PDF da edição 243

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Ricardo Stuckert

Minas Gerais

100 dias de resistência

Leonardo Rattes / Ascom Sesab

O que determina o sexo do bebê?

Manifestantes seguem em vigília para denunciar prisão do ex-presidente

Entenda o processo da concepção e o que significa ser intersexual

Brasil 9

Variedades 12

Belo Horizonte, 20 a 26 de julho de 2018 • edição 243 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Uberlândia continua sem SAMU Prefeito tirou cidade do consórcio que dá direito ao serviço, que agora chegou a 26 municípios do entorno

Caldeira dos Santos / Associação Vale Viver

Agrotóxicos: como lidar? O Brasil de Fato desmente cinco mitos propagados pelo agronegócio Brasil 8

“Defensoria pública precisa crescer e atingir o cidadão integralmente” Leia a entrevista de Gério Soares, novo defensor público-geral de Minas Gerais Entrevista 11


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018

Editorial | Brasil

Lições da África do Sul para o Brasil

ESPAÇO DOS LEITORES

“Primeira Usina Híbrida. Com certeza, um importante projeto, porque envolve fontes alternativas de energia com a participação coletiva da população” Jair Gopefi comenta sobre o encarte especial “Inovação e energia no semiárido” _____________ “Excelente entrevista do Leonardo Nogueira, refletindo sobre os desafios enfrentados pelas LGBT’s, especialmente as/os trabalhadoras/es. Recorte fundamental para pensarmos a reconstrução da democracia no nosso país” Zeonyr Barbosa comenta a entrevista da edição 241: Por que o Brasil é um dos países que mais mata LGBT no mundo? _____________ “É preciso falar sobre...” Pedro Faria comenta a matéria “Estudantes da UFU lançam filme para discutir depressão e suicídio na universidade”, publicada em www.brasildefatomg.com.br

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Assim como a África, o Brasil é historicamente é explorado pelos países dominantes da Europa e Estados Unidos, que veem em nossos territórios a chance de usurpar os bens naturais, explorar as pessoas e impor seu meio de vida. O golpe recente em nosso país é mais um exemplo disso. Mas sempre existiram pessoas dispostas a se dedicar à luta contra as injustiças causadas por esse sistema de abusos que fere nossos direitos. Um desses lutadores foi Nelson Mandela, que no último 18 de julho completaria 100 anos. Advogado e militante contra a segregação, foi eleito presidente da África do Sul em 1993, depois de passar

Depois de 27 anos preso, Mandela foi eleito presidente 27 anos preso. Foi um importante líder político e referência na luta contra o regime racista do apartheid, deixando um importante legado de luta por liberdade, justiça e democracia. Mandela sempre será lembrado por sua coragem e ousadia, qualidades tão necessárias nesse momento de tensão da democracia do nosso país. Estamos em um momento de crise do sistema político, no qual a organização do povo brasileiro será fundamental. Podemos relembrar várias questões fruto dessa crise– que não é só política, mas econômica, social e ambiental - como a liberação das terras para exploração sem limites

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

da água e do minério, venda de partes da Petrobras e de empresas do setor elétrico, prisão de Lula sem provas, desmonte dos direitos trabalhistas, tentativa de fazer uma reforma da aposentadoria, cortes em programais sociais, saúde e educação, dentre tantas outras medidas que ferem os direitos mais básicos

Poder para o povo é proposta atual para o Brasil dos cidadãos. O período eleitoral é uma oportunidade que temos de cobrar o projeto de país que queremos. Mandela apoiava a Carta de Liberdade, feita pelo Congresso Nacional Africano, que tinha demandas reais do povo, bandeiras políticas sobre direitos humanos e distribuição de renda, além de propostas para a nacionalização dos bancos e dos recursos da terra, por uma educação pública e de qualidade, por uma vida de dignidade para a classe trabalhadora. A experiência da África deve ser nossa inspiração. Em seus discursos, Mandela agitava uma palavra de ordem. Ele gritava “Amandla” (poder) e o povo respondia “Awethu” (para o povo). A Frente Brasil Popular tem sido um importante espaço de organização e tem proposto um projeto de Brasil que seja feito pelo povo e para o povo. Esse congresso nacional não nos representa e por isso temos que construir um Congresso do Povo.

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conselho editorial minas gerais: Adriano Pereira Santos, Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes, Thainá Nogueira e Wallace Oliveira. Colaboradores: Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Bruno Mateus, Diego Silveira, Fabrício Farias, Felipe Marcelino, João Paulo Cunha, Jordânia, Souza, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Taciana Dutra. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018

Declaração da Semana

25 de julho foi escolhido o Dia Internacional da Mulher negra latino-americana e Caribenha, para dar destaque a esse grupo social que, embora componha parcela significativa da população da região, representa índices mais baixos em formação superior, ocupações profissionais de destaque e quase sempre são invisibilizadas da história oficial. O Brasil de Fato foi às ruas e perguntou:

Qual mulher negra é referência na sua vida, e por quê?

“Thais Araújo é da mídia, empoderada e luta por nossos direitos. Precisamos de mais negras como ela, dando a cara a tapa, atuando em papéis onde a mulher negra tenha visibilidade, ao contrário do que vemos por aí, a mulher negra em papéis inferiorizados”

“Yasmin Stevan. Ela criou polêmica quando contou que não achava emprego por causa do cabelo, e falaram que ela estava se fazendo de vítima. Ela tem uma história muito legal: é modelo, tem um brechó e pode inspirar muitas garotas a assumir suas raças e cabelos”

Fernanda Pereira, bióloga

Eliana Janaína Alvim, Auxiliar de Dep.Pessoal

GERAL

Disse a atacante Marta a respeito de seu novo cargo de embaixadora da ONU em busca da igualdade de gênero no esporte

3 PNUD

“Vou me esforçar para que mulheres e meninas de todo o mundo tenham as mesmas oportunidades que os homens e os meninos para desenvolver seu potencial”.

Jornalistas criam campanha de arrecadação por mais mulheres na política

Até hoje, Minas Gerais não teve nenhuma governadora. O estado também só teve duas senadoras e 21 deputadas estaduais em 36 anos. Pensando em mudar essa realidade, um coletivo de jornalistas criou a campanha de financiamento coletivo “Libertas”. A ideia é, já que as candidatas mulheres não recebem da mídia comercial a mesma atenção que os homens, realizar uma cobertura jornalística independente e isenta com foco nelas e em suas propostas. Para saber mais ou apoiar, é só acessar a página: www.catarse.me/campanhalibertas.

Quem disse que mainha não pode pegar na taça? Essa imagem rodou o mundo após a vitória da seleção francesa na Copa do Mundo. Ela mostra a mãe do jogador Paul Pogba, Yeo Moriba, imigrante da Guiné, erguendo a taça do torneio ao lado do atleta e de seus irmãos. A família ignorou o protocolo da FIFA, que diz que apenas os campeões, ex-campeões e chefes de Estado poderiam segurar o troféu. A foto representa a história do time, que é quase todo formado por imigrantes africanos ou filhos de imigrantes, que resistiram e passaram por muitas dificuldades no país.


