Public_Confl_45

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES

B OL E T I M E SC OL A R

Confluências

Confluências

(2ª Série) Nº 45 abril / junho 2019

Página 2

Confluências SCRIPTOMANIAS Repulsa

Quero o que me tiraram Quero o que não me podem devolver

Sinto um corpo que não é Não consigo ver, não quero ver meu Não posso sentir, não devo sentir Sinto dor e sinto repulsa Quero rasgar o corpo e a alma Quero rasgar o passado e o presente Não quero paixão nem compaixão Não quero nada mas quero tudo

Isto é dor que consome a alma Isto é repulsa que corrompe o corpo Isto é passado que destrói o futuro Isto não sou eu mas o que fizeram de mim Soledade Baptista, 11º G

Qual a cor da Liberdade?

Um dia, em conversa com uma amiga, ela perguntou-me qual é que eu achava que era a cor da liberdade. Tenho de admitir que, por diversas razões, já tinha pensado nisso.

Respondi que era a cor branca. E, logo de seguida, inquiriu ela o porquê desta cor. Retorqui: – Olha, qual é a única cor que, misturada com outra, não a modifica totalmente? Então não é o branco? Por exemplo, se misturares branco com azul, mantém-se azul, mas apenas mais claro. Agora tenta misturar qualquer outra cor com azul. Pois, vai deixar de ser azul e vai-se tornar noutra cor qualquer. É por isso que eu acho que é a cor branca. Apesar de misturada com outras cores, a cor branca dá-lhes liberdade para que continuem a ser elas próprias. E isso, para mim, é que é a Liberdade!

João Silva, 11º L [Autor, igualmente, da foto]

Título: Confluências Iniciativa: Departamento de Estudos Portugueses Coordenação de edição: António Souto, Manuel Gomes e Lurdes Fernandes Periodicidade: Trimestral Impressão: GDCBP Tiragem: 250 exemplares Depósito Legal: 323233/11 Propriedade: Escola Secundária de Camões Praça José Fontana 1050-129 Lisboa Telefs. 21 319 03 80 21 319 03 87/88 Fax. 21 319 03 81

Nesta edição:

Scriptomanias …………...………...

Conferência / Fotografar .....…...

Scriptomanias (J. de Sena) …...

Leitura (J. de Sena) …..…………. Évora em fundo ………….....….....

Sobre Aparição ……………………

Scriptomanias ……...….……....….

Latim ………………...……………….

OIT - uma simulação …………….

Ao velho Camões (poema) ……...

Conc. Literário Camões ………...

Cidadania e Desenvolv. ……..….

Uma visita de estudo …………....

Ainda com J. de Sena ……………

Abril celebrado …..…………...…..

Breves ……………….........…………

p. 2 p. 3 pp. 4-5 p. 5 pp. 6-7 p. 8 p. 9 p. 10 p. 11 p. 11 pp. 12-15 pp. 16-17 p. 18 p. 18 p. 19 p. 20

Página 3

Confluências CONFERÊNCIA Para nos compreendermos melhor!

FOTOGRAFAR Desta vez venho falar de uma das minhas paixões: a fotografia. Para mim, o ato de fotografar é muito mais do que pressionar um mero botão; trata-se, sim, de passar uma mensagem, sentimentos, ou transmitir uma visão diferente do mundo.

Comecei a ter algum interesse em ‘fotografar’ quando era pequena.

Divertia-me a fotografar a minha família, mas esta paixão cresceu quando fiz um curso de fotografia, durante o verão, sobre as bases desta arte. E assim começou um novo capítulo desta obra em construção. Comecei a fotografar mais seriamente com uma máquina emprestada, e foi o suficiente para criar o meu primeiro site.

Pouco tempo depois, comprei a minha máquina fotográfica e passei o verão a fotografar Lisboa. Para além de já conhecer bem a Baixa, esta passou a ser a minha segunda casa. Um ano mais tarde, senti que precisava de algo novo. Não estava satisfeita! Então criei um novo site, com o qual Camões me identifico mais do que com o anterior, e com fotos muito mais cuidadas e pensadas.

Ter conseguido apegar-me à fotografia foi das melhores coisas que me aconteceram, é a minha escapatória. Eu dou por mim a parar no meio da rua para capturar algum pormenor que me chamou a atenção. Noto que cada vez sou mais rigorosa com as fotos que publico. Numa viagem em que tirei cerca de 100 fotos, aproveitei 20. Aqui é que se aplica mesmo o ditado de "quantidade não é qualidade".

Mas é bom, sinto que estou a crescer neste ‘mundo’ e pretendo evoluir mais, tendo em conta que quero aproveitar esta paixão para o meu futuro.

Todos temos jeito para algo. Para mim, é a fotografia; era ótimo todos descobrirmos para que temos vocação. Recentemente, disseram-me que a fotografia se tem tornado mais banal, pois quase toda a gente tem acesso a um telemóvel ou a outro dispositivo que fotografe, e que esta assim tem perdido a sua essência. Concordo plenamente que a fotografia se tem tornado acessível ao público, porém poucos são os que conseguem transmitir emoções através das suas fotos.

Não se trata de chegar ao local e simplesmente clicar no botão, há que observar o cenário em volta, o ‘ruído da foto’, imaginar um enquadramento para o objeto ou local; fotografar é um enorme processo com resultados fascinantes.

A fotografia abriu-me os olhos, fez-me ver o mundo de forma diferente, abriu-me portas de modo a partilhar o meu trabalho com mais pessoas. Esta paixão, eu nunca vou largar.

Joana Formiga, 11ºC

Página 4

Confluências SCRIPTOMANIAS - A PARTIR DE CONTOS DE J. DE SENA A razão de o Coelho da Páscoa pôr ovos de chocolate Antes da Última Ceia conjunta, na Páscoa judaica, faltando pouco tempo para a Sua crucificação, Jesus Cristo, o Messias, foi tentado pelo Diabo.

Nossa Senhora havia recebido do Anjo uma cesta para entregar ao seu filho Jesus. Entretanto, o Diabo havia colocado, à porta da casa escolhida para a última refeição, um coelho, um animal impuro segundo as leis mosaicas, para que Cristo comesse ou tocasse naquele animal, e assim já não estivesse ‘apto’ para o Santo Ato Expiatório. Mas antes que Jesus pudesse ter reparado no animal, Nossa Senhora entregou ao filho uma cesta com ovos de chocolate, como lhe havia pedido o Anjo.

Depois da Última Ceia conjunta, faltando pouco tempo para a crucificação de Jesus, Este foi tentado mais uma vez pelo Diabo. Ao saber que esta seria a sua última hipótese para fazer com que o Messias pecasse, o Diabo possuiu um coelho fofinho e foi para o lugar onde frequentemente Jesus ia orar.

Jesus havia deixado os Seus discípulos de vigília e, afastando-se um pouco com a cesta que Sua mãe

Milagre das Pedras Frade converte dois jovens com um milagre Há três dias, ao entardecer, frade Beba tomou consciência do tumulto meteorológico à sua volta e fez uma prece a Deus. Nesse mesmo instante, viu aproximarem -se dois jovens camponeses que viajavam para outro reino e que, constataria mais tarde, o queriam roubar. Apesar de inicialmente relutantes, os rapazes ajudaram o frade a retomar o seu destino.

