B O C A E N . 1 T R I M E S T R A L O U T O N O / O T O Ñ O 2 0 2 2
Editorial
Terão sido muitos os que, ao lerem O Perfume de Patrick Süskind, retiveram uma passagem fulcral do livro: “As pessoas podem fechar os olhos diante da grandeza, do assustador, da beleza, e até podem tapar os ouvidos diante da melodia ou de palavras sedutoras Mas não podem, nunca, escapar ao aroma. Pois o aroma é um irmão da respiração, e com esta, ele penetra nas pessoas, que não lhe podem escapar, caso queiram viver.”
Para além de o olfacto estar intimamente ligado ao processo que nos permite respirar, portanto, Viver; o olfacto é também o único sentido que tem ligações directas com o hipocampo, a região do cérebro associada à memória
Apesar da sua vital importância, o olfacto tem sido relegado para lugares de pouco destaque quando de “Estilo de Vida” falamos E é essa lacuna que pretendemos colmatar ao lançarmos a BOCAE, a primeira revista de lifestyle olfactivo Aqui, o olfacto ditará as regras e todos os outros sentidos reunir se ão à sua volta. [Respira.Cheira.Vive]
Cláudia Camacho [Perfumista]
Nuno Miguel Dias [Gastrónomo]
6. Casas da Ribeira (Ilha Terceira) 12. Quinta do Grande Lago (Reguengos de Monsaraz) CHEIRAR E FICAR 20 Caneta (Ilha Terceira) 23. Sumaya (Lisboa) 28. Downunder by Justin Jennings (Lisboa) CHEIRAR E COMER 32. Vinhos D'Eça CHEIRAR E TOCAR 37 Flora Arcana por Mário Pires 43. "Canto de Outono" de Ruy Belo CHEIRAR E VER 46. Arcaico 47. Benamôr 48. LXeeseCake 49. Sal Marim 50. Vinhos D'Eça CHEIRAR E COMPRAR 50. Marta Crawford (Entrevista) 52 "Cantiga do Monte" de José Afonso CHEIRAR E OUVIR 53 Edición en Español EDIÇÃO EM ESPANHOL
Casas da Ribei ra
ILHA TERCEIRA AÇORES
CHEIRAR
Texto Nuno Miguel Dias Fotos Casas da Ribeira e BOCAE
E FICAR 06/
INFO / Rua da Nossa Senhora da Ajuda, Santa Bárbara 9700 471 Ilha Terceira Açores +351 918 268 169 info@@azoresretreat com www azoresretreat com
Partindo do princípio que o deslumbramento ocorrerá a partir do momento em que, ainda do avião, a Terceira se manifesta sob a aparência de um belo padrão de tartã escocês (chamar lhe “manta de retalhos”, como se lê amiúde, é pouco exótico), tenha se a certeza de que não será possível seguir directamente para o alojamento Acomete nos uma urgência exploratória intentando confirmar que, lá do ar, tudo aquilo não era só uma miragem Que piora quando, uma vez fora da aeronave, se sente o aroma de outros tempos.
A Terceira, essa, é aquela gota feita de gente impoluta, sorridente e genuinamente hospitaleira que, caída no meio do Atlântico por obra e graça do Fortúnio, emprestou ao mar mais encanto e, a quem tiver a sorte de ali arribar, puro fascínio. É pois natural que, uma vez a chave do carro alugado esteja na mão percorramos, a partir daquela face mais oriental da ilha (sendo que o alojamento está na ponta oposta), as suas estradas mais antigas, que são sempre as que permitem surpresas, seja nas Ilhas da Bruma ou em qualquer lugar, por mais distante Se optarmos pela ascensão a Norte há Malícias, Vila Nova, Quatro Ribeiras, os Biscoitos e as suas vinhas tão características, a orla costeira cheia de dramatismo que se estende até Altares, Raminho, Serreta, Doze Ribeiras e, finalmente, Santa Bárbara, onde fica o nosso destino, as Casas da Ribeira
É isso mesmo que são todas as ilhas dos Açores… Um Portugal num estado mais puro, sem mácula de um progresso que não serviu O Homem.
imperdível para que a chegada ao alojamento não seja feita já a lua vai alta. Sem problema, as portas abrem com código De Santa Bárbara ainda se descende um pouco em direcção à costa, o que acentua o bucolismo de um lugar onde a montanha, lá em cima, é iluminada por algumas estações de ordena móveis (sim, as vacas, as muitas vacas da Terceira), a localidade é bucólica e as Casas da Ribeira dão nas vistas a partir do exterior, com a sua traça típica. Lá dentro, é o franco deslumbre. Nenhum detalhe escapou ao jovem casal que agarrou este projecto e as madeiras refazem a estrutura, fundindo se na perfeição com a pedra vulcânica, típica da construção da ilha e aproveitando, de forma inteligentíssima e com um bom gosto irrepreensível, todo o espaço por forma a que o conforto seja lei
Há zona de estar, um mezanino onde fica o quarto, uma cozinha totalmente equipada numa das casas e a outra, geminada, é um espaço mais convencional onde, porém, os detalhes decorativos são preciosos, das tapeçarias ao beliche implícito na parede. Ambas têm jardim privado nos topos opostos, por forma a permitir privacidade A manhã revela então as vistas sobre o mar, que se pode alcançar a pé para chegar ao Miradouro de Santa Bárbara. E o padeiro chega por volta das 8h, deixando o pão à porta As Casas da Ribeira merecem colocar esta parte da ilha na sua Rota do Charme.
Quin ta do
Gran de Lago REGUENGOS DE MONSARAZ CHEIRAR E FICAR P 12/ Texto Cláudia Camacho Fotos BOCAE INFO / Via do Grande Lago, 11 7200 232 Reguengos de Monsaraz +351 965 784 389 quinta@grandelago pt www grandelago pt
Em tempos pouco idos, e de certa forma estranhos, fomos obrigados a parar. A pandemia iniciada em 2020 fez com que muitos planos estagnassem, muitas vontades tivessem de ser postergadas e alguns sonhos adiados. Toda esta realidade não abalou, nem um centímetro, a vontade de Nuno Lavaredas. Filho da terra, habituado à calmaria alentejana, a um muito na moda “slow living”, Nuno fala orgulhosamente do seu feito, do seu sonho realizado: a Quinta do Grande Lago, em Reguengos de Monsaraz.
Tem as datas bem decoradas: o início da construção do seu monte deu se a 23 de Junho de 2018 e a abertura do seu alojamento ao público deu se, exactamente, três anos depois, a 23 de Junho de 2021. E realçamos aqui o “ seu ” porque foi o próprio Nuno o construtor desta belíssima empreitada. Podemos dizer que tem a escola toda, porque fez da construção civil a sua profissão. Mas, certo dia, cansou se de trabalhar para os outros, de construir os sonhos dos outros e decidiu dedicar se à arte de bem receber.
Vamos recordar para sempre esta estadia porque a Quinta do Grande Lago, por ainda ser recente e por nos encontrarmos em época baixa quando a visitámos, estava totalmente disponível para nós. O que hoje em dia, face ao sucesso que está a ter, seria quase impossível acontecer.
O facto de o monte se encontrar elevado faz nos ter uma vista panorâmica de 360 graus que alcança quase 50km de vista: avista se o Castelo de Monsaraz, o Castelo de Mourão e as águas do Lago do Alqueva.