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CIDADES

Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018

Plano exige compensação de quem lucra com investimentos públicos e verticalização BELO HORIZONTE Dinheiro seria reinvestido em habitação popular e melhorias na cidade Divulgação / PBH

Wallace Oliveira

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a terça-feira (17), o coletivo “Vereador, aprove o Plano Diretor” realizou um ato na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Eles entregaram ao presidente da casa, vereador Henrique Braga (PSDB), uma carta defendendo o ponto central do novo plano, a Outorga Onerosa do Direito de Construir. A proposta divide posições: empresários são contra, técnicos e movimentos ligados à reforma urbana são a favor. Entenda o que ela significa. Lucro com investimento público? O preço de um imóvel e os lucros do proprietário não são definidos somente pelo que se gastou na construção, mas principalmente pelo preço da terra. Este, por sua vez, varia conforme a região, a acessibilidade, infraestru-

tura no entorno do imóvel, equipamentos e serviços na região, entre outros fatores. Alguns bairros são privilegiados com praças, parques, ruas asfaltadas, serviços de água, esgoto e energia, linhas de ônibus, acesso facilitado ao Centro, enquanto outros carecem dessas condições. Dessa forma, o lucro com um imóvel não é o mesmo em qualquer localidade e não resulta apenas do que o dono investiu nele. “A área vale mais por causa da infraestru-

tura que o poder público investiu ali, com dinheiro de todo mundo”, explica Edneia Aparecida de Souza, do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM). Outro elemento é o potencial construtivo. Isso significa que os limites para edificar uma determinada área são definidos pela lei conforme o Coeficiente de Aproveitamento (CA). Atualmente, segundo a arquiteta Marina Sanders, cerca de 80% da cidade tem CA

Básico 1, mas, no centro da cidade, onde fica o metro quadrado mais caro, o CA Básico chega a 2,7. Ou seja, em um terreno com 100 m², seria permitido construir até 270 m², contando os diferentes andares, sem pagar nenhuma contrapartida.

Proposta é que quem construa além do limite pague mais Coeficiente e outorga Edneia, do MNLM, acredita que o município de Belo Horizonte é permissivo com o setor imobiliário. “Aqui, o empresário não tem nenhum tipo de devolução do que ele enriqueceu com a cidade”, critica. Por outro lado, segundo ela, o novo Plano

Diretor oferece ferramentas para corrigir essa distorção. Um delas é o Coeficiente de Aproveitamento Básico 1 para toda a cidade, com uma contrapartida a ser paga por quem quiser construir acima desse limite: a Outorga Onerosa do Direito de Construir. “O Plano diz que, para que os empresários possam construir andares a mais naquele edifício onde já estão ganhando muito dinheiro, porque a área vale mais por causa da infraestrutura que o poder público investiu, eles vão pagar uma contrapartida, que vai ser investida na cidade como um todo”, afirma. Entre as aplicações, o Plano se refere a habitação de interesse social, melhorias urbanas e outras intervenções. Esse instrumento está previsto no Estatuto da Cidade e foi aprovado em outras cidades, como Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Natal (RN).

Primeiro encontro dos comitês da Frente Brasil Popular acontece em BH MOBILIZAÇÃO Participantes irão trocar experiências e levantar quais são as maiores reivindicações da população Raíssa Lopes

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Congresso do Povo segue a todo vapor em Minas Gerais. Neste sábado (21), os participantes de Belo Horizonte irão se reunir no primeiro Encontro dos Comitês da Frente Brasil Popular. Só a capital conta com 13 comitês e a ideia é que os grupos compartilhar e avaliem as atividades que estão realizando, trocando experiências negativas ou positivas e discutindo propostas.

O encontro também acontece como uma forma de elaborar um panorama geral de tudo o que está acontecendo na cidade - as principais reivindicações da população, reclamações, desejos, sugestões, etc -, além de pensar ações que podem ser realizadas em conjunto. “A gente quer que a Frente Brasil Popular esteja em todos os lugares de BH. Já tivemos um curso de formação de formadores e planejamos iniciativas municipais como uma maneira de impulsio-

Frente Brasil Popular Minas

Serviço Encontro de Comitês da Frente Brasil Popular Belo Horizonte

Quando Encontro de comitês de Minas Gerais, em junho, reuniu 700 pessoas

nar o trabalho dos comitês nas regiões”, afirma Débora Sá, do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD), que lembra que o encontro é apenas uma

das atividades de construção do Congresso do Povo, que culminará na etapa estadual, nos dias 22 e 23 de setembro, e na nacional, em fevereiro de 2019.

sábado, 21 de julho, de 13h30 às 18h

Onde No Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais Sindieletro MG (rua Mucuri, 271, bairro Floresta)


Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018

SAMU começa a funcionar no Triângulo Norte, mas Uberlândia fica de fora SAÚDE Desde 2017, prefeito retirou a cidade do consórcio que garantia o serviço Ministerio da Saude

Decisão da prefeitura impactou outras cidades do entorno

Sofia Alves

A

lgo tem chamado a atenção dos uberlandenses nas últimas semanas. As pessoas têm visto ambulâncias do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) circulando pela cidade, no

entanto, o 192 não está disponível. Por que isso ocorre? Desde o começo do mês, 26 municípios do Triângulo Norte aderiram ao SAMU. As ambulâncias transportam pacientes para unidades regionais de Urgência e Emergência.

E Uberlândia? Embora a sede do SAMU seja em Uberlândia, a partir de 2017 o município optou por não participar do serviço por decisão do prefeito Odelmo Leão (PP). “Até o final da gestão de Gilmar [Machado, PT], em 2016, Uberlândia fazia parte do consórcio. Em 2017, o município tinha que decidir novamente se o usuário do SUS de Uberlândia poderia ser usuário do SAMU,

e o atual prefeito falou que não”, explica Dayana Ferreira da Fonseca, ex-Secretária Executiva do Consórcio Público Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência e Emergência (CISTRI), que é responsável por administrar o SAMU no Triângulo Norte. A decisão da prefeitura teve ainda um impacto para outras cidades do entorno. “O município que se consorcia tem que dar um financiamento; foi pactuado no início R$ 0,20 por habitante. Como Uberlândia saiu, nós retiramos 700 mil habitantes do consórcio. Então aumentou R$ 0,10 [per capta] para cada um dos demais municípios”, explica Dayana.

HC não ficaria sobrecarregado Divulgacao / HC UFU

O

Brasil de Fato entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura, que não retornou os pedidos. Em entrevistas anteriores, o prefeito justificou a não adesão do município ao SAMU pela ausência de estrutura hospitalar suficiente para absorver a demanda de atendimentos. Segundo a administração municipal, ha-

Apenas 23 pacientes foram para Hospital Universitário

veria um déficit de cerca de 800 leitos na cidade e o Hospital das Clínicas da UFU estaria operando no limite de sua capacidade. O Brasil de Fato teve acesso a dados recentes obtidos pelo Cistri, o grupo responsável por administrar o SAMU no Triângulo

Norte, a respeito dos primeiros dias de funcionamento do 192 na região. De 3 a 17 de julho, apenas 23 pacientes identificados como Código Vermelho (casos graves) foram levados para o Hospital das Clínicas da UFU (HC-UFU). “Foi muito questionado que nós

iríamos onerar o Hospital das Clínicas. Mas 23 pacientes é um número pequeno”, diz Rodrigo de Alvim Mendonça, Secretário Executivo do Cistri. Em contrapartida, o número de pacientes Código Vermelho levados para hospitais de média complexidade em cidades vizinhas foi de 33 pacientes para Ituiutaba, 24 para Patrocínio, 40 para Araguari e 18 para Monte Carmelo. “O resultado da implantação do SAMU é uma melhor distribuição dos pacientes nos hospitais da rede de Urgência e Emergência e um atendimento mais rápido” completa Rodrigo.

