Edição 166 do Brasil de Fato MG

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Lucas Figueiredo /CBF

ESPORTE

Desrespeito contra jogadoras Mesmo com sucesso da Seleção feminina, destaque na mídia machista continua sendo o corpo delas

Minas Gerais

BRASIL

16 a 22 de dezembro de 2016 • edição 166 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita

Beto Barata / PR

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Contra crise política, movimentos pedem eleições diretas

Aumento do desemprego, congelamento do orçamento por 20 anos e reforma da previdência que penaliza os trabalhadores são alguns dos motivos que levam organizações de esquerda a pressionar por “Diretas Já”. Envolvido em muitas denúncias de corrupção, Temer pode ser afastado do governo no ano que vem

MINAS

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Natal saudável MST lança cesta de natal com 18 tipos de alimentos sem agrotóxico. Doce de baru e suco de uva tinto são alguns dos produtos exclusivos


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

Editorial | Brasil

Diretas Já!

ESPAÇO dos Leitores

“Excelente medida e mais do que necessária” Diego Silveira comenta a matéria “Curso em Belo Horizonte investe em novos comunicadores”.

“Pra quem trabalha na rua embaixo de sol forte é uma beleza. As aposentadorias de políticos deveriam ser todas cortadas. Deveriam ter os mesmos direitos de um trabalhador que ganha um salário mínimo. Seria bom acabar com esses políticos de carreira. Até hoje não acrescentaram em nada para o Brasil” Fernando Inácio comenta a matéria “Temer: aposentadoria integral só após 49 anos de trabalho”.

“Fiquei tão feliz quando vi que a matéria que fizemos saiu na capa” Nataly Sgoviah comenta a matéria “Limpos sim, e sem shampoo”.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Mais um capítulo tenebroso da história do Brasil foi escrito neste mês. Tivemos outra demonstração de como aqueles que deveriam representar o povo representam apenas os interesses dos mais ricos deste país. No mesmo dia da aprovação do AI-5 da ditadura militar, 13 de dezembro, foi aprovada a Proposta de Emenda Constitucional 55 (PEC 55), apesar de a população ser contrária, como ficou comprovado com as inúmeras ocupações de escolas e universidades e por pesquisas nacionais. Como a PEC 55 afeta a vidas pessoas? Ela congela em 20 anos os investimentos em saúde e educação. O Brasil é o único país do mundo com sistema público de saúde universal, ou seja, todas as pessoas,

Governo corta no povo e livra ricos independente da classe social, têm direito de acesso ao SUS. Claro que o sistema apresenta inúmeras contradições e poderia ser muito melhor, mas vários especialistas demonstram, há muitos anos, que um dos principais gargalos do SUS é o financiamento. Ao invés de aumentar os recursos, os parlamentares “representantes do povo” aprovam que os investimentos devem ser congelados por 20 anos e sem reajustes acima da inflação, mesmo que a população cresça. No caso da educação, a situação também é crítica. O Brasil ainda é um país com muitos analfabetos. A maioria dos jovens não termina o ensino médio. Em 2002, só 4% dos jovens tinham acesso ao ensi-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

no superior, alcançando 15% graças às políticas de ampliação de vagas nas universidades públicas (REUNI) e de acesso às universidades privadas (PROUNI), implementadas pelos governos Lula e Dilma.

Eleições indiretas: mais golpe dentro do golpe Prioridades invertidas Na vida privada, quando passamos por dificuldades financeiras, cortamos nas coisas supérfluas e não nas essenciais. Mas não é assim que pensam os deputados, senadores e o governo Temer: com a PEC 55 estão cortando em políticas fundamentais, principalmente para os/as trabalhadores (as), os/ as mais pobres. Essa PEC nos remete a um tempo em que só estudava e só tinha acesso à assistência à saúde quem tinha dinheiro para pagar. E o que resta ao povo então? Nos resta seguir em luta. Precisamos mais do que nunca ocupar as ruas, engrossar o grito “Fora Temer” e por “Diretas já”. Os golpistas planejam tirar Temer do cargo apenas no ano que vem, para daí fazerem eleições indiretas. Não podemos deixar os mesmos que seguem golpeando os direitos do povo elejam mais um governo ilegítimo através de eleições indiretas. Necessitamos de uma Constituinte que refunde a democracia em nosso país, que responda aos interesses do povo e não da elite.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

?

Divulgação

O que você pensa sobre a Reforma da Previdência?

“A hora de aposentar é a hora de aproveitar o tempo livre, aumentar a qualidade de vida. Quanto mais tardio for isso, mais injusto é, é como se você estivesse trabalhando pra morrer”.

Débora Magalhães, 24 anos, fotógrafa

“Eu acho horrível. A pessoa trabalha, se esforça muito e depois quer tirar um tempo pra ela, que é merecido. Agora não vai poder e isso é muito errado”.

Letícia Rafaeli, 14 anos, estudante

Enciclopédia para conhecer melhor a América Latina

“Não foi somente o Yuri que morreu, o Jean também morreu. Cadê a repercussão? Cadê a mídia no enterro dele? A comoção é seriamente seletiva?” A cantora Tati Quebra Barraco questiona a cobertura da mídia comercial a respeito da morte de seu filho e de um amigo dele, assassinados no último domingo (11) pela Polícia Militar

BOMBOU NA REDE Rir pra não chorar! O brasileiro é conhecido por conseguir rir de seus problemas. Com a Reforma da Previdência, proposta pelo governo não eleito de Michel Temer, não foi diferente. A medida exige 49 anos de contribuição para os trabalhadores brasileiros, mas não inclui nem os militares e nem os políticos na regra. Como era de se esperar, o “pacote de maldades”, como ficou popularmente conhecido, foi alvo de piadas nas redes. “Se a reforma da Previdência passar, há boatos de que a sigla INSS passará a ser abreviação para Isso Nunca Será Seu”, brincou o usuário @chiconob no Twitter. Montagens como a da foto ao lado também ironizam o fato de muitas pessoas poderão se aposentar apenas em idade já muito avançada ou que algumas até morrerão antes.

BH ganha livraria de literatura negra

A Editora Boitempo lançou uma enciclopédia online focada nos verbetes e conceitos da América Latina. O portal, que é gratuito, garante a consulta de variados temas a respeito de todos os países e territórios localizados no continente e também no Caribe. Os visitantes podem pesquisar informações sobre literatura, cinema, dança, diversidade sexual e racial, trabalho, economia, arquitetura e muitos outros assuntos. Confira: www.latinoamericana.wiki.br.

