Edição 284 do Brasil de Fato MG

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Maíra Cabral

Divulgação

Chico ganha Camões

Fakenews contra universidades

O maior artista da música popular brasileira é reconhecido com prêmio Camões de Literatura

Rede de “boatarias” volta a dominar whatsapp em reação às mobilizações pró educação

OPINIÃO 6

VARIEDADES 12

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio de 2019 • edição 284 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Divulgação / Prefeitura de Caetité

PRIVATIZAÇÃO DE BANCOS AMEAÇA POLÍTICAS SOCIAIS

Bancos públicos ajudam a combater crises, geram dividendos para o Estado e financiam casa própria, produção rural e outras áreas. Mas Paulo Guedes quer entregar tudo aos estrangeiros I BRASIL 9

Desativar barragens

Dia 30 tem mais

Mitologia política e insensatez

Quais são os métodos possíveis para desativação de uma barragem de rejeitos? Instabilidade das estruturas coloca o debate

Segundo dia de luta pela educação e aposentadoria vem aí. Ato prepara a greve geral do dia 14 de junho

O que fazer para despertar as pessoas de um sonho delirante? Será que a alienação política é uma viagem sem volta?

MINAS 5

BRASIL 8

ENTREVISTA 11


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Editorial | Brasil

Parar para conseguir aposentar Há muitos anos não se via um maio tão luminoso. Há quem lembre até o maio libertário de 1968. Seja como for, este mês se apresenta muito promissor com o raio que projeta sobre as trevas tão espessas de 2019. Depois do 1º de Maio, tivemos o megaprotesto do dia 15 e uma nova manifestação nacional está sendo chamada para a quinta-feira 30, o penúltimo dia do mês.

ESPAÇO DOS LEITORES

“LINDÍSSIMO esse Brasil de Fato. FALA TUDO” Isabella Mendes escreve sobre a matéria “Prevenção contra dengue não pode ser só individual” “O dia 15 foi claramente contra o governo Bolsonaro. Ao fim e ao cabo, a educação foi um pretexto. Mas a mobilização foi contra o governo de conjunto, em todos os aspectos” Diego Silveira comenta o editorial da edição 283 “1 milhão nas ruas: é possível barrar retrocessos” “Estou realmente decepcionada com esse governador em que eu mesma votei” Maria Goulart escreve sobre a matéria “Pressionado, Zema fracassa ao tentar mudar diretoria da Copasa”

ERRAMOS: Na edição 283, erramos na autoria da coluna do Cruzeiro. O texto “Pela porta da frente” é de Izabela Xavier. Nossas desculpas, Izabela!

Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

Quando as ruas falam, o poder teme e treme Os atos em mais de 300 cidades em defesa da educação e contra o desmonte da previdência mostraram o caminho, recuperando um velho lema dos anos de chumbo: “O povo na rua/ Enfrenta a ditadura”. Não lidamos aqui, ainda, com um regime ditatorial, mas com um cada vez mais claro Estado de exceção, que começou a expandir seus domínios logo após o golpe de 2016 e a ascensão do usurpador Michel Temer. E que, com o bolsonarismo, cada vez mais ameaça a frágil democracia que ainda temos. Já chamou seu amigo para o dia 14? A sucessão de mobilizações de maio impulsiona o grande acontecimento de junho: a Greve Geral do dia 14, resposta ao mais destrutivo, degradante e perverso governo da história recente da República. Mais importante ainda é que as ruas, ao esbanjarem vigor, alegria e indignação contagiantes, ajudam

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

a romper as bolhas virtuais em que muitos de nós estão enclausurados, trazendo-nos para a vida real. Suas palavras de ordem, cartazes, faixas e refrãos podem também funcionar como um estalar de dedos para despertar da indiferença ou do ceticismo muita gente, hoje decepcionada, que votou ludibriada por mentiras e alimentada por um ódio cego produzido nos subterrâneos da internet. Chegou a vez de as ruas falarem. E, quando elas falam, a turma do poder teme e treme. Mas cuidado. Tem manifestação sendo chamada para dia 26 de maio também. Nessa manifestação estarão os que defendem os interesses dos mais ricos. A pauta é a defesa da retirada de direitos, da reforma da Previdência, do corte na educa-

Ricos vão às ruas contra a educação e a aposentadoria ção, do armamento da população, do aumento do preço da gasolina, do gás e energia elétrica. Essa não é a mobilização dos que defendem a democracia. Então nossa tarefa está clara. Explicar para nossos amigos e familiares que ir à rua dia 26 de maio é fria. E convidar geral, do motorista ao porteiro, da mãe à tia, do vizinho ao colega de escola, a ir às ruas dia 30 de maio e 14 de junho. Mãos à obra para construir um Brasil para o povo brasileiro.

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laisa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fabrício Farias, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, Jordânia Souza, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário e Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Gonçalves. Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Viícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) está sendo investigado por suspeitas de caixa 2 e lavagem de dinheiro. Nesta semana, ele e seu ex-assessor Fabrício Queiroz tiveram os sigilos bancários e fiscais quebrados por ordem da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. O objetivo é saber o destino das movimentações financeiras do político e de sua equipe.

O que você acha do fato de Flávio Bolsonaro estar sendo investigado?

“Se a acusação for verdadeira, ele tem que pagar pelo que fez. A impunidade está demais. Se ele está envolvido nessa maracutaia toda, não é só porque o pai dele é presidente que ele não deve pagar”.

“Se for verdade, deve ser preso. Não vamos admitir que continuem fazendo isso. As pessoas já sofreram demais com esse assunto, está na hora de parar. Quem deve tem de pagar, quem não deve tem que ser inocentado”.

Jussara Costa, cuidadora

Valdívio Silva, eletricista

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

GERAL

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Número da Semana

2263

É o número de produtos agrotóxicos comercializados no Brasil. Desde o início do governo Jair Bolsonaro, 169 novos registros de agrotóxicos foram aprovados. Do total, 48 têm a classificação “extremamente tóxicos”. O Brasil é o líder mundial no consumo de agrotóxicos. Para acompanhar as novas liberações, a Agência Pública e Repórter Brasil lançaram a ferramenta chamada “O Robotox” que pode ser acessada no Twitter.