MINAS

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Qual é o impacto da ausência do serviço para a população?

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berlândia hoje não possui ambulâncias próprias. Em casos de acidentes, a população é socorrida pelos bombeiros, que dispõem somente de viaturas de resgate, veículos que não têm a estrutura de ambulância e nem contam com a presença de profissionais de saúde. Nos casos em que é necessária uma UTI móvel, o município contrata o serviço de empresas privadas. “Hoje os bombeiros têm apenas quatro viaturas para atender ao município inteiro, o SAMU ia colocar só dentro do município dez ambulâncias, sendo três UTI’s móveis e sete ambulâncias básicas”, exemplifica Dayana. Sobre o 192 O Serviço de Atendimento Móvel à Urgência (SAMU 192) é um serviço pré-hospitalar, que tem como objetivo chegar o mais rápido possível às vítimas em situação de urgência e emergência, buscando prevenir morte e sequelas. O seu processo de regionalização se deu a partir de 2003, por uma iniciativa do Governo Federal, com a Política Nacional de Atenção às Urgências. Segundo informações do Ministério da Saúde, o SAMU atende a 170,6 milhões de pessoas no Brasil, o que equivale a 82,2% da população brasileira.


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018

Opinião

A burguesia assume a barbárie João Paulo Cunha Durante muito tempo, parte da esquerda queria uma burguesia para chamar de sua. Que fosse nacionalista, desenvolvimentista, ligada ao progresso industrial. Mesmo que fosse para ser descartada depois, a burguesia nacional era uma etapa importante para a autonomia do país frente a interesses internacionais. Hoje a situação parece ter se invertido e é a burguesia que quer um fascista para chamar de seu. A recente aproximação do setor empresarial a Jair Bolsonaro deixa claro que o candidato da extrema direita é tudo que eles precisam. Os representantes do capital brasileiro decidiram furar o bloqueio da política e tomar conta diretamente de seus interesses. Para isso, separaram bem as coisas. A economia fica com eles, o resto é entregue como caução aos conservadores mirins que se acham no comando e se agitam nas redes sociais. Para a burguesia, agora, tanto faz se o candidato defende a ditadura civil-militar, a tortura, o fascismo

Empresários e demais donos da grana acolhem o fascismo do ex-capitão ignorante e toda sorte de enormidades. Isolados da vida real da maioria dos brasileiros, os empresários brasileiros não se aferram a valores morais ou de comportamento. Seu negócio sempre foi a grana. Escola sem partido, Exército nas ruas, LGBTfobia, cultura do estupro e censura não fazem parte de suas preocupações. Uma vez que a candidatura dita “de centro” não decolou, Jair Bolsonaro passa a servir. No duplo sentido. Atende aos anseios eleitorais, bastando para isso levar adiante a inviabilização da candidatura de Lula. E tem se mostrado de serventia quando o assunto é econo-

mia. Ele confessa orgulhosa ignorância e submissão aos papas do liberalismo de cátedra e banca. O roteiro entregue a ele é tão singelo que mesmo com suas reconhecidas limitações intelectuais e de caráter, ele tem dado conta. Basta defender a radicalização da reforma trabalhista, a reforma previdenciária que tira dos pobres para garantir a pensão dos militares e filhas, a privatização sem limites. E repetir, como um papagaio, o discurso da corrupção sistêmica e da incompetência geral do Estado. Feito isso, fica liberado para vomitar suas asneiras. O candidato iniciou a campanha como um peão para marcar posição e permitir a expressão da fatia mais radical do ódio reacionário, que poderia ser manipulado contra a esquerda. Está se tornando uma peça mais estratégica no jogo. Assim, os empresários veem desmanchar a cada dia o discreto charme do manto de classe que sempre ostentaram. Aos poucos, vão ganhando a segunda pele da serpente da barbárie.

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Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018 Reprodução

OPINIÃO

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Juliane Furno

Um ano de reforma trabalhista: uma promessa não cumprida

Rosalia Diogo

Mulher e a mídia nada neutra Ruth de Souza é uma das atrizes negras de maior referência para a classe artística no Brasil, sobretudo a negra. Foi a primeira atriz negra a protagonizar um papel em uma telenovela da Rede Globo de Televisão: “A cabana do Pai Tomás”, exibida em 1969. A trama foi duramente criticada pelo movimento negro pelo fato de o ator Sérgio Cardoso ter sido maquiado e preparado de várias formas para aproximar-se de um fenótipo de homem negro - a pele foi escurecida, algodão foi colocado em seu nariz para que ficasse dilatado. Ruth representou inúmeros papéis no cinema, na televisão e no teatro, com um talento reconhecido a tal ponto que, por uma diferença de apenas dois votos, não foi escolhida como melhor atriz no Festival de Cinema de Veneza de 1953, por sua atuação no filme “Sinhá Moça”. A atriz estreou nos palcos em 1945 com o Teatro Experimental do Negro (TEN), projeto criado em 1944, que englobou o trabalho pela cidadania do ator, por meio da conscientização e alfabetização do elenco. Os participantes eram recrutados entre operários, empregadas domésticas, favelados Um salve para sem profissão definida e modestos funcionários públi- a precursora cos. O TEN procurou estimular a criação de novos tex- Ruth Souza tos, que servissem aos seus propósitos. Sabemos que a mídia brasileira cumpre o papel de reforçar o esquema de exclusão da participação de negras e negros na representação social, especialmente a Rede Globo. Sendo assim, um salve para a precursora Ruth Souza. Ela, há muito tempo, com a sua competência e talento, conseguiu ultrapassar algumas barreiras midiáticas, que sistematicamente deixam fora de cena atrizes negras de grande potência. Rosália Diogo é jornalista e gestora do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado

Juliane Furno é doutoranda em economia na Unicamp Na edição 229 ...

ACOMPANHANDO

PROTAGONISMO Ruth Souza foi a primeira atriz negra a atuar no teatro, a receber o prêmio Leão de Ouro e a protagonizar uma novela na TV, A Cabana do Pai Tomás

No último dia 11 de julho completou-se um ano da aprovação da reforma trabalhista. Do ponto de vista da criação de novos empregos a situação é alarmante. Primeiro porque não existe correlação estatística entre modificações na legislação trabalhista e a geração de empregos. O que faz um empregador contratar não é a redução do custo da força de trabalho, mas a expectativa de que haverá demanda pela compra dos seus produtos. Ou seja, a determinação da geração de emprego está na atividade econômica, que permanece patinando. O desemprego passou de 12% para 13%. Os dados podem estar ainda subestimados, porque com a aprovação do contrato de Trabalho Intermitente (aquele que o trabalhador recebe apenas pelas horas efetivamente trabalhadas) quem trabalhou por no mínimo duas horas na semana de referência da pesquisa do IBGE é considerado “empregado”. A Justiça do Trabalho deixou de ser gratuita, restringido as possibilidades de o trabalhador reclamar seus direitos. A classe média também tem sentido os efeitos. O Banco do Brasil abriu uma agência em São Paulo contando apenas com terceirizados. A categoria bancária terceirizada tem rendimentos em torno de 75% do que é pago a um bancário diretamente contratado. Desemprego e As únicas ocupações que crescem o saldo líquido de precarização são emprego são o trabalho do- resultados méstico e por conta própria. visíveis O número de trabalhadores por conta própria cresceu 23% e eles têm um rendimento 33% menor do que antes da reforma. Desemprego, queda do rendimento, obstrução do acesso à Justiça do Trabalho, terceirização e trabalho doméstico e por conta própria como única possibilidade de geração e renda. Essa é a verdadeira e cruel face da reforma trabalhista.