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Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

A proposta de Reforma da Previdência do governo não eleito de Michel Temer sugere o aumento do tempo de contribuição do INSS para 49 anos. A medida também estende a idade mínima da aposentadoria das mulheres de 60 para 65 anos.

GERAL

Divulgação

Foi inaugurada no centro de Belo Horizonte a Livraria Bantu, uma casa que disponibiliza apenas publicações da literatura negra. Com foco na representatividade, lá podem ser encontrados títulos como “Cinderela e Chico Rei”, que conta a história de uma princesa negra, “A cor púrpura”, “Cadernos de rimas do João”, primeiro livro do ator Lázaro Ramos, entre outros. A Bantu está localizada na Avenida dos Andradas (367, Loja 211 B, Centro, BH). Para saber mais, acesse: www.facebook.com/livrariabantu.


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CIDADES

Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

Kalil propõe reformular Prefeitura de Belo Horizonte PERSPECTIVAS Nove secretarias, seis órgãos e PBH Ativos deixarão de existir, extinguindo 900 cargos Bruno Cantini

Rafaella Dotta

A

equipe de transição do prefeito eleito em BH, Alexandre Kalil (PHS), anunciou uma nova proposta para a prefeitura. Das 22 secretarias hoje existentes, serão extintas nove e outros seis órgãos que possuem “status” de secretaria. Segundo integrante da equipe, o governo pretende economizar gastos e aumentar a eficiência do poder municipal. As pastas excluídas são as Secretarias de Administração Regional Municipal, as chamadas “regionais” do Barreiro, Centro-Sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova, que se tornam secretarias adjuntas. A BHTrans, a Belotur e a PRODABEL (Empresa de Informática e Informação) serão reformuladas, mas

seu formato final ainda não foi anunciado. A empresa PBH Ativos deve ser extinta. Outros seis órgãos que possuíam quantidade de funcionários e salários equiparados com secretarias passam também por reformulação. Segundo Iran Barbosa, ex-vereador e um dos membros da equipe que pensou a nova proposta, essa etapa eli-

minaria 900 postos. “Isso vai remover cargos que funcionavam como compensações partidárias”, justifica. Novos secretários Os nomes escolhidos para as secretarias municipais sinalizam uma equipe com perfil técnico, com pessoas que já participaram de governos municipais, estadual

e federal. Há indicações de partidários, ou próximos, tanto do Partido dos Trabalhadores (PT) quanto do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). “Eu classificaria essa equipe de liberal de centro”, analisa o cientista social Robson Sávio. “Possui pessoas tanto de centro-esquerda quanto de centro-direita”.

Velhas promessas Segundo Robson, que estuda a política municipal no Núcleo de Estudos Sociopolíticos (NESP) da PUC Minas, o fundamental neste momento é recordar as principais promessas de Alexandre Kalil. “Ele se comprometeu a abrir a caixa preta da BHTrans, ou seja, abrir as planilhas de lucro das empresas; ‘cuidar’ bem dos servidores públicos; reforçar políticas LGBT; acabar com as PPPs municipais; e extinguir a PBH Ativos”, lembra. Em sua campanha, Kalil também se aproximou das ocupações urbanas de Belo Horizonte, assim como de organizações que reivindicam qualidade no transporte público, saúde e assistência social.

Presente de Natal para o legislativo e de grego para os trabalhadores CAUSA PRÓPRIA Às vésperas de encerrar as atividades na Câmara Municipal de BH, vereadores decidem pelo aumento de seus salários

C

om 26 votos a favor e 7 contrários, parlamentares da capital aprovaram, já em segundo turno, reajuste salarial para o legislativo municipal. Atualmente, o rendimento de cada vereador em BH é de pouco mais de R$ 15 mil. Com o reajuste, o salário passa para 16.435,88. O aumento de 9,3% começa a valer já para o próximo mês, quando iniciam os novos mandatos na Casa.

Abraão Bruck / Câmara de BH

Com o novo valor, o salário de vereador representa quase 20 vezes o salário mínimo. “Estamos passando por uma grave crise no país, que envolve todas as esferas. Neste momento, em que a população questiona os altos salários, é no mínimo um contrassenso a Câmara votar o aumento, ainda que seja um reajuste. Porque boa parte da população sequer está conse-

guindo viver com o pouco que tem e também não vai ter reajuste”, avalia o vereador Adriano Ventura (PT). A medida é de autoria do presidente da Câmara Municipal, vereador Wellington Magalhães (PTN) que está afastado do cargo desde o começo deste mês, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais, que investiga seu envolvimento em casos de corrupção e desvios em licitações.


Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

MINAS

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Opinião

Duro com o opressor, amoroso com o oprimido João Paulo Cunha A longa e honrosa vida de dom Paulo Evaristo Arns deixa como maior ensinamento a dupla dimensão do amor. Há um amor que combate, que enfrenta as situações desumanizadoras, que tem coragem de se opor ao poder, que projeta valores de civilização contra os patrocinadores do arbítrio. Há também o amor que acolhe os sofredores, que ampara os injustiçados, que estende a mão aos desabrigados de direitos, que propõe um olhar ao outro como a um irmão. Quando a sombra da ditadura militar cobriu o país, dom Paulo foi um dos mais destacados lutadores pelo restabelecimento da liberdade. Fez isso em seu nome, mas não afastou sua instituição religiosa do campo de batalha, mesmo com a difícil tarefa de vencer a rigidez de uma Igreja conservadora por dentro, a partir de sua própria inspiração. Não se tratava de enfrentar, mas de converter. A Igreja de Paulo Evaristo Arns esteve sempre do lado da liberdade e dos movimentos

que caminhavam na mesma direção, como a Teologia da Libertação. A mais vergonhosa chaga da ditadura, a tortura como ação de Estado, recebeu do cardeal de São Paulo uma ação enérgica. É importante destacar a sofisticada mon-

O exemplo de dom Paulo dá lições para o Brasil de hoje tagem da mais bem-sucedida rede de pesquisa e denúncia dos crimes da ditadura. O projeto “Brasil: nunca mais” reuniu o que até hoje é a maior fonte de informações sobre o crime contra a humanidade cometido pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar. No Brasil de hoje, essa dupla inscrição do amor que emana de dom Paulo Evaris-

to Arns se mostra imprescindível. É preciso lutar com ira santa contra as violências que se impõem por meio de instituições apodrecidas; resistir com bravura à retirada de direitos em nome de interesses torpes; enfrentar com as armas da resistência ativa a qualquer afronta à cidadania e à democracia. É o lado de falar duro com os algozes da liberdade. Mas há também a convocação à solidariedade, ao caminhar conjunto, ao reforço das alianças em torno de valores inalienáveis. Um esforço que se evidencia na substância das ideias e dos projetos coletivos, mas também na ação diária frente ao resultado das injustiças que se desenham no horizonte. É preciso divisar o inimigo real, mas também saber reconhecer o aliado possível. É a vertente do diálogo e da tolerância com os parceiros de destino. Não é um acaso que dom Paulo tenha criado a Comissão de Justiça e Paz, dispondo as palavras exatamente nessa ordem. Quase sempre, o amor do bom combate é condição primeira para a conquista da paz entre os homens. Quem ama, luta.

