Revista OM Line - 22ª Edição

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PAZ

Música “Paz”, de Cícero Fornari/Eric Santos, interpretada por Cícero Fornari. Dança por Cibele Brasil. Clique no ícone acima para ouvir a música.

Caro Leitor, Saudações de Paz!

Antes de ler esta edição da revista Om Line, pare, respire e faça um minuto de silêncio. Presenteie o seu ser com um valioso minuto de silêncio. E então, antes mesmo de ler, EXPERIMENTE o silêncio que cura. É uma mágica rápida e eficaz. É um recurso. É um método. É uma dádiva. No mundo contemporâneo veloz e barulhento, poucos fazem uso do poder do silêncio...

Que você se sinta inspirado e motivado a experimentar o poder do silêncio e a cura que vem dele. Tantas aulas, artigos e experiências de yogis experientes nesta arte vão ajudar você a encontrar o próprio poder do silêncio e a sentir-se curado do barulho interno. Um, dois, três… Silêncio.

Goreth Dunningham e equipe Om Line

* CARTA AO LEITOR *

32. MATÉRIA DE CAPA

Consciência e Silêncio: Ferramentas para a Cura Patrícia Schmidt Carvalho

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* SUMÁRIO *

8. OM PRIMEIRA PALAVRA

Silêncio

Ken O’Donnell

10. OM INSPIRAÇÃO

Silêncio: uma ponte de comunicação

Anthony Strano

20. OM ESPIRITUAL

Silêncio interior

Sister Jayanti

22. OM REFLEXÃO

O silêncio profundo

Aruna Ladva

38. OM VIRTUDES

O silêncio que educa

Paulo Sergio Barros

42. OM JOVEM

Silêncio! O jovem está descobrindo

Augusto Zimbres

46. OM TRANSFORMAÇÃO

Comunicação silenciosa:

uma experiência que transforma

Rute Freitas

52. OM SERENIDADE

A força que vem do silêncio

Rosane Moskalewski

56. OM COMIDA PURA

Em silêncio

Ana Paula Paixão

58. OM ÚLTIMA PALAVRA

Silêncio, experimente paz

Dadi Janki

5 edição 22 / ano 06

A MAGIA DAS PAUSAS E DO SILÊNCIO EM SUA VIDA

6 * OM FLIX *
Vídeo do canal da Brahma Kumaris Brasil no YouTube, com palestra de Luciana Ferraz, coordenadora nacional da BK Brasil Clique no ícone acima para ver o vídeo.

OM SHANTI!

EXPEDIENTE

Editora:

Goreth Dunningham

Design e diagramação: Felipe Arcoverde

Revisão:

Josélia Ribeiro

Site: Ricardo Skaf

Mídias sociais: Naiara Rios

Colaboração:

Samanta Brandão e Sandra Costa

Ilustrações: Freepik.com

Envie para nós os seus e-mails, dúvidas e sugestões, pelo Facebook e Instagram ou e-mail: revista.omline@br.brahmakumaris.org

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7 edição 22 / ano 06 * ESPAÇO DO LEITOR *

Silêncio

Ken O’Donnell é praticante de meditação Raja Yoga desde 1975. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. Atual coordenador da Brahma Kumaris para a América do Sul.

*
OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell
8

Vídeo “Silêncio”, com Ken O’Donnell. Clique no ícone acima para ver o vídeo.

SILÊNCIO

UMA PONTE DE COMUNICAÇÃO

Quando o silêncio é profundo, transbordando com plenitude, quando não há mais anseio por som, quando há concentração completa no Único, então o pensamento, como uma flecha, encontra e se derrete em seu alvo; aí, a alma humana não apenas tem um vislumbre de Deus, mas é absorvida na pureza daquele Ser; absorvida totalmente, inteiramente, absolutamente. Preenchida com a luz pura que agora tornou-se seu ser, a alma irradia essa energia como paz e amor para os outros: como um farol vivo.

O silêncio é a ponte de comunicação entre o Divino e o divino no humano. Silêncio é onde encontro aquilo que é mais precioso.

Silêncio espiritual é o posicionamento do coração e da mente em prontidão para a comunicação com o Único. Não uma comunicação baseada em palavras repetitivas, nem em teorias intelectuais, nem em pedir pela satisfação de desejos limitados. Comunicação sagrada é a harmonização do eu original com O Eterno.

O silêncio espiritual me dá ener-

* OM INSPIRAÇÃO *
TEXTO DE ANTHONY STRANO, TRADUZIDO E RETIRADO DA RETREAT MAGAZINE NÚMERO 12

gia, pura e altruísta, vinda da Grande Fonte, para arrebentar o casulo da borboleta, abrindo horizontes ilimitados de uma nova visão. Para libertar o eu das negatividades, é necessário silêncio. Absorto em suas profundezas, sou renovado. Nessa renovação, a mente torna-se clara, facilitando uma percepção diferente da realidade. A percepção mais profunda de todas é a da minha própria eternidade.

O ato de silêncio é tão necessário para a vida espiritual como respirar é para a vida física. A força para viver precisa encontrar um ponto de equilíbrio do qual partir e ao qual retornar todos os dias: um oásis de paz interior. O silêncio leva minha energia mental e emocional a um ponto de concentração, onde posso estar quieto. Sem essa quietude interior, torno-me como uma marionete puxada aqui e ali pelas diferentes cordas das influências externas. Esse ponto de tranqui-

lidade é a semente da autonomia que corta as cordas, então a perda de energia acaba.

O silêncio é como um espelho. Tudo fica claro. O espelho não incrimina ou critica, mas me ajuda a ver as coisas como elas realmente são, fornecendo um diagnóstico para me libertar de todos os tipos de pensamentos errôneos. De que modo o silêncio faz isso? O silêncio revive a paz original do eu; uma paz que é inata, divina e, quando invocada, flui através do nosso ser harmonizando e curando cada desequilíbrio. O silêncio é pleno e preenche; gentilmente, poderosamente – consistentemente ativo.

Para criar silêncio, dou um passo para dentro e me conecto com meu eu eterno: a alma. Nesse lugar de tranquilidade imaculada, como que em um ventre eterno, o processo de renovação e reestruturação se inicia. Aí, um novo padrão de energia pura é tecido.

