Revista Incluir

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www.revistaincluir.com.br revista IncluiR - ao alcance de todos

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Ano 7 R$ 14,90 € 5,00

EMPODERAMENTO

feminino

Autismo na escola

Campanhas publicitárias destacam a diversidade de mulheres ‘fora do padrão’ e investem cada vez mais em pessoas com deficiência

NATÁLIA MARTINS

Blogueiros, youtubers e influencers com deficiência ganham espaço na internet para falar sobre inclusão e autonomia

Você conhece os riscos do Zika vírus? Especialista explica sua relação com a microcefalia e alerta para os cuidados que as mulheres devem ter durante a gestação

EMPREGO

Instituições oferecem orientação aos jovens que buscam uma oportunidade profissional

NATÁLIA MARTINS A primeira jogadora de vôlei surda a atuar profissionalmente no Brasil se destaca na superliga de vôlei, é eleita a melhor jogadora do Pan-americano e promove a inclusão dentro e fora das quadras

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ATENÇÃO: A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site

FEV/MAR 2017

bombando na web

Dicas e soluções para garantir o sucesso no processo educacional dos alunos autistas


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Foto: Gustavo Moura

é uma publicação bimestral da Editora Minuano

Av. Marquês de São Vicente, 1.011 Bairro: Barra Funda / CEP: 01139-003 - São Paulo / SP CX. Postal: 16.352 - CEP: 02515-970 Site: www.edminuano.com.br E-mail: minuano@edminuano.com.br Tel.: (0XX11) 3279-8234

DIRETOR-PRESIDENTE Nilson Luiz Festa - nilson@edminuano.com.br ASSESSORIA EXECUTIVA Natali Festa - natali@edminuano.com.br Vera Lúcia Pereira de Morais - vera@edminuano.com.br FINANCEIRO Alexandra Testoni, Liane Bezerra e Luis Eduardo S. Marcelino EDITORIAL Editora de conteúdo: Julliana Reis - julliana@edminuano.com.br Redação: Leticia Leite e Marina Sobrinho redacao@edminuano.com.br Editora de arte: Bianca Ponte - bianca@edminuano.com.br Assistente de arte: Danielly Stefanie - arte@edminuano.com.br Revisora: Adriana Bonone - adriana@edminuano.com.br Colaboradores: José Eduardo e Rafaela Trindade do Vale (texto); Augusto Moraes, Benedict Johnson, Eduardo Saraiva, Dani Villar, Danielle Cestaro, Danielle Sampaulo, Gastão Guedes, José Eduardo, Juan Esteves, Rodrigo Dod/Savaget, Roni Sanches, Vítor Beltrame (Fotos); Romeu Sassaki e Zilanda Souza (Artigo) MARKETING Ismael Bernardino Seixas Jr - ismael@edminuano.com.br PUBLICIDADE Gerente Comercial: Denis Deli Assistente Comercial: Sheila Fidalgo - publicidade@edminuano.com.br Executivos de Conta: Bernardo Laudirlan, Jussara Baldini, Kalinka Lopes, Marco Gouveia e Stepan Tcholakian VENDAS Gerente: Marcos Rodrigues - marcosrodrigues@edminuano.com.br Gerente Depósito: Joel Festa - joel@edminuano.com.br Adriana Barreto - adriana.barreto@edminuano.com.br ASSINATURAS Tel.: (0XX11) 3279-8572 assinatura@edminuano.com.br ATENDIMENTO AO CLIENTE atendimento@edminuano.com.br Paloma França e Thais Souza Tel.: (0XX11) 3279-8571 DEPARTAMENTO DE WEB Daniele Medeiros - daniele@edminuano.com.br

Beleza e carisma Desde que conhecemos a história de Natália Martins, iniciamos os contatos com a equipe de imprensa do Nestlé Osasco, time em que ela atua há quase dois anos. Não foi fácil, mas assim que soube do nosso contato Natália demonstrou interesse em nos receber. Natália é uma mulher que chama a atenção por onde passa. E isso não se deve apenas pela beleza ou por seus quase 1 metro e 90 de altura, mas sim por sua presença marcante e por seu carisma. Quando a história de vida de Natália entra em cena, aí as coisas ganham muito mais cor. Isso porque ela é a primeira jogadora de vôlei surda a atuar profissionalmente no Brasil, tendo sido eleita um dos destaques da superliga e melhor jogadora do Pan-americano. E foi com um sorriso largo no rosto e muita simpatia que ela nos recebeu, no ginásio José Liberatti, em Osasco, sede de seu clube. O resultado desse encontro você confere nesta edição, em uma entrevista exclusiva, em que ela aborda temas como preconceito e vaidade, além de destacar suas conquistas, que não foram poucas! Ainda nesta edição, você confere uma matéria especial sobre algumas marcas de cosméticos que incluíram mulheres com deficiência em suas campanhas publicitárias para promover a

PARA ANUNCIAR Tel.: (11) 3279-8516 publicidade@edminuano.com.br A Editora Minuano recebeu o prêmio TOP QUALIDADE BRASIL em 2015/2016 pelo reconhecimento da excelência de qualidade em seus produtos e ações.

FILIADA À

Impressão e Acabamento:

beleza feminina. Na matéria especial, você conhece alguns digital influencers que utilizam seus canais na internet em defesa da causa das pessoas com deficiência. E mais, matérias exclusivas sobre os riscos do zika vírus para as mulheres durante a gestação e sobre instituições que oferecem orientação gratuita a jovens com deficiência que buscam uma oportunidade profissional.

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Esta revista foi impressa na Fontana divisão gráfica, com emissão zero de fumaça, tratamento de todos os resíduos químicos e reciclagem de todos os materiais não químicos.

Boa leitura e até a próxima!

Julliana Reis

Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 – CEP: 06045-390 – Osasco – SP.

RESPEITE O DIREITO AUTORAL Reproduzir o conteúdo total ou parcial da revista em qualquer plataforma (digital ou física) é proibido por lei. O direito autoral é protegido por lei específica (lei nº 9.610/98) e sua violação constitui crime. Respondendo judicialmente o violador

Julliana Reis Editora-chefe

Foto de capa: João Pires /FotoJump


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Sumário

Edição 45

10 esporte Crossfit

12 eventos Jogos Parapan-Americanos

22 histórias de Sofia O aprendiz de feiticeiro

38 vale saber Surdolimpíadas

6

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24 mundo afora Candoco dance

40 vale saber Histórias em Libras

14 seus direitos Lei do cão-guia

18 instituto Ser Especial

20 instituto PAC

26 estamos de olho Microcefalia e zika

42 coluna Mano Down

28 especial Digital influencers


56 beleza Marcas inclusivas

44 educação Autismo e a educação

48 coluna Equoterapia

58 artigo Romeu Sassaki

60 eventos Arnold Classic

68 incluir cultural Teatro Novo

70 coluna AAPSA

78 trabalho Como se preparar

80 turismo Serra Gaúcha: Canela

84 alternativa Almoço sensorial

90 notas Notícias do setor

92 vitrine Livros

94 vale ler Grito silenciado

50 entrevista Natália Martins

62 saúde 64 tecnologia A importância da fisioterapia Enabling the future

72 projetos especiais Robôs para autistas

66 lazer Bondinho de Aparecida

74 coluna 76 histórias que inspiram Entre Rodas & Batom Mergulho

86 minha história Síndrome de Wolfran

96 vale assistir O contador

88 artigo Zilanda Souza

98 turma do Dauzito Gente down é tudo igual? revista incluir

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www.revistaincluir.com.br revista IncluiR - ao alcance de todos

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Ano 6 R$ 14,90 € 5,00

Inclusão está na moda

prioridade para a libras

Roupas e acessórios quebram padrões e evidenciam o mercado da moda inclusiva no país

Mitos e verdades sobre deficiência auditiva e métodos que facilitam o aprendizado de alunos surdos

MUITA

direito SEU

acessibilidade

NICK VUJICIC

Espaço do Leitor

nas FÉRIAS!

saúde

DE OLHO NA SUA

Conheça seus direitos e não caia nas burocracias dos planos

Meu nome é André Venturini,

importantes! Sou surdo, estilista e

sou cadeirante e tenho uma

modelo.

doença genética. Criei um blog

Renato Paulo, via Instagram

motivacional com o intuito de

@renato.paulo315

ajudar pessoas que sofrem com

NICK VUJICIC

HISTÓRIAS QUE Jovens criam mochila para carregar amigo em viagens pelo mundo

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Oi, gostei da revista. Informações

Conheça as medidas que irão evitar o uso indevido das vagas reservadas

Cidade do Paraná se destaca por oferecer roteiros acessíveis e cheios de história

DEZ/JAN 2016/2017

Seu espaço

O primeiro aluno com deficiência a ingressar na escola regular da Austrália conta como transformou a dor em motivação e se tornou um dos maiores palestrantes do mundo ATENÇÃO: A partir do código em braile, o leitor tem acesso ao conteúdo audiodescrito da revista na íntegra em nosso site

alguma limitação a recuperar o prazer de viver e pelo feedback que Alagoas terá agora um

recebo está ajudando muita gente,

Instituto para pessoas com

e não só pessoas com deficiência.

