PDF da edição 259 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Cinema de mulher

Carlos Bassan

Esporte na ponta da praia

Cineclube gratuito divulga e fortalece cinema feito por mulheres

Sucessor de Temer anuncia fim de ministério que coordena políticas de desenvolvimento esportivo

CULTURA 14

ESPORTE 16

MG Minas Gerais

Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro de 2018 • edição 259 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

QUEM VAI SE APOSENTAR?

Fábio Rodrigues Pozzebom / ABr

Jair Bolsonaro quer aprovar a reforma da Previdência, que inclui aumento da idade para aposentar, manutenção dos privilégios de juízes e militares, e implantação do regime de capitalização. Em países onde esse modelo foi adotado, só um quarto da população consegue se aposentar e, mesmo assim, com um benefício ínfimo

Contradições da Justiça

Placebo funciona?

Horário de verão

Enquanto Lula continua preso, Moro aceita cargo em novo ministério que pode ter ainda menos transparência

Efeito gera respostas neurológicas, fisiológicas e psicológicas no organismo

Uns amam, outros odeiam. O que será que a população anda achando da mudança?

BRASIL 8

VARIEDADES 12

GERAL 3


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

Editorial | Brasil

Quando o “novo” é bem mais velho do que achamos Muitos eleitores que votaram no Romeu Zema, hoje governador eleito, quando perguntados sobre o porquê do seu voto, respondem: “estamos cansados dos velhos políticos, queremos algo novo”. Quando olhamos para história política de Zema, e também para suas propostas, percebemos que ele não é nem representa bem isso.

ESPAÇO DOS LEITORES

“Que tema bonito! Parabéns ao Brasil de Fato, sempre fazendo jornalismo com responsabilidade e sensibilidade” Maíra Gomes comenta a Pergunta da semana da edição 258: “De quem você sente saudades?” “É triste presenciar tamanha vergonha. Principalmente pra quem está engajado no meio jurídico, uma sensação horrível e desesperada de que a lei é falha, e na maioria das vezes essa ausência será sempre do lado mais necessitado!” Ivany Monteiro escreve sobre a matéria “Crime da Samarco completa três anos com protestos no Brasil e no exterior” “E tem a mais nova humilhação: os motoristas da linha 9202 não querem parar para o embarque dos cadeirantes na porta da UNIPABE. Ajudem a compartilhar até chegar no conhecimento do chefe da viação São Geraldo!” Luiz Flavio Moreira comenta a matéria “BH está cada vez mais perto de eliminar posto de trocador no transporte público”

Escreva para a gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

Temos que nos preparar para a resistência Zema é um empresário dono de uma grande rede varejista e foi filiado 18 anos ao PR, considerado um dos partidos mais corruptos do Brasil. Dentre suas propostas, Zema anunciou, ainda em sua campanha, a privatização da Cemig e da Copasa. Como justificativa, dizia que isso possibilitaria serviços de melhor qualidade e tarifas mais baixas. Mas na década de 1990 ouvimos esse mesmo discurso para privatizar as empresas de telefonia, por exemplo. É preciso perguntar: esses serviços melhoraram? As tarifas ficaram mais baratas? Pelo contrário, presenciamos serviços piores e com taxas cada dia mais caras. Nem pudemos saber o que seria ter uma empresa pública de telefonia no tempo dos celulares. Hoje, já pagamos uma das tarifas de energia elétrica mais caras do país. Imaginem se a Cemig estiver nas mãos de empresas transnacionais, cuja preocupação central é com o lu-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

cro, acima da preocupação com o atendimento da população e qualidade dos serviços. Sem falar na maior precarização dos trabalhadores, que já estão submetidos diariamente a situações de risco. Dados apresentados pelo Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro MG) mostram que, com as terceirizações, passamos a ter acidentes fatais com trabalhadores da Cemig e terceirizados a cada 45 dias. E se hoje o saneamento básico (água e esgoto) ainda é precário ou mesmo ausente até em alguns bairros da capital mineira, imaginemos em uma lógica empresarial, em busca de lucro. O que hoje é considerado um direito essencial da humanidade será apenas mais uma mercadoria. Com isso, ao invés da efetivação desse direito, teremos mais restrição. Pois é isso que quem votou pelo “novo” terá como governador. Alguém que traz consigo tudo aqui-

Zema pretende colocar água e energia a serviço do lucro lo que representa o mais antigo, o projeto neoliberal privatista. Além de não dar resposta aos problemas vividos pelo povo, ainda podemos ver entregues aos capitalistas internacionais bens importantes da nossa soberania nacional, como energia elétrica e água. Mais do que nunca o povo mineiro tem que se preparar para tempos difíceis e de resistência.

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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Marcelo Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes, Thainá Nogueira e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Bruno Mateus, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia, Souza, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Taciana Dutra. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Na meia-noite do último dia 4, brasileiros de dez estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram que adiantar seus relógios em uma hora. É o início do Horário de Verão, que ocorre sempre nas estações da primavera e verão, quando os dias são mais longos. Desta vez, o período começou em novembro e vai até 17 de fevereiro de 2019. O Brasil de Fato foi às ruas perguntar:

O que você acha do horário de verão?

Para mim, é bom o horário de verão. A gente acorda mais cedo, resolve os problemas. Eu consigo fazer mais coisas, chego em casa mais cedo. Quando muda, eu me adapto fácil. Acho até ruim quando termina.

Eu não gosto, prefiro o horário velho. Acho muito difícil adaptar. Eu fico até com dó das pessoas que trabalham fora. Meu filho levanta às 5h da manhã para pegar serviço às 8h. Então, ele viaja longe e sai no escuro.

Ivonete Regina professora

Maria Eugênia, do lar

GERAL

Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

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João Cotta/ Duvulgação

Declaração da Semana

“Quando a Vale e a BHP Billiton limparão a lama com a qual sujaram Minas Gerais?”

Twittou Chico Pinheiro, no domingo (4), às vésperas de se completar três anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).

Boletim escolar na palma da mão

Isabel Baldoni

Mães, pais e estudantes das escolas municipais do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Belo Horizonte poderão ter acesso ao último boletim pelo celular. É só baixar o aplicativo PBH APP, onde o documento com notas e frequência escolares pode ser consultado e baixado de maneira rápida e fácil. Está disponível para os sistemas Android e IOS.

É tempo de jabuticaba

Reprodução/ Prefeitura de Sabará

Nativa da Mata Atlântica, a jabuticaba chama atenção por nascer no tronco da árvore. Rica em antioxidante a fruta evita o envelhecimento dos órgãos e combate os radicais livres. Possui também uma grande quantidade de vitaminas e minerais como fósforo, ferro, cálcio e principalmente vitamina C. Os benefícios incluem proteção do fígado e do sistema cardiovascular e melhora no desenvolvimento das atividades cerebrais.