Ao fim de alguma caminhada, e com o agravamento do temporal, um dos rapazes sugeriu que se protegessem um templo pagão, todo construído em pedra, existente nas proximidades e que vale, ao que se crê, a muitas mulheres que não conseguem engravidar. O discípulo de Deus, embora renitente, acabou por ceder, por falta de

Lhe havia entregado, apareceu-Lhe o Anjo, vindo do céu para O fortalecer na oração. Aproximando-se ruidosamente o coelho, o Anjo pediu ao seu Senhor que comesse um dos ovos que Sua mãe Lhe havia dado. Então, o Messias voltou para os Seus discípulos e achando-os a dormir disse-lhes que se fortalecessem uns aos outros em oração. Enquanto Jesus encorajava os discípulos a manterem-se firmes, o Anjo ordenou ao coelho que se afastasse. Por mais duas vezes se repetiu esta situação. Após isto, os que atentavam contra a vida de Cristo, capturaramnO. A seguir à captura, o Anjo contou a verdadeira história dos coelhos endiabrados a um jovem.

E como diz o ditado, «quem conta um conto, acrescenta um ponto». A partir daí, a história foi mudando, mudando e mudando, ao ponto de hoje se acreditar que o coelho era quem punha ovos de chocolate!

Na verdade, conseguiu-se mudar a história de tal forma que o animal impuro, usado pelo Diabo, se tornou símbolo da data em que ocorreu o Santo Ato Expiatório, ou seja, da Páscoa, mas isso vocês já sabiam… [inspirado em “Razão de o Pai Natal ter barbas brancas”]

Luís Silva, 11º H

alternativa, e rumaram os três pedras falar, e fê-lo. Eu vi com os meus olhos e ouvi com os meus ouvidos!”. Convencidos, os rapazes aceitaram ir com o clérigo, mas este, com a sua bondade, libertouos do acordo e voltou sozinho para o convento, tão solitário como dele saíra.

As pessoas da abadia, com a chegada do frade Beba, ficaram alipara aquele lugar de abrigo, onde viadas e orgulhosas dos acontecipassaram a noite. mentos descritos, “Sempre soubeNo dia seguinte, o frade convidou os jovens a acompanharem-no mos que ele tinha um dom, já não é a primeira vez que acontece algo no seu regresso ao convento, com o intuito de lá se iniciarem. Perante parecido. Nos seus longos dias de este pedido, os rapazes tentaram copiador, também ficava absorto nos seus pensamentos e apenas brincar com a situação, concorouvia a palavra do Senhor, tal dando, mas na condição de as pedras falarem. O frade não se como aconteceu quando aqui chedeixou vencer por esta exigência, gou.”, confidenciou um dos irmãos e, milagrosamente, as pedras res- que o receberam. ponderam a um discurso comovido que este lhes fez. Segundo relatou um dos jovens a este jornal “Meu pai prometeu que faria as míseras

[inspirado em “Mar de Pedras”]

Bibiana Farinha, 11º H Inês Tacanho, 11º H

Página 5

Confluências SCRIPTOMANIAS (SENA & GOYA) “Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso. É possível, porque tudo é possível, que ele seja aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo, onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém de nada haver que não seja simples e natural.” (…)

O poema “Carta a meus filhos Sobre os fuzilamentos de Goya”, de Jorge de Sena, é uma das mais comoventes expressões dos valores da justiça e da liberdade que já li.

Numa conferência sobre a poesia deste mesmo autor, Sophia de Mello Breyner descreveu-a como sendo uma poesia de Resistência. Para percebermos o que isso significa não é necessário ler mais do que esta “Carta”.

Não se trata de uma resistência habitual ao que é diferente, mas, simplesmente, ao que é contra a verdade, ao que é contra a vida, ao que é perverso.

Neste poema, podemos verificar tudo isto: Estes filhos a quem o poeta se dirige somos todos nós, Homens, e o mundo que para nós deseja é o mesmo pelo qual sempre lutou, persistentemente, na sua vida e na sua obra. Um mundo em que a liberdade e a justiça prevalecem e tudo governam. Um mundo no qual Sena, certamente, nunca viveu e no qual, possivelmente, porque tudo é possível, nós também nunca viveremos. Contudo, não se trata de uma utopia insensata e absurda, mas de uma fé inabalável nos maiores valores da vida, através da qual, apenas, podemos viver para criarmos o mesmo pouco de liberdade, e de justiça e de esperança, que, de vez em quando, vamos experimentando. É engraçado como foi esta mesma fé que levou Goya a pintar o “3 de Maio” e Jorge de Sena a escrever este poema. Ambos talvez com a esperança de acender nos corações dos seus ‘leitores’ o desejo de viver em Liberdade.

Filipe Baixinho, 12º C

LEITURA DE SENA 1 de fevereiro Dia Mundial da Leitura em Voz Alta As turmas do 11º A e 11º F fizeram a leitura de "Homenagem ao Papagaio Verde", de Jorge de Sena, numa aula de Português diferente.

Página 6

Confluências ÉVORA EM FUNDO (VISITA DE ESTUDO — L.P.) O nosso silêncio ecoa agora nos céus ainda adormecidos, adornados de pequenos pontos reluzentes. Este imenso breu que nos transcende é o mesmo que nos asila no seio da insegura certeza de que nada somos além da nossa existência.

A magnificência da lua absorve-nos, vagarosamente, a par da Sé, que longinquamente emerge, para nos subtrair à solidão. Em nossos corpos entoa um sopro. Um adocicado sopro de lembranças, que nos incita a abrir os olhos e a ver além do que é visível. Ver a pedra que vive, o homem que permanece vivo. O sopro de recordações que nos desperta e habilmente nos compele a sentir – a ser.

Toda a paisagem se renova, revelando a pouco e pouco os encantos da Natureza, estremecida pela claridade. Brilham diante de nós imensuráveis campos de um verde virgem, que nos encoraja a prová-los, como se de um ritual se tratasse.

Basear-se-á então a plenitude nisto? Um par de sensações momentâneas que nos leva à ilusão de que, no fim de tudo, já fomos, portanto, já somos?

O Sol ruma já a poente. Nós permanecemos aqui, cá no alto, no topo da nossa autenticidade fugaz, ouvindo ressoar na nossa memória murmúrios de almas doridas que se dissipam na brisa morna, abrindo portas que nunca nos atrevêramos a tocar.

Mariana Metelo, 11º L

Foi num dia como todos os outros, acordei e olhei pela janela da cozinha. Adorava aquela vista, a mais típica das ruas da minha adorada Évora.

Casas baixas e brancas com janelas num azul forrado ou num amarelo-torrado, todas iguais.

As vizinhas conversaram altíssimo entre elas, como era habitual. Todas as casas eram decoradas da mesma forma, cortinados azuis ou amarelos a combinar com as bordas da janela, nada de extravagante. Algumas plantas embelezavam a simplicidade das coisas. Foi ai que reparei na casa abandonada… Esta casa, antes escura, com janelas tapadas de madeiras velhas que retiravam a beleza natural das janelas, estava agora colorida? E habitada? Reparei nas cortinas, eram lilases com desenhos floridos e vivos. Aproximei-me mais da borda, por curiosidade, quando sou interrompido por um olhar forte e penetrante na minha direção. Um gato preto fixa-me… eu olho de volta, por detrás dele aparece uma mulher morena, na flor da idade, apercebo-me logo do seu sorriso carinhoso e do olhar dócil. Ela olha para mim com esse sorriso para me cumprimentar. Contrafiz esse mesmo sorriso, mas torto.