Síndrome de Down, que já tem

Confiram meus textos no Blog:

realizações pioneiras como ser

www.facesoflife.com.br.

a primeira instituição no Brasil

André Venturini, via Facebook

a participar de uma cerimônia oficial da FIFA, com crianças e

Oi André, muito bacana mesmo

adolescentes com síndrome de

seu Blog. Vamos acompanhar

Down no jogo das seleções Brasil

seu trabalho e sinta-se à vontade

e África do Sul realizado em

para sugerir novas pautas via

Maceió. Gostaríamos de sugerir

Facebook ou pelo e-mail.

uma pauta sobre o Instituto Life Down na Revista Incluir. David Eduardo, vicePresidente do Instituto Life Down, via Facebook Oi David, parabéns pelo instituto. Muito bom saber que novos projetos estão se transformando

Joyce Cardoso, via Instagram @psicppedagoga_joyce

Olá! Parabéns pela atitude de vocês em criar uma revista assim. Não conhecia. Muito bom.

em realidade. Agradecemos a

Alessandra Rangel, via

sugestão. Em breve nossa equipe

Instagram

fará contato para uma matéria!

@alessandrasouzarangel

Escreva para

a revista!

8

Parabéns pela revista!

ATENDIMENTO AO LEITOR

PARA COMPRAR OU ASSINAR:

Envie suas perguntas, dúvidas ou sugestões para

www.revistaincluir.com.br

o e-mail: redacao@revistaincluir.com.br. Ou, se

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preferir, escreva para nossa redação: Avenida Marques de São Vicente, 1.011 - 2º andar – Barra Funda – São Paulo / SP - CEP 01139-003

(11) 3279-8474 PARA ANUNCIAR:

(11) 3279-8484 kalinka@revistaincluir.com.br

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Job: 46

Regis


Job: 46975-005 -- Empresa: Publicis -- Arquivo: 46975-005 An. Prisma PCD 23x27.7_pag001.pdf

Registro: 185774 -- Data: 11:32:34 03/02/2017


Esporte

para cadeirantes Esporte para pessoas com deficiência tem cadeira de rodas adaptada e competições internacionais Por: Leticia Leite | Fotos: Danielle Cestaro, Danielle Sampaulo e Divulgação Jumper Equipamentos

P

raticar um esporte pode proporcionar

espécie de fisioterapia, até no que diz respeito à

uma cirurgia, acabou sofrendo uma lesão me-

uma pessoa com deficiência, desde

31 anos, é um exemplo disso. O rapaz sofreu um

inserindo ao mundo esportivo para não cair no

inúmeros benefícios para a vida de

o desenvolvimento físico, agindo como uma

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qualidade de vida e socialização. Diego Coelho,

acidente de carro há cinco anos, e decorrente de

dular e tornou-se cadeirante. Aos poucos foi se sedentarismo e acabou conhecendo o Crossfit.

Danielle Cestaro

Diego compete internacionalmente em campeonatos de crossfit para cadeirantes


“Depois do acidente cheguei a pesar 130

quilos, fiz uma cirurgia bariátrica e comecei a praticar musculação. Um tempo depois recebi

Cadeirantes’, único torneio do país voltado para

do país, desde a vaga de estacionamento, ram-

praticantes de crossfit em cadeiras de rodas.

pas de acesso, até aos banheiros.

“Comecei a postar muitas coisas no meu

“O crossfit é fantástico, salvou a minha

um convite para participar de uma feira, para

instagram sobre o esporte e passei a receber

vida. Se hoje me tornei um atleta, devo isso a

primeiro contato com o esporte. Depois de

das de como praticá-lo. Ano passado ministrei

uma ferramenta para melhorar sua condição

alguns meses um amigo me levou em um box

de crossfit e aí comecei a treinar, fiz uma aula experimental e nunca mais parei”, diz.

O esporte está em desenvolvimento no

país e o atleta fomenta a prática em suas mídias sociais. Após três anos praticando crossfit, Diego

muitas mensagens de cadeirantes com dúvi-

o primeiro curso de crossfit adaptado, com o

lugar na categoria Scale (iniciante). Diego, ainda, conquistou o quinto lugar na categoria Elite no campeonato da Wheelwod Championships, no evento UG Series, realizado no Canadá, além

de ser idealizador do primeiro ‘Games Crossfit

e este é o próprio intuito do crossfit, criar uma

formar esses profissionais”, afirma.

família dentro do esporte”, finaliza.

Atualmente não há nenhum profissional

com a pessoa com deficiência quais as melhores

semanas de campeonato terminou em primeiro

sair de casa e socializar, pois você faz amigos

um cadeirante dentro do crossfit e começar a

único cadeirante, conquistou a 18ª posição. Em

para cadeirantes, o OPEN, e durante as cinco

inclusão social, um estímulo para a pessoa

treinadores e mostrar a eles como trabalhar com

específico para treinar atletas com deficiência

seguida, descobriu uma competição mundial

física, fazer uma manutenção da saúde, e de

intuito de passar a minha experiência para os

participou de seu primeiro campeonato, na academia onde treinava. Entre 21 atletas, sendo o

este esporte. Além disso, ele funciona como

no crossfit, o ideal é que o treinador aprenda

adaptações e maneiras de realizar os exercícios. Alguns deles que os atletas fazem em pé, por

exemplo, os cadeirantes fazem o mesmo mo-

vimento, só que sentados, fazendo a extensão

de tronco. Já a subida de corda, pessoas com deficiência física realizam sem usar as pernas. A academia, conhecida como ‘box’, onde Diego

treina, é um dos únicos locais 100% adaptados

Divulgação Jumper Equipamentos

fazer uma apresentação crossfit, e lá foi o meu

Cadeira de rodas adaptada para a prática de crossfit

Cadeira especial Além da estrutura do box e de um coach

preparado, é interessante que o atleta tenha

uma cadeira especial para a prática do esporte. As cadeiras tradicionais não são apropriadas

para a prática do exercício, muitas vezes acaDanielle Sampaulo

bam sendo quebradas. Para isso, a Jumper Equipamentos desenvolveu a primeira cadeira

de rodas para crossfit da América Latina, com ela os exercícios são desenvolvidos de uma Diego faz exercício de corda utilizando somente a força dos braços

forma melhor e mais segura.

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Eventos

Mona - Mascote Jogos Parapan-Americanos de Jovens

Jogos Parapan-Americanos de Jovens Esporte para pessoas com deficiência tem cadeira de rodas adaptada e competições internacionais

E

Por: Julliana Reis | Fotos: Eduardo Saraiva/A2IMG

ntre os dias 20 e 25 de março, a

modalidades. “O CPB fica extremamente feliz

acabou de sediar os Jogos Paralímpicos?”,

Jogos Parapan-Americanos de

como os Jogos Parapan-Americanos

que também é vice-presidente do Comitê

cidade de São Paulo vai sediar os

Jovens de 2017, evento que vai reunir cerca

de mil atletas, com idade entre 13 e 21 anos, de 20 países.

Organizado pelo Comitê Paralímpico

Brasileiro (CPB), o evento terá disputas em 12

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de obter o direito de sediar uma competição de Jovens em São Paulo. Após os Jogos

Paralímpicos do Rio-2016, o reconhecimento

afirma o presidente do CPB, Andrew Parsons, Paralímpico Internacional (IPC).

Para o presidente do Comitê Paralímpico

do esporte paralímpico estará no seu auge nas

das Américas, José Luis Campo, desde

a atletas jovens do que competir no país que

Americanos de Jovens, em 2005, na Venezuela,

Américas. O que poderia ser mais motivador

a primeira edição dos Jogos Parapan-


As instalações do Centro Paralímpico, em São Paulo, onde as disputas serão realizadas

o evento tem crescido cada vez mais. “Tenho confiança que, em 2017, São Paulo sediará a

melhor competição da história. É importante

para o desenvolvimento de atletas jovens que eles tenham a oportunidade de competir no mais alto nível. Esta é a função do Parapan de

Jovens. Já vimos atletas que saíram vitoriosos

nestes eventos e que seguiram em frente

e competiram em Jogos Paralímpicos. Tenho certeza que muitos destes estarão competindo em São Paulo também.”

Buenos Aires, Argentina, foi a sede da

última edição dos Jogos, em outubro de 2013. Na ocasião, o evento atraiu cerca de 600 atletas, de 16 países, para competir em

dez modalidades. O Brasil liderou o quadro de medalhas do Parapan-2013 com 209 pódios,

sendo 102 de ouro. A primeira edição do Parapan de Jovens aconteceu em 2005, em Barquisimeto, Venezuela, e contou com atletas

de dez países. Em 2009, 14 países estiveram presentes em Bogotá, Colômbia.

