Edição 215 do Brasil de Fato MG

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Ateliê 5

Entrevista

Igreja acolhe pessoas LGBT em BH Arquidiocese cria Pastoral da Diversidade Sexual para que pessoas possam viver a fé sem preconceito

Minas Gerais

Reprodução

CULTURA

Planta escuta? Na coluna de Ciências desta semana, aprenda mais sobre as diversas sensações e estímulos que os vegetais podem sentir

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017 • edição 215 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Eumar Prottis, Gilberto Martins Vasconcelos, Gildásio Westin Cosenza, Gildo Macedo Lacerda, Hailton Couri, Irani Martins Parreiras, Jaime Petit da Silva, João Álvaro de Oliveira, João Batista dos Mares Guia, Jorge Batista, José Antônio Gonçalves Duarte, José Carlos Novaes da Mata Machado, José Diniz Moreira, José Gomes de Paula Filho, José Jader da Silva, José Norberto Ataíde Mota, Jurany Castro Rezende Andrade, Laís Soares Pereira, Lucimar Belo Pereira, Luiz Fernando Borges de Oliveira, Luiz José de Macedo, Luiz Lotfallah Miziara, Luiz Sérgio Fonseca Soares, Manoel Selto, Manoel da Silva Costa Junior, Manuel Tolentino Filho, Marcos Silvio Pinheiro, Marcos Wilson Spyer Prates, Maria Lucia Santos Resende, Maria Luzia Rodrigues, Marilia Pires Fernandes, Marília da Silva Costa, Mauro Mendes Braga, Max Botelho Victor Rodrigues, Newton Miranda Sobreiro, Olavo Junqueira de Andrade, Paulo Roberto de Magalhães, Paulo Telles da Silva, Pedro Luiz Matos Giovanini, Rafael Arendt Neto, Reginaldo Joaquim Pereira, Reynaldo do Carmo Neve, Renato Alves do Valle, Ricardo Fontes Cintra, Ricardo Samuel de Lima, Romualdo Francisco Damáso, Ronald de Oliveira Rocha, Rosa Maria Nassif de Mesquita, Salvio Moreira Penna Franco, Sérgio de Moraes Elias. Adolfo Hérmiton de Almeida, Antônio Faria, Antônio Ribeiro Romanelli, Aristides Cardoso Roriz, Carlos Alberto Soares de Freitas, Degulle de Freitas Castro, Domingos Viotti, Francisco Fernandes de Oliveira, Gildásio Cosenza, José Afonso Alencar, José Augusto de Paula, José Gomes Pimenta (Dazinho), Marcos Rubinger, Delsy Gonçalves de Paula, Gilse Cosenza, Laudelina Maria Carneiro, Loreta Valadares, Maria das Dores Freire, Maria do Rosário Cunha Peixoto, Matilde Maria Almeida Melo, Tânia Cardozo Spyer Prates, Terezinha de Jesus Peixoto Chaves, Thereza Aurelia Alvares Vidigal, Vera Lígia Huebra Saavedra Durão, Vera Lúcia de Magalhães Lopes, Veronica Santos de Freitas e Wania Candido de Almeida Santayanna. Afonso Celso Lana leite, Angelo Pezzuti da Silva, Antônio Pereira Mattos, Erwin Rezende Duarte, Irany Campos, Jorge R. Nahas, José Raymundo de Oliveira, Júlio Antonio Bitencourt de Almeida, Marco Antônio Azevedo Meyer, Maurício V. Paiva, Murilo Pinto da Silva e Pedro Paulo Bretas. Antônio José de Oliveira, Arnaldo Fortes Drumond, Celso Joaquim, Délio Fantini, Demétrio Rocha Ribeiro, Elias Siqueira, José Adão Pinto, José Alfredo, Márcio Lacerda e Marco Antônio Victoria Barros, Ângelo Pezutti, Ápio Costa Rosa, Augusto Sales Galvão, Avelino Bioen Capitani, Colatino Lopes Soares Filho, Dilma Rousseff, Fernando Pimentel, Gilney Amorim Viana, João Carlos Reis Horta (João Comunista), Luiz Antônio Sansão, Marco Antônio Azevedo Maia, Milton Soares de Castro, Nilmário Miranda, Oswaldo Ribeiro dos Santos e Ricardo Fontes Cintra, Aarão Zacarias de Faria, Alcides Pinto Barbosa, Ananias Morais, Antenor Moreira Borges, Antonio Crispim de Oliveira, Antônio de Oliveira Barroso, Antônio Nazário Filho, Antônio Pedro, Antônio Pereira Filho, Aristeu Camilo, Arnaldo Luiz Lage, Ary Câmara, Bento Jacó da Silva, Carlos Michel, Carlos Simões, Deusedino Avelino Santos, Deusmiro Duarte Lage, Divino Francisco de Assis, Divino Medeiros, Elpídio Pires da Silva, Euzébio Moreira dos Santos, Evangelista Justino Silva, Francisco Assis de Souza, Francisco de Sales Gonzaga, Galdino Tomaz da Costa, Geraldo de Paula Miranda, Geraldo Felicíssimo Nascimento, Geraldo Menezes, Geraldo Oscar Menezes, Geraldo Rodrigues, Guilherme Caldeira, Jair Mendes, Jesus Valério Carneiro, João Bebiano Pinto, João Evangelista Fernandes, João Furtado de Oliveira, João Jacinto Filho, Joaquim Costa, Joaquim Inêz de Oliveira, Joaquim Lino Sobrinho, José Acácio da Silva, José Alves Pinto Sobrinho, José Bento dos Santos, José Bispo Costa, José do Espírito Santo, José do Patrocínio, José Flavino de Oliveira, José Gomes de Lima, José Jorge Firmino, José Julião da Cruz, José Luiz de Campos, José Luiz de Lima, José Maria Rodrigues, José Olinto Viegas, José Paulo da Cruz, José Quaresma Sobrinho, José Raimundo Linhares, José Ramos, José Sartori, Liberalino Moreira, Luiz Lino Perdigão, Manuel Ribeiro da Silva Neto, Miguel Arcanjo da Costa, Odilon Domingos do Couto, Odilon Ferreira Carvalho, Paulo José Cardoso, Pedro Lúcio de Almeida, Sebastião de Almeida, Sebastião Evaristo...

memória verdade justiça

SEU NOME PODERIA ESTAR AQUI De 1964 a 1984, o Brasil viveu uma ditadura em que as eleições para presidente foram extintas e fomos governados por militares. O relatório da Comissão da Verdade de Minas Gerais, lançado nesta semana, traz informações que prometem recontar a história do período. Acima, o Brasil de Fato MG reproduz os nomes de alguns dos milhares de mineiros e mineiras que foram mortos, presos, torturados, reprimidos ou demitidos. Eram camponeses, indígenas, operários, sindicalistas, estudantes, militantes... São heróis da democracia


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

Editorial | Brasil

Um final de ano movimentado Desde que o desgoverno Temer assumiu a direção do país, muitas medidas foram tomadas contra o povo brasileiro, como as privatizações e o desmonte do Estado de direitos. Essas medidas trarão enormes prejuízos, tanto imediatos como de longo prazo. Mas o povo tem lutado para barrar as reformas. Em abril fizemos a maior greve da nossa história. Voltamos às ruas todas as vezes em que a proposta da reforma da Previdência entrou em