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MINAS

Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

Crime que se renova: três anos de lama no Rio Doce MINERAÇÃO Atingidos denunciam negligência da Samarco e afirmam que revivem diariamente os impactos do desastre Lorena Szchaber / Mídia Ninja

PBH

Amélia Gomes Júlia Rohden

N

a tarde do dia 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão da mineradora Samarco rompeu e despejou 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro ao longo de 43 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo, até desembocar no mar. O crime deixou 19 mortos e afetou

A prioridade [da Samarco] é o lucro e não as pessoas”, diz militante do MAB de diferentes formas pessoas que viram suas vidas se transformarem com a passagem da lama tóxica. O maior

desastre socioambiental do Brasil completa três anos sem que houvesse nenhuma condenação dos responsáveis na Justiça. Diversos estudos realizados após o crime evidenciam negligência por parte da empresa. Um laudo realizado pela Polícia Federal, apresentado em 2016, apontou falhas graves de manutenção da barragem e a omissão da Samarco em re-

parar os problemas detectados ainda em 2014. Ainda de acordo com o estudo, 28% da lama despejada em Fundão em 2014 vinha da Vale e não havia licença ambiental para a operação. Outro relatório realizado pelo Ministério Público Federal afirma que a Samarco promoveu “alterações significativas na barragem de Fundão, de forma ilegal, sem qualquer licença ou controle” e que “a empresa induziu os órgãos ambientais ao erro, apresentando estudos, laudos e relatórios falsos, por omissões gravíssimas, nos procedimentos de licenciamento e fiscalização”. “Tudo aponta que a Samarco optou por ignorar a segurança da população e produzir mais para não afetar seu lucro. Não foi um desastre, mas um crime que vinha dando sinais de que iria acontecer”, afirma Pablo Dias, da coordenação estadual do MAB. “Apesar de não ter reparado os atingidos, a mineradora já afirmou que pretende retomar a exploração, o que deixa claro que a prioridade é o lucro e não as pessoas”, completa.

Brasil de Fato é premiado jornal Brasil de Fato MG sil de Fato, coube a medalha de e outras 121 entidades fo- ouro. “Em um momento como o O ram homenageadas pelo gover- atual, em que há tanta circulação no de Minas com a Medalha Santos Dumont. O prêmio é um reconhecimento por relevantes serviços prestados ao povo mineiro. A premiação tem quatro graus: Colar, Ouro, Prata e Bronze. Ao Bra-

de falsas informações e quando a imprensa comercial se arvora como a única legítima, é uma alegria muito grande esse reconhecimento”, afirma a editora do jornal em Minas, Joana Tavares.

Dois milhões de atingidos O balanço do Movimento dos Atingidos por Barragens é de que nesses três anos o processo de reparação foi marcado pela lentidão e a negligência. O movimento, que antes estimava o montante de 1 milhão de atingidos, hoje acredita que o número seja de quase 2 milhões. No site, a Fundação Renova afirma ter gasto de R$ 2 bilhões com a reparação dos atingidos. No entanto, nenhuma casa do reassentamento prometido aos moradores de Bento Rodrigues, município completamente inundado pela lama, foi construída. Centenas de famílias seguem em moradias de aluguel, outras milhares ainda estão sobrevivendo apenas com o cartão emergencial fornecido pela Fundação, e a grande maioria das famílias atingidas segue sem nenhuma forma de reparação.

LEIA NO SITE Acompanhe a cobertura das ações “3 anos de lama e luta” brasildefato.com.br


Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

MINAS

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Opinião

Não é a palavra que importa, são as atitudes João Paulo Cunha O presidente eleito, o capitão reformado Jair Bolsonaro, tem sido tratado como fascista e representante da extrema-direita por cientistas políticos estrangeiros e pela imprensa internacional. No Brasil, onde sua ação radical se renova e aprofunda a cada dia, há uma suavidade constrangida que escorre dos manuais de redação do jornalismo dito profissional e de acadêmicos titulados. Tem sido vendido como de centro-direita e tratado com uma condescendência servil. Para seu futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, ele “parece moderado”. A dissonância não se dá entre o Brasil e o mundo, mas entre os fatos e sua interpretação. Bolsonaro atacou a liberdade de imprensa, ameaçou quem discorda dele com cadeia ou exílio, fez declarações racistas, misóginas e homofóbicas. E muito mais. Enumerou medidas de seu governo que vão da censura ao comprometimento da liberdade de cátedra, estimulou a denúncia de professores que pensam diferente de suas convicções, mentiu repetida-

Substitua o nome do ditador italiano e torça para não esperar 20 anos mente sobre o uso de material didático destinado à educação sexual nas escolas públicas, se mostrou leniente com ações violentas tomadas em seu nome por partidários e eleitores, inclusive espancamentos e mortes. A lista segue. Defendeu o armamento do cidadão como política de segurança e a liberdade de matar como estratégia de combate à criminalidade. Carregou com ele orgulhosamente o filho deputado que se insurgiu aberta e jocosamente contra o Supremo Tribunal Federal. Sem falar das outras promessas de campanha, igualmente criticadas por 10 de 10 jornais sérios do mundo. Por aqui, seguem vendidas com naturalidade pela mídia nativa.

Como não existe propriamente um programa de governo, vamos recebendo aos poucos as notícias que não surpreendem, mas preocupam. Vão nessa linha a extinção do Ministério do Trabalho, a guinada provocativa e isolacionista em política externa, a privatização selvagem das empresas públicas, a entrega do setor agrário ao apetite do agronegócio e das empresas produtoras de venenos, sem cuidado com a sustentabilidade ambiental. E, como coroamento, a promessa de tratar movimentos sociais como terroristas. No entanto, mesmo com tantos e tão fortes atos, parece haver uma dificuldade em carimbar o presidente eleito como fascista. Como alertou o historiador Donald Sasson em seu livro Mussolini e a ascensão do fascismo: Mussolini poderia ter sido contido, mas aqueles capazes de bloquear sua trajetória – os liberais, a esquerda, a Igreja, a monarquia – não souberam ou não quiseram fazê-lo, caminhando para 20 anos de ditadura como se tivessem de olhos vendados.” Substitua o nome do ditador italiano e torça para não esperar 20 anos.

Comissão parlamentar em defesa das mulheres é lançada em Belo Horizonte CONQUISTA Iniciativa promete disputar pautas e orçamento na Assembleia Legislativa do estado Bárbara Ferreira / Divulgação

Larissa Costa

um papel fundamental de interlocução e fortalecimento dos movimentos. “Esse espaço é vital. A gente sabe o que Bolsonaro pensa. Aqui no estado, temos o governador eleito que é tão conservador quanto, que desconhece a máquina pública e que não tem compromisso com nada em que acreditamos. Eles estão chegando com intenção de ‘tratorar’ todas nós”, desabafa.