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Seus direitos

Projeto de lei do Senado prevê o acesso de cães de assistência a locais públicos e privados

Lei do Cão-Guia Projeto prevê mudanças na lei para garantir que pessoas com outras deficiências tenham acesso a cães de assistência

A

Fonte: Agência Senado | Fotos: Marcos Oliveira/Agência Senado e Shutterstock

s pessoas com deficiência

exemplo do que já acontece com quem

Comissão de Direitos Humanos e Legislação

acompanhar de seu cão de

o que determina o projeto de lei do Senado

A proposta estende o direito já garantido

poderão ter o direito de se fazer

assistência em locais públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo, a

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tem deficiência visual com seu cão-guia. É

(PLS) 411/2015, de autoria do senador Ciro

Nogueira (PP-PI). O texto está em análise na

Participativa (CDH).

pela Lei 11.126/2005 (Lei dos Cães-Guias), para contemplar as demais categorias de


texto, serão objeto de regulamento os

requisitos mínimos para identificação do cão de assistência, a forma de comprovação de treinamento do usuário, o valor da multa e o tempo de interdição impostos à empresa

de transporte ou ao estabelecimento público ou privado responsável pela discriminação ou impedimento da entrada do cão.

A senadora apresentou emenda para evitar

embaraços ao ingresso e à permanência com

cães de serviço em locais de uso individual,

como guichês de atendimento e cabines de banheiros. Desse modo, o texto passaria a mencionar ‘locais públicos e privados

abertos ao público ou de uso coletivo’ em

vez de ‘veículos e estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo’.

O relatório de Fátima Bezerra foi lido em

reunião da CDH pela senadora Regina Sousa

(PT-PI). A proposta terá decisão terminativa na comissão. Se for aprovada e não houver recurso para votação do texto pelo Plenário, poderá seguir para a Câmara dos Deputados.

Apenas cães-guia são autorizados a acompanharem seus donos

cães de assistência, como cães ouvintes, que

como já acontece com os

sobre sinais sonoros; cães de alerta, cujos

ressalta, no entanto, não

alertam pessoas com deficiência auditiva sentidos aguçados percebem quando

alguém pode ter uma crise diabética, alérgica ou epilética; cães para pessoas com autismo, que ajudam a confortar o usuário durante

cães-guia. A parlamentar ser adequado listar em lei

quais deficiências devem ser contempladas.

“É mais prudente

eventuais crises; e cães para cadeirantes,

e conveniente deixar

pouco acessíveis ou caídos no chão e apertam

da regulamentação

que abrem e fecham portas, pegam objetos botões de elevadores.

Segundo a relatora do PLS 411/2015,

senadora Fátima Bezerra (PT-RN), a Lei 11.126/2005 não incluiu essas categorias

à época da aprovação devido ao pouco conhecimento sobre a importância do cão em outras atividades. Em sua opinião, o

uso dos cães de serviço e a permanência

dos usuários com eles em quaisquer locais

devem ser integralmente amparados em lei,

essa listagem a cargo infralegal, que dispõe sobre a identificação

dos cães de serviço, principalmente para evitar fraudes, como a

apresentação de um animal de companhia

como sendo de serviço”, pondera.

De acordo com o

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Instituto

Ser Especial

Associação, especializada na inclusão profissional, completa 14 anos e inaugura novas instalações Por: Julliana Reis | Fotos: Divulgação

cidadania. Dessa forma, acontece a ‘inclusão de fato e não só no papel’, conforme defende a educadora Carmen Lydia da Silva Trunci de Marco, diretora voluntária da Ser Especial.

Segundo ela, o real comprometimento

com a inclusão está alicerçado na filosofia de

que o ensino deve oferecer a oportunidade

de conviver com a diversidade, primeiro passo, para aceitação das diferenças o que

contribui para a formação de um jovem solidário, um cidadão do mundo.

Em 2016, a Ser Especial firmou parceria

com a Insper, uma instituição de ensino e

pesquisa, sem fins lucrativos, que oferece

cursos de graduação, pós-graduação e

especialização em MBA, mestrado profissional,

A

doutorado e educação executiva.

Os jovens durante oficina realizada pela associação

Ser Especial – Associação

limite etário. As iniciativas são desenvolvidas

aprendizes com deficiência intelectual, e a

Trabalho (AAIT), que completou 12

que utiliza tecnologia social própria: a inclusão

áreas de atuação para estes alunos.

Assistencial de Integração ao

anos de atuação em 2016, inaugurou novas instalações de seu Centro de Capacitação

e Aprendizagem Profissional. A associação também foi cadastrada no Conselho Municipal

da Criança e Adolescente para desenvolver

uma parceria de aprendizagem profissional,

por uma equipe multidisciplinar especializada,

monitorada, que consiste no acompanhamento

dos processos de recrutamento, capacitação,

seleção e suporte pós-contratação com objetivo de fomentar a retenção da pessoa com deficiência no trabalho.

A metodologia utilizada tem como base o

para o ‘Programa Jovem Aprendiz’. Desde

trabalho realizado em parceria com o Colégio

empresas com objetivo de fechar novas

educativa voltada à capacitação de pessoas

então, a entidade fez contato com diversas

parcerias. Assim, intensificou ainda mais sua atuação, iniciada em 2002, na criação de

programas de inclusão social no mercado de

trabalho para pessoas com deficiência, sem

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Com isso, o instituto recrutou oito

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Paulicéia, instituição com sólida base sociocom deficiência por meio da valorização

de suas habilidades, competências e

autonomia, respeitando sempre seus limites e conduzindo-as ao exercício pleno da

Ser Especial ajudou a mapear as melhores


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Instituto

Projeto Amigos das Crianças Projeto surgiu quando um grupo de amigos passou a atuar como voluntários em abrigos e orfanatos Por: Julliana Reis | Foto: Divulgação PAC

O

PAC – Projeto Amigos das

Crianças surgiu em 2003, quando um grupo de amigos decidiu se

organizar e visitar abrigos e orfanatos, de

forma voluntária, com o objetivo de levar algum conforto a crianças e adolescentes carentes. O que começou como simples visitas foi tomando a forma de um projeto

mais maduro, até que, em 18 de outubro de 2006, o PAC foi formalmente fundado.

Uma equipe de 70 funcionários e

cerca de 50 voluntários prestam serviços

pautados nas diretrizes do Plano Nacional

de Promoção, Proteção e Defesa do Direito

Projeto conta com quatro unidades na zona oeste da cidade de São Paulo

de Crianças e Adolescentes à Convivência

Familiar e Comunitária, nas unidades, localizadas na região de Pirituba, bairro da zona oeste de São Paulo (SP).

Mas ainda falta mão de obra. “O que mais

precisamos hoje é de voluntários que possam se dedicar de forma integral ao projeto, como oficineiros, por exemplo”, garante a gestora Fernanda Figueiredo Batista.

Quem puder, pode apadrinhar uma

criança fazendo doações de itens de primeira necessidade, atuar como

voluntário, ser oficineiro, doar os créditos

da nota fiscal paulista ou, ainda, doar

por meio de depósito bancário ou via Pagseguro. Saiba mais em: projetopac. org.br/como-ajudar.html.

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Unidades

Serviço de Acolhimento Institucional

oficinas lúdicas e de geração de renda.

– Casas do PAC I e II: Acolhe crianças

Serviço de Assistência Social à Família

maus tratos, abandono, em risco, órfãos

(SASF): Tem como público-alvo famílias

para Crianças e adolescentes (SAICA) e adolescentes até 18 anos vítimas de ou afastados de convívio familiar por falta de condições dos pais ou responsáveis.

Centro para Crianças e adolescentes

(CCA) – Amigos das Crianças do São Domingos: Atende crianças e

adolescentes com idade entre 6 e 15 anos. Por lá são desenvolvidas atividades

esportivas, socioeducativas, culturais,

e Proteção Social Básica no Domicílio

e pessoas beneficiárias de programas de transferência de renda (PTR) e benefícios

assistenciais; Pessoas com deficiência e idosos, que vivenciam situação de vulnerabilidade e risco social, beneficiários

do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Por lá são desenvolvidas oficinas lúdicas e de geração de renda, além de reuniões socioeducativas.


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Histórias de Sofia

O aprendiz de feiticeiro Por: Sofia Crispim* | Fotos: Shutterstock/Arquivo pessoal

N

essas férias nós viajamos em de-

legais, coisas que dão certo e não sobre o que

bullying na escola e que é defendido por Jane,

um pouco e tivemos muitas aven-

muita gente falando no mundo. Então a gente

jogo, ele é levado a um mundo mágico onde

zembro para a Bahia. Passeamos

turas por conta de um hotel que dizia que tinha acessibilidade, mas era só no quarto

e no restaurante. Será que eles pensam que

cadeirante não vai para a piscina? Não sei, mas eu vou e minha mãe acabou me levando

no colo, descendo muitas escadas e isso foi

dá errado, porque sobre coisas ruins já tem foi para a Bahia de novo, foi legal, a praia de

Itapuã já tem rampas e está muito bonita e também encontramos muitos restaurantes com acessibilidade. De um ano para o outro parece que as coisas estão melhorando!