VITÓRIA // PARA OMS, TRANSEXUALIDADE NÃO É TRANSTORNO MENTAL

Reprodução

A transexualidade – que ocorre quando uma pessoa não se identifica com o gênero com que nasceu – não poderá ser classificada como transtorno mental. A decisão foi oficializada na semana passada na 72ª Assembleia Mundial da Saúde da ONU, em Genebra, na Suíça. Depois de 28 anos,

a transexualidade passa a ser classificada como “incongruência de gênero”. Os países integrantes da ONU terão até 1º de janeiro de 2022 para se adaptar à nova Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde (CID) organizadas pela Organização Mundial de Saúde. Divulgação

Declaração da Semana “Que a gente não desvie nossos olhares dos que vivem e resistem em Brumadinho e Mariana. E meu máximo respeito aos trabalhadores da terra e seus infinitos saberes”

Escreveu Tulipa Ruiz em seu perfil no Instagram, após visita aos acampamentos Pátria Livre e Zequinha, que dividem espaço com a tribo Pataxó Hã-hã-hãe, em São Joaquim de Bicas


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CIDADES

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Plano Diretor da capital vai à votação em segundo turno PLANEJAMENTO Substitutivo apresentado nos últimos dias eliminou proposta que garantia preservação de matas e parques Marcus Desimoni /Portal da Copa

Wallace Oliveira

O

projeto que cria o Plano Diretor de Belo Horizonte, debatido desde 2015 na Câmara Municipal, pode ter um desfecho em junho. Na quarta-feira (22), a Comissão de Orçamento e Finanças Públicas aprovou relatório sobre as emendas e subemendas apresentadas no projeto. O texto agora vai a plenário em segundo turno. O Plano é fruto de decisões tomadas pela população na 4ª Conferência Municipal de Política Urbana, realizada em 2014. Em 2015, ainda na gestão do ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB), foi encaminhado o Projeto de Lei 1749, que cria o Plano Diretor. Desde então, a proposta sofreu inúmeras alterações e teve 160 emendas e 150 subemendas. Modificações Em novembro de 2018, a Câmara aprovou um subs-

titutivo apresentado pelo Poder Executivo, mas, segundo os movimentos, a essência do que foi discutido na Conferência se manteve. No dia 13 de maio, porém, a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário aprovou mais um novo texto, apresentado pelo vereador Jair Di Gregório (PP), a Subemenda 154. Movimentos e parlamentares favoráveis ao plano apontam que o novo texto trouxe mudanças positivas e negativas. Entre os as-

Substitutivo do vereador Jair Di Gregório (PP) retira proteção das áreas verdes pectos positivos, destacam o detalhamento das definições da função social da propriedade, o reconhecimento de diversas ocupa-

ções urbanas e ampliação do reconhecimento de áreas quilombolas. Por outro lado, criticam a forma como a tramitação do Plano tem ocorrido, sem diálogo com a população. “Retiraram várias deliberações da Conferência: a outorga onerosa para igrejas, a paridade no Conselho Municipal de Política Urbana e outras”, critica o vereador Pedro Patrus (PT). Perdas A principal crítica gira em torno da questão ambiental. O substitutivo retira emendas que garantiriam a proteção das áreas verdes contra grandes empreendimentos. Outro ponto criticado por movimentos foi a retirada de trecho que previa que imóveis para regularização fundiária ou produção de habitação de interesse social pudessem gerar Transferência do Direito de Construir (TDC), o que pode comprometer a questão habitacional.

Outorga onerosa:

redistribuir o investimento público O ponto mais discutido do novo Plano Diretor é a questão da Outorga Onerosa. Segundo esse mecanismo, empreendimentos imobiliários com área maior do que o próprio terreno (somando os diferentes andares e descontados afastamentos e outras áreas) devem pagar uma contrapartida ao município. O recurso será revertido para habitação, mobilidade urbana, equipamentos comunitários, espaços de lazer e áreas verdes. A regra já existe em cerca de 80% da cidade e não afeta as pequenas construções.

“O potencial construtivo não pertence ao proprietário, pois está relacionado ao investimento público que foi feito nas regiões para permitir que se verticalize, que se tenha infraestrutura, que mais pessoas residam naquele local. O objetivo da outorga é reconhecer que o potencial construtivo está relacionado a investimento público. Então, o poder público vende esse potencial construtivo para arrecadar dinheiro para investir na infraestrutura urbana”, explica a arquiteta e urbanista Júlia Birchal.


Quais as alternativas para desativação de barragens no Brasil?

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MINAS

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Barão de Cocais vive a tensão de esperar a lama Rogério Souza

INSEGURANÇA Mineradoras tem três anos para desativar barragens Googlemaps /EBC

Larissa Costa

Amélia Gomes

M

inas Gerais e o país estão em alerta sobre a estabilidade destas estruturas desde o rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho. Dezenas de barragens foram reclassificadas em seu nível de segurança. Atualmente o caso mais grave é da cidade de Barão de Cocais. Só Minas Gerais tem mais de 800 barragens, deste total 140 não têm declaração de estabilidade e 57 estão declaradamente em risco. Diante desse cenário, medidas de segurança foram tomadas a nível nacional e estadual. Tanto a Agência Nacional de Mineração (ANM) quanto a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável solicitaram às mineradoras um plano de desativação das barragens a montante. No estado, o prazo dado pela Secretaria encerra no sábado (25) e até o dia 20 foram apresentados apenas dez planos de desativação, de um total de 49 barragens a montante em Minas. Em fevereiro deste ano, um decreto da União proibiu a utilização de barragens a montante no país e determinou a desativação de todas as

estruturas deste tipo em um prazo de três anos. Na avaliação do coordenador da Comissão Nacional Permanente do Setor Minerário, Mário Parreiras, o prazo de três anos para a desativação das barragens é insuficiente. “São muitos os estu-

Minas tem 800 barragens dos que precisam ser feitos, não é um processo rápido. Ainda não temos esse tipo de tecnologia. É preciso muita cautela, porque os riscos são muito grandes”, explica. Descaracterização ou descomissionamento? Até fevereiro deste ano, quando foi publicada a resolução n°4 de 2019 da ANM, entendia-se como desativação de uma barragem de rejeitos a descaracterização da estrutura. O processo consiste na drenagem da barragem e o plantio de vegetação no local. A estrutura deixa de ser uma barragem e se torna uma “montanha de rejeitos”. E como deixam de ser barragens as estruturas saem da lista de monitoramento de segurança, apesar de não ha-

ver certeza sobre sua estabilidade. Já o descomissionamento, que nunca foi realizado em nenhuma barragem do país, consiste no desmanche total da estrutura. No processo é realizada a drenagem da estrutura e os rejeitos são retirados do local. “Muitas empresas simplesmente declaram falência ou cancelam o projeto e vão embora do Brasil deixando tudo abandonado, como vemos na situação, por exemplo, da Novo Mundo, em Rio Acima”, denuncia Maria Júlia Andrade, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM. Para Pablo Dias, do Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, acabar com estruturas de barragens já existentes é fundamental e urgente, no entanto, é preciso muita atenção à operação. “Qualquer processo de interferência nas estruturas das barragens coloca novamente a população em risco. Precisamos ficar alerta se novamente os interesses das empresas não vão continuar prevalecendo sobre a vida da população e da natureza” adverte.