Tudo isto com o som moderado do vento a assobiar nas nossas orelhas, a tranquilidade com que os alaranjados do ocaso nos aquecem a alma. O espaço está pejado de cheiros inebriantes de flores silvestres Nuno parece querer resguardá las mesmo que tenha planos para receber na quinta a presença de alguns animais. Cardo, malva bastarda, serralha, soagem, menta, hortelã e mais um sem fim de tantas outras que enriquecem o bulbo olfactivo Há oliveiras, árvores de fruto e amoreiras
Todo o monte está rodeado por vinha. Não pertencem ao alojamento mas casam de tal forma tão bem com o meio circundante que os cinco quartos da Quinta do Grande Lago estão identificados por nomes de castas: Arinto, Antão Vaz, Aragonês, Castelão e Trincadeira. Ao centro, uma piscina. Os quartos, minimalistas, são espaçosos e são servidos por um terraço onde podemos assistir à noite, de forma serena, à sinfonia dos grilos. A Quinta do Grande Lago é assim: um espaço que percebeu que às vezes não vale a pena inventar muito. Basta, apenas, ser fiel às suas raízes
Texto Nuno Miguel Dias Fotos Caneta e BOCAE
Bem aventurados os que chegam à Ilha Terceira porque certamente terão de passar pela sua Costa Norte. Aí serão recompensados. Ou porque desfrutarão das Piscinas Naturais dos Biscoitos, esse mágico lugar onde o magma solidificado se fez, em tempos, ao mar e, hoje, ao mar se faz quem quer Ou porque visitarão o Museu do Vinho ou, melhor ainda, no portão em frente, travarão conhecimento com os Brum, da Casa Agrícola homónima, família indissociável da incrível história do vinho da casta Verdelho que a Ilha do Pico tornou famoso mas que foi esta terra que o viu nascer Ou porque, um pouco mais adiante, na Estrada Nacional 1, mesmo antes de passar do cruzamento com a Estrada Nacional 3 que levará ao mui florestal coração da ilha, está Altares, onde os perfumes da gastronomia local invadirão o carro e tornam impossível a continuação da viagem
Caneta
I L H A T E R C E I R A A Ç O R E S C H E I R A R E C O M E R 2 0 B O C A E
A paragem é certa. Estamos no Restaurante Caneta, baluarte da cozinha terceirense.
Antes de mais, alertar para o facto da expressão “Cada uma das 9 ilhas tem o seu encanto” ser do mais verídico que há. Assim como é incontornável o facto do principal encanto da Terceira ser, para além das gentes e daqueles bosques de odoríferas criptomérias, a comida E tudo o que a rodeia Nomeadamente, os aromas. Até o néctar dos deuses, da casta que no continente se denomina “americana”, se chama aqui Vinho de Cheiro. O doce aroma da hortelã é o próprio aroma do Culto que aglomera mais fiéis por aqui, porque entra nas Sopas do Espírito Santo. E a Alcatra, que é uma readaptação da Chanfana, trazida pelos povoadores beirões, apesar do vinho e do louro, toda ela é fragrância a Pimenta da Jamaica e Açafroa.
Só quem nunca provou pode pensar que ser se a Embaixada da Alcatra, epíteto aplicável ao Restaurante Caneta, pode pensar que isso não será grande coisa. É. Indiscutivelmente. Até porque todos os sabores da Terceira que não só o prato mais emblemático da ilha, cabem aqui. Esqueçam as Lapas ou o Queijo de Cabra Fresco Não que não sejam imperativos Mas terão várias oportunidades, durante a estadia. O nosso conselho vai na direcção da salsicha fumada caseira para entrada, a imperdível Alcatra com Massa Sovada ou o Torresmos, Linguiça, Morcela e Molho de Fígado (sim, tudo isto num só prato), os Torresmos do Entrecosto e, para sobremesa, o Pudim de Queijo da Ilha com Ananás ou o tipicíssimo Doce de Vinagre. Para acompanhar, um vinho dos vizinhos Biscoitos fará o casamento perfeito
Sumaya
Apaixonado que sou pela gastronomia daquele Norte do Mediterrâneo Arábico, que em tantos pratos cruza Líbano, Síria e a religiosamente díspar Israel recebi, com manifesto entusiasmo, a notícia de abertura de um restaurante Libanês em Lisboa, mais exactamente ao Príncipe Real, no ido Setembro de 2018. Nunca cheguei a visitá lo, até agora. O facto de ter sobrevivido à pandemia, que encerrou tantos estabelecimentos em Portugal, era um bom indicador.
Reserva feita (é conveniente, se não obrigatória), entremos.Em primeiro lugar, a decoração. Simples e despojada, leva nos ao médio oriente com pequenos apontamentos que se inserem na perfeição num todo que é indissociável da arquitectura daquela zona lisboeta, como o chão e as muitas salas onde a luz entra ora profusamente por grandes clarabóias ora por uma iluminação que não a natural que favorece o recato
Texto Nuno Miguel Dias | Fotos Sumaya e BOCAE
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E para quem não conhece esta gastronomia, seguem se alguns conselhos. A carta de vinhos é curta mas portentosa. De notar, contudo, que estamos a falar de uma cozinha praticada em países onde o álcool não é consumido da mesma forma que pelo mui vinhateiro mediterrânico É claro que muitas destas receitas vêm do tempo em que assim não o era e o vinho, esse néctar bíblico, consumia se com pompa e em qualquer circunstância. Existem, inclusivamente, alguns (bons) vinhos libaneses na carta e até a cerveja Almaza, presença obrigatória nas famosas esplanadas de Beirute. Também há grandes rótulos e até sangria (nem se atrevam) Mas aconselhamos, isso mesmo, um chá ou uma infusão. Depois, e porque as entradas são as mesmas especialidades, em menor quantidade, que constituem os pratos, passemos então à opção de poderem ser combinados. Optámos pelo mais diversificado, o Mesa Hamra, para 2 pessoas, com oito especialidades para degustar.
O Hummus e o Baba Ghanouj poderão parecer muito parecidos )embora um seja à base de grão de bico e o outro de beringela) e devem ser consumidos com pão libanês (pão ázimo, sem fermento). São pratos pouco aromáticos e podem tornar se bastante secos para quem procuramolhos menos espessos. O Taboule emprestou toda a frescura de que precisávamos para encetar na prova do queijo Halloumi, do Falafel (uma espécie de croquete), do Fatayer (uma espécie de chamuça mas com recheio mais suave), do Rakakat (uma espécie de spring roll recheado de queijo) e Moussaka, que podem tornar a refeição algo enxuta. Daí a Infusão de Menta Fresca que aconselhamos para acompanhar De qualquer forma, convém guardarmo nos um pouco para o que aí vem É que as sobremesas do Médio Oriente não são famosas por intermédio de nenhuma acção de marketing concertada. Ismalye, Atayef, Baclava ou a mais convencional Cheesecake de Romã, é escolher às cegas e chorar por mais Nem que seja mais um Café Turco.
Depois, os aromas que inundam todo o espaço. Cominhos, principalmente.
O apetite, inexistente até ali (que atire a primeira pedra quem nunca pensou estar sem fome até o olfacto sugerir o contrário), aguça a curiosidade.