C

om o intuito de defender os direitos das mulheres, foi lançada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), uma comissão permanente de parlamentares que promete disputar pautas e o orçamento estadual. A cerimônia de apresentação da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres aconteceu na terça (9), em Belo Horizonte. A iniciativa partiu de uma comissão extraordinária instalada em julho de 2017, sob a presidência da deputada estadual Marília Campos (PT). A motivação, segundo a deputada, é construir uma mobilização que possibilite que a pauta, a agenda e os direitos das mulheres sejam

considerados prioridades dentro da Casa. “Em primeiro lugar, a comissão foi criada para estabelecer uma relação com as mulheres dos movimentos populares, para que a gente pudesse ser voz dessas mulheres e disputar o de-

bate, a agenda de luta, o orçamento e as políticas públicas”, afirma Marília. Segundo Silvana Coser, socióloga e integrante do movimento Quem Ama Não Mata, a comissão permanente é fruto de pressão popular e, no próximo período, cumprirá

Comissão vai buscar relação com mulheres dos movimentos populares

Representatividade Neste ano, o número de deputadas estaduais subiu para dez, em comparação com as eleições de 2014, que foram somente seis eleitas. Apesar disso, as mulheres ainda são minoria na ALMG, o que torna a comissão ainda mais importante, segundo a deputada estadual eleita Beatriz Cerqueira (PT). “A comissão é necessária porque precisamos fazer o enfrentamento às violências que sofremos. Não vivemos em uma sociedade igualitária, pelo contrário, a nossa sociedade tenta subjugar as mulheres em todas as relações, seja na vida pública, na política, no trabalho”, reflete.


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MINAS

Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

1º Fórum Mineiro do BRcidades acontece em BH DEBATES Evento faz parte de iniciativa nacional que integra áreas de conhecimento para discutir a questão urbana no Brasil Reprodução

mínia Maricato, e um festival cultural no encerramento. “É muito comum que a questão urbana seja diretamente ligada à arquitetura e ao urbanismo, mas ela é muito mais do que isso. Iremos discuti-la sob a perspectiva do trabalho e dos direitos

Raíssa Lopes e Wallace Oliveira

B

elo Horizonte recebe, neste domingo (11), o primeiro Fórum Mineiro do BRcidades, que discute um projeto popular para as cidades do Brasil. O encontro acontece das 8h às 19h, no galpão da Ocupação Pátria Livre, na Pedreira Prado Lopes (Rua Pedro Lessa, 435). Unindo profissionais que pensam a questão urbana e também instituições e movimentos populares da moradia, mobilidade, saúde, educação, cultura, raça, classe, gênero, mineração e mais, os debates giram em torno de

qual é a reforma urbana necessária e desejada pela população de Minas Gerais. Além dos eixos temáticos, a

programação do evento conta com uma mesa com a professora, urbanista e coordenadora do BRcidades nacional, Er-

Evento vai discutir qual a reforma urbana desejada pela população de Minas

como um todo. E é muito importante traçar essas diretrizes no momento político que a gente vive”, ressalta uma das organizadoras, Marcela Soares, do Levante Popular da Juventude. Em todo o Brasil O BRcidades também realizou um fórum nacional em maio de 2018 e agora leva os debates para diversas regiões do país, como Bahia, São Paulo, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Encontre mais informações em www.brcidades.org e na página www.facebook.com/ brcidades.

Acampadas há duas décadas, famílias produtoras do Café Guaií sofrem ameaça de despejo LIMINAR Com vasta produção agroecológica, sem-terra no Sul de Minas podem ser despejados após decisão judicial Douglas Mansur

Emilly Dulce

O

acampamento Quilombo Campo Grande, que reúne 450 famílias sem terra no município de Campo do Meio, no Sul de Minas, está sob risco de despejo após 20 anos de resistência. Nesta quarta (7), uma liminar foi aprovada pelo juiz Walter Zwicker Esbaille Júnior. Os agricultores estão acampados há duas décadas no município de Campo do Meio-MG, e o terreno ocupado gera trabalho e renda para cerca de 2 mil pessoas. Se a decisão for confirmada, após esgotamento dos recursos, as famílias têm sete dias para sair do local. “Vai ser a maior tragédia do Brasil se for despejado um

Terreno ocupado gera trabalho e renda para cerca de 2 mil pessoas. Agricultores produzem café Gauaií, que vai para todo o país

Se a decisão for confirmada, agricutlores têm sete dias para sair do local

acampamento de mais de 20 anos, que foi ocupado em 18 de março de 1998, e em todo esse tempo não houve o assentamento”, analisa Sebastião Melia Marques, da di-

reção regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no sul de Minas Gerais. As famílias vivem na área da usina Ariadnópolis, da

Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA), que faliu e encerrou suas atividades em 1996, embora possua dívidas trabalhistas que ultrapassam os R$ 300 milhões. A área de aproximadamente 4 mil hectares, que produzia apenas cana de açúcar e álcool, hoje gera

trabalho e renda para cerca de 2 mil pessoas, com cultivos diversificados. “Nós temos hoje uma cooperativa, a marca Café Guaií, que é conhecida em todo o país e fora do Brasil. Então, nós temos como apresentar nossa produção e todas as nossas áreas plantadas de café e de outras variedades de alimentos”, ressalta Débora Vieira Borges, dirigente estadual do MST pelo sul mineiro. Entre 2017 e 2018, as famílias sem-terra produziram mais de 8.500 mil sacas de café, 55 mil sacas de milho e 500 toneladas de feijão, além de uma variada produção de hortaliças, verduras, legumes, galinhas, gado e leite.


OPINIÃO

Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018 Neziã Franklin

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José Mendes Palmares

O silêncio dos não inocentes

O golpe foi legitimado nas urnas. E agora? O golpe legitimou-se nas urnas. A eleição de Bolsonaro e o resultado das eleições gerais não foram apenas uma derrota eleitoral. Sofremos uma profunda derrota política e o primeiro passo é compreender sua dimensão. A unidade das classes e frações dominantes que já vinham se unificando em torno das medidas programáticas do golpe consolidou-se em torno de uma candidatura neofascista. E, o que é mais preocupante: saímos de uma situação em que as classes trabalhadoras se encontravam apenas imobilizadas em razão dos violentos ataques sofridos, para uma situação em que parcelas majoritárias do proletariado urbano votaram em Bolsonaro, até mesmo nas grandes cidades do Nordeste. Estamos numa correlação de forças extremamente desfavorável para a luta popular. Um fundado sentimento de temor e incerteza se espalha nos setores progressistas. Especialmente, quando mesmo após ter sido eleito, prossegue com suas falas de destruir os movimentos sociais, revelando que não se tratava de mera retórica de campanha. Além das medidas repressivas institucionais que o controle do Poder Executivo e força expressiva no Legislativo possibilitam, existe o cenário de fortalecimento de inúmeros grupos de extrema direita capazes de ações paramilitares repressivas isoladas. Por ora, não temos elementos que nos permitam prever a duração e viabilidade do governo eleito. É certo que enfrentará intensas contradições sociais e também internacionais. Governos como o de Erdogan na Turquia, Rodrigo Duterte nas Filipinas e guardadas as proporções, o de Donald Trump nos EUA, mostram que não são meros episódios passageiros. Evidente que não podemos deixar de lutar e precisamos construir a mais ampla resistência dos setores democráticos para enfrentar um processo cuja duração é imprevisível. No entanto é fundamental a autopreservação. Não façamos o que o inimigo espera. Não é o momento de voluntarismos que podem colocar em risco uma militância Não façamos o popular que levou anos para ser formada. Não devemos que o inimigo nos envolver em campanhas e batalhas que ademais de gerar a possibilidade de destruição, alimentam o discurso espera repressivo, que acaba de ser legitimado nas urnas. O momento atual nos coloca como tarefa central retomar nossa base social no proletariado, o que exigirá um paciente trabalho de base. Saber recuar não é demonstração de medo, nem covardia. É a inteligência, saber preservar as forças e se preparar para a perspectiva de períodos longos de resistência. Ricardo Gebrim é advogado e membro da Direção Nacional da Consulta Popular.

