CULTURA
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Danilo Candombe / Divulgação
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Segurança alimentar
Tudo é carnaval “Que golpe foi esse?” é o nome do novo bloco de BH que quer chamar a atenção para os retrocessos do projeto político em curso no país
Minas Gerais
ENTREVISTA
Rica Retamal
Secretária executiva do CONSEA fala da política de alimentação de Minas Gerais e defende a importância da comida saudável para a soberania do país
Belo Horizonte, 2 a 8 de fevereiro de 2018 • edição 220 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Mídia NINJA
UM CONGRESSO QUE SEJA DO POVO
Centenas de organizações populares preparam o ‘Congresso do Povo Brasileiro’. O objetivo é discutir os principais problemas da população e construir um projeto de nação que combata as desigualdades sociais, além de resgatar a capacidade de mobilização organizada do povo. A iniciativa terá etapas locais, municipais e estaduais. O encontro nacional em julho pretende reunir até 50 mil pessoas em um estádio de futebol. O nome faz contraponto ao Congresso Nacional composto em sua maioria por deputados que não representam a sociedade brasileira. BRASIL 2 e 9
MINAS
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Ditadura perseguiu operários Relatório revela que regime militar reprimiu 3 mil trabalhadores de MG. Comissão da Verdade aponta que governo forçou demissões, torturou e assassinou pessoas
OPINIÃO
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ESPORTES
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Violência no Ceará
Inocentados
Dez assassinatos em presídio superlotado do Ceará, quarto estado em população carcerária no país. O problema não pode ser enfrentado apenas com construção de presídios
Por falta de provas, Corte anula punição a 28 atletas russos, acusados de doping. Medalhas serão devolvidas
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 2 a 8 de fevereiro de 2018
Editorial | Brasil
Congresso do Povo
ESPAÇO dos Leitores “A Globo disse ter 200 pessoas a favor de Lula e 200 mil contrárias. Óbvio que foi mentira” Webert de Souza comenta a manchete da edição 219: “Nas ruas, milhares a favor de Lula” “Mais didático, impossível” Ralph De Souza Filho escreve sobre a entrevista com Bruno Pedralva, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte “Que falta que ele faz!” Escreve o leitor Marcus Penido sobre a matéria sobre Henfil, cartunista mineiro que faleceu em fevereiro de 1988 “Isso é o neoliberalismo: primeiro desestrutura, em seguida sucateia, por fim entrega [para] a iniciativa privada, que na realidade precariza a situação trabalhista, educacional e lucra enormemente” Comenta Jeferson Nunes a respeito da matéria “Prefeitura de Uberlândia quer terceirizar administração de escolas municipais”
O Congresso Nacional tem uma grande maioria de homens, brancos, ricos e empresários. O povo brasileiro é em sua maioria formado por mulheres, pardos e pretos, pobres e trabalhadores. Os grandes problemas nacionais são ausência de moradia digna, de saúde pública de qualidade, educação pública universal do ensino fundamental ao universitário, salário justo, transporte público eficiente. A maioria dos deputados federais não enfrentam esses problemas em seu dia a dia. Distantes dos reais problemas do povo, estão muito pouco preocupados em resolver essas questões. Se fosse só insensibilidade, menos mal. A questão é mais séria. Os interesses entre essas duas classes são opostos. Uns querem mais di-
Congresso do povo é alternativa à retirada de direitos reitos, mais políticas públicas. Necessitam que o Estado atue a favor do crescimento econômico, da distribuição de renda e no combate à enorme desigualdade social. Os ricos e os grandes empresários, ao contrário, querem retirar direitos para diminuir seus custos e aumentar seus lucros. Querem menos Estado social e mais garantia de que o orçamento dos governos seja destinado aos seus interesses. Enfim, uns querem se aposentar, com saúde e qualidade de vida, outros, querem que o povo brasileiro trabalhe até morrer.
Em tempos de crescimento econômico é até possível agradar um pouco aqui, e um pouco acolá. Com crescimento econômico é possível manter os privilégios dos ricos e garantir algumas conquistas aos mais pobres. Foi o que assistimos de 2003 até 2012. Depois disso, com a crise econômica, acabou a conciliação.
Interesses inconciliáveis exigem que povo se organize O que fazer? A alternativa é a união do povo, essa enorme maioria, contra esse Congresso que está aí, e tudo que ele representa: a classe dominante, os seus meios de comunicação como a Globo, os que vivem de renda e da exploração dos trabalhadores. Essa é a agenda prioritária que será desenvolvida ao longo do ano, com realização de Congressos em âmbito local, municipal, estadual e terminando em um grande Congresso do Povo Brasileiro, com a participação de dezenas de milhares de pessoas. Do local ao nacional, essa verdadeira campanha pretende ouvir a população sobre seus problemas. Pretende também discutir um projeto popular para o país. Esse caminho, da mobilização e organização popular, é o que nos possibilitará ter um Congresso que represente o povo brasileiro, retome o desenvolvimento e a democracia em nosso país.
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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? Você já pensou na sua fantasia de carnaval?
“Ainda não tenho uma fantasia pensada, mas sempre que nosso grupo se junta a gente se maquia, coloca glitter, aqueles cílios estranhos, adesivos no rosto”.
“Eu fui chamado por um amigo pra ir no Unidos da Estrela da Morte e eu gosto muito de Star Wars, então acho que vou de Han Solo”.
Marisa Rodrigues, designer gráfico
Denis William, estudante
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Declaração da Semana
PERGUNTA DA SEMANA
Fantasiar-se no Carnaval é uma arte. Nesta época de cor, brilho, de festejo, muitas vezes a gente usa aquilo que nunca teve coragem, ou homenageia algo que a gente gosta - ou odeia - muito.
GERAL
Belo Horizonte, 2 a 8 de fevereiro de 2018
“Polícia Federal para ele. O amigo do Daniel Dantas, do Aécio Neves”
Reprodução de vídeo
Gritaram passageiros para Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que estava em um voo que partiu de Brasília rumo a Cuiabá, no
sábado (27). “Vergonha para o país”, continuaram. Depois disso, o ministro viajou a SP em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), sem justificar o motivo.
Rir para não chorar Reprodução de vídeo
Um vídeo de Cristiane Brasil (PTB), deputada indicada pelo golpista Temer para o Ministério do Trabalho, fez sucesso na internet nesta semana. Em um iate, de forma patética, ela se defende dos processos que enfrenta na Justiça do Trabalho. “Eu juro para vocês que eu não achava que eu tinha nada a dever contra essas duas pessoas que entraram contra mim. E eu vou provar isso em breve. O que pode passar na ca-
beça das pessoas que entram contra a gente em ações trabalhistas?”. A
parlamentar teve a posse suspensa temporariamente por decisão do STF.
Carnaval conectado Julia Lanari / Divulgação
Para quem não quer perder nada do carnaval de BH, é só baixar o aplicativo “Carnaval de Belo Horizonte Oficial”. Desenvolvido pela Belotur, o app contém a programação dos blocos de rua, escolas de samba, blocos caricatos e dos palcos oficiais. Além disso, conta com informações sobre funcionamento de bares e restaurantes, pontos de WiFi, postos de saúde, localização de banheiros químicos e telefones úteis. O download é gratuito.
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CIDADES
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Trabalhadores e usuários cobram segurança e melhores condições nas UPAs de BH PRECARIEDADE Para sindicato, incidentes de violência têm aumentado nos últimos anos Wallace Oliveira
Wallace Oliveira/Brasil de Fato MG
O
ito Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Belo Horizonte foram palco de manifestações nesta semana. Os atos reivindicaram mais segurança e construção de novas UPAS, além de denunciarem a falta de equipamentos. As ações foram organizadas pelo conselho e sindicatos de saúde. Insegurança e precariedade Desde junho de 2017, foram registrados 309 episódios de violência em postos de saúde e UPAs, como agressões físicas e tiroteios. Segundo Israel Arimar, presidente do Sindibel, a falta de segurança é resultado de uma opção política da gestão anterior. “A Prefeitura, em 2016, demitiu os porteiros,
Manifestações aconteceram em oito unidades de Pronto Atendimento de BH
vigias e diminuiu os guardas municipais. Começaram furtos e assaltos a mão armada”, comenta. Já a gerente de Urgências e Emergências da Secretaria de Saúde, Susana Rates, acredita que é precipitado dizer que a violência aumentou. “É recente o boletim de violência nas UPAs. O que a gente vem fazendo é desenvolver jun-
to à Secretaria de Segurança várias ações com a Guarda Municipal e no diagnóstico da violência”, explica. Os porteiros das unidades, segundo ela, foram mantidos, mas a segurança de guarda armada privada não. UPA Norte e outras obras Um dos locais onde as ma-
nifestações ocorreram foi a UPA Norte, no bairro Primeiro de Maio. Em dezembro, um paciente com problemas psiquiátricos quebrou computadores por não aceitar a
A quantidade de trabalhadores é insuficiente”, diz servidora classificação “verde”. Já em janeiro, uma pessoa agrediu uma funcionária com uma cadeira, exigindo refeição. Em 2014, três homens feriram a tiros um guarda e uma funcionária. Uma trabalhadora que não quis se identificar associou os problemas à situação precária da unidade. “A quantidade de trabalhadores é in-
suficiente, falta lençol, comida, antibióticos. Isso tudo gera violência. O trabalhador adoece”, desabafa. Há um ano, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) fez uma visita à unidade e declarou que a situação era uma “esculhambação”. Um novo prédio deveria ter sido concluído em 2010, em terreno na Avenida Risoleta Neves (via 240). De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a obra está paralisada desde 2016, mas é prioridade. O órgão afirma que retomou as obras do Complexo de Saúde do Barreiro, está investindo em um centro de saúde no Alto Vera Cruz e que prioriza a implantação da UPA Nordeste II, no bairro Ipiranga, paralisada desde 2015.
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MINAS
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Opinião
É hora da esquerda lá João Paulo Cunha A direita acredita que já derrotou Lula. O mais expressivo exemplo foi a rodada de pesquisas do Datafolha, que naturalizou a eleição sem o candidato do PT. O resultado, como se pôde ver, foi a constatação da resiliência do petista e o risco real de um pleito sem legitimidade. A vitória seria comemorada por um candidato que ficaria perto de 70% de rejeição, dado o altíssimo índice de abstenção e votos nulos identificados nessa hipótese. A eleição sem Lula consagraria uma democracia sem três de suas bases mais importantes: seria eleição sem perspectiva de alternância de poder, sem autêntica representação plural e sem povo. O ambiente seria de Estado não democrático. Lula será candidato e fará campanha, mesmo que tenha sua candidatura impedida lá na frente. Neste caso, caberia substituir o candidato e apostar na transferência de votos, ou bancar a democracia socialista a partir de um processo de ruptura popular.
Manter a candidatura de Lula é um acerto histórico. Mas é preciso estar atento para a situação que levou até esse impasse: Lula é o maior nome da esquerda brasileira, mas não pode ser maior que a esquerda brasileira.
Lula lá em nome da democracia brasileira Quem acha que a direita descartou Bolsonaro se engana. É claro que nulidades como Alckmin e Huck são mais palatáveis, mas se o caso for derrotar Lula e não surgir um nome eleitoralmente viável, o fascista vai servir. O trabalho seria anular suas asneiras em costumes e direitos humanos, em nome de um projeto de continuidade no campo do entreguismo econômico e de destruição do Estado so-
cial. Defender Lula é um dever imposto pela conjuntura, seja para retificar o sistema judicial apodrecido, seja para retomar as políticas que mudaram a cara do Brasil, seja para trazer de volta uma política de massas que permita trazer a democracia para o leito da participação popular. É ainda uma honra à sua trajetória de maior liderança popular da história do país. No entanto, é também momento de levar adiante dois propósitos políticos inadiáveis. O primeiro é cerrar fileiras contra todas as possibilidades de avanço do atraso, em franco curso no país, a começar pela reforma da Previdência. O segundo desafio é armar-se de realismo político, estabelecendo um programa de união das esquerdas, atento ao calendário eleitoral, a um programa emancipatório mínimo e a uma estratégia de luta articulada. Lula lá, com todas as forças, em nome da democracia brasileira. Mas com o trabalho imediato e consequente pela construção da esquerda lá.
Terreiro de Umbanda é atacado pela segunda vez na Região Metropolitana de BH VIOLÊNCIA Segundo relato de uma das vítimas, dois homens armados invadiram o local e ameaçaram adultos e crianças com arma de fogo Daniel Santos
Larissa Costa
O
terreiro de Umbanda “Casa Espírita Império dos Orixás de Nossa Senhora da Conceição e São Jorge Guerreiro”, localizado na divisa entre São Joaquim de Bicas e Mário Campos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi novamente invadido, na madrugada de terça (30). Em outubro do ano passado, cinco homens armados, entre eles um policial aposentado, teriam invadido esse mesmo terreiro, ameaçando ocupantes e destruindo símbolos religiosos. Segundo relato de uma das vítimas, que pediu para ter a identidade preservada, dessa vez dois homens entraram no terreiro e, com armas
Episódio é “mais um caso de crueldade e intolerância”, diz Cenarab
Um cortejo contra o racismo e ódio religioso percorreu BH no último domigo
de fogo, ameaçaram adultos e crianças que estavam no local. “Eles roubaram celulares, panfletos e documentos do lote”, conta. Em nota, o Centro Nacional de Africanidade e Resis-
tência Afro-Brasileira (Cenarab), afirma que esse episódio se trata de um “mais um ato de crueldade e intolerância religiosa”. “Sobre o clima de medo e de terror, face aos ataques, evidencia-se o cenário
de violência assistida, impunidade e descaso por parte das autoridades. Somente a mobilização geral e coletiva das pessoas que integram as religiões de matriz africana poderão fazer frente a toda esta onda desenfreada de ações criminosas e intolerantes contra nossos templos”, diz o texto da nota. Apesar de ter sido acionada, até o fechamento desta matéria, a Polícia Mili-
tar não compareceu ao local para realizar o boletim de ocorrência. José Francisco da Silva, Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais, informa que foi realizada uma denúncia ao Ministério Público (MP). “O MP solicitou a interveniência imediata da promotoria local, responsável pela área de Bicas. Também foi marcado um encontro de trabalho no gabinete da Polícia Civil para dar sequência a essa questão”, afirma. AXÉ Um cortejo contra o racismo e o ódio religioso aconteceu no domingo (28), em BH. A ação, que também foi em defesa da democracia e da liberdade de culto, fez parte da VII Chamada de Afoxé e contou com a parceria do Cenarab.
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MINAS
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Perseguição da ditadura chegou a 10 mil dirigentes sindicais MEMÓRIA Comissão da Verdade contabiliza 3109 trabalhadores alvos da repressão militar somente em Minas Antônio Cocenza / Jornal Estado de Minas
Rafaella Dotta
“O
s militares cometeram a burrice de me prender”, brinca o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi preso pela ditadura militar duas vezes, uma em 1980 e outra em 1981, por estar à frente de greves por melhores salários. A sua segunda prisão, que o encarcerou por 31 dias, foi a faísca que reacendeu a greve em São Bernardo do Campo, que já durava 17 dias e estava em vias de finalizar. O fato foi relatado por Lula à Comissão Nacional da Verdade e mostra que a perseguição a dirigentes sindicais não é coisa nova no Brasil. Segundo a Comissão da Verdade de Minas Gerais (COVEMG), que lançou seu relatório final no final de 2017, pelo menos 3.109 trabalhadores do nosso estado sofreram repressões durante a ditadura mi-
Lula foi preso duas vezes, em 1980 e 1981 litar. A pesquisa foi feita por meio de documentos e entrevistas com as vítimas.
A repressão militar às organizações sindicais, dirigentes sindicais e trabalhadores chegou a 105 cidades mineiras, dando a ideia da capilarização da repressão. Os crimes cometidos pelo
1565 sindicatos do Brasil foram investigados e perseguidos
Segundo Covemg, repressão chegou a 105 cidades de Minas governo militar e detectados pela COVEMG vão desde intervenções em sindicatos, até demissões, perseguições, torturas e assassinatos. “Os tipos difusos de coerção também produziram, além de prejuízos materiais e sociais, danos à saúde física e emocional dos trabalhadores atingidos, derramando-se para os seus familiares, amigos e companheiros de trabalho”, informa o relatório. Esposa conta a história de Virgílio “Quando eu olhei para ele, comecei a chorar de pena de ver. Ele estava com um febrão”, diz Tereza, esposa de Virgílio Faustino
O que foi a ditadura militar? Período de 20 anos (1964 a 1984) em que o Brasil foi governado por militares. As eleições foram canceladas e os políticos eram indicados pelos militares, por isso o nome de “ditadura”. Meios de comunicação eram proibidos de dar notícias contra o governo e pessoas que criticavam essa política eram presas, torturadas ou mortas.
Oficialmente, oito pessoas morreram no massacre de Ipatinga. Ao fim dos disparos, trabalhadores recolheram corpos e os levaram para o Escritório Central da Usiminas. Do lado de fora, ainda perplexos, trabalhadores observam corpos de duas das vítimas.
MARCANTE | Fatos que merecem ser destacados 5 mortes em Nova Lima Os funcionários da Mina Morro Velho (Nova Lima) sofreram, entre 1948 e 1964, cinco mortes e 214 processo s. Massacre de Ipatinga Nove pessoas foram assassinadas pela Polícia Militar durante protesto dos funcionários da Usiminas, em 7 de outubro de 1963. Grande Greve de Contagem Em 1968, 20 mil operários de Contagem entraram em greve. O governo teve que anunciar aumento de 10% a todos os trabalhadores do país.
Salomão, “todo vomitado, todo sujo”. Na ocasião, Virgílio estava sendo entregue em casa pelos funcionários do governo militar, que o tinham prendido quatro dias antes e o levado ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Lá, Virgílio sofreu brutais agressões, incluindo violência sexual. A acusação contra ele era a sua atividade sindical em João Monlevade na Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, onde trabalhava e foi forçado a pedir demissão. A COVEMG classifica a prisão de Virgílio e de centenas de trabalhadores como “investigativa”, em que o governo usava métodos de tortura para “extrair informações e forçar delações”. Já outras prisões teriam acontecido de forma “preventiva” para retirar os dirigentes de circulação e anular sua ação política. Ao todo, informa o relatório, o regime militar interveio em 1565 sindicatos e atingiu 10 mil dirigentes sindicais em todo o país.
O Brasil de Fato está publicando uma série de matérias sobre o relatório da Comissão da Verdade de Minas Gerais.
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OPINIÃO
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Dom Luiz C. Eccel
“Num grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo...”
Quase 66% da população carcerária do Ceará são presos provisórios Os constantes tiroteios no Rio de Janeiro, a mais recente chacina no Ceará e a negligência dos estados com relação aos presídios brasileiros evidenciam a necessidade do debate sobre punitivismo e a situação do sistema carcerário. Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a situação da Cadeia Pública de Itapajé, no Ceará - onde ocorreram dez mortes na segunda-feira (29) – indica que as condições do estabelecimento penal são péssimas. A cadeia estava superlotada: havia 84 internos para 25 va- Construção de gas. A maioria (61) eram presos provisórios, ou seja, ainda presídios não sem condenação. O estabelecimento enfrenta falta de agentes penitenciários. No dia em que ocorreram as mortes, ha- resolve crise via apenas um. O problema se repete em todo o estado. O Ceará tem a quinta maior população carcerária do país: são 34.566 pessoas presas para 11.179 vagas; três vezes mais do que o sistema é capaz de receber. A situação é mais aguda em relação aos presos provisórios. O Ceará é recordista em encarcerar pessoas sem condenação. Quase 66% dos presos estão nesta condição, de acordo com dados do Infopen. A média nacional, também alta, é de 40% do total de presos no país, que chega à 726 mil pessoas e alça o Brasil à terceira maior população carcerária do mundo. O Plano Nacional de Segurança Pública prevê a construção de mais presídios como solução para desafogar os estabelecimentos penais. Mas a experiência mostra que é preciso ir além: a tendência é aprimorar políticas públicas para promover o desencarceramento e penas alternativas à privação de liberdade. Não há como não ver que a crise é profunda, sistêmica e não será resolvida com construção de presídios. Leia íntegra em: www.brasildefato.com.br Maria Carolina Trevisan é jornalista especializada na cobertura de direitos humanos
Dom Luiz C. Eccel, Bispo Emérito de Caçador (SC) Na edição 94...
ACOMPANHANDO
Maria Carolina Trevisan
Você já parou para refletir sobre essa frase proferida pelo senador Romero Jucá? Neste “com tudo” está presente, além do Congresso, o Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal, a grande mídia. Está presente, também, a elite safada, nacional e internacional, que é aquele 1% que detem 80% de toda a riqueza produzida; está presente a direita de modo geral; e também está presente quem é trabalhador e apoia o golpe, mesmo que por ignorância. Talvez você não tenha se dado conta de que o golpe, que vai tendo seus desdobramentos, é para não permitir que novamente governos de orientação popular venham a assumir a direção do país. Por quê? Muito simples: rico existe para ficar cada vez mais rico, e pobre para ficar cada vez mais pobre. O pobre existe para trabalhar, quando existe emprego, mesmo que precarizado pela “reforma”, e muitas vezes não ter direito a nenhum direito. Creio também que você já tenha compreendido que a “Lava Jato” não foi criada para punir Lava Jato faz corruptos, e sim para a concretização do título deste artigo, ou parte do golpe seja, impedir, num acordo nacional, que governos populares cheguem ao poder. Os verdadeiros corruptos estão no desgoverno deste país, num acordo nacional... Qual a saída para este problema gravíssimo? É difícil, porém nada é impossível. As esquerdas precisam se unir, numa frente nacional e, através da mídia alternativa e outros meios possíveis, fazer com que o povo seja politizado e entenda a grave situação em que está inserido, para que, através de seus sindicatos, movimentos populares e associações, se una para construir este projeto de sociedade verdadeiramente democrática, fraterna e solidária, sem exclusão de qualquer espécie.
Rodeado por polêmicas, Uber conquista usuários ...E agora PBH regulamenta transporte individual por aplicativo A Prefeitura de BH regulamentou, na última semana, o serviço de transporte individual privado remunerado de passageiros. Entre as mudanças, as empresas só poderão atender às chamadas feitas por plataformas digitais e terão que pagar 1% das corridas para a Prefeitura. Os veículos devem possuir placa de BH ou da Região Metropolitana, além de ter os documentos em dia. Os motoristas devem possuir CNH com exercício de atividade remunerada, certificado de curso para prestação do serviço de transporte de passageiros e certidão negativa de antecedentes criminais. Os aplicativos e motoristas terão um prazo de 30 dias para se adaptar às novas regras.
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83% ainda não concordam com desmonte da Previdência Social MOBILIZAÇÃO Centrais sindicais fazem manifestações e greve em 19 de fevereiro, dia programado para a votação das mudanças Divulgação/ Levante Popular da Juventude
Da redação
C
entrais sindicais realizam no dia 19 de fevereiro um dia nacional de luta, em nova etapa da mobilização contra a proposta do governo do golpista Michel Temer de “reforma” da Previdência Social. Dirigentes de várias entidades se reuniram na quarta-feira (31), em São Paulo, para definir as próximas atividades. O ano legislativo começa em 2 de fevereiro, com sessão solene marcada para dia 5. O principal tema nessa retomada é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que trata da Previdência. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), deve colocar a
PEC para ser votada logo depois do feriado de carnaval, no dia 19. Não dá para “carregar a reforma da Previdência além de fevereiro”, disse Maia, segun-
do o jornal Valor Econômico. O deputado afirmou ainda que, passando desse prazo, o tema ficará para os debates eleitorais, pois não se pode travar a pauta da Câ-
mara eternamente. Campanha enganosa na TV O governo federal está participando de uma série de programas de televisão, como Ra-
tinho e Silvio Santos, para fazer campanha da reforma. Mesmo assim, pesquisa encomendada pela presidência da República aponta que apenas 14% dos entrevistados são a favor das mudanças. 44% são contra e 39% não opinaram. Os sindicalistas criticam a “campanha enganosa” do governo em relação ao tema. “As centrais sindicais conclamam suas bases a reforçar o trabalho de comunicação e esclarecimento sobre os graves impactos da ‘reforma’ na vida dos trabalhadores e trabalhadoras”, diz nota divulgada por sete centrais sindicais.
Os donos da mídia no Brasil são donos de muito mais Pedro Rafael Vilela
O
s proprietários dos principais grupos de mídia do país, além de concentrarem em poucas mãos os veículos de comunicação de maior audiência, têm também negócios em diversas outras áreas da economia, como agronegócio, mercado imobiliário, mercado financeiro, entre outros. É o que revela uma pesquisa inédita, conduzida pela ONG Repórteres Sem Fronteiras e pelo Coletivo Intervozes, sobre a gravidade da concentração midiática no Brasil. No caso do Brasil, os resultados mostram, por exemplo, que os quatro principais grupos de mídia concentram uma audiência nacional exor-
bitante, que ultrapassa 70% no caso da televisão aberta, que ainda é o meio de comu-
Concentração da mídia no Brasil é pior do que no Camboja, Gana, Ucrânia e Peru nicação mais consumido no país. “O Brasil tem o pior cenário de concentração da mídia entre todos os países estudados até agora. É um dado assustador”, afirma André Pasti, integrante do Intervozes e coordenador da pesquisa no Brasil. O grau de concentração da mídia brasileira chega a ser pior do que em países como Camboja, Mon-
gólia, Gana, Filipinas, Peru, Colômbia, Tunísia e Ucrânia, todos países considerados em desenvolvimento pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pesquisa também evidenciou que, além do controle sobre a audiência, os maiores grupos de mídia também controlam diferentes veículos, como rádio, TV,
jornal e sites de notícias. É a chamada propriedade cruzada. Outros negócios Segundo André Pasti, coordenador da pesquisa, os donos da mídia no Brasil também são donos de outras empresas fora do setor: 21 dos 26 maiores grupos de mídia do Brasil atuam em áreas como mercado financeiro, imobiliário e o agronegócio. Reprodução de vídeo
Globo, que concentra 70% da audiência, faz campanha para o agronegócio porque tem fazendas
Os membros da família Marinho, por exemplo, que controlam o grupo Globo, são donos de fazendas e empresas de produção agrícola. Isso explica porque a TV Globo gosta de patrocinar campanhas como “Agro é Pop”. Além das fazendas, os donos da Globo têm negócios no mercado imobiliário, no setor de finanças e de vendas. Isso faz com que a família Marinho seja dona da maior fortuna do país, segundo a Forbes. “Se a pessoa não sabe que está vendo a TV cujo proprietário é um ruralista, ela vai ter dificuldade de filtrar a informação que está vendo, como perceber uma posição editorial contra a reforma agrária, por exemplo”, explica André Pasti.
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População poderá opinar sobre o futuro do Brasil em reuniões abertas ALTERNATIVA Organizações populares preparam o ‘Congresso do Povo Brasileiro’, que terá etapas locais, estaduais e um encontro nacional. Proposta é construir um projeto de desenvolvimento para o país Manoel Marques / Imprensa MG
Isis Medeiros / Levante Popular da Juventude
Pedro Rafael Vilela
A
Frente Brasil Popular (FBP), que reúne mais de 80 movimentos populares e entidades da sociedade civil, pretende lotar um estádio de futebol com mais de 50 mil pessoas para a etapa nacional do “Congresso do Povo Brasileiro”, prevista para ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano. A iniciativa, inédita no país, vai mobilizar um contingente ainda maior de pessoas em bairros, municípios e em todos os estados da federação para discutir os principais problemas do povo e construir um projeto de nação baseado na soberania nacional, no respeito à democracia e no combate às desigualdades sociais. Segundo André Tokarski, secretário de juventude e movimentos sociais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o “Congresso do Povo” tem o objetivo de estimular a população a se mobilizar pelos seus direitos e contra a onda de desmonte do Estado nacional em curso no país. “Esse processo pode deixar um saldo de mobilização
Resgatar a capacidade de mobilização organizada é o principal objetivo
A Frente Brasil Popular reúne mais de 80 movimentos e entidades civis e conscientização popular e, ao mesmo tempo, definir quais são as agendas e prioridades da população dentro de um projeto integrado de país. Trata-se de uma mobilização autônoma e soberana do povo brasileiro”, pontua. Isis Medeiros / Levante Popular da Juventude
Tokarski prevê que, somando as etapas locais, municipais e estaduais, o “Congresso do Povo” poderá envolver centenas de milhares de pessoas no campo e nas cidades. Participação livre A mobilização será aberta à população em geral, mesmo que o interessado não tenha qualquer vínculo com partidos, sindicatos ou organizações sociais. A ideia é promover reuniões livres em locais de trabalho, escolas, fábricas, bairros, comunidades e assentamentos, para debater os problemas locais e nacionais e discutir propostas para o futuro do país. Não haverá qualquer tipo de votação e as deliberações deverão se dar por consenso em torno de sínteses e eixos programáticos fundamentais. Após as reuniões e congressos municipais, serão realizadas etapas estaduais e uma grande etapa nacional, que deve reunir dezenas de milhares de pessoas em local ainda indefinido. Os detalhes da metodologia e o calendário serão definidos em reunião da FBP no próximo dia 2 de fevereiro, em São
Paulo. “O ‘Congresso do Povo’ vai pautar de forma massiva uma visão de projeto de Brasil que confronte o que está em curso, que é o desmonte do Estado e das políticas sociais. Só com este trabalho de base será possível recompor e disputar a hegemonia de um novo projeto de país junto à sociedade brasileira”, avalia Nalu Faria, da coordenação
Proposta é confrontar modelo em curso, que inclui o desmonte do Estado social nacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Segundo Nalu, é fundamental que essa iniciativa reconheça as várias dimensões da luta social e emancipatória, por isso será impulsionada pelos movimentos populares, incluindo o movimento sindical, camponês, por moradia, de mulheres, de juventude e
estudantil, LGBT, etc. Apesar do “Congresso do Povo” ter como objetivo a mobilização e a construção de propostas de desenvolvimento para o país, as organizações também pretendem pressionar e incidir no debate do processo eleitoral. “O que for aprovado no processo de consulta popular também será levado aos candidatos no pleito de outubro”, garante André Tokarski, do PCdoB. Retomar as mobilizações Resgatar a capacidade de mobilização organizada do povo é o principal objetivo do “Congresso do Povo”. Para atingir esse objetivo, destaca Nalu Faria, é fundamental que os movimentos consigam estimular a interação com o povo a partir da discussão dos problemas concretos. “Temos que traduzir a problemática do desmonte que está em curso, como isso afeta a vida da população, para que ela tenha condições de construir suas alternativas”. Para André Tokarski, “a campanha odiosa da grande mídia, de criminalização das organizações políticas e do movimento social, afasta a participação política do povo”, mas é possível reverter essa tendência. “O povo brasileiro já deu demonstrações de capacidade de luta, inclusive na greve geral do ano passado (2017), que foi a maior das últimas décadas”.
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MUNDO
Belo Horizonte, 2 a 8 de fevereiro de 2018
Rex Tillerson prepara golpe contra Venezuela PETRÓLEO Secretário de Estado dos EUA faz turnê pela América Latina Da redação
Reprodução
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e acordo com a ex-embaixadora argentina Alicia Castro, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, viaja à América Latina para articular um golpe contra o governo venezuelano. Entre os dias 1 e 7 de fevereiro, ele visita a Argentina, Colômbia, Jamaica, México e Peru. Tillerson, além de integrar o governo estadunidense, é magnata do petróleo e dono da ExxonMobil, uma das empresas para as quais o governo golpista de Temer (PMDB) entregou o pré-sal brasileiro, em um processo questionado por diversas organizações nacionais.
Interesses na região
Com exceção da Jamaica, os países visitados por Tillerson fazem parte do Grupo de Lima, articulação que também conta com Brasil, Canadá, Chile, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá e Paraguai. O grupo
existe para garantir a implementação dos interesses dos EUA na região. “São países como o Brasil, onde Michel Temer subiu ao poder em um golpe. O presidente Horacio Cartes também subiu ao poder no Paraguai derrubando Fernan-
do Lugo. Lá também estão Juan Manuel Santos e Enrique Peña Nieto, que estão mais preocupados com a Venezuela do que com seus
Venezuela e Brasil estão entre os principais produtores de petróleo no mundo países [Colômbia e México, respectivamente]”, ressaltou a ex-embaixadora, em entrevista à agência de notícias Sputnik. Alicia Castro disse que o
principal alvo da visita de Rex Tillerson é o governo Maduro. Os EUA, segundo ela, querem retomar o controle do petróleo venezuelano. A Venezuela é, ao lado do Brasil, um dos principais países produtores da matéria-prima no mundo. A ex-embaixadora também lembrou que os EUA participaram de todos os golpes recentes, civis e militares, além de terem ensinado a tortura e espionagem e destruído o Afeganistão, o Iraque, a Líbia e a Síria, provocando uma das maiores crises migratórias e humanitárias da história. “Quem pode querer um parceiro assim para garantir a segurança?”, questionou.
ENTREVISTA
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“Alimentação saudável é fundamental para o desenvolvimento de um povo” SEGURANÇA ALIMENTAR Nova política de alimentação de MG é tema de conversa com secretária executiva do Consea Arquivo Pessoal
Raíssa Lopes
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aria Aparecida Rodrigues de Miranda, secretária executiva do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais (CONSEA), explica a nova política de Segurança Alimentar que foi aprovada no estado. Ela analisa o que foi feito no setor até agora, e qual a importância dos investimentos no setor para a economia e a soberania do Brasil.
Brasil de Fato - Primeiro, o que é Segurança Alimentar? Maria Aparecida Miranda - É a promoção do direito
humano à alimentação adequada. Ela ganhou esse status de política pública a partir das ações governamentais construídas pelo governo Lula, que instituiu em 2006 a Lei 11.346, que estabelece as diretrizes do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN). É uma política que veio para reconhecer os programas que já existiam, fortalecê-los e colocá-los dentro da perspectiva de direito humano universal.
Soberania alimentar é o direito de um povo definir seus alimentos” Vou exemplificar: a alimentação escolar já era um programa existente antes desta lei, mas com a formulação da Segurança Ali-
O agronegócio é predatório e a alimentação está envenenada”
Maria Aparecida: “Perdemos nossas características alimentares para a indústria, precisamos rever esse modelo”
mentar, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foi aprofundado. Com isso, o que se chamava antes de “merenda escolar” foi nomeado de “alimentação escolar”, a agricultura familiar foi incorporada ao projeto – o que diminuiu o consumo de alimentos com agrotóxicos –, foram definidas as necessidades de fornecimento de todos os nutrientes necessários para os alunos. Com a garantia de alimentos sem agrotóxicos, a agricultura familiar foi fortalecida e também houve a promoção do desenvolvimento e da economia local, porque o governo passou a comprar dos pequenos produtores. Isso gerou a inclusão econômica de um grande número de pessoas. O Bolsa Família, por exemplo, foi um programa muito importante nessa composição geral. Ele saiu do assistencialismo para ser um distribuidor de renda com forte componente na promoção da segurança alimentar. Todas essas ações são exemplos de como a Segurança Alimentar atua. O que esta nova política de Segurança Alimentar
de Minas Gerais traz de diferente da antiga?
O sistema de Segurança Alimentar é uma política intersetorial – uma parte no meio ambiente, outra na agricultura, outra nos recursos hídricos, etc. Por isso, quem executa a Segurança Alimentar na prática são os órgãos constituintes, as secretarias de governo. Mas reconhecemos que
Queremos reduzir os agrotóxicos e fortalecer a agroecologia” precisamos agir juntos, intersetorialmente. Então, a nova política estadual prevê um Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (PLESANS), que vai organizar todas essas iniciativas que estão espalhadas para garantir que o direito humano à alimentação saudável e adequada seja cumprido. Ela define claramente quais são os órgãos constituintes e atribui funções, bem como a forma de participação dos municípios. E apresenta o concei-
to de soberania alimentar como o direito de um povo definir de que maneira serão produzidos os seus alimentos, para quem eles serão produzidos e quem terá prioridade na política alimentar. A política de Segurança Alimentar estadual tem vários objetivos amplos, como garantir o direito à água, acesso à terra, entre outros. Quais são algumas das estratégias para alcançar esses objetivos?
As Conferências de Segurança Alimentar são o primeiro passo. Elas orientam quais são as prioridades, objetivos e estratégias das ações. Na última Conferência nacional, definimos que gostaríamos de reduzir os agrotóxicos, fortalecer a agroecologia e, inclusive, promover o acesso à terra e à água. No acesso à água, por exemplo, é fundamental que enfrentemos a pobreza no campo – um plano com etapas já está sendo analisado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Para a agroecologia, uma das estratégias é dar incentivo às cooperativas para que agricultores e
agricultoras tenham maiores condições de acessar o mercado institucional. Mas a gente também precisa adaptar as normas sanitárias, que estão na área da saúde, para que a agricultura familiar possa fornecer alimentos industrializados de origem animal e vegetal. Ou seja, são estratégias intersetoriais. Pode-se afirmar que a comida saudável é indispensável para o desenvolvimento de um país e de um povo?
Sem dúvida. É fundamental para a soberania de um povo. Porque na base da alimentação saudável está o reconhecimento do pequeno agricultor, do camponês, do quilombola, das populações que vivem em comunidade, do índio. Essa população é quem se relaciona com os recursos naturais de forma respeitosa. A soberania alimentar está relacionada às condições de acesso aos meios de produção e aos recursos naturais. Nós podemos usar isso de forma harmoniosa ou predatória, e o agronegócio é predatório. Grande parte das doenças já estão sendo atribuídas a uma alimentação envenenada, contaminada. Perdemos nossas características alimentares para a indústria do alimento, precisamos rever esse modelo.
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NOVELA TOPAM TUDO POR DINHEIRO: SÍLVIO SANTOS E TEMER Raquel Cunha / Divulgação
Amiga da Saúde Amiga, qual a idade certa para falar com as crianças sobre sexualidade? Michele Aparecida, 38 anos, professora. Desde o nascimento, Michelle. Sexualidade não é só sexo. Trata-se de afetividade, vínculo, conhecimento do corpo, amor, desejo, sensibilidade, descobertas etc. Todas as vivências da criança, desde que ela nasce, interferem em sua sexualidade. Tanto a satisfação da sua fome, como a vivência de pequenas frustrações e a forma como é aceita pela família influenciam. Dessa forma, as crianças vão aprendendo a se relacionar com
Como anunciado em nossa última coluna, o golpista Temer foi, na semana passada, aos programas do Sílvio Santos e do Ratinho. E essas passagens estão repercutindo de forma extremamente negativa. Não é novidade que essas entrevistas foram arranjadas e são uma contrapartida aos anúncios que defendiam a reforma da Previdência veiculados pelo SBT. Nos dois programas, o golpista Michel Temer fazia propaganda dos tais bons resultados e dos avanços do seu governo e da urgente necessidade da votação da tal reforma – que deveria se chamar desmonte. O cinismo dessas aparições atingiu o máximo quando, no final de uma das entrevistas, Temer dá uma nota de 50 reais para o “patrão do SBT”, Sílvio. “Eu posso dar um dinheiro pra você!?”, pergunta o golpista, sussurrando no ouvido de Sílvio. Nada de novo para ele, acostumado a comprar seus apoios. Esse pessoal topa tudo por dinheiro mesmo! Surpresos com o comportamento do tio Sílvio!? Alguns ficaram, eu sei. Paira sobre a imagem de SS a do camelô pobre que, depois de muito trabalhar, se tornou o bilionário. O homem do sucesso individual! Se fosse tão simples assim... O homem do Baú não é nada mais que um patrão defendendo os seus interesses.
Virada em novela A personagem de Glória Pires surpreende e fascina cada vez mais na novela “O outro lado do paraíso”. Na última semana, a cena do julgamento de Duda/ Elizabeth entrou para a história da TV brasileira e bateu recordes de audiência. O drama vivido pela personagem que foi separada de suas duas filhas - que no início da trama assustou um pouco os telespectadores, especialmente pela perversidade do sogro Natanael com relação à nora - agora encanta a audiência e dá uma virada na trama. O passado de Duda/Elizabeth vem à tona dando um novo gás à novela. Junto com a vingança de Clara, as maldades da vilã Sophia (Marieta Severo) e com a existência de núcleos mais leves, a novela conseguiu dar a volta por cima das críticas ao enredo pesado que afugentou parte da audiência. “O outro lado do paraíso” promete (e está cumprindo) muitas emoções e polêmicas. *Felipe Marcelino é professor de filosofia.
as pessoas e isso dirá como elas irão vivenciar o sexo. Todas as dúvidas das crianças devem ser esclarecidas de forma honesta, com a linguagem adequada de acordo com a idade, sem distorcer o sentido do que foi perguntado. Jamais a criança deve ser reprimida ao perguntar algo. Quanto mais ela souber sobre sexo, mais terá recursos para esperar o momento em que se sinta mais segura para iniciar a prática.
Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Nossos direitos Direito a um justo julgamento Em 2018, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos. Surgiu em 1948, após os horrores da II Guerra Mundial, a fim de reconhecer os mais importantes direitos para a dignidade da pessoa humana. O décimo artigo da Declaração assegura que todas as pessoas têm direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública julgada por um tribunal independente e imparcial em determinação dos seus direitos e obrigações e de qualquer acusação criminal contra elas.
Esse direito busca a igualdade da prestação jurídica às pessoas que são acusadas de algum ato ilegal, para que a decisão final não seja vinculada a interesses outros que não aqueles protegidos pela lei. No julgamento recente do ex-presidente Lula este direito foi claramente violado. A sociedade brasileira pôde perceber que o objetivo dos juízes foi impedir que Lula dispute livremente as eleições deste ano. Se a face cega da Justiça tem se voltado contra grandes figuras, como garantir este direito a nós, cidadãos comuns?
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
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Solução
Neste calor, nada como um sorvete para refrescar. E encontrei essa receita sensacional, saborosa, fácil de fazer, rende muito e o principal, fica super barato! Eu testei e aprovei e por isso quero compartilhá-la com vocês:
Ingredientes
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Por Carol Garcia*
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Rendimento: aproximadamente 3 litros
Modo de Preparo 1. Ferva 250 ml de água, coloque no liquidificador e acrescente todo o conteúdo do pacote de gelatina. Bata por 1 minuto para misturar bem. Acrescente mais 250 ml de água fria e bata novamente por mais 1 ou 2 minutos. 2. Acrescente o leite condensado e o creme de leite. Bata por uns 3 minutos. Despeje o conteúdo em uma vasilha e coloque no congelador por 4 horas (até cristalizar). 3. Depois, retire a mistura do congelador e bata com uma batedeira, em velocidade máxima por 10 minutos. Bom usar uma vasilha maior, porque o conteúdo vai dobrar de tamanho. 4.Divida o conteúdo em 2 vasilhas e coloque novamente no congelador por pelo menos 5 horas. Depois é só comer! *Carol Garcia é assistente social e leitora do Brasil de Fato.
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Festival de verão une universidade e população ARTE Evento começa antes do carnaval e tem série de atividades abertas ao público Divulgação
Raíssa Lopes
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mês de fevereiro já começa com uma ótima opção cultural em Belo Horizonte: o 12º Festival de Verão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que vai do dia 5 ao 8. Antes realizado no carnaval, hoje o projeto antecede a folia, com muitas atividades gratuitas para quem quiser participar. Desenvolvido pela federal, o evento nasceu com o propósito de ser uma ponte entre o que a universidade produz e a comunidade. Quem conta a história é o diretor artístico do festival, Juarez Guimarães Dias. “É o encontro da academia com a cidade, que quer integrar as pessoas e trocar saberes com um público não exclusivamente universitário. Por isso, as atividades são realizadas fora do campus principal, que é o Pampulha, e estão concentradas nos equipamentos da UFMG, como o Centro Cultural, Observatório e tam-
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bém no campus da saúde [na Alfredo Balena]”, diz. Ele explica que a difusão do conhecimento está também presente no tema deste ano, que trata dos “universos expandidos”, já que a universidade tem o poder de concentrar vários tipos de estudantes, com diferentes experiências de vida, em só um lugar. O projeto também quer discutir como a produção cultural tem contribuído para o cotidiano da população. Estão programados shows, oficinas, intervenções e um
Atividades não serão no campus Pampulha, mas espalhadas pelo Centro grande ciclo de palestras (única iniciativa que será cobrada, no valor de R$ 20 por inscrição). Como novidade, acontece um espaço somente para crianças, no qual elas serão guiadas por um
O Carnaval de BH tem fama de ser de luta e não é à toa. O mais novo bloco que reforça o caráter de protesto da festa é o “Que golpe foi esse?”, que é organizado pela Frente Brasil Popular e sai no dia 8 de fevereiro. Na sua apresentação, o bloco pede ajuda para segurar a barra que é não saber se vai conseguir entrar em uma universidade, se vai ter dinheiro para pagar o busão ou se vai conseguir um emprego. A concentração começa às 17h, no Bar da Jacinta - que também é conhecido como Tang. O endereço é Rua Goitacazes, 482 (próximo ao Mercado Central).
Palestras O ciclo acontece também do dia 5 ao 8, especificamente no mini auditório do Conservatório da UFMG. Ao todo, são seis debates com assuntos como transexualidade, física, saberes indígenas e artes cênicas. Este último será conduzido pelo pesquisador Marcos Alexandre, que antecipa que a conversa irá tratar sobre os diversos olhares sobre o teatro negro. “Muitos acreditam que o teatro negro só trata da questão religiosa, mas o que queremos mostrar é que a religiosidade continua senDivulgação
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Que golpe foi esse?
passeio nos ambientes da UFMG e irão registrar seus aprendizados, além de visitarem a Ocupação Carolina de Jesus, no Centro da capital. Outra ação é “O nada e outras atoíces”, que será realizado no campus da saúde e convidará os passantes a pararem um pouco a correria da rotina para ficar um momento sem fazer nada, jogando conversa fora.
do um elemento, mas existe muito mais. Hoje falamos das identidades e subjetividades negras, da solidão da mulher negra, do trabalho e da escola do negro. A ideia é exatamente expandir o conhecimento que temos sobre a área”, declara Marcos. Ele chama a atenção para o fato do festival não ser apenas focado em quem frequenta o ensino superior. “A Universidade mudou depois das cotas e se viu obrigada a abrir a visão, mudar sua forma de produzir. E o festival possibilita isso, que os grupos trabalhem com suas próprias inquietações e problemas”, diz. A palestra de Marcos, cujo tema é “Olhares expandidos a partir da perspectiva do teatro negro”, será realizada no dia 6 de fevereiro, das 11h às 12h. Anote aí! Toda a programação está no site www.ufmg.br/festivaldeverão. É também por lá que as inscrições são registradas, até domingo (4). Divulgação
Vai ter Bloco do Pescoção
Concurso Gentileza tem inscrições prorrogadas
Saiu a data do Pescoção, o bloco criado por jornalistas e demais profissionais da comunicação. Será no dia 13 de fevereiro, com concentração às 13h em frente à Casa dos Jornalistas (Av. Álvares Cabral, 400 - Centro). Este ano, o grupo prepara o “Baile do Pretinho” em cima do trio, uma festa que toca forró, samba, congado, frevo e funk. A estimativa é reunir até 5 mil foliões. Pescoção significa, no mundo jornalístico, trabalhar durante a noite e a madrugada para antecipar o que vai ao ar no fim de semana.
É artista e quer deixar sua marca nas ruas de Belo Horizonte? A prefeitura prorrogou as inscrições do Concurso Gentileza, que irá selecionar 40 propostas de murais artísticos para serem integradas à paisagem da cidade. O cadastro acontece até o dia 7 de fevereiro, é gratuito e pode ser realizado pelo site www.pbh.gov.br/gentileza. Serão aceitas linguagens como o grafite, estêncil, pintura livre, sticker, lambe-lambe, muralismo, pintura mural e mais. Cada autor das propostas selecionadas também receberá um prêmio de R$7.500.
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na geral
Atletismo: quase metade usou drogas
ESPORTE
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Jogador morre em acidente Reprodução
Eckhard Pecher
Um grupo de cientistas da Agência Mundial de Doping (WADA em inglês) apontou que, dos 1841 atletas do Mundial de Atletismo da Coreia do Sul, 43,6% disse que usou doping nos últimos 12 meses. Entre os participantes dos Jogos Pan-Arábicos em Doha, que também responderam à pesquisa, 57,1% fizeram uso de doping. A principal conclusão dos pesquisadores é que o doping é algo usual no meio esportivo. Entretanto, menos de 2% das amostras de testes acusam resultado positivo, o que indica que não é tão fácil pegar alguém que desobedece a proibição.
Mineira vence competição em SP
Wagner Carmo CBAt
O ex-jogador de basquetebol dos Estados Unidos, Rasual Butler, faleceu aos 38 anos, na quarta (31). Ele e sua esposa, a cantora Leah LaBelle, sofreram um acidente de automóvel na Califórnia. Os dois não resistiram aos ferimentos. O ala, que encerrou a carreira em 2016, jogou basquete profissionalmente na NBA por 14 anos, tendo passado por sete clubes. Recentemente, Butler atuava na Big 3, uma liga de ex-jogadores.
Diretor é suspenso por racismo West Ham
A atleta mineira Nubia Aparecida Soares venceu a disputa de salto triplo com 13,97m (0,9), no Torneio FPA Indoor, realizado no último fim de semana em São Bernardo (SP). Ela retornava de uma lesão que a deixou fora do Mundial de Londres, em agosto do ano passado. A mineira terminou a temporada de 2017 na quarta colocação do Ranking Mundial absoluto da Associação Internacional de Federações de Atletismo. Núbia tem 21 anos e é natural de Lagoa da Prata, na região Central Mineira.
O clube inglês West Ham suspendeu seu diretor Tony Henry, depois que ele disse que jogadores africanos não seriam mais contratados, pois causariam o caos. Em comunicado, o clube afirmou: “Nós somos uma família onde todos são incluídos, independentemente do gênero, idade, raça, religião ou orientação sexual”. O West Ham conta com seis atletas africanos em seu elenco.
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Atletas russos são inocentados por falta de provas
ESPORTES
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dECLArAÇÃO dA SEMANA Reprodução de vídeo
Reprodução
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Corte Arbitral do Esporte (CAS, sigla em inglês) anulou as punições dadas a 28 atletas russos, acusados de doping. De acordo com a CAS, não havia provas suficientes para sustentar as acusações. Os atletas tinham sido punidos, no ano passado, com perda de medalhas e afas-
tamento em competições. As medalhas terão que ser restituídas e eles poderão se inscrever nos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, Coréia do Sul, que começam no dia 9 de fevereiro. Outros 11 atletas apelaram junto à Corte, mas tiveram seus recursos negados
“O caso Tiffany é importante para a população trans. Sua presença nesses espaços mega excludentes é indicativo de que nós podemos estar lá também, de que também podemos nos imaginar atletas” Amara Moira, ativista LGBT, falando, em entrevista ao site “Dibradoras”, sobre a primeira atleta trans a disputar a Superliga de Voleibol.
Gol de placa O Sada Cruzeiro é tricampeão da Copa do Brasil de voleibol. A equipe do técnico Marcelo Mendez bateu o forte Sesi-SP por 3 sets a 2. Com essa conquista, o Cruzeiro chega ao seu 29º título desde 2010, ou seja, dos 33 campeonatos disputados nesse período, o time mineiro só perdeu quatro!
Gol contra O torneio de skate Oi Park Jam, realizado na última semana, teve competições nas modalidades masculina e feminina. Porém, o vencedor do masculino Pedro Barros, recebeu uma premiação de R$ 17 mil, ao passo que a campeã do feminino foi premiada com apenas R$ 5 mil.
Decacampeão
É Galo doido
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Embora ainda possa evoluir, o América começou bem a temporada, vencendo três dos quatro times do interior que enfrentou até agora. Pela estrutura e investimento bem maiores, o Coelho tem certa obrigação em vencê-los, mas, dentro de Decacampeão campo, a história é outra e os jogos raramente são fáceis. Basta ver os resultados surpreendentes em todo o país, com times de menor expressão aprontando para cima de equipes de Série A. Isso, aliás, é um dos grandes charmes dos estaduais: muitos times, jogadores e treinadores têm nesses confrontos as suas raras chances de chamar a atenção da mídia e de um público maior. O América felizmente se dá ao luxo de uma temporada de muitos holofotes.
A diretoria e o técnico do Galo testam os limites da paixão e da tolerância do torcedor, enquanto se impacientam com alguns jogadores. Valdívia, pelo visto, está de saída. No começo de 2017, eu já questionava o atacante, incensado pela imprensa e diriÉpouco, Galorendeu doido! gentes. Jogou menos ainda. Outras baixas acontecerão. Um calendário absurdo, que não seria aceito para quem tem bom senso, expõe o elenco e o time ao ridículo. As atuações contra Villa Nova e Patrocinense deram arrepios. Se continuar deste jeito contra a URT, podemos esperar mais sufoco para quem for lá. Daqui a pouco, a Copa do Brasil começa e avaliaremos, desconfiados, os efeitos do planejamento.
La Bestia Negra Leo Calixto
Anúncio O Cruzeiro oficializou a contratação do atacante que veio do Vitória-BA na última semana após sinal positivo do departamento médico. David veio para ser mais uma alternativa para os lados do campo, característica que Mano MeneLautilizar. Bestia Negra zes gosta de Embora o elenco seja de muita qualidade, Itair Machado disse em entrevista coletiva que a direção ainda está à procura de outro atacante, que atue pelos lados do campo, mas que a falta de aporte financeiro dificultou o acerto. A China Azul entendeu a dificuldade do clube e está lotando o Mineirão em todos os jogos desta temporada. Agora, é preciso que a direção flexibilize ainda mais os planos de sócio para aderirmos em massa.