“Eu trabalho aqui. Aqui é meu sustento. Desde o dia 8 de fevereiro, praticamente, eu não consigo levar minha vida normal. É muito triste viver uma situação dessa e saber que pode vir a lama e devastar um lugar tão bonito como é hoje”, desabafa Rogério Souza Reis, comerciante, que mora em Barão de Cocais, região Central de Minas Gerais, há mais de 20 anos. A qualquer momento, o talude norte da mina do Congo

Soco pode desabar e causar o rompimento da barragem de rejeitos Sul Superior, tornando a Vale responsável por mais um crime socioambiental. A previsão é de que cerca de 6 mil moradores ribeirinhos sejam atingidos e que a lama pode chegar até o centro comercial da cidade. Rogério mora no bairro Vila Regina, às margens do São João, rio que possivelmente será contaminado pela lama caso a barragem se rompa. As casas dele e de seus vizinhos podem ser atingidas em 40 minutos.

Nossos direitos MORO DE ALUGUEL E O DONO DA CASA PEDIU O IMÓVEL DE IMEDIATO. O QUE FAZER? Em muitos casos, mesmo que não haja um contrato escrito e o acordo sobre o uso do imóvel tenha sido verbal, o prazo para desocupação sempre será de no mínimo 30 dias, após o recebimento de notificação escrita com tal solicitação. A Lei do Inquilinato (8.245/91) regula a questão. Porém, existem diversas situações que vão influenciar a saída ou não do imóvel, ainda que solicitado. Essas situações se tratam do tipo

de contrato celebrado, seu prazo, vigência e prorrogação. Por fim, para analisarmos o direito de permanecer ou não no imóvel, precisamos verificar todas essas informações sobre o contrato. Como conseguir uma nova casa não é algo fácil, é importante consultar um advogado ou a Defensoria Pública da cidade, pois nem sempre o locador terá direito à desocupação, ainda que ele seja o proprietário do imóvel.

Jonathan Hassen é advogado popular


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Opinião

Chico, como o povo, com o povo e para o povo João Paulo Cunha O Prêmio Camões deste ano foi concedido a Chico Buarque. Para muitos, foi a evidência de que as letras do compositor podem ser lidas como poesias do mais alto nível de realização literária. Outros enfatizaram que Chico Buarque é também autor de excelentes romances e peças de teatro. E houve ainda aqueles lembraram que recentemente o Nobel de Literatura foi dado a Bob Dylan, também um autor de canções. A obra de Chico Buarque, ao longo de muitas décadas, tem sido uma espécie de referência para a história brasileira. Sua música e poesia são elementos que fazem parte da vitalidade que anima nosso tempo histórico. Além disso, com sua integridade pessoal foi sempre uma baliza ética para os brasileiros em diferentes momentos de suas vidas. Uma obra tão vasta e sempre tão plena elevou ainda mais o patamar da música popular na vida cultural brasileira. Somos uma nação que canta

Chico faz com que o Brasil se torne contemporâneo de seus dilemas suas alegrias e dores. A canção é contemporânea do nosso processo de construção nacional e da dinâmica que constituiu nossas cidades. A República e o samba são irmãos. Sentimos coletivamente pela música popular. Ela nos ajuda a compreender o mundo. É nesse terreno que a arte de Chico Buarque integra nossa formação. Chico não seria Chico sem Noel, Pixinguinha e Tom Jobim. Há um inegável reconhecimento da tradição. Mas a chamada MPB não seria a mesma sem ele. Seguindo os passos do pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, embalado pelo

samba e pela bossa, o jovem artista buscou as raízes do Brasil. Assumiu em seguida o papel de principal criador da música de protesto. Em sua trajetória artística e cidadã, combateu aà violência, o arbítrio, o extermínio da liberdade e a opressão. Sempre com sentimento de indignação, argúcia política e senso de história, mas com canções feitas sempre para cantar junto ou para fortalecer a calada voz interior. Como o povo, com o povo e para o povo, sua arte democrática passa a flagrar, ainda nas sombras, o revés do sonho, o momento em que as expectativas se rompem e a lucidez é convocada a realizar seu difícil trabalho. Chico faz com que o Brasil se torne contemporâneo de seus dilemas. Uma nação sempre um passo atrás de seu merecimento. Uma terra de pivetes, fim de feira, periferia afora, meninos que se alimentam de luz, caravanas do Irará. A beleza está no caminho poético, tão presente nas canções de Chico Buarque.

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Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019 Rovena Rosa /Agência Brasil

OPINIÃO

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Gaudêncio Frigotto

Reforma da Previdência ou a “revogação do direito de viver” dos pobres

Por raiva Raiva – “o veneno que a gente toma achando que o outro vai morrer”. Jair Bolsonaro foi eleito por raiva, que hoje destroça cada um de nós lentamente, seja pela perda diária de diversos direitos e conquistas, seja pela derrota psíquica ou pela desesperança que, ironicamente, nos une agora. Por raiva, nos tornaremos um país de cidadãos armados, sem segurança e sem confiança na nossa própria gente. Por raiva, a educação pública se tornou refém de interesses políticos. Se tornou gasto e não mais investimento em saúde, meio ambiente, tecnologia, pesquisa. Por raiva, esse futuro será preenchido com mais horas de trabalho opressor, com menos lazer, sem direito a vivenciar a velhice com saúde e a desfrutar dos afetos com dignidade. Por raiva, nossas instituições e empresas públicas serão depredadas, oferecidas em bandejas privatizantes e extinguindo a soberania nacional. Por raiva, a cultura brasileira, as artes, a música, o tea- Raiva destroça tro, o cinema, a dança, os patrimônios materiais e imate- cada um de nós riais e o pensamento criativo agonizam. Por raiva, morreremos mais. Sucumbiremos mais sem um sistema único de saúde – eletrocutados, baleados, esfomeados e contaminados com mais venenos – agrícolas e industriais. Por raiva, nossas florestas, rios e mares e a nossa biodiversidade e quem ainda se propõe a cuidar delas serão aniquilados. Por raiva, nos tornamos silenciosos e coniventes com a censura, a morte e o exílio de homossexuais, negros, mulheres, líderes ambientalistas, jornalistas e políticos de oposição, intelectuais, artistas e professores. Por raiva, sentimos vergonha de quem nos representa como nação e endossamos, pelo silêncio, um governo destituído de sensatez, de racionalidade, de senso democrático e de tolerância. Um Estado que faz armas com as próprias mãos. Estamos imobilizados pelos sentimentos mais anestesiantes – raiva e medo –, que nos separam como povo, reféns de uma ditadura do ódio que domina aos que “calam, e, consequentemente, consentem”. Elaine de Azevedo é doutora em Sociologia Política e professora no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Gaudêncio Frigotto é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Leia íntegra em brasildefato.com.br