Não apresentaram provas contra Lula ESPAÇO dos Leitores

“Muito legal!” Lidyane Ponciano comenta sobre a Amiga da Saúde da edição 214, que fala da ansiedade em bebês “Quando se desmancha o Brasil fica mais fácil entregar o país de bandeja para os EUA” Moacir de Melo escreve sobre o editorial “Moro e o desmoronamento do Brasil” “Fantástica a reportagem. Parabéns aos envolvidos, especialmente o mestre entrevistado” Mariana Cassab, sobre a entrevista “Sem mestres populares no mundo globalizado, damos um tiro no pé”, com o Mestre João Angoleiro “No primeiro capítulo já percebi e parei de assistir” Andrea Prado comenta sobre a coluna Novela, que fala da trama “Apocalipse”, da Record

pauta no Congresso, e conseguimos que fosse sendo adiada. Nove pessoas do Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e do Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD) ficaram em greve de fome entre os dias 5 e 14 de dezembro contra o desmonte da aposentadoria. Uma medida corajosa e legítima. Essas reações fizeram com que o governo adiasse novamente a votação para fevereiro de 2018. Uma boa notícia. No entanto, o governo golpista ainda não desistiu, porque precisa responder aos interesses de quem o financia. Outras duas boas notícias são a prisão do fazendeiro Adriano Chafik, que assassinou cinco trabalhadores sem-terra e a autorização para emissão de posse da fazenda Ariadnópolis no Sul de Minas, que vinha sendo local de conflito. Julgamento de Lula expõe seletividade e ameaça à democracia O Tribunal Regional Federal da 4ª

Região (TRF-4) julgará, no dia 24 de janeiro de 2018, os recursos do ex -presidente Lula, condenado pelo juiz Sérgio Moro por supostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Mobilização adia votação da reforma da Previdência Pela Lei da Ficha Limpa, isso pode tornar Lula inelegível, embora há recursos cabíveis pela defesa. O objetivo da acusação é o caso do tríplex do Guarujá, da construtora OAS, supostamente presenteado a Lula. Porém, não foram apresentadas provas que vinculem Lula à corrupção. Não há documentos, não há registros em cartórios em nome dele. Há apenas convicções políticas, em um roteiro traçado desde a queda de Dilma Rousseff, em 2016. Não se pode seguir com arbitrariedades presentes na Operação Lava Jato. O trâmite do julgamento tem velocidade inédita: até outubro de 2017, o tempo médio dos processos da Lava Jato, no TRF-4, foi de 14 meses e meio. Lula será julgado em apenas 4 meses. Essas arbitrariedades reforçam a criminalização atual de militantes dos movimentos populares e do povo brasileiro. A proibição da candidatura, baseada em um julgamento parcial, ataca nossa democracia. A luta e a mobilização têm sido motivo de esperança e trazido vitórias. Como dizia Carlos Marighella: “É preciso não ter medo. É preciso ter coragem de dizer”.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Makota Celinha , Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Robson Sávio, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Felipe Marcelino, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Renan Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


? PERGUNTA DA SEMANA

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

É ajudar a minha avó a fazer salpicão. Ralar a cenoura, desfiar o frango. É o que eu sempre lembro de todo Natal. Gabriela Tristão, estudante

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Declaração da Semana

O Natal está chegando! E com ele o clima de festa, de amizade, de união, e também de correria. Cada pessoa tem uma experiência diferente com essa data. Por isso, o Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:

Qual a melhor lembrança que você tem do Natal?

GERAL

Divulgação

Disse a atriz Malu Mader, no programa “Encontro com Fátima Bernardes”, ao criticar parlamentares que votaram a favor da criminalização do aborto no Congresso Nacional.

“Muitas mulheres fazem aborto, muitas morrem e sobretudo as mulheres pobres, então mais uma vez é a sociedade criminalizando apenas a mulher pobre”

Refeitório popular é reaberto

Karoline Barreto /CMBH

O mais importante é aquele clima de espera e de aconchego. O Natal já foi muito mais interessante, claro. A gente cresce e vai perdendo aquela magia, mas lá no fundo ela continua. Carlos Humberto, artista e locutor

Brasil de Fato MG premiado!

Mídia NINJA

CÂMARA Na manhã de terça-feira (12), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) reabriu o Refeitório Popular João Bosco Murta Lages, na Câmara Municipal. No local, que estava fechado desde 2016, serão ofertadas cerca de mil refeições por dia, com o valor de R$ 3. A comida é gratuita para as pessoas em situação de rua, desde que elas apresentem comprovante de cadastro na PBH e carteira de identidade. Beneficiários do Bolsa Família têm direito a 50% de desconto no serviço. O refeitório funciona das 11h às 14h, de segunda a sexta-feira.

101 anos de Seu Joel, o morador de rua mais antigo de BH Reprodução

É com muita alegria que anunciamos que o BFMG foi um dos vencedores do Prêmio Mineiro de Direitos Humanos 2017, realizado pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac). A equipe conquistou o primeiro lugar nas categorias Produção Jornalística de Texto e Reportagem Especial, com a matéria “Projeto Minas Rio, da Anglo American, ameaça comunidades no Centro de Minas Gerais”, de Joana Tavares. Também receberam o prêmio outras importantes iniciativas da comunicação popular, como O Beltrano, Mídia Ninja, entre outros.

Foi no dia 8 de dezembro o aniversário do centenário Joel Pereira da Silva, o seu Joel. Ele nasceu em 1916, na capital mineira, e teve que fazer da rua sua casa por 99 anos. Somente há dois conseguiu um quartinho de pensão para viver, ainda em condições precárias. Sem registros no estado, a certidão de nascimento do idoso só foi emitida em agosto de 2016. O editor do Blog Luiz do Mosaico quer produzir um documentário sobre Seu Joel. Para ajudar e saber mais, leia em: luidomosaico. blogspot.com.br


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MINAS

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

Reorganização de escolas gera revolta de pais e mães em Contagem ENSINO Projeto da Prefeitura, que divide alunos por ciclos, pode atingir 10 mil estudantes, no início de 2018 Patricia Pereira

Rafaella Dotta

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Secretaria Municipal de Educação de Contagem pretende fazer uma reorganização do ensino infantil e fundamental que pode atingir, já no início de 2018, o cotidiano de 10 mil alunos. Protestos em portas de escolas acontecem desde que a proposta começou a ser anunciada, em 30 de novembro. A “Reorganização Escolar” irá desenhar uma nova divisão das séries distribuídas nas escolas, incluindo inicialmente 30 das 115 instituições. As escolas municipais passariam a ser “especializadas” em um determinado ciclo, ao invés de fornecer vários ciclos. A prefeitura defende que a mudança irá criar

2.351 vagas para crianças de 0 a 5 anos, em 2018. Mães e pais criticam Mães e pais de alunos levantam uma série de problemas sobre a proposta. Laísa Aghata, mãe de três crianças, reclama que seu bairro ficará sem nenhuma escola e que isso fere a cultura dos moradores locais.

Na opinião da professora de inglês Liriana Nazaré Silva, a Secretaria desconsidera as condições e opinião de estudantes, pais e professores. É provável que pais e mães com mais de um filho precisem levar cada um a uma escola diferente. “Muitas direções não estavam sabendo e foram surpreendidas, as crianças ficam afli-

tas quando percebem que vão mudar de escola sem ter opinado sobre isso. Mudanças a gente sabe que a rede precisa, mas elas precisam ser discutidas antecipadamente considerando as pessoas envolvidas”, defende. Reginaldo Pereira do Carmo, diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (SindUTE) subsede de Contagem, alerta para dois problemas principais para os professores. O projeto resultará no aumento de estudantes por sala, sobrecarregando os trabalhadores, e o aumento da contratação terceirizada, especialmente para educação física e de inglês. Ainda sem soluções Depois dos protestos nas portas e arredores das esco-

las, professores e pais de estudantes forçaram reuniões de negociação com a Secretaria. Até o momento nenhum acordo foi fechado, segundo a professora e diretora estadual do SindUTE Patrícia Pereira. “O resultado concreto tem sido colocar a cidade para discutir o papel da escola. Da parte da prefeitura até o momento, não houve nenhum recuo”, analisa. Patrícia afirma que a Secretaria não flexibilizou o projeto e mantém a reorganização para o início de 2018, independente da vontade de pais e professores. Ela informa que a comunidade escolar pretende acionar o Ministério Público Estadual e a Vara da Infância e Juventude. A Câmara dos Vereadores de Contagem prepara um documento pedindo que o projeto seja adiado.