Mas voltamos da Bahia e não viajamos

muito, muito perigoso porque começou a

mais. Fomos ao cinema ver ‘Sing’ e ‘A bailari-

mas na hora deu medo e frio. Só que aqui

Aprendiz de feiticeiro’.

chover. Lembrar disso agora é até engraçado, na Incluir a gente gosta de falar sobre coisas

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de quem recebe um celular. Ao clicar em um tem aulas com um mago e enfrenta desafios para conquistar a garota de seus sonhos.

Eu gostei muito da peça porque foi emo-

cionante e divertida, e também porque en-

sina que a gente precisa enfrentar os nossos medos e respeitar as diferenças.

Antes de ir a qualquer lugar, minha mãe

na’, e fomos também ao teatro assistir ao ‘O

sempre pesquisa se tem acessibilidade. Nes-

A peça fala sobre um garoto que sofre

lugares para cadeirantes, então ela falou com

se teatro ela viu que só a última fileira tinha


o pessoal do teatro para ter certeza se dava

para ver bem e eles disseram que dava. Na

entrada do teatro (bilheteria) tinha degraus, mas eles têm daqueles elevadores pequenos

(plataforma elevatória) para subir e um bombeiro vem acompanhar.

Lá dentro também tem bombeiro para

ajudar no que for preciso e todo mundo é muito legal, os atores até conversam com o público depois do espetáculo.

Depois do teatro a gente foi no shopping

tomar um lanche e era um shopping que eu nunca tinha ido. Nunca vi um shopping com tantos degraus, mas lá também tinha

funcionários e esses elevadores pequenos,

para tantos degraus. Conseguimos chegar, mas foi complicado!

Agora estou ansiosa mesmo para voltar

à escola. Na minha escola nova todo mundo usa rampa e elevador, seria bom se todos os lugares fossem assim! Sofia com o elenco do espetáculo 'O Aprendiz de Feiticeiro'

Nota da mãe:

Embora a gente sempre pesquise

o cadeirante deve ter o mesmo direito de

que é bom para um não é para todos,

sujeitas às surpresas como a falta de

ral). A mesma coisa no cinema, por ficar só

opções, uma mais na frente e uma mais

antes de sair de casa, ainda estamos

acessibilidade no acesso às piscinas num grande hotel de Salvador. Nos

teatros, cinemas e shoppings tenho observado uma grande melhora, mas deixar apenas a última fileira nem sempre é suficiente (porque num teatro,

escolha de lugares que o público em gena primeira fileira, que em que o ângulo não é muito favorável? Diversos teatros e cinemas já têm promovido reformas

para oferecer mais do que uma opção: pessoa com deficiência não pensa igual

e nem sempre tem os mesmos gostos. O

então o ideal é ter, pelo menos, duas

no fundo. E assim como nos shoppings, rampas e elevadores podem resolver os obstáculos dos degraus, como muitos cinemas já têm feito, acesso por rampas,

que facilitam também a vida de idosos e mães com carrinho de bebê entre outros.

Serviço:

O Aprendiz de Feiticeiro Classificação Livre

Pessoa com deficiência e acompanhante têm 50% de desconto

Teatro J Safra (R. Josef Kryss, 318 – Barra Funda – São Paulo – SP) Informações: (11) 3611-3042

*Sofia Crispim assina a coluna, sob a supervisão de sua mãe, a jornalista Denise Crispim.

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Mundo afora

Candoco Dance Company Companhia londrina inclui pessoas com deficiência em seus espetáculos de dança contemporânea Por: Leticia Leite | Foto: Benedict Johnson

F

undada em 1991, por Celeste Dandeker

os apoiam, que deseja mostrar o que a

Company é uma companhia de dança

recursos consideráveis no envolvimento e

e Adam Benjamin, a Candoco Dance

contemporânea com sede em Londres, no Reino

Unido, e tem como objetivo atuar como uma empresa de dança profissional focada na inclusão de bailarinos com e sem deficiência.

De origens humildes, a Candoco tornou-

-se um grupo de dança líder mundial que já se apresentou em mais de 50 países. Participou das

apoia grupos de dança de jovens em Londres para que realizem oficinas em todo o país.

Candoco e o Brasil Edu O. é um coreógrafo, dançarino e artista

visual brasileiro, e segundo ele, a Candoco foi

cia estavam presentes em ambos os eventos na

não se sentia representado na dança. Ao ver o

história dos jogos, e se apresentou também na

abertura e encerramento dos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012.

Dentre seus principais trabalhos estão as

produções nacionais e internacionais criadas

por coreógrafos em nível mundial. Além disso,

através de seus projetos e atividades de educação, oferecem acesso a mais alta qualidade de

sua primeira referência como um artista que filme ‘Outside in’ da companhia, logo pensou:

“Quero fazer parte desta organização”. Este so-

nho parecia muito distante para um garoto do

interior da Bahia, mas seus caminhos se cruzaram em 2002, quando ele dançou na abertura de

um dos espetáculos da companhia durante sua passagem pelo Brasil.

O tempo passou e Edu se tornou dançarino

trabalho para pessoas que participam da dança

profissional, e quando menos esperava, graças

uma carreira em desenvolvimento.

mendações recentes, recebeu um convite da

contemporânea por prazer ou como parte de A Candoco se define como uma equipe

apaixonada e dedicada, desde dançarinos,

staff, curadores, além dos parceiros que

revista incluir

desenvolvimento do talento de amanhã,

cerimônias dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, foi a primeira vez que artistas com deficiên-

24

dança pode oferecer. A organização investe

a esses primeiros encontros e algumas recoCandoco para participar com o grupo em um

projeto para as Olimpíadas Culturais de Londres em 2010 e 2012.


Dançarinos da Candoco Dance Company durante uma incluir de suas apresentações revista

25


Estamos de olho

Cuidado com o zika! Especialista confirma a relação do zika vírus com a microcefalia e explica como ele age no organismo da gestante Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal e Shutterstock

O

zika vírus é transmitido por

Quando uma gestante é infectada, o que

proporcionaram algum dano ao feto, en-

De acordo com o doutor Antônio Bandeira,

vírus zika atravessa a placenta, o que pode

meio da picada do mosquito

acontece com o feto é um pouco diferente.

nos locais onde se acumula água parada.

membro da equipe que descobriu o zika

Aedes Aegypti, que se prolifera

Ao contrário do que muitos acreditam, ele não se incorpora no DNA da pessoa

infectada, ele se multiplica na parte mais

citoplasmática da célula e se expande a

partir daí. A infecção causada normalmente

é autorresolutiva, ou seja, o organismo do próprio indivíduo produz anticorpos que neutralizam o vírus, mas há exceções.

26

revista incluir

vírus no Brasil e do Comitê de Arboviroses

da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o vírus pode infectar e destruir as células do

sistema nervoso central do feto em formação

devido à sua atração por células nervosas

tretanto, já temos a comprovação de que o

trazer uma grande consequência para o cérebro, a massa encefálica é desenvolvida

em menor proporção, fazendo com que o cérebro não cresça e a calota craniana da criança fica menor”, diz o especialista.

Michele Cabiceiras e Joana Passos mo-

jovens, o que causa a microcefalia.

ram em Salvador, na Bahia, estado onde

que tiveram zika vírus durante a gestação

zika vírus. Ambas tiveram uma gravidez

“É verdade que nem todas as mulheres

foram descobertos os primeiros sinais do


Microcefalia

Tamanho normal

Gabriela, passou pela mesma situação

de Michele: “Descobri que minha filha

tinha microcefalia no segundo ultrassom

morfológico, com 26 semanas de gestação. Por volta da 30ª semana, o médico suspeitou que a malformação poderia estar relacionada ao zika vírus, uma vez

que eu estava com o quadro similar ao de outras pacientes infectadas. Quando o diagnóstico foi confirmado, levei um

grande susto, pois ninguém suspeitava dessa ligação”, afirma.

Os primeiros vestígios do vírus no

tranquila, mas ao serem infectadas pelo

gestação, e no final do 6º mês um exame de

caracterizado por causar febre, coceira,

bebê. Me senti lesada pelas autoridades

vírus no primeiro trimestre de gestação, dores e manchas avermelhadas pelo

corpo, seus bebês foram diagnosticados com microcefalia.

“Através das informações fornecidas

pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e

pela Fundação Oswaldo Cruz fui diagnosticada com zika vírus no primeiro trimestre de

ultrassom apontou uma alteração no meu públicas que não foram eficientes no con-

trole da endemia do vírus zika. Atualmente o meu filho passa por fisioterapias diárias,

além de tratamentos de fonoaudiologia e neuropediatria devido à microcefalia”, diz Michele, mãe de Daniel de um ano.

Joana, de 35 anos, mãe da pequena

Brasil foram descobertos em 2015, na

cidade de Camaçari, na Bahia, mediante o aparecimento de pessoas com sintomas semelhantes aos da dengue, porém com um quadro bem mais brando e de

uma forma diferente. Com o auxílio do Hospital Santa Helena de Camaçari, foram

coletadas 25 amostras de indivíduos que apresentavam esses sintomas, e assim

foi detectada a presença do zika vírus no sangue dessas pessoas.