Esta mulher fascinou-me, não de uma forma romântica, mas o ar de jovem mulher perdida numa cidade tão isolada, mas ao mesmo tempo tão viva, cativava-me. Observava-a todas as manhãs à frente do computador a escrever. Acabei por descobrir tudo sobre ela após ouvir uma conversa entre as vizinhas – tinha 28 anos, era recém-casada com o homem que comprou o café da rua ao lado. Comentaram o nome dela, não quis ouvir. Não a queria conhecer por completo, idolatrava a sua imagem de jovem misteriosa. Ela e o marido vieram para Évora com a intenção de escapar à loucura da cidade sem perderem a essência e a sociabilidade.

Aquela pequena família mudou a cidade por inteiro, uma casa inicialmente vulgar como as outras, amarelas ou azuis, sobrepõe-se com um simples olhar de lilás.

Isto é Évora, é tradição, é liberdade, é o fascínio por detalhes minúsculos que nos reformam a perspetiva de tudo o que nos rodeia. Esta é a cidade pela qual me apaixonei.

Leonor Correia, 11º J

Página 7

Confluências ÉVORA EM FUNDO (VISITA DE ESTUDO — L.P.)

Apanhaste-me de surpresa.

A tua claridade e naturalidade encantaram-me.

Tornaste uma “visita de estudo a Évora” em algo, para mim,

com dimensão e relevo. Não só por aí ter ido no âmbito da obra Aparição, mas especialmente por todo o ambiente acolhedor que me proporcionaste.

Ao chegar, tudo era propício para um bom relacionamento contigo: o sol brilhava, uma brisa fazia-se sentir e a alegria e expectativa no rosto de toda a gente eram visíveis. A principal curiosidade era unânime: ficar a conhecer-te como nos foste descrita na narrativa de Vergílio Ferreira. E apesar de ter ficado encantada com os espaços de Aparição e de ver a história passar diante dos meus olhos, o que

mais me fascinou e dominou foi a atmosfera que se fez sentir durante toda a visita. Todo o teu ambiente harmonioso, simples e claro nos iluminou e maravilhou.

Sentámo-nos na esplanada do café Arcada. O calor fazia-se sentir. Conversámos, discutimos ideias e contemplámos-te, a ti, Évora. A ti que nos recebeste de braços abertos.

E a ti prometo voltar para retribuir o que me proporcionaste, para tornar a testemunhar todo este sentimento de envolvimento, vezes e vezes sem conta.

Leonor Boavida 11º L

Poema d’Évora Contemplando as tuas muralhas, Dei-me conta do teu esplendor.

Toda uma harmonia sem falhas, Enorme magia ao teu redor.

A misticidade que espalhas, Por meio de sons, cheiro e cor, Tem eco nos teus mortos eternos Sem mortalhas nem louvor.

De Diana ficou o templo, Perdido no passado antigo.

Dá-te alma, história e vida, E nós ganhamos sonho e abrigo.

Rafael Oliveira, 11º L

Tu és Vejo-te ao longe, bela de tez branca, acho-te perfeita nas tuas curvas e mistérios.

Percorrer-te, Sentir a tua luz, o teu cheiro, A certeza do teu calor nos dias quentes.

A tua moldura é o céu estrelado e a Lua espelha a noite na Aparição da tua existência, Assim tu és, Évora.

Francisco Quental, 11º J

Página 8

Confluências SOBRE «APARIÇÃO» (V. FERREIRA)

A beleza da existência alicerçada na ignorância A leitura de Aparição, consolidada com a visita a Évora, remete para um espaço de reflexão. O silêncio e brancura da cidade mostraram-se propícios ao encontro com o nosso ser, na medida em que Évora expressa as inquietações das personagens e alimenta essa mesma busca do “eu”.

Alberto Soares e Évora são, em Aparição, a materialização do existencialismo. No entanto, a personagem principal exprime o perigo de refletir sobre a existência e a angústia de viver constantemente o ‘porquê’. A sua consciência existencialista, aliada a uma existência meramente carnal, é-nos apresentada como uma necessidade e não uma escolha.

Quem refletir sobre a presença do Homem no mundo, certamente se irá deparar com a condição trágica da condição humana. Assim sendo, quais os benefícios de nos permitir tais reflexões? Seremos mais felizes se nos percebermos?

Esta problemática encontra-se representada em

Aparição pela relação de Alberto com o seu irmão Tomás, no âmbito do confronto existência/ essência. Cabe ao leitor perceber se Alberto, focado na existência, é mais feliz do que Tomás, que, preocupado com os seus filhos e responsabilidades, se foca na essência, sem tempo para ‘filosofar’. É nesta linha de pensamento que entra o poder da ignorância: aquilo que eu não sei não me pode inquietar. Será este poder uma riqueza ou um mal?

Para mim, a beleza da própria existência encontra-se alicerçada na ignorância. Alberto Soares vive a sua problemática existencialista, mas sem nunca obter respostas. São essas as melhores questões – as que nunca obtêm respostas e não são dotadas de valor de verdade.

A riqueza da ignorância encontra-se, então, nas respostas que não sabemos dar, e não nas questões que não queremos fazer.

Seremos melhores quando abraçarmos a progressiva consciência de nós próprios como forma de construção do eu.

Madalena Baião, 11º L

A obra de Vergílio Ferreira é uma obra de cariz existencialista que nos faz não só questionar o ´ser´ das personagens que são descritas como também a nossa própria existência.

O autor desenvolve uma narrativa cujas problemáticas existenciais suscitam no leitor profundas reflexões, tornando-se Alberto Soares o narrador que nos guia pelas entrelinhas do potencial do ser, do porquê da vida, da inevitabilidade da morte, do ´ser-ser´.

Sobreposta e em conformidade com tais temas, a escrita poética e descritiva de Vergílio Ferreira torna-se outro fator apelativo que nos entrelaça na sua narrativa.

A chegada da personagem principal a Évora desencadeia uma série de descrições dos elementos do ambiente e da cidade em si. O que inicialmente era absurdo e reacionário (Évora) dá aso a descrições incrivelmente poéticas sobre o espaço, à medida que Aberto Soares se afeiçoa à cidade.

Sofia dá-se como uma das personagens mais marcantes sendo, a meu ver, a reencarnação da liberdade em função do regime Salazarista. Sendo a obra publicada em 1959, o autor atribui a esta personagem traços revolucionários que desafiam as convenções sociais e até políticas da época. Torna-se um caso desafiante para Alberto que a toma como um enigma.

A repetição da palavra ´aparição´ ao longo da obra não nos deixa indiferentes.É esta constante que nos envolve cada vez mais nas reflexões de Vergílio Ferreira, transportando-nos para uma realidade de questionamentos e fazendo-nos refletir sobre a nossa própria identidade.

Carolina Touré, 11º L

Página 9

Confluências SCRIPTOMANIAS

Era uma casa branca que se erguia majestosa numa rua com outras tantas casas pintadas de cal.

Durante muito tempo desci e subi aquela ruela secundária e nunca tinha reparado que se tratava de uma pensão até ao dia em que a vi de lá sair. Lembro-me do corpo dela em frente àquelas paredes sóbrias num samba de alma ao som do vento.

Era então uma dessas abafadas noites do final de Agosto em que o Alentejo se cobre de desconhecidos.