Igreja de BH cria ação para acolher pessoas LGBT PASTORAL Iniciativa foi impulsionada por discussões da última Assembleia do Povo de Deus Reprodução

Wallace Oliveira

U

ma ação desenvolvida por católicos tenta incorporar o público LGBT à Igreja. É a Pastoral da Diversidade Sexual, que surgiu em BH com aval da Arquidiocese e já inspira iniciativas semelhantes em outras cidades do Brasil. Para participantes, o grupo não pretende enquadrar ninguém em um modelo de comportamento sexual, mas permitir que pessoas tradicionalmente afastadas da Igreja vivam sua fé sem discriminação.

A Pastoral é fruto de discussões realizadas na Assembleia do Povo de Deus, realizada em 2016. Por iniciativa dos próprios fieis, a diversidade sexual apareceu nas discussões sobre a família.

“Foi votado e passou em assembleia ‘acompanhar e acolher a pessoa na sua diversidade sexual’. Então, é dentro do tema família que se discute essa acolhida”, conta o Frei Adilson Correia, da Paróquia

de São Francisco das Chagas, no Carlos Prates. Lá surgiu o segundo grupo da pastoral, com 18 participantes. O primeiro grupo de BH e do país fica no Santuário de Judas Tadeu, bairro da Graça e começou há um ano. Dele participam, em sua maioria, lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans, além de familiares e estudiosos. Lésbica e mãe de uma menina, Amanda comenta a experiência. “Tenho uma filha de quatro meses que pôde ser batizada, frequentar a igreja junto com a família. Traz uma realização imensa saber que,

Com o status de pastoral, o trabalho ganha reconhecimento da instituição efetivamente, a gente pode professar nossa fé livremente”, afirma. Coordenadora do grupo, Camila Santos explica que a pastoral é instituída pela igreja, o que ajuda no trabalho. A partir da experiência de BH, outras iniciativas aparecem no Brasil, como em Nova Iguaçu (RJ).


OPINIÃO

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

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Opinião

Golpe contra a humanidade João Paulo Cunha Há muitas faces na trajetória do golpe em andamento contra a sociedade brasileira. Uma história de infâmia feita da retirada de direitos civis e trabalhistas, da instauração de um Estado policial e da entrega das riquezas estratégicas. Algumas atitudes que vêm sendo tomadas à sombra do golpe mostram a força destrutiva de um projeto regressivo contra conquistas de civilização, muito além da política e da economia. Chega agora a vez da saúde mental. A história da luta antimanicomial é um dos capítulos mais belos das políticas públicas de saúde no Brasil, fruto da indignação que brotou pela forma desumana como eram tratadas as pessoas portadoras de sofrimento mental. Choques, torturas, despersonalização, isolamento faziam parte de uma estrutura de conhecimento e organização social que não entendia a complexidade do sujeito e tinha um olhar higienista sobre a relação entre as pessoas. Foi preciso

mudar as mentes para depois chegar ao coração. Fruto do trabalho de muitas gerações, a política de saúde mental que brotou des-

Mudanças na política de saúde mental são retrocesso civilizatório sa história levou ao questionamento dos manicômios, à mudança das práticas assistenciais e à integração entre pacientes e sociedade. Tudo isso pode se perder. Na linha de destruir os direitos humanos encampada pelo governo, a mudança anunciada na política de saúde mental propõe trazer de volta o financiamento de leitos psiquiátricos, a destruição de formas mais humanas de atenção e a perspectiva egoísta da

Não é pelo direito dos outros. É pelo direito de TODOS. O seu também. A Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) foi criada pelo Governo do Estado para garantir e ampliar os direitos de toda a população de Minas Gerais. Uma importante iniciativa para a construção da justiça social, do respeito à diversidade e de uma cultura de paz. Afinal, fazer do mundo um lugar de todos é a melhor forma de fazer dele o lugar de cada um.

direitoshumanos.mg.gov.br

segregação social. Esse é o lado visível. Por trás, como uma derivação do mercado, a saúde mental se torna um produto e o paciente um pária que apenas incomoda e precisa ser tirado de cena para não dar trabalho às famílias e à sociedade. Se der um lucro à indústria dos medicamentos e dos capitalistas da saúde, tanto melhor. O caminho para a exclusão está reaberto. O golpe tem deixado marcas duras na sociedade brasileira. Talvez, na singularidade da saúde mental, essa seja uma das mais radicais derrotas desse momento. Junto com a mudança da política para o setor estamos perdendo um pouco da humanidade. O Ministério da Saúde tem se mostrado ponta de lança do que de pior o governo não eleito pode nos fazer. Retirou assistência aos mais pobres com o ataque sistemático ao Mais Médicos, acabou com a farmácia popular, anuncia plano de saúde pobre para pobre, corrói as bases do SUS e a universalidade da atenção integral. A única atitude saudável é a revolta.

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SEDPAC

Feita pra você. E para cada um de nós. direitoshumanos.mg.gov.br (31) 3270-3616

Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania


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MINAS

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

Governo de Minas quer permitir a venda de metade da Codemig ECONOMIA Aprovação do PL 4.827, proposta de Pimentel, significaria a privatização de até 49% das ações da empresa pública Rafaella Dotta

Manoel Marques / Imprensa MG

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governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), apresentou, no dia 29 de novembro, o projeto de lei 4.827, que tem o objetivo de permitir a venda de até 49% das ações da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig). Atualmente, a empresa é inteiramente pública com lucros revertidos a obras e políticas do estado. O PL a transformaria em uma empresa de economia mista, ou seja, parte pública e parte privada. A justificativa da própria empresa é de que a abertura tem o intuito de preparar a Companhia para uma eventual oferta de compra de suas ações. No entanto, des-

Servidores criticam privatização e atraso de salários

taca que o governo não recebeu nenhuma proposta até o momento. Se a lei for aprovada, o Estado fica autorizado a vender 49% das ações da empresa, conforme seu interesse, mantendo 51% das ações e, assim, o controle majoritário da empresa.

O que é a Codemig? A empresa, que atualmente é pública, realiza uma série de trabalhos em que acaba por complementar políticas do governo de Minas. Trabalha em três eixos estratégicos: a indústria de mineração, energia e infraestrutura; a indústria criativa e turismo e alta tecnologia. A Codemig faz a administração de rodoviárias e locais de exposições, investe em reformas de prédios públicos, abre editais de patrocínio a projetos nas áreas estratégicas e realiza parcerias com o setor privado. Segundo demonstração financeira, a empresa teve um lucro líquido de R$ 230 milhões em 2016, valor 60% menor que o ano anterior. O projeto de lei de Pimentel passa agora pelos deputados da Co-

missão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Crítica O diretor do Sindicato Dos Servidores Públicos Estaduais (Sindpúblicos-MG), Geraldo Henrique, afirma que a entidade é contra a proposta. Os servidores realizaram manifestação na ALMG na terça (4) exigindo saber as datas do pagamento de dezembro e o 13º salário. Geraldo afirma que o maior problema do estado é não dialogar com os servidores. “Somos totalmente contrários a essa privatização. O governo de Minas Gerais não está em condições de privatizar nada. Ele precisa é prestar conta da situação em que está o estado”, alerta.

Prisão de Chafik é resposta à ofensiva da direita contra MST JUSTIÇA O mandante do Massacre de Felisburgo estava foragido desde junho, agora pagará a pena de 115 anos de prisão Mídia NINJA

omitir da responsabilidade de prendê-los e com isso inibir a violência contra os que lutam”, pontua.