Down Under
/ BY JUSTIN JENNINGS
Texto Nuno Miguel Dias Fotos BOCAE
são palavras (ou versos) que cheguem para percebermos que estamos a falar da Austrália Imortalizaram nas os Men At Work, banda que só editou três discos até ao seu fim, em 1985, baptizou o seu restaurante lisboeta Justin Jennings, o chef from down under com mais de 20 anos de experiência
Ainda era sub chefe num importante hotel australiano e já lecionava Cozinha Comercial num estabelecimento de ensino Justin Jennings foi Chef de importantes resorts na sua New South Wales, Chef Consultor para a mais importante rede alimentar de Hong Kong e, em Fevereiro de 2017, preencheu uma lacuna que existia no nosso Olissipo, um restaurante onde a inspiração, os produtos e as técnicas de confecção provêm da Oceânia, lá, onde o Mundo da Gastronomia e tudo o que o rodeia, como os vinhos, estão a adquirir um novo fôlego
"Do you come from a land down under? Where women glow and men plunder? Can't you hear, can't you hear the thunder? You better run, you better take cover”, C H E I R A R E C O M E R 2 8 B O C A E
A Austrália é, hoje, aquilo que Portugal começou por ser no rescaldo das suas navegações, tirando partido das especiarias e produtos que, com o tempo, aprendeu a combinar com os endémicos. Tirando partido da sua muito maior proximidade e do facto da sua população ser constituída por grandes comunidades imigrantes, as gastronomias malaia, indonésia e até japonesa ou indiana e todos os seus aromas e produtos não são ali consideradas tão exóticas como na Europa Sendo que dessa Europa da qual “ nasceram ” há muito pouco tempo bebem as técnicas mais modernas Depois, há os produtos locais. Um orgulho imenso na sua agricultura e pecuária, com extensões enormes de pasto que incutem uma qualidade inigualável às suas carnes e muito, muito mar, das águas quentes no norte às gélidas costas do sul
A carta do DownUnder é, tal como o restaurante em si, tão curta como fascinante. É uma tarefa hercúlea tentar escolher. Valhanos a paciência do staff feita simpatia, com sugestões, explicações exaustivas da confecção dos pratos e dissipação de quaisquer dúvidas que, perante estes pratos, é natural que existam.
E muito embora existam dois menus de degustação (de 6 e 8 pratos) com wine pairing, decidimos partir para duas entradas. 36h Pork Belly cozinhado na perfeição, com a pele (courato, para usar o termo popular) de uma crocância salutar e a carne tão macia quanto parece ser impossível haver esta dualidade numa só peça de carne. “Descansa” sobre um aioli (uma espécie de maionese sem mostarda ou vinagre) e é aromatizado com um caramelo de lima que não só adocica o prato como o cobre de fragrâncias contrastantes. Depois, Crocodilo, uma carne verdadeiramente singular, fibrosa mas tenra, que acompanha com uma salada asiática fresquíssima e aromática, Nam Jim (que em Tailandês significa “molho para molhar” e assume centenas de variedades) desprovido de picante e uma providencial maionese de tinta de choco.
Surpresa das surpresas? Engane-se quem vai entrar num restaurante gourmet com preços proibitivos. Estas entradas rondam os €10 e são tão generosas que o prato principal teve de ser dividido. Canguru com fondant de pimento, chouriço e pesto de manjericão. Aqui sobressaem os sabores mediterrânicos que, afinal, recaem sobre a nobreza da carne do animal como se pertencessem ao mesmo hemisfério. A sobremesa, Pavlova Australiana, é confecionada na perfeição e coberta por uma generosa quantidade de curd de maracujá. Tudo isto foi acompanhado de um Mt Hector monovarietal Sauvignon Blanc, da Nova Zelândia, todo ele pêssego maduro, fresco e com laivos de mel, todo ele Verão.
T E X T O C L Á U D I A C A M A C H O
F O T O S V I N H O S D ' E Ç A
VINHOS D'EÇA
C H E I R A R E T O C A R 3 2 B O C A E
Por paixão, João Almeida D’'Eça é produtor, viticultor e proprietário da Quinta Nossa Senhora do Loreto, em Sabrosa (Douro) Nos 9 hectares que compõem a quinta, comprada em 1987, João Almeida D’'Eça tem associado a tradição vinhateira do Douro às novas técnicas vitivinícolas privilegiando as castas autóctones e a produção sustentável amiga do ambiente.
Em 2007 a marca D’'Eça é criada. E é aqui que a magia das vinhas velhas com mais de 25 anos e a produção própria de castas e clones seleccionados, com o apoio do enólogo Daniel Fraga Gomes, começam a congeminar e a ganhar corpo em néctares únicos, genuínos e de uma qualidade superior Cada uma das castas é vinificada em separado respeitando a sua personalidade.
JOÃO ALMEIDA D’EÇA É ADVOGADO DE PROFISSÃO. MAS TODOS SABEMOS QUE SOMOS SEMPRE MUITO MAIS DO QUE APENAS UMA PROFISSÃO E QUE NEM SEMPRE AQUELA PELA QUAL SOMOS INICIALMENTE RECONHECIDOS É AQUELA QUE MAIS NOS MOVE.
Nas vinhas velhas, a Quinta Nossa Senhora do Loreto conta com as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão e Barroca Nas vinhas novas, plantadas em 2008 e no ano seguinte, predominam a Touriga Nacional e a Tinta Roriz (cada uma delas com quatro clones diferentes) e o Pinot Noir que veio mostrar ser já uma aposta ganha. A casta originária da Borgonha, conhecida por ser bastante exigente com o seu lugar de cultivo, soube adaptar se ao terroir de Sabrosa, elegantemente
O vinho é produzido pelo processo de pré maceração carbónica, com controlo de temperatura em toda a fase de vinificação, desenvolvendo se o processo da fermentação malalática já nas barricas de carvalho francês ou carvalho americano novas até três anos.
Assim como os diamantes, as relíquias e os segredos bem guardados, os Vinhos D’'Eça não estão disponíveis em grande escala. Estamos a falar de um vinho de autor, um vinho com uma assinatura muito própria, com edições numeradas e limitadas e cuja comercialização é feita directamente pelo produtor. São vinhos, assim, que continuam a apaixonar quem gosta de exclusividade e de experienciar momentos elevados. Raoul Ponchon, poeta francês, já escrevia
“VINHO DÁ POESIA, POESIA DÁ VINHO.”
Os Vinhos D'Eça inspiram nos a escrever não um poema, mas sim uma Epopeia.
M Á R I O
P I R E S
F L O R A A R C A N A
"Flora é o nome porque ficou conhecida a deusa romana das plantas, flores e da fertilidade. O facto de encontrarmos outras divindades anteriores com características semelhantes (como a ninfa Chloris da mitologia grega), só demonstra o fascínio imemorial dos humanos pela exuberância e variedade das flores.