“Imediatamente o Ministério da Saúde

foi informado sobre a existência do zika vírus circulando nas Américas de uma

maneira que ele se dissemina de forma própria, diferente de quando uma pessoa

infectada traz o vírus de outro país”, afirma. Mas como se prevenir? Segundo o

doutor Antônio, atualmente há uma gama

de estratégias que devem ser colocadas

em prática. Do ponto de vista ambiental, é preciso reduzir a população do Aedes Aegypti, e fazer isso da forma mais moderna possível é utilizar mosquitos geneticamente modificados para que eles reduzam a

população do mosquito selvagem. Ainda

há a ação conjunta ao uso de inseticidas

e repelentes, principalmente em áreas de especulação, fora as pesquisas para o Michele com seu bebê Daniel

A administradora Joana com a sua filha Gabriela, de um ano

desenvolvimento de vacinas, terapias e medicamentos antivirais.

revista incluir

27


Especial

Blogueiros, youtubers e digital influencers promovem a inclusão e defendem a causa das pessoas com deficiência em suas páginas na internet Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal

H

á alguns anos a internet deixou de ser um

informação sobre os mais diversos

como fonte de lazer e pesquisa.

são? A Incluir entrevistou pessoas

canal utilizado apenas

Atualmente, com o boom das mí-

dias sociais, milhares de pessoas têm compartilhado dicas, notícias e

até mesmo sua própria rotina a fim de inspirar pessoas a determinadas

coisas, gestos e estilos de vida. Os

blogueiros, youtubers e digital influencers tornaram-se amigos de

seus seguidores, que em alguns casos os acompanham da hora

que acordam até a hora em que vão dormir.

28

revista incluir

O novo clã on-line compartilha

assuntos, e por que não sobre incluresponsáveis por sete canais dife-

rentes, seja no Youtube, no Instagram, Facebook ou em um Blog,

que possuem o mesmo objetivo, promover a inclusão de pessoas

com deficiência na sociedade, seja

por meio da moda, da beleza, do la-

zer, da educação e de muitos outros temas que podem ser colocados

em pauta no que diz respeito aos direitos da pessoa com deficiência. Confira nas próximas páginas!


Moda em Rodas Sempre antenada

público muito grande de pessoas com nanismo

participou de coberturas

que de alguma forma possuem dificuldades

no assunto, Heloísa já

para o São Paulo Fashion

Week, para o Moda Plus Size e o Moda Inclusiva,

e sempre leu a respeito em revistas e blogs, mas

sentia ausência de repre-

que havia muitas blo-

gueiras e youtubers com em beleza, no universo das maquiagens por

nisso, Heloísa Rocha, de 32 anos, criou um Insta-

moda. Assim, deu início ao ‘Moda em Rodas’,

perfeita, mais conhecida como ossos de vidro

ou de cristal, e ao longo de sua vida sempre

Tenho menos de 1 metro de altura e peso menos de 20 quilos, e me vestir adequadamente é um

desafio, pois essas peças específicas não existem no mercado, temos que procurar uma costureira ou nos vestir no departamento infantil”, diz.

geral, principalmente com a mulher brasileira,

e a moda inclusiva ainda está engatinhando no mercado brasileiro”, finaliza.

de moda, onde comprar peças específicas e quanto elas custam.

Neta e sobrinha de costureiras, ela desen-

o que fica bem em mim, a escolher o tipo de

po todo e o modo de se vestir influencia bastante.

realidade que não condiz com a mulher no

com suas seguidoras seus looks do dia, dicas

que o mercado tradicional oferece.

“No jornalismo precisamos estar vestidos

fica abalada diante da moda tradicional que

sua página no Instagram onde compartilha

volveu desde cedo o gosto e conhecimento

apropriadamente, lidamos com o público o tem-

“O ‘Moda em Rodas’ resgatou a vaidade

exemplo, mas não havia nada específico para

encontrou dificuldades para se vestir de acordo

com as suas necessidades diante das peças

trabalhar a autoestima da mulher.

deficiência especializadas

Quem nunca entrou na internet para bus-

deficiência. A jornalista tem osteogênese im-

é ser uma amiga que dá conselhos e ajuda a

faz culto ao corpo perfeito. A mídia vende uma

uma pesquisa, concluiu

que, assim como ela, possuem algum tipo de

afirma que seu principal objetivo com o projeto

do fashion. Os blogs se mercado, mas através de

blog para dar dicas de moda a outras mulheres

ou acima do peso, por exemplo. A jornalista

da mulher com deficiência que muitas vezes

popularizaram muito no

car inspiração na hora de se vestir? Pensando

para se vestir, como pessoas de baixa estatura

sentatividade da pessoa com deficiência no mun-

Heloísa Rocha possui um guarda-roupa adaptado às suas necessidades

e também de pessoas sem deficiência, mas

de moda: “aprendi a analisar o meu corpo e tecido e de costura mais adequados. Sei escolher um bom corte e o quanto uma peça

vale em uma loja. Viajo muito e assim adquiri

cultura de moda, quando vou para algum lugar

diferente procuro lojas locais, e assim consegui montar um guarda-roupa que atendesse os

meus objetivos e de acordo com o meu estilo”. Sem perceber, Heloísa passou a atender um

modaemrodas modaemrodas heloisahr revista incluir

29


Especial

~

Vai uma Maozinha ai? falar sobre um tema tão pouco abordado no

Brasil, e um ano e um mês depois, a campanha da Revista Vogue para promover os Jogos Para-

límpicos Rio 2016, protagonizada por Cléo Pires, com uma deficiência no braço, e Paulinho Vilhena, com uma deficiência na perna, foi o estopim

para que suas ideias viessem à tona, e assim ela publicou o seu primeiro vídeo, o ‘Recado pra

Vogue’, que já rendeu quase 20 mil visualizações. “Não questiono o fato de serem pessoas

famosas, mas sim pessoas famosas que não têm histórico de luta com deficiência. Aquela

campanha não me representou em nenhum sentido porque ela não era real, photoshop

não me representa, e para mim a deficiência foi

muito real desde que eu nasci. Se for pra fazer Mariana Torquato inspira pessoas com deficiência a se assumirem do jeito que são

Com o intuito de promover a representa-

tividade das pessoas com deficiência, Mariana

Torquato, de 24 anos, em um momento de

questionamento sobre o que estava fazendo para que o mundo fosse um lugar melhor de

viver e estar, criou um canal no Youtube, o ‘Vai uma Mãozinha aí?’.

“Percebi que as pessoas com deficiência es-

tavam sem representação na mídia e há poucas

pessoas com deficiência realmente fazendo parte da sociedade. Pensei que gostaria de fazer algo

para pessoas que estão na mesma situação que eu ou similares, e o canal no Youtube foi uma ideia para expressar o que eu sentia”, diz.

Entretanto, a tarefa não foi tão simples! A

administradora e estudante de ciência e tecnologia de alimentos, que nasceu sem o antebraço

esquerdo, precisou de um empurrãozinho dos

30

revista incluir

amigos para iniciar sua vida on-line e eles sempre

uma campanha, apoie algo que seja real, mas os marqueteiros talvez discordem de mim”, afirma.

Em seu canal, Mariana tenta abordar sobre as

ficaram admirados com o seu jeito de levar a vida,

diversas formas de deficiência e compartilha um

Após a criação do canal, Mariana sentia que

coisas, como pintar o cabelo, por exemplo, sem a

cheia de opinião, atitude e autoestima.

ainda lhe faltava uma fonte de inspiração para

pouco do seu universo, como faz suas próprias ajuda de ninguém. E um dos principais objetivos


da página é mostrar que pessoas com deficiência

não faziam, como tirar fotos sem esconder a

sentimentos e também são cidadãos.

apesar do seu público-alvo ser a pessoa com

são como qualquer outra, que têm angústias, Mariana recebe um feedback muito positivo

de seus leitores e histórias incríveis de pessoas que estão se sentindo representadas pelo

canal e inspiradas a fazerem coisas que antes

“Parece que agora estou conhecendo uma

deficiência, por exemplo. Afirma também, que

comunidade de pessoas com deficiência que

deficiência, também está aberta para conversar

não é necessariamente algo ruim, pode ser uma

com a comunidade sem deficiência, pois elas

querem saber como lidar com a deficiência de

uma forma simples, natural e sem ter vergonha.

estão se assumindo. Viver com uma deficiência

forma de se surpreender e se superar todo dia. E é importante que as pessoas tenham uma cabeça

aberta para as diferenças, porque se olhar bem de perto todo mundo é diferente um do outro”, diz. Sobre os planos para o futuro do canal, Ma-

riana diz que é ir ‘ao infinito e ao além’, espera

representar e conhecer cada vez mais as pessoas com deficiência e deseja fazer com que esta causa seja ouvida de fato. “Somos 20% da população,

é uma quantidade expressiva de pessoas que está aumentando, e os seus direitos não. Não somos pessoas infelizes e incapazes, somos simplesmente humanos, vivos, minoria, desrespeitados, e não estamos a fim de ficar calados”, finaliza.