ACOMPANHANDO

Elaine de Azevedo

Há dois chavões criados por Paulo Guedes e sua equipe: o primeiro é de que sem a reforma o Brasil quebra ou vai ao fundo do poço e, o segundo, que é ela que vai favorecer os pobres. Chavões repetidos, todos os dias, ao longo de vários meses, na mídia empresarial por âncoras e “especialistas” em economia e assuntos gerais, contratados pelas empresas midiáticas. Uma reforma da Previdência, para ser justa, tem que ser oposta a essa proposta. Também, para ser justa, o início para equilibrar as contas públicas não pode ser a a reforma, mas atacar aquilo que de fato gera os desequilíbrios. Poderia se começar pelo que indica a Constituição de 1988 taxar as grandes fortunas e os lucros sobre o capital. Em seguida, cobrar dos bancos e de empresas as fortunas que devem ao INSS e a sonegação de impostos. Também revogar a desoneração de impostos das empresas petroleiras estrangeiras, que vão explorar o pré-sal, concedida pelo golpista ex- presidente Temer e inúmeras outras feitas ao longo de décadas. Somente a desoneração fiscal das petroleiras estrangeiras repre- Taxar fortunas senta a perda mais de R$ 1 tri- e grande capital lhão de reais. renderia mais Uma reforma tributária, com impostos progressivos, é fundamental e deveria preceder qualquer outra. E, se patriotismo existisse, uma auditoria da dívida pública mostraria o quanto é injusto o que se paga aos acionistas do capital financeiro. Ao contrário do que dizem o ministro e a sua equipe, de que se trata de uma reforma que vai ajudar os mais pobres, o que estão propondo é uma violência cínica e imoral contra eles.

Na edição 117... Azeredo condenado à prisão E agora... O ex-governador de Minas Eduardo Azeredo, condenado a 20 anos de prisão em 2018, se desfiliou do PSDB. Ele está preso desde maio do ano passado no Corpo de Bombeiros, em BH, por envolvimento no esquema de corrupção que ficou conhecido como “mensalão tucano”. Azeredo alegou motivos pessoais para a saída do partido. Ainda este mês, a sigla realiza sua convenção nacional, na qual deve estabelecer a expulsão dos filiados que forem condenados em segunda instância, como é o caso do ex-governador.


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BRASIL

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Chico Buarque Treze capitais já ganha Prêmio anunciaram atos em defesa Camões de Literatura da educação no dia 30 Ricardo Stuckert

MOBILIZAÇÃO Manifestações ocorrem em repúdio aos cortes de verba nas universidades e à proposta de reforma da Previdência

Nelson Almenida / AFP

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A

pós o sucesso do Dia Nacional Em Defesa da Educação e Contra a Reforma da Previdência, estudantes e professores convocam os brasileiros para mais um dia de luta e reforço da defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, e também contra os cortes de 30% da verba destinada às universidades federais anunciados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. O

Segundo Dia Nacional Em Defesa da Educação e Contra a Reforma da Previdência acontece em 30 de maio com atos em todas as regiões do país. De acordo com as organizações, mais de 2 milhões de pessoas participaram das manifestações do dia 15 de maio em mais de 300 municípios de todos os estados brasileiros. Até o momento, 13 capitais brasileiras já di-

Pesquisa aponta desaprovação maior que aprovação de Bolsonaro O governo de Jair Bolsonaro (PSL), pela primeira vez desde o início do mandato, teve maior percentual de avaliação negativa que positiva em uma pesquisa de opinião. Um levantamento do Atlas Políti-

co constatou 36,2% de avaliações da gestão como ruim ou péssima, número maior que os 28,6% que avaliaram como ótima ou boa. Uma parcela de 31,3% afirmou considerar o governo regular.

vulgaram horário e local das mobilizações no dia 30.

Greve Geral O novo ato também é um “esquenta” para a Greve Geral contra a reforma da Previdência que ocorre no dia 14 de junho, uma sexta-feira.

compositor e escritor Chico Buarque foi escolhido como vencedor da 31ª edição do Prêmio Camões, considerado o mais importante da língua portuguesa. Ele é o 13º brasileiro a receber a premiação, mas o primeiro ligado ao universo musical. Portugal tem 12 ganhadores, entre eles José Saramago, em 1995. Os outros escritores brasileiros a receber o Camões foram João Cabral de Melo Neto (1990), Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), Antonio Candido (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003), Lygia Fagundes Telles (2005), João Ubaldo Ribeiro (2008), Ferreira Gullar (2010), Dalton Trevisan (2012), Alberto da Costa e

Silva (2014) e Raduan Nassar (2016). A decisão foi anunciada na terça-feira (21), durante reunião realizada na Biblioteca Nacional, no centro do Rio de Janeiro. No ano passado, o vencedor foi Germano Almeida, escritor de Cabo Verde. Chico recebe o prêmio pelo conjunto de sua obra. Ele já foi premiado com o Jabuti pelos livros Leite Derramado (2009), Budapeste (2003) e Estorvo (1991). Em 1995, lançou Benjamin e em 2014, O Irmão Alemão. Também escreveu as peças Ópera do Malandro e Gota d´Água, além da “novela pecuária” Fazenda Modelo. Em 2017, depois de seis anos, Chico Buarque lançou o álbum Caravanas, que teve turnê por todo o país e também chegou a Portugal. ANÚNCIO


Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Privatização de bancos públicos é péssimo negócio para o Brasil PRIORIDADES Ao defender a venda de ativos, ministro da Economia ignora papel das instituições federais no desenvolvimento da economia Jaelson Lucas

BB e o Banco do Nordeste (BNB) são os principais operadores do Pronaf

Pedro Rafael Vilela, de Brasília

O

ministro da Economia, Paulo Guedes, tem alardeado em eventos dentro e fora do Brasil sua vontade de privatizar tantas quantas empresas estatais for possível, inclusive os maiores bancos públicos do país: a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Juntas, essas duas instituições são as principais responsáveis pela concessão de crédito imobiliário e agrícola no país, além de estímulo às pequenas e médias empresas. Em janeiro de 2018, o Departamento Intersindical

Bancos públicos repassaram R$ 203 bilhões para cofres públicos em 15 anos

de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) demonstrou que as empresas estatais distribuíram, entre 2002 e 2016, mais de R$ 285 bilhões em dividendos para a União, ou seja, para os cofres públicos. Somente os bancos públicos distribuíram R$ 203 bilhões desse total. Vender esses ativos, na prática, significa também abrir mão de vultosos lucros que podem ajudar a compor o orçamento público federal em áreas como saúde, educação e segurança pública. “Por que o Estado vai vender empresas lucrativas que ajudam no desenvolvimento interno e geram empregos, exercendo um papel estratégico para o país?”, questiona Juvandia Moreira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Há uma função social na atuação das instituições públicas, como o fomento do desenvolvimento regional,

Caixa e BB são 80% das agências em estados do norte que não se verifica nos bancos privados, cujo foco de atuação é exclusivamente em áreas onde dá para se obter lucros. Isso explica, por exemplo, a baixa presença de bancos privados nas regiões mais pobres e menos desenvolvidas do país. Em estados como Roraima, Pará, Acre, Tocantins e Piauí, os bancos públicos como Caixa e BB chegam a representar até 80% das agências. Bancos públicos ajudam a superar crises “O avanço do crédito é importante para pagar os salários, criar renda, de modo que as pessoas possam poupar, de modo que as empresas possam ganhar para repagar os bancos. É nesse

movimento que se expande a economia”, afirmou ao Brasil de Fato o economista Luiz Gonzaga Beluzzo, professor de Economia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Beluzzo lembra do papel histórico dos bancos públicos na economia brasileira, como o protagonismo do Bando do Brasil, na década de 1930, para recuperar a indústria do café, completamente destruída pela Grande Depressão de 1929. “Isso continua nos anos 1950, com Getúlio Vargas, que cria o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], com o Juscelino Kubitschek e com os militares” explica.

