TRIBUNA DO PIRACICABA – A VOZ DO RIO – EDIÇÃO 274 – SETEMBRO DE 2021

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Bacia do Piracicaba, Setembro 2021 / Edição 274 – Ano XXVIII / Distribuição Dirigida Gratuita / Nas bancas: R$ 2,00

O ciclo Páginas 2, 4 e 8

Aves do Piracicaba Página 7


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O ciclo da morte Não é necessário ser nenhum expert para entender que estamos caminhando para a morte – e para uma das piores formas – ou seja, por sede, fome ou pelo fogo. Inclusive, passagens bíblicas relatam que o próximo fim do mundo seria pelo fogo – já há mais de 2 mil anos os profetas já percebiam onde iria nos levar a ganância humana. Entender o ciclo da morte é questão apenas de escolha.

Árvores O ciclo da morte começa com a matança das árvores, o desmatamento e queimadas. Entre tantos benefícios, as árvores regulam o clima, absorvem e transformam gazes, amortecem o impacto das chuvas no solo evitando que esse seja lavado e promove a infiltração das águas, levando-as até os lençóis freáticos e abastecendo aquíferos. As árvores regulam as chuvas e evitam enchentes. As árvores são as guardiãs das águas.

Desmatando A ação de desmatar abre o início do ciclo da morte – mata-se uma árvore que protege o solo. O solo descoberto, ao receber as chuvas, sem o amortecimento oferecido pelas árvores, é lavado, tendo seus nutrientes carregadas para os cursos d´água. Além da água não infiltrar, o material lavado é carregado para os córregos, riachos, rios e lagos, iniciando ai o processo de assoreamento, que irá também iniciar a destruição da vida nesses corpos d´água – que por sua vez é responsável pelo fornecimento de água para a subsistência humana

e ainda fornece alimento diversos, transporte, energia elétrica e lazer. Como não acontece a infiltração, as nascentes também são afetadas, pois os lençóis e os aquíferos não são abastecidos.

Chuvas Porque houve uma mudança drástica no regime das chuvas? Ora, fácil explicar. Sem cobertura do solo pelas florestas, as águas mudam de lugar. Não ficam mais onde deveriam ficar. Para se ter chuva é preciso que se tenha evaporação de água – ação muito bem feita pelas árvores através de sua transpiração. Sem as árvores a água escorre, não para, não evapora onde deveria, fazendo com que mude de lugar. Sem árvores as chuvas se desordenam, saem do controle – vem com intensidade e, o que era para trazer vida, acaba causando destruição e morte.

Seca e queimadas O solo descoberto, sem vegetação, sem nutrientes, acaba ficando pobre e sem condições de reter água e acaba também com a capacidade de gerar vida e a cada dia é carregado para os cursos d´água, nascendo daí erosões e desertificação. O pouco da vegetação que resta, com a clima afetado, mais quente, fica ressecada, propiciando com isso a propagação de incêndios que por sua vez extermina com o resto de vida da área atingida.

O fechamento do ciclo Sem árvores, menos água. Sem água, menos arvores. Sem árvores e com menos água, menos chuvas. Sem chuvas, mais seca, menos árvores. Com seca, mais

incêndios e menos cobertura vegetal. Sem cobertura vegetal, menos água nos reservatórios naturais e morte de nascentes. Com menos nascentes, morte dos cursos d´água e menos água. Menos água, menos produção de alimento, menos produção de energia. Menos água, alimentos mais caros. Alimentos mais caros, mais fome, mais morte.

Risco de apagão Hoje vemos em todos os jornais sobre o risco de apagão, falta de energia. Isso sem contar o preço alto que está energia elétrica. Além da falta de energia, que irá impactar em tudo, a falta de água já afeta o bolso, a mesa e a saúde da população. Fábricas podem parar e agravar ainda mais a crise de desemprego no país que por sua vez irá gerar mais fome. Grandes hidrelétricas em risco de entrar em colapso por falta d´água para mover suas turbinas. Especialistas já vem alertando, mas a população não quer ouvir.

Solução simples e barata Apesar do problema ser imenso e complexo, a solução para todos esses problemas se apresenta de forma simples e barata, mas precisa ser colocada em prática o mais urgente possível. É preciso iniciar uma campanha geral de plantio de árvores, iniciando nos locais mais susceptíveis a degradação, como alto e topo de morros, morros com declividades acentuadas, entorno de nascentes e matas ciliares. Outra ação não menos importante é desenvolver projetos de drenagem nos centros urbanos para, além

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de evitar enchentes, reter as águas das chuvas conduzindo-as aos grandes depósitos subterrâneos, recuperando com isso nossas nascentes e evitando ainda o assoreamento dos cursos d´água. Para tudo isso se concretizar é necessário que os poderes constituídos entendam que investir nessas ações reflete na economia, na saúde e na qualidade de vida das populações e o mais importante – quebra o ciclo da morte e se inicia o ciclo da vida. CAPA – Montagem, escultura do Monumento de Proteção às Árvores em Rio Piracicaba e torneira gotejando – Sem árvores não tem água.