Trabalhadores da educação decidem que a greve continua E agora... PEC do piso salarial é aprovada na ALMG As mobilizações dos professores conquistaram uma grande vitória. Na terça-feira (17), os deputados estaduais aprovaram em 1º turno a PEC 49, que determina que o piso para os profissionais da educação deve ser incluído na Constituição de Minas Gerais, ou seja, deve se tornar uma política de Estado. O documento voltará ao plenário para votação em 2º turno na próxima semana. A categoria planeja manter a pressão para acompanhar o trâmite na Assembleia Legislativa.


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BRASIL

Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018

5 verdades sobre os agrotóxicos INTERESSA O que você precisa saber para não cair na conversa dos “defensivos agrícolas” Fernando Frazão / Agência Brasil

Rafaella Dotta

O

s deputados federais tentam aprovar mais um projeto que é contra os interesses da população. No dia 25 de junho, uma comissão de parlamentares aprovou o Projeto de Lei 6299, conhecido como “Pacote de Venenos”, que libera ainda mais o uso dos agrotóxicos no país. Desde então, o tema passou a ser muito debatido nas redes sociais e na mídia. Você lê aqui cinco argumentos levantados por movimentos populares e estudiosos sobre os perigos desses venenos na agricultura.

desde a preparação da terra e se entranham na composição do alimento. Não há detergente que limpe!

Lavar os alimentos com bicarbonato não limpa os agrotóxicos Muitos vídeos na internet “ensinam” como se livrar do veneno lavando a comida com bicarbonato de sódio, iodo e até água sanitária. Segundo especialistas, isso pode limpar os agrotóxicos que estão nas cascas, mas nossos alimentos estão contaminados também “por dentro”. Os venenos são usados

Maioria dos brasileiros é contra os agrotóxicos Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (IBOPE), em 2016, mostrou que 81% dos brasileiros acham a quantidade de agrotóxicos “muito alta” ou “alta”. Na mesma pesquisa, 82% considerava “muito importante” que políticos façam projetos para que a merenda escolar não tenha venenos.

Plantações sem venenos conseguiriam, sim, alimentar todo o país Pequenos e médios agricultores demonstram cada vez mais que alimentação saudável é possível. Eles colocam em prática inúmeras técnicas denominadas “agroecológicas” e “orgânicas” para produzir alimentos sem agrotóxicos. Em 2017 a venda de produtos sem agrotóxicos cresceu 20%, mesmo sem o estímulo dos governos. AgroTÓXICOS e AgroNEGÓCIO: uma dupla inseparável

As terras do Brasil são umas das mais concentradas do planeta. Pouquíssimas pessoas são donas de muitas terras. Esse problema é uma das raízes do agronegócio, que são as enormes plantações de apenas um alimento (monocultura) e com sementes modificadas. O segundo grande problema é que essas culturas não sobrevivem sem os agrotóxicos. Por isso os deputados ruralistas defendem tanto o Pacote de Venenos. Maior uso de agrotóxico é para o estrangeiro, mas a contaminação é no Brasil

Você sabia que a maior parte dos campeões de uso de venenos não é consumida no Brasil? Eles são produzidos aqui, contaminam o solo, a água e os trabalhadores daqui, mas são vendidos no exterior. É o caso do algodão, da soja e do café, que têm 65% da produção para exportação. Isso contradiz os defensores do Pacote, já que a maior parte dos agrotóxicos não é para alimentar a população.

De olho nos partidos! No dia 25 de junho, o PL de Venenos foi votado por uma comissão da Câmara de Deputados. Este grupo de parlamentares foi encarregado de estudar o projeto e propor alterações. O PL foi aprovado por 18 votos a favor e 9 votos contra. Anote aí:

Partidos que votaram a FAVOR do Pacote de Venenos: PSDB, MDB, DEM, PSL, PRB, SD, PSD, PRB, PR, PP Partidos que votaram CONTRA o Pacote de Venenos: PT, PSOL, PCdoB, PSB

Camuflagem e mais liberação de agrotóxicos Marcio Andrade

A

engenheira agrônoma Marilda Quintino Magalhães fala ao Brasil de Fato sobre as principais mudanças que o Projeto de Lei 6299 quer implantar. Ela representa a Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas, que trabalha na promoção da agroecologia.

O Pacote de Venenos tenta “disfarçar” os agrotóxicos?

Marilda Magalhães - Eles estão propondo mudar o nome de “agrotóxico” para “defensivo agrossanitário”.

Com isso, os ruralistas querem passar para a população que aquele produto está defendendo a saúde. O que não é verdade. Todos os defensivos são tóxicos.

Quem vai escolher quais agrotóxicos podem ser usados no Brasil?

Atualmente a aprovação é feita pelo Ministério da Saú-

de (através da Anvisa), Ministério do Meio Ambien-

avaliação do agrotóxico, os estudos para saber as consequências na saúde e no meio ambiente.

Ruralistas brasileiros estão indo na contramão”

É verdade que vão liberar vários agrotóxicos que hoje são proibidos?

te e Ministério da Agricultura. O PL deixa só o Ministério da Agricultura, onde a influência dos ruralistas é muito grande. Querem diminuir também o tempo de

Se o projeto for aprovado, sim. Vários países estão tornando suas leis mais rígidas, inclusive começando a proibir completamente os agrotóxicos, e os deputados ruralistas estão indo na contramão. Isso vai contaminar as atuais gerações e também as gerações futuras.


Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018

BRASIL

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Rosa Weber rejeita pedido do MBL para tornar Lula inelegível JUSTIÇA Ministra do STF e presidente do TSE disse que grupo não teria legitimidade e não respeitou os prazos Ricardo Stuckert

Da redação

A

ministra Rosa Weber, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitou nesta quarta-feira (18) um pedido feito pelo Movimento Brasil Livre (MBL) para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é pré-candidato à presidência, fosse considerado inelegível. Como justificativa para solicitação, o grupo - que organizou manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2015 e 2016 usou a condenação de Lula em segunda instância. O requerimento aconteceu antes mesmo do prazo para o registro de candidaturas, 15 de agosto. Rosa Weber declarou que sequer analisou o caso e afir-

O PT garante que irá registrar a candidatura de Lula, que lidera todas as pesquisas de intenções de voto mou que o MBL não teria legitimidade para esse tipo de ação. “O pedido é genérico, apresentado por coordenadores de um movimento social, antes do início do período legalmente destinado à oficialização das candidaturas”, escreveu. A fase de registro de candidaturas ocorre no mês de agosto, após as convenções partidárias. O PT garante que irá registrar a candidatura de

Lula, que lidera todas as pesquisas de intenções de voto. Vigília Lula Livre permanece nas imediações da Polícia Federal A Vigília Lula Livre alugou, na segunda-feira (16), um terreno na frente da superintendência da Polícia Federal

em Curitiba, onde o ex-presidente está preso há mais de 100 dias. De acordo com o movimento, essa foi uma forma de cumprir os acordos com as autoridades, já que o local se trata de uma área privada, além de respeitar a comunidade local e a liberdade de ir e vir dos militantes.