Cesta de Natal com produtos da Reforma Agrária CEIA São 18 alimentos regionais, produzidos de forma sustentável e sem venenos Mídia NINJA

N

este mês de dezembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lança em Minas Gerais uma novidade que pode fazer as ceias das festas de fim de ano ficarem mais saudáveis. É a cesta Guimarães Rosa, feita exclusivamente para o natal, mas com promessa de aumentar a produção também para os meses seguintes. A peça contém 18 alimentos da culinária mineira produzidos nas mais diversas áreas da Reforma Agrária. São eles: açúcar mascavo, mel, arroz agulhinha, arroz longo fino integral, chips de bananinha, própolis, bebida láctea,

por levar a imagem e linguagem do sertão mineiro para o mundo. É só o começo A comercialização da cesta faz parte de um projeto que também visa à criação do Armazém do Campo Mineiro, uma loja da Reforma Agrária em Belo Horizonte. Quando inaugurado, o local venderá todos os produtos do especial de Natal, mas também frutas, verduras e legumes in natura. molho de tomate, cachaça, café, doce de baru e de leite, farinha de mandioca, geleia de fruta, manteiga de garrafa, pimenta, rapadura e suco de uva tinto.

O nome da cesta homenageia o escritor Guimarães Rosa, nascido na cidade de Cordisburgo (MG), e autor do consagrado “Grande Sertão: Veredas”, responsável

Para comprar Cada unidade da cesta custa R$200, e as encomendas podem ser feitas pela página do MST (www. mst.org.br).

Feira de Economia Popular e Solidária

Até sábado (17), BH sedia a 2ª Feira Estadual de Economia Popular Solidária. O evento acontece na Praça da Assembleia, das 10h às 22h, e apresenta aos mineiros artesanatos de diferentes modelos, uma extensa programação cultural e praça de alimentação com os sabores da culinária do estado. Participam 20 empreendedores das regiões do Jequitinhonha, Campo das Vertentes, Norte, Sul, Metropolitana, Triângulo, Vale do Mucuri e Zona da Mata. A Economia Solidária propõe a organização de trabalhadores que prezam pela autogestão, igualdade para as mulheres e cuidado com meio ambiente. Hoje, em Minas, são 1.888 empreendimentos que utilizam esse modelo.


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MINAS

Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

História de dar água na boca CULINÁRIA Livro traz receitas quilombolas que sobrevivem há mais de 100 anos, cultivadas no Quilombo Chacrinha, em Belo Vale Lívia Leão

ra. Segundo o Ministério, griô é toda(o) aquela(e) que se reconhece e é reconhecido como herdeiro de saberes e que, através da palavra, ensina e torna-se a memória viva do seu povo.

Rafaella Dotta

culinária é uma das A fortes tradições de uma comunidade. Pen-

De onde nascem as receitas

conta histórias. Sãozinha Nicomedes, moradora de Belo Vale e quem escreveu o prefácio da obra, descreve que o quilombo se apoiou muito nos dotes culinários das matriarcas, sendo Dona Domingas a maior referência. Mas a memória vai mais longe: “A arte dos biscoitos era com Alme-

A Força da Agricultura familiar em Minas Gerais.

rinda Dias da Cunha, que ainda menina foi trabalhar em ricas cozinhas da capital mineira. Adquirida uma prática ímpar, voltou a viver na Chacrinha, muito tempo depois, ficando responsável pela lida com o fogão em todas as festas, especialmente casamentos”, conta Sãozinha.

Mestras da quitanda

Como parte do reconhecimento da sua importância, o Quilombo Chacrinha tem hoje duas mulheres com o título de Mestres Griôs da Tradição Oral na arte de produção de quitandas, Dona Tuquinha e Dona Domingas, reconhecidas pelo Ministério da Cultu-

Diz-se que o Quilombo Chacrinha dos Pretos nasceu no século XVIII (entre 1700 e 1800), a partir de uma fazenda herdada por uma negra escravizada que era casada com um fazendeiro. Com receio de serem novamente escravizados, os negros que ali viviam não regularizaram a propriedade e viveram isolados de outras comunidades até 1912. Confira receita na página 13!

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O número de famílias que cultivam a qualidade de bons produtos não para de crescer. Liza Mendes

670 é a quantidade de organizações de agricultores familiares existentes no estado.

Fonte: MDA

sando nisso, um grupo de mulheres da Comunidade Quilombola Chacrinha, em Belo Vale, na região central de Minas, organizou um livro delicioso. O “Sabores do Quilombo” traz 20 receitas centenárias que passaram de geração a geração, conservando assim também a sua própria identidade. Dos tradicionais “Broa de Fubá de Canjica” e “Biscoito de Polvilho” até receitas diferentes como “Biscoito Calcanhar de Nego” e “Biscoito Frito de Vinagre”, o livro também


Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

Acompanhando

Foto da semana

OPINIÃO

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Jan Silva Vieira

Na edição 144... Polêmica em projeto sobre TV e rádio públicas ...E agora Audiência discute EMC Uma audiência pública foi realizada, na terça (13), para debater a Empresa Mineira de Comunicação (EMC). Organizada pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), a atividade contou com a presença de movimentos populares de todo o estado. Os movimentos cobram a implementação de um conselho estadual de comunicação, que seria responsável por discutir e aprovar um plano de comunicação para Minas. A proposta ainda não foi regulamentada. Na edição 161... Deputados de Minas vão decidir se STJ processa ou não governador ...E agora Julgamento adiado O Supremo Tribunal Federal suspendeu na quarta (14) o julgamento sobre a necessidade de exigência de autorização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para que seja aberto processo criminal contra o governador Fernando Pimentel (PT) no Superior Tribunal de Justiça. A ação no STF foi movida pelo Democratas, partido de oposição ao governador, e contesta esse entendimento do STJ. Não há data para o julgamento ser retomado.

PERIGO A Avenida Vilarinho, na região de Venda Nova em BH, ficou alagada por causa das fortes chuvas que caíram na capital na última semana. A foto da semana, enviada por Jan Silva Vieira, mostra o desespero dos passageiros do Move, que ficaram ilhados após a água invadir o ônibus.