EXPEDIENTE

Tribuna do Piracicaba • Jornalista responsável: Geraldo Magela Gonçalves RT MTE 0022005/MG • Diretor Geral: Drielle Pantuza Gonçalves • Comercial: contato@tribunadopiracicaba.com (31) 9 9965-4503 • Diagramação/Arte: Sérgio Henrique Braga • Impressão: Gráfica Bom Dia • Representante Comercial: Super Mídia Brasil - BH Bacia do Piracicaba Redação e Administração Rua Lucindo Caldeira, nº 159, Sl. 301, Alvorada, CEP.: 35930-028 João Monlevade / MG / Brasil (31) 9 9965-4503 • A Voz do Rio Online: www.tribunadopiracicaba.com Circulação: Bacia Hidrográfica do rio Piracicaba FUNDADO EM FEVEREIRO DE 1994 Razão Social : Drielle Pantuza GonçalvesMEI CNPJ 31.569.299/0001-23 Todos os Direitos Reservados contato@tribunadopiracicaba.com


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Presente ambiental

Projeto que institui Selo Verde para as empresas é aprovado na Câmara de João Monlevade Um dia após o “Dia da Árvore” e ainda comemorando a entrada da primavera, a Câmara Municipal de João Monlevade aprovou durante reunião ordinária do dia 22 de setembro, o Projeto de Lei 1.204 que dispõe sobre a criação do “Selo Verde – Empresa Sustentável”. A matéria é de iniciativa do vereador Bruno Cabeção (Avante) e recebeu voto favorável de todos os vereadores presentes, com ausência justificada do parlamentar Tonhão (Cidadania). A certificação ambiental municipal com o Selo, tem como objetivo auxiliar e incentivar as empresas a desenvolverem práticas sustentáveis além de aproximar o Poder Público e a iniciativa privada na criação de ações de promoção da sustentabilidade e da defesa do meio ambiente. Para ter direito ao selo, a empresa terá que cumprir alguns quesitos, dentre

Vereadores abraçaram a ideia e aprovaram o projeto por unanimidade. Projeto segue para sanção do prefeito

eles: implantar Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos em conformidade com a Lei Federal, utilizar materiais reciclados no estabelecimento e/ou em grande parte das atividades da

empresa, apoiar entidades que atuam no Município no âmbito ambiental, com incentivo financeiro ou parcerias que apoiem o trabalho da referida entidade, realizar, por iniciativa própria, projetos

contínuos de educação ambiental com clientes, funcionários ou população em geral, entre outros. O vereador Bruno Cabeção contou que, antes da pandemia, não era envolvido nas causas ambien-

tais, mas que depois de um tempo começou a realizar algumas atividades em prol do Meio Ambiente. Ele ainda agradeceu ao Secretário Municipal de Meio Ambiente, Samuel Domingos, pelo trabalho

que tem desenvolvido no município. “Este projeto surgiu após uma conversa que eu tive com o Samuel. Há alguns meses tenho estudado e formulado esta proposta. Agradeço a todos pela aprovação”.

Vereadores de São Gonçalo celebram o Dia da Árvore Vereadores de São Gonçalo participaram da solenidade em prol do Dia da Árvore, organizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente Em comemoração ao Dia da Árvore, os vereadores da Câmara Municipal de São Gonçalo do Rio Abaixo participaram, na manhã do dia 21, de uma solenidade no Viveiro de Mudas Municipal, organizada pela Secretaria do Meio Ambiente. Representando o Corpo Legislativo são-gonçalense, o Presidente da Câmara, vereador Diego José Ribeiro (PDT), agradeceu à Secretária do Meio Ambiente, Eunice Florência dos San-

tos, pelo convite e falou sobre a importância da data, que ‘serve para nos lembrar do nosso compromisso com o meio ambiente, promovendo ações voltadas à preservação, como o reflorestamento’. O vereador Diego falou também do atual problema das queimadas, pedindo a toda população que se conscientize para combater essa prática. Em um ato simbólico, o Presidente da Câmara realizou o plantio de uma muda de árvore no local. Além dos vereadores, o evento contou com a presença dos secretários municipais e servidores, e todos receberam mudas de árvores nativas.