Entre eles, ela. Quando penso nesse verão vem-me à mente o seu corpo nu envolto em finos lençóis brancos e de como agora percebo que só vi dela o que ela quis mostrar.

Nessa noite fui buscá-la à casa branca, “Leva-me onde quiseres, Pedro. Leva-me a dançar” disse-me num sorriso sedutor como se eu a guiasse, como se eu detivesse o poder. Oh, que inocente, como me julguei numa posição superior?

Levei-a a uma festa na aldeia vizinha e deixei-a bailar. Eu não era, nunca fui, grande dançarino, mas gostava de a ver. Tirava a luz de todos e sem que eu me desse conta ela tornou-se na única coisa para a qual eu queria olhar.

Penso que foi neste momento que ela me enfeitiçou.

Tinha aquele tipo de sorriso que nos faz sentir como se fossemos a pessoa mais desejada do mundo, que ela não queria mais ninguém. Aí já não a conseguia largar.

Bebemos umas quantas cervejas. Lembro-me da cara dela rosada e os cabelos castanhos a emoldurá-la. Ah, como a desejei! Não havia mais ninguém para além de nós dois... Ela sabia, sabia tão bem que me tinha na mão e mesmo assim fingiu-se incrédula quando lhe disse que queria fugir com ela, deixar tudo para trás, tê-la feliz do meu lado. Ela riu-se docemente “Não sejas tolo, nem me conheces…”, a forma como os seus lábios eram vermelhos, e sorriam. Ah! Na altura eu era um jovem de vinte anos cansado de Évora, cansado daquela vida monótona e ela parecia a solução para tudo.

Beijei-a. Sabia a laranjas, a flores, a sol. Como me soube bem senti-la nas minhas mãos que, de repente, me pareceramtão rudes e provincianas. “Vamos embora daqui”, segredou-me. Eu faria qualquer coisa por ela.

Levou-me para um monte. Deitámo-nos a ver as estrelas e ela contou-me histórias sobre os astros e sobre a vida, e eu quis abraçá-la, mas senti-me demasiado rude para tocar em algo tão puro e belo.

“Sabes a casa” murmurou a meu lado. Eu afaguei-lhe os cabelos, desenhei a forma do seu nariz com a ponta do dedo.

“Vem comigo” supliquei “Sem ti a vida é vazia. Não te vás embora!” Ela nada disse, limitou-se a sorrir.

Fiquei calmo, convenci-me que ela não partiria. Prometi-lhe a vida. Como podemos prometer a vida a alguém? Como podemos prometer algo que ainda nem sabemos o que é? Naquele momento eu soube. Nunca mais entendi. Mas ali, junto dela, soube o que era desejar mais alguém do que a nos próprios.

Levei-a à pensão, aquela majestosa casa branca, e ela mandou-me entrar. Perdi-me entre aquilo que era o meu fim e o início dela. Ao fundo, o som da Bossa Nova: “São as águas de Março fechando o verão/É a promessa de vida no teu coração”.

Saí de manhã, ao raiar do sol, deixei-a com um beijo suave. O sabor a laranjas, flores e sol entrou em mim e ainda hoje o sinto.

Desci a rua e corri o mais depressa possível até casa.

“MAS ESTÁS DOIDO?” o meu pai gritava de braços no ar quando lhe contei o meu plano, “Mas tu queres ir para onde com a moça????”

“Lisboa, Madrid, o Mundo!” Ó pobre rapaz sonhador, agora vejo o ridículo, a tua ingenuidade face a esta manipulação.

Minha mãe desmaiou com a notícia, quase se agarrou às minhas pernas num choro profundo “Mas já? Agora?

Deixa-me ao menos fazer um lanchinho para a tua viagem!” E soluçava, soluçava alto “Oh filho, filho! Escreve-me cartas todos os dias que ligar está caro! Oh meu rico filho!”

Saí com meia dúzia de coisas e as minhas poupanças, que também não eram grande coisa, e corri à sua rua.

Bati à porta de madeira escura e esta abriu rangendo “Não, essa menina e a amiga partiram esta manhã da pensão. Não, não sei onde vão, provavelmente não voltam. Lamento rapaz.” Foi tudo o que um velho grisalho me disse, suponho eu o dono da pensão.

Esperei por ela a tarde toda, mas ela nunca voltou para mim. Só aí me apercebi que nem o nome dela sabia e senti-me inútil.

Deixei a cidade branca, parti. Ó rapaz enganado, quem te dera nunca ter visto aquele seu corpo descer a rua e a ter convidado a custo para estar contigo nessa noite! Sei que ainda hoje a procuras em todas e que em nenhuma a encontras.

Noa Brighenti, 11º J

Página 10

Confluências LATIM As Olimpíadas da Cultura Clássica são um concurso dirigido aos estudantes dos ensinos básico e secundário. Pretende-se com ele estimular o conhecimento e a curiosidade com desafios que apelam à escrita, à expressão artística e ao domínio de ferramentas digitais.

Os temas propostos para a edição 2018/2019 foram Perseu e Andrómeda, Dido e Eneias, e as Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

Participaram vinte alunos de Latim da ES Camões (10º e 11º anos). O Júri (Profs. Teresa Saborida e Mário Martins) selecionou os três melhores trabalhos da autoria de Noa Brighenti (11º J), Jéssica Monteiro e Sofia Carvalho (10º J), que alcançaram os melhores resultados na prova escrita (escalão C – Ensino Secundário). Aguardam-se os resultados finais nacionais.

O Júri felicita todos os alunos que participaram nesta aventura em torno da Mitologia Clássica, informando que serão agraciados com um diploma de participação.

"EM LISBOA, SÊ ROMANO." Alunos e Professor de Latim da E.S. de Camões visitaram o Teatro Romano de Lisboa (Felicitas Iulia Olisipo, designação atribuída à cidade pelos Romanos), na tarde do dia 2 de maio. Ali tiveram a oportunidade de compreender a impor-

tância daquele majestoso espaço lúdico edificado nos inícios do século I d.C. e ver muitos dos elementos arquitetónicos conservados, quer no museu, quer nas ruínas.

Foi uma visita de estudo marcante pela possibilidade de conhecimento in loco deste legado imperial da presença romana em Portugal que importa visitar e divulgar.

Aluna de latim presente em certame internacional de tradução Carolina Blu Bassano Carvalho, aluna de Latim da E.S. de Camões, participou no XXIX Certamen Ciceronianum Arpinas, evento que teve lugar na cidade natal do insigne escritor, orador e político romano Marco Túlio Cícero, na cidade de Arpino (Itália), de 9 a 12 de maio, e que contou com a presença de aproximadamente duas centenas de jovens oriundos de treze países europeus.

Por ter superado duas provas de tradução e comentário de dois textos do Arpinate (uma na E.S. de Camões, em 14 de março; outra, na Faculdade de Letras da U.L., em 29 de março), no âmbito do concurso de tradução ibérico I Iter Ibericum ad Arpinum, que pela primeira vez se realizou em Portugal em cooperação com a Sociedad de Estudios Latinos (SELat), Carolina Blu ganhou uma bolsa de estudos que lhe permitiu custear a inscrição no Certame Ciceroniano, a estadia e as viagens aéreas. Foi a única representante portuguesa neste famoso certame de tradução mundial.