José Mendes Palmares é militante no Movimento Negro e trabalhador da Eletrobras.

ACOMPANHANDO

Ricardo Gebrim

No Brasil, estamos assistindo atônitos ao crescimento do racismo, machismo, do fascismo e da homofobia. A nação, que se dizia cordial e vivia em harmonia de povos, abandonou sua postura de educação e gentileza para abraçar o ódio e desprezo. O que mais assusta é que essa mudança contou com o silêncio de partidos políticos, mídia, pessoas influentes, religiões e estruturas do Estado. Um episódio recente demonstrou que os povos, ditos minorias, estão abandonados à própria sorte. A Ku Klux Klan, grupo estadunidense que ficou famoso no mundo inteiro por queimar negros na cruz ou enforcá-los em árvores, declarou apoio à candidatura do deputado Jair Bolsonaro. E, até este momento, o que se ouviu foi apenas o repúdio de movimentos sociais e políticos de esquerda. A grande mídia calou-se. Igrejas fizeram silêncio. Partidos de centro e direita nem pautaram o assunto. As pessoas influentes que sempre vestem a camisa amarela e batem panela fizeram cara de paisagem. O atual governo não agiu, diferentemente do que faz nesses casos, não levantou um dedo em defesa dos negros e pobres brasileiros. Não se pode aceitar calado o que acontece neste momento, pessoas sendo mortas por causa da sua ideologia, orientação sexual ou origem. Pessoas que se acham superiores aos outros, verdadeiros trogloditas, querendo ganhar A nação tem que o debate na força bruta. A na- reagir contra a ção tem que reagir e se erguer discriminação contra essa onda racista, homofóbica, machista e fascista. Dizer “não” a qualquer tipo de violência, seja de dentro ou de fora do país. Não podemos permitir que grupos internacionais em conluio com setores dirigentes do país interfiram na construção de uma nação igualitária, justa e plural.

No site Renda da população brasileira retrocede enquanto salário de juízes pode subir 16% E agora... Senado aprova aumento de 16% nos salários dos ministros do STF O reajuste foi liberado nesta quarta-feira (7) pelos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), por 41 votos a favor e 16 contrários. Os salários, que antes giravam em torno de R$ 33,7 mil, passarão a ser de R$ 39,2 mil. O projeto estava parado desde 2016 e agora segue para a sanção do presidente golpista Michel Temer (MDB). Consultorias da Câmara e do Senado estimam que o aumento poderá causar um impacto de R$ 4 bilhões nas contas públicas.


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BRASIL

Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018 José Cruz / Agência Brasil

Concentração de funções no Ministério da Justiça gera conflito de interesses INCHADO Aumento da estrutura da pasta no governo Bolsonaro (PSL) pode se tornar um empecilho para a transparência Rafael Tatemoto autonomia do órgão responsável pelo controle interno do novo formato do Minis- governo é um equívoco “pritério da Justiça, proposto mário”. “A Controladoria-Geral da pelo presidente eleito Jair BolUnião é um órgão que presonaro (PSL), tem atraído crícisa de total independência. ticas de especialistas e da opoNão há sentido que um órgão sição, no Congresso. de controle seja subordinado A partir de 2019, o Departamento de Polícia Federal (PF) a um ministro. Isso, por si só, e Polícia Rodoviária Federal avilta o caráter criado na gê(PRF) devem voltar à Justi- nese das controladorias. É um ça, extinguindo-se o Ministé- erro conceitual”, analisa. Rafael Custódio, coordenario de Segurança Pública criador do Programa sobre Viodo por Michel Temer (MDB). lência Institucional da ConecAlém disso, a Controladotas, faz coro às críticas. ria Geral da União (CGU) e o “Há uma evidente concenConselho de Controle de Atitração de poderes em torno vidades Financeiras (Coaf), de um só figura, em uma hiórgão que fiscaliza delitos

O

como lavagem de dinheiro, e que atualmente está atrelado à Fazenda, também passarão ao comando do juiz Sérgio Moro. A mudança que se refere à CGU, que hoje tem status ministerial, é um dos principais pontos de crítica. Líder da bancada do PT na Câmara, o deputado federal Paulo Pimenta afirma que a perda de

Há uma evidente concentração de poderes em torno de uma só figura, em uma hiper-estrutura”, diz deputado

per-estrutura. É pouco produtivo, pouco transparente. Há o risco de ter menos participação e controle dos atos. Vale ressaltar que a CGU era um órgão ministerial autônomo. Conforme ela passa a responder ao chefe do Ministério da Justiça, há possibilidade de retrocesso”, diz. Outro aspecto preocupante, levantado por Custódio, é o decreto de Temer que criou uma força-tarefa com serviços de inteligência sob comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência. “Esse decreto é inconstitucional. Com esse decreto existindo, e com a concentração das atividades de inteligência no Ministério da Justiça, há um risco muito grande desse órgão ser dirigido contra alguns alvos com pouca transparência”, sustenta. A inconstitucionalidade da medida, segundo ele, deve-se ao fato de que há previsão de órgãos militares participarem de investigações cujos alvos são civis.

Após Moro aceitar Ministério da Justiça, defesa de Lula protocola novo habeas corpus M otivados pela confirmação do juiz Sérgio Moro como novo ministro da Justiça, os advogados do ex-presidente Lula (PT) protocolaram um novo pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Ao alegar que o juiz de Curitiba manteve vínculos com a “alta cúpula” da candidatura de Bolsonaro (PSL) durante o período eleitoral, a defesa pede que o STF conceda uma liminar pela soltura do líder petista e declare a nulidade de todas as ações penais contra Lula que estão sob condução de Moro. O ex-presidente está preso desde abril, após condenação sem provas

no “caso triplex”. Conforme descrito pelos advogados de defesa, havia interesses extraprocessuais no julgamento do caso, e a aceitação do convite por parte de Sérgio Moro apenas reforça essa hipótese – denunciada desde o início da operação Lava Jato. A defesa de Lula, mais uma vez, sugere que houve a prática de lawfare por parte dos operadores da Lava Jato, com o objetivo final de incriminar Lula. Lawfare é comumente traduzido como “guerra jurídica”, que se refere ao abuso e ao mau uso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição e dominação política.