Evento contou com a presença dos secretários municipais e servidores


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Cenibra realiza Dia da Prevenção a Incêndios Florestais Historicamente, os meses de setembro e outubro representam o período mais crítico de ocorrência de incêndios florestais. Em razão dos baixos índices de chuva, das elevadas temperaturas e da baixa umidade relativa do ar, os incêndios florestais tornam-se mais frequentes, o que coloca a fauna, a flora e a saúde da população em risco. Por isso, no dia 16/9, a Cenibra promoveu o Dia da Prevenção a Incêndios Florestais, uma campanha voltada para o público interno, mas com potencial de alcançar os 54 municípios da área de atuação da Empresa. Com cerca de oito mil empregados, a Cenibra promove periodicamente campanhas educativas de conscientização ambiental. A Empresa espera que, a partir da sensibilização dos empregados, a mensagem de responsabilidade ambiental seja levada para familiares, amigos e vizinhos. Pensando nisso, a Cenibra promoveu a live “Incêndios Florestais – Responsabilidade de todos nós”, ministrada pelo engenheiro florestal e professor universitário Alexandre Beutling (UFMS), que já atuou no combate a incêndios de grandes proporções no Pantanal, na região do Mato Grosso do Sul, em parceria com o Corpo de Bombeiros local.

Em período crítico de ocorrência de incêndios florestais, Cenibra promove campanha de conscientização

Alexandre fez uma reflexão sobre a ocorrência anual dos incêndios florestais. Segundo o palestrante, mais de 99% dos incêndios são provocados por incendiários e que é “praticamente impossível” impedir a ocorrência das queimadas, uma vez que os incendiários têm comportamento imprevisível. No entanto, é possível atuar na causa raiz, as pessoas, que precisam contribuir com ações para a redução dos incêndios. “A melhor forma de combater os incêndios é evitar que eles

aconteçam”, afirmou. Quem fez a abertura da live foi o Diretor Industrial e Técnico, Júlio César Tôrres Ribeiro, que falou das perdas que os incêndios florestais trazem para o meio ambiente e a sociedade. “De maneira direta e indireta, todos são afetados pelos incêndios florestais. As queimadas acarretam problemas não só na natureza, mas na saúde da população, na economia, gera perda de muitas belezas naturais. É importante conscientizar todas as pessoas que estão no

nosso círculo de amizades e de trabalho sobre as consequências dos incêndios florestais”, explicou. Um dos atrativos da campanha é a realização de um concurso de frases para menores de 18 anos, devidamente matriculados no ensino fundamental ou médio, que sejam filhos de empregados da Cenibra. Com o tema “O que podemos fazer para prevenir incêndios florestais?”, a iniciativa premiará as três frases escolhidas por uma comissão julgadora. Os prêmios são

smartphone (1º lugar), bicicleta (2º lugar) e patins (3º lugar). Além disso, vídeos de conscientização ambiental, produzidos pela Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF), estão sendo exibidos nos restaurantes industriais, onde milhares de empregados frequentam diariamente. O material tem o objetivo de apresentar os malefícios dos incêndios florestais, os impactos socioambientais e as formas de prevenção. Alerta

De acordo o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, os índices de perigo incêndios em vegetação no Estado seguem alarmantes. Os últimos dois meses deste ano registraram máxima histórica no número de ocorrências do tipo. Foram 4.330 ocorrências em julho e 5.227 em agosto. O mês de setembro começou com mais de 700 ocorrências desses incêndios registradas só no período entre 4/9 e 7/9/2021. Novos focos surgem a cada dia em diversas regiões mineiras.


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Dia da Árvore é comemorado com palestra e plantio de mudas em João Monlevade Em celebração ao Dia da Árvore, no dia 21, a Prefeitura de João Monlevade promoveu, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e parceiros, palestra e plantio de mudas. O secretário de Meio Ambiente, Samuel Domingos, e a servidora da secretaria, Sarah Elói, ministraram palestra sobre a importância das árvores para um grupo de crianças e adolescentes da igreja Adventista do Sétimo Dia de João Monlevade. Eles foram categóricos ao afirmar que nesse momento, no qual as atenções se voltam para o crescimento da taxa de desmatamento do país, a sociedade sente as consequências da falta das árvores. “O dia de hoje serve de reflexão sobre a importância da preservação. Ainda há muito a ser feito e, para isso, cada um deve fazer sua parte”, pontuou Samuel. “É muito importante podermos conscientizar a juventude sobre os cuidados com as árvores e com a natureza. Eu fico muito feliz em somar com as orientações para os jovens e comunidade à nossa volta”, reforçou o pastor adventista Leandro Dias de Carvalho. Posteriormente à palestra, o grupo fez o plantio de dezenas de mudas de espécies nativas variadas, próximo a uma nascente no bairro Cidade Nova. A