Vaiumamaozinhaai Marianatorquato Matorquato Vai uma mãozinha aí revista incluir

31


Nossa Vida com Alice

Carol e Thomas com seus filhos Antônio e Alice

Carol Rivello e Thomas Ventura de Souza são

acreditava ser possível, afinal havia realizado

aberto para o que estava por vir. Por sua causa,

anos, que já é protagonista de muitas mudanças,

absolutamente nada. Entretanto, no dia seguinte

novo, foi como se uma janela fechada há muitos

pais do Antônio e também da Alice, de quatro conquistas e desafios na vida do casal.

Na madrugada após o nascimento de sua

filha, a designer gráfica e ilustradora foi até o

berço, a observou atentamente, e achou seus traços diferentes dos da família. Logo, pensou na possibilidade de uma deficiência, mas não

32

revista incluir

vários exames e ultrassons, e não foi apontado a pediatra as visitou no quarto, e sem muitos ro-

deios, falou que tudo indicava que Alice possuía síndrome de Down.

finalmente abri meus olhos para um mundo

anos tivesse sido aberta na minha vida, trazendo novos ares”, diz Carol.

E a partir do sentimento de que a sua história

“Fiquei muito abalada, claro. A sensação é de

e a da Alice haviam se cruzado por um motivo

gado tanto àquela bebezinha e fiquei de peito

uma oportunidade que a vida lhe ofereceu para

perder o chão. No entanto eu já tinha me ape-

muito especial, Carol decidiu criar um blog, vendo


lutar pelas pessoas com síndrome de Down e outras deficiências, mudando o olhar da sociedade para estas causas e empoderando as famílias.

Suas páginas na internet são espaços de re-

flexões sobre os desafios que vivem, lá compar-

tilham o seu dia a dia e também trazem informações atuais acerca da síndrome de Down. Além

disso, mostram como a estimulação de bebês

e crianças pode ser fácil, acessível e prazerosa através de coisas simples do cotidiano, e que

os papais não precisam ficar dependentes do consumismo, de brinquedos caros e complexos. “Notei grande interesse dos amigos e familia-

res em acompanhar e torcer pela nossa história, o que me deixou feliz e surpresa. Assim, em um

mês criei um blog especial para a Alice. Gosto da oportunidade de poder combater o capaci-

tismo, seja lutando contra termos ultrapassados e ofensivos, seja incentivando um novo olhar

sobre as habilidades das pessoas com síndrome

de Down ou informando sobre os direitos das pessoas com deficiência”, afirma.

Carol acredita que o feedback dos leitores é

muito importante, que trocar ideias, respeitando o ponto de vista do outro, seu local de fala e sua vivência, é o combustível para evoluir, crescer e enxergar outras realidades.

“Nosso trabalho é um retalho em uma grande

colcha de esforços individuais que, em conjunto, fazem a diferença e promovem uma evolução na

qualidade de vida das pessoas com deficiência. Tem pai contribuindo com seus conhecimentos

como bioquímico, tem mãe lutando por inclusão através de sua profissão de advogada, mães jornalistas que fazem um trabalho fantástico unindo

todas essas pessoas... e essa grande trama tem um valor inestimável”, finaliza.

W

nossavidacomalice.wordpress.com Nossavidacomalice Nossavidacomalice Nossavidacomalice

revista incluir

33


Especial

Mais uma Rodada por onde entrar, onde comprar o ingresso,

como é a acessibilidade do evento e outras coisas. Para ele, apesar da questão da mo-

bilidade ainda estar bem longe do ideal, as pessoas estão pensando cada vez mais

em garantir a acessibilidade para pessoas com deficiência.

“Percebo que já há informação para pes-

soas com deficiência na internet, mas poucas

relacionadas ao lazer. Então o meu desejo é fazer com que a galera saia de casa e vá

se divertir, porque a vida acontece lá fora! A palavra-chave é empoderação”, finaliza.

Pedro Américo é frequentador assíduo de festivais e shows

Quando uma pessoa com deficiência de-

seja sair de casa, muitas questões de acessibilidade costumam ser estudadas, para que,

assim, ela não passe por nenhum desconforto

o público. Em eventos com 50 mil pessoas às vezes só havia eu de cadeirante, então comecei a pensar porque isso acontece.”

Quando passou a utilizar cadeira de rodas,

e possa curtir o passeio sem problemas. Mas

aos 22 anos, Pedro assume que passava mui-

Pedro Américo, de 32 anos, pode te ajudar.

de informação sobre os locais de lazer, afirma

como saber se o local é acessível? O canal de Com foco em lazer e programas culturais, no

‘Mais uma Rodada’, o funcionário público, que é cadeirante devido a uma distrofia muscular,

compartilha suas experiências nos eventos do seu ponto de vista: sentado.

“Eu não paro quieto, tenho muitas histó-

rias interessantes para contar, e meus amigos

me incentivaram a fazer o canal. Além disso, passei a frequentar muitos shows e festivais, e reparava que não havia cadeirantes entre

34

revista incluir

to tempo dentro de casa por vergonha e falta que as pessoas com deficiência deixam de ir a uma festa ou ao teatro, por exemplo, porque

não sabem como será lá, se vai ter espaço

para elas, assento ou banheiro adequado.

“Por mais que o evento tenha uma página na internet falando sobre acessibilidade, quando chegamos lá é tudo diferente.”

Os seguidores entram em contato com

o Youtuber em busca de informações, principalmente sobre os festivais, perguntando

mais1rodada maisumarodada Mais uma Rodada


Blog Ana K preendedorismo e política. Em agosto de

de informações onde podem sanar algumas

dos mesmos assuntos. Entretanto, as coi-

vida com deficiência.

2015, deu início a um Blog onde trataria sas tomariam um rumo diferente após ser

pois cada pessoa tem sua própria história, mas

pessoas com deficiência, assim, Ana fez seu

ência podem romper barreiras e viver a vida

primeiro vídeo sobre o assunto.

Quando sofreu o acidente em 2009, Ana

K, como passou a ser chamada na época da faculdade, diz que pesquisava sobre próte-

projeto ‘Vida de Deficiente’, que atualmente é o principal projeto da página, que gera mais tráfego e engajamento.

inspiradas e mais capazes. Essas histórias resultaram na hashtag #AnaKApresenta, que

divide os relatos com outros leitores e amplia as conexões geradas pelo Blog.

“O trabalho vai além de mim, e isso é muito

novas possibilidades, motiva pessoas sem de-

é informar e empoderar pessoas com deficiência e inspirá-las a realizarem seus sonhos. Acredito que informação é poder, uma pessoa

que conhece suas possibilidades não fica limitada ao que tentam impor a ela”, diz.

Dentre os demais temas abordados nos

Formada em marketing, Ana decidiu

mes. Ana sente que seus leitores confiam em

assuntos relacionados à sua profissão, em-

ao verem seus vídeos se sentiram motivadas,

impeachment. Hoje meu principal objetivo

posts e vídeos estão acessibilidade, inclusão,

criar um canal no Youtube para abordar

relatos que recebe de mulheres que estavam

gratificante. É algo que faz diferença na vida

que sua deficiência a transformou em uma pessoa melhor.

Ana diz que a melhor parte de seu tra-

“No início o ‘Blog Ana K’ tinha outro intui-

to, o primeiro post foi sobre o processo de

trágico, mas hoje, aos 25 anos, ela acredita

porta-voz das pessoas com deficiência”, afirma.

se sentindo reféns da sua deficiência, e que

deficiências no seu blog, e assim nasceu o

pernas. Em princípio parecia extremamente

leitores me vejam, como ouvinte, auxiliadora e

pessoas fora do Brasil, a informação era forma, sentiu que precisava falar mais sobre

São Paulo e sofreu amputação em uma das

que sonham. É assim que eu quero que meus

balho e o que a motiva a continuar são os

algo que parecia fora do seu alcance. Desta

Aos 18 anos, Ana Kelly Melo caiu na li-

um exemplo de como pessoas com defici-

ses e mulheres amputadas e só encontrava

nos sites e nas mídias sociais histórias de

nha do trem na região metropolitana de

“Não quero ser um exemplo de superação,

abordada de forma grosseira por um guar-

da quando estava na vaga reservada para

Ana Kelly aborda questões nacionais sobre deficiências

dúvidas, especialmente no período inicial da

lifestyle, dicas de viagens, shows, livros e filsua opinião e querem saber sobre as suas

experiências, veem o Blog como um canal

das pessoas com deficiência mostrando a elas ficiência e principalmente reprime o precon-

ceito e promove o respeito, fortalecendo a imagem da pessoa com deficiência”, conclui.