Uma palavra de agradecimento à Prof. Doutora Cristina Pimentel (CEC - FLUL), pelo convite endereçado à nossa Escola a participar no I Iter Ibericum, à Sociedad de Estudios Latinos (SELat) e à Prof. Mariló Limo (IES Matilde Salvador - Espanha) que acompanhou a Carolina em Itália por impossibilidade da nossa parte. Valete!Para mais informações e fotos, consultar: www.certamenciceronianum.it/it/ e http://www.selat.org/.

uma das famosas epopeias homéricas, no original grego ou em tradução.

Fizeram esta leitura pública integral os alunos de Latim e o seu professor, tendo A Escola Secundária de Camões parti- assistido três turmas e vários professocipou, no dia 22 de março de 2019, na res.

“Leitura Pública Integral da Ilíada" (leitura do Canto I), um desafio lançado pelo Festival Européen Latin Grec O vídeo desta iniciativa pode ser visto na pági(http://festival-latingrec.eu/lecture-iliade/), que envolveu na web da Escola (https://liceucamoes.wixsite.com/camoes) várias Escolas e Universidades do mundo inteiro. ou no canal YouTube A ideia foi ler, em aproximadamente uma hora, a "Ilíada", (https://www.youtube.com/watch?v=hUovKHq4HRM&t=7s).

Alunos e Professor de Latim fizeram uma leitura pública do Canto I da ILÍADA, de Homero

Prof. Mário Martins

Página 11

Confluências OIT - UMA SIMULAÇÃO TRIPARTIDA No passado dia 9 de maio, um grupo de alunos participou numa atividade promovida pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e DGERT (Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho).

Esta atividade contou com a participação de mais duas escolas secundárias para além da nossa (que representava os Empregadores): a escola Pedro Nunes, anfitriã (que representava o Governo), e a escola Pedro V (que representava os Trabalhadores).

A reunião tripartida de diálogo social tinha como tema principal “Os Jovens o Futuro do Trabalho”, e os três tópicos mais focados foram: ‘igualdade de género’, ‘tecnologia versus humanização’ e ‘transição para o mercado de trabalho’.

Cada grupo representante apresentou várias propostas que foram discutidas ao longo da sessão. No final, as propostas consensuais foram transcritas para uma Declaração final que foi assinada pelos vice-presidentes de cada grupo e pelo presidente da mesa que dirigiu a sessão.

Esta experiência enriqueceu, de algum modo, quantos nela participaram, tendo-nos alargado, igualmente, o horizonte em relação ao mundo do trabalho.

Beatriz Pedroso, 12º K

AO VELHO CAMÕES (IN MEMORIAM) profanação é cedinho tarda sem folhas o madrugar das mochilas na quietude das platanáceas que suplicam ainda a primeira saudação some-se pela noite uma sirene salvífica atravesso por dentro as largas janelas conventuais de um ginásio delgadamente esmorecido e o velho soalho range num gemido castigado de anos de muitos anos de séculos ecoam pelas galerias versos soltos de

azulejos em risco e um canto épico definhando pelas frestas de protestos despachados é cedinho ainda e já tão tarde A. Souto (jan.2019)

Página 12

Confluências CONCURSO LITERÁRIO CAMÕES O reconhecimento de toda a comunidade escolar e a adesão continuada ao longo de 14 anos demonstram que vale a pena insistir neste concurso literário. Com o objetivo de promover a criatividade e a paixão pela escrita, sempre com base num tema ou frase desafiante, lançamos anualmente este repto em duas modalidades – poesia e conto.

Este ano o conto teria de partir de um quadro do pintor Fragonard, O baloiço, e de um poema de Jorge de Sena cujo centenário do nascimento se comemora. Onze contos originais provam que o desafio foi superado.

A todos os seus autores, por igual, a nossa gratidão.Sentimento que tornamos extensivo a quantos, formal ou informalmente, colaboraram e tornaram possível esta iniciativa.

Lídia Teixeira Teresa Saborida (Comissão organizadora, abril 2019)

1º Prémio (Poesia) Mª Beatriz Piedade, 12º B A cor da liberdade A cor da liberdade é a cor das flores para quem gosta de as olhar por horas infindas é a cor do mar e do céu para quem se deita no mar esperando deitar-se no céu que um é o espelho do outro é a cor do fogo para quem gosta e teme as suas destemidas e fugidias danças é a cor da primavera para os animais que acordam do seu sono é a cor do inverno para o pelo branco de uma raposa

é a cor do verão é a despedida das aves que voam nos céus escarlates para novos lugares Qual a cor da liberdade para nós Qual a cor da liberdade para o mundo a resposta não interessa o que interessa é que cada um de nós a encontre e seja feliz e seja livre

é a cor do outono para as árvores cansadas do verde e que por fim se vestem de outras cores [Ilustração: As quatro estações, Paul Cézanne]

Página 13

Confluências CONCURSO LITERÁRIO CAMÕES 3º Prémio (Poesia) Leonor Gaião, 12º I A minha cabeça é uma folha em branco De um branco escuro que me turva o existir Há mil perguntas e palavras que não alcanço Parece que já não me conheço nem sei para onde devo ir Sinto que não vivo Estou velho e cansado De tanto escrever Velho e cansado De me roubarem as folhas para as pintarem de branco Não há letra minha que não desapareça Não há palavra que não se transforme em algo que eu não disse Às vezes tenho medo de que toda a gente se esqueça Que toda a gente deixe também de viver Tenho saudades daquele breu sufocante da folha cheia Tenho saudades de me sentir confuso com tanto tormento que existia em mim Tenho saudades de dizer tudo, de cantar mal e de cantar bem De cantar como me apetece

Menção honrosa (Poesia) Beatriz Xavier, 12º E A cor da liberdade Sou um herói de sangue e cinzas Uma alma que dá a volta ao Universo Por vezes tropeço Revolto-me e grito.

Porque não sou livre.

E a dor é maior que a esperança Que brinca e se esconde como uma criança À espera de ser descoberta.

Recordo tempos antigos e vidas remotas Oiço o silêncio que me inunda os

Tenho saudades E também tenho saudade de ter algo mais a não ser saudade A minha cabeça é uma folha em branco E eu estou cansado, estou tão cansado Eles não queriam que eu pensasse E agora parece que já não sei pensar Sou uma folha em branco Sou uma criança sem a inocência Porque já vi demais Já vi de tudo E até do desejo de querer ver eles me afastaram Hoje já só quero poder ver a folha rasgada Porque nela escrevi demasiadas palavras Quero de volta o excesso e o horror do meu pensamento Hoje quero escrever até me doer a mão E, de manhã, quando acordar Quero ver o breu na folha das minhas olheiras prensadas a carvão Quero uma folha em preto E olheiras em branco Quero poder dormir e descansar Saber que posso cantar outra vez como me apetece Quero que volte a confusão de perguntas E que morra a podridão de não poder fazer nem uma

olhos E sinto frio Caminho sem rumo Sou prisioneiro de mim mesmo.

Deste sentimento confuso pouco resta Pinto uma paisagem de pensamentos Reabro feridas há muito saradas Sou tudo e nada Louco.

Onde a arte da felicidade?

E se a cor das minhas ideias Ganhasse asas E se a cor das minhas ideias Saísse à rua De que cor veria o mundo a minha liberdade?