Geanini Hackbardt

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a tarde de quinta-feira (14), o mandante do Massacre de Felisburgo, Adriano Chafik Luedy, foi preso em Salvador, pela Polícia Civil. O criminoso foi julgado e condenado em 2013, mas saiu impune do tribunal, através de um habeas corpus que garantiu sua liberdade imediata. Chafik é latifundiário também na Bahia e estava foragido no Uruguai, numa fazenda comprada por ele após o julgamento. “Chafik foi condenado duas vezes. A primeira pela Justiça e a segunda pelo povo. Essa condenação é fru-

to da pressão da sociedade, que não tolera mais a violência no campo”, afirma o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Silvio Netto. Netto ressalta que ainda há muitos como Chafik à solta. O militante comenta tam-

bém sobre a responsabilidade do Estado sobre a violência no campo. “Nos tranquiliza a prisão do Chafik, essa é a obrigação do Estado. É também uma resposta para todos os trabalhadores em luta por seus direitos, a luta vale a pena. O Estado não pode se

Entenda o crime O massacre aconteceu no dia 20 de novembro de 2004, quando Chafik e 15 pistoleiros, entraram no acampamento Terra Prometida, do MST, na fazenda Nova Alegria, em Felisburgo. Iraguiar Ferreira da Silva (23 anos), Miguel José dos Santos (56 anos), Francisco Nascimento Rocha (72 anos), Juvenal Jorge da Silva (65 anos) e Joaquim José dos Santos (49 anos) foram assassinados. Outras 20 pessoas foram fe-

ridas, entre elas, uma criança de apenas 12 anos, que levou um tiro no olho. O latifundiário e seus capangas ainda atearam fogo no acampamento, onde viviam 200 famílias sem terra e na escola. Em agosto de 2015, 11 anos após o massacre, o governador Fernando Pimentel assinou o decreto de desapropriação das terras. No entanto, este ainda não foi pago e as famílias ainda resistem, vivendo como acampadas. O MST espera, agora, que o governo de Minas Gerais solucione a pendência desta e das outras áreas decretadas: Ariadnópolis e Gravatá.


Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017 Tuca Vieira

REPORTAGEM

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Juliane Furno

O Estado pode gastar mais do que arrecada?

Ricos pagam muito menos impostos O Brasil tem, hoje, 206 milhões de habitantes. Apenas 27 milhões de brasileiros pagam imposto de renda. Dos 27 milhões de contribuintes, 13,5 milhões, a metade, recebem, a cada mês, no máximo o equivalente a cinco salários mínimos (R$ 4.685). É muita gente que ganha pouco e, ainda assim, é obrigada a entregar uma fatia ao Leão. E todos os impostos pagos por essa gente correspondem a apenas 1% do que a Receita Federal arrecada. Um mínimo de justiça da reforma tributária dispensaria esses 13,5 milhões de trabalhadores de pagarem impostos. E isso reverteria em mais saúde, educação, alimentação, enfim, uma vida menos apertada. Quem mais canaliza recursos para o Leão são pouco mais de 2 milhões de pessoas que ganham, por mês, de 20 (R$ 18.740) a 40 salários mínimos (R$ 37.480). Apenas 0,5% da população economicamente ativa – pouco mais de 1 milhão de pessoas – ganha por mês de 40 a 160 salários mínimos (R$ 149.920). Há ainda uma categoria mais privilegiada: as 71.440 Trabalhador pessoas que têm renda média, anual, de R$ 4 milhões, e paga, lucros patrimônio calculado em R$ 1,2 trilhão. Graças a elas o Leão abocanha, por ano, cerca de R$ 300 bilhões – 14% bilionários não da renda total das declarações de IR. Em 2013, desses super ricos, 52 mil receberam lucros e dividendos isentos de IR. Do total de rendimentos desses bilionários, apenas 35% foram tributados pelo IR de pessoa física. Já na faixa de quem ganha de 3 a 5 salários mínimos, mais de 90% da renda foi abocanhada pelo Leão. Portanto, fica evidente que, no Brasil, o trabalhador assalariado paga imposto, o que não acontece com os lucros dos bilionários. O Brasil tem solução. Faltam apenas vontade política e vergonha na cara. Leia íntegra em freibetto.org Frei Betto é escritor, autor de “Paraíso perdido – viagens ao mundo socialista”.

Juliane Furno é doutoranda em Desenvolvimento Econômico na Unicamp.

acompanhando

Frei Betto

“Precisamos equilibrar as contas públicas, afinal, o Estado não pode gastar mais do que arrecada”. Essa frase tem dado legitimidade à atual política econômica. O Estado brasileiro teria “quebrado”. A explicação para a atual crise econômica seria o crescimento contínuo do gasto público. A tarefa da equipe econômica pós golpe seria “colocar ordem na casa”, restabelecendo o equilíbrio fiscal. Explicações como essa desconhecem o funcionamento da economia. A crise econômica não tem relação com a explosão do gasto público e sim com a queda da receita. A crise internacional desde 2008 e as políticas de austeridade ajudam a diminuir as receitas. A analogia que diz que “a dona de casa não vai ao mercado comprar quatro pães e só leva dinheiro para pagar dois”, não serve para o Estado. O mais correto seria: a cada quatro pães que ela paga, cinco voltam para ela. Sim! Vejamos o exemplo do Programa Bolsa Família. A cada R$ 1 que o governo “gasta” com o programa são acrescidos R$ 1,78 ao PIB. Isso ocorre porque “os trabalhadores gastam tudo o que ganham”. Aumenta o emprego, o consumo e o governo “recebe” de volta através da tributação. Se a dona de casa não comprar esses quatro pães ninguém mais os comprará, Políticas de e o mercadinho fechará suas portas. Até porque o gasto “cortes” não dão de um é a receita do outro. O respostas à crise único agente que pode fazer uma ação “anticíclica” é o Estado. Além disso, o Estado brasileiro desenvolveu formas de manter o gasto sem precisar “imprimir papel moeda”, por meio da venda de “títulos” da dívida pública. Agora voltando à pergunta inicial: o Estado pode gastar mais do que arrecada? Evidentemente que sim! Em momentos de desaceleração da economia, ao invés de cortar gastos, o Estado deveria “gastar” para tirar a economia da crise.

Na edição 177... Sete matas estão ameaçadas por construtoras em BH... E agora Construção na Barão Homem de Melo é suspensa por ora O Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou a suspensão do megaempreendimento da Construtora MASB, que prevê a destruição de 85% da mata da avenida Barão Homem de Melo, na região Oeste de BH, em local onde a população deseja construir o Parque Jardim América. A decisão, fruto de ação da Associação Comunitária Social Desportiva, será mantida apenas até o julgamento do recurso ou até uma reunião de conciliação. Agora, os movimentos exigem do prefeito o cumprimento da promessa de campanha que assegurava a criação do parque.


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BRASIL

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

Ditadura Militar: atualize as histórias que te contaram na escola MEMÓRIA Indígenas, crianças e até mesmo o ex-presidente JK estiveram sob perseguição do regime militar Ricardo Barbosa

Rafaella Dotta

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caba de ser lançado um relatório de quase 2 mil páginas com informações novas sobre como a ditadura militar agiu em Minas Gerais. O documento é resultado de quatro anos de pesquisas e entrevistas realizadas pela Comissão da Verdade de Minas Gerais (Covemg), com o objetivo de recuperar fatos que aconteceram entre os anos de 1946 a 1988. Em primeiro lugar, um destaque às 1.531 pessoas que foram presas no esta-

do. A secretária executiva da Covemg, Helena Amorim, informa que este é o primeiro levantamento feito na história mineira e de-

monstra que os motivos das mortes não foram apenas por ideologia política, como popularmente se acredita. Nas prisões, ge-

ralmente ilegais, houve camponeses, indígenas e trabalhadores urbanos. “Pessoas que lutavam por sua sobrevivência”, diz Helena. Muitos números também são inéditos. Foram 17 militantes mortos, 49 mineiros mortos fora do estado, 109 camponeses assassinados, 3109 trabalhadores urbanos reprimidos e incontáveis indígenas perseguidos. As mortes aconteciam pelas mãos de órgãos do governo, das Forças Armadas, das Polícias ou através de assassinatos diretos que tinham a conivência da

ditadura, como afirma Helena Amorim. Torturadores Foram identificados 125 agentes públicos mineiros denunciados por tortura. O mais citado, e provavelmente com a maior lista de crueldades em seu currículo, é o capitão do Exército Hilton de Paula Portella. Ele é citado 80 vezes. Outros citados dezenas de vezes foram o delegado Thacir Omar Menezes, o coronel aposentado Pedro Ivo dos Santos Vasconcelos e o ex -empresário e ex-militar Marcelo Paixão de Araújo.