W bloganak.com.br

anakmeloo anakmeloo anakmeloo Ana K Melo

revista incluir

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Especial

Cacai Bauer Um ano depois, a visibilidade não para de

produção, mas dizem que ainda é muito

canal e quase 4 milhões de visualizações

pessoas interessadas em contribuir com pa-

crescer! Já são quase 200 mil inscritos no em todos os seus vídeos. Tudo isso pegou

a família de Cacai de surpresa, pois não esperavam que alcançariam grandes proporções em pouco tempo. A manutenção

do canal é realizada em casa, Janaina é res-

Cailana a fama é natural e ela fica muito feliz com o assédio do público, é como se

De Lauro de Freitas, na Bahia, para o

ela estivesse vendo o retorno de tudo o

na internet como Cacai Bauer, é uma das

Janaina afirma que o retorno do público

mundo! Cailana Eduarda, mais conhecida

que ela sonhou quando criança”, diz a mãe.

revelações de 2016, no Youtube. Bem hu-

é grande, principalmente de regiões interio-

é assim que os pais da moça de 22 anos,

acesso à informação. Muitos pais de crianças

Janaina Bauer e Dalmo Lemos decidiram

procuram pedindo conselhos. Já em relação

continuasse desenvolvendo suas habilida-

tudo como sempre, com muito bom humor.

“Cailana desde pequena gosta de mos-

mais do que ela. Quando o comentário é

Depois que ela descobriu o Youtube, fica

pessoa que escreveu de uma forma edu-

aprende tudo sozinha, ficamos surpresos

pois na maioria das vezes são crianças que

as coisas”, diz Janaina.

acabamos relevando”, diz a mãe.

de 2016, e com apenas duas semanas já

inscritos no canal, a família passou a ter

morada, extrovertida e muito talentosa,

ranas onde as pessoas ainda não têm muito

que possui síndrome de Down, a definem.

e adolescentes com síndrome de Down os

criar um canal na internet para que a filha

às críticas, Cacai reage muito bem e leva

“Quem quiser criar uma página na inter-

e uma estrutura para oferecer conteúdos de

da família. Os pais devem estar atentos ao conteúdo que os jovens buscam e publicam na internet e verificar se ele é adequado ao

público que os acompanha. Temos que correr atrás dos nossos sonhos, foi o que fizemos com

a Cailana, e hoje ela inspira outras crianças e

adolescentes com Down”, completa Janaina.

“Nos incomodamos com as críticas

trar seu talento, de dançar e interpretar.

muito agressivo, costumamos advertir a

procurando coreografias na internet e

cada, mostrando que aquilo não é certo,

com a facilidade que ela tem de absorver

estão em fase de desenvolvimento, então

Seu primeiro vídeo foi ao ar em fevereiro

Após ultrapassar a marca de 100 mil

revista incluir

da família é fundamental.

qualidade, mas o mais importante é o apoio

“Ficamos muito orgulhosos por ela, para

36

deram a ela e diz, ainda, que a motivação

e Caio auxiliam nas letras das paródias, nas coadjuvante dos vídeos.

acumulava mais de 200 inscritos no canal.

sua filha é resultado do apoio que sempre

net precisa ter uma noção básica de edição

canções e também participam de forma

des e realizasse o seu sonho: ser famosa!

trocínio. Janaina acredita que o sucesso de

ponsável pela edição dos vídeos, Dalmo

pela identidade do canal, e os irmãos Luísa

Cailana Eduarda tem quase 200 mil inscritos em seu canal

difícil alavancar o canal devido à falta de

retorno financeiro e ampliou a equipe de

Cacaibauer Cailanaeduarda Cailanabauer Cacai Bauer


Rampa de Acesso “Meu trabalho tem grande relevância para

a comunidade com e sem deficiência, pois

acredito que de alguma forma posso ajudá-

-los a enfrentarem suas lutas, seus dilemas e problemas diários que são comuns a todos, e

compartilhando minhas experiências como

mulher com deficiência mostrar que todos podem superar seus limites, assim como tenho superado os meus!”, finaliza.

O objetivo de Vânia Martins é trabalhar a autoestima da mulher com deficiência

Após conhecer o trabalho de algumas

“O principal objetivo das minhas páginas

Youtubers e se apaixonar pela plataforma,

na internet é motivar! Levar a minha história

o aliado perfeito para a proposta que estava

mostrar que, apesar de todas as minhas limi-

Vânia Martins percebeu que um canal seria

estudando. Graduada em serviço social, pos-

sui Distrofia Muscular de Duchenne e utiliza cadeira de rodas para se locomover devido

de superação ao maior número de pessoas e

tações, sou muito feliz, amada e vaidosa! Sou uma mulher que vive intensamente“, conta.

Vânia acredita estar no caminho certo e

a algumas limitações nos membros inferio-

fica muito feliz com cada seguidor que con-

motivação a todos que, de alguma forma,

Recebe milhares de mensagens, perguntas

res e superiores, e queria levar um pouco de precisavam de um referencial, principalmente

ao público feminino. E assim nasceu o ‘Rampa de Acesso’, canal no Youtube, e atualmente

também o blog onde Vânia conta sobre sua

rotina, dá dicas de beleza, além de proporcionar informação e entretenimento.

quista diariamente em suas mídias sociais. e opiniões, sempre sugerem coisas novas e

querem saber ainda mais como é a vida de uma mulher cadeirante. Seu maior desejo é

inspirar mulheres com ou sem deficiência a

elevar sua autoestima através da aceitação e dos cuidados com a beleza.

vaniarampadeacesso.com.br rampadeacesso rampadeacesso Rampa de Acesso com Vânia Martins revista incluir

37


Vale saber

Brasil busca patrocínio para Surdolimpíadas Summer Deaflympics acontecem em julho, na Turquia Da Redação | Foto: Shutterstock

E

ntre os dias 18 e 30 de julho, acontece a 23ª edição do Summer Deaflym-

pics, as Surdolimpíadas de Verão, uma

versão dos jogos olímpicos, disputados exclusivamente por atletas com deficiência auditiva.

Organizado pelo Comitê Internacional de

Desde 1955, o Comitê Olímpico Interna-

nas da edição de 2005, em Melbourne, Austrália.

máxima desportiva internacional para surdos.

leira esteve representada por 13 atletas e seis

cional (IOC) reconhece o ICSD como entidade

O Brasil nas Surdolimpíadas

A primeira participação do Brasil nas Surdo-

Desportos de Surdos (ICSD), o evento será rea-

limpíadas aconteceu em 1993, na Bulgária. Na

atletas, que vão disputar 21 modalidades.

conquistaram três vezes o quarto lugar. Desde

lizado na Turquia e deve reunir cerca de 2.500 Com uma delegação de 230 atletas, a Con-

federação Brasileira de Desportos de Surdos

(CBDS) busca apoio para conseguir participar

Em 2009, em Taiwan, a delegação brasi-

dirigentes, tendo conquistado a primeira medalha para o Brasil, no judô, com o bronze de Alexandre Soares Fernandes.

Em 2013, o Brasil voltou à Bulgária com uma

ocasião, dois nadadores disputaram 11 provas e

delegação de 19 surdoatletas e 14 dirigentes.

então, a natação brasileira é a modalidade mais

quatro medalhas, sendo três na natação e uma

presente no evento, tendo ficado de fora ape-

Nesta edição, o Brasil voltou para casa trazendo no karatê.

do torneio.

Mas para que os atletas possam disputar

o torneio em 16 das 21 modalidades, a CBDS

precisa levantar mais de 2 milhões de reais em patrocínio.

Deaflympics

Idealizado em 924, o evento inicialmente

era chamado de ‘Jogos Internacionais Silenciosos’. Já no período entre 1966 e 1999, a

nomenclatura mudou para ‘Jogos Mundiais

Silenciosos’. Desde o ano 2000, o evento passou a ser chamado de ‘Deafympics’, Surdolimpíadas em livre tradução.

A 1ª edição das Surdolimpíadas de Verão

foi realizada em 1924, em Paris (França). Nesta época, havia 145 atletas de nove países europeus que participam nas sete modalidades.

38

revista incluir

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Aqui todos têm oportunidades iguais.

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Vale saber

Contação de histórias em Libras Além de estimular a imaginação e o desenvolvimento das crianças surdas, atividade conscientiza sobre a deficiência auditiva Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal

oral e escrita e valorizar os laços familiares. Mas e no caso das crianças com deficiência auditiva? Alguns pais se veem perdidos em

meio a esta situação, mas para isso há uma saída, a contação de histórias em Libras.

Na rede de Atendimento Educacional Es-

pecializado (AEE), da Secretaria de Educação

da cidade de Suzano (SP), algumas escolas já promovem este tipo de atividade que envolve

pais e alunos. É realizado o Sarau com Libras, onde cada turma apresenta uma atividade,

como a contação de histórias, canções e poe-

sias. A ideia é movimentar toda a escola, para que o público reflita sobre a questão da surdez.

É de suma importância que as escolas

promovam este tipo de atividade inclusiva, entretanto, é preciso que os professores

O

Contação de histórias estimula a imaginação e o desenvolvimento das crianças

s profissionais da educação, como

senvolvimento infantil, pois a atividade pode

fendem que a contação de histó-

como aguçar a criatividade e a imaginação,

os pedagogos, por exemplo, de-

rias é uma ferramenta muito importante no de-

40

revista incluir

trazer inúmeros benefícios para os pequenos,

auxiliar no desenvolvimento da linguagem

apoiem as ideias e estejam envolvidos na

causa. Durante a atividade sempre há um intérprete de Libras presente, e algumas vezes

os educadores levam fantoches que fazem a

interação com o público, o boneco responde tanto em linguagem oral quanto em Libras. As


histórias são compostas por elementos visuais

para que as crianças possam interiorizá-las de uma forma mais efetiva.