BRASIL

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CEF é essencial para habitação A Caixa Econômica Federal, que cuida do pagamento de programas sociais e da administração do FGTS, foi responsável por mais de 75% do crédito imobiliário concedido à população no ano de 2015. Foram mais de R$ 370 bilhões para essa finalidade. No mesmo ano, Itaú, Santander, Bradesco e HSBC responderam, juntos, por R$ 86 bilhões do crédito imobiliário. Num país onde o déficit habitacional ultrapassa 7,7 milhões de moradias, o desmonte da Caixa segue em curso, com fechamento, no último ano, de 25 agências e 37 postos de atendimento, além da demissão de mais de 5 mil trabalhadores.

Privatizar loteria vai afetar políticas públicas

Bancos públicos respondem por 75% do crédito agrícola

“Do total arrecadado nas lotéricas, 37% são destinados para a seguridade social, o esporte, a cultura, segurança, educação e saúde. São verbas carimbadas. Entregar as lotéricas para os bancos privados pode acabar com isso”, observa a presidente da Contraf, Juvandia Moreira. Além de leiloar as loterias da Caixa, o governo já anunciou que pretende privatizar as áreas do banco que vendem seguro, cartão de crédito e que cuidam do FGTS.

O BB e o Banco do Nordeste (BNB) são os principais operadores do Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (Pronaf), responsável por cerca de 70% do volume de crédito concedido à agricultura familiar. Apesar de ter sido aberta para todos os bancos, a operação só é oferecida pelo BB e pelo BNB, o que revela o desinteresse dos bancos privados em operações de pouco retorno financeiro.


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Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Eleição na Índia aponta “vitória esmagadora” do BJP, partido da direita ÁSIA Primeiro ministro reeleito fez campanha baseada no ataque a minorias religiosas Prakash Singh /AFP

Da Redação

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contagem dos votos nas eleições gerais da Índia, o maior pleito do mundo, com 900 milhões de eleitores, foi realizada na quinta-feira (23) e indica a vitória esmagadora do Partido do Povo Indiano (BJP), de direita, legenda do atual primeiro-ministro, Narendra Modi. A votação aconteceu em sete fases, entre 11 de abril e 19 de maio, e define os assentos da Lok Sabha, a câmara baixa do parlamento, responsável por escolher o cargo de primeiro-ministro. Para formar maioria, é preciso garantir pelo menos 272 das

Primeiro-ministro indiano, Narendra Modi (centro), celebra vitória do BJP nas eleições gerais da Índia

545 cadeiras abertas à disputa eleitoral. Até o fim da tarde de quinta, o BJP sozinho já tinha garantido cerca de 300 cadeiras. O segundo colocado, o Congresso Nacional India-

no (CNI), tinha 50 assentos e a Aliança Progressista Unida, oposição liderada pelo CNI, menos de 100 cadeiras. Primeiro ministro Narendra Modi conquistará um segundo mandato de cin-

co anos como primeiro-ministro do país. Mesmo com o desemprego em alta e a crise no campo, exemplificada no alto índice de suicídio entre agricultores, o premiê sai fortalecido por uma campanha nacionalista hindu pautada no ataque a minorias religiosas, como os muçulmanos, e uma plataforma amparada na defesa da segurança nacional. Outra questão delicada é o aumento da violência e discriminação de casta, com linchamentos, agressões, estupros e assassinatos de dalits e adivasis, grupos mais marginalizados pelo sistema de castas do país. No último pe-

ríodo, o governo demonstrou lentidão na resposta a esse tipo de violência e atacou direitos de tribos sobre territórios florestais que eram garantidos por lei. A rixa da maioria hindu com as minorias étnicas e religiosas também se intensificou no primeiro governo de Modi, que adotou abertamente a chamada Hindutva, ideologia de direita que busca definir a cultura indiana a partir dos valores hindus, em oposição à visão de laicidade do Estado promovida pelos governos anteriores do CNI.

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Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

ENTREVISTA 15 11

“Quando as pessoas estão dominadas pelo mito elas ficam insensíveis à razão” POLÍTICA Professor estudou a narrativa mítica que levou população ao medo e Bolsonaro à vitória Reprodução

Rafaella Dotta

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entrevista desta semana tenta desvendar um mistério que ronda a nossa política. No último pleito, eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) começaram a chama-lo de “mito” como forma de valorizá-lo. Isso provocou a curiosidade do professor Dimas Antônio de Souza, que mergulhou nos textos sobre mitologia para entender o assunto. Aqui, ele nos explica como é possível afirmar um mito político, em contraposição a fatos e argumentos racionais. Dimas é cientista político, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e integrante do Coletivo Alvorada. Ele foi o idealizador de ações de grande visibilidade na capital mineira, como o “Coral de Mil Vozes por Lula” e o primeiro Lulaço, no Mercado Central de Belo Horizonte. Brasil de Fato - O que é o mito? Dimas Antônio de Souza- Dizemos que dado relato é um mito quando, independentemente de sua veracidade, acredita-se que seja verdadeiro, sobretudo pela forma dramática pela qual é apresentado. O mito funciona socialmente, é eficaz, mobilizador, indutor de julgamentos e de ações práticas. É a eficácia do mito que deve ser o critério para pensá-lo. São respostas para as angústias e sonhos, próprios da existência humana, e encontraram nas ideologias políticas o meio propício à sua permanência e proliferação. Na última eleição, a palavra “mito” apareceu

Da mesma forma, nazistas usaram na Alemanha uma falsa conspiração dos judeus para massacrá-los”

Dimas de Souza: “Lula está vivendo a fase do herói mártir, preso injustamente”

Contra uma falsa conspiração, passou a existir uma verdadeira organização criminosa” ligada a Jair Bolsonaro. Na sua opinião, ele pode ser considerado um mito? Um salvador sempre se aporta nas situações de desespero, reais ou forjadas. No fundo, Bolsonaro representa os anseios por ordem, estabilidade, unidade e um forte apego às formas de vida social que se sentem cada vez mais ameaçadas frente às mudanças correntes, principalmente nos costumes. O mito Bolsonaro, assemelha-se profundamente ao de Moisés ou ao arquétipo do profeta. Ele próprio conduzido por uma espécie de impulso sagrado, guia seu povo pelos caminhos do futuro.

Criaram também um medo do Foro de São Paulo e da esquerda. Por que isso aconteceu? No Brasil, a velha ficção da dominação comunista renovou-se com a edição do Foro de São Paulo, em 1990, ou seja, acionaram o Mito da Conspiração. Tal mito narra a existência de um complô demoníaco, prestes a dominar toda a terra. Atemorizados, forma-se em contrapartida à santa conjuração. Os “Filhos da Luz” escolhem frequentemente a noite para travar o seu combate, dado que passam a acreditar que só um complô pode frustrar o complô. Pela estrutura do mito, podemos deduzir que se formou no Brasil, com a finalidade de combater uma organização comu-

Lula representa um sentimento enorme da população brasileira

nista imaginária, uma outra organização, de direita, real e criminosa, que se articulou e operou nas sombras, cooptando agentes públicos, produzindo e divulgando mentiras pelas redes sociais, criando o clima favorável a que suas ideias fossem implantadas. Da mesma forma, os nazistas usaram na Alemanha no período entre as duas Guerras o livro “Protocolos dos Sábios de Sião”, em que se descrevia uma reunião dos judeus para dominar o mundo. Hoje sabe-se que essa reunião nunca aconteceu e que o livro era uma farsa. Bolsonaro criticou muito o “toma lá dá cá” com os deputados e senadores, mas já faz isso. Os apoiadores vão ver nessa atitude um afastamento do caminho moral? Os seus seguidores têm nele o profeta. Aceitam de bom grado tudo que ele fizer, inclusive acabar com a transparência do governo para esconder criminosos [em referência ao caso Queiroz e das laranjas]. Quando as pessoas entram para dentro da lenda, elas vivem isso como uma verdade, mas não dá pra prever quanto tempo dura. Em geral termina em tragédia.

E onde fica Lula nessa construção mitológica? O Lula representa um sentimento enorme da população brasileira. Ele é uma ideia e um herói, assim como Bolsonaro. Só que o Lula está vivendo a fase do herói mártir, preso injustamente. O martírio é uma narrativa tão escatológica quanto a mitologia da conspiração. A existência do mártir é a prova definitiva que o mal está vencendo, o que exige também a ação imediata das forças do bem. Observe que só muda o lado,

Para dialogar com o domínio do mito, é preciso usar a arte” quem é o bem e quem é o mal. E corre o risco desses dois lados entrarem em confronto sangrento. Quais caminhos a gente poderia tomar nesse contexto político? Quando as pessoas estão dominadas pelo mito, elas ficam insensíveis ao argumento racional. Elas serão mais sensibilizadas pela arte. Agora é importante que a gente utilize charges, que a gente traduza essa história do golpe em quadrinhos e tenha uma comunicação que chegue nas bases da sociedade e também nas classes médias. ENTREVISTA COMPLETA NA PÁGINA wWW. BRASIL DEFATO.COM.BR


14 VARIEDADES 12

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

DE OLHO NA MÍDIA

FIQUE Maíra Cabral

BEM RELACIONAMENTOS SÃO A CHAVE PARA UMA VIDA FELIZ

Apontada por 10 entre 10 brasileiros como saída para o Brasil, a educação é continuamente atacada pelo governo de extrema direita de Jair Bolsonaro. Além de encampar projetos de censura nas escolas e ridicularizar o maior especialista brasileiro no assunto, o governo ainda anunciou um corte de 30% no setor. Em resposta, mais de 2 milhões de pessoas foram às ruas. O ato do dia 15 de maio simbolizou também que as redes sociais do presidente não conseguiram convencer a população de que as universidades são lugares de “balbúrdia” e gente pelada. O triste é que, sim, o governo tentou vender essa mentira. Leia sobre isso e confira dicas de como acompanhar a mídia. Não esqueça: queremos seus comentários e sugestões!

Ataques contra universidades em grupos de zap Talvez você tenha recebido em seu celular, em algum grupo do WhatsApp, uma (ou várias) foto de estudantes pelados assistindo aula ou fazendo coisas bizarras na universidade. Pois saiba que isso foi parte de uma estratégia do governo de Jair Bolsonaro – cuja popularidade só diminui – para reativar a rede de boatarias que o ajudou na eleição. Segundo uma reportagem do Intercept Brasil, os grupos bolsonaristas voltaram a investir nas mensagens falsas ou retiradas de contexto para tentar ganhar o apoio da população na política de cortes na educação. Segundo pesquisadores que monitoram esses grupos, a maioria dos administradores têm números de fora do Brasil. Se você começar a receber enxurradas de mensagens querendo detonar algum assunto, procure saber a origem e se pergunte: quem começou a enviar isso e por quê? A matéria revela ainda que 60% dos seguidores de Jair Bolsonaro no Twitter são robôs, ou seja, perfis falsos. Tem muito dinheiro e interesses estranhos por trás disso tudo. Leia a matéria completa em: tinyurl. com/y2hteb9n.

Resumo crítico Para ficar por dentro de um resumo de tudo o que aconteceu de importante na semana com uma perspectiva crítica, uma boa dica é o Boletim Ponto. Vale a pena se inscrever enviando uma mensagem para newsletter@ponto.jor.br ou acompanhar na página do Brasil de Fato. Joana Tavares é editora do Brasil de Fato MG Escreva suas sugestões e impressões para: joana@brasildefato.com.br

A notícia não é nova, mas é boa: segundo uma pesquisa da Universidade de Harvard, desenvolvida por 40 anos, o segredo para um envelhecimento saudável e feliz está nos relacionamentos. E não só aqueles amorosos, mas todos: de amizade, entre vizinhos, com colegas de trabalho, com a família, enfim, nas trocas humanas. Bons relacionamentos pesam mais que inteligência, fama, dinheiro, genes e até condições materiais. O estudo indica ainda que quanto mais fortes os laços, maior a sensação de bem-estar. Mais que isso: a qualidade dos relacionamentos próximos é fundamental. Poucos e bons amigos são suficientes. Então, lembre-se: investir em passar tempo com quem você gosta, conversar da vida, passear ou simplesmente ficar perto não só é gostoso, como protege seu corpo e seu cérebro.

DOCUMENTÁRIO QUE AJUDA A SORRIR A intenção da produção “Happy” (feliz, em inglês) é descobrir os motivos para a felicidade. Com depoimentos de especialistas – como psicólogos e neurocientistas - e de cidadãos de várias partes do mundo, o filme reflete sobre os motivos que deixam as pessoas alegres e traz importantes reflexões sobre o que, afinal, buscamos. Você pode até não concordar com tudo, mas uma sensação boa de otimismo e simplicidade provavelmente vai te envolver depois de assistir. É possível encontrá-lo na plataforma Netflix.