Marcos Coimbra

Leonardo Boff

Michel Temer, o impeachment Dom Paulo amigo dos pobres e o fim da lua de mel O Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns faleceu dia 14 de Alguém tem motivo para se surpreender com o que está acontecendo com o Brasil? Ou com o triste espetáculo da Presidência de Michel Temer? Sete meses depois do afastamento de Dilma Rousseff, o previsível aconteceu: tudo piorou no país, a economia patina, as pessoas estão mal e a política perde a pequena legitimidade que possuía. Confirmou-se aquilo que a opinião pública esperava. Entre dezembro de 2015 e o início de agosto de 2016, a proporção dos que entendiam que “o impeachment não é a solução dos problemas do Brasil” subiu de 57% para 73%, de acordo com pesquisas do Vox Populi. Nem uma em cada quatro pessoas confiava na “solução” que nossas elites tinham para oferecer em resposta à crise que, em grande parte, elas mesmas criaram. Passaram-se os meses e a realidade dá razão aos pessimistas. O problema, para o conjunto de forças sociais, empresariais e políticas que se articularam para retomar o controle do Estado e afastar o PT do goPiorou a economia, verno, é que o tempo a política e a vida anda. Logo, logo, 2017 irá passando e as eleições presidenciais estarão cada vez mais próximas. Sabíamos diversas coisas a respeito de Temer antes da posse, seu passado nebuloso, seus amigos complicados, sua mediocridade. Em 40 anos de vida pública, nem sequer um momento de grandeza. Nada além de um personagem de bastidor, um profissional das pequenas articulações, útil a quem tem projetos, mas incapaz de formulá-los. No governo, sua avaliação é a mais baixa que já vimos. A vasta maioria da população não o engoliu. Leia íntegra em www.cartacapital.com.br Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi.

dezembro. Foi nosso mestre de estudantes. Era alguém que sempre procurou a perfeição. Disputávamos para ver quem encontrava algum defeito em sua vida e atividade. Durante quatro anos o acompanhei na pastoral da periferia. Visitava casa por casa. Onde chegava logo fundava uma escola, estimulava poetas e escritores. Era um intelectual refinado, escreveu 49 livros. Era grande seu amor pelos pobres. Feito bispo auxiliar de São Paulo ocupou-se logo com as periferias, fomentando as comunidades eclesiais de base e empenhando pessoalmente Paulo Freire. Como era tempo da ditadura, logo assumiu a causa dos refugiados, vindo do horror das ditaduras da Argentina, do Uruguai e do Chile. Visitava as prisões, via as chagas das torturas, denunciava com coragem e defendia os direitos humanos. Correu riscos de vida com ameaças e atentados. Talvez seu feito maior foi o projeto “Brasil: Nunca Mais”, livro que teve papel fundamental na identificação e denúncia dos torturadores do regime e acelerou a queda da Arns é símbolo da luta ditadura. contra a ditadura Acompanhou o processo doutrinário movido contra mim pelo ex-Santo Ofício em 1982 em Roma sob a presidência do então Cardeal. Joseph Ratzinger. Ele corajosamente deixou claro ao Ratzinger: “esse documento que o Sr. publicou sobre a Teologia da Libertação não corresponde aos fatos que nós conhecemos; essa teologia é boa para os fiéis e para as comunidades; o Sr. assumiu a versão dos inimigos desta teologia que são os militares latino-americanos e os grupos conservadores do episcopado”. Dom Paulo Evaristo Arns é uma referência do bom pastor que dá sua vida pelos pequenos e sofredores deste mundo. Leia íntegra em www.ihu.unisino.br Leonardo Boff é teólogo e escritor.


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BRASIL

Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

PEC 55 é aprovada sob violência a protestos RETROCESSO Relator da ONU destaca que medida “coloca toda uma geração futura em risco” Maxwell Vilela

Da redação

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terça-feira (13) foi de decisão importante para o país. Os senadores aprovaram, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela os gastos em serviços públicos por 20 anos. Manifestantes ocuparam a frente do Planalto, em Brasília, e foram às ruas nas principais capitais do país, mas sofreram violência e prisões. Pernambuco e Distrito Federal tiveram os maiores números de detidos. Em Recife o número chegou a 50 pessoas presas e em Brasília a 70

pessoas, em sua maioria estudantes. Em Belo Horizonte o ato começou por volta das 17h e reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo os organizadores. O protesto acabou

também em repressão policial, mas nenhum detido. Em nota, a Frente Brasil Popular do Distrito Federal, uma das entidades que convocou o protesto na Espla-

nada, condenou o que chamou de “operação de guerra” do governo federal e estadual. Afirma ainda que os policiais se aproveitaram de uma confusão isolada para atacar, reprimir e dispersar o ato. “A polícia avançou, jogando bombas, balas de borrachas e ocupando espaços com cavalaria, carros e batalhões. Na confusão, jovens black blocs cometeram excessos, o que cria um círculo vicioso de violência”. Alerta para risco do país O relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Philip Alston, criticou com veemência a PEC. “Se

adotada, essa emenda bloqueará gastos em níveis inadequados e rapidamente decrescentes na saúde, educação e segurança social, portanto, colocando toda uma geração futura em risco de receber uma proteção social muito abaixo dos níveis atuais”, disse Philip. Segundo os movimentos populares, os cortes nos orçamentos de saúde, educação e políticas sociais afetarão a vida da população mais pobre e manterão intocados os privilégios dos mais ricos. A PEC já foi promulgada no Congresso Nacional e está em vigor desde quinta (15).

Trabalhadores rurais terão que pagar o INSS

por 25 anos para se aposentar Da redação

C

aso seja aprovada, a reforma da Previdência proposta pelo presidente não eleito Michel Temer provocaria mudanças profundas na vida de trabalhadoras e trabalhadores rurais. Além de elevar e padronizar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos, independentemente de gênero, a reforma extingue as aposentadorias especiais, como dos trabalhadores rurais, professores e quem exerce atividades de risco. Atualmente, a Constituição garante a aposentadoria de um salário mínimo para homens aos 60 anos e para mulheres aos 55 quando há comprovação de atividade agrícola por no mínimo 15 anos. A reforma de Temer tornaria obrigatório, aos agri-

cultores e agricultoras familiares, camponeses e trabalhadores rurais, o ingresso no sistema do INSS para que tenham acesso à aposentadoria aos 65 anos, com a comprovação de pagamento por 25 anos. Em se tratando das trabalhadoras rurais, as pensões por viuvez serão reduzidas a 50% do salário mínimo e não poderão mais ser acumuladas à aposentadoria. Manifesto Na última semana, movimentos e organizações camponesas lançaram um manifesto contra a Reforma da Previdência. No texto, afirmam que se mobilizarão, em todas as instâncias, contra a aprovação da medida. Os movimentos ainda declaram a defesa dos atuais limites de idade para acesso

aos benefícios e exigem que o governo apresente, publicamente, contas da seguridade social que justifiquem as mudanças propostas. Tramitação Na madrugada de quinta (15), o parecer do deputado

Alceu Moreira (PMDB-RS), que defendia a constitucionalidade e legalidade da reforma da Previdência – prevista na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287 – foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. A

PEC agora será encaminhada a uma comissão especial, a ser criada, que terá como objetivo discutir o mérito do projeto.