Página 14

Confluências CONCURSO LITERÁRIO CAMÕES 1º Prémio (Conto) Maria Verónica Ingham, 12º H A arte do tempo «...só o amor concede eternidades» (Mia Couto, in Estórias Abensonhadas)

A chuva abatia-se com uma força tremenda sobre o tejadilho do carro, enquanto guinava para a direita, fazendo o veículo emergir de um aglomerado de plátanos, tílias e sobreiros. Os limpa-para-brisas mostravam-se ineficazes perante a intensidade súbita, ao mesmo tempo que via erguer-se, ao longe, a casa de um amarelo desbotado. Casa num sentido figurado, uma vez que se encontrava diante de uma mansão com 150 anos, mais ou menos bem conservada.

Uma mansão agora transformada num lar.

Ao estacionar, reparou imediatamente na figura que se encontrava à sua espera. Não era difícil descortiná-la da paisagem embaciada, pois o seu uniforme, branco e imaculado, destacava-se do ambiente em redor.

Guardou as chaves, pegou no guarda-chuva e saiu de encontro ao temporal. Ao erguer os olhos, e enquanto encurtava a distância entre ele e a enfermeira Carmo, reparou que, de uma das janelas, uma figura o observava. O seu pai.

Contudo, ao contrário do que ele inicialmente pensara, não era ele o objeto dos seus olhos, estes encontravam-se vítreos, num rosto corado marcado por uma expressão especulativa.

Subia agora as escadas com um vigor renovado, numa ânsia contida de tentar entender a razão daquele estado, sem se aperceber de que, enquanto isso, a enfermeira Carmo lutava para o acompanhar, fazendo-lhe um breve relato dos últimos dias.

Raramente saíra, comera pouco e recusara-se terminantemente a tomar os medicamentos, nem quando o avisaram de que ele viria a mostrar-se interessado.

Bateu levemente à porta, mais devido à força do hábito do que por educação, entrando de seguida silenciosamente no quarto. Nunca lá estivera.

Usualmente, ia ter com o pai à receção, para passar o dia com a família. Este pormenor, esta alteração na rotina, foi o suficiente para o deixar alerta.

Começou a perscrutar o ambiente à sua volta. Um

armário grande, azul madrepérola, encontrava-se encostado à parede do lado da porta. À cama, acabada de arrumar, juntava-se uma mesa de cabeceira com um aspeto frágil, mas que se encontrava atulhada com uma quantidade impressionante de livros e revistas.

De frente para a janela, sentado numa cadeira esguia de madeira, o pai olhava agora para um pequeno objeto que segurava na mão esquerda. Uma moldura que continha a fotografia da sua mulher.

Ao verificar o dia no telemóvel, as suspeitas de George confirmaram-se. Não era uma ocasião qualquer, era o dia em que os pais completariam precisamente 60 anos de casados. Foi nesse fatídico dia, há 20 anos, que se deu o acidente, logo depois da renovação dos votos de casamento.

Toda a família se encontrava em êxtase e tinha combinado fazer-lhes uma surpresa, aquando do fim da cerimónia, no seu restaurante de eleição situado em Londres, o Royal Sunset e, de seguida, deixariam os pombinhos na praia para passearem, mas esses planos nunca chegaram a concretizar-se. No caminho para lá, um trajeto mal assinalado ditou o destino de ambos. Numa única noite, Richard perdera a mulher, a mobilidade no braço direito e, sobretudo, perdera a alegria de viver.

O olhar de George recaiu sobre o quadro exposto na parede, uma recriação fiel de “O Baloiço” de Jean-Honoré Fragonard, justamente da autoria da sua mãe, uma amante da arte. Ela tinha um particular fascínio por aquele quadro. Era surpreendentemente hábil a retratar o contraste de luz e as pinceladas delicadas.

Sentiu um aperto ao recordar o momento em que ele e os irmãos lhe ofereceram não só um serviço de loiça com Fragonard em destaque, como a ambos os pais camisolas com o quadro estampado. À época, a reação do pai fora hilariante.

No presente, sofria ao sentir o fosso que se erguera entre eles, ao saber o quão distantes agora eram um do outro. Na verdade, a princípio, as visitas eram frequentes. A família reunia-se de propósito para recordar os bons velhos tempos, os netos ouviam-no com atenção, devido às histórias que contava, mas também à forma como o avô era capaz de os cativar, através do seu modo de gesticular, dos olhos brilhantes e do sorriso que se alargava à medida que imergia nas suas memórias. […]

Página 15

Confluências CONCURSO LITERÁRIO CAMÕES 2º Prémio (Conto) Luís Miguel L. dos Santos e Silva, 11º H Plena liberdade invernal

Verão

Primavera Saímos dos cuidados paliativos. Ela tinha-me pedido para que a levasse para o parque próximo do hospital.

Era neste parque que ela brincava na infância. Por este parque, nos últimos tempos, passámos a morar na casa em que ela vivia quando era menina. Por ele, mudámos de hospital, para que ela pudesse abandonar o corpo num sítio onde fora tão feliz. Mas foi nela que a esperança desapareceu primeiro.

Lentamente, descemos as escadas e parámos frente ao abundante verde. O sol brilhava sobre o prédio do hospital atrás de nós; brilhava sobre as árvores, flores e relva que víamos. O vento soprava levemente, e tudo se movia. Víamos a luz branca do sol, no meio do céu azul, sobre as laranjeiras, as folhas verdes, os troncos castanhos, as flores policromáticas. No céu, aves trissavam e deslocavam-se em direção ao Sul. Ela mandou-me sentar num banco e que esperasse pacientemente. Ela sabia que eu não concordava com a sua decisão. Para mim, havia esperança. Mas obedeci. Ela, torturada pelas dores que sentia, caminhou em direção ao seu antigo baloiço. No seu andar, eu via nitidamen-

3º Prémio (Conto) Noa Brighenti, 11º J Ele era um homem simples Ele era um homem simples, tanto no vestir como no trato. Vivia no topo da sua aldeia, numa pequena casa feita de pedras pretas e com uma estreita porta que a coloria.

Janelas só existiam na cozinha, no quarto e na sala de jantar. Uma em cada divisão.

Quando saía à rua, muito raramente, estava habituado a que os outros habitantes da aldeia o procurassem para conversar, talvez por preocupação, ou só para ver o tempo passar. Ele respondia de forma cordial e rápida, para não dar azo a longas conversas.

te tristeza, desânimo, descontentamento, sofrimento. A sua alma (ou seu espírito) estava presa ao seu corpo, e tudo o que ela mais queria era libertar-se. Mas não eram horas de ela partir.

Ela sentou-se no baloiço. Nesse momento, o vento parou, a temperatura subiu, os rapazes saíram do parque e foram aproveitar um pouco da praia.

Ela não tinha mais forças, mas também não queria que eu a ajudasse. Segurou as correntes do baloiço e com os pés começou a empurrar o chão, esticando as pernas o máximo que conseguia. Ganhou balanço. Apesar do suave baloiçar, o sol quente aquecia o baloiço metálico, que por sua vez lhe aquecia o cansado corpo.

Decidiu então tirar o gorro da cabeça, depois a gola do pescoço, por fim as luvas das mãos e o casaco do tronco. Sentiu-se mais confortável. Corri. Fui até ela e peguei nas suas peças de roupa. Ela olhou para mim e com os olhos pediu-me que simplesmente a aceitasse.