AMIGA DA SAÚDE

Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

A sífilis pode ser transmitida pelo beijo? Jussara 34 anos, vendedora ambulante Isso é bem raro, Jussara. As principais formas de transmissão da sífilis são a relação sexual e a sífilis congênita (passado de mãe pra filho). Para que possa haver a transmissão pelo beijo é necessário que o portador esteja com lesões por sífilis ativas na boca. Estamos vivendo um surto dessa doença no Brasil, por isso é muito importante se prevenir. As unidades básicas normalmente possuem testes rápidos e você pode ficar sabendo do resultado em poucos minutos. O tratamento também pode ser feito nas unidades básicas de saúde.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br


Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

www.malvados.com.br

13 VARIEDADES 15

Dicas Mastigadas PASTEL DE ANGU

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Situação Embarcadouro útil a que reduz portos e marinas a margem Dividida na de lucro quantidade certa Setor da Agência Nacional de Cinema

Objeto de preenchimento eletrônico "Endereço" de um micro em uma rede

Temática do filme "Eu Sou a Lenda"

Milho, soja e girassol (?) Thurman, atriz

Entidade infantil da Umbanda (bras.)

Reduzir a pó (o grão de café)

Planície típica de Argentina e Uruguai Objetivo do "carrinho", no futebol Iguaria árabe preparada com trigo Lady (?), avó de George e Charlotte Forma trabalhadores para a indústria

(?) Pontas, cidade do Sul de MG Trending Topics, no Twitter Encargo

Grito; berro Ônibus, em inglês

Ingredientes

(?) Rónai, jornalista e escritora

• • • • • • • •

650, em romanos Dinamarquês

Empreendedores de negócios Colocado em cela Altar hebreu

Flor do Escotismo Indígena dos EUA

Símbolo do Estado monárquico

A (?): lhe Mar que virou "sertão" (Ásia)

(?) perdido, conceito de Darwin (Biol.)

(?) Zeppelin, banda de "Kashmir"

Água (?), produto de usinas nucleares O francês, para os indígenas brasileiros

Número de lados do icoságono Merecer

Acessório do goleiro (fut.) Triste, em inglês Relativo à sílaba mais forte

Colocar O de voo é conhecido pelo piloto Substituem o "l" no plural de "qualquer"

A da faixa classifica o judoca O indivíduo que vive nas ruas "(?) Loves You", sucesso dos Beatles

Serra da Rodovia Presidente Dutra

3/bus — sad — she. 4/mair. 5/danês. 6/araras. 7/desarme. 11/audiovisual.

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Solução C L S

• Numa panela, dissolva o fubá em água fria, sal e óleo e leve ao fogo. Mexa com uma colher de pau até a massa engrossar e borbulhar. Acrescente o bicarbonato e vá mexendo até a massa desgrudar da panela. • Depois tire do fogo e vire numa mesa, acrescente a massa, o polvilho e o ovo. Sove a massa ainda quente, até ficar consistente. • Enrole a massa em um pano de prato úmido. • Faça bolinhas e abra com um rolo sem fazer força e sem deixar a massa ficar muito fina. • Recheie a massa e feche com a mão, apertando as bordas e dobrando-as. • Fritar em óleo bem quente e não mexer até que comece a dourar.

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P F A D I O V I U O E R P S R M E A D U R R A BU L E S A D I R E C N A I L O R O A V A P E A V A L D O N I C O R N H E M T E T S H E A M E N T O D E C U S T O S

P P O S U A L A M P A P A N O T T C O R A A N E S L U S O I S L L E P E S A D A E R G A M I P L A NO O I S R A R AS

BANCO

Modo de Preparo

Aranha amazônica que não tece teia Mika Hakkinen, ex-piloto da F1

1 litro de água Meio quilo de fubá de milho 2 colheres de sopa de óleo 1 colher de chá de sal 1 ovo 1 pitada de bicarbonato Meio copo de polvilho azedo Recheio a gosto: carne moída, frango, queijo, bacalhau, milho ou o que você tiver na geladeira

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

Roteiro 2º Circuito Cinematográfico de Periferia

Fotógrafo J.R.Ripper em BH

Mostra de Cinema Feminista

Festival Afroabraço em BH

Reprodução

Divulgação

Divulgação

Divulgação

O projeto vai de 27 de maio até dezembro de 2019 em BH. A primeira atividade é uma oficina de edição no Viaduto das Artes, no Barreiro. No mesmo bairro, rola exibição de filmes no dia 29, às 19h. Para acompanhar a programação e se inscrever, acesse: fb.com/ong.contato.

O evento é dedicado à valorização do povo negro. Acontece no dia 1º de julho, a partir das 9h, no espaço Odara (rua Arthur de Sá, 380 - bairro União, BH). Vai ter feira quilombola, capoeira e muito samba. Os ingressos custam R$ 20, mas quem comprar antecipadamente paga R$ 10. Saiba mais: fb.com/odara.co.

Fique ligado: é só até sábado (26), em BH! A programação é gratuita e acontece entre 16h e 22h. Os filmes em cartaz são todos dirigidos por mulheres e retratam diferentes facetas da luta por direitos iguais. Mais informações: coletivamalva. com.

Um dos maiores fotodocumentaristas do Brasil apresenta seu trabalho de mais de 50 anos em defesa da memória e dos direitos humanos. A atividade é gratuita e acontece na sexta (24), a partir das 19h no CRJ, na Praça da Estação, em BH . ANÚNCIO

REVOGAR A LEI KANDIR PODE SALVAR O ESTADO O que aconteceria se todos os brasileiros soubessem que os produtos primários e semielaborados nacionais, como café, soja e minérios, são exportados sem pagar imposto? Em Minas, 70% de tudo o que o Estado exporta não paga um tostão de imposto. Dinheiro que falta para a saúde, a educação, o saneamento e a conservação de estradas, por exemplo. Por que as grandes empresas exportadoras têm privilégios que os demais empresários e a população não têm? Você acha isso justo? Países como Austrália, Noruega, Chile e EUA, cobram imposto sobre a exportação de suas riquezas e continuam exportando. Por que no Brasil é diferente?