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Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

BRASIL

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Movimentos populares ampliam campanha por ‘Diretas Já’ CRISE Governo Temer se afunda em graves denúncias de corrupção e crise econômica tende a piorar no país Lula Marquers / AGPT

Pedro Rafael Vilela De Brasília (DF)

E

m pouco mais de seis meses, o governo de Michel Temer, surgido de um golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, está ensopado de denúncias de corrupção e em meio a um cenário de piora da crise econômica no país. O número de trabalhadores desempregados deve pular dos atuais 12% para 14% em 2017. E a economia não dá sinais de

reação, com o Produto Interno Bruto (PIB) amargando a quarta queda consecutiva no ano e com poucas perspectivas de crescimento no futuro. Como resposta a esse ambiente, o governo tenta aprovar medidas do chamado “ajuste fiscal”, que mexem na garantia de direitos sociais e podem comprometer as condições de vida da população, especialmente a parcela mais pobre. Com a aprovação definitiva da PEC 55, o orçamen-

to da saúde, educação, saneamento, transporte e todos os outros serviços públicos ficará congelado pelos próximos 20 anos. Agora, a bola da vez é a reforma da previdência que, se for aprovada do jeito que está, vai obrigar as pessoas a trabalharem por 49 anos para receberem a aposentadoria integral, além de impor uma idade mínima de 65 anos para o recebimento do benefício e estabelecer regras para inviabilizar a aposentadoria dos

trabalhadores rurais. Esse programa econômico, que não passou pelas urnas, está sendo tocado por um presidente cada vez mais envolvido em denúncias de corrupção. A bombástica delação premiada de ex-diretores da empreiteira Odebrecht já começou a fazer efeito. Temer é acusado de receber recursos do caixa de propinas da construtora. No capítulo mais recente dessa história, o assessor e amigo particular de Temer, o advogado José Yunes, pediu demissão do cargo no Palácio do Planalto após ter tido seu nome diretamente citado no acordo de delação premiada do ex-executivo Claudio Melo Filho. Segundo a delação, parte do repasse de R$ 10 milhões feito pela empreiteira ao PMDB, a pedido de Temer, foi entregue em dinheiro vivo no escritório de Yunes. O presidente nega a acusação, mas

“Crise não pode ser resolvida sem participação Mídia NINJA

P

ara enfrentar essa combinação de problemas que assolam o país, os movimentos populares definiram como prioridade a reivindicação de eleições diretas para presidente da República já no próximo ano, além do enfrentamento à reforma da previdência e outras medidas de corte de direitos e recursos para programas sociais. É o que definiu, de forma unitária, a Plenária Nacional da Frente Brasil Popular (FBP), que reuniu mais de 300 dirigentes de movimentos na semana passada, em BH.

O Brasil vive uma profunda crise política com esgotamento da República, que não pode ser resolvida à margem da vontade popular”, afirma

o jornalista Igor Felippe Santos, integrante da Frente Brasil Popular no Distrito Federal. “Depois do afastamento de uma presidenta eleita, as

classes dominantes querem decidir sozinhas o futuro do país e impor um programa de retirada de direitos, enfraquecimento do Estado social e privatizações”, denuncia. Para Igor, a realização de eleições diretas no atual contexto de crise é necessária para colocar o povo brasileiro de volta ao “jogo político”. “As classes dominantes não têm legitimidade de mudar a Constituição sem apresentar suas propostas em um processo eleitoral para o povo decidir se é a favor ou contra essas reformas”.

já começa a enfrentar resistências na base de apoio social e parlamentar que o tem sustentado no poder até agora. Especula-se que, se aumentar a pressão, Temer pode até renunciar ou sofrer um processo de afastamento que, se ocorrer no ano que vem, vai permitir que o Congresso Nacional, com mais da metade de parlamentares envolvido em escândalos, escolha de forma indireta outro presidente da República.

Mudanças no Ensino Médio A Medida Provisória do Ensino Médio (746) foi aprovada pela Câmara dos Deputados na quarta (14). A medida enfrenta a oposição de milhares de estudantes em todo país, que protestam ocupando universidades e escolas. Os deputados retiraram as disciplinas de Filosofia e Sociologia da grade, ao mesmo tempo que pretendem aumentar o número de horas em sala de aula. Artes e Educação Física foram mantidas. Além disso, o investimento em educação deve cair nos próximos anos, com a aprovação da PEC 55. A MP depende agora de aprovação do Senado.


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MUNDO

Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

Após um ano de governo, Macri não consegue barrar desemprego e inflação na Argentina NEOLIBERALISMO Logo depois de eleito, o presidente criou medidas que retrocedem na Lei de Meios Reprodução

Da redação

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este mês de dezembro, completa-se um ano que o engenheiro e empresário Mauricio Macri assumiu a presidência da Argentina após 12 anos de era Kirchner. Desde que Macri assumiu o cargo, sob a bandeira de fazer reformas que impedissem a recessão da economia argentina, as disparidades sociais só aumentaram. O presidente eliminou os controles de câmbio e as restrições comerciais do país e deixou que o peso argentino flutuasse livremente, o que gerou aumento na inflação e queda no poder aquisitivo dos trabalhadores. O índice de inflação previsto para fechar 2016 está aci-

ma dos 40%. Em 2015, Cristina Kirchner fechou a taxa anual com 27%. Já os índices mais recentes do governo sobre pobreza, divulgados em setembro, indicam que 32,2% da população é considerada pobre e 6,3% indigente. Em relação ao desemprego, dados de agosto des-

te ano mostram uma taxa de 9,3% de desempregados. No final de 2015, o número oficial estava em 5,9%. Meios de comunicação A comunicação e a censura há tempos são temas discutidos pela sociedade argentina. Desde 2009, com a apro-

vação da Lei 26.522 de Serviços de Comunicação Audiovisual, popularmente conhecida como Ley de Medios, que regulamenta e democratiza a comunicação do país, o assunto entrou ainda mais nos holofotes da opinião pública. Logo em dezembro de 2015, Macri interferiu na Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA) e na Autoridade Federal de Tecnologias da In-

Desemprego, inflação e pobreza aumentaram

EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA

formação e da Comunicação (AFSTIC), visando desconstruir a regulação democrática por meio de decretos de urgência, sem debate com o Parlamento ou com a sociedade civil. Resistência Ao longo do ano, a população argentina realizou uma série de atos de resistência ao seu plano econômico, apelidando o aumento generalizado nos preços de serviços públicos (como transporte, energia e gás) como “tarifazo”. Em agosto, Macri tentou aprovar um aumento de mais de 1.000% nas tarifas de gás, mas a proposta foi barrada pela Suprema Corte.