Secretaria de Meio Ambiente junto aos parceiros durante plantio

Cidade Nova recebeu plantio de várias espécies

primeira espécie foi plantada por Thays Andrade Nunes, de 9 anos. Animada, a menina ressaltou a importância da ação e se comprometeu a acompanhar o crescimento da árvore. Miriã Perroni, de 21 anos, também plantou uma muda. Ela, que já integra outros projetos em defesa do meio ambiente, celebrou a ação no bairro Cidade Nova. “Essa ação é muito importante e necessária. Acredito que deveria ser feita mais vezes. Temos que preservar o futuro das próximas gerações”, finalizou. O bairro Areia Preta também ganhou novas espécies de árvores. O plantio de mudas de ipês amarelo, branco, roxo, rosa, quaresmeira e cerejeira japonesa foi realizado na rua 23. Também participaram da ação ambiental a Polícia Militar do Meio Ambiente, Dibisa, moradores do Cidade Nova e Areia Preta, vereador Rael Alves (PSDB) e Antônio Sávio (Codema). Dia da Árvore

Areia Preta foi outro bairro que recebeu plantios

O 21 de setembro foi escolhido como Dia da Árvore por estar próximo do início da primavera, que começa oficialmente no dia 22. A data tem como objetivo reforçar a conscientização sobre a importância das árvores para o meio ambiente.


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RECURSOS HÍDRICOS

Eleições por decreto revolta comitês de rios mineiros Decreto 48.209 do governador Romeu Zema tira a eleição das cadeiras da sociedade civil do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e passa a escolha para o Estado A extinção das eleições democráticas para as cadeiras da sociedade civil do Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais (CERH-MG), passando essa escolha para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) enfureceu os integrantes do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas e ativistas ambientais. Esta e outras limitações ao CERH-MG foram resultado do decreto 48.209, de 18 de junho de 2021, publicado pelo governador Romeu Zema, e é tido pelos integrantes do fórum como uma perda de poderes da sociedade sobre as decisões das políticas de recursos hídricos, tendo o governo acumulado poderes de deliberação (leia abaixo a carat enviada pelos órgãos na íntegra). “Foi uma forma antidemocrática de mudança do CERH. Sem discussão com a sociedade. Sequer foi discutida pelo próprio conselho. Até então, os conselheiros da sociedade civil eram escolhidos por eleição e os mais votados eram conduzidos ao espaço. Agora se faz uma lista tríplice das entidades e a escolha é da secretária (de meio ambiente) Marilha Mello. A decisão não passa mais pelo processo legítimo e democrático”, critica Polignano. “Segmentos como prefeituras e ourtas instituições também faziam indicações e escolhas e não será mais assim. Tudo se tornou uma chapa branca, pois quem escolhe e nomeia e coloca as pes-

Licenciamentos de poluidores e outras deliberações terão mais votos do estado sem as eleições para a sociedade civil no Conselho Estadual de Recursos Hídricos

soas é a secretária de meio ambiente”, protesta o coordenador geral do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas e vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Marcos Vinícius Polignano. Justamente em meio à maior crise hídrica dos últimos 90 anos, a alteração da forma como a sociedade civil integra os quadros do CERH preocupa os representantes do fórum. Muitos temem que empreendimentos nocivos ao meio ambiente e abusos na utilização dos recursos hídricos possam ser chancelados sem a pressão da vigilância da so-

ciedade civil democraticamente representada. “Os controles de empreendimentos, outorgas de uso da água e todas as decisões deliberativas estarão concentradas nas mãos de pessoas indicadas pela Semad. Isso é um retrocesso que lembra os tempos da ditadura militar”, compara Polignano. De acordo com carta enviada pelo Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas à Semad, o orgão de estado foi convidado a se posicionar, mas não enviou qualquer resposta. “Essas mudanças infringem os direitos dos comitês e a governabilidade da gestão das águas,

facilitando o descontrole já existente na exploração das águas superficiais e sibterrâneas. Perdemos a democracia do exercício pleno dos

segmentos e setores nas políticas hídricas mineiras. O CERH vinha sendo respeitado, não tinha razão para uma mudança tão radical assim”, apon-

ta Polignano. A Semad não se manifestou diante as críticas e nem se posicionou mesmo após solicitação da reportagem.

Em defesa dos rios, sociedade civil é barrada pelo governo Zema


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O enigmático cuitelão – “Quase ameaçado de extinção” Texto: Marcelo Vasconcelos – Fotos: João Sérgio

A ave que aqui apresentamos não tem cores chamativas e é relativamente calma, podendo passar desapercebida ao observador pouco atento. Apesar disso, o cuitelão (Jacamaralcyon tridactyla) é uma das aves mais interessantes da Mata Atlântica. Originalmente, ocupava uma área bem mais ampla, com registros históricos nos estados do Espírito Santo, São Paulo e Paraná. Embora tenha desaparecido de várias regiões, a espécie persiste em áreas degradadas das bacias dos rios Doce (Minas Gerais) e Paraíba do Sul (Rio de Janeiro). Nas últimas décadas,

o cuitelão também tem sido encontrado em diversas localidades da Bahia e na Região Metropolitana de Belo Horizonte, incluindo parques urbanos da capital mineira. Por ter sido extinto em vários locais e persistir em áreas sujeitas à intensa degradação antrópica, o cuitelão é uma espécie enigmática, não se sabendo, até o momento, detalhes de seus requerimentos ecológicos. O que sabemos, até então, é que a espécie vive em grupos familiares, geralmente de quatro a 10 aves. São comumente vistos pousados em cipós nas bordas de capoeiras e na copa das árvores. Emitem um canto bastante caracte-

rístico e de fácil reconhecimento (ver exemplos em: https://www. wikiaves.com.br/midias. php?tm=s&t=b). Sua alimentação consiste principalmente de insetos que são apanhados em pleno voo, incluindo borboletas, mariposas, moscas, libélulas, cigarras, percevejos e aleluias. Seus ninhos são feitos em cavidades de barrancos localizados em margens de rios e beiras de estrada. Por estes motivos, o cuitelão pode sofrer com a perda de sítios reprodutivos com a implantação de hidrelétricas (que alagam seus barrancos em margens de rio) ou com atropelamentos. O cuitelão conta com re-

gistros recentes nos seguintes municípios que integram a nossa bacia do Piracicaba: Antônio Dias, Bela Vista de Minas, Coronel Fabriciano, Itabira, Jaguaraçu, João Monlevade, Mariana, Marliéria, Nova Era, Ouro Preto, Rio Piracicaba, São Domingos do Prata, São Gonçalo do Rio Abaixo e Timóteo. Até pouco tempo, o cuitelão era tratado como uma espécie ameaçada de extinção. No entanto, na última revisão global, concluiu-se que a espécie ficaria mais bem categorizada como “quase-ameaçada”. De qualquer maneira, a população total é estimada em menos de 5.400 indivíduos, merecendo todo cuidado e atenção.


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Ação humana agrava falta d’água e compromete futuro dos recursos hídricos no Brasil Está nas manchetes, capas e chamadas dos noticiários não só do Brasil, mas de todo mundo, há algumas semanas. A seca grave que atinge também o sudeste do Brasil, onde ficam os reservatórios das hidrelétricas responsáveis por 70% da geração nacional de energia, como Furnas (MG), faz o País enfrentar a pior crise energética dos últimos 20 anos. Como um fantasma que assombra quem já está abalado pelo contexto caótico de pandemia, inflação e desemprego, o medo do “apagão” traz de volta à memória o racionamento de 2001, quando o Governo Federal, sob gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, PSDB, realizou uma série de blecautes para evitar o colapso da rede de abastecimento. Desta vez, ainda não há previsão de cortes, mas a conta de luz ganhou uma tarifa nova, de “Escassez Hídrica”, subindo para além da bandeira vermelha. Para o futuro, a perspectiva é que, pela forma como o meio ambiente tem sido tratado, os ciclos de seca se tornem mais frequentes e graves, impactando a vida das pessoas nos aspectos mais básicos do dia a dia. Menos água Os dados são do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), rede colaborativa de pesquisadores criada em 2015, que utiliza imagens de satélites, a partir da plataforma Google Earth Engine, para uma análise das transformações na geografia do País desde 1985. De acordo com o programa, que, no dia 23 de agosto, lançou uma plataforma dedicada aos recur-

contribuem para a escassez. “Apesar de não podermos confrontar ainda com períodos de observação mais longos, estamos levantando a relação disso com as ameaças ambientais. O avanço do desmatamento é uma delas”, comenta. Baixa de chuva