Em 23 anos, por causa do privilégio tributário concedido pela Lei Kandir, Minas Gerais deixou de arrecadar R$135 bilhões. Hoje, a exploração das riquezas brasileiras acontece tal qual no Brasil colônia! Será que os mineiros concordam com isso? Reprodução

Vote para mudar essa situação ! Assine a petição on-line para por fim a essa injustiça fiscal. Acesse: fimdaleikandir.com.br O PRIVILÉGIO DA LEI KANDIR TEM QUE ACABAR! Uma campanha da Associação dos Funcionários Fiscais de Minas Gerais Saiba mais: affemg.com.br


Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

A nadadora pernambucana Etiene Medeiros compôs a equipe brasileira de natação, na etapa da Hungria pela Copa dos Campeões da Fina (Federação Internacional de Natação). A atleta, que é campeã mundial nos 50m costas, foi a única a levar duas medalhas na competição:

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CURTO E GROSSO

na geral

Etiene brilha na Hungria

ESPORTE

CBA

um bronze nos 50m livres e uma prata no revezamento 4x100 livre. O Brasil conquistou dois ouros, três pratas e um bronze nessa etapa. Destaque também para João Gomes Junior, ouro nos 50m peito, e Nicholas Santos, que, aos 39 anos, subiu ao topo do pódio nos 50m borboleta.

Fifa quer desistir de Copa com 48 seleções TASS

O goleiro Sidão e a imprensa esportiva

Luiz Ferreira, do Rio de Janeiro

A

té quem não acompanha futebol soube o que aconteceu com o goleiro do Vasco, Sidão, no dia 12. Após falhar em um gol sofrido contra o Santos (o Peixe venceu por 3 a 0), vários torcedores votaram no jogador como “craque do jogo”, prêmio que a TV Globo concede em votação popular. Talvez tenha sido uma forma de protesto pela atuação do arqueiro ou uma brincadeira. O que ninguém esperava era ver Sidão recebendo o “prêmio” em um momento tão constrangedor. A Globo errou feio e rude. Narrador, comentarista, repórter, câmeras foram con-

trários à entrega do prêmio, mas veio a ordem de cima para que o troféu fosse entregue mesmo assim. A repercussão foi tão grande que a emissora pediu desculpas públicas ao arqueiro. Era o mínimo. Parece que ficou tudo bem, mas não ficou. Vivemos tempos estranhos, em que a crueldade vem disfarçada de zoeira e a falta de respeito de piadinha. Vários membros da nossa imprensa esportiva se transformaram em “animadores de auditório”. Fala-se pouco do que acontece dentro de campo. As polêmicas vazias, as perseguições contra jogadores, as críticas sem embasamento e o preconceito travestido de “cultura

Carlos Gregório Jr. / Vasco

do futebol” tomaram conta das principais mesas redondas do país. E isso quando não resolvem diminuir o racismo, o machismo a homofobia no futebol. Zoar é bacana, mas há zoeiras e zoeiras. Na maioria das vezes, tudo isso desemboca em falta de respeito com profissionais como eu e você. Sim, eles recebem um salário muito alto. O problema é cobrarmos deles uma retidão e postura que nunca teremos nem no auge da nossa ética. E, mesmo assim, exigimos que sejam tão doentes como nós. Quando não o fazem, é pedrada na cabeça. Precisamos de mais empatia e menos crueldade. ANÚNCIO

De acordo com o jornal “The Times”, a Fifa vai desistir do projeto de fazer a próxima Copa do Mundo, no Catar, com 48 seleções. 16 a mais que na última edição. O motivo principal seria a dificuldade logística para manter um campeonato com tan-

tas equipes, combinado com a crise política no Catar. As fronteiros do país com alguns países no Oriente Médio, como a Arábia Saudita, estão fechadas. A entidade chegou a cogitar dividir algumas partidas com vizinhos do Catar.


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Belo Horizonte, 24 a 30 de maio 2019

ESPORTES

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Lucas Figueiredo /CBF

DECLARAÇÃO DA SEMANA Biser Todorov

Mundial Sub-20: Brasil é candidato a sede em 2021 A Copa do Mundo de seleções de futebol Sub-20 masculina começou nesta quinta-feira (23), sem a presença do Brasil, que não se classificou para a competição. Mas a Fifa já discute a sede

da próxima edição, em 2021, e o país é um dos candidatos. Os outros são: Peru, Indonésia e Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Os três últimos querem receber em conjunto os jo-

gos. A competição é disputada a cada dois anos, em anos ímpares. O Brasil é o segundo maior vencedor do Mundial, com cinco títulos, atrás apenas da Argentina, que tem seis.

“Se um jogador disser palavras homofóbicas no campo de jogo, acho que eu pararia a partida. Isso precisa mudar” Antoine Griezmann, atacante do Atlético de Madrid e da Seleção Francesa.

Gol de placa Cristiano Ronaldo doou US$ 1,5 milhão aos palestinos que vivem na Faixa de Gaza, a título de ajuda alimentar. Mais do que pela doação, lembremos que o multimilionário craque português tem posições políticas avançadas, como a defesa da Palestina contra os ataques do Estado de Israel.

Gol contra Um torneio de squash na Espanha premiou as atletas com vibradores, kits de depilação e esfoliadores elétricos. As jogadoras se revoltaram com a premiação, que consideraram sexista. A premiação para os homens se resumiu ao troféu de campeão.

É preciso reforçar

É mole?

Agora é que são elas

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Izabela Xavier

Com a mudança de técnico, o América evoluiu um pouco, mas continua precisando de reforços que cheguem para disputar posição. As principais carências são nas laterais, já que João Paulo e Leandro Silva não conseguem atacar nem defender, na armaDecacampeão ção, visto que o time não tem nenhum jogador que organize as jogadas, e no ataque, pois Jonatas Belusso e Júnior Viçosa não justificaram a contratação. Enquanto não chegam novas peças, o técnico Maurício Barbieri poderia colocar meninos que vieram da base e tiveram poucas oportunidades, como Christian, Emiliano, Felipinho, Ronaldo e Pedro.

Na estreia da Sul-Americana, contra o Unión La Calera, parece que a comissão técnica não deu importância à partida e a derrota vem sendo creditada à escalação de equipe alternativa, mista, genérica ou paralela. No sábado (25), tem o Grêmio, em desespero, no Rio É Na Galo doido! Grande do Sul. terça-feira (28), de novo os chilenos, mas em confronto decisivo, em BH. Enquanto isso, os pretendidos para o cargo de treinador vão ficando pelo caminho: Rogério Ceni, Tiago Nunes, Juan Carlos Osório e Jorge Jesus. E a Arena MRV cai no colo do Alexandre Kalil. É mole ou quer mais?

Se o elenco masculino do Cruzeiro teve um mês para ser esquecido, com grande queda de rendimento principalmente no setor defensivo, o time feminino vem passando liso por suas adversárias. No Brasileirão A2, após isolada derrota Negra na estreia, as CaLa Bestia bulosas engrenaram seis vitórias consecutivas e seguem fortes para encarar a Portuguesa, após a pausa para a Copa do Mundo Feminina, que será na França. Falando em Copa, Brasil joga dia 9 de junho, às 10h30, contra a Jamaica, com grande cobertura e transmissão da TV Aberta. Mais do que nunca, estamos na torcida!


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