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Belo Horizonte, de 13 a 19 de setembro de 2013

Em sua primeira edição em BH, Virada Cultural é alvo de críticas e expectativas TRANSPARÊNCIA Grupos e bandas da cidade denunciam falta de transparência na produção e programação do evento Maíra Gomes De Belo Horizonte Nos dias 14 e 15 deste mês, Belo Horizonte vai receber pela primeira vez a Virada Cultural, com 24 horas ininterruptas de atrações. Em curso em São Paulo há nove anos, a proposta visa unir diversos gêneros artísticos, como música, teatro, dança, circo, filmes, literatura, artes plásticas, moda, gastronomia, além de apresentar inúmeros conceitos da produção de arte. Com início às 17 horas do sábado, o evento vai ocupar os espaços públicos da cidade, convidando a população a fazer o mesmo. A virada tem sido alvo de diversas críticas no cenário cultural da cidade, principalmente pela falta de diálogo e transparência nas escolhas das atrações. “A Virada foi constituída como um projeto de lei sem diálogo com a sociedade, apresentada como ação marqueteira por um vereador que não tem relação alguma com a cena cultural. Isso já coloca uma série de limita-

ções para o espaço. Foi um início torto”, declara o ator e membro do grupo Espanca! Gustavo Bones. A Lei 10.446/2012, de autoria do vereador Daniel Nepomuceno (PSB-MG), foi aprovada no final de 2012, pouco antes das eleições municipais. Tem novidade na virada? Foram selecionados através do edital específico apenas artistas regionais, totalizando 98 nomes. As outras apresentações, mais de 400, devem ser de artistas convidados, grupos que receberam incentivo e devem uma contrapartida, além de programação associada em teatros, museus, centros culturais e cinemas. Gustavo avalia que o evento deveria contemplar mais atividades da própria virada, e não outras que já ocorrem na cidade. “Contrapartidas, programação natural de BH e selecionados do edital. Isso é o que a Prefeitura tem espertamente chamado de programação cultural da Virada”,

critica o ator. O grupo Espanca!,por exemplo, não foi selecionado através do edital, mas consta na programação por uma apresentação que já estava agendada. “Nós vamos estar na Virada, mas sem ajuda de custo ou nenhum outro tipo de financiamento do projeto, estamos por conta própria. Assim como muito outros grupos e bandas”, denuncia Gustavo.

ficará por conta do maracatu, com um cortejo junto com outros grupos do gênero. O músico afirma que a falta de eventos deste tipo faz com que festivais tomem uma conotação maior em Belo Horizonte. “A Virada Cultural é uma coisa nova, assim como o resgate do carnaval tem sido uma coisa muito bonita e agrada todo mundo”, diz. O ator Gustavo Bones afirma a importância

de uma política pública de cultura de mais fôlego para a cidade, que não tem nem mesmo uma Secretaria de Cultura. “Este momento coletivo de celebração é muito importante, mas não pode ser Para reforçar as críticas à política da PBH para a Virada Cultural, grupos do cenário cultural da cidade estão realizando eventos paralelos, como Alaranjara

a única política pra cultura da cidade, pois o caráter do evento é efêmero”, reforça. (veja programação na página ao lado)

virada, Revirada de BH, Viada Cultural. Os eventos podem ser encontrados no Facebook, com os mesmos nomes.

Música na rua Outro grupo a se apresentar é o Baque de Mina, coletivo de maracatu onde só as mulheres tocam, invertendo a lógica tradicional, em que elas apenas dançam. A trupe foi selecionada através do edital e não teve problemas com a Prefeitura. “Foi muito legal saber que estamos tocando na Virada. O valor de cachê que costumamos pedir foi correspondido e estamos muito animados”, conta Celso Soares (Corisco), coordenador musical do Baque de Mina. A abertura do evento

Janela aberta pro samba Divullgação

Dinah Cesare

Novo disco autoral da banda Odilara pode ser ouvido na internet

João Paulo De Belo Horizonte

Grupo Espanca! não foi selecionado através do edital mas consta na programação da virada

É samba. É pop. E tem balanço. O segundo disco do Odilara, “Janela pro mundo”, que acaba de ser lançado, honra o nome que escolheu para apresentar seu trabalho mais autoral. Em 12 faixas, 11 delas inéditas e compostas pelos integrantes da banda, sempre com a assinatura de Eurípedes Neto entre os autores, o álbum tem estilo. Para um grupo que surgiu há sete anos e se firmou na batalha dos

shows, da noite e dos bares, a conquista de um estilo é mais que uma janela para o mundo: é atestado de maturidade. O trabalho reúne as influências confessas da turma, MPB com pitadas de rock, numa dicção sambalanço moderna, dançante, com arranjos feitos na medida para destacar as composições. Se Odilara fez sua carreira cantando sambas alheios com graça, o desafio estava na passagem para o repertório próprio, do começo ao fim do disco. Uma coisa é agradar

cantando clássicos com criatividade, outra é fisgar o ouvinte para uma dicção nova, para um jeito de corpo próprio, para uma levada mais pessoal. “Janela pro mundo” marca um gol, com suas melodias modernas, sua poesia do cotidiano, seu lirismo contemporâneo, sua alegria em descobrir que o samba está vivo e se renova em boas mãos. Quem quiser conferir as faixas do novo disco do Odilara é só acessar www.odilara.com.br.


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