Fim do Ministério do Trabalho e “musa do veneno” O Ministério da Agricultura do governo do PSL vai para as mãos da deputada ruralista Tereza Cristina (Dem-MS). Teresa Cristina é engenheira agrônoma. No Congresso, ela ganhou o apelido de “musa do veneno”, por defender com fervor o projeto de lei que facilita a utilização de agrotóxicos no país, conhecido como PL do Veneno. Na quarta-feira (7), o presidente eleito pelo PSL

decretou a morte do Ministério do Trabalho. Segundo Bolsonaro, o Trabalho será incorporado a outra pasta, perdendo o status de ministério. A pasta foi criada há 88 anos e era responsável por fiscalizar o cumprimento de normas trabalhistas pelas empresas, além de promover geração de emprego, renda e apoio ao trabalhador, segurança do trabalho e outras políticas.


Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

BRASIL

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Presidente eleito atira contra a aposentadoria ECONOMIA Jair Bolsonaro declarou que pretende aprovar nova idade mínima ainda este ano, prejudicando os trabalhadores mais pobres Rogério Melo / PR

Frédi Vasconcelos De Curitiba (PR)

O

próximo presidente, Jair Bolsonaro, e sua equipe econômica vêm falando sobre medidas que pretendem adotar a partir do próximo ano. Mas uma coisa já ficou clara: seu primeiro alvo é a aposentadoria. Traduzindo, reduzir gastos tirando direitos dos trabalhadores ainda em 2018. Nesta semana, declarou: “O grande passo, no meu entender, neste ano, se for possível, passar para 61 anos no serviço público para homem e 56 para mulher e majorar também um ano nas demais carreiras. Acredito que seja um bom começo para a gente entrar o ano que vem já tendo algo de concreto para nos ajudar na economia”, disse em entrevista à TV Aparecida. Para isso, já se reuniu, na quarta-feira (7), com o Michel Temer.

Para o ex-presidente da Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pensão José Ricardo Sasseron, essa possível mudança na idade mínima é um prejuízo principalmente para os mais pobres. “Quem se aposenta por idade são os mais pobres, os mais desfavorecidos. Essa medida afetaria muito também os trabalhadores rurais”, afirma.

Para 2019 o governo Bolsonaro tem propostas mais radicais, como o fim da aposentadoria atual e a criação de regime de capitalização

Para o advogado especialista em previdência Ludimar Rafanhim, a mudança na idade mínima “é uma forma de as pessoas não se aposentarem, porque em algumas regiões do Brasil a expectativa de vida é menor que isso”. Outros pontos também vêm sendo especulados pelo novo governo, como aumento de contribuição para servidores públicos. “Na proposta que está no Congresso Nacional, as PEC 287 e a 287a, as medidas são totalmente nocivas aos trabalhadores. Eles não atacam as isenções, sonegações, as impunidades, apenas querem retirar direitos dos trabalhadores”, conclui Rafanhim. Capitalização Se quer aprovar medidas ainda este ano, para 2019 o governo Bolsonaro tem propostas mais radicais, como o fim da aposentadoria atual e a criação de regime que é

chamado de capitalização. Resumindo, cada um teria uma conta individual com as contribuições que fizer durante a vida de trabalho e esse valor seria usado para pagar a aposentadoria. Para Sasseron, esse seria “o fim da

Com capitalização, no México, só 23% dos idosos têm aposentadoria Previdência, sem meias palavras. É o fim da aposentadoria”. Ele explica que o modelo já foi implantado em vários países da América Latina e que, com os baixos salários recebidos aqui, na hora que fica idosa a pessoa acaba sem aposentadoria ou recebendo valores muito baixos.

Como funciona o regime de capitalização Vários países da América Latina já implantaram regimes de capitalização para a aposentadoria, e a realidade é que a maioria dos idosos não se aposenta, segundo José Ricardo Sasseron, da Anapar. Ele destaca que, no México, só 23% dos idosos têm o benefício. No Chile, só metade, e da metade que recebe, 90% dos benefícios são menores que 2/3 do salário mínimo. O que chama a atenção no sistema desses países é que foi abolida a contribuição patronal, a capitalização é feita somente com pagamento do trabalhador. Como a média salarial em geral é baixa na América Latina, entre comprar comida para os filhos e contribuir para a Previdência, a escolha é óbvia, e a maioria não consegue poupar. Na Colômbia os trabalhadores que vão se aposentar acabam pegando o dinheiro poupado de uma vez. “O banco devolve o dinheiro porque não compensa pagar uma merreca de aposentadoria todo mês”, diz Sasseron. A pessoa recebe esse dinheiro, gasta e acaba ficando sem nada.


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MUNDO

Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018 Reprodução

Alexandria Ocasio-Cortez e Ilhan Omar foram duas das eleitas nas midterms de 2018

Agenda de Trump sofre derrota no Legislativo Estados Unidos Parido Democrata agora tem maioria de deputados

O

s democratas venceram os republicanos nas eleições legislativas, na terça (6). Embora Trump tenha assegurado maioria dos assentos no Senado, a oposição sai vitoriosa, com pelos menos 219

das 435 vagas na Câmara dos Representantes dos EUA. Logo após a confirmação do resultado, Trump ligou para a líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi, parabenizando-a pelo resul-

tado. Em público, entretanto, ele disse que obteve um “tremendo sucesso” eleitoral. Com o resultado, o atual mandatário terá dificuldades para aprovar medidas no Congresso. O Partido Demo-

crata poderá controlar comissões e até avançar em inquéritos contra o governo. “Os resultados preliminares das eleições mostram que o país se dividiu em dois campos. No entanto, a maioria republicana no Senado permite a Trump evitar o impeachment”, ponderou, em comunicado oficial, o vice-presidente do Comitê Internacional do Senado russo, Vladimir Dzhabarov. Com o governo Trump, os EUA mantêm

Dois indígenas, uma jovem latina e duas muçulmanas foram eleitos deputados

uma política de sanções econômicas contra a Rússia. Minorias e progressistas Entre os deputados eleitos pelos democratas, destaque para dois indígenas, uma jovem latina e duas mulheres mulçumanas. A imensa maioria, contudo, permanece sendo branca, masculina e autodeclarada cristã. No Senado, Bernie Sanders reelegeu-se pelo estado de Vermont. Ele tem se destacado pelos posicionamentos destoantes da política dominante em seu país. Em abril de 2016, quando era pré-candidato à Presidência da República, Sanders criticou a política intervencionista. “Os Estados Unidos não podem continuar intervindo na América Latina e derrubando governos ou tentando desestabilizá-los por razões econômicas”, declarou.

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Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

ENTREVISTA

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“Somente a cúpula do Judiciário escolhe quem irá administrá-lo” PODER JUDICIÁRIO Presidenta do Serjusmig, Sandra acredita que se aplica a lei muito mais para uns do que para outros, o que coloca a sociedade e o direito efetivo do cidadão em risco Divulgação / Serjusmig

Amélia Gomes

E

m agosto deste ano, o Supremo Tribunal Federal aprovou um reajuste salarial para a magistratura brasileira de 16,32%. No último dia (7), foi a vez do Senado aprovar esse reajuste. A proposta coloca o judiciário brasileiro entre o 1% mais rico da população. Para falar sobre a proposta, a composição do Judiciário e os desafios do sistema de Justiça, conversamos com Sandra Silvestrine, presidenta do Sindicato dos Servidores da Justiça de Primeira Instância em Minas Gerais - Serjusmig.

Brasil de Fato - O que é o Serjusmig e quem ele representa?

Sandra Silvestrine - O Serjusmig representa os servidores que atendem a população nos Fóruns, o que chamamos a Justiça de primeiro grau. A Justiça de primeira instância é a que está mais próxima dos cidadãos, porque é por lá que entram os processos criminais. Além da 1° instância, há também o Tribunal de Justiça, que é um órgão de 2° instância e o Superior Tribunal de Justiça que é a 3° instância. Como são escolhidos os membros desses órgãos?

O sistema Judiciário brasileiro é muito antidemocrático, especialmente em alguns estados, como em Minas Gerais. A corte do Tribunal de Justiça é escolhida por meio de uma votação; no entanto, essa eleição só acontece entre

Queremos uma Justiça isenta, que seja igual para todos O Conselho Nacional de Justiça, criado em 2004 para fazer o controle externo do Judiciário, tem cumprido o papel de órgão regulador?

os próprios membros da corte, ou seja, os servidores da Justiça não têm poder de interferir nessa escolha. Em Minas Gerais é ainda pior, nem servidores e nem mesmo o magistrado participam da votação. Quem elege a administração do Tribunal de Justiça são somente os desembargadores, ou seja, só a cúpula. Os servidores, que são

A sociedade não tem nenhuma participação nessa escolha do poder Judiciário maioria, que fazem a máquina funcionar, os advogados, os magistrados, não têm uma representação nessa eleição. A sociedade civil também não tem nenhum poder nessa escolha. Existe alguma iniciativa no país para tentar democratizar o sistema Judiciário brasileiro?

Existe no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional 59, de 2013. Ela propõe, entre outras coisas, o aumento da participação dos servidores, dos juízes e da sociedade civil nessas eleições. Mas essa proposta está parada no Congresso. O reajuste salarial de 16,32% no salário do magistrado brasileiro causou muita polêmica e evidenciou a disparidade existente entre a remuneração do Judiciário e o restante da população brasileira. Como funcionam essas concessões de reajuste?

Essa questão do reajuste salarial da Corte é ainda mais antidemocrática, porque é garantido por lei que os próprios ministros da Justiça se concedam aumentos em seus vencimentos. Toda vez que o Supremo determina um reajuste salarial, automaticamente esse aumento se estende aos desembargadores e aos juízes da primeira instância, ou seja, ao Judiciário dos estados. Os aumentos causam

o efeito cascata. Os tribunais repassam esse mesmo índice para os governos estaduais. Todos os tribunais de Justiça dos estados terão que arcar com esse custo. Em Minas Gerais, o caso é ainda mais grave porque esse reajuste nem precisa passar por um projeto de lei na Assembleia Legislativa, porque há uma lei no estado que garante esse automatismo. Isso também gera um efeito cascata nos outros poderes. Agora, por exemplo, com esse reajuste de 16,32%, será preciso fazer cortes, o que pode representar o fim de secretarias, de reajuste para os servidores, de melhorias na infraestrutura.

Aumento de 16,32% nos salários dos ministros do STF leva à precarização de todo sistema de Justiça

A própria formação do Conselho é de maioria absoluta de magistrados. Não há uma representação da sociedade civil, nem de servidores. Então o Conselho não correspondeu às expectativas de mudanças. Depois do golpe de 2016 e da prisão política do ex-presidente Lula - preso em um julgamento de 2° instância - cientistas políticos e sociais têm avaliado que o Judiciário brasileiro tem assumido um caráter partidário. Qual sua opinião sobre isso?

A gente percebe uma atuação do Judiciário de tomar um lado. Queremos uma Justiça isenta, que seja igual para todos. A lei deve ser obedecida por todos. Quando a Justiça age de uma forma com um e de outra forma com outros, ela coloca a sociedade em uma situação de muita instabilidade. Quando existe esse tipo de comportamento de não tratar a todos igualmente, quando se aplica a lei muito mais para uns do que para outros, a sociedade fica em risco, não se garante o direito efetivo do cidadão.


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Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

CIÊNCIA, COISA BOA! O QUE É O EFEITO PLACEBO?

Reprodução

Amiga da Saúde É verdade que algumas mulheres conseguem ter orgasmos múltiplos? Joana Miranda, 27 anos, professora de dança.

Dizem que comer manga com leite faz mal. Quero realizar um experimento científico para ver se isso é verdade. Convido 100 pessoas para me ajudarem: 50 delas comem uma manga com um copo de leite e 50 não. Espero uma hora e avalio quantas delas passam mal. As 50 pessoas que não comeram nada servem como um parâmetro para o meu teste. Só posso afirmar que essa combinação faz mal se o número de pessoas enjoadas no primeiro grupo for estatisticamente superior ao do segundo grupo. Eis um esquema clássico de experimento científico. Sabemos hoje que não há mal nenhum em juntar manga e leite. Ou seja, o provável resultado do experimento acima seria que nenhuma das 100 pessoas ficaria enjoada. Porém, imagine que algumas pessoas que comeram a manga com leite passem mal. Elas podem estar sendo vítimas do efeito placebo. Esse efeito já é bastante estudado pela ciência. Acontece quando algo teoricamente sem efeito gera uma resposta real sobre um organismo. No exemplo anterior, a crença popular de que comer manga com leite faz mal pode ser suficiente para desencadear o enjoo. O efeito placebo gera respostas neurológicas, fisiológicas e psicológicas reais, por motivos irreais. Já foi observado de variadas formas em humanos e em outros animais. Em um experimento, ratinhos com dor foram tratados com injeções Acontece de analgésicos, que aliviavam suas dores. quando algo Após um tempo de tratamento, os pesquisateoricamente dores eliminaram o analgésico e passaram a sem efeito gera injetar uma substância sem efeito nos ratiuma resposta nhos. Mesmo assim, a dor deles diminuiu. Hoje, há todo um esforço dos cientistas real sobre um em buscar métodos para eliminar esse efeiorganismo to dos testes, uma vez que ele pode gerar falsos resultados. Testes já demonstraram que saber que um procedimento é placebo não elimina o efeito. Ou seja, não é necessário que ele seja inconscientemente produzido, o que parece apontar que suas causas são muito mais fisiológicas do que psicológicas. Contudo, o placebo gera um resultado efetivo um pouco superior ao nulo, até um certo limite. Ou seja, não é capaz de tudo. É bem efetivo, por exemplo, para tratar dores e ansiedade, mas não será útil para tratamentos mais complexos, como a eliminação de um tumor ou para fazer um paralítico voltar a andar. O que você acha disso tudo? Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

É verdade sim, Joana. A mulher tem capacidade biológica para ter múltiplos orgasmos em uma mesma relação. Mas, infelizmente, essa realidade está bem distante da vida da grande maioria das mulheres. Muitas sequer têm um orgasmo. Isso tem a ver com a vivência da nossa sexualidade, permeada por mitos, preconceitos, violências, machismo, problemas nos relacionamentos. Entretanto é possível melhorar o orgasmo em qualidade e quantidade, buscando uma vivência plena da sexualidade, com confiança e entrega às sensações e energias corporais, com muito autoconhecimento. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.

Nossos direitos A demora no atendimento no INSS Muitos cidadãos estão enfrentando dificuldades para serem atendidos de forma presencial nas agências do INSS, o Instituto Nacional do Seguro Social. Como nem todo mundo tem acesso à internet, isso acaba sendo um problema, pois muitos brasileiros têm dificuldade de agendar seus atendimentos e de acessar documentações disponíveis apenas pelo site. Há também atrasos para marcar perícias, conseguir benefícios e ter respostas dos recursos. Os que mais sofrem com essas demoras são os

aposentados e os desempregados, que não possuem outros meios de sobrevivência além dos direitos assistenciais e previdenciários. Por isso, a Defensoria Federal entrou com uma ação civil pública para exigir um atendimento democrático e justo aos cidadãos. Mas cabe também a cada cidadão registrar denúncia na ouvidoria do INSS e se mobilizar para a conquista de seus direitos, exigindo melhor atendimento e se posicionando contra a reforma da Previdência, que continua em discussão no Congresso Nacional.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP


Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

13 VARIEDADES 15

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas PÃOZINHO DE TAPIOCA (SEM GLÚTEN)

Reprodução

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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Ingredientes

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2 xícaras (chá) de leite 4 colheres (sopa) de óleo Sal 1 xícara (chá) de tapioca granulada 1 ovo 150 g de queijo ralado 2 colheres (sopa) cheias de polvilho doce Manteiga para untar

Modo de preparo Leve o leite com o óleo e sal a gosto ao fogo médio e mexa até ferver. Despeje sobre a tapioca granulada e deixe esfriar. Acrescente o ovo, quatro colheres (sopa) do parmesão e o polvilho e misture bem. Modele bolinhas com pequenas porções da massa, envolva no restante do parmesão e disponha em assadeira untada com manteiga. Asse em forno médio preaquecido (180ºC) por cerca de 30 minutos ou até dourarem. Sirva em seguida. Obs: Pode rechear com um pedacinho de queijo, azeitona ou salame

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


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Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018 Divulgação

Oficinas de graça no Propam Divulgação / PBH

Mulheres criam projeto para incentivar produção feminina no cinema

O Centro de Educação Ambiental (Propam) oferece, neste mês, oficinas gratuitas de bordado mexicano e encadernação com costura artesanal. A inscrição deve ser feita pelo telefone 3277-7422 ou pelo e-mail contato@ aguasdapampulha.org. As oficinas ocorrerão na sede do Propam, na rua Radialista Ubaldo Ferreira, 50, no bairro Castelo, em BH.

Ocupa o Espaço Público Bruno Figueiredo / Odin

ARTE Cineclube Aranha acontece todo mês, é de graça e aberto ao público em geral Raíssa Lopes

H

á dois anos, surgia em Belo Horizonte uma iniciativa para divulgar, discutir e fortalecer o cinema feito por mulheres. É o Cineclube Aranha, formado por sete curadoras e que promove sessões gratuitas uma vez por mês no MIS Cine Santa Tereza, Região Leste da capital. Todas as exibições são abertas ao público em geral e contam com um debate realizado por uma mulher da área ao final do filme escolhido. De acordo com uma das responsáveis pelo projeto, Mariah Soares, um dos objetivos do Aranha é desmistificar o senso comum de que são poucas as diretoras e cineastas. Na verdade, elas são muitas. “Devemos pensar por que o acesso a filmes produzidos por mulheres é tão limitado e por que poucos deles chegam até os festivais. A sociedade sempre delegou às mulheres papéis coadju-

vantes, seja na política, na ciência, na arte, no mundo empresarial”, reflete. Com a exibição dos filmes, as organizadoras também desejam mostrar como é importante uma presença feminina expressiva, seja atrás ou dentro das telas, nas mesas de conversa e nas críticas. Além disso, buscam incentivar a capacitação técnica das mulheres. “Infelizmente, ainda é muito comum que sejamos silenciadas ou interrompidas em eventos cinematográficos. A maioria de nós do cineclube já passou por essas situações, inclusive já colocou sua capacidade em xeque por causa delas. Então, queremos criar um ambiente confortável

Há muitas mulheres diretoras e cineastas

para que as mulheres se sintam à vontade para comentar, analisar as obras”, conta a cineasta. Neste momento do país, produções que abordam temas políticos e sociais têm sido recorrentes no cineclube. Entre outros assuntos, estão sendo debatidos a democracia, o risco de perder o Ministério da Cultura e o incentivo ao audiovisual. “Podemos perder nossos direitos básicos de existência. Por isso é imprescindível que estejamos juntas, articulando novas formas de resistência”, ressalta Mariah. Participe As sessões acontecem todas as segundas terças-feiras de cada mês, sempre às 19h30. O MIS Cine Santa Tereza fica na rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza. O próximo Cineclube Aranha acontece no dia 13 de novembro. Para mais informações, siga a página: www. facebook.com/cineclubearanha.

No sábado (10), das 10h às 21h, acontece no Barreiro o Culturas, Juventudes e Território - Ocupa o Espaço Público. A programação conta com apresentações culturais de vários coletivos de BH. Promovido pela Gabinetona – mandato coletivo de vereadoras do PSOL, o evento busca incidir na política de licenciamentos e alvarás e na democratização dos recursos. O endereço é Praça José Verano da Silva, no Barreiro.

II Guerra Mundial no Cine Humberto Mauro Reprodução

O Cine Humberto Mauro apresenta, até 21 de novembro, a mostra |”Era dos Extremos”, em referência ao renomado historiador inglês Eric Hobsbawm. Serão exibidos 30 filmes, entre longas, curtas-metragens e documentários, que contextualizam a II Guerra Mundial. As sessões são gratuitas e o endereço é Av. Afonso Pena, 1.537, Palácio das Artes.


Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018 Abelardo Mendes Jr / rededoesporte.gov.br

na geral

Simone Biles é tetra mundial De volta às competições, após um ano sabático (2017), a ginasta estadunidense Simone Biles conquistou seu tetracampeonato do individual geral, no mundial de Doha, no Catar. A multimedalhista chegou a cair duas vezes, mas faturou o ouro, ao superar a japonesa Mai Murakami e a estadunidense Morgan Hurcvd, campeã da última edição. Nas últimas três vezes em que disputou o mundial, Biles também foi ouro, em 2013, 2014 e 2015. Ela é considerada uma das maiores ginastas da história. Só nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, Simone subiu ao pódio cinco vezes, com quatro ouros (equipes, salto, solo e individual geral) e um bronze (trave). Divulgação CPB

Curto e Grosso

A Seleção Brasileira subiu ao ponto mais alto do pódio no Torneio de Outono da Alemanha. A competição foi disputada na Bavária, domingo (4), e contou com a participação de Brasil, França e da anfitriã. A equipe brasileira venceu

cinco dos seis confrontos disputados: 58 a 39 e 48 a 35 sobre os alemães, e 47 a 30, 49 a 36 e 51 a 32 sobre os franceses. O torneio serve como preparação para o Parapan-Americano de Lima 2019. (Com informações do CPB)

Karatê: Brasil na decisão de Mundial O brasileiro Vinícius Figueira venceu seis lutas nesta quarta-feira (7), em Madrid, garantindo vaga na final da categoria até 67kg. Ele disputa o ouro com o francês Steven Dacosta, no sábado (10). Vinicius derrotou o belga Rosiello Joss (1 a 0), o

polonês Milosz Sabiecki (2 a 0), o húngaro Martial Tadisse (4 a 0), o egípcio Ali Elsawy (2 a 1), o jordaniano Abdel Almasafta (1 a 0) e, por fim, o chileno Camilo Velozo (3 a 1). O brasileiro ocupa o segundo lugar no ranking mundial de sua categoria.

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Ministério da Defesa

Um projeto segregador Fabrício Farias

Rúgbi em cadeira de rodas: Brasil conquista título na Alemanha

ESPORTE

Salve, salve, rapaziada! O futuro governo de extrema direita que assumirá o Brasil, em janeiro, promete também trazer mudanças (para pior) no mundo dos esportes. Muito possivelmente, o Ministério dos Esportes deixará de existir de forma autônoma para ser integrado ao Ministério da Educação e também da Cultura. Caso a proposta visasse à integração entre o esporte como inclusão social à educação e à cultura, tudo bem. Contudo, o viés é o do chamado “enxugamento do Estado” que, em outras palavras significa também redução de direitos. Caso a proposta saia do papel, programas impor-

tantes para o desenvolvimento do esporte olímpico, como o Segundo Tempo e o oferecimento de bolsas para que atletas possam treinar, serão coisas do passado. A fusão agravará ainda mais o cenário de cortes de verba nas referidas áreas, em consonância com o congelamento dos gastos públicos. O fim do ministério dos Esportes é uma demonstração de como o fim de políticas de desenvolvimento da cidadania e de oportunidades, mais do que descaso, é fruto de um projeto segregador, e não obra do acaso. E pensar que, no período de eleição, vimos atletas defendendo justamente o candidato que acabou se elegendo...


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Belo Horizonte, 9 a 13 de novembro 2018

Corinthians terá que penhorar taça do Mundial de 2012

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução / Sportv

Senado Federal

A

Justiça de São Paulo determinou, na quinta-feira (8), a penhora da taça do Mundial de clubes conquistado pelo Corinthians em 2012. O objetivo seria qui-

tar uma dívida de R$ 2,5 milhões com o Instituto Santanense de Ensino Superior. Provisoriamente, o Corinthians fica impedido de realizar qualquer atividade com a taça, enquanto recorre da

decisão. “Pelo menos, o Corinthians tem duas taças de Mundial para penhorar, né? Temos terreno, ônibus, carro... Temos patrimônio”, provocou o presidente do clube, Andrés Sanchez.

“Confesso que caí no conto do Moro. Briguei com amigos que o acusavam de seletividade. Lamento.” André Rizek, jornalista da SporTV, do Grupo Globo.

Gol de placa Comemorando o Novembro Negro, o Bahia venceu a Chapecoense, domingo (4). O dia marcou os 49 anos do assassinato do negro baiano Carlos Marighella. O time trajou uniformes com os nomes de lutadores do povo, como Zumbi dos Palmares, Luís Gama, Dandara e Mãe Menininha.

Gol contra A polícia argentina determinou que as finais da Libertadores entre, Boca e River, terão torcida única. Como o último jogo é no Monumental de Núñez, se o Boca for campeão, não terá com que festejar. Nem uma das maiores finais da história da competição escapa do mal da torcida única.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

Ao longo de quase todo o campeonato, a permanência do América na Série A parecia algo líquido e certo. Durante 31 rodadas, o time só tinha passado pela zona de rebaixamento uma única vez, na 14ª rodada. Mas a vergonhosa sequência de nove jogos sem vitória Decacampeão fez o América voltar ao Z4. Agora, será preciso jogar tudo o que não jogou nessas últimas rodadas para não repetir a sina de passar só de visita na primeira divisão. Adilson Batista, que parece ter acreditado que colocar o time só para defender seria suficiente para a permanência, tem agora poucas rodadas para dar um alento ao seu futuro como treinador. Se insistir com a formação e os jogadores que tem insistido, estará se autocondenando.

Cinco jogos sem vitória. Ameaça de perder a vaga na Libertadores de 2019. Salários atrasados. E, para completar, logo o líder do Campeonato Brasileiro pela frente. Mesmo em casa, a desconfiança é grande. O atleticano precisa ser, antesÉdeGalo tudo, um forte. Clube, time, doido! treinador e jogadores, recuperar a capacidade de resistência. Assim como brasileiras e brasileiros diante do que vem por aí. Levir Culpi já fala em planejar o próximo ano. Especula-se sobre negociação com Rogério Ceni, bem-sucedido no Fortaleza. E fala-se na hipótese de venda do Diamond Mall, o estádio perdido e recuperado duas vezes, que se transformou em shopping. Paz, mesmo que momentânea, só com vitória sobre o Palmeiras.

Salve, salve, nação azul! Fim de ano se aproxima e já começam as especulações no mercado da bola. O Cruzeiro precisa rejuvenescer o elenco, reforçar o ataque e as laterais. Nesse cenário, alguns bons nomes são especulados. O La do Bestia Negra volante Richard, Fluminense, seria uma opção, caso o Cruzeiro não conte mais com Lucas Silva. Para o ataque, Pedro Rocha, ex-Grêmio, e Bruno Henrique, do Santos, são bem cotados. Para as laterais, ainda não temos especulações, mas pelo que vi, Renan Lodi, do Atlético PR, e Ayrton Lucas, do Fluminense, a depender das condições financeiras, não seriam má ideia. Vamos aguardar para ver como será montado o esquadrão que brigará pelo Tri da Libertadores! Saudações celestes!


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