auxiliar de serviços gerais. Os métodos contraceptivos hormonais (CH), entre eles a pílula, associados ao fumo, podem trazer risco aumentado para doenças cardiovasculares, inclusive o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Nesse caso, a primeira recomendação seria parar com o cigarro, pois entre os dois, ele é mais danoso à saúde. Se isso não for possível, deve-se mudar o método contraceptivo para um que não seja hormonal (por exemplo DIU, diafragma, preservativo etc.). Ter mais de 35 anos é outro fator de risco para uso dos CH, reforçando a necessidade de rever esse método.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
PAPO ESPORTIVO
Léo Calixto Entra ano e sai ano, o debate sobre o modelo de futebol que estamos construindo no Brasil segue acalorado, tanto nas rodas de conver-
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ESPORTE
Polêmicas vazias não movem moinho!
sas quanto nas mais diversas plataformas de comunicação esportiva. Já passamos pela disputa entre técnicos novos versus técnicos mais velhos; técnicos estrangeiros versus técnicos nacionais e, hoje, o foco
está no “resgate” do futebol brasileiro. A dúvida é: quais clubes estão, de fato, trabalhando para apresentar um futebol que seja condizente com o verdadeiro futebol brasileiro? Essas discussões que nos acompanham há tempos partem do mesmo princípio: da tentativa de individualizar o processo de construção do caminho a ser tomado. Em 2019, a chegada de Sampaoli e Jorge Jesus a Santos e Flamengo, respectivamente, com seus métodos de trabalho, deu um brilho especial ao debate. Ambos ganharam destaque
com suas propostas de jogo ofensivo para alcançar seus objetivos e são utilizados nos argumentos de quem acha que o futebol reativo e os técnicos que o praticam estão ultrapassados. O fato concreto é que, independente se o técnico é novo, experiente, brasileiro, estrangeiro, ex-jogador ou não, existem várias maneiras de se chegar ao mesmo objetivo, que é vencer o jogo. Podemos ter preferência por qualquer modelo de jogo, mas nossa escolha não nos dá o direito de criticar sem entender o contexto em que se está inserido e
o conteúdo do trabalho de um (a) profissional. Insistir em fazer e tornar públicas análises ondeem que não são levadas em consideração as propostas de trabalho, contextualizando os fatores que podem influenciar positiva e negativamente, é criar polêmicas vazias, e polêmicas vazias não movem o grande moinho que é o futebol brasileiro. Agora, no Papo Esportivo, é uma satisfação enorme voltar a contribuir com o Brasil de Fato.
ANÚNCIO
pROGRAMAÇÃO ESTENDIDA*
outubro/novembro
O rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, em 5 novembro de 2015, em Mariana, segue causando danos e sofrimentos a milhares de pessoas que vivem em toda a bacia do Rio Doce, a mais importante bacia hidrográfica da região sudeste do Brasil, além do litoral do estado do Espírito Santo e do sul da Bahia. Todos os dias o crime socioambiental da Samarco, Vale e BHP Billiton repercutem no co diano das pessoas a ngidas, violando seus direitos à vida digna, à moradia, à memória, à saúde e outros. Ao se completar 4 anos do crime, os a ngidos de Mariana seguem organizados e firmes na luta, apontando caminhos de resiliência e plantando resistências no território para um projeto de vida atual e futuro. Nesse espírito, nos dias 03 e 04 de novembro, a CABF (Comissão dos A ngidos pela Barragem de Fundão I Mariana/MG) e a Cáritas Minas Gerais realizam o evento ‘Mariana 4 anos Plantando a Resistência’. Confira esta e otras atividades que irão marcar os 4 anos do crime da Samarco.