Barragem de Furnas, em Minas Gerais, com baixo volume de água - Foto Douglas MagnoAFP

sos hídricos, o território nacional perdeu 15,7% de superfície aquática nos últimos 30 anos, caindo de 19.719.050 em 1991 para 16.631.572 hectares de área coberta por água em 2020, sem incluir lençóis freáticos e outras camadas subterrâneas (veja no infográfico na página). A redução foi observada nos seis biomas brasileiros sendo que a primeira, localizada na Caatinga, encolheu 12,3% de 2004 até o ano passado, enquanto

a segunda, mais concentrada na Mata Atlântica, apresentou uma diminuição de 39% no mesmo período. Perda de superfície de água no Brasil Ciclos e interferências As estatísticas indicam uma queda na disponibilidade de água, que compromete o nível dos reservatórios e, consequentemente, a geração de energia elétrica.

“Estamos muito próximos do esgotamento [dos recursos hídricos]”, vaticina o coordenador do MapBiomas Caatinga e professor do Programa de Modelagem em Ciências da Terra da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Washington Franca Rocha. Embora variações façam parte do ciclo hidrológico, o pesquisador considera que mudanças climáticas globais e intervenções humanas

O alerta maior, porém, vem da Floresta Amazônica, que, apenas em julho, teve 2.095 km² de mata destruída, extensão superior à área de toda a cidade de São Paulo, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Considerando os últimos 12 meses, é o pior índice acumulado de desmatamento desde 2011. E isso está diretamente associado à queda na frequência de chuvas na região central do País, que, historicamente, sempre passa por um período mais seco entre julho e outubro. “A evapotransposição da Amazônia fornece para a atmosfera um excesso de umidade, que é transportado para o Sudeste e o Sul do Brasil. E é justamente esse excesso de umidade que faz chover”, explica o professor de Oceanografia Moacyr Araújo, vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima). “Uma árvore em pé na Amazônia vale muito mais do que qualquer cultura voltada para a exportação”. E não é só no Cerrado que cai menos água das nuvens, detalha o especialista. Na região do São Francisco, houve uma queda de 20% na média de precipitações em três

décadas. Já nas bacias dos rios Paraná e Paraguai, foram menos 30% e 40%, respectivamente. Impactos nos extremos As modificações na paisagem provocadas pela escassez dos recursos biológicos refletem ainda as mudanças climáticas, que afetam a dinâmica dos fenômenos da natureza. Nesta semana, a Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas divulgou que, em 50 anos, o número de desastres naturais aumentou cinco vezes em comparação com períodos anteriores. No futuro, será cada vez mais difícil a equação de conciliar a baixa oferta de recursos naturais com o consumo das cidades e da produção agrícola sendo necessária uma coordenação nacional na gestão do uso da água, explica o professor Moacyr Araújo. “É preciso uma regulação conduzida pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)”, diz. “A visão deve ser integrada e as agências ambientais precisam ser valorizadas, porque o rebatimento econômico é uma conta que não vai fechar”. Para atenuar o problema, a solução, na visão do especialista, passa por adoção de medidas como o reúso de água tratada do esgoto para irrigação. Políticas públicas No futuro, será cada vez mais difícil a equação de conciliar a baixa oferta de recursos naturais com o consumo das cidades e da produção agrícola sendo necessária uma coordenação nacional na gestão do uso da água, explica o professor Moacyr Araújo.


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Prefeitura envia para Câmara, Projeto de Lei que cria Parque Natural Municipal De Inciativa do governo, a proposta protege nascentes, fauna, flora recursos naturais além de transformar a área em centro de excelência ambiental e pesquisa

AcomCMSGRA

Câmara de São Gonçalo: Comissões dão parecer favorável a projeto de lei que cria o Parque Natural Municipal do Peti

O prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo, Raimundo Nonato Barcelos (Nozinho- PDT), enviou para a Câmara Municipal, o Projeto de Lei que cria o Parque Natural Municipal do Peti. A iniciativa é um passo importante para São Gonçalo na área de Meio Ambiente, Sustentabilidade e educação ambiental. A Lei autoriza o município a firmar instrumento próprio de concessão ou comodato de uso da área com a Cemig, detentora do espaço. O objetivo do Projeto de Lei 027/2021, é garantir, através da gestão

ambiental, a recuperação e preservação de fragmentos florestais, flora em geral e fauna. Além disso a proposta busca proteger as matas ciliares, áreas de preservação permanentes, recuperação de áreas degradadas, desenvolver e ampliar atividades de educação ambiental, preservar recursos hídricos, serras, conservar o patrimônio histórico e as nascentes. A iniciativa, conforme o Projeto de Lei, também promove o turismo científico, a realização de pesquisas nas áreas de Ciências Biológicas, Geociências e Ciências

Entrada do Parque do Peti

Ambientais e promover a qualidade ambiental do município. Conforme o prefeito Nozinho, Parque Natural Municipal do Peti é um compromisso do município com o meio ambiente, preservação e realização de pesquisas. “Com o parque, nosso município assegura a preservação da área, estimada em 523 hectares e que é um local extraordinário, com matas, animais silvestres, nascentes, recursos hídricos e é ideal para a educação ambiental, e desenvolvimento científico em defesa da vida e do meio ambiente”, destaca Nozinho.