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EM RISCO!

SENADOR (PSDB/MG)

SENADOR (PSDB/MG)

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ANTÔNIO ANASTASIA

PEC 55 A L E P M I S M A R A T O V S ELE ! S O T I E R I D S U E S S O D RETIRADA

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Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

ENTREVISTA

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“Greve geral é uma necessidade” RESISTÊNCIA Frente Brasil Popular anuncia protestos para 2017 e defende “Diretas Já” Rafaella Dotta

Gerardo Gamarra / Alba Movimientos

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Frente Brasil Popular (FBP) é uma das experiências de aglutinação de forças contra o governo não eleito de Michel Temer, em um cenário em que a palavra “unidade” é essencial no país. Para explicar os rumos da Frente, o dirigente sindical Júlio Turra, diretor executivo da Central Única dos Trabalhadores e uma das lideranças da FBP, fala sobre os resultados da primeira plenária nacional, que aconteceu em Belo Horizonte, nos dias 7 e 8 de dezembro. Brasil de Fato- A plenária nacional da FBP trouxe uma projeção de futuro desastrosa para os trabalhadores, especialmente para as mulheres, os negros, os LGBTs, as comunidades tradicionais. Dentre tantos retrocessos, quais são prioridade em 2017?

A prioridade agora é barrar a contrarreforma da Previdência” Julio Turra - A prioridade agora é barrar a contrarreforma da Previdência, que ataca o conjunto dos trabalhadores do campo e da cidade. O governo Temer passa por uma crise profunda de falta de legitimidade e popularidade. Como é dependente de uma base parlamentar corrupta, quer acelerar o ritmo do desmanche da Previdência pública, abrindo mercado para os planos de previdência privada dos bancos. Já se anuncia também uma contrarreforma trabalhista, que vem sendo abordada no STF, com terceirização ilimitada e a tese do “negociado valer mais que

É preciso uma Constituinte que faça a reforma política necessária”

Julio Turra: “Um ataque dessa envergadura exige uma resposta do conjunto da classe trabalhadora”

o legislado”, que transformaria os direitos consagrados na CLT em letra morta. Por que se fala tanto em greve geral? Quais os motivos de apostar nela como forma de luta? Um ataque da envergadura descrita acima exige uma resposta do conjunto da classe trabalhadora e o instrumento para tanto é a Greve Geral. Não se trata de uma “aposta”, mas sim de uma necessidade. O eixo da greve geral é o de “Nenhum direito a menos!”. A CUT vem buscando a unidade de ação com outras centrais que efetivamente queiram construir essa mobilização unitária da classe trabalhadora, o que não é o caso da cúpula da Força Sindical, por exemplo, que quer é negociar mudanças na proposta do governo para tentar “dourar a pílula”. Hoje, os trabalhadores têm condição de fazer essa greve geral? O desemprego em alta não favorece a mobilização, mas os trabalhadores vêm demonstrando adesão às suces-

Está prevista uma grande marcha para Brasília” sivas jornadas de luta que a CUT e a Frente Brasil Popular fizeram no último período. O tema da Previdência é caro para a família trabalhadora, o que faz crescer a possibilidade de mobilização em todas as categorias, à condição de que as direções sindicais, nos seus diversos níveis, entrem de cabeça na preparação da Greve Geral. Quais são os principais calendários de luta para 2017? Começaremos o ano já na batalha contra as “reformas” da Previdência e trabalhista, cuja tramitação pode ser rápida no Congresso, apesar da crise política e institucional que atravessamos. Em abril e maio discute-se a realização de uma grande marcha a Brasília, tomando apoio nas tradicionais manifestações do MST e outros movimentos ru-

rais, que traduza a questão do “Nenhum direito a menos”. Mas há incertezas e a situação é pouco previsível, pois os ataques se aceleram ao mesmo tempo que o governo golpista se enfraquece diante das delações da Odebrecht que envolvem, além de dezenas de golpistas, o próprio Temer. Teremos que estar em alerta permanente para convocar ações de luta no início de 2017.

Não vamos nos deixar intimidar com a repressão” Algumas entidades e manifestações de esquerda passaram a sofrer mais repressão e perseguição depois do golpe. Qual a resposta da Frente em relação a esse aumento da violência contra a esquerda? Não diria que é uma resposta, mas uma indicação de que não vamos nos deixar intimidar com a repressão. É evi-

dente que os manifestantes coxinhas de direita não são reprimidos, pois fazem parte da coligação golpista e suas ações se dão de forma combinada com ela. De outro lado, criminalizar os movimentos sindicais e populares, figuras como o ex-presidente Lula, faz parte do arsenal usado para tentar diminuir a resistência aos ataques inclusive à soberania nacional, como se viu na entrega do pré-sal. A “Carta de Belo Horizonte”, resultado da plenária nacional, traz a defesa das “Diretas Já”, de que seja realizada uma eleição presidencial direta em 2017. A FBP não defendia isso até o momento. O que mudou? Mudou o conjunto da situação, pois Dilma foi destituída e assumiu, sem voto popular, Temer. Agora é o próprio Temer que está ameaçado de não chegar a 2018. Seu eventual afastamento levaria à eleição indireta de um presidente pelo Congresso Nacional, o que atualizaria ainda mais a questão de dar a palavra ao povo com Diretas. Mas, do meu ponto de vista, apenas a eleição de um presidente pelo povo não resolve a enorme crise política e institucional do Brasil. É preciso apontar a necessidade de uma Assembleia Constituinte Soberana que faça a reforma política necessária e, a partir daí, encaminhe as reformas populares pendentes em nosso país: agrária, urbana, tributária, democratização da mídia etc.