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Belo Horizonte, 1 a 7 de novembro de 2019
ESPORTES
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Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
DECLARAÇÃO DA SEMANA Puma
Justiça aceita denúncia contra ex-treinador por abuso sexual A 2ª Vara de Justiça de São Bernardo (SP) aceitou a denúncia contra o ex-técnico da seleção masculina de ginástica artística Fernando de Carvalho Lopes. Ele é acusado de abuso sexual de quatro atletas, sendo duas
menores. Se for condenado, Fernando pode pegar de 54 a 150 anos. Em 2014, um estudo do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca), em parceria com a Unicef, constatou que atletas
em formação “estão expostos a diferentes situações de vulnerabilidade e violação de direitos”. Ainda segundo o estudo, a maioria dos centros esportivos no país não cumpre o Estatuto da Criança e do Adolescente.
“Descobri pessoas com uma mentalidade diferente da Europa. Quando jogo aqui [na China], ninguém me vaia por ser negro. É uma cultura diferente, há respeito. Na Europa, não respeitam ninguém” Yaya Touré, ex-meia do Barcelona e do Manchester City e atual jogador do Qingdao Huanghai, da China.
Gol de placa O Corinthians/Audax se sagrou campeão da Libertadores Feminina, ao bater a Ferroviária de Araraquara por 2 a 0, em partida única disputada no Equador. O time do interior paulista buscava o bicampeonato da competição, conquistado em 2015, mas não conseguiu segurar a equipe da capital.
Gol contra O Botafogo é o clube brasileiro mais endividado. Segundo a empresa de marketing esportivo Sports Value, a Estrela Solitária tem uma dívida total de R$ 730,6 milhões. A dívida do Atlético é de R$ 595 milhões; a do Cruzeiro, R$ 445 milhões.
Momento oportuno
Aflições em sequência
É luta que segue
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Fabrício Farias
As duas próximas rodadas da Série B podem colocar o América definitivamente como o terceiro postulante às quatro vagas de acesso, atrás apenas de Bragantino e Sport e à frente de Coritiba e Atlético goianiense. E uma das razões para o torcedor acreditar Decacampeão nessa possível situação está na tabela: enquanto o América faz os dois jogos em casa, contra Ponte Preta e Paraná, times praticamente sem chance de acesso, o Coritiba joga fora contra o Botafogo de Ribeirão Preto e em casa contra o difícil Sport; e o Atlético de Goiás, embora tenha um jogo em casa contra o decadente Londrina, vem de uma sequência de cinco jogos sem vitória. Além disso, entre os três, o América é o que está em melhor fase.
O Atlético acumula seguidos vexames. Já não sabemos qual o objetivo do time: Libertadores (cada dia mais distante), Sul-Americana (para quê?) ou escapar do rebaixamento. A fidelidade do atleticano vem sendo posta à prova e, em alguns momentos, surgem até salvadoÉ Galo res da pátria. Luan voltoudoido! ao time; Di Santo vai dar jeito no ataque; Réver é o volante da vez. O eterno retorno ressuscita Cazares, Otero e adjacências e lamenta a ausência de Jair. Com todo respeito, é mais do mesmo para uma equipe que perdeu 14 partidas e transformou o Independência no seu próprio flagelo. Não há mais instabilidade e, sim, desespero de causa. Contra o Fortaleza, mais aflição. Desconfio que meu repertório está acabando.
Salve, nação celeste! A luta pela permanência na primeira divisão seguirá até o fim do campeonato. Nosso próximo desafio será o Bahia, no Mineirão. Uma dessas equipes “bipolares” do nosso futebol, pois perdem partidas emLa queBestia teoricamente são os favoNegra ritos e ganham aquelas em que, a princípio, estariam em desvantagem. Por esse motivo, caro torcedor, não dá pra saber o que iremos encontrar. A única certeza é que o elenco de Roger Machado conta com bons jogadores, como Arthur, Guerra, Gilberto e Élber, que podem nos trazer muita dor de cabeça. Por mais que o “Bahêa” tenha nossa simpatia, pelas ações progressistas ao longo do ano, precisamos buscar mais uma vitória para nossa conta. Saudações celestes!
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