Câmara de São Gonçalo: Comissões dão parecer favorável a projeto de lei Na tarde da última terça-feira (21), foi realizada a Reunião Conjunta das Comissões de Legislação e Justiça e de Redação; de Finanças, Orçamentos e Tomadas de Contas; de Educação, Cultura, Desporto e Lazer; e de Saneamento Básico e Meio Ambiente. Estiveram presentes os vereadores Cássio Túlio Rodrigues Silva (PTB), Eloísio Raimundo dos Santos (Lulu-PDT), Fábio Justino Alves (Sassá-PSB),

Gladston Marcelo de Castro (PDT), Marcos Antônio Bicalho (Kito-PSDB), Marlon Túlio Pessoa Costa (PL) e Otávio Isidório Teixeira (Tatá-PSDB). Os vereadores reuniram-se com o Dr. Bráulio Magalhães Fonseca, professor do departamento de cartografia da UFMG, doutor em planejamento territorial e coordenador do projeto de revisão do plano diretor do município. No encontro, ele explicou alguns detalhes referentes ao Projeto de Lei nº 27/2021, que “cria o Parque Natural Municipal do Peti, no município de São Gonçalo do Rio Abaixo, e dá outras

Casa da Hidrelétrica de Peti

providências”, de autoria do Executivo Municipal. O professor falou sobre a área do parque e a sua importância para a cidade. Segundo Dr. Bráulio, o diferencial do projeto é transformar o parque em uma estrutura que visa receber principalmente pesquisadores, incentivando o turismo ecológico e científico, o que gerará renda ao município. Em seguida, foi dado início à reunião, colocando em discussão o Projeto de Lei sobre a criação do parque natural municipal do Peti. O relatório foi aprovado, mas contando com uma abstenção.


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Prefeitura de Rio Piracicaba abre inscrições para o “Programa Barraginhas” As barraginhas têm por finalidade capitar as águas da chuva reabastecendo o lençol freático e minimizar ou até sanar problemas com voçorocas. A Prefeitura de Rio Piracicaba, por meio da sua Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura em parceria com a Emater-MG, deram início ao “Programa Municipal Barraginhas”. O programa tem por objetivo a construção de estruturas de capitação de água das chuvas, conhecidas também por Barraginhas, que são bacias escavadas no solo com diâmetro médio de 15 metros e profundidade de aproximadamente 1,5 metros. Estas estruturas são cons-

truídas nas propriedades rurais para auxiliar na infiltração da água da chuva e ajudar na preservação do perfil do solo, evitando vários tipos de erosão como aparecimento de sulcos e voçorocas. Além disso, as barraginhas possuem uma diversidade de outros benefícios, tais como: - Recarga do lençol freático que abastece as nascentes, córregos e rios; - Amenizar os efeitos dos longos períodos de

estiagem nas pastagens e plantações; - Aumenta a disponibilidade de água nas cisternas e poços artesianos; - Reduz os efeitos da estiagem propiciando o aumento da humidade nas baixadas e até o surgimentode olhos d’agua/ minadouro; - Melhoria na manutenção do nível de lagos, represas e açudes a jusante (abaixo) das Barraginhas.

Mais informações e cadastro ao programa, entre com em contato com a Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura pelo telefone 31 3854-1261, ramal 226.

Prefeitura de Rio Piracicaba mantém ritmo acelerado de obras em várias partes do município

Revitalização de praças e jardins são acompanhadas pelo prefeito que também é paisagista

Uma das principais obras da atual gestão de Rio Piracicaba, é a demolição e construção da ponte central da cidade que está prestes a ser finalizada a primeira etapa que consiste na construção da passarela para pedestres. Os pilares que irão sustentar as vigas da passarela já estão prontos. De acordo com o projeto, a passarela deve ser a primeira etapa a ser

finalizada para garantir o livre trânsito do cidadão enquanto a parte da pista de rolagem, que ficará na sua lateral, seja construída. Ao final da obra passarela e pista de rolagem se tornarão uma única estrutura. Outras ações O Prefeito de Rio Piracicaba, Augusto Henrique da Silva acompanhou os trabalhos de revitaliza-

ção da Praça do Rosário, situada na região central da cidade. O projeto inicial, feito há 10 anos, foi idealizado e construído pelo próprio Augusto, quando na época exercia a função de paisagista. Na reforma do jardim foram plantadas mais de 200 mudas, todas escolhidas pelo paisagista Augusto e plantadas sob a orientação e coordenação do próprio prefeito.