Junto a isso, houve uma audiência de conciliação no Tribunal de Justiça do estado, na qual a vigília conquistou o direito de permanecer, durante a semana, na Praça Olga Benário para a já tradicional saudação de “bom dia” e “boa noite” a Lula. As demais atividades, como debates e apresentações, deverão ser realizadas dentro do novo terreno. Lá, os manifestantes terão ainda maior proximidade com o ex-presidente. “Não podemos ter mais situações como a que ocorreu no dia 15 (segunda) pela manhã, de proibição pela Polícia Militar do trânsito por parte de militantes, jornalistas, entre outros, circularem até o terreno locado. Teremos o direito à mobilidade entre os espaços privados alugados pela Vigília Lula Livre”, declarou o movimento em nota.

“A situação é grave onde já houve privatização de distribuidoras”, diz eletricitário ENERGIA Trabalhadores realizaram atos e manifestações em todo o país nesta terça (17) contra privatização da Eletrobras FNU

Mayara Paixão e Júlia Rohden

O

leilão de seis distribuidoras da Eletrobras foi interrompido na semana passada, por uma decisão liminar da 19ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Mesmo com a suspensão, os eletricitários e petroleiros mantiveram a paralisação da terça-feira (17) contra a entrega da estatal. Manifestações foram realizadas em várias regiões do país, principalmente no Norte e Nordeste, locais que correm risco iminente de ter suas distribuidoras privatizadas.

Confira entrevista com Ikaro Chaves, do Coletivo Nacional dos Eletricitários e diretor do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (STIU/DF).

Como vocês avaliam a suspensão oficial das distribuidoras da Eletrobras? É uma vitória parcial? Desde que foi anunciada a privatização, em 2017, te-

mos feito uma intensa mobilização esclarecendo a sociedade. Na semana passada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou que a privatização da Eletrobras estaria suspensa. Essa foi uma vitória espetacular nossa. O processo da privatização das distribuidoras corre em paralelo. No Senado, onde o projeto deve tramitar em agosto, o rechaço à privatização das distribuidoras é grande. Como a privatização de uma distribuidora pode afetar na prática a população? O brasileiro tem sentido na pele. O processo de privatiza-

ção das distribuidoras começou nos anos 1990, a maioria já foi privatizada. E vivemos situações graves em alguns estados: aumento na conta de luz, piora na qualidade dos serviços... E em muitos estados, como o Mato Grosso, a campeã de reclamações no Procon é justamente a distribuidora. Em Goiás, onde foi feita a privatização há um ano, todos os índices de qualidade da antiga Celg diminuíram. O tempo para o religamento, quando existe desligamento da rede, aumentou muito, e a tarifa aumentou 17% de uma só vez.


10 MUNDO

Belo Horizonte, 20 a 26 de julho 2018

Protestos derrubam primeiro-ministro no Haiti RESISTÊNCIA Aumento dos combustíveis e interferência do FMI foram os principais motivos das manifestações

26 de julho: data histórica em Cuba Abel Rojas

Tereza Sobreira

E S

indicatos e movimentos do Haiti protestaram por quase dez dias contra o aumento dos combustíveis. Os reajustes, anunciados em 6 de julho, aumentariam a gasolina em 38%, o diesel em 47% e o querosene em 51%. A política faz parte de um acordo do governo do Haiti com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os movimentos realizaram uma grande greve nos dias 9 e 10 de julho. O aumento chegou a ser revoga-

do, mas os protestos continuaram, até que o primeiro-ministro haitiano, Jacques Guy Lafontant, renunciou ao cargo em 14 de julho. Para Guerchang Bastia, do Encontro dos Socialistas para uma Iniciativa Nacional Nova, a renúncia pode ser uma estratégia para acabar com os protestos. “Eles continuam seguindo as ordens do FMI”, critica. Mesmo sob fortes protestos, o presidente Jo-

venel Moïse se recusa a deixar o poder. Aumentos, privatização, menos serviços públicos O FMI é apenas uma das instituições que serviram para impor as políticas do capital internacional no Haiti. Depois do golpe de Estado de 2004, que derrubou Jean-Bertrand Aristide, o primeiro presidente eleito no país, abriu-se a imposição de uma agenda econômica neoliberal.

ra 26 de julho de 1953 quando 165 homens atacaram o Quartel Moncada, do exército de Cuba. O país vivia sob a ditadura de Fulgencio Batista e uma prometida eleição livre tinha acabado de ser cancelada pelo ditador. Três anos depois, 82 homens do Movimento 26 de Julho desembarcaram na ilha, liderados por Fidel Castro. Eles foram atacados pela Força Aérea da ditadura e apenas 12 homens chegaram à Serra Maestra. Apesar da grande baixa, eles começaram a se reorganizar e a receber apoio de grupos formados nas cidades. Foram dois anos de guerrilhas, mortes e cren-

ça na vitória, até que o ano de 1959 amanhecesse livre em Cuba. No dia 1º de janeiro, o ditador Fulgencio fugiu do país e o Movimento 26 de Julho declarou a vitória da revolução. ATÉ HOJE Cuba se transformou em um país socialista. Suas condições de saúde, educação e segurança estão entre as melhores da América. 99,8% das pessoas são alfabetizadas, 85% das famílias possuem casa própria e os outros pagam o equivalente a R$ 8 por mês. Hoje, 26 de julho é comemorado como o Dia da Rebeldia Nacional. (Da redação)

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John Isaac / UN

100 anos de Mandela

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m 18 de julho, o líder sul-africano Nelson Mandela faria 100 anos se estivesse vivo. Mandela ficou preso 27 anos por ser contra o regime do apartheid, um conjunto de leis que dividiram a população da África do Sul em inúmeros grupos raciais e provocaram uma enorme segregação. Conheça a história completa na reportagem especial do Brasil de Fato “Poder para o Povo – Centenário de Nelson Mandela” em: goo.gl/Bcdn7a

EDITAL DE CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DE CONSTITUIÇÃO DA COOPERATIVA CENTRAL DOS ASSENTAMENTOS DE MINAS GERAIS – CONCENTRA Os membros da Comissão Organizadora para Constituição da Cooperativa Central dos Assentamentos de Minas Gerais – CONCENTRA , convocam para Assembléia Geral de Constituição, a ser realizada na rua Nova Friburgo, 645, na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, CEP 31230-450 no dia 30 de julho de 2018, às 16 horas, em primeira, segunda e última convocação respectivamente, para com um mínimo de 3 representantes de entidades para deliberar sobre a seguinte ordem do dia: 1. 2. 3. 4. 5.

Leitura, discussão e aprovação do Estatuto Social; Eleição dos membros do Conselho de Administração e Fiscal; Constituição da CONCENTRA; Subscrição e Integralização do Capital; Outros assuntos não deliberativos. Comissão de Constituição 17 de julho de 2018


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ENTREVISTA

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“Buscamos atingir quem está na primeira linha da vulnerabilidade”, afirma defensor JUSTIÇA Gério Patrocínio Soares assume o cargo para os próximos dois anos com o objetivo de fazer crescer a instituição Ascom / DPMG

Wallace Oliveira

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o final de junho, o governador Fernando Pimentel (PT) deu posse a Gério Patrício Soares como novo defensor público-geral do estado de Minas Gerais, pelos próximos dois anos. Em entrevista ao Brasil de Fato MG, Gério aborda o papel da instituição, considerada a mais próxima do povo no sistema de Justiça brasileiro. Em meio à crise econômica, falta de recursos e perda de direitos, ele elege como desafios centrais aproximar-se cada vez mais dos cidadãos e aprender a fazer mais com pouco recurso, mas batalhando por um orçamento adequado.