“Como nós vivemos e trabalhamos com

a proposta da inclusão, precisamos divulgar

cada vez mais a questão da surdez, estimular o surdo e, ao mesmo tempo, fazer com

que as outras crianças que não possuem deficiência auditiva também entendam o que é a Libras,”, garante a agente especial de educação Ariane Polizel.

Geralmente os próprios alunos preparam

as poesias, as canções e as histórias, os professores fazem a leitura e eles as interpretam.

Segundo Ariane, a contação de histórias em Libras é uma forma de divulgar a surdez, a

Libras, e de fazer com que todos tenham acesso à informação.

“Geralmente os surdos são filhos de pais

ouvintes, então eles acabam chegando na es-

PDF/X-4 ISO cola achando que estão falando, e leva algum

arizona.flow

tempo até que eles entendam que a Libras

Para quem supera desafos todos os dias, conquistar uma vaga no McDonald’s vai ser fácil.

Alunos do Atendimento Educacional Especializado de Suzano (SP) conversam em Libras

é uma forma de comunicação. É muito legal quando eles veem a Libras fazendo parte das

suas vidas, vão compreendendo melhor o que essas mãos mexendo significam”, finaliza.

O McDonald’s, eleito 17 vezes uma das melhores empresas para trabalhar no Brasil, está com vagas abertas para pessoas com defciência. É uma ótima oportunidade para quem está querendo entrar no mercado de trabalho. Conheça os benefícios que a vaga oferece: • carteira assinada • alimentação no local • vale-transporte • assistências médica e odontológica • avaliação individual das atividades • treinamento especializado e contínuo

Para se candidatar, você precisa ser maior de 16 anos e comparecer a um dos Restaurantes McDonald’s ou acessar mcdonalds.com.br e cadastrar seu currículo na área Trabalhe Conosco. Letícia Pereira do Nascimento Bruna Vinho Luiz Gustavo Cruz Matsumoto

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Processado por arizona.flow em Mon Jan 16 16:02:32 2017 BLACK YELLOW MAGENTA CYAN

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Coluna

Informações que você precisa saber sobre a síndrome de Down

A

Por: Leonardo Gontijo* | Foto: Divulgação

síndrome de Down é uma condi-

ficiência mental, que traz fatores de ordem

conhecer a Síndrome de Down e o que ela re-

alteração genética na formação do

rística da síndrome;

pessoas e ter em mente que é possível ter uma

ção que acontece quando há uma

indivíduo. A pessoa com a trissomia possui três

psicológica e nada tem a ver com a caracte3) Não existe portador da síndrome: o

cópias do cromossomo 21 em vez de dois, ou

termo portador de síndrome de Down é er-

A síndrome apresenta como característica prin-

uma deficiência, já que esta é uma condição

seja, um cromossomo a mais em todas as células. cipal certo atraso intelectual e, por vezes, podem

aparecer alguns problemas de saúde ou físicos. Porém, nada disso impede que a pessoa

com a síndrome tenha uma vida repleta de conquistas e realize todas as suas atividades

roneamente utilizado. Não é possível portar

inerente à pessoa, ou seja, não se pode escolher portá-la ou não. A maneira correta de

dizer é que a pessoa tem uma deficiência intelectual ou que tem síndrome de Down;

tem Síndrome de Down: quem vive com essa

ções sobre SD, preparamos cinco informações

socialmente sem o menor problema. Portanto,

importantes, pois conhecimento combate mitos e preconceitos!

1) Síndrome de Down não é doença:

ela acontece apenas por uma alteração na quantidade de cromossomos, portanto, não é considerada uma doença. Ela não impede que

a pessoa desenvolva suas habilidades físicas

cia mental: a deficiência intelectual consiste em uma demora maior para assimilar alguns

aprendizados e desenvolver um pensamento

ou uma habilidade. Muito diferente da de-

42

revista incluir

Ficou com alguma dúvida ou tem algum

comentário que deseja compartilhar conosco? Abraços inclusivos!

preciso ouvi-las e levar em consideração o que

pensam a respeito de determinados assuntos, principalmente os que são referentes a ela;

5) A pessoa é um indivíduo e não sua de-

ficiência: antes de ser alguém com síndrome

apresentá-la aos demais com seu nome, mos-

2) Deficiência intelectual não é deficiên-

amor são sempre as melhores atitudes para tudo.

ela também pode emitir opiniões sensatas. É

essa condição como uma doença, assim como tenha a síndrome de Down de doente;

muitas pessoas têm. A inclusão, a paciência e o

se ela é capaz de realizar todas essas tarefas,

de Down, a pessoa é um indivíduo e deve ser

também não é correto chamar alguém que

desmontar uma visão muitas vezes errada que

condição pode estudar, trabalhar e conviver

e intelectuais, só é necessário que se dê mais

tempo para isso. Portanto, não é preciso encarar

vida plena, ajuda a incluí-las na sociedade e a

4) É importante respeitar a opinião de quem

no seu tempo.

Para ajudar você a saber algumas informa-

presenta para quem a possui. Saber lidar com as

tratado como tal. Por isso, é muito importante

trando quem é a pessoa, antes de citar ou falar

sobre a síndrome. Isso ajuda a desconstruir um

estereótipo de que a síndrome pode chamar mais atenção do que a pessoa em si e ajuda a trazer a igualdade entre as pessoas que, acima de qualquer coisa, são seres humanos.

Com essas informações, fica mais fácil saber

*Leonardo Gontijo é idealizaMANO DOWN dor e presidente do Instituto Mano www.manodown.org.br Down, criado para divulgar a síndrome de Down de forma a quebrar paradigmas. Instituto Mano Down www.manodown.org.br


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43


Educação Este conteúdo é uma parceria entre as revistas Incluir e Mundo da Inclusão, publicação especializda em educação inclusiva

O AUTISMO E A EDUCAÇÃO Ser flexível com os hábitos da criança com autismo é uma das peças-chave para conquistar sua confiança e evoluir na comunicação

O

Por: Leticia Leite | Imagens: Shutterstock

Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por alterações ou

atrasos nos principais domínios do

Ainda segundo a especialista, o diagnóstico

do TEA se baseia em diferentes testes clínicos

Frequentemente diagnosticadas após os três

já que as conclusões podem apontar outras con-

anos de idade, essas características podem ser percebidas dentro e fora de casa. Muitas vezes, os educadores são os primeiros a sinalizarem o atraso na fala, que frequentemente se associa às dificuldades nos contatos sociais. Ficar atento às

observações dos professores pode ser o primeiro passo para buscar o auxílio especializado e iniciar o tratamento correto o quanto antes.

A médica geneticista e neuropediatra, Iara

realizados por meio de um olhar multiprofissional,

dições médicas ou psiquiátricas em associação com o TEA. A análise comportamental é o foco dos protocolos clínicos padronizados internacio-

nalmente, além da investigação da linguagem verbal e abordagens educacionais, entre outros.

O AMBIENTE ESCOLAR No ambiente escolar, a criança com autismo

Brandão, afirma que, nestes casos, a frase ‘cada

apresenta dificuldade na interação social e na

rodesenvolvimento, no qual existe um tempo

radas tímidas e possuem um comportamento

criança tem seu tempo’ não se aplica para o neu-

esperado para comportamentos e atividades de cada idade.

“Não se pode deixar passar a abordagem

precoce para intervir com o tratamento correto. A neurologia infantil conhece esse tempo e o

exame clínico neurológico precoce pode propor-

cionar o diagnóstico em tempo hábil, procurando

revista incluir

atrasando essa etapa”, alerta a doutora.

neurodesenvolvimento: socioafetivo, linguagem

verbal e não verbal e atenção compartilhada.

44

associações e condições médicas que estejam

comunicação verbal. Muitas vezes são consideemocional caracterizado pela evitação. Estudos indicam que crianças com autismo estão três

vezes mais suscetíveis a sofrerem bullying, comparadas a outras crianças, assim, os pais e educadores devem ficar atentos aos sinais.

Além disso, essas crianças com TEA possuem

dificuldades em permanecer em certos am-


bientes, como locais com

inclusiva é mesclar o ensino regular com o

apelo visual muito forte, que

lio de um professor especializado que entenda

barulho, e que tenham um são considerados pela especialista como elementos distratores.

“Os autistas têm altera-

ções neurossensoriais que geram dificuldades em se adaptarem aos ambientes distratores. São crianças que

têm dificuldade em supor-

tar um estímulo auditivo e visual ao mesmo tempo, o que é muito frequente no ambiente escolar”, diz.

Ainda existem mitos

sobre o desenvolvimento intelectual da criança com

autismo. Apesar de serem classificadas como Asper-

ger, algumas crianças não

apresentam dificuldades

Você conhece os tipos