Pilares da passarela da ponte do centro da cidade já estão prontas.

Prefeito Augusto vistoria obras na estrada de Conceição de Piracicaba (Jorge)


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Berçário de águas em chamas

Bombeiros combatem incêndio no entorno da Serra do Caraça

Parte do maciço da Serra do Caraça, onde se encontram as nascentes do Rio Piracicaba e dos diversos cursos d´água que formam o Rio Santa Bárbara, se encontram em chamas desde o dia 24 de setembro, precisamente na cidade de Catas Altas. Uma equipe do Corpo de Bombeiros em Mariana, na Região Central de Minas, seguiu, na tarde do dia 26, para Catas Altas, na mesma região, para combater um incên-

dio em área de florestas. Segundo informações da corporação, o fogo se propaga em direção ao turístico Santuário do Caraça, edificação do século 18 localizada entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, a 106 quilômetros de Belo Horizonte. Funcionário do Caraça informa qie o fogo não chegou à Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), estando nos arredores sem ameaçar

o complexo turístico, religioso, ambiental e paisagístico tombado desde 1966 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Combate Já a prefeitura de Catas Altas informou que o incêndio fez com que uma operação de combate fosse montada envolvendo diversos agentes. A iniciativa uniu a Prefeitura de Catas Altas,

equipes do Corpo de Bombeiros de Mariana, Ouro Preto e Belo Horizonte, Pedreira Um e voluntários da cidade. Conforme a prefeitura, no dia 25/09, a Defesa Civil de Catas Altas e a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente estiveram no local do incêndio, iniciarando o combate e acionaram o Corpo de Bombeiros e o apoio da Vale e a empresa Pedreira Um. No domingo, 26/09, as

equipes da Prefeitura contaram com o reforço do Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, mas devido às proporções do incêndio não conseguiram controlar o fogo. No dia 27/09, a ação se intensificou com o apoio dos Bombeiros de Mariana e Belo Horizonte. A Prefeitura informou também que segue solicitando junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e outros órgãos o apoio de uma ae-

ronave, para combater os focos nos locais de difícil acesso. Seguindo orientação do Corpo de Bombeiros, a Prefeitura está tentando mobilizar mais voluntários. Na tarde do dia 27, o prefeito Saulo Moraes informou ao Tribuna que havia conseguido junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, duas aeronaves do IEF – Tractor, que estará se juntando ao combate aos focos.


Setembro de 2021

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Rio Piracicaba ganha monumento no Dia da Árvore

Solenidade de inauguração do monumento de proteção às arvores contou com a presença de prefeito, vice, secretários, funcionários e ambientalistas

A Prefeitura de Rio Piracicaba inaugurou no dia 21 de setembro uma escultura em homenagem ao Dia da Árvore. A escultura está localiza-

da à rua Padre Pinto ao lado do prédio da Polícia Civil, bairro Praia. Idealizada pelo Prefeito Augusto Henrique e esculpida pelo artista da

terra, José Agostinho das Graças, a figura é composta por duas mãos segurando uma árvore simbolizando a conservação e proteção da natureza.

Durante o evento foi descerrada pelo prefeito Augusto e pela vice-prefeita Aparecida Araújo uma placa comemorativa alusiva à importância das árvores. O evento foi acompanhado por populares, autoridades e servidores municipais. O prefeito agradeceu o empenho da equipe de

Prefeito Augusto, que é engenheiro ambiental e tem como uma de suas bandeiras a preservação, executao plantio da muda de ipê branco no monumento

obras, da jardinagem e da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura, por se dedicarem à realização deste projeto, que simboliza também a importância com a humanidade, por meio da preservação da natureza. Entre as mãos da escultura foi plantada pelo próprio prefeito um Ipê Branco.

Ainda compõem o espaço blocos de granito preto produzidos na cidade. O muro recebeu ao fundo recebeu pintura cinza propositadamente para destacar a escultura e chamar a atenção para a preservação da natureza: “quando o ipê branco florir apresentará também um belo contraste”, comentou o prefeito.


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