Baixei a cabeça como sinal de alguma aceitação, mas ela sabia que ainda não tinha perdido a esperança. O seu rosto mudou. Nele eu via agora algum conforto, e até algum contentamento, na aflição. Talvez fossem mesmo horas de a deixar partir. […]

Um dia, ainda de manhã muito cedo, pegou na sua carrinha e percorreu alguns quilómetros até uma terra vizinha para uma tarefa mundana, não me recordo qual, provavelmente ir ao sapateiro. Na viagem, reparou numa grande árvore a meio do caminho.

Inicialmente, a forma bizarra da árvore chamou a sua atenção e, à medida que se aproximava, reparou em pormenores que o deliciaram: as

pequenas flores, as folhas finas e o tronco rugoso que desenhava figuras com os seus ramos. Era a mais bela árvore que havia visto.

Parou o carro. Ali, no meio da estrada, saiu para a sombra da majestosa natureza e, durante um tempo, ficou a cismar naquela árvore pela qual ele provavelmente passara tantas vezes e nunca reparara.

– O senhor é o senhor António? – Perguntou um velho que se aproximava a passos largos com uma bengala de madeira e manco de uma perna. Ele abanou a cabeça, que não. – Esta juventude é incompetente. Estou aqui já faz uma hora!

Eu com a idade deles já trabalhava, e este moço, que só deve ter uns trinta anos, esqueceu-se de mim.

Oh, Deus me livre, que a idade já não perdoa... […]

Página 16

Confluências CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO O mais importante é sensibilização das camadas mais jovens da população, pois são eles que terão em mãos as futuras políticas e ações.

Lixo marinho (Entrevista a José Maria Candeias *) Como diferencia o contributo das várias “regiões” do globo para o lixo marinho?

Todas as regiões do globo produzem resíduos que acabam no mar. No entanto, é óbvio que regiões menos desenvolvidas do globo apresentam um contributo maior, não só na produção de lixo, como também na forma incorreta de tratar estes resíduos. Esta diferenciação está ligada não só ao desenvolvimento económico do país, como também ao nível de vida da população.

Como investigador que caracterizou a problemática do lixo marinho na costa portuguesa, que radiografia nos consegue apresentar?

Existe, sem dúvida, um problema com o lixo marinho na nossa costa. Grande parte da poluição costeira advém de dois grandes grupos: dos utilizadores da praia e da atividade pesqueira. Existe também uma fração de lixo que chega à costa através do rio e das escorrências pluviais. Regra geral, os resultados das investigações em que participei sempre apontaram para maiores quantidades de lixo na costa mais a norte, mas a minha experiência pessoal a recolher lixo na zona da Grande Lisboa diz-me que estes resultados podem ser enviesados, consoante o método de recolha.

Mas posso dizer, sem sombra de dúvida, que todas as zonas da nossa costa se apresentam poluídas por diversas tipologias de lixo marinho.

à saúde, como por exemplo metais pesados, ou substâncias resultantes de pesticidas. Ao serem ingeridos microplásticos contaminados, estas substâncias contaminam não apenas os animais que as ingeriram, como também todos os outros que deles se alimentam, inclusive seres humanos.

Nas praias portuguesas, que tipos de resíduos são mais frequentes?

Sem sombra de dúvida, os resíduos de plástico, tal como em todas as praias no resto do mundo. Especificamente, plástico resultante de atividades pesqueiras, e microplásticos fragmentados são muito comuns nas praias portuguesas.

Que papel pode ter a indústria para uma minimização do lixo marinho?

O principal papel que a indústria poderá ter na minimização da poluição do meio marinho é a substituição dos materiais usados hoje por novos materiais, mais reutilizáveis ou até mesmo degradáveis, de forma a prevenir a poluição na sua fonte. Claro que isto é muito fácil de pedir e ponderar, mas muito difícil de aplicar, já que o plástico é realmente um material fantástico em termos económicos, e de muito difícil substituição.

Qual o contributo de cada um de nós (consumidores) para a solução do problema do lixo marinho?

O principal contributo dos consumidores será sempre a redução. Reduzir o consumo, principalmente de plástico.

Cada vez existem mais alternativas, e o melhor que cada um de nós pode fazer é reduzir a quantidade de lixo que produz. Claro que a reciclagem é muito, muito importante, Quais as linhas de investigação científica na área mas a redução do consumo e a mudança dos hábitos são a chave. do lixo marinho?

Muitas das áreas de investigação em biologia e ecologia Em Portugal, o que está a ser feito para conscienmarinha adaptaram-se ao estudo do lixo marinho. Existem cialização da população sobre o lixo marinho? estudos baseados na abundância e distribuição do lixo, na Muitas organizações nacionais, tal como o GEOTA, desensua caracterização, nos impactos ambientais, e até na ecoto- volvem ações de formação, workshops, saídas de campo e xicologia, já que os resíduos de plástico acumulam compos- palestras que têm como objetivo sensibilizar a população tos químicos prejudiciais aos organismos, quando ingeridos. para esta problemática. O projeto Coastwatch é apenas um Relativamente aos microplásticos nos ambientes marinhos, quais as fontes produtoras?

As principais fontes dos microplásticos são as fragmentações de pedaços de maiores dimensões e, no caso do pellets de plástico virgem, devido a perdas e derrames durante a fase de produção e de transporte, sendo que estes resíduos facilmente chegam ao meio marinho.

Quais os efeitos dos microplásticos sobre os animais marinhos e sobre a saúde humana?

O principal impacto dos microplásticos nos animais marinhos deve-se à sua ingestão. A ingestão de microplásticos pode causar diversos problemas, como o bloqueio do tubo digestivo. No entanto, o principal impacto destes resíduos, transversal aos organismos marinhos e aos seres humanos, deve-se à acumulação de substâncias químicas prejudiciais

exemplo. Também a investigação científica tem vindo a prestar um grande contributo. O mais importante é sensibilização das camadas mais jovens da população, pois são eles que terão em mãos as futuras políticas e ações.

Entrevista no âmbito do Projeto de Cidadania e Desenvolvimento /Projeto CoastWatch Europe, 10º N * José Maria Pereira Bagorro Candeias Doutorando em Ecologia Marinha.

Investigação: “Marine litter occurrence patterns along the Portuguese coast in the past decade”. Ecologia Marinha, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2015.

Página 17

Confluências CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO CoastWatch: Vegetação Invasora na Lagoa de Óbidos A Turma do 1º N participou no projeto CoastWatch Europe, campanha 2019, tendo realizado o trabalho de campo na Lagoa de Óbidos.

A Lagoa de Óbidos, do ponto de vista geológico, é uma laguna costeira – um meio sedimentar natural numa zona deprimida. As lagunas costeiras são corpos de água terrestre de interface de dois sistemas hidrológicos, continental (água doce) e marinho (água salgada). A lagoa está separada do mar por uma barreira de areia e conectada ao oceano por um ou mais canais.

De modo geral, as lagunas são ambientes de grande riqueza económica, de beleza paisagística inegável e notável valor ecológico ,e contam-se entre os meios mais produtivos da biosfera.

Este trabalho consistiu na observação e registos de dados ambientais no questionário CoastWatch sobre várias zonas costeiras: Zona Intertidal, Zona Supratidal e Zona Interior Contigua.

Os dados registados no questionário contemplam várias categorias: lixo e poluição costeira, vegetação autóctone e espécies invasoras, entradas líquidas de água doce no meio marinho, entradas poluentes, fauna, riscos ou alterações negativas no sistema terra/mar adjacente à linha de costa (risco de erosão costeira, pressão turística, esgotos, poluição industrial, entre outras).

