Ano 2 • Número 97
R$ 2,00 São Paulo • De 6 a 12 de janeiro de 2005 João Roberto Ripper
Drama de trabalhadora rural no sul do Maranhão, região do cerrado onde ação do agronegócio provoca desequilíbrio hídrico
Mais um ano. E as mudanças? D
assistenciais do Estado”, conclui o professor Plinio Arruda Sampaio, ao analisar os dois anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Liderança popular combativa no Centro-Oeste, dom Pedro Casaldáliga, exemplifica o flagrante descaso do governo: “Existem duas categorias de ministérios – os de primeira classe, que são os econômicos; e os de segunda classe, ligados às questões sociais”. Págs. 2, 8, 12, 13 e 14
Uma democracia formal na América Latina
Lições para derrotar o imperialismo
No continente, os movimentos sociais que querem mudanças estão numa encruzilhada: não há como tomar o poder via insurreição, nem conseguir transformações pela via institucional. A análise é do sociólogo argentino Atilio Borón, para quem, apesar de sólidos mandatos eleitorais, os governos estão cautelosos, por temor da influência dos EUA. Pág. 10
A reeleição do presidente George W. Bush, em novembro de 2004, pode ser interpretada como o fortalecimento do império estadunidense. Não é essa, entretanto, a opinião do professor Tom Hayden, para quem o grupo de apoio de Bush está ruindo, por causa de políticas econômicas negativas, e as mobilizações populares no país vão se intensificar. Pág. 11
Energia: o governo estimula mercantilização O modelo energético do governo brasileiro prioriza os interesses das grandes empresas, principalmente transnacionais, e trata com descaso os problemas sociais, muitos deles criados a partir das próprias políticas econômicas. Para Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens, é preciso criar um projeto de país que coloque em primeiro plano o desenvolvimento social. Isso, acredita, só vai ser conquistado com mobilização popular. Pág. 7
Kipper
evastado pelo agronegócio, que planta soja e semeia fome, o cerrado é um dos símbolos da resistência do povo brasileiro – heróico sobrevivente à carência de políticas públicas sociais. Destruição ambiental e humana são os frutos amargos do modelo econômico vigente, gerador de desemprego e desesperança. “Na falta de reformas estruturais, o combate à desigualdade limitou-se aos gastos
Mast Irham/EFE/AE
O sofrido povo brasileiro ainda aguarda as transformações sociais prometidas pelo governo, dois anos atrás
Manifestação – Estudantes indonésios protestam contra o aumento dos combustíveis na capital Jacarta
Reforma urbana é a solução para falta de moradia Pág. 6
Elite lucra com os juros da dívida externa
Para Veríssimo, economia do país continua injusta
Pág. 9
Só prejuízos nos acordos com a Alca e a Europa São intensas as pressões para que o Brasil troque o Mercosul por acordos comerciais com os Estados Unidos e a União Européia. Se fizer isso, poderá perder 1,428 bilhão de dólares, com ganhos equivalentes para EUA e UE. Liderados pelo agronegócio, os lobbies culpam o Mercosul pelo insucesso das negociações com a Alca e a UE. Na verdade, há desequilíbrio entre as propostas dos países pobres, em relação ao que defendem os mais ricos. Pág. 5
Pág. 16
E mais: TERRA – O agrônomo Fernando Gaiger defende um modelo agrícola voltado para o mercado interno e acrescenta que a discussão em torno de políticas esvazia o debate sobre reforma agrária. Pág. 3 TRANSGÊNICOS – Rubens Nodari, do Ministério do Meio Ambiente, denuncia a ausência de uma política nacional de biossegurança. Pág. 4