12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

Amiga da Saúde

Nossos direitos NOSSOS DIREITOS A liberdade religiosa é um direito humano fundamental. Isso significa que toda pessoa possui a liberdade de seguir a religião que desejar ou ainda não seguir qualquer religião, ou mesmo de não ter opinião sobre a existência ou não de Deus. Este é um direito assegurado na Constituição Brasileira e também na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz: “Todo homem/mulher tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito in-

clui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”. Dessa maneira, é um direito a livre manifestação religiosa, mas também é um dever respeitar a expressão religiosa das outras pessoas. Afinal, quem não respeita a fé alheia está preso à sua própria ignorância.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.

Amiga da saúde, é verdade que quando a mulher não menstrua o sangue sobe para a cabeça? Maria das Dores, 58 anos, empregada doméstica. Não, Maria, isso não é verdade. É um mito reproduzido pelas gerações passadas, quando as pessoas conheciam pouco o funcionamento do corpo humano. O sangue da menstruação é devido à descamação da camada interna do útero (endométrio). Isso aconte-

ce quando a mulher ovula (liberação do óvulo maduro pelo ovário) e não engravida. São os hormônios que regulam tudo isso. Quando a mulher não menstrua é porque ela não ovulou e, consequentemente, o endométrio permanece inalterado.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

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Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

13 VARIEDADES 13

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O cavalo do rio O HIPOPÓTAMO é um animal que tem origem no continente AFRICANO. Este MAMÍFERO encontra-se habitualmente próximo a RIOS e LAGOAS. Grande parte do TEMPO, ele fica imerso na ÁGUA para se proteger do sol, apenas com parte da CABEÇA para fora, de modo que consiga respirar. O nome hipopótamo vem do GREGO e significa “CAVALO do rio”. Debaixo d’água, esses animais se tornam mais ágeis e nadam muito bem. O hipopótamo é considerado o TERCEIRO maior mamífero TERRESTRE, podendo medir quatro metros e chegar a pesar mais de três TONELADAS. Curiosamente, apesar do PESO e das suas PATAS curtas, ele consegue atingir a VELOCIDADE de 30 km/h, tão RÁPIDO quanto um ser HUMANO. O hipopótamo é HERBÍVORO, tem hábitos NOTURNOS e vive em média 40 anos. No PASSADO, era encontrado por toda a África, mas foi EXTERMINADO em várias partes do CONTINENTE. L F A C D N O T U R N O S C

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Ingredientes: 1 kg de polvilho doce peneirado 1 prato de queijo meia cura ralado 11 ovos pequenos 1 copo americano de farinha de milho (beiju) 1 copo americano de leite 350 ml – sendo metade manteiga derretida e metade óleo • 1 colher de sobremesa de sal • 1 colher de sobremesa de erva doce • • • • •

Modo de fazer Coloque o leite, a farinha de milho e espere-a inchar. Junte polvilho, queijo, sal e erva doce, misturando os ingredientes com as mãos. Acrescente manteiga, óleo, ovos e misture tudo. Enrole os biscoitos em forma de argola e leve para assar.

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CULTURA

Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

Ibirité ganha estrutura arquitetônica que homenageia Fidel GEODÉSICA Construção faz parte de Centro Cultural que deseja promover arte e educação na cidade Divulgação

Ibirité recebe estrutura arquitetônica que vai integrar o Centro Cultural Renan Mendes

Raíssa Lopes

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o dia em que se reafirma nacionalmente a importância do respeito aos Direitos Humanos, 10 de dezembro, foi inaugurada em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizon-

Aulas de Yoga, oficinas de música e permacultura acontecerão no centro te, a geodésica Fidel Castro. A cúpula geodésica é uma estrutura arquitetônica de grande resistência e leveza e, a partir desse significado, foi construída para integrar o Centro Cultural Renan Mendes, espaço focado em iniciativas culturais e sustentáveis para a cidade.

Quem organiza e cuida do local é a Associação Cultural José Martí, cujo nome é uma homenagem ao líder da independência de Cuba e uma das grandes personalidades que influenciaram o modo de ver de Fidel. De acordo com o presidente da instituição, José Vieira, a geodésica - desenvolvida pelo arquiteto Waldo do Vale - também irá compor um ambiente focado em produção e pesquisa de tecnologias que construam reaproveitando lixo e sobras industriais. “O Córrego do Urubu, que está localizado no terreno, é muito poluído. E do Centro Cultural nasceu a ideia de revitalizá-lo a partir de um projeto que chamamos de ‘MAL - Movimento Água Limpa’”, explica Vieira. A ideia é também montar ali uma rede de atividades que fortaleçam a saúde e a cultura da cidade de Ibirité, como aulas de Yoga,

oficinas de música e permacultura, apresentações musicais, saraus de poesia, teatro, entre outras. Bloco de carnaval De lá até já surgiu um bloco de carnaval que sairá às ruas no próximo carnaval. “É um espaço aberto a todos que quiserem conhecer. Queremos dialogar com os movimentos populares e levar à frente a ideologia socialista”, conta José Vieira. “Ibirité já sofreu muito com políticas conservadoras e até o momento não existia algo similar. Acredito que o espaço será como uma espécie de proa para o setor cultural no ano que se inicia”, ressalta o diretor. Todas as atividades do ambiente serão publicadas na internet, e podem ser acompanhadas no Facebook do Centro Cultural (www.facebook. com/centroculturalrenanmendes).

Feira vegana em BH

No próximo domingo (18), será realizada a primeira feira 100% vegana da capital. Nas barracas, serão servidas pizza, massas, comidas sem glúten, hambúrgueres, cachorro quente, sanduíches, salgadinhos, petiscos e doces. Tudo feito sem nenhum alimento de origem animal. Além das comidas, terá feirinha de produtos orgânicos e adoção de animais. O evento é gratuito e será realizado na Avenida Otalício Negrão de Lima, número 170, na Pampulha.

Bolhas gigantes invadem a capital Ao contrário do que muita gente pensa, brincar de bolhas de sabão é algo permitido para todas as idades! É por isso que no domingo (18), será realizada a segunda edição do Encontro de Bolhas de Sabão Gigantes de Belo Horizonte. O evento é aberto e acontece das 15 às 19h, no Parque Fazenda Lagoa do Nado, no bairro Itapoã. Quem não tiver os brinquedos próprios, poderá comprar no local ou aprender a fazê-los na hora. Mais informações, acesse https://goo.gl/MnOKzr

Imagens do Grande Sertão

“Grande Sertão: Veredas”, obra épica de João Guimarães Rosa, é a inspiração da exposição “Imagens do Grande Sertão”, uma releitura imagética realizada pelo artista Arlindo Daibert. O trabalho integra a programação de “Rosa Expandido”, evento produzido pela Fundação Clóvis Salgado em celebração aos 60 anos de publicação do livro mais icônico de Guimarães Rosa. Até o dia 15 de janeiro, a mostra pode ser visitada no Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 2336, Centro de BH. A entrada é gratuita.


Belo Horizonte, 16 a 22 de dezembro de 2016

na geral

Rafaela Silva é indicada ao prêmio de melhor judoca de 2016

Roberto Castro / Brasil 2016

A Federação Internacional de Judô anunciou, na segunda-feira (13), os indicados ao prêmio de melhor judoca do ano nas categorias feminino e masculino. Entre as mulheres, está a judoca Rafaela Silva, que ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas do Rio em 2016. Única brasileira na lista, ela disputa o título com oito oponentes. Na modalidade masculina, nenhum atleta do Brasil foi indicado.

Equipe mineira é campeã da Liga Nacional de Futebol Americano Em final disputada no último domingo (13), o time mineiro BH Eagles foi o campeão da Liga Nacional de Futebol Americano. O jogo era contra a equipe Sinop Coyotes, de Mato Grosso, e contou com a presença de mais de 5 mil torcedores na Arena Independência, onde foi realizado. Abrindo vantagem desde o início da partida e administrando o resultado, o BH Eagles conseguiu fechar o placar com uma vantagem de 39 a 7. Com mais essa vitória, o time vence de forma invicta o título do torneio.

3x4 fotografias

ESPORTES

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Curta e Grossa Machismo fora de campo Raíssa Lopes A grande bola fora da semana foi protagonizada pelo jornal Manaus Hoje, do Amazonas, que na segunda-feira (13) publicou uma matéria com o título “Meninas dão de quatro” em referência à goleada da seleção brasileira feminina de futebol sobre a Rússia, por 4 a 0. Não é novidade que o jornalismo esportivo, ainda feito por uma maioria de homens, desqualifique as atletas a partir da sexualização. Dizer que elas “deram de quatro”, além de um desrespeito inclassificável, é uma forma de ignorar a técnica e o esforço das jogadoras e perpetuar a ideia de que mulheres não servem para o esporte - nem para cargos de chefia, ou para a política, etc. É uma forma de dizer: “não me interessa o que você faz, desde que tenha um corpo que me agrade”. A partir de uma enxurrada de críticas, o jornal se retratou. Classificou o episódio como “erro lamentável”, e disse que sem as mulheres “não eram nada”. Não queremos validação e nem cafuné na cabeça. Nós só queremos, e já passa da hora, é que eles entendam que, sem eles, nós somos tudo. E merecemos respeito.

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ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA

Ricardo Stukert / CBF

Ricardo Ribeiro / CBF

Formiga é bola de prata! Pela primeira vez, a tradicional Bola de Prata da ESPN premiou uma mulher. Aos 38 anos de idade, a soteropolitana Miraíldes Mota, a Formiga da seleção brasileira, ganhou o troféu batizado de “Bola de Prata Feminina”. Seu currículo com a camisa amarela é inigualável, acumulando seis olimpíadas, seis copas do mundo, duas medalhas de

prata, um vice-campeonato mundial e 151 partidas. Formiga é um patrimônio do esporte nacional, e por esta razão foi laureada com o prêmio, que a partir do ano que vem terá uma edição feminina, a exemplo do que ocorre tradicionalmente entre os homens, acompanhando, rodada após rodada, as atuações das atletas no Campeonato Brasileiro.

Gol de placa

“Mesmo com a idade que eu tenho, nunca fui de fazer corpo mole em meus treinamentos e acredito que seja também o sonho de ver essa modalidade enfim respeitada, de sermos tratadas como profissionais”. Miraíldes Maciel Mota, mais conhecida como Formiga, sobre seu segredo para jogar tanto tempo e em alto nível. Aos 38 anos, a jogadora foi a primeira mulher a receber o Prêmio Bola de Prata, entregue aos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro de cada ano.

O Palmeiras sobrou no Brasileirão. 80 pontos, melhor saldo de gols, melhor ataque, melhor defesa, maior número de vitórias, menor número de derrotas e nenhum cartão vermelho. E mais: seis atletas na seleção da Bola de Prata e sete na seleção Craque do Brasileirão, recorde nas duas premiações.

Gol contra Um vídeo que viralizou na internet mostra três torcedores do Fluminense ameaçando colorados que andavam de trem após o jogo do domingo (11), que levou o Inter ao rebaixamento. Os próprios tricolores são autores da gravação, em que xingam e zombam os adversários. Em nota, o clube carioca condenou o comportamento e pediu desculpas ao time rival.

Decacampeão

É Galo doido!

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Leo Calixto

O planejamento e atuação da diretoria do América no ano de 2016 foram trágicos. A conquista do Campeonato Mineiro, embora tenha sido histórica e importante, gerou uma infeliz ilusão de que o time era capaz de encarar a Série A com dignidade. Decacampeão Para os torcedores mais sensatos, a atuação no Mineiro já havia demonstrado que se precisava de boas peças. Mas a diretoria – iludida, despreparada e falastrona – demorou a perceber a fragilidade do elenco e passou a repetir o erro que comete há vários anos: muitas contratações, gastos e apostas equivocadas. Para 2017, os vacilos não podem se repetir; e há um agravante: o orçamento é de pelo menos dez vezes menor em virtude da queda para a Série B.

Acabaram-se as competições e, obviamente, começaram as especulações. No Atlético, se fala na transferência de Lucas Pratto, da liberação de Júnior Urso, da não renovação de Leandro Donizete. Certo, por enquanto, é saída do argentino DátoÉ Galo lo. Uma certeza: não édoido! possível mais o Galo investir como neste ano e frustrar novamente o torcedor. No final das contas, com Robinho, Fred e adjacências, sobrou apenas a vaga na fase de grupos da Libertadores. E, ainda assim, porque os mexicanos desistiram do Continental – cá pra nós, o torneio não valia nada para eles, que ainda se sentiam deslocados. Pra terminar, perdemos o Victor por um bom tempo, contundido numa pelada beneficente. Daí, Geovani fica. É mole ou quer mais?

Após muitos erros e alguns acertos em 2016, a direção do Cruzeiro se movimenta rápido para formar o grupo e o corpo diretivo para a próxima temporada. Embora tenhamos necessidade de contratações, o lado mais agitado promete ser o lado de foLa Bestia Negra ra, dos bastidores. O diretor de futebol Tiago Scuro saiu e Tinga assumiu como novo gerente de futebol. 2017 também será ano de eleições no Maior de Minas. Uma possível mudança no estatuto será debatida para que o clube tenha a estrutura administrativa flexibilizada. A diminuição da influência dos conselheiros nas decisões técnicas é importante para avançarmos em um modelo mais transparente, democrático e acessível à torcida!


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