Arcana, feminino singular de arcano, do latim arcanus. Significa algo secreto, obscuro, misterioso, conhecido apenas por um pequeno número de pessoas As flores têm uma linguagem própria e comunicam entre elas numa dimensão inacessível aos humanos. Acredito que tenha existido uma linguagem comum que permitiu a todos os seres vivos comunicarem entre si, mas os humanos esqueceram essa linguagem, tal como esquecemos quase tudo o que nos fazia estar ligados ao mundo natural Quisemos criar um mundo próprio, com as nossas regras, numa vã tentativa de superar a genialidade da natureza As flores são fontes de vida, prenhas de sementes que espalham por muito para além do seu local de florescimento Há muito que perdemos a ligação a essa capacidade fertilizadora O meu desejo de a reconstruir, foi a luz orientadora deste trabalho Cada uma destas imagens tenta quebrar essa barreira e restabelecer o elo perdido entre nós "
CHEIRAR E VER 37 BOCAE
OS ROUXINÓIS INEXORÁVEIS DA PRIMAVERA TRAZIDOS ATÉ NÓS POR CERTA CURTA CARTA EM QUE CANTO DA NOITE CANTARÃO AGORA QUE JÁ OS FRÁGEIS FRIOS NOS VINDIMAM? E OS LILASES CRUDELÍSSIMOS DE JUNHO INALTERÁVEIS COMO O CÉU DAS FÉRIAS GRANDES TALVEZ AINDA DESDOBRADAS SOBRE A ADOLESCÊNCIA DE QUE NOS VALERÃO PERANTE A INSINUANTE MÚSICA DO OUTONO? E A MÃE QUE O FILHO SUGA A RUGA QUE MÃOS ESTENDERÁ SOBRE ESTES ROSTOS ONDE POISARAM PATAS IMPLACÁVEIS DIAS? E QUANDO O VENTO VERGA OS CHOUPOS DO PRINCÍPIO E DESPE OS RAMOS DOS PLÁTANOS FAMILIARES FALTARÁ MUITO QUE NOS CUBRAM PROVISORIAMENTE AS FOLHAS FATIGADAS DAS DESOLADAS ÁRVORES? JÁ SOBE A NOSSOS PÉS O CEDRO DO SILÊNCIO PROMETA NOS O SOL QUE SOBRE OS NOSSO ROSTOS HÃO DE NA PRIMAVERA ONDULAR OS TRIGOS. CANTO DE OUTONO RUY BELO C H E I R A R E V E R 4 3 B O C A E
CHEIRAR E COMPRAR Arcaico Benamôr LXeeseCake Sal Marim Vinhos D'Eça
Entre o Cabo da Roca e a Ericeira (se não mesmo equidistante), o Magoito é destino de arribadores de estio. Mas quem lá vive tira partido de um microclima que nem sempre é propício a veraneios mas é óptimo para a agricultura. Prova disso é a Arcaico, uma micro produtora fundada por Marta e Diogo, de Chutneys, Compotas e Pickles confecionadas (de forma arcaica) com os produtos que os próprios (ou os vizinhos) produzem Têm uma loja física, no Mercado Municipal da Estefânia, em Sintra. Experimentámos os Pickles de Pepino Laminado, uma suave conserva com vinagre de cidra (bastante menos pungente que o de vinho), onde o picante do suculbembe (molho à base de malaguetas frescas) casa de forma perfeita com o aipo, as sementes de mostarda e o pouco pronunciado alho, produzindo uma sensação de morno beijo agridoce (NMD)
ARCAICO
www.arcaicohandmade.com
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Benamôr foi a primeira marca a ser lançada pela fábrica Nally, a maior produtora de cosmética em tempos idos, em Portugal O produto estreia desse lançamento, em 1925, resiste até aos nossos dias. O Creme de Rosto, que milagrosamente cumpre todas as promessas que faz, emana um aroma de tempos elegantemente gloriosos, familiares e, de certa forma, saudosistas. A sua marca olfactiva é dada pela utilização do extracto da Rosa Damascena (originária do Cáucaso), introduzida em França por volta de 1250, e cujo maior produtor nos nossos dias é a Bulgária A ele junta se o tom atalcado dado pelas iononas que nos remetem para o cheiro das violetas. Consta que a Rainha Dona Amélia de Orleães era fã. Quase 100 anos depois podemos dizer que, comprovadamente, a magia perdura (CC)
BENAMÔR
www benamor1925 com
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Certo dia, uma amiga, todos nós deveríamos ter alguém assim na nossa vida, incentivou Ana Fernandes a apostar na feitura de um bom cheesecake Daqueles que comemos, lambemos os dedos e choramos por mais. Ana, que já era uma fã incondicional do Masterchef (versão australiana), decidiu meter as mãos no queijo e lançou a LXeeseCake, com base em Alcântara, Lisboa. Em boa hora o fez Dos sabores com os quais trabalha, e são vários, decidimos dar destaque aos frutos vermelhos, por norma, dispostos em bagas A acidez acentuada das amoras, framboesas e mirtilos casa maravilhosamente bem com a cremosidade do queijo Philadelphia, que será cozido no forno. E aquela base de bolacha? E aquela redução de frutos vermelhos? Os tamanhos variam e os preços também: de 5 a 45 euros. É encomendar (CC)
lxeesecake
www
pt LXEESECAKE C H E I R A R E C O M P R A R 4 7 B O C A E
Jorge Raiado é ouro E prata da casa em quase todos os restaurantes portugueses com estrelas Michelin Ora, se o sal é a base de um prato, temos que seria muito injusto não responsabilizar o seu Sal Marim por alguma percentagem desse sucesso. Recorre a técnicas milenares e explora o meio (as salinas da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim), que goza de condições excepcionais descobertas por Romanos (ele diz que foi antes e se ele diz eu acredito), por forma a oferecer um produto de verdadeira excelência Porque o sal é tudo E tudo o que tenha a Flor de Sal Marin adquire outros contornos A Flor de Sal Picante Piri Piri dá aquele toque que não passará despercebido. Numa salada, num grelhado (depois de pronto), num peixe grelhado, prepare se para surpreender. (NMD)
www salmarim com
SAL MARIM
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Uma grande salva de palmas, daquelas em pé e por mais de um minuto, para esta criação dos Vinhos D’Eça Com este Tinto Colheita 2013 a D’Eça Signature Wines eleva o Douro a outro patamar A Natureza fez o seu trabalho, com a Primavera a chegar fria e chuvosa e o Verão quente e seco. Depois da pisa, a massa vínica foi sujeita a uma fermentação maloláctica. Só depois foi passada para barricas de carvalho francês e americano para estagiar 20 meses A Touriga Nacional (60%) marca bem a sua posição, a Tinta Roriz (40%) e o seu carisma também estão bem marcados A madeira sente se mais no palato mas o olfacto é, todo ele, frutos silvestres. Persiste na boca durante bastante tempo e não há dúvida que as carnes vermelhas, não necessariamente só grelhadas, assim como queijos de meia cura, casarão na perfeição (NMD)
www decawine pt
VINHOS D'EÇA
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Marta Crawford
ENTREVISTA
"Amor Veneris Viagem ao Prazer Sexual Feminino" é a primeira exposição do MUSEX Museu Pedagógico do Sexo. Fomos entrevistar a psicoterapeuta, terapeuta sexual e familiar e curadora desta tão pioneira exposição.
Texto Cláudia Camacho Foto Jenniffer Lima Pais / Gerador
CHEIRAR E OUVIR 50 BOCAE
Marta, há algum cheiro que a transporte para a sua infância?
Surgem habitualmente de forma inesperada, quando passo por um local e sinto um odor que me transporta para a minha infância A relva cortada e a terra húmida, por exemplo, trazem me várias memórias campestres da infância, o cheiro de alguns lápis de cera trazem me memórias infantis dos meus cadernos de colorir e o odor adocicado de alguns bolos fazem me sempre lembrar a minha avó.
Lembra-se do perfume do seu primeiro namorado/a? Se sim, consegue descrevê-lo?
Lembro me apenas do seu sorriso e da covinha no queixo...
A Marta faz parte de um grupo de pessoas que não é fã do cheiro do jasmim. Agora a psicoterapeuta sou eu (risos). O que a leva a não gostar? Há algum acontecimento no passado que a tenha marcado de forma negativa?
Não gosto nada do cheiro a jasmim, remeteme para o cheiro das flores que acompanham os mortos, intenso, forte, perturbador. As flores são belas, mas o cheiro agonia me, principalmente na Primavera quando os jasmins estão no seu esplendor. Não sei quando comecei a ficar enjoada com o seu o cheiro e é curioso que adore chá de jasmim.
Como terapeuta sexual e familiar a Marta depara se com problemas conjugais variados. Os casais dão importância aos cheiros dos seus parceiros? Até que ponto um mau cheiro pode ditar o fim de uma relação?
O cheiro, como sabemos, aproxima ou afasta nos do outro. Há casais que adoram o cheiro um do outro e isso é verbalizado, como algo que os estimula e entusiasma e que funciona como ingrediente para a intimidade Outros que se referem ao odor do/a parceiro/a com incómodo. Por exemplo, quem fuma e quem bebe, tem geralmente um cheiro (hálito) desagradável para quem não acompanha o outro nos mesmos vícios. O mau hálito, o cheio a suor, ou a chulé, são os mais referidos negativamente Quando se falam de algumas práticas sexuais, como o sexo oral, o tema dos odores dos genitais é recorrente. Quando é sentido como negativo, é geralmente um turn off A higiene íntima é meio caminho andado para resolver a situação. Quando os casais estão muito zangados um com o outro, ou quando já consideraram a hipótese do divórcio, o cheiro, às vezes, é verbalizado como sendo incomodativo
É autora do MUSEX – Museu Pedagógico do Sexo. Projecto iniciado em 2010 e que está a ter a sua primeira apresentação pública no Palácio Anjos, em Algés, através da exposição “Amor Veneris Viagem ao Prazer Sexual Feminino”. Para a Marta, a que cheira o sexo?
O sexo tem muitos cheiros, dependem de demasidos fatores para poder identificar apenas um, diria que o sexo geralmente cheira muito BEM.
Cantiga do Monte
José Afonso
Fragância morena
Portal de marfim Ondina açucena Chamando por mim
Cantiga do monte Clareira do ar Dançando na nuvem Mudando em mar
Na flor da montanha Na espuma a cair Nos frutos de Agosto Na boca a sorrir
Na crista da vaga Tormento alonguei No vento e na fraga Só luto encontrei
Abriram-se as velas Mal rompe a manhã Na luz e nas trevas Foi-se a louçã
Ai húmida prata
Meu sonho sem ver Ai noite de Lua Meu lume de arder
Ó finas areias Ó clara manhã Ó rubras papoilas Da cor da romã
Ó rosto da terra E abismos do mar Ouvide o seu canto De longe a arfar
Abriram-se as velas Mal rompe a manhã Na luz e nas trevas Lá vai a louçã
Da morte zombando Na aurora lunar Num jardim suspenso Do seu folgar
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EDICIÓN EN
ESPAÑOL E D I Ç Ã O E M E S P A N H O L 5 3 B O C A E
EDITORIAL
Mucha gente, al leer el Perfume de Patrick Süskind, retuvo un pasaje clave del libro: “La gente puede cerrar los ojos ante la grandeza, el miedo, la belleza, e incluso pueden taparse los oídos ante la melodía o las palabras seductoras. Pero nunca pueden escapar del aroma. Porque el aroma es hermano del aliento, y con él penetra en las personas, que no pueden escapar de él si quieren vivir.”
Además de que el sentido del olfato está muy ligado al proceso que nos permite respirar, por tanto, Vivir; El olfato es también el único sentido que tiene vínculos directos con el hipocampo, la región del cerebro asociada con la memoria
A pesar de su vital importancia, el sentido del olfato ha quedado relegado a lugares menores cuando hablamos de “Lifestyle” Y es este vacío el que pretendemos llenar lanzando BOCAE, la primera revista de estilo de vida olfativo Aquí, el olfato dictará las reglas y todos los demás sentidos se reunirán a su alrededor.
[Respira.Huele.Vive]
OLER Y QUEDAR. CASAS DA RIBEIRA. P.06
Suponiendo que el deslumbramiento ocurrirá desde el momento en que, todavía desde el avión, Terceira se manifiesta bajo la apariencia de un hermoso patrón de tartán escocés (llamarlo "patchwork", como se suele leer, no es muy exótico) asegúrese de que no será posible ir directamente al alojamiento. Nos asalta una urgencia exploratoria, tratando de confirmar que, desde el aire, todo aquello no era sólo un espejismo. Lo cual empeora cuando, una vez fuera del avión, se puede oler el aroma de otros tiempos Así son todas las islas de las Azores… Un Portugal en estado más puro, no manchado por un progreso que no ha servido al Hombre
Terceira, ésta, es esa gota hecha de gente limpia, risueña y genuinamente hospitalaria que, caída en medio del Atlántico por obra y gracia de la Fortuna, prestó más encanto al mar y, a los que tuvieron la suerte de desembarcar en él , pura fascinación Es por tanto natural que, una vez en la mano la llave del coche de alquiler, recorramos, partiendo del lado más oriental de la isla (siendo el alojamiento en el extremo opuesto), sus caminos más antiguos, que son siempre los que permiten sorpresas , ya sea en las Islas Nubladas o en cualquier lugar, por muy lejos que esté. Si optamos por la subida Norte, están Malícias, Vila Nova, Quatro Ribeiras, Biscoitos y sus característicos viñedos, el espectacular litoral que se extiende hasta Altares, Raminho, Serreta, Doze Ribeiras y, por último, Santa Bárbara, donde se encuentra nuestro destino, Casas da Ribeira.
El atardecer filtrado a través de las criptomerias que forman densos bosques era demasiado imperdible para que la llegada al albergue no se haga cuando la luna está alta. No hay problema, las puertas se abren con código Desde Santa Bárbara todavía se desciende un poco hacia la costa, lo que acentúa el carácter bucólico de un lugar donde la montaña, allá arriba, está iluminada por unos puestos móviles de clasificación (sí, las vacas, las muchas vacas de Terceira), la ubicación es bucólico y Casas da Ribeira se destaca desde el exterior, con su diseño típico. Por dentro, es francamente deslumbrante. Ningún detalle se le escapó a la joven pareja que asumió este proyecto y la madera rehace la estructura, fusionándose a la perfección con la piedra volcánica, propia de la construcción de la isla y aprovechando, de manera muy inteligente y con un buen gusto impecable, todo el espacio, de modo que la comodidad es ley
Hay una zona de estar, una entreplanta donde se encuentra el dormitorio, una cocina totalmente equipada en una de las viviendas y la otra, adosada, es un espacio más convencional donde, sin embargo, los detalles decorativos son preciosos, desde los tapices hasta los litera implícita en la pared. Ambos tienen un jardín privado en los extremos opuestos, para permitir la privacidad. La mañana revela entonces las vistas sobre el mar, al que se puede llegar a pie para llegar al Miradouro de Santa Bárbara. Y el panadero llega como a las 8, dejando el pan en la puerta. Casas da Ribeira merece poner esta parte de la isla en su Rota do Charme.
Siempre recordaremos esta estadía porque Quinta do Grande Lago, como aún es reciente y estábamos en temporada baja cuando visitamos, estaba completamente disponible para nosotros. Cosa que hoy en día, dado el éxito que está teniendo, sería casi imposible que sucediera. El hecho de que la colina sea alta nos da una vista panorámica de 360 grados que alcanza casi 50 km de vista: se puede ver el Castillo de Monsaraz, el Castillo de Mourão y las aguas del lago Alqueva
OLER Y QUEDAR. QUINTA DO GRANDE LAGO. P.12
En tiempos no muy lejanos, y de cierto modo extraños, nos vimos obligados a parar La pandemia que empezó en el 2020 hizo que muchos planes se estancaran, muchos deseos se tuvieran que postergar y algunos sueños se postergaran. Toda esta realidad no hizo temblar ni un milímetro la voluntad de Nuno Lavaredas Nativo de la tierra, acostumbrado
a la calma del Alentejo, a un “slow living” muy de moda, Nuno habla con orgullo de su realización, de su sueño hecho realidad: Quinta do Grande Lago, en Reguengos de Monsaraz.
Tiene las fechas bien memorizadas: el inicio de la construcción de su cerro se produjo el 23 de junio de 2018 y la apertura al público de su alojamiento se produjo, exactamente tres años después, el 23 de junio de 2021. Y destacamos aquí” suya ” porque fue el mismo Nuno quien construyó esta hermosa casa Podemos decir que tiene toda la escuela, porque ha hecho de la construcción civil su profesión Pero un día se cansó de trabajar para los demás, de construir los sueños de los demás y decidió dedicarse al arte de la hostelería
Todo el cerro está rodeado de viñedos. No pertenecen al alojamiento pero se integran tan bien en el entorno que las cinco habitaciones de Quinta do Grande Lago se identifican por variedades de uva: Arinto, Antão Vaz, Aragonês, Castelão y Trincadeira En el centro, una piscina. Las habitaciones, minimalistas, son espaciosas y están servidas por una terraza donde podemos ver tranquilamente la sinfonía de grillos por la noche. Quinta do Grande Lago es así: un espacio que se dio cuenta de que a veces no vale la pena inventar demasiado. Solo sé fiel a tus raíces.
OLER Y COMER.CANETA. P.20 Bienaventurados los que llegan a la Isla Terceira porque seguramente tendrán que pasar por su Litoral Norte. Allí serán recompensados O porque disfrutarán de las Piscinas Naturales de Biscoitos, ese lugar mágico donde el magma solidificado se convertía en mar y, hoy, el mar lo hace quien quiere O porque visitarán el Museo del Vino o, mejor aún, en la puerta de enfrente, se encontrarán con los Brum, de la homónima Casa Agrícola, una familia inseparable de la increíble historia del vino Verdelho que la isla de Pico hizo famosa pero que fue esta tierra que lo vio nacer
O porque, un poco más adelante, en la Estrada Nacional 1, justo antes de pasar el
cruce con la Estrada Nacional 3 que conducirá al corazón muy boscoso de la isla, se encuentra Altares, donde los aromas de la cocina local invadirán el coche y lo harán imposible continuar el viaje.
La parada es correcta Estamos en el Restaurante Caneta, bastión de la cocina Terceira. En primer lugar, me gustaría señalar que la expresión "Cada una de las 9 islas tiene su propio encanto" es tan cierta como parece. Así como el hecho de que el principal encanto de Terceira es, además de la gente y esos fragantes bosques de Criptomeria, la comida. Y todo a su alrededor Es decir, los aromas Incluso el néctar de los dioses, de la variedad que en el continente se llama “americana”, aquí se llama "Vinho de Cheiro". El dulce aroma de la menta es el aroma del Culto que reúne más fieles por aquí, porque entra en las Sopas do Espírito Santo. Y Alcatra, que es una readaptación de Chanfana, traída por la gente de Beira, a pesar del vino y el laurel, es todo una fragancia de pimienta de Jamaica y azafrán
Solo aquellos que nunca lo han probado pueden pensar que siendo la Embajada de Alcatra, epíteto aplicable al Restaurante Caneta, pueden pensar que no será gran cosa Es Podría decirse que sobre todo porque aquí caben todos los sabores de la Terceira, no solo del plato más emblemático de la isla Olvídate de las Lapas o del Queso Fresco de Cabra No es que no sean imprescindibles. Pero tendrán varias oportunidades durante su estadía. Nuestro consejo va por el ahumado casero de entrada, el imperdible Grupa con Massa Sovada o los Chicharrones, Butifarra, Morcilla y Salsa de Hígado (sí, todo en un mismo plato), los Chicharrones de Entrecot y, de postre , el Pudín de Queso de la Isla con Piña o el muy típico Dulce de Vinagre Para acompañar, un vino de los vecinos Biscoitos hará la boda perfecta.
OLER Y COMER. SUMAYA. P.23
Me apasiona la cocina de ese norte del Mediterráneo árabe, que en tantos platos cruza el Líbano, Siria y el Israel religiosamente dispar Recibí, con evidente entusiasmo, la noticia de la apertura de un restaurante Libanês en Lisboa, más precisamente a Príncipe Real, en septiembre de 2018 Nunca pude visitarlo, hasta ahora El hecho de que sobrevivió a la La pandemia, que cerró tantos establecimientos en la Capital (y en todo Portugal) fue un buen indicador.
Reserva hecha (es conveniente, si no obligatorio), entremos. Primero, la decoración. Sencillo y ordenado, nos traslada a Oriente Medio con pequeñas notas que encajan a la perfección en un todo inseparable del arquitectura de esa zona de Lisboa, como el suelo y las numerosas estancias por donde a veces entra la luz profusamente por grandes lucernarios o por iluminación distinta a la natural que favorezca modestia Luego, los aromas que inundan todo el espacio. Comino, en su mayoría. El apetito, inexistente hasta entonces (tira la primera piedra si nunca pensaste que tenías hambre hasta que tu olfato te sugiera lo contrario), agudiza la curiosidad
Y para los que no conocen esta cocina, aquí va un consejo La lista de vinos es corta pero impresionante. Sin embargo, hay que tener en cuenta que estamos hablando de un cocina practicada en países donde no se consume alcohol de la misma forma que muchos bodegueros mediterráneos. Por supuesto, muchas de estas recetas vienen de una época en la que no era así y el vino, ese néctar bíblico, se consumía con pompa y bajo cualquier circunstancia. Incluso hay algunos (buenos) vinos libaneses en la carta e incluso cerveza Almaza, imprescindible en las famosas explanadas de Beirut. También hay grandes etiquetas e incluso sangría (no te atrevas).
Pero te aconsejamos, así es, un té o una infusión.
Entonces, y debido a que los entrantes son las mismas especialidades, en menor cantidad, que componen los platos, pasemos a la opción de poder combinarlos Nosotros optamos por el más diversificado, Mesa Hamra, para 2 personas, con ocho especialidades para degustar
Hummus y Baba Ghanouj pueden parecer muy similares (aunque uno es a base de garbanzos y el otro a berenjena) y se deben comer con pan libanés (pan ácimo, sin levadura) Son platos menos aromáticos y pueden llegar a resultar bastante secos para quienes busquen ojos más delgados. El taboule nos prestó toda la frescura que necesitábamos para empezar a degustar el queso halloumi, el falafel (una especie de croqueta), el fatayer (una especie de samosa pero con un relleno más suave), el rakakat (una especie de rollito primavera rellenos de queso) y moussaka, que pueden hacer que la comida sea un poco magra De ahí la Infusión de Menta Fresca que aconsejamos acompañar. De todos modos, es mejor ahorrarnos un poco para lo que viene Es solo que los postres del Medio Oriente no son famosos a través de ningún esfuerzo de marketing concertado Ismalye, Atayef, Baclava o el más convencional Cheesecake de granada, es elegir a ciegas y llorar por más Incluso si es solo otro café turco
OLER Y COMER: DOWNUNDER. P 28
"¿Vienes de una tierra allá abajo? ¿Donde las mujeres brillan y los hombres saquean? ¿No puedes oír, no puedes oír el trueno? Será mejor que corras, es mejor que te pongas a cubierto", son palabras (o versos) que nos bastan para entender que estamos hablando de Australia Fueron inmortalizados por Men At Work, una banda que solo lanzó tres discos hasta que su final, en 1985,
bautizó su restaurante lisboeta como Justin Jennings, el chef de Down Under con más de 20 años de experiencia.
Todavía era chef en un importante hotel australiano y ya enseñaba Cocina Comercial en un establecimiento educativo Justin Jennings fue Chef de los principales resorts de su Nueva Gales del Sur, Chef Consultor de la cadena de alimentación más importante de Hong Kong y, en febrero de 2017, llenó un vacío que existía en nuestro Olissipo, un restaurante de donde surgen la inspiración, los productos y las técnicas de cocina de Oceanía, allí, donde el Mundo de la Gastronomía y todo lo que le rodea, como los vinos, cobran nueva vida Australia es, hoy, lo que Portugal empezó a ser a raíz de sus navegaciones, aprovechando las especias y productos que, con el tiempo, supo combinar con los endémicos Aprovechando su mucha mayor proximidad y que su población está formada por grandes comunidades de inmigrantes, las cocinas malaya, indonesia e incluso japonesa o india y todos sus aromas y productos no son considerados allí tan exóticos como en Europa Siendo que de esta Europa de la que “nacieron” hace muy poco beben las técnicas más modernas. Luego están los productos locales Un inmenso orgullo en su agricultura y ganadería, con enormes extensiones de pastos que infunden una calidad inigualable a sus carnes y mucho, mucho mar, desde las cálidas aguas del norte hasta las gélidas costas del sur.
El menú de DownUnder es, como el propio restaurante, tan breve como fascinante. Es una tarea hercúlea tratar de elegir. Agradecemos la paciencia del amable personal, con sugerencias, explicaciones exhaustivas de la elaboración de los platos y disipando las dudas que, ante estos platos, es natural tener.
Y aunque hay dos menús degustación (6 y 8 platos) con maridaje de vinos, decidimos apostar por dos entrantes 36h Pork Belly cocinado a la perfección, con la piel (enjuague, por usar el término popular) de un crocante saludable y la carne tan tierna como imposible tener esta dualidad en una sola pieza de carne. Se “ reposa ” sobre un alioli (una especie de mayonesa sin mostaza ni vinagre) y se aromatiza con un caramelo de lima que no solo endulza el plato sino que lo cubre de fragancias contrastantes Luego, el Cocodrilo, una carne verdaderamente única, fibrosa pero tierna, servida con una fresca y aromática ensalada asiática, Nam Jim (que en tailandés significa “salsa para mojar” y adopta cientos de variedades) sin especias y con una providencial mayonesa de tinta de jibia ¿Sorpresa de las sorpresas? Te equivocas si piensas que vas a entrar en un restaurante gourmet con precios prohibitivos. Estas entradas cuestan unos 10€ y son tan generosas que hay que compartir el plato fuerte. Canguro con fondant de chili, chorizo y pesto de albahaca. Aquí destacamos los sabores mediterráneos que, al final, recaen en la nobleza de la carne animal por pertenecer al mismo hemisferio. Después de la cena, la Pavlova australiana está hecha a la perfección y cubierta con una generosa cantidad de cuajada de maracuyá. Todo ello acompañado de un monovarietal Mt Hector Sauvignon Blanc, procedente de Nueva Zelanda, todo pescado maduro, fresco y meloso, todo el verano
Por pasión, João Almeida D'Eça es productor, viticultor y propietario de Quinta Nossa Senhora do Loreto, en Sabrosa (Douro) En las 9 hectáreas que componen la finca, adquirida en 1987, João Almeida D’Eça ha asociado la tradición vitivinícola del Duero a las nuevas técnicas de vinificación, privilegiando las variedades de uva autóctonas y la producción sostenible respetuosa con el medio ambiente.
En 2007 se crea la marca D'Eça Y es aquí donde la magia de las viñas viejas de más de 25 años y la elaboración propia de variedades y clones de uva seleccionados, con el apoyo del enólogo Daniel Fraga Gomes, empiezan a gestarse y tomar forma en néctares únicos, genuinos y de calidad superior Cada una de las variedades se vinifica por separado respetando su personalidad.
En los viñedos viejos, Quinta Nossa Senhora do Loreto tiene Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão y Barroca En los viñedos nuevos, plantados en 2008 y el año siguiente, predominan Touriga Nacional y Tinta Roriz (cada una con cuatro clones diferentes) y Pinot Noir, que resultó ser una apuesta ganadora. La variedad de uva original de Borgoña, conocida por ser bastante exigente con su lugar de cultivo, ha sabido adaptarse con elegancia al terroir de Sabrosa
OLER Y TOCAR: VINHOS D'EÇA. P.32
João Almeida D’Eça es abogado de profesión Pero todos sabemos que siempre somos mucho más que una profesión y que no siempre aquella por la que inicialmente somos reconocidos es la que más nos mueve.
El vino se elabora mediante el proceso de premaceración carbónica, con control de temperatura durante toda la fase de vinificación, realizándose la fermentación maláctica en barricas nuevas de roble francés o roble americano durante un máximo de tres años.
Como los diamantes, las reliquias y los secretos bien guardados, los Vinos D’EÇA no están disponibles a gran escala Hablamos de un vino de autor, un vino con firma muy propia, con ediciones numeradas y limitadas y cuya comercialización la realiza directamente el productor. Son vinos, por tanto, que siguen enamorando a quienes gustan de la exclusividad y viven momentos elevados. Raoul Ponchon, poeta francés, ya escribió... "El vino da poesía, la poesía da vino” Los Vinos D'Eça nos inspiran a escribir no un poema, sino una Epopeya.
OLER Y MIRAR. MÁRIO PIRES.
FLORA ARCANA. P.37
“Flora es el nombre porque se dio a conocer a la diosa romana de las plantas, las flores y la fertilidad. El hecho de que encontremos otras deidades anteriores con características similares (como la ninfa Cloris de la mitología griega), no hace más que demostrar la fascinación inmemorial del ser humano por la exuberancia y la variedad de las flores.
Flora Arcana Arcana, singular femenino de arcano, del latín arcanus. Significa algo secreto, oscuro, misterioso, conocido solo por un pequeño número de personas Las flores tienen un lenguaje propio y se comunican entre sí en una dimensión inaccesible para los humanos. Yo creo que había un lenguaje común que permitía a todos los seres vivos comunicarnos entre nosotros, pero los humanos olvidamos ese lenguaje, así como olvidamos casi todo lo que nos conectaba con el mundo natural. Queríamos crear un mundo propio, con nuestras propias reglas, en un vano intento de superar el genio de la naturaleza. Las flores son fuentes de vida, preñadas de semillas que se extienden mucho más allá de su lugar de floración Hace tiempo que perdimos la conexión con esta capacidad fertilizante.
Mi deseo de reconstruirlo fue la luz guía de este trabajo. Cada una de estas imágenes intenta romper esa barrera y restablecer el eslabón perdido entre nosotros".
CANTO DE OTOÑO. RUY BELO. P.43
Ruiseñores inexorables de la primavera Traído a nosotros por cierta breve carta
En que rincón de la noche cantaran ahora Que los frágiles frios ya nos están cosechando?
Y las lilas más crudas de junio Inalterable como el cielo de las grandes fiestas
Tal vez incluso se desarrolló durante la adolescencia ¿De qué nos servirán ante la música insinuante del otoño?
Y la madre que al hijo le chupa la arruga Qué manos extenderás sobre estos rostros ¿Dónde reposaron durante días las patas implacables?
Y cuando el viento doblega los álamos del principio
Y arranca las ramas de los familiares plátanos
Pasará mucho tiempo antes de que nos cubran provisionalmente Las hojas cansadas de los árboles desolados? El cedro del silencio ya se levanta a nuestros pies
Prométenos el sol en nuestras caras Ondearán el trigo en primavera.
OLER Y COMPRAR. ARCAICO. P.45
Entre Cabo da Roca y Ericeira (si no equidistantes), Magoito es un destino para los que llegan en verano. Pero quienes viven allí aprovechan un microclima que no siempre es propicio para las vacaciones de verano pero que es excelente para la agricultura Prueba de ello es Arcaico, una microproductora fundada por Marta y Diogo, de Chutneys, Mermeladas y Encurtidos elaborados (de forma arcaica) con los productos que ellos mismos (o vecinos) elaboran. Tienen tienda física, en el Mercado Municipal de Estefânia, en Sintra Probamos los Encurtidos de Pepino Laminados, una suave confitura con vinagre de sidra (mucho menos picante que el vino), donde el picante succulbembe (salsa a base de chile fresco) marida a la perfección con el apio, las semillas de mostaza y el ajo apenas pronunciado, produciendo una sensación de beso cálido y agridulce.
BENAMÔR. P.46
Benamôr fue la primera marca lanzada por la fábrica de Nally, el mayor productor de cosméticos en el pasado, en Portugal El producto debut de aquel lanzamiento, en 1925, se resiste hasta hoy. La Crema Rostro, que cumple milagrosamente todas las promesas que hace, emana un aroma de tiempos elegantemente gloriosos, familiares y, en cierto modo, nostálgicos Su impronta olfativa viene dada por el uso del extracto de Rosa Damascena (originaria del Cáucaso), introducida en Francia hacia 1250, y cuyo principal productor en la actualidad es Bulgaria. A esto se suma el tono empolvado que le dan las iononas que nos recuerdan el olor a violetas Se dice que la reina doña Amélia de Orleães era fanática. Casi 100 años después podemos decir que, probada, la magia perdura
LXEESECAKE. P.47
Algún día, amiga, todos deberíamos tener a alguien así en nuestras vidas, animó Ana Fernandes a apostar por hacer una buena tarta de queso. De los que comemos, nos chupamos los dedos y lloramos por más Ana, que ya era fan incondicional de Masterchef (versión australiana), decidió echarle el guante al queso y lanzó LXeeseCake, con sede en Alcântara, Lisboa. En buena hora lo hizo. De los sabores con los que trabaja, y son varios, decidimos destacar los frutos rojos, generalmente dispuestos en bayas. La acidez aguda de las moras, frambuesas y arándanos se casa maravillosamente con la cremosidad del queso Filadelfia, que se horneará en el horno. ¿Y esa base de galletas? ¿Y esa reducción de frutos rojos? Los tamaños varían y los precios también: de 5 a 45 euros. es ordenar.
SAL MARIM. P.48 Jorge Raiado es oro. Y casa de plata en casi todos los restaurantes portugueses con estrella Michelin Ahora bien, si la sal es la base de un plato, sería muy injusto no culpar a tu Sal Marim de algún porcentaje de ese éxito Utiliza técnicas milenarias y explora el entorno (las salinas de la Reserva Natural Sapal de Castro Marim), que goza de unas condiciones excepcionales descubiertas por los romanos (dice que fue antes y si dice me lo creo), para ofrecer un producto de verdadera excelencia Porque la sal lo es todo. Y todo lo que tiene Flor de Sal Marin toma otros contornos. El Piri Piri Picante Flor de Sal le da ese toque que no pasará desapercibido En una ensalada, en una parrilla (después de que esté lista), en un pescado a la plancha, prepárate para sorprender
VINHOS D`EÇA. P.49
Un gran aplauso, de pie y durante más de un minuto, para esta creación de Vinhos D’Eça Con este Tinto Colheita 2013, D'Eça Signature Wines lleva el Duero a otro nivel. La naturaleza ha hecho su trabajo, la primavera llega fría y lluviosa y el verano cálido y seco. Tras el pisado, la masa vinícola se sometió a la fermentación maloláctica. Solo entonces se traspasó a barricas de roble francés y americano para envejecer durante 20 meses Touriga Nacional (60%) marca bien su posición, Tinta Roriz (40%) y su carisma también están bien marcados La madera se siente más en el paladar pero la nariz es todo frutas silvestres. Persiste en boca durante mucho tiempo y no hay duda de que las carnes rojas, no necesariamente solo a la parrilla, así como los quesos semicurados, maridarán a la perfección.
MARTA CRAWFORD ENTREVISTA. P. 50
"Amor Veneris Viaje al Placer Sexual Femenino" es la primera exposición del MUSEX Museo Pedagógico del Sexo
Fuimos a entrevistar a la psicoterapeuta, terapeuta sexual y familiar y comisaria de esta exposición pionera
Marta, ¿hay algún aroma que te lleve a tu infancia?
Suelen aparecer de forma inesperada, cuando paso por un lugar y percibo un olor que me transporta a mi infancia La hierba cortada y la tierra húmeda, por ejemplo, me traen muchos recuerdos de la infancia rural, los olores de lápiz me traen recuerdos de la infancia de mis libros para colorear y el olor dulce de unas tortas siempre me recuerdan a mi abuela
¿Recuerdas el perfume de tu primer novio? En caso afirmativo, ¿puede describirlo?
Solo recuerdo su sonrisa y el hoyuelo en su barbilla...
Marta forma parte de un grupo de personas que no son fanáticas del aroma del jazmín. Ahora el psicoterapeuta soy yo (risas). ¿Qué hace que no te guste? ¿Hay algún evento en el pasado que te haya marcado de manera negativa?
El olor a jazmín no me gusta para nada, me recuerda al olor de las flores que acompañan a los muertos, intenso, fuerte, perturbador. Las flores son hermosas, pero el olor me enferma, especialmente en primavera cuando los jazmines están en su esplendor No sé cuándo empecé a hartarme de tu olor y es curioso que me encante el té de jazmín.
Como terapeuta sexual y familiar, Marta se enfrenta a diversos problemas matrimoniales. ¿Las parejas dan importancia a los olores de su pareja? ¿Hasta qué punto un mal olor puede dictar el final de una relación?
El olor, como sabemos, nos acerca o nos aleja unos de los otros Hay parejas que aman el olor del otro y esto se verbaliza, como algo que los estimula y excita y que funciona como ingrediente para la intimidad Otras que se refieren al olor de la pareja como una molestia. Por ejemplo, los que fuman y los que beben, generalmente tienen un olor (aliento) desagradable para los que no acompañan al otro en los mismos vicios.
El mal aliento, el sudor o el mal olor de los pies son los más mencionados negativamente. Cuando se habla de algunas prácticas sexuales, como el sexo oral, el tema de los olores de los genitales es recurrente. Cuando se siente que es negativo, por lo general es un turn off.
La higiene íntima está a medio camino de solucionar la situación. Cuando las parejas están muy enfadadas entre sí, o cuando han considerado divorciarse, a veces se verbaliza el olor como molesto.
Eres autora de MUSEX – Museo Pedagógico del Sexo. Proyecto iniciado en 2010 y que tiene su primera presentación pública en el Palácio Anjos, en Algés, a través de la exposición “Amor Veneris Viaje al Placer Sexual Femenino”. Para Marta, ¿a qué huele el sexo?
El sexo tiene muchos olores, depende de demasiados factores para poder identificar solo uno, yo diría que el sexo suele oler muy bien CANTIGA DEL MONTE. JOSÉ AFONSO. P. 52
Fragancia morena Portal de marfil Lirio ondina Llamándome Canción de la colina Claro de aire Bailando en la nube Cambiando en el mar En la flor de la montaña En la espuma que cae En los frutos de agosto En la boca sonriendo En la cresta de la ola Tormento me estiré En el viento y en el acantilado Solo lucho que encontré Se abrieron las velas La mañana apenas rompe En la luz y en la oscuridad Ido los platos
Oh plata mojada Mi sueño sin ver Oh noche de luna Mi fuego ardiente Oh arenas finas
Oh mañana clara Oh amapolas rojas El color de la granada
Oh faz de la tierra Y abismos del mar Escucha tu canción De lejos a jadear
Se abrieron las velas La mañana apenas rompe En la luz y en la oscuridad Ahí van los platos
De la muerte burlándose En el amanecer lunar En un jardín colgante De tu holgura
BOCAE
Directora Executiva Director Adjunto Editores Design
Cláudia Camacho
Nuno Miguel Dias Cláudia Camacho Nuno Miguel Dias AntiFrame, Lda
BOCAE é um projecto jornalístico de lifestyle que explora o Olfacto criando redes tangenciais com os restantes sentidos (paladar, tacto, visão e audição)
BOCAE é uma publicação de conteúdo próprio, dirigida segundo critérios de criatividade e rigor editorial, sem dependência ideológica ou política.
BOCAE é uma revista digital bilingue (português/espanhol) publicada trimestralmente.
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