Brasil de Fato - O que é a Defensoria Pública? Gério Patrício Soares - A

Defensoria Pública é uma instituição permanente, que existe para prover assistência jurídica integral e gratuita. No sistema de Justiça, é a instituição mais jovem, crescemos com a Constituição de 1988 e avançamos com algumas emendas constitucionais. A última de grande expressão é a Emenda 80, que determina que, até 2022, tenhamos defensores atuando em todas as áreas. Esse é o grande desafio: crescer e atingir o cidadão integralmente.

A Defensoria Pública existe para prover assistência jurídica integral e gratuita

Crise econômica leva a uma maior violação dos direitos Em Minas, temos, por lei, 1200 cargos, mas apenas 649 defensores ativos. Então, o desafio é muito grande. Com a crise, a Defensoria Pública sofre porque precisa de recursos para prestar o melhor serviço, que é um direito do cidadão, mas há dificuldades orçamentárias. Crescemos muito. No ano passado, tivemos 667.198 atendimentos e, este ano, só no primeiro trimestre, mais de 218 mil. Esse crescimento se deve, primeiramente, à crise econômica, que leva a uma maior violação dos direitos, mas tem a ver também com a qualidade da Defensoria. Temos criado mecanismos de fazer mais com menos, já que o orçamento é limitado. Internamente, buscamos qualificar defensores e servidores. Criamos a Escola Superior da Defensoria Pública, que tenta capacitar, mas também trabalha a educação em direitos com o cidadão. Fizemos, por exemplo, um projeto de formação de defensores populares, com 120 profissionais certificados, em parceria com a UFMG. Qual o perfil do público que a Defensoria atende?

Não conseguimos atender a todas as pessoas que precisamos. Então, temos uma limitação normativa interna. Na área de família e cível, por exemplo, limitamos o acesso a quem tem renda

Há pessoas que precisam, mas nem sabem da existência da instituição para auxiliá-las

Ninguém pode ser condenado sem direito à defesa

mento. E temos pessoas que precisam, mas nem sabem da existência da instituição para auxiliá-las. Buscamos atingir, em primeiro lugar, àquele público que está na primeira linha da vulnerabilidade.

individual de até 3 salários mínimos e renda familiar de 4 a 5 salários, a depender do número de pessoas na família. Só que isso é um ponto de partida, não é o fim. Há situações em que a pessoa tem uma renda maior, mas está desprovida, como acontece, por exemplo, na questão criminal. Ninguém pode ser condenado sem direito à defesa.

Ultimamente, o Judiciário está em evidência na política, há conflitos entre decisões de juízes. Ao mesmo tempo, a mídia empresarial produz com sensacionalismo muitos questionamentos contra direitos fundamentais, como a legítima defesa e outros. O trabalho dos defensores tem sido mais difícil nesse contexto?

Então, podemos definir esse público como aquelas pessoas que estão em situação precária no acesso à Justiça?

Sim, embora pessoas com condições de contratar advogado procurem a Defensoria, pela qualidade do trabalho da instituição. Por isso, temos limitações de atendi-

A vocação dos defensores é a proteção dos direitos fundamentais e isso é uma luta permanente. No decorrer do tempo, podemos evoluir ou retroceder. Por mais que vejamos decisões nos tribunais que são contrárias à evolução do direito, conseguimos muitas vezes mudar entendimentos. Por exemplo, quando a pes-

soa é presa, 90% das audiências de custódia são realizadas com defensores. Nos últimos anos, desde a implantação em Belo Horizonte, fizemos mais de 23 mil audiências de custódia. Mais de 50% das pessoas tiveram o direito a responder ao processo em liberdade. Você assumiu como defensor-geral do estado no início de julho. Na sua visão, qual é o principal desafio no próximo período?

Em primeiro lugar, o crescimento orçamentário, a fim de que que possamos fazer mais. Ao mesmo tempo, é preciso que a população conheça a Defensoria Pública e saiba que investir nela é investir no cidadão, um reconhecimento do direito de ter acesso à Justiça. Pedimos que as pessoas venham conhecer a Defensoria Pública de Minas Gerais e se somem à conquista de direitos.

A vocação dos defensores é a proteção dos direitos fundamentais e isso é uma luta permanente


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CIÊNCIA, COISA BOA! O PAI OU A MÃE? QUEM DETERMINA O SEXO DO BEBÊ?

Amiga da Saúde Minha irmã está com 10 anos e menstruou mês passado. Será que ela está com desenvolvimento precoce? Maria Júlia, 19 anos, estudante

Nossas características físicas são determinadas em grande medida pelo DNA, uma substância presente nas células que se organiza em 46 estruturas, os cromossomos. Herdamos 23 cromossomos de nossos pais e 23 de nossas mães. Na formação dos gametas (espermatozoides e ovócitos), cada uma dessas células especializadas na reprodução recebe metade dos nossos cromossomos. Dos 46 cromossomos, dois são os responsáveis pela definição do sexo. Se a pessoa tem um par XX, nasce biologicamente uma mulher; com um par XY, um homem. Ao formar um ovócito, a mulher sempre passará o cromossomo X. Já o homem forma metade de espermatozoides com o X e metade com o Y. Logo, quem determina em última instância o sexo do bebê é o pai. Se um espermatozoide X chegar primeiro ao ovócito, será formada uma menina; se um espermatozoide Y, um menino. Isso é o que geralmente ocorre. Porém, alguns dos nossos gametas possuem um número anormal de cromossomos. Por exemplo, podemos ter um espermatozoide com 24 cromossomos (22 + XY). Nesse caso, ao fecundar um ovócito normal, um indivíduo com 47 cromossomos será formado. Ele terá 3 cromossoA cada 1500 mos sexuais (XXY). É a chamada Síndrome partos pode de Klinefelter, uma das possíveis síndromes nascer uma relacionadas ao sexo. Estima-se que nasça em média um indivíduo com alguma sínpessoa drome sexual a cada 1500 partos. Isso se intersexual deve a um evento raro, mas absolutamente normal. São os chamados indivíduos intersexuais. Em uma população como a do Brasil, a estimativa é que existam cerca de 130 mil pessoas intersexuais. Elas geralmente possuem características intermediárias ou combinadas dos dois sexos. E será que é possível, de alguma forma natural, escolher o sexo do bebê? Na década de 1960, o biólogo Landrum Shettles apresentou um método para aumentar a probabilidade de se ter um filho ou uma filha. O “método Shettles” se baseia na ideia que espermatozoides Y são mais velozes que os X, que por sua vez são mais resistentes. Daí, Shettles propôs algumas técnicas, relacionadas à posição e à data da relação sexual, que trariam um aumento na possibilidade de se ter um menino ou uma menina. Porém, os estudos científicos posteriores feitos para testar o método Shettles até o momento demonstraram que ele não funciona. Inclusive, a suposta diferença entre espermatozoides X e Y proposta pelo biólogo foi desmentida. Ou seja, independente do que façamos, o acaso seguirá nos dando cerca de 50% de meninas e 50% de meninos! Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

Não, pode ficar tranquila. A partir dos 9 anos, geralmente, a menina começa a apresentar alterações hormonais e muitas mudanças acontecem no corpo. Uma delas é a menarca (primeira menstruação). Outras alterações são o crescimento das mamas, afinamento da cintura e aparecimento de pelos na região pubiana. Converse com sua irmã sobre estas mudanças, é importante que ela possa falar com alguém de confiança. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.

Nossos direitos Casamento gratuito LGBTI em Belo Horizonte A Defensoria Pública de Minas Gerais e os cartórios de Registro Civil de Belo Horizonte realizarão, no dia 21 de setembro deste ano, o Casamento Igualitário LGBTI. Esta ação busca formalizar as relações homoafetivas de famílias com renda de até três salários mínimos e com isso garantir uma série de direitos aos casais unidos pelo afeto. Além disso, o casamento formal auxilia na formação da identidade

de duas pessoas que optem por dividir seu ambiente familiar, favorecendo a inclusão, igualdade e o respeito às diferenças. Para se inscrever, os interessados devem procurar a Defensoria Pública até o dia 3 de agosto, na rua dos Guajajaras, 1.707, Barro Preto, portando RG, CPF, comprovantes de renda e de endereço. Demais documentos serão fornecidos gratuitamente por meio de requerimento da DPMG.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP


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13 VARIEDADES 13

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CAÇA-PALAVRA

© Revistas COQUETEL

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Alodoxafobia Derivada do GREGO allos (“outro”) e doxis (“opinião”), a PALAVRA denomina a fobia que tem como SINTOMA o MEDO de lidar com a OPINIÃO dos OUTROS. Pessoas com ALODOXAFOBIA têm muitos problemas no CONVÍVIO social, pois se sentem ameaçadas e JULGADAS sempre. O receio da opinião ALHEIA é tão grande nos alodoxafóbicos que há manifestações FÍSICAS, como taquicardia, SUDORESE, dores de CABEÇA, irritação e PÂNICO. Curar-se da DOENÇA não é fácil. Portanto, o apoio de AMIGOS e familiares é fundamental. Nos dias ATUAIS, fobias como essa têm surgido em virtude do EXCESSO de tecnologia. O FATO de as PESSOAS terem suas VIDAS expostas facilita a distorção da ANÁLISE crítica, fazendo com que muitas se sintam injustamente avaliadas. T F F D S A O S S E P E M F

A A A L L L T L A Ç N E O D

R G B T B N N N T T N L M E

V Y N F O T O P I N I Ã O D

A N G L G C T N N I N F E L

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A N A L I S E T D N T D M M

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T T N M G G N N N T L T F D

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S L H B J U L G A D A S N I

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Solução

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2 ovos 300 ml de leite 1 colher de sopa de azeite de oliva 150 g de farinha de trigo ½ colher de chá de sal ½ colher chá de açafrão Azeite para untar 600 g de carne moída 1 cebola picada 2 dentes de alho picados 5 tomates sem semente picados 2 xícaras de caldo de carne Sal Pimenta do reino 350g de presunto fatiado 350g de queijo fatiado

Modo de preparo

O P I N I Ã O

A R V A L A F N A A T L O I S O E I V I V N O C

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S O

I

A M J I U G L O G S A D A S C A B E Ç A

• Bater os ovos, o leite, o azeite, a farinha, o sal e o açafrão no liquidificador. • Untar uma frigideira antiaderente com azeite. • Despejar, com o auxílio de uma concha, uma quantidade de massa, girando rapidamente a frigideira para espalhar e dar formato redondo à panqueca. Dourar dos dois lados, reservar. • Em uma panela, colocar um fio de azeite e refogar a carne até dourar. Acrescentar a cebola e o alho, depois o tomate e o caldo de carne, temperar com sal e pimenta do reino e cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 10 minutos. • Em um refratário, dispor uma porção de molho e cobrir com as massas de panqueca. • Em seguida, acrescentar mais molho, o presunto e o queijo. • Repetir as camadas, finalizar com o queijo. • Levar ao forno preaquecido a 180 graus por 20 minutos ou até que o queijo esteja derretido.

Participe enviando sugestões para redacaomg@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

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Vale que vale cantar, vale que vale viver TRADIÇÃO Festivale chega à 35° edição pulsando a arte e a cultura do Jequitinhonha Divulgação / Rubinho do Vale

Coral das Lavadeiras faz a bênção das águas em todas as edições do Festivale

Amélia Gomes

E

ntre os dias 22 e 28 de julho, a cidade de Felisburgo recebe a 35° edição do Festivale, o Festival de Arte e Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha. O evento surgiu no final dos anos 80 e ao longo dessas décadas de existência e resistência, sempre foi construído pelas mãos do povo. “O Festivale é um dos maiores movimentos cul-

turais do país organizados pela sociedade. A maioria dos eventos deste porte são organizados pelo governo ou empresas”, afirma José Augusto, diretor da Federação das Entidades Culturais e Artísticas do Vale do Jequitinhonha - Fecaje, entidade que organiza o evento. O Festival da Canção é uma das tradições do evento e uma das atrações mais esperadas pelos participantes. Do palco do Festivale

Seis dias de mostra

Desde os anos 80, evento é construído pelo povo da região saíram diversos artistas renomados, como Paulinho Pedra Azul, Pereira da Viola, Saulo Laranjeira e Rubinho do Vale. “Infeliz do povo que não abre o cora-

Cultura no museu

ção para a sua cultura. E é por isso que nós vamos celebrar o ser e o pertencer ao Vale do Jequitinhonha” defende Lia Queiroz, diretora da Fecaje. Mas o Festivale também abre o palco para artistas de outras regiões do estado, do país e até do mundo. Além de música, na programação estão previstas mais de 13 oficinas; como de dança, artes cênicas, artesanato, poesia e construção de boi de janeiro. Uma feira de artesanato e o circo de lona, que vai ser armado na cidade, especialmente para o festival, compõem o cenário. As rodas de conversa também afirmam que a cultura é uma ferramenta de luta. Os participantes do evento vão debater a realidade dos povos tradicionais, a importância dos movimentos populares e a atual conjuntura do país. Além do debate, a programação também conta com peças teatrais que vão abordar o massa-

cre de Felisburgo, que completa 14 anos em 2018. Já o Encontro de Mulheres do Vale, que também acontece durante o festival, vai discutir o empoderamento feminino e a luta contra o machismo. Memória Para guardar na memória todos os momentos do festival e manter viva a tradição da cultura do Jequitinhonha, neste ano as canções tocadas no Festivale vão compor um CD do evento. Os poemas declamados durante o festival de poesia também vão integrar uma coletânea com os versos do vale. Sem fronteiras A próxima edição do festival está prevista para acontecer na cidade de Belmonte, na Bahia, onde fica a foz do Rio Jequitinhonha. “O Vale não é só Minas, o Vale do Jequitinhonha é por onde o rio passa. Ele é do Brasil”, afirma José Augusto, da Fecaje.

Julho das Pretas

Baianas Ozadas de graça

O projeto valoriza a resistência das mulheres negras e promove eventos ao longo do mês. A programação conta com aulas de pilates até rodas de conversa e atos de luta. Saiba mais: www. facebook.com/rededemulheresnegrasdeminasgerais.

Vai rolar show gratuito do bloco Baianas Ozadas no domingo (22). É na Feira do Mineirinho (av. Antônio Abrahão, 1000, bairro São Luiz, em BH), das 8h às 18h. E claro que vai ter tudo o que uma feira tem direito, né? Muita comida, cerveja e artesanato.

Glenio Campregher / PBH

Dos dias 24 a 29 acontecerá a “2ª mostra de cinema casa aberta”, com workshops, filmes, roda de conversa e exposição fotográfica. Todos os dias, a partir das 20h, na Trupe de Truões (Rua Ana Godoy de Souza, 381, Santa Mônica, Uberlândia). A entrada é gratuita.

Começa na sexta (20) o Noturno dos Museus em BH. Em 2018, 17 instituições ficarão abertas durante parte da noite oferecendo atividades como shows, teatro, dança, DJs e mais. É tudo de graça! Acesse a programação: www.noturnonosmuseus.pbh. gov.br.


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na geral

Futel abre inscrição para campeonato de futebol

Futel

ESPORTE

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Curto e Grosso

Chegou a hora de recomeçar Lucas Figueiredo / CBF

Estão abertas as inscrições para a 16ª edição da Copa Futel de Futebol de Campo. As equipes interessadas devem se encaminhar à sede da Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer, no Parque do Sábia. Os jogadores precisam ter mais de 18 anos e não terem disputado nenhum campeonato oficial (em ligas ou federações). A inscrição é gratuita.

Onde: Av. José Roberto Migliorini, 369-1203, Uberlândia Quando: até 31 de julho, das 8h às 14h Informações: (34) 3235-6289

Luiz Ferreira, do Rio de Janeiro

Parataekwondo: brasileiros conquistam prata e bronze No Pan-Americano de parataekwondo de Spokane, nos Estados Unidos, o Brasil subiu ao pódio duas vezes, ambas na classe K44 (para atletas com amputação ou má formação unilateral do braço e/ou hemiplegia leve). O paulista Nathan Torquato conquistou a medalha de prata na categoria até 61kg masculina. Já na categoria acima de 58kg feminina, Débora Bezerra de Menezes ficou com o bronze. Débora é a oitava no ranking mundial e Nathan o 19º. (Com informações do CBTK)

Trabalhadores fazem greve contra contratação de CR7

Divulgação / Juventus

Após atacante português Cristiano Ronaldo se transferir para a Juventus por 100 milhões de euros e um salário anual de 30 milhões, trabalhadores da Fiat na Itália fizeram greve. A empresa patrocinou a aquisição do jogador. Os operários afirmam que “é inaceitável que os trabalhadores continuem fazendo sacrifícios econômicos. Eles dizem às famílias para apertarem cada vez mais o cinto, mas gastam milhões em um jogador”. A paralisação, que começou no domingo (15), se estendeu até a terça-feira (17).

Bom, acho que nem preciso dizer como foi a sensação de ver a Copa do Mundo chegando ao seu fim e não ver o Brasil na final. A eliminação diante do bom time da Bélgica foi mais uma daquelas ocasiões em que os deuses do velho e rude esporte bretão mostram como podem ser cruéis. Após uma primeira etapa bem fraquinha, a Seleção martelou até não poder mais. Pena que aquele não era o nosso dia. Paciência. Vida que segue. É hora de recomeçar. É hora de rever os erros, aprender com eles e tirar as lições necessárias para 2022. Talvez a base utilizada na Rússia um pouco mais cascuda, reforçada por novos valores que surgiram (ou que vão surgir), possa nos deixar mais próximos do título. Não vou reforçar a tese dos que defendem uma mudança só porque a Seleção Brasileira não conquistou o hexa. Vale lembrar que a Alemanha não demitiu Joachim Löw quando a equipe ficou pelo caminho durante a Eurocopa de 2008 e a Copa de 2010. Este que escreve defende a permanência de Tite no comando do time. Sim, o treinador do escrete canarinho cometeu erros. A insistência em jogadores lesionados e a demora para mexer no time titular são alguns exemplos. Mas, se você se lembrar direitinho, o discurso antes da sua chegada era se a Seleção Brasileira conseguiria se classificar para a Copa ou não. Tite chegou, fez as mudanças necessárias e recuperou o moral da equipe. Isso não é pouca coisa. Que Tite e a Seleção Brasileira aprendam com os erros e se recuperem o mais rápido possível. Ano que vem já tem Copa América aqui mesmo, em nosso país. Uma vitória diante da nossa torcida seria simplesmente sensacional.


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Moradores são contra privatização do Pacaembu

Prefeitura de São Paulo iniciou um A processo de concessão para que empresa privada opere o Complexo Es-

portivo do Pacaembu. Porém, uma associação de moradores do bairro quer impedir que isso aconteça. Eles entraram com ação civil pública contra a Prefeitura, criticando o fato de a empresa que assumir a concessão poder realizar ativida-

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Lucas Uebel / Grêmio FBPA Rodrigo Soldon

des que geram barulho na vizinhança, como shows e outros eventos. Também se queixam da possibilidade de construção de lojas, hotéis e prédios, causando grande impacto na região. O grupo afirma, além disso, que a população foi muito pouco consultada e não teve participação na construção das regras do edital.

“Tem muito jogador ruim. Não tinha por que eu parar agora” Douglas, camisa 10 do Grêmio, após se recuperar de cirurgia delicada no joelho.

Gol de placa A Copa do Mundo da Rússia 2018 teve o maior número de mulheres da história para cobrir o Mundial de futebol masculino. Elas representaram 14% dos jornalistas, 50% a mais do que havia na Copa de 2014, no Brasil.

Gol contra Segundo levantamento da ONG Fare Network, durante a Copa, foram registrados 45 casos de assédio a mulheres, sendo 30 vítimas torcedoras e 15 jornalistas. A quantidade pode ter sido maior, pois muitos casos não são denunciados pelas vítimas ou flagrados pelas câmeras.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Giovanna Fantoni

O único fato expressivo no América durante a Copa foi a troca de técnico e, ainda assim, por desejo do Enderson Moreira, que foi para o Bahia. Em seu lugar, foi colocado o até então diretor de futebol Ricardo Drubsky, que em 20 anos de carreira ocuDecacampeão pou diferentes funções em muitas equipes. Embora tenha sido uma decisão arriscada da diretoria, é preciso dar um voto de confiança: Ricardo conhece muito bem o elenco e tem grande conhecimento e experiência no futebol. Tomara que, junto com os jogadores, tenha assimilado alguns dos ensinamentos da Copa, como o de que os times menores podem muito bem ganhar dos maiores e que a consistência tática tem valido mais do que a individualidade.

Nada é impossível de piorar. Vejamos o Atlético. De um início promissor, com algumas decepções, houve a recuperação no Campeonato Brasileiro com as ascensões de Róger Guedes e do ex-interino Thiago Larghi. Partidas dramáticas e gols decisivos levaram à É Galomenos, doido! liderança e, quando à condição de candidato ao título. Aos poucos, saíram Otero e Róger Guedes. E, no momento, o futebol árabe ameaça tirar Cazares. Sete foram contratados, todos sem notoriedade. Mas, sem dúvidas, as esperanças só retornaram com força na sequência, se houver resultados satisfatórios. A jornada recomeçou contra o Grêmio e prossegue no domingo (22) contra o Palmeiras, em São Paulo. Como sempre, duas pedreiras.

Enquanto escrevo este comentário, o Cruzeiro ainda não jogou contra o América. Quero comentar o nosso próximo desafio na Copa do Brasil. Classificado às quartas-de-final, o maior de Minas encara o Santos, na Vila, no dia 1º de agosto; o segunLa Bestia Negradia 15. Na do jogo acontece no Mineirão, ida, é preciso repetir o feito da primeira fase do Brasileirão, quando ganhamos lá por 1 a 0. Na volta, que acontece em um feriado, é encher o estádio e infernizar o adversário. O time do Santos não é grande coisa, mas é preciso muita atenção no ataque deles, principalmente Gabigol e Bruno Henrique. Se o Cruzeiro passar, fortalece a esperança de que, ainda em 2018, o verdadeiro Hexa venha


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