Brasil é um dos últimos países a recuperar a verdade Reprodução

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repressão não aconteceu só no Brasil. Entre os anos de 1954 e 1990, 13 países da América Latina enfrentaram ditaduras militares, o que significa que 64% da população latino-americana estava sob governos autoritários. Segundo o relatório, isso não é uma coincidência, visto que existiam órgãos estrangeiros influenciando as decisões destes países. Recomenda-se A maioria dos países instalaram suas comissões da verdade com a função de investigar, condenar e punir, diferente do caso brasileiro. Aqui, de acordo com o coordenador da Covemg, Robson Sávio, as comissões tiveram autorização apenas para investigar. O relatório de Minas Gerais inovou e cada subcomissão listou suas recomendações práticas aos pode-

Reprodução

O que foi a ditadura militar? Idalísio Filho e Walkíria Costa eram estudantes que foram mortos pela ditadura

res Executivo, Legislativo e Judiciário. Algumas das recomendações são a abertura de CPIs, investigações sobre violência policial, sobre a prática de alguns juízes e a divulgação de dados que permaneceram fechados à comissão. Indica ainda a revisão da Lei da Anistia (nº 6.683), a reparação às famílias das vítimas e às vítimas, e punição aos torturadores. Robson destaca também a importância da continuação das pesquisas, pois muitos fatos não

puderam ser devidamente apurados. Em 13 de dezembro o relatório foi apresentado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais e ao governador Fernando Pimentel (PT), de quem Robson espera medidas efetivas no “comprometimento com a verdade e a memória”, inclusive do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ausente na solenidade de entrega. A Covemg teve trabalho estendido até 8 de fevereiro de 2018.

Período de 20 anos (1964 a 1984) em que o Brasil foi governado por militares. As eleições para presidente foram canceladas e os políticos eram indicados pelos militares, por isso o nome de “ditadura”. Meios de comunicação eram proibidos de dar notícias contra o governo e pessoas que criticavam essa política eram presas, torturadas ou mortas.

12 Temas O documento mostra a relação da ditadura com 12 temas: mortes e desaparecimentos, tortura, locais de repressão e tortura, ditadura no campo, repressão aos trabalhadores urbanos e movimento sindical, Igrejas cristãs, povos indígenas, terrorismo praticado pela extrema direita, censura aos meios de comunicação, repressão aos estudantes e o impedimento de crianças viverem com seus pais. Os cinco volumes do relatório estão disponíveis em www.comissaodaverdade.mg.gov.br


Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

BRASIL

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Movimento da Luta Antimanicomial cria estratégias contra medidas do governo ENCONTRO 1.800 pessoas se reúnem por ocasião dos 30 anos da Reforma Psiquiátrica brasileira Ricardo Stuckert / CBF

Cristina Ribeiro e Eliziane Lara

Ministério da Saúde quer retorno da lógica manicomial

M

ais de 1.800 pessoas, entre psicólogos, usuários de serviços de saúde mental, familiares e estudantes de todo o Brasil se reuniram em Bauru (SP), nos dias 8 e 9 de dezembro, em encontro que reafirmou o compromisso de se construir uma sociedade sem manicômios. O evento celebrou os 30 anos da Carta de Bauru, documento produzido durante o II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, que registrou uma nova forma de tratamento das pes-

soas com sofrimento mental no país e inaugurou a Reforma Psiquiátrica brasileira. Segundo a psicóloga presidenta do Conselho Regional de Psicologia – Minas

Gerais (CRP-MG), Dalcira Ferrão, o momento foi histórico, pois reafirmou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e do atendimento digno ao cidadão.

“Se em 1987 nosso ponto central a atacar eram os manicômios, em 2017 insistimos em sua extinção, mas não apenas: também temos novos modelos manicomiais, como as Comunidades Terapêuticas, os quais combatemos veementemente”, contextualiza o psicólogo conselheiro do CRP-MG, Filippe de Mello.

O Encontro de Bauru se deu em um contexto especialmente delicado para a saúde mental. O Ministério da Saúde tem propostas de alteração na Política de Saúde Mental que implicam em retorno da lógica manicomial, como a criação de leitos em hospitais psiquiátricos e não em hospitais gerais, e a limitação na oferta de serviços extra-hospitalares. Na tentativa de garantir as conquistas da Reforma Psiquiátrica, o encontro aprovou a estratégia de fortalecer a atuação no Congresso Nacional, e junto às bases do movimento, que são as famílias e serviços.

Como a reforma da Previdência atinge os mais pobres APOSENTADORIA Sem conseguir obter maioria para votar proposta na Câmara, governo decide adiar reforma para fevereiro Antônio Cruz / Agência Brasil

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)

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stá ficando cada vez mais difícil para o governo conseguir aprovar a Reforma da Previdência. A semana, que começou com o forte lobby de setores empresariais dentro do Congresso Nacional – além da pressão indisfarçada da grande 40 anos de contribuição só seriam alcançados com cerca de 50 anos de trabalho mídia, acabou terminando com o anúncio de que a vo- em pleno ano eleitoral. São de Economia da Unicamp, Eduardo Fagnani, demonstação será adiada para 19 de necessários 308 votos favoráveis dos deputados, em duas trou como a proposta do fevereiro. Isso deve dificulvotações seguidas, além de governo exclui justamente tar ainda mais sua aprovação uma dupla votação no Sena- os mais pobres. “Ninguém do, que exige um mínimo de mais vai conseguir se aposentar com aposentadoria 49 votos a favor. Quanto mais exposta ao integral, porque para isso Reforma reduziria debate público, mais a pro- seria necessário acumular posta é percebida como em- 40 anos de contribuição. O drasticamente pecilho para a aposentado- trabalhador do setor privabenefícios ria. O professor do Instituto do, por conta da rotativida-

Apenas 20% dos aposentados têm 25 anos de contribuição de e da informalidade, contribui uma média de 9 meses a cada 12 meses (um ano), ou seja, para ele atingir 25 anos de contribuição, teria que trabalhar quase 33 anos”, explica. Para juntar os 15 anos de contribuição mínima exigida – e que só dá direito a 60% do valor do salário, ele teria que trabalhar durante 19 anos. Para receber uma aposentadoria integral, os 40 anos de contribuição exigidos só seriam alcançados com cerca de 50 anos

de trabalho, uma realidade extremante improvável. Apenas pouco mais de 20% dos aposentados comprovaram contribuição acima de 25 anos. A reforma trabalhista deve reduzir ainda mais a capacidade do trabalhador de contribuir com a Previdência. “A reforma trabalhista incrementa os empregos temporários. Vai ser muito mais difícil você conseguir comprovar sequer os 15 anos de contribuição mínima”, aponta Eduardo Fagnani. Nesse cenário, o valor médio da aposentadoria do INSS no país, que é de apenas R$ 1.500 por mês, deve ser drasticamente reduzido, já que a média dos benefícios cairá dos atuais 85% para cerca de 60% do salário.


