REDE DE SEMENTES DO Apostila 1 Módulo 2 BJF-2022-JUL 2022 ARAGUAIA
        Este material foi elaborado com o intuito de fornecer orientações e treinamento para as atividades do Coletivo Rede de Sementes do Araguaia. Esperamos que você faça bom proveito!
          ESTA APOSTILA PERTENCE A:
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        SUMÁRIO QUANDO COLETAR SEMENTES? CALENDÁRIO DE SEMENTES QUANTO COLETAR DE CADA ESPÉCIE? COMO COLETAR SEMENTES? ATENÇÃO À SEGURANÇA! O QUE FAZER APÓS A COLETA? COMO EXTRAIR AS SEMENTES? 3 4 7 8 9 12 13 14 COMO BENEFICIAR AS SEMENTES? 16 COMO SECAR AS SEMENTES? 17 COMO ARMAZENAR AS SEMENTES? 19
        Quando coletar sementes?
          
    Agora que nós aprendemos a identificar as principais etapas da formação das sementes e a ficar atentos aos sinais da natureza, podemos começar a usar essas informações para a coleta.
          Devemos coletar as sementes quando elas estiverem maduras e viáveis, pois se coletarmos sementes verdes ou “passadas”, teremos prejuízo na germinação. Dessa forma, devemos monitorar as árvores matrizes com atenção!
          SEMENTES DE INGÁ-DE METRO
          VERDES VERSUS MADURAS
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        FRUTOS CARNOSOS
          Frutos carnosos devem ser coletados quando maduros, ou seja, quando começarem a apresentar os sinais típicos da sua maturação – mudança de cor, textura ou cheiro.
          
    
    Frutos de açaí
          
    Foto: Ronaldo
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        de murici Frutos
        Frutos de caju
        Rosa
        FRUTOS DEISCENTES
          No caso dos frutos secos que se abrem quando maduros - chamados de deiscentes -, é importante coletarmos um pouco antes da sua abertura, ou o vento espalhará as sementes. Quando a árvore tiver os primeiros frutos abertos sabemos que é o momento ideal para coletar os demais.
          Fruto de ipê-amarelo
          Fruto de ipê-verde
          FRUTOS INDEISCENTES
          Fruto de sumaúma
          
    Frutos secos que não se abrem quando maduros - chamados de indeiscentes - são os mais desafiadores, pois podem não apresentar mudanças visuais quando maduros. Nesse caso, podemos observar por exemplo, se há frutos caídos, ou se há algum sinal de frutos comidos por animais.
          Foto: Marcelo Kuhlmann
          Fruto de baru
          Fruto de orelha-de-macaco
          Fruto de jatobá-do-cerrado
          
    
    
    
    
    Foto: Marcelo Kuhlmann
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            Calendário de Sementes
          Para nos ajudar, podemos usar a informação de livros e calendários de outras redes de sementes, que nos dão uma ideia de quando as espécies estarão na época de frutificação e coleta. No entanto, para sabermos com mais precisão, podemos criar o nosso próprio calendário de sementes , anotando quando as espécies estão com flores e frutos na nossa região!
          A maioria das espécies floresce e frutifica todos os anos, na mesma época. Mas algumas espécies podem apresentar produção irregular, com grande quantidade de frutos em um ano, e no ano seguinte não produzirem ou produzirem muito pouco. Por isso, para que nosso calendário de sementes fique cada vez melhor, é importante seguir observando e coletando informações das espécies de interesse ao longo do tempo.
          A andiroba floresce duas vezes ao ano, e pode apresentar produção irregular ou anos sem produção
          O guapuruvu tem ampla distribuição no Brasil, e pode apresentar diferentes épocas de floração e frutificação em cada estado ou região
          Fatores do clima também podem afetar a produção, como uma seca prolongada ou chuvas fora da época, além de doenças e pragas que podem afetar a quantidade e qualidade dos frutos.
          
    
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        Quanto coletar de cada espécie?
          
    Em primeiro lugar, temos que saber se há demanda pelas sementes que iremos coletar, ou seja, verificar com o comprador quais as espécies e quantidades que ele está disposto a comprar.
          Como já vimos anteriormente, para cada lote devemos tentar coletar sementes do maior número possível de indivíduos da espécie. Além disso, o ideal é coletarmos mais ou menos a mesma quantidade de sementes de cada matriz para formar o nosso lote.
          Devemos cuidar para não danificar as árvores matrizes no processo de coleta, evitando cortar mais galhos que o necessário, por exemplo. Lembrem-se que o nosso objetivo final é recuperar as florestas, e para isso não podemos prejudicar as árvores e florestas que ainda temos!
          Por esse motivo também sempre devemos deixar frutos e sementes ainda nas árvores, para que os animais possam se alimentar e para permitir a regeneração natural. Dessa forma, podemos coletar no máximo 30% em áreas naturais, e até 80% apenas em pomares domésticos, quintais e áreas urbanas.
          
    Foto: Carlos Sulmoneti
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            Como
          De modo geral, podemos coletar sementes de duas formas: do chão ou diretamente das árvores matrizes.
          A coleta na árvore é o mais indicado para garantir a qualidade, no entanto, para algumas espécies a coleta no chão se torna mais viável, como no caso de árvores muito altas, com frutos que caem próximo e sementes que não sejam aladas.
          COLETA NO CHÃO
          Para a coleta no chão, devemos manter o local limpo e rastelado, e podemos utilizar uma lona, tela
          ou até mesmo um lençol velho para facilitar juntar as sementes e evitar o contato delas direto com o solo.
          Podemos coletar frutos que caiam espontaneamente ou balançar os galhos das árvores para forçar a queda, usando por exemplo corda ou linha de pesca com um peso amarrado ou um bambu.
          
    O mais importante nessa técnica é não demorar muito para coletar os frutos e sementes, selecionando muito bem e nunca coletando frutos que já estão apodrecendo, com fungos ou atacados por insetos.
          
    Coleta
          Coleta
          As
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        coletar sementes? ANOTAÇÕES
        de frutos de baru
        de frutos de orelha-de-macaco
        fotos desta página foram retiradas da publicação “Sementes plântulas e restauração no sudeste goiano”.
        COLETA NA ÁRVORE
          A coleta na árvore pode ser feita através de várias técnicas e ferramentas diferentes. Em árvores e galhos baixos podemos utilizar apenas facão e tesouras de poda para retirar os frutos.
          
    
    No entanto, o podão é a ferramenta que mais iremos utilizar, pois é fácil de manusear e nos permite alcançar até 3 metros de altura. Também podemos adaptar ferramentas para funcionar de forma semelhante ao podão, como um cano pvc ou bambu com lâmina na ponta, e para frutos grandes podemos utilizar pegadores de frutas.
          
    Coleta
          Coleta
          Foto: Noemi Vianna
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        com podão
        com escada
        Outra ferramenta importante é a escada, especialmente de alumínio. Iremos utilizá-la em árvores de tronco reto e que sejam de fácil acesso, já que seu peso e tamanho podem dificultar o uso em áreas muito fechadas ou distantes.
          A escalada é também uma técnica empregada para a coleta de sementes, pois permite alcançar árvores e galhos bem mais altos. Para isso, podem ser usadas a peconha, esporas ou equipamentos de rapel.
          
    
    Coleta com peconha
          Coleta com equipamentos rapel
          Sacos de ráfia são práticos e adequados para levar a campo, lembrando que devemos sempre separar as sementes de espécies diferentes já no momento da coleta.
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          Foto: Claudemir D. da Silva
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            Atenção à segurança!
          Para garantir a segurança dos coletores é importante não fazer essa atividade sozinho, especialmente se for feita em áreas mais distantes ou de mata fechada.
          O uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) também é fundamental. Se certifique de sempre usar calça e blusa de manga comprida, sapatos fechados, perneira, luvas, chapéu, protetor solar e repelente de insetos. Um kit de primeiros socorros também deve estar sempre de fácil acesso.
          Ao coletar frutos grandes devemos nos atentar com o risco de queda, sendo aconselhável o uso de capacete e a coleta após o pico de dispersão.
          Quando formos utilizar podão e escada é importante observarmos se há fios de eletricidade próximos ou entre a copa das árvores, principalmente quando a atividade for realizada na cidade. Lembrese de sempre conferir o chão e copa das árvores para a presença de insetos e animais que possam oferecer risco!
          
    O transporte e uso das ferramentas deve ser feito com cuidado para evitar acidentes, e a escalada de árvores deve ser feita apenas por pessoas que sejam treinadas para isso e com os equipamentos corretos. Sempre verifique o estado das suas ferramentas antes de ir para campo!
          
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            O que fazer após a coleta?
          Os frutos devem ser levados para o local de beneficiamento o mais rápido possível, e com cuidados no transporte para não danificar os frutos, principalmente os carnosos.
          O local que iremos fazer as etapas de pós-colheita – extração e beneficiamento - deve ser sombreado, limpo, amplo e confortável para trabalhar, podendo ser de uso coletivo da comunidade.
          
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          Foto: Oreme Ikpeng
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        Como extrair as sementes?
          A extração é o processo de retirar as sementes de dentro dos frutos, e cada tipo de fruto pede um tipo de técnica, que pode ser manual ou com o uso de ferramentas e máquinas, quando disponíveis.
          FRUTOS CARNOSOS COM SEMENTES MOLES
          Podem ser lavados em água corrente, ou deixados de molho por algumas horas e amassados na peneira para retirar a polpa.
          Foto: Carol Quintanilha
          Frutos de murici sendo despolpados na peneira com água corrente
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        Devem ser colocados na meia-sombra ou no sol, para que se abram e liberem as sementes. Cuidado para não deixar tempo demais no sol, nem expostos a noite! Frutos menores podem ser quebrados manualmente ou com a ajuda de um pilão.
          
    
    Fruto de monguba secando ao sol para promover sua abertura
          Necessitam o uso de ferramentas como martelo, facão e tesoura para a extração. FRUTOS INDEISCENTES
          Máquina para quebra de baru
          Em todos os métodos deve-se ter cuidado para não danificar as sementes! FRUTOS DEISCENTES
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        Como beneficiar as sementes?
          Beneficiar significa limpar, classificar e separar as sementes, com o objetivo de deixar o lote mais uniforme e com maior qualidade. Dessa forma, devemos retirar sementes quebradas, que estejam verdes ou passadas, remover sujeiras, pedaços de galhos, folhas, restos do fruto e qualquer outra impureza.
          
    O método mais simples é a catação e separação manual dessas impurezas, mas em alguns casos também podemos usar a peneira para tirar fragmentos pequenos, ventilador para soprar materiais leves, ou um balde com água para retirar sementes chochas que boiam.
          No próximo módulo do treinamento veremos quais são as técnicas de extração e beneficiamento mais usadas para algumas das espécies que iremos trabalhar. Com o tempo, conseguiremos aprimorar e testar novas técnicas, melhorando a qualidade das sementes e fazendo render mais o nosso trabalho.
          
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          Retirada de pedaços de frutos com peneira Corte de parte de semente alada
          Foto: Noemi Vianna
          Foto: “Sementes plântulas e restauração no sudeste goiano”
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        Como secar as sementes?
          A secagem é uma das etapas mais importantes e delicadas da produção de sementes. A retirada de umidade das sementes evita o desenvolvimento de fungos e insetos, e permite o armazenamento por mais tempo.
          No entanto, não são todas as espécies que aguentam a secagem! Temos dois grandes grupos de sementes, com necessidades e tolerâncias diferentes:
          SEMENTES ORTODOXAS
          As sementes ortodoxas são aquelas com casca dura, e devem ser bem secas antes do armazenamento. Podemos colocá-las em lonas ou redes suspensas, em local arejado. Começamos a secagem na
          sombra, passando depois de algumas horas ou dias para o meio sol.
          Devemos evitar a exposição direta ao sol para não as aquecer demais as sementes!
          Ao longo do período de secagem devemos revolver as sementes com as mãos ou um rastelo, para que sequem de forma uniforme. Para testar se as sementes estão secas podemos colocar um punhado dentro de um saco plástico fechado, e observar se aparecem gotinhas de água – o que indicaria que as sementes ainda estão úmidas.
          São exemplos de sementes ortodoxas jatobá, orelha-demacaco, ipês, peroba e cedro.
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            SEMENTES RECALCITRANTES
          As sementes recalcitrantes são as sementes moles, que nunca podem ficar muito secas, ou perdem o seu poder de germinação. Algumas dessas sementes podem ser secas por poucas horas na sombra ou até mesmo utilizando um pano, apenas para retirar o excesso de umidade. Essas sementes
          
    também terão cuidados maiores durante o armazenamento.
          Durante essa etapa, devemos ficar atentos ao clima e retirar ou cobrir as sementes em casos de chuva e durante a noite.
          São exemplos de sementes recalcitrantes ingá, seringueira, cupuaçu e monguba.
          Foto: Cidadão Cultura
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        Como armazenar as sementes?
          O armazenamento correto das sementes é fundamental para garantir sua viabilidade até o momento do plantio, e assim como nos processos anteriores, varia de acordo com as características de cada espécie.
          O local de armazenamento deve ser coberto, sombreado e bem ventilado. Não devemos deixar as sementes diretamente no solo, em local com insetos, ou exposto a chuva e orvalho.
          Os principais fatores que temos que nos atentar durante o armazenamento são a umidade, temperatura e as embalagens usadas.
          SEMENTES ORTODOXAS
          As sementes ortodoxas, como devem ser bem secas, aguentam
          mais tempo armazenadas. Em alguns casos de espécies com produção irregular é possível até garantir as sementes do ano seguinte.
          
    Para esse tipo de semente, o ideal é armazenarmos em local frio e seco (até 20°C de temperatura e até 40% de umidade). Podemos usar embalagens impermeáveis, ou seja, que não permitem troca de ar, como: sacos plásticos, garrafas pet, potes de vidro ou de alumínio.
          Quando reutilizadas, as embalagens devem ser bem limpas, e podemos adicionar alguns materiais naturais que ajudam a manter os insetos longe, como: folhas secas de eucalipto, pimenta do reino ou cravo.
          
    Foto: Prefeitura de Mossoró
          Foto: Ecoflor Consultoria
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        SEMENTES RECALCITRANTES
          Já as sementes recalcitrantes não resistem à perda de água e só podem ficar armazenadas por pouco tempo – de alguns dias a poucos meses – em local frio e úmido (de 10 a 15°C e mais de 60% de umidade). Para essas sementes, devemos usar embalagens permeáveis, que permitem que a semente respire e haja troca de ar, como: sacos de papel kraft, de algodão ou de ráfia. Sacos plásticos podem ser utilizados, mas devemos fazer furinhos para permitir a troca de ar, e podemos usar caixas de isopor para o transporte.
          Para muitas das espécies com sementes recalcitrantes, um método muito eficaz é utilizar algum tipo de substrato para armazená-las, como areia
          úmida ou musgo. Lembre-se de pesar as sementes antes da adição do substrato!
          Uma dica para quando formos utilizar embalagens opacas é anexar uma pequena amostra das sementes em um saco plástico, a fim de facilitar a identificação das espécies. Também devemos colar uma etiqueta com algumas informações sobre a coleta - tópico para o próximo módulo.
          
    
              
              
            
            ATENÇÃO
          A qualidade do lote de sementes é definida nas etapas de coleta, secagem e beneficiamento. Na etapa de armazenamento buscamos apenas manter a qualidade.
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