“Esse despertar me capacita a responder e receber o que eu normalmente não perceberia, quer num nível natural ou sobrenatural. No despertar, nesse estado elevado de conhecimento, espiritualizamos o eu e nos tornamos seres mais verdadeiros.”

Nesse espaço introspectivo, eu reflito. Lembro o que esteve esquecido por um longo tempo. Concentro-me lenta e gentilmente e, enquanto faço isso, as qualidades espirituais originais de amor, verdade e paz emergem e são experimentadas como realidades pessoais e eternas. Por meio delas, a qualidade começa a entrar na minha vida. Qualidade é uma proximidade a algo mais puro e verdadeiro em nós. Qualidade é o princípio para ter mais pensamentos iluminados e para a integridade de ação. Nesse espaço, o silêncio me

ensina a escutar, a desenvolver uma abertura para Deus. Escutar me guia à posição correta, abrindo o canal da receptividade. A receptividade me alinha à realidade de Deus; um alinhamento muito necessário se quero verdadeiramente conhecer e estar unido a Ele. Para a receptividade, devo perdoar a mim mesmo. Devo permanecer limpo, despido, simples, despojado de artificialidades, e então uma comunicação genuína se inicia.

Enquanto ouço, recebo, sinto e reflito, gradualmente me concen-

* OM INSPIRAÇÃO *

tro. Concentração é quando estou completamente absorto em um pensamento. Onde há amor, a concentração é natural e firme, como a chama de uma vela irradiando sua aura de luz. O pensamento no qual estamos absortos se torna o nosso mundo. Quando a mente humana fica absorta no pensamento de Deus, a pessoa sente que ressuscitou, a harmonia da reconciliação é profundamente sentida. Nessa ligação de amor silenciosa, nos tornamos lentamente reconciliados, não como um processo intelectual, mas como um estado de ser. Eu desperto. Esse despertar é quando sou plenamente consciente da verdade. Simultaneamente, torno-me consciente das ilusões que há em mim e ao meu redor e do esforço necessário para removê-las.

Esse despertar me capacita a responder e receber o que eu normalmente não perceberia, quer num nível natural ou sobrenatural. No

despertar, nesse estado elevado de conhecimento, espiritualizamos o eu e nos tornamos seres mais verdadeiros. Dentro do silêncio, os raios invisíveis sutis do pensamento concentrado encontram Deus – esse é o poder do silêncio, o que é frequentemente chamado de “meditação”. O som não pode obter esse encontro com Deus. O som pode apenas louvar e glorificar a proximidade da união com o Divino, por meio de música, cânticos ou fala, mas não pode criá-la. Apenas o silêncio cria a experiência prática de união.

Silêncio concentrado é o foco sem palavras da atenção pura sobre o Único. O amor por esse Ser torna-se o foco fácil, estável e preenchedor. Essa proximidade do eu com o Supremo inevitavelmente inspira o desejo de mudança no eu; inspiração para melhorar o eu, tornar-se digno preenchendo seu potencial original, e como podemos partilhar com outros os frutos desse poten-

“Nessa conexão com Deus, a alma se preenche, sente-se completa; ela encontrou aquilo pelo que estava buscando. O Amor Divino opera especialmente através do silêncio; a alma é despertada de seu sono de ignorância e recebe vida nova, como na história da Bela Adormecida.”

cial realizado. Essa partilha não é alcançada com o muito falar, mas, antes, com a integridade do exemplo pessoal.

No silêncio, a orientação mais profunda da consciência é o desejo de alcançar perfeição pessoal. Esse desejo é resultado do fluxo divino de energia entrando na consciência humana e inspirando crença em nosso próprio valor. O reflexo pessoal é aceito como sendo possível. É a fé dada por Deus como um presente para a alma. A possibilidade da perfeição é aceita porque a alma sabe que não está sozinha nesse esforço, ela tem

constantemente o apoio do Amor Divino para alcançar essa meta.

Nessa conexão com Deus, a alma se preenche, sente-se completa; ela encontrou aquilo pelo que estava buscando. O Amor Divino opera especialmente através do silêncio; a alma é despertada de seu sono de ignorância e recebe vida nova, como na história da Bela Adormecida. A alma é a Bela Adormecida, Deus é o príncipe e a ignorância é a bruxa que lança seu feitiço de sono sobre a princesa. O amor de Deus pela alma é tamanho que não é interrompido por qualquer barreira, mas alcança a alma e a desperta

* OM INSPIRAÇÃO *

trazendo-a de volta à vida, de volta à realidade. O amor quebra o feitiço.

É por meio do amor que eu, como uma alma, sou despertado e reconheço minha eternidade. Minha realidade é muito mais do que minha aparência material. Minha eternidade é minha realidade. Essa é a verdade da minha existência. Em grego, a palavra “verdade” é “alethea”, que significa “não esquecer”. O ser humano se encontra num esquecimento muito profundo, uma amnésia do espírito. Não posso alcançar o estado desperto, meu estado verdadeiro, com minhas próprias habilidades intelectuais. A aquisição da verdade não é uma questão de esperteza. Posso despertar apenas quando Deus me ajuda a lembrar. Lembrar é ter conhecimento verdadeiro, é verdade.

Para alcançar transformação interior, o silêncio tem de ser preenchido com amor, não apenas paz. Muitos pensam que é suficiente

experimentar apenas paz no silêncio da meditação, a fim de alcançar transformação da consciência. A paz estabiliza; a paz harmoniza e gentilmente aquieta; a paz lança a fundação. No entanto, o amor ativamente inspira; o amor é o catalisador da mudança; o amor move o universo. O amor move todas as coisas em direção à sua liberdade e felicidade originais.

Tanto o amor como a paz são necessários, e na sua forma arquetípica, vêm de Deus, a Fonte Universal imutável. É esse silêncio preenchido com Deus que restaura o ser humano e a terra a seu estado original. *

Antony Strano foi escritor, palestrante internacional, professor de meditação pela Brahma Kumaris por quase 40 anos.

Por que silêncio?

TEXTO

TRADUZIDO E RETIRADO DA RETREAT MAGAZINE NÚMERO 10

Dez razões pelas quais alguns momentos de silêncio são o melhor modo de começar qualquer reunião.

[1] O silêncio tende a estar associado ao passado e lembranças sombrias.

[2] O propósito central de um momento de silêncio é obter alguma quietude e estabilidade dentro de mentes ocupadas que têm estado trabalhando, criando e pensando, ao longo do dia inteiro. É um momento para descansar e deixar ir o dia e voltar refrescado ao momento presente.

[3] O silêncio também nos permite ser um observador por um momento – essencialmente do que está acontecendo na nossa mente. Ele é, portanto, um método para elevar a autoconsciência, escutando a si mesmo como uma preparação para escutar os outros. * OM INSPIRAÇÃO *

[4] O silêncio permite que aquela voz calma mas poderosa da sua sabedoria inata fale com você, livre das vozes de desejos, expectativas, opiniões pessoais e memórias imediatas.

[5] O silêncio também ajuda a aproximar o grupo que está reunido. Ele nos ajuda a largar as interações passadas e derrubar quaisquer barreiras de um dia que pode ter sido passado “na defensiva”. Largar e derrubar (ou pelo menos iniciar esse processo) é essencial numa troca harmônica, fluente, frutífera e com apreciação de visões mútuas.

[6] O poder do silêncio é o poder da criação. Assim como o artista parte do silêncio de uma tela vazia; e o compositor usa espaços de silêncio entre as notas; do mesmo modo, entre e atrás dos nossos pensamentos há... silêncio. Isso, no entanto, não é um vácuo, mas a energia da consciência que usamos para criar nossos pensamentos e formar nossas ideias. Ser atento ao seu silêncio interno gera poder criativo e abre o seu espaço interior para insights, intuições e inspiração.

[7] O silêncio restaura a habilidade de encontrar equilíbrio entre ser e fazer. Hoje, em ambos os lados (de fora e de dentro) da nossa cabeça, somos viciados em ação, tornando-nos mais “fazeres” humanos e esquecendo que, primeiro e acima de tudo, somos seres humanos.

[8] À medida que o silêncio eleva sua consciência ao seu estado original de ser, ele naturalmente desvia a atenção para longe das quantidades externas da sua vida em direção a uma consciência de qualidades internas. Essa é, talvez, a fonte de toda a qualidade – a qualidade de ser ou o estado de consciência.

[9] O silêncio interior lhe permite redescobrir o que você verdadeiramente valoriza, ou seja, seus valores inatos – paz, amor, felicidade, generosidade, harmonia, integridade, ou seja, qualidades do espírito ou virtudes.

[10] É aqui que a virtude encontra o valor em nível de espírito. E aqui é, talvez, onde a exploração de valores e a expressão desses valores na nossa ética começa – na consciência do eu, em silêncio.

* OM INSPIRAÇÃO *

Jornada ao silêncio

TEXTO DE FRANCIS BOSTON, TRADUZIDO E RETIRADO DA RETREAT MAGAZINE NÚMERO 6

Observe e espere, espere e observe

Isso é tudo o que você pode fazer

Palavras geram palavras geram palavras geram palavras

E essas palavras geram palavras também

O silêncio gera realidade

Isso é tudo o que você precisa saber

A verdade inteira está além, além, além

Sigamos, portanto, para além do além

Observe e espere, espere e observe

À medida que do amor se aproxima

Você verá que foi você quem estava além

E o amor esteve sempre aqui.

Silêncio interior

Sister Jayanti é chefe administrativa adicional da Brahma Kumaris. Ela também é diretora das atividades da Brahma Kumaris na Europa e no Oriente Médio. Representante da Brahma Kumaris na ONU em Genebra. Como professora espiritual por mais de 50 anos, ela dedicou sua vida à autotransformação e ao serviço à humanidade.

* OM ESPIRITUAL * por Sister Jayanti

Vídeo “Silêncio interior”, com Sister Jayanti. Clique no ícone acima para ver o vídeo.

O silêncio profundo

Um repórter curioso perguntou à líder de uma comunidade religiosa: “O que você e suas irmãs na comunidade dizem para Deus quando se reúnem para rezar?”

A irmã respondeu: “Nós não dizemos nada. Nós apenas escutamos”

“Oh”, disse o repórter, “O que Deus diz para vocês então?”

E a irmã, com um brilho no olhar, respondeu: “Nada. Deus apenas escuta.”

Anônimo

Ao longo do mês de janeiro, alguns de nós estávamos tentando descontrair, permanecer calmos e fazer alguma meditação extra, permanecer em silêncio etc. Tendo refletido sobre esse

* OM REFLEXÃO * por Aruna Ladva

mês, apresento aqui algumas realizações que eu gostaria de compartilhar com vocês.

Muitas pessoas permanecem em silêncio. Elas praticam um jejum de silêncio e isso é, principalmente, um voto de não falar. A atenção é prestada em não pronunciar palavras e permanecer calado. Elas podem fazer isso por um dia ou até mesmo anos. Há muitos que também prestam atenção em observar um jejum da mente. Você pode estar pensando – isso é realmente possível? Quando a mente é responsável por disparar todas essas vias neurais para todos os trilhões de conexões cerebrais, é possível aplicar um freio à mente?

A cada segundo, o cérebro envia mensagens para o corpo e a mente absorve informações de todos os cinco sentidos e tenta processar esses dados. Às vezes, o cérebro está tentando alertar você, quando há perigo, e lembrá-lo de comer quando necessário e manter seu corpo na temperatura certa, basicamente o programa fisiológico é manter-nos vivos. Todos esses sistemas estão trabalhando em cooperação sem qualquer interferência mental e orientação minhas. É uma bênção que eles sejam projetados assim.

Eu concluí que o silêncio profundo vem por meio da prática e revolvimento, quando experimentei a plenitude do meu ser interno, então, não preciso de nada de fora. Isso pôde apenas acontecer quando entendi, com conhecimento, e experimentei a verdade disso por meio de alguma prática de reflexão silenciosa e meditação. Nós podemos chamar isso de consciência de alma, em outras palavras, não ser atraído por coisas do corpo, para a consciência física. Essa é a prática.

Às vezes, as pessoas têm esse tipo de crença: “Eu estou fazendo algo bom, mas ninguém percebe. Então, não há por que fazer isso.” Essas pessoas pensam, erroneamente, que a recompensa não está no esforço, mas no reconhecimento positivo desse esforço por parte de outros. Não em desempenhar a tarefa para o eu, mas para a aprovação de outras pessoas.

Porque, quando sinto que “Eu quero algo”, estou numa posição de fraqueza. Enquanto a alma está presa em desejos, é difícil experimentar silêncio profundo, porque será difícil acalmar a mente. Haverá uma ou outra forma de distração para atrair a mente para longe de sua paz e silêncio.

*
OM REFLEXÃO * por Aruna Ladva

Em hindi, “shanti” se traduz como “silêncio” e “paz”. Pode apenas haver shanti, paz e silêncio profundos, quando estou em paz com tudo. Quando não preciso de nada extra de fora. Quando estou apenas bem onde estou, fazendo o que preciso fazer, sendo quem sou, então, posso ficar em paz.

Enquanto há desconexão, vai haver inquietação e, assim, uma urgência de consertar ou corrigir algo. Algum estímulo virá de fora até os meus pensamentos, que serão atraídos para satisfazer esse desejo. Eu não posso nunca estar em paz se acredito que, mesmo do mais leve modo, posso me tornar inteiro tomando o suporte de algo “lá fora”, no mundo físico. Simplesmente porque o que eu estou buscando é paz interior, que, obviamente, vem de dentro.

Há um outro elemento importante para experimentar silêncio interior profundo. Nós somos compelidos à ação devido ao nosso ego. O ego sozinho cria o maior dano. “Fazendo”, nos sentimos “úteis”. Quanto mais fazemos, mais úteis nos sentimos. Ainda assim, não compreendemos que nunca podemos fazer o suficiente. Suficiente para quê? Por quê? Para receber amor? Para receber respeito? Para nos tornarmos ricos ou

poderosos? Mesmo isso não será suficiente. Então, nos programamos para o fracasso, enquanto caímos nesse poço sem fundo de desejos. Tentando ser úteis, mas, sem um fim, nós ainda não estaremos em paz ou felizes.

Essa é uma bonita citação sobre sabedoria. “É da seara do conhecimento falar, e é o privilégio da sabedoria escutar.” É quando superamos nossa crença de superego, de que “Apenas quando EU FAÇO coisas grandiosas é que EU ME SINTO bem.” É quando não faço nada, quando não sou nada, quando estou vazio que sou algo. Então, não haverá uma voz interior que levantará sua cabeça de querer, desejar, choramingar, partir, fazer, conquistar etc.

O silêncio é a única língua que Deus fala. Então, se eu quero me comunicar com Deus, é melhor começar aprendendo por meio do silêncio, um silêncio interior profundo. Quando estou silenciosa, me nutro. Normalmente, quando estou fraca e doente, apenas desejo espaço e silêncio para me curar. Do mesmo modo, o silêncio da alma é extremamente saudável (curador)...

No entanto, o silêncio é uma língua que precisamos aprender. Eu digo isso porque, como seres espirituais, todos nós viemos do silêncio

*
OM REFLEXÃO * por Aruna Ladva

e voltaremos ao silêncio. Se somos incapazes de nos acostumar com o silêncio, sofreremos. Seremos forçados ao silêncio, e qualquer força apenas resulta em luta e dor.

Há uma história sobre quatro monges fazendo um retiro de silêncio. Esse é um bom exemplo para mostrar que, mesmo que a intenção inicial fosse o silêncio, quão facilmente podemos perder nosso ponto de foco e nos tornar distraídos.

Os Quatro Monges

Quatro monges decidiram meditar silenciosamente sem falar por duas semanas. Começaram com entusiasmo e ninguém falou uma palavra durante o dia inteiro. Na noite do primeiro dia, a vela começou a tremer e apagou.

O primeiro monge disse abruptamente: “Oh, não, a vela apagou!”

O segundo monge disse: “Ei, nós não podemos falar!”

O terceiro disse, numa voz irritada: “O que é isso? Por que vocês dois romperam o silêncio?”

O quarto monge sorriu e disse para si mesmo: “Uau! Eu sou o único que não falou.”

Após alguma reflexão, podemos ver que cada monge rompeu o silêncio por uma razão dife-

rente. Cada razão é uma pedra de tropeço comum na nossa jornada interior: distração, julgamento, raiva e orgulho. O primeiro monge se distraiu por um aspecto de sua experiência, a vela, e esqueceu do que era mais importante.

O segundo monge estava mais preocupado sobre os outros seguirem as regras do que realmente praticar ele mesmo. Ele foi rápido em julgar sem perceber que era culpado da mesma coisa que estava criticando.

O terceiro monge deixou que sua raiva em direção aos dois outros monges o afetasse. Uma explosão de raiva arruinou o esforço do dia.

O quarto monge perdeu seu caminho por causa do orgulho. Ele estava convencido de que era superior aos outros, o que apenas provou sua ignorância e fraqueza.

Por que o quarto monge falou? Ele poderia apenas manter seu silêncio e teria sido bem-sucedido em seu esforço. Algumas pessoas são assim. Elas precisam de atenção e reconhecimento por seus esforços e atos. Vemos isso em atos de caridade por exibição.

À medida que verdadeiramente escutamos, testemunhamos e observamos sem reagir impulsivamente de qualquer modo, devido à dis-

* OM REFLEXÃO * por Aruna Ladva

tração, julgamento, raiva e orgulho, e então entendemos o verdadeiro significado do silêncio.

As armadilhas de outras formas de silêncio

Um homem e sua esposa estavam tendo problemas em casa e dando um ao outro um tratamento de silêncio. O homem lembrou que, no dia seguinte, precisaria que sua esposa o acordasse às 5 da manhã para um voo de negócios de manhã bem cedo. Não querendo ser o primeiro a romper o silêncio e parecer perder, o marido escreveu num pedaço de papel: “Por favor, me acorde às 5.”

E o deixou onde sabia que ela encontraria. Na manhã seguinte, o homem acordou e descobriu que eram 9 horas e tinha perdido seu voo. Furioso, ele estava prestes a ir e ver por que a esposa não o tinha acordado. Então, percebeu um pedaço de papel ao lado da cama. O papel dizia: “São 5 da manhã. Acorde.”

Certo dia, dois monges saíram para dar uma caminhada

Um mais velho, o outro bem mais novo. Ambos haviam feito votos de silêncio e castidade.

Enquanto andavam ao longo da trilha, chegaram a um riacho onde viram uma mulher de

pé na margem, e ela lhes disse que precisava atravessar. Sem hesitar, o monge mais velho a pegou nos braços e atravessou o riacho carregando-a. Quando chegaram do outro lado, cada um seguiu seu caminho.

Uma hora depois, andando pela trilha, o monge mais novo interrompeu seu voto de silêncio dizendo:

“Você sabe, com o nosso voto de castidade, nós não podemos sequer tocar em uma mulher, quanto mais pegá-la no colo!”

O monge mais velho, que estava admirando a beleza das matas e as canções dos pássaros, respondeu: “Irmão, eu a levei para a margem faz uma hora. Você, no entanto, ainda a está carregando até agora.”

Nós precisamos aprender como usar o poder do silêncio. Não como uma arma contra os outros ou como um silêncio ruidoso, frequentemente testemunhado nos relacionamentos íntimos, em que a comunicação não verbal é de tal alto volume que todos podem ouvir. Isso acontece quando estamos irritados com outros. Essa vibração apenas cresce e, como dizemos, “fala volumes”, e então todos podem sentir essa vibração.

* OM REFLEXÃO * por Aruna Ladva

Você é filho do Pai Silencioso

Silêncio é a sua herança

Profundamente dentro, você é silencioso

Você veio da Terra Silenciosa

Você retornará para essa mesma Terra do Silêncio

Seu tesouro é o silêncio

É hora de usar o poder da paz do melhor modo para interromper o tagarelar da nossa mente e experimentar silêncio profundo.

Aruna Ladva é professora de meditação Raja Yoga há mais 30 anos. É autora de diversos livros, como: “It`s time...for change”, “It`s time...for self-empowerment”, “It`s time...to be cool”, dentre outros. Também escreve semanalmente em seu blog “itstimetomeditate.org”.

*

* MATÉRIA DE CAPA * por Patrícia Schmidt Carvalho

Nossa mente não para nunca de pensar. E, quanto maior o vazio interior, maior o burburinho mental, na forma de pensamentos, sentimentos, emoções, alavancados por situações do presente, memórias do passado e expectativas sobre o futuro. Quase não nos damos conta desse movimento interior contínuo, dessa ladainha mental persistente, a menos que tenhamos um pouco mais de intimidade com o nosso mundo interior. E a maioria das pessoas só percebe a atividade interna quando ela se manifesta no corpo físico, na forma de dores,

tensões, doenças crônicas, ou sentimentos como angústia, ansiedade, que, por sua vez, desencadeiam insônia, distúrbios alimentares, depressão, estresse e tantos outros males atrelados com a modernidade dos tempos atuais.

Muitos acreditam que meditação significa parar com o fluxo natural dos pensamentos, e que silêncio significa não pensar. E, nessa tentativa antinatural, acabam criando outro tipo de tensão interior e frustração, uma vez que a função primordial da mente é pensar. No entanto, por meio do autoconhecimento e da prática cons-

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“Muitos acreditam que meditação significa parar com o fluxo natural dos pensamentos, e que silêncio significa não pensar. E, nessa tentativa antinatural, acabam criando outro tipo de tensão interior e frustração, uma vez que a função primordial da mente é pensar.”

tante e consistente da meditação, podemos sim reconhecer a qualidade e o ritmo dos nossos pensamentos e substituí-los por outros que despertem internamente um sentimento de aquisição e de preenchimento espiritual. Ao estar preenchida, a mente naturalmente silencia a expansão de pensamentos e é capaz de distrair-se na experiência prazerosa de cada uma das qualidades presentes na essência de cada um de nós –amor, felicidade, paz, poder, pureza, equilíbrio e verdade.

Em outras palavras, podemos dizer que a meditação consiste em usar os pensamentos para despertar nossa essência divina adormecida, latente, e fazê-la emergir, preenchendo a mente com uma experiência positiva.

Quando nos libertamos de pensamentos e sentimentos tóxicos, reações emocionais desproporcionais, medos infundados, ansiedades a partir de inseguranças imaginárias, também libertamos o nosso corpo da influência de uma série de neurotransmissores que provocam

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* MATÉRIA DE CAPA * por Patrícia Schmidt Carvalho
“Ao estar preenchida, a mente naturalmente silencia a expansão de pensamentos e é capaz de distrair-se na experiência prazerosa de cada uma das qualidades presentes na essência de cada um de nós – amor, felicidade, paz, poder, pureza, equilíbrio e verdade.”

Consciência

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Silêncio

desregulação dos nossos diversos sistemas e produção glandular. Logo, o primeiro passo para experimentar silêncio é o autoconhecimento. Por meio do autoconhecimento, basicamente obtemos dois resultados. Por um lado, somos capazes de colocar todas as situações que acontecem no dia a dia em perspectiva, minimizando seu efeito sobre a nossa consciência e, assim, diminuindo a intensidade de nossas reações. Às vezes, as situações têm na prática o tamanho de um gato, mas reagimos como se estivéssemos sendo atacados por um leão.

Temos a tendência de sobrevalorizar o tamanho das situações, devido a nossa falta de reconhecimento de nossa capacidade. E esse é o segundo aspecto desencadeado por meio do autoconhecimento. Um reconhecimento de nossas habilidades intrínsecas, com as quais podemos amortizar os efeitos das situações. Paciência, respeito, persistência, coragem, misericórdia, dentre outras, funcionam como amortecedores para o impacto das situações do dia a dia.

Depois, a prática contínua da meditação torna a nossa percepção

“Um reconhecimento de nossas habilidades intrínsecas, com as quais podemos amortizar os efeitos das situações. Paciência, respeito, persistência, coragem, misericórdia, dentre outras, funcionam como amortecedores para o impacto das situações do dia a dia.”

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* MATÉRIA DE CAPA * por Patrícia Schmidt Carvalho

mais sutil, e passamos a identificar a qualidade de nossos pensamentos, na origem, antes de se tornarem sentimentos, ou se expressarem por meio de nossas ações. A meditação também nos preenche com poder. E, dessa forma, ao identificarmos os pensamentos que queremos mudar, temos força para empreender essa transformação. Em outras palavras, deixamos de ser reféns ou vítimas de nós mesmos, e retomamos o protagonismo da nossa vida.

Com maior autocontrole, somos capazes de manter nosso ritmo interior mais estável, propiciando assim a produção de várias outras substâncias neurotransmissoras que não apenas previnem alguns males, mas ajudam no processo de recuperação e cura. *

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Patrícia Schmidt Carvalho é cirurgiã-dentista e pratica meditação Raja Yoga há 32 anos.

O silêncio que educa

A respiração contínua do mundo

É aquilo que ouvimos

E chamamos de silêncio

Educar exige silêncio, a virtude possante e propulsora da sensibilidade, do autoconhecimento, da escuta, do olhar apreciativo, do sorriso verdadeiro, das palavras amenas e encorajantes. O silêncio é a virtude seminal para educar-se e educar. O silêncio nos educa para conhecermo-nos e conhecermos o outro em uma relação dialógico-espiritual. Ou seja, a fluição de

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OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros

pensamentos qualitativos, o reconhecimento e a prática de nossas virtudes; que são sementes para a nossa comunicação positiva e ações e relacionamentos construtivos. Uma vez instalada na nossa consciência, essa virtude torna-se uma prática cotidiana em forma de paz, amor, empatia, concentração, determinação, criatividade etc. Consequentemente, impulsionamos transformações profundas na nossa vida, assim como nos tornamos inspirações para metamorfoses na vida dos outros. Se não há a virtude (sedimentada a partir do desejo puro para educarmos o espírito) no que fazemos, é inútil a percepção-ação solitária da razão ou a inteligência admirável do conhecimento acumulado. Como declarou Rubem Alves, a inteligência está em um estado flácido, o suficiente para as tarefas cotidianas. Se é provocada pelo desejo (silêncio, curiosidade,

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criatividade, amor...), ela é capaz de fazer coisas ditas impossíveis, incríveis.

Na educação, o silêncio é necessário para: expressar apreço pelo ofício, estética e ética no ensino das temáticas curriculares, ser uma inspiração de virtudes em sala de aula, estabelecer diálogo apreciativo em contextos de diversidade, na avaliação qualitativa, na resolução de conflitos com comunicação positiva e sem punição, ou seja, em tudo que envolve o ensino-aprendizagem.

Uma educação verdadeira está centrada na educação do espírito, isto é, no apreço às virtudes, às habilidades desenvolvidas, aos talentos aflorados ou percebidos. O silêncio educa os sentidos para perceber além do óbvio. Ele lapida a nossa visão, audição, olfato, tato e gosto para aprender a reverberar a paz, o amor, o respeito e a solidariedade no mundo e para o mun-

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* OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros

do. É uma virtude regeneradora que abraça, acolhe, aceita.

Efetivamente, se cultivamos a virtude do silêncio, somos capazes de:

- reencontrar e contemplar nossas virtudes,

- criar algo transformador para nós mesmos e para os outros,

- doar pensamentos de paz,

- captar as virtudes dos outros,

- preencher nossos sentidos de silêncio (paz, harmonia, respeito, amor...),

- criar uma visão positiva sobre as pessoas, acontecimentos, circunstâncias etc.

Isso é silêncio educativo e transformador. *

Paulo Barros é educador, escritor e professor da Brahma Kumaris em Fortaleza-CE.

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SILÊNCIO! O JOVEM ESTÁ DESCOBRINDO...

Talvez você já tenha visto algum post nas redes sociais que começa com “Silêncio, o jovem está descobrindo...” e termina com alguma coisa que alguém acabou de descobrir, seja ela nova ou velha.

De fato, a juventude é um tempo de descobertas, que, hoje, podem ser muito facilitadas pelos recursos tecnológicos que nos permitem obter milhares de informações sobre praticamente qualquer coisa ao simplesmente digitar uma ou mais palavras no Google. E ali virão inúmeras opções de links para vídeos que podemos assistir, textos que podemos ler, publicações que podemos co-

mentar, reagir e compartilhar.

Por que, então, pedir por “Silêncio!” se as descobertas que buscamos parecem necessitar simplesmente de coloridas telas e sonoras vozes nem um pouco silenciosas?

Esse pedido de silêncio não apenas nos relembra da atenção necessária para se assimilar uma informação, como também do relaxamento essencial para tornar aquela descoberta uma coisa realmente minha.

Podemos fazer uma ampla pesquisa sobre um assunto, então criar opiniões, fazer julgamentos, tirar conclusões e compartilhar a respeito. Podemos pensar e falar

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* OM JOVEM * por Augusto Zimbres

SILÊNCIO!

“Esse pedido de silêncio não apenas nos relembra da atenção necessária para se assimilar uma informação, como também do relaxamento essencial para tornar aquela descoberta uma coisa realmente minha”

JOVEM!

* OM JOVEM *
Augusto Zimbres
por
“A meditação nos permite desacelerar nossas mentes tão bombardeada por informações e links para mais informações...”

profundamente sobre o assunto, conectando-o com outras informações que possuímos, como fazem as páginas de internet com os seus blocos de textos ou minutos de vídeos em meio a uma série de links para outras páginas. Mas se não interrompemos, ainda que por uns poucos instantes, todo esse fluxo de palavras e conexões para mais palavras, para silenciar e digerir toda informação, nossa mente continua nessa mesma incessante reprodução sobre o que leu ou ouviu sem um break que permita discernir e filtrar o que seja realmente verdadeiro, bom e necessário naquilo. E a experiência de conduzir a mente com esse filtro de paz é, com certeza, muito mais divertida e recarregadora do que se deixar levar por toda influência do que querem nos fazer acreditar e consumir.

A meditação nos permite desacelerar nossas mentes tão bombardeada por informações e links para

mais informações, de modo que possamos curtir o silêncio de um momento que gentilmente presenteamos única e exclusivamente para nós mesmos. Desligar-se daquele bombardeio e criar um espaço de paz na mente, mesmo que por um minuto, pode parecer desafiador, mas é tão possível quanto vencer o chefão do seu game favorito à medida que você vai aprendendo os caminhos para superá-lo. Quanto mais jogamos esse silencioso jogo, mais longe vamos nele. Bora jogar?

Silêncio! O jovem está descobrindo o verdadeiro silêncio.

*

Augusto Zimbres é apresentador do canal Inspira Saúde Plena no YouTube. Lidera o movimento jovem da Brahma Kumaris para a América Latina com muito ânimo e entusiasmo.

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COMUNICAÇÃO SILENCIOSA: uma experiência que transforma

O SILÊNCIO NA COMUNICAÇÃO POSSUI UM SIGNIFICADO EM SI

DAS PALAVRAS E SIGNIFICADOS

Se neste momento você também está procurando alcançar uma verdadeira transformação positiva, pacífica e amorosa no seu viver, a comunicação silenciosa tem muito a acrescentar nessa decisão. Quando praticada segundo os ensinamentos da espiritualidade, a comunicação silenciosa proporciona um estado de liberdade. A liberdade de poder compreender o verdadeiro significado do poder das palavras da sua comunicação.

No silêncio, consigo escutar meu verdadeiro eu, consigo entender que posso ultrapassar as barreiras das crenças limitantes que estive alimentando com a prática de uma comunicação ruidosa e instantânea. Ruidosa e instantânea no sentido de a mesma acontecer sem uma reflexão verdadeira do poder das palavras e como esta prática afeta diretamente nossos relacionamentos.

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OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas
MESMO, UMA SIGNIFICAÇÃO PRÓPRIA E SUTIL INFLUENTE POSITIVAMENTE, POR SER INDEPENDENTE
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OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas
“Quando nos propomos a compreender a real essência da comunicação silenciosa, passamos a desenvolver uma liberdade que nos livra de uma comunicação limitada por palavras vazias de um real significado.”

TEMPOS ATUAIS: ÊNFASE NA COMUNICAÇÃO EM QUE FALTA O SILÊNCIO

Ele se comunica com você e, ao mesmo tempo, está se comunicando com o WhatsApp ou com o motorista do carro ao lado. No final do dia, ele vai papear com os amigos, em uma mesa onde todos falam ao mesmo tempo.

Nestes momentos, a comunicação é amplamente estimulada e enfatizada pela fala, é quando se fala tanto e, ao mesmo tempo, nada é realmente comunicado. Uma comunicação automática e não reflexiva, que tende a produzir efeitos ruidosos e até mesmo negativos nos relacionamentos, pois, na maioria das vezes, não existe tempo hábil para uma reflexão sobre o poder e o significado das palavras, que dirá sobre os pensamentos que existem antes das palavras serem expressas.

A COMUNICAÇÃO QUANDO EXISTE A PRÁTICA DO SILÊNCIO

A comunicação silenciosa, em que o silêncio acontece anteriormente ao próprio ato da comunicação, proporciona em si a oportunidade de identificarmos nossas emoções e pensamentos não positivos. É um recurso valioso para compreendermos que temos meios de ultrapassar as barreiras da comunicação limitada pelos medos, receios, raiva e não positividade que foram construídas no nosso interior.

Quando nos propomos a compreender a real essência da comunicação silenciosa, passamos a desenvolver uma liberdade que nos livra de uma comunicação limitada por palavras vazias de um real significado. Neste momento, nos tornamos capazes de entender e sentir o que significa experimentarmos o poder de uma comunicação mais verdadeira,

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pacífica e harmoniosa nos nossos relacionamentos.

Passamos a cuidar do significado das nossas palavras internas e externas, nossa comunicação se transforma, e nos transforma.

MEDITAÇÃO: PODER

INTERIOR POR MEIO DA COMUNICAÇÃO SILENCIOSA

A prática da meditação resulta em uma real comunicação silenciosa com nosso eu mais profundo, com nossa alma. Tem em si a capacidade

de colocar nossa mente em um estado de observação, proporcionando uma comunicação mais pura, tão cheia de significados divinos, e que permite a conexão com nossa própria luz, por meio da qual somos capazes de expressar a verdadeira harmonia e a paz em todos os nossos relacionamentos.

RAJA YOGA: O PODER DO SILÊNCIO

Os ensinamentos do Raja Yoga nos orientam a experimentar o

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* OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas

poder de uma verdadeira comunicação silenciosa para obter o grau de sutileza que nos permita a pureza da conexão com Deus

Pai. Ao experimentar esse estado da comunicação silenciosa, entramos num estágio de quietude em que podemos nos tornar conscientes de nós mesmos e do nosso estado divino.

PARA TERMINAR:

AUTOCUIDADO

Cuidar de nossa comunicação interior, estar atento com o tom da comunicação que surge quando somos perturbados por fatores externos é uma prática que podemos aperfeiçoar por meio do silêncio. Nossa paz interior é preciosa demais para ser alterada por

uma comunicação vazia e ou falsa, portanto envio vibrações do autocuidado que devemos ter sobre o poder do que verdadeiramente significam os pensamentos e palavras na nossa comunicação do dia a dia. Om shanti! *

Rute Freitas é praticante de meditação na BK, matemática, mestre em Computação, especialista em Ciência da Mente e Pensamentos Positivos, PNL, terapeuta holística, voluntária da coordenação da Campanha Escolha a Calma e da executiva do Movimento Internacional da Cultura da Paz, em Campinas-SP.

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“A prática da meditação resulta em uma real comunicação silenciosa com nosso eu mais profundo, com nossa alma.”

A força que vem do silêncio

Aqui não vou entrar pelos caminhos de quão destruidor e danoso pode ser aquele silêncio que alguns adotam, para gerar sofrimento e dor, e ignoram o outro... fazem jejum de palavras; ou o silêncio amargo da solidão, que tortura e encolhe o coração; menos, ainda, daquele silêncio pesado de quando há algum temor pairando no ar, por exemplo. Mas quero fa-

lar do silêncio que é doce e auxilia na clareza das ideias, na criatividade, no crescimento, no desenvolvimento, na transformação. Um silêncio que comunica, que empodera, que embeleza, que nutre, que cura e que nos aproxima da nossa verdade, bem como do divino.

Em uma das fases de maior transformação do ser humano, a adolescência, é frequente o com-

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OM SERENIDADE * por Rosane Moskalewski

portamento de querer ficar sozinho(a) no quarto, de fugir da companhia da família, de optar por ficar só, quieto(a). Quem nunca presenciou durante uma discussão alguém dizendo em voz alta: “me deixaaaaaa em pazzzzz”... como um grito: “socorro me tirem daqui, da confusão, quero quietude, silêncio... paz”. Nos hospitais, é frequente a mensagem “silêncio”, levando ao entendimento de que, para que os pacientes possam se recuperar, vencer o embate contra a doença, um ambiente de silêncio é propício. Para que a turbulência da adolescência passe de forma mais rápida, há a necessidade da solitude, assim como há o desejo intenso por voltar ao ponto de equilíbrio, a um estado de paz, quando se está envolvido em situações adversas, de tumulto, como em uma discussão. Sim, todos desejamos e preci-

samos da quietude. Podemos observar que, dentro do ciclo de cada dia, todos os seres vivos precisam sair do burburinho, dos sons diversos. Os humanos deixam de lado a fala, o som, e mergulham no descanso dos órgãos dos sentidos.

sabido que, para um sono reparador, quanto mais silencioso o ambiente, melhor é.

O cientista, assim como o yogue, aprendeu a gostar do silêncio, pois ambos sabem que, em solitude, podem fazer experimentos no laboratório interno, sem os erros que as distrações podem gerar. Tanto o cientista quanto o yogue gostam do silêncio que os leva à concentração e, assim, podem fazer grandes descobertas.

Algumas posturas podem ajudar a alcançar o PODER QUE VEM DO SILÊNCIO:

É

[a] Paciência – é necessário paciência para lidar com a mente travessa e irrequieta. Essa mente que precisa de limites, que precisa ser educada, conduzida gentilmente para ouvir o que Deus quer lhe dizer. É necessário paciência para ouvir o próprio coração. Paciência para entregarse à quietude, ao silêncio e deixar que, pouco a pouco, a concentração venha, e com ela as experiências surjam e preencham o ser com serenidade e plenitude.

[b] Entendimento – observamos que não basta comer alimentos de boa qualidade, é necessário que haja uma boa digestão para nutrir o sistema imunológico, músculos e cérebro. Da mesma forma, entender o conhecimento sobre si mesmo, o mundo ao seu redor e sobre Deus requer estudo e experimentos. Realização é aquele “eureca” interno que vem depois dos experimentos aplicados de maneira prática. É necessário ser um bom estudante e transformar a mera informação em sabedoria, algo que passa a fazer parte do ser, do caráter.

[c] Maturidade - uma pessoa madura é aquela que faz por si, que não espera que a pressão da vida a faça fazer. Que sabe o porquê e como ter consideração pelo silêncio. Assume a responsabilidade pela descoberta da sua verdade, então toma cuidado para não ser enganado pelas ilusões. Que é responsável por colocar no seu dia a dia, na prática,

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OM SERENIDADE * por Rosane Moskalewski

a vivência de suas qualidades e virtudes, como um ser espiritual que é. Que é responsável pela administração do seu tempo, portanto reserva momentos para mergulhar no doce silêncio interior, no final do dia, por exemplo, antes de adormecer. Que faz escolhas conscientes sem dar desculpas. Prioriza a espiritualidade. Que está atento à sua nutrição emocional, e, assim, consegue viver sem tensão.

O silêncio torna a mente em um lago quieto e límpido, onde a paz, que é a natureza original do ser, emerge facilmente. O silêncio empodera o ser, pois, da mesma forma como um girassol move-se sempre de acordo com a luz do sol, aquele que aprendeu o valor do silêncio espiritual move-se sob a luz do AMOR DIVINO, conversa a cada dia docemente com o Pai espiritual, absorvendo força e poder Dele. Silêncio é a ponte de comunicação que existe entre o Divino e os seres humanos. É no silêncio que redescobrimos a nossa verdade. Então, aproveite e desfrute dos benefícios

do silêncio, pratique: falar menos e docemente, pensar menos e com qualidade; e, no final do dia, faça um “balanço” conversando amorosamente com Deus, isto é, medite e, só então, vá dormir.*

Rosane Moskalewski é funcionária pública e praticante da meditação Raja Yoga.

Em silêncio

Em silêncio

Lembro de Deus

Me acalmo

Tudo fica claro

Trago um pensamento, Enquanto outros passam Fixo no Ponto Esse é o destino da viagem

Agora somos dois

Agora somos um Em silêncio curo a alma, o corpo, a vida.

Bem que esse poema poderia ser uma receita de meditação, mas eu sugiro que você crie a sua. A experiência do eu com Deus é única e só requer amor e um coração honesto. Experimente!

Mas, como não existe receita pronta para encontrar o silêncio, deixo aqui a de uma sobremesa que eu gosto muito.

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COMIDA PURA * por Ana Paula Paixão

TORTA DE BANANA COM CHOCOLATE

Massa da base

• 2 xícaras de farinha de aveia

• 3 colheres (sopa) de óleo de coco

• 3 colheres (sopa) de melado

• Pitada de sal

Misture todos os ingredientes. Pegue essa massinha e pressione na base e nas laterais de uma forma com 15 cm de diâmetro. Asse por 15 minutos e deixe esfriar.

Recheio

• 3 bananas maduras

• 130 g de chocolate meio amargo picado

• 1 xícara de leite de coco

Corte as bananas em rodelas e reserve. Derreta o chocolate em “banho maria” e acrescente o leite de coco.

Montagem

Arrume as bananas na assadeira sobre a massa já fria. Para finalizar, derrame o creme de chocolate por cima e leve para a geladeira por 2 horas. Desenforme e sirva.

Ana Paula Paixão pratica meditação Raja Yoga há mais de 12 anos. É designer, culinarista e encantada com a natureza.

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Silêncio, experimente paz

Dadi Janki, yogini indiana, líder espiritual da Brahma Kumaris, foi considerada pelo Instituto de Pesquisa Médica do Texas como a mente mais estável do mundo. Deixou o corpo físico e ascendeu ao mundo espiritual em março de 2020.

* OM ÚLTIMA PALAVRA * por Dadi Janki

Vídeo “Silêncio”, da série “Da Terra ao Céu”, com Dadi Janki. Clique no ícone acima para ver o vídeo.

FicarSilêncioem

Meditação “Ficar em Silêncio”, do álbum “Meditações para uma Vida Plena”, de Ken O’Donnell. Clique no ícone acima para ouvir a meditação.

* MEDITAÇÕES OM LINE *

Uma publicação da Brahma Kumaris Brasil

brahmakumaris.org.br/revista

OM line é uma revista digital para quem almeja restaurar o equilíbrio interno.
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