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MUNDO

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

Em eleições municipais, chavismo vence em 300 das 335 cidades venezuelanas AVN

Fania Rodrigues

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m sua terceira vitória eleitoral neste ano, o chavismo, força política liderada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), venceu em 300 dos 335 municípios venezuelanos. Nas eleições municipais realizadas no domingo (10), os can-

didatos socialistas conquistaram as principais cidades do país. Das 23 capitais estaduais, 22 serão administradas por essa força política, criada pelo ex-presidente Hugo Chávez. O índice de participação eleitoral foi de 47% do total de eleitores do país. O percentual é inferior à última

eleição municipal, realizada em 2013, quando 58% do eleitorado votou. Entretanto, os candidatos do PSUV tiveram recorde de votação. Em pelo menos metade dos municípios, o chavismo ganhou com mais de 70% dos votos. A vitória mais festejada foi a da candidata socialista Erika Faria, na prefeitura de Caracas, Distrito Federal. Erika obteve 66% dos votos e superou o recorde de votação presidencial de Hugo Chávez, que, em 2012, tinha conquistado 57% dos eleitores desse local. Em um discurso emocionado, a nova prefeita de Caracas se referiu aos resultados como “a vitória perfeita”.

Justiça determina prisão de Cristina Kirchner Da Redação O juiz federal argentino Claudio Bonadio determinou a quebra da imunidade parlamentar e a prisão preventiva da ex-presidenta da Argentina e atual senadora Cristina Kirchner, na última semana. O Senado do país ainda precisa dar sinal verde para que a decisão tenha efeito. Bonadio pediu a prisão da ex-mandatária por “traição à pátria” e “encobrimento agravado” por conta de um memorando assinado por ela, quando era presidenta, em relação ao governo do Irã. Esse acordo, segundo a acusação, tinha o objetivo de encobrir uma eventual participação de Teerã no atentado à sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994, que deixou 85 motos. Para Kirchner, existe uma conspiração política que busca calar sua voz no Senado. “Há instrumentos de uma perseguição política sem precedentes na democracia, em que Mauricio Macri é o diretor da orquestra e o juiz Bonadio executa a partitura”, disse em entrevista coletiva.

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Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

ENTREVISTA

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“Caso se confirmarem denúncias, Moro e procuradores vão para cadeia” LAVA JATO Sub-relator da CPMI, deputado Wadih Damous foi um dos responsáveis por jogar luz aos fatos que Duran expõe Tomaz Silva / Agência Brasil

Rafael Tatemoto

O

advogado Rodrigo Tacla Duran trabalhou para a Odebrecht, um dos principais alvos da Lava Jato, entre 2011 e 2016. Acusado pela operação, foi detido na Espanha, no final do ano passado. Por ter dupla cidadania, não foi extraditado e responde o processo em liberdade. Ele nega ter cometido qualquer crime enquanto atuou na empresa. No dia 30 de novembro deste ano, Duran prestou depoimento por videoconferência à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, que investiga, entre outras coisas, acordos de delação premiada firmados entre suspeitos e o Ministério Público. Duran fez graves acusações contra os integrantes da Lava Jato. Ele afirmou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) utilizou planilhas fraudadas para iniciar processos judiciais, e que foi procurado por Carlos Zucolotto, advogado e ex-sócio da esposa de Sérgio Moro, que teria oferecido intermediar um acordo de delação premiada com a Lava Jato em troca de R$ 5 milhões de reais. Além disso, o então procurador da República, Marcelo Miller, também o teria orientado em relação a quais políticos e autoridades seriam de interesse da ProcuradoriaGeral da República, comandada por Rodrigo Janot naquele momento. O deputado Wadih Damous (PT-RJ), sub-relator da CPMI, foi um dos responsáveis por jogar luz aos fatos que Duran expõe. O Brasil de Fato conversou com o parlamentar sobre os possíveis impactos das revelações.

Brasil de Fato: O depoimen-

“Os métodos que ele usa - mandar prender preventivamente - se fossem usados contra ele, ele deveria estar preso”, diz Wadih Damous

Moro minimamente deveria dar uma satisfação to de Tacla Duran carrega graves acusações contra a Lava Jato, mas sua repercussão não é proporcional aos fatos. Como avalia isso?

Wadih Damous: Não é à toa que não houve, por parte da chamada grande imprensa, a cobertura merecida. Embora o prestígio da Lava Jato esteja abalado, a grande imprensa ainda blinda as atitudes e procedimentos dos condutores desta operação. Exatamente por conta disso, para que esse silêncio não se consolide é que nós pedimos que a Procuradoria-Geral da República abra investigação sobre cada um dos pontos, cada um dos itens, que o advogado Tacla Duran revelou. Não só revelou, como demonstrou no depoimento à CPMI. Nós estamos tentando quebrar a barreira do silêncio e exigindo do órgão competente a pron-

ta investigação, já que diversos dos seus membros estariam envolvidos nessas condutas abusivas.

Provas contra Moro estão documentadas e periciadas A Lava Jato é marcada por disputa de versões entre os envolvidos. Por que confiar no depoimento de Tacla Duran?

Os pontos cardeais do depoimento dele, ele demonstrou: a conversa com o advogado da chamada “Panela de Curitiba”, Carlos Zucolotto. O diálogo que foi travado está documentado e periciado na Espanha. Há exemplares de notas fiscais, planilhas falsas. Ele demonstrou também, está periciado. Conversas e tratativas com procuradores acerca de possível acordo de delação premiada por parte dele, depois negada pelos procuradores. Ele documenta e diz que houve essas tratativas, apenas não se submeteu a elas.

Então não é boataria. Aliás, quanto mais silenciosos ficarem Moro e seus amigos procuradores, mais convicção vão gerar essas revelações do Tacla Duran. Tacla Duran acusa diretamente Carlos Zucolotto. Até que ponto essa acusação pode ser estendida a Sérgio Moro?

Primeiro, Moro é amigo pessoal e compadre do Zucolotto. Segundo, a mulher de Moro era sócia de Zucolotto. Então, Moro minimamente deveria dar uma satisfação. Pelos métodos que ele usa - mandar prender preventivamente - se fossem usados contra ele, ele deveria estar preso. Ele e os procuradores estariam presos preventivamente. Qual o potencial dessa investigação seguir na Procuradoria-Geral da República?

Tem potencial não, tem obrigação de ser processada. Tem que investigar sob pena de prevaricação. Há apenas duas opções: dizer que ele está mentindo e que as provas que ele apresentou são falsas ou que ele está falando

A grande imprensa blinda os condutores da Lava Jato a verdade e as provas são verdadeiras. Isso a Procuradoria terá de dizer. Se o depoimento dele se confirmar, o que pode acontecer?

A Lava Jato acaba. Moro e os procuradores vão para a cadeia. Sem sombra de dúvida, têm um potencial devastador. Mas temos de ver qual a seriedade que o sistema de Justiça vai colocar nessa investigação. E a mídia não pode blindar mais uma vez?

Ou pode não blindar. Neste momento, por mais blindado que esteja, quando aparecerem fatos relevantes e estes são demonstrados, chega um momento que não é mais possível conter. As revelações têm esse potencial. Se esse potencial vai se tornar uma força motriz, só vamos ver com o tempo.


12 12 VARIEDADES

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Amiga da Saúde

CiÊNCIA, COISA BOA! PLANTA ESCUTA?

Reprodução

Amiga da saúde, quanto tempo um idoso precisa dormir para manter sua saúde? Meus avós sempre reclamam de insônia. Hélia Duarte, 19 anos, estagiária do setor administrativo.

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O tema de hoje foi sugerido pelo amigo/leitor Caio. Um prazer receber sugestões e poder escrever a partir delas! No aguardo das próximas! O Caio me enviou uma foto de bananas vendidas com a seguinte inscrição na embalagem: “banana orgânica produzida ao som de música clássica”. A pergunta óbvia é: planta escuta? Ou isso não passa de uma jogada de marketing? O senso comum nos leva a crer que, diferente dos animais, as plantas são seres paradões e insensíveis. Incapazes de ver, ouvir ou de demonstrar qualquer outra forma de sensação, os vegetais pouco interagiriam com o meio. Porém, o que os botânicos afirmam é o contrário. Plantas são seres bastante ativos, com grande capacidade de percepção e reação a diversos estímulos do ambiente. Especificamente sobre o som, estudos feitos dos anos 1970 para cá demonstram que as plantas são sim capazes de “escutar”. Mas, por escutar, entenda “perceber ondas sonoras”. Não Não se sabe ainda quer dizer que o vegetal compreenda palavras ou melodias, e muito menos bem como, mas que tenha qualquer gosto musical ou vegetais captam entenda o que você está falando quanondas sonoras do conversa com ele. Pesquisas demonstraram que plantas são capazes, por exemplo, de captar o barulho de insetos mastigando suas folhas e reagir liberando toxinas que os combatem. Também já foi constatada a interferência sonora no crescimento vegetal. Alguns sons favorecem e outros prejudicam o desenvolvimento das plantinhas. E onde diabos fica a orelha delas? Os estudos nessa área ainda são muiUmPor abraço (especial proainda Caionão desta to novos. isso, os cientistas sabem ao certo como as plantas vez) e até a próxima! captam o som. As melhores hipóteses apontam para a estrutura celular e para a epiderme vegetal. Todavia, as perspectivas são promissoras. Com novas pesquisas na área será possível entender como aproveitar o som na agricultura. Alguns pesquisadores já se perguntam até se as plantas de alguma forma usam o som para se comunicar! Agora, voltando para a foto da banana. Bola fora de quem criou a tal embalagem. Usar de conhecimentos em que a ciência ainda está engatinhando para vender algo é, no mínimo, questionável. Ao dizer que as bananas orgânicas foram produzidas ao som de música clássica, seus produtores querem passar certa ideia de superioridade e pureza. Além de não haver qualquer evidência científica que a música clássica interfira positivamente nas bananeiras, é absurda a ideia de que bananas produzidas assim teriam qualquer vantagem sobre as bananas “tradicionais”. Não caia nessa! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

Cara Hélia, nós, seres humanos temos menos necessidade de sono à medida que vamos envelhecendo. Porém, para um idoso em torno de 65 anos, é recomendado cerca de 7 horas de sono por dia. O que acontece é que muitos idosos têm hábitos de vida que dificultam o descanso noturno. Um bom exemplo são as longas cochiladas durante o dia em frente à TV. O cafezinho muitas vezes

ao dia também prejudica o sono, principalmente se tomado à tarde e à noite. Incontinência urinária é frequente e fator de interrupção do sono. Além disso, alguns idosos têm quadros de sofrimento mental, como depressão, ansiedade, sendo a insônia comum nesses casos. De qualquer forma, é necessário consultar um médico para avaliar se há algo que necessite de tratamento.

Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

Nossos direitos Atenção beneficiários do BPC / LOAS O Benefício da Prestação Continuada (BPC) é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso, com 65 anos ou mais, que comprovem não possuir meios de prover o próprio sustento, nem sua família. Os idosos que recebem o BPC devem ficar atentos ao prazo para se inscreverem no Cadastro Único, que termina em 31 de dezembro de 2017. A inscrição no Cadastro Único, além de manter o

Benefício de Prestação Continuada (BPC), permite o acesso a mais de 20 programas sociais do governo federal. O não cadastramento acarreta o bloqueio do benefício. O cadastramento, realizado nos CRAS ou prefeituras, pode ser feito pelo próprio idoso ou responsável com mais de 16 anos. Caso o beneficiário do BPC já esteja cadastrado no Cadastro Único, deverá atualizar dados sempre que houver alterações, como endereço, composição familiar ou renda.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP


Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

13 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas Tapioca com gelEia de maracujá Reprodução

www.coquetel.com.br

CAÇA-PALAVRA

© Revistas COQUETEL

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

À flor da pele L H E E D B C C N L Y D Ã E L R L C O S I M N E E G M B A C

O B R A H O R L O L S D O R C F E E R E D S C E L U L A S T

à F T Y R D F L N D T T N L M A I O R E D S L F B H L M A C

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R D E S R T H S L B Z A P A C R I I I I D N F O T C T R R N

O A D E C A L O R O S E Y G M A P U O R D C E E R E T B S R 20

Solução R O

Ingredientes • • • • •

2 unidades de maracujá 4 colheres de sopa de açúcar 500 ml de água Canela em pau 100 g de goma de tapioca

Modo de Preparo Geleia 1. Retirar a polpa do maracujá, guardando as cascas; 2. Retirar a parte amarela da casca e cortar a parte branca, sem a película interna, em cubos bem pequenos; 3. Levar ao fogo a polpa, o açúcar, a parte branca cortada em cubinhos, a água e a canela em pau; 4. Cozinhar até reduzir à metade; 5. Esperar esfriar.

Tapioca

M A I O R

O P R O C F U N Ç Ã O I

S O R V

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A L N R H T T E B R I F U M D R O H O C A S I Ã O T M L L E

C E L U L A C L A R A S

R E D H S O C A R O T E F N O L T M F D M S O M S E M I C T

C O U C T A I S S O I M Ã S O E M

Trocamos de ROUPA constantemente conforme a OCASIÃO, mas possuímos um tipo de vestimenta anatômica permanente. Que ÓRGÃO é o MAIOR DENTRE os outros e tem a FUNÇÃO de revestir nosso CORPO? Isso MESMO: a PELE! E mesmo sendo um elemento externo, há muitas outras curiosidades a seu respeito que não estão às CLARAS para a maioria das pessoas. Vamos saber mais um pouco sobre a epiderme? • é CAPAZ de liberar volume superior a 11 litros de SUOR em um dia de muito CALOR; • nela se desenvolvem as impressões digitais, que não só nos identificam, mas nos ajudam a segurar OBJETOS, proporcionando maior aderência; • registra-se que a pele BRANCA tenha surgido há cerca de 50 mil anos; • 50 mil CÉLULAS são perdidas por minuto; • Outrora a CÚTIS de criminosos ou de mortos pobres era utilizada para encapar LIVROS.

E F F T N S O O F S H I M C M E O A C U T I S Y L F N I R A

1. Peneirar a goma; 2. Em uma frigideira, fazer uma cama com a goma e levar ao fogo por 2 minutos; 3. Virar o lado e esperar mais 2 minutos; 4. Rechear a tapioca com a geleia e dobrar formando um leque.

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

Divulgação

Retratistas da Serra em livro O projeto Retratistas do Morro pretende reunir em livro fotografias dos profissionais João Mendes e Afonso Pimenta, que atuam no Aglomerado da Serra, na região Sul de BH, desde a década de 1970, fotografando acontecimentos locais e o dia a dia dos moradores. O livro também conta com fotos do acervo de monóculos de Dona Ana Martins, que também é moradora da Serra. Essas imagens representam a memória e a identidade cultural e, também, são documentos que ajudam a contar a história de Belo Horizonte. Para angariar recursos para o livro, o projeto está com uma campanha de colaboração coletiva. Para doar, acesse catarse.me/retratistasdomorro.

Divulgação

Divulgação

Presépio colaborativo e reciclado Um presépio em tamanho real, feito com materiais reciclados e com trabalho colaborativo fica exposto até o dia 7 de janeiro, na Casa Fiat de Cultura. Com a curadoria do artista plástico Leo Piló, a obra traz representantes dos povos tradicionais brasileiros, além de incas, maias e astecas ambientados em uma mata tipicamente de cerrado. A proposta da exposição é discutir a relação entre ser humano e natureza e despertar para a história e sabedoria dos povos. A entrada é gratuita e o endereço é Praça da Liberdade, BH.

Audição profunda Na terça (19), acontecerá “O clube da música clássica”. O evento tem o objetivo de criar uma experiência de audição profunda e prazerosa, em formato interativo, intenso e agradável, buscando desenvolver conhecimentos sobre música clássica, cultivar a escuta analítica e refletir sobre arte e cultura. Será das 19h às 21h, na Casa da Cultura de Uberlândia, na praça Cel. Carneiro, 89. A entrada é gratuita.

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Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

Torcedoras denunciam ameaças após questionarem Atlético Mineiro MACHISMO Atleticanas teriam sofrido agressões de advogados, de torcedores e fãs de Robinho, condenado por estupro

Bruno Cantini / Atlético Mineiro

Amélia Gomes

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epois do silêncio do Atlético Mineiro em relação ao atacante Robinho, condenado em primeira instância pela Justiça italiana a nove anos de prisão por ter participado de um estupro coletivo em 2013, um grupo de atleticanas, denominadas “Feministas do Galo”, cobra do clube um posicionamento. Elas estenderam, no começo do mês, duas faixas na sede social do clube. Uma dizia: “Galo, seu silêncio é violento! Não aceitaremos estupradores”. A outra: “Um condenado por estupro jogando no Galo é uma violência contra todas as mulheres”. A ação gerou grande repercussão. O Atlético lançou uma nota, afirmando que “não iria se posicionar porque se tratava de um assunto

particular do jogador”. Na última semana, uma outra faixa apareceu na sede do clube, assinada pelas “Atleticanas

Um condenado por estupro jogando no Galo é uma violência contra todas as mulheres”, dizia faixa da Arquibancada”. No cartaz, elas afirmavam apoio ao atacante. As torcedoras feministas, que preferiram não se identificar por segurança, denunciam que receberam ameaças - físicas e jurídicas - de advogados, torcedores e fãs do jogador, e que estão sendo

coagidas para não se posicionarem sobre o caso. Elas seguem cobrando um posicionamento consciente dos times. “Lutamos também por uma mudança na postura de muitos torcedores e de jornalistas esportivos que, recorrentemente, promovem ou reiteram condutas preconceituosas, racistas, homofóbicas e machistas... Um esporte como o futebol precisa ser democrático e acolher todo tipo de torcedor”, afirmam, em artigo. R$800 mil por mês O contrato de Robinho com o Atlético vence em dezembro, mas já está em estudo a possibilidade de renovação. O atleta, que recebe hoje um salário de R$ 800 mil, também é cogitado pelo seu exclube, o Santos.

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ESPORTE

Curto e Grosso Vitória para o vôlei e para a inclusão Reprodução

Júlia Cabral A novela “A Força do Querer” colocou nos lares brasileiros um assunto importante: a transexualidade. Com o exemplo da Ivana, que não se reconhecia como mulher, mas como homem, o país acompanhou o drama e a dificuldade do personagem de se inserir na sociedade com a identidade de homem, o Ivan. O retrato da vida de homens e mulheres trans é da exclusão e do preconceito, nos diversos espaços da sociedade. O Brasil é líder mundial no número de assassinatos de transexuais. No ano de 2016, foram 144 mortos. Nesse cenário de preconceito contra a população trans, a contratação da jogadora Tifanny Abreu pelo time de Bauru deve ser comemorada. A jogadora mudou de sexo em 2014, mas continuava jogando em times masculinos até o começo deste ano. Tifanny é a primeira mulher trans a ser autorizada pela Federação Internacional de Vôlei para jogar em times femininos. A contratação é uma vitória para o vôlei e para a inclusão de transexuais no esporte.

ESCREVA PARA NÓS Você tem críticas, comentários, sugestões?

esportemg@brasildefato.com.br


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Belo Horizonte, 15 a 21 de dezembro de 2017

Nilmar rescinde com o Santos

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Yuri Andreoli / Divulgação Santos FC / Divulgação

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atacante Nilmar rescindiu seu contrato com o Santos, na quarta-feira (13). Segundo informações do clube e do empresário do atleta, Ismael Calegário, Nilmar pediu a rescisão para de tratar de um quadro de depressão. De acordo com as fontes, o clube da baixada pagou o tratamento psicológico do jogador e pretendia renovar seu contrato. Nilmar se apresentou ao Peixe em julho deste ano e atuou apenas em duas partidas. “A ideia não é se aposentar, mas se recuperar e voltar pro Peixe”, afirmou Calegário.

“Um grande clube de futebol é uma instituição que gera cultura, influencia posicionamentos, propaga visões de mundo. Pode apequenar-se ou agigantar-se diante dos desafios que estão além do futebol”. Fred Melo Paiva, jornalista, sobre o silêncio da diretoria do AtléticoMG diante da condenação do jogador Robinho, em primeira instância, por participar de um estupro coletivo na Itália em 2013.

Gol de placa A torcida do Celtic, da Escócia, colocou uma faixa em seu estádio dizendo “Jerusalém é palestina”, em crítica ao fato de o presidente americano, Donald Trump, reconhecer a cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos como capital do Estado de Israel. A atitude de Trump gerou revolta na Palestina.

Gol contra Segundo o diário golpista O Globo, Ronaldinho Gaúcho acertou sua candidatura ao Senado por Minas Gerais em 2018. A sigla escolhida é o PEN, partido do inimigo do povo Jair Bolsonaro. Ronaldinho é mais um golpista ou um cidadão que ignora profundamente a realidade do país?

Decacampeão

É Galo doido

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Passada a ressaca da comemoração do título da Série B, é hora de a direção e comissão técnica do América focarem na montagem do elenco para 2018, com o grande objetivo de se manter na Série A. Por enquanto, a única novidade é a saída do voDecacampeão lante Ernandes para o Ceará. As renovações dos destaques e as contratações de reforços precisam ser efetivadas o quanto antes, para que já na pré-temporada o time comece a se entrosar. Mesmo se for mantida a base do elenco atual, ainda assim terão que ser contratados pelo menos oito jogadores com experiência de Série A ou com destaque comprovado em divisões inferiores e campeonatos estaduais: um zagueiro, dois laterais, um volante, dois armadores e dois atacantes.

Embora o novo presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, afirme que as negociações continuam, Robinho dificilmente fica. Rafael Moura vai embora. Marlone sem chances. Marcos Rocha periga ser mais um fora. Seria a única perda a se lamentar É Galo doido! diante do desempenho destes e de muitos outros. Nem a mudança de diretoria ajuda. Saem alguns, vêm Marques, Bebeto de Freitas, que retorna. O clube, na verdade, vive do acaso. E lá vêm Alexandre Gallo – o nome, no mínimo, o credencia – e Arouca. Pelo menos um volante de contenção, capaz de recuperar a bola. Como na conjuntura do Brasil, em que as mazelas e os golpes se multiplicam, há pouco a comemorar como atleticano. Mas, a esperança e o espírito de luta persistem.

La Bestia Negra Leo Calixto

Anúncio E segue borbulhando o mercado de transações do futebol brasileiro. Com o fim da temporada oficialmente decretado, após mais um vexame do Flamengo na Copa Sulamericana, os clubes se voltam exclusivamente para a montagem do elenco paLa Bestia Negra ra 2018. Embora o quadro de dificuldade financeira assole a maioria dos clubes, a presença das principais equipes do continente na Libertadores faz com que as diretorias se arrisquem mais no mercado. Do lado celeste a prioridade é um atacante de renome para suprir a falta de gols de 2017. A diretoria promete anunciar reforços até o fim do ano. Esperamos que em 2018 o presente de aniversário seja do nível de Thiago Neves, presente deste ano.


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