A observação do local permitiu-nos identificar algumas situações menos positivas neste ambiente costeiro, nomeadamente o lixo marinho e a vegetação invasora.

Qual o Impacto das espécies exóticas ou invasoras nos ambientes?

Ao preparar este texto, li que os cientistas não sabem ao certo quais são as consequências da presença de espécies exóticas nos ecossistemas, pois cada uma tem um equilíbrio próprio. Pode-se adiantar que, no entanto, implicam perdas significativas a nível económico, impactos consideráveis na biodiversidade, alterações nos serviços dos ecossistemas e até problemas de saúde pública.

Nas dunas da Lagoa de Óbidos, observamos duas espécies vegetais invasoras predominantes: o Chorão (Carpobrotus edulis) e as canas (Arundo donax). A primeira é um subarbusto rastejante perene, de folhas muito carnudas e grandes flores rosadas ou amarelas e muito frequente em dunas. A segunda, muito comum nas proximidades de linhas de água. Invade zonas ripícolas, zonas húmidas e zonas pantanosas costeiras. É muito frequente à margem de estradas e áreas agrícolas.

Foto 3 Como o próprio nome indica, caso não sejam controladas, invadem muito rapidamente os Foto 4 ecossistemas, por isso os organismos que gerem o litoral (ICN e outros) desenvolvem ações de gestão e controlo das espécies exóticas vegetais, mas também animais.

Na foto 5, é bem visível o “tapete” de chorão a cobrir uma grande área dunar, não deixando espaço para o povoamento por espécies vegetais características destes ambientes. No canto superior direito da foto, observa-se na duna vegetação autóctone, como seja o estorno (Ammophila arenaria) e o cordeirinho das praias (Otanthus maritimus), entre outras. O Contraste na biodiversidade é nas duas áreas da duna bem visível na foto e justificado pela presença ou não de chorão.

Foto 1

Foto 2

João Devesa, 1º N

Legenda:

Foto 5

Foto 1 – Lagoa de Óbidos, um sistema de interface continental e marinho Foto 2 – Questionário CoastWatch Foto 3 – Flor do Chorão Foto 4 – Canas (Arundo donax) Foto 5 – Nuno Cunha arrancando o chorão, Duna da Lagoa de Óbidos

CoastWatch 2019 (Comunicação de resultados)

(Instalação lixo marinho e resíduos de praia)

Página 18

Confluências UMA VISITA DE ESTUDO Visita de estudo ao Centro de Ciência Viva de Estremoz e à Pedreira de Santo António No passado dia 30 de janeiro (2019), os alunos das turmas A e D do 10º ano partiram de Lisboa, pelas 8h15, para a uma visita de estudo ao Centro de Ciência Viva (CCV) de Estremoz, em pleno centro desta cidade alentejana, e à Pedreira Municipal de Santo António, onde se faz a exploração de mármore.

Chegados ao CCV, os alunos formaram 4 grupos, para que as visitas corressem da melhor maneira.

Da parte da manhã, os alunos visitaram a Pedreira, um local onde a curiosidade, a discussão, o espírito científico, a análise e o registo dos resultados são ‘fermentados’ nos jovens cientistas. Na receção, foramlhes recomendadas algumas medidas de segurança, tais como andar sempre com o capacete (fornecido pelo Centro) e não se debruçarem quando estivessem no “buraco”. De seguida, foram mostrados 3 exemplares de rochas que existem na pedreira (mármore, a mais abundante, xisto e metadolomia) e fizeram-se algumas experiências, nomeadamente testar a sua rigidez bem como a reação destas com os ácidos.

Foram enunciadas aos alunos algumas das vantagens da pedreira (oferta de trabalho e, em termos económicos, o bom rendimento) e das desvantagens (a poluição sonora; tratar-se de um trabalho perigoso; os solos ficarem inférteis, e ainda o contraste com a paisagem natural). Entretanto, os alunos dirigiram-se ao referido “buraco”, local onde se extrai o mármore.

No regresso ao Centro, todos os alunos se encontravam felizes, pois podiam levar consigo um pedaço de mármore para casa.

Finalmente, após o almoço, por volta das 14h15, e a passagem pela exposição “Terra, um Planeta Dinâmico “, deu-se por terminada a visita, dirigindo-se todos os alunos para o autocarro, agora de regresso à capital.

Catarina Costa, 10º A

AINDA COM J. DE SENA Depois de uma Aula Aberta por Duarte Bénard da Costa, a 28 de março, em torno de “O físico prodigioso”, foi a vez de o Professor Jorge Fazenda Lourenço apresentar uma interessante ‘leitura’ de “Super flumina babylonis”, a 4 de abril.

A ilustração aqui apresentada, da autoria de Beatriz Mendes (12º D), é inspirada no conto “Super Flumina Babylonis”.

Página 19

Confluências ABRIL CELEBRADO “45 anos depois, o 25 de Abril explicado aos jovens por Camilo Mortágua, Amândio Silva e o Major Mário Tomé que nos deram a honra da sua presença. A sessão foi moderada pelo Diretor João Jaime Pires tendo o público participado com várias questões. No final, o coro Camões entrou no auditório e cantou canções e poemas de Abril.”

Tiago Brandão Rodrigues, assegurando que a À terceira vez, foi adjudicada a obra de "obra se iniciará em breve". requalificação do antigo Liceu Camões […]

A obra de requalificação do antigo Liceu Nos últimos anos foram vários os protestos de Camões, em Lisboa, foi adjudicada, revelou esta alunos e professores exigindo a realização de sexta-feira à Lusa o ministro da Educação, obras que travassem a degradação da escola. recordando que as obras vão rondar os 15 Em fevereiro de 2018, os alunos concentraram milhões de euros, depois de dois concursos sem -se em frente à escola para exigir uma resposta concorrentes. da tutela às más condições do edifício, lembran"Este Governo comprometeu-se com a do que estão desde 2011 à espera das obras em requalificação da Escola Camões e é muito diversos espaços, entre eles o ginásio, as oficiimportante poder dizer que foi oficialmen- nas de artes e alguns laboratórios de Biologia. te adjudicada a empreitada de requalifica- […] ção do antigo Liceu Camões com um valor TSF, 08/03/2019 que ronda os 15 milhões de euros", afirmou [https://www.tsf.pt/sociedade/educacao/interior/adjudicada-obra-de-

requalificacao-do-antigo-liceu-camoes]

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES http://www.escamoes.pt BE/CRE

Página 20

Confluências

B

R

E

V

E

S

http://esccamoes.blogspot.com/

INFORMAÇÃO Com a adjudicação da empreitada para a reabilitação da Escola Secundária de Camões, e o início de preparação das obras para breve, não será permitido o estacionamento de automóveis na Escola a partir de 17/06/2019 (até ao final da obra, que se prevê ocorra em agosto de 2021).

(Assistentes operacionais)

Falecimento

D. Olinda Valentim D. Celeste Neves D. Helena Silva

Profª Isabel Rodrigues

Com gratidão,

Felicidades!

Página institucional da Escola Secundária de Camões https://liceucamoes.wixsite.com/camoes

A todos quantos colaboraram com a cedência de textos, fotos e cartazes para este Boletim, uma palavra de agradecimento.

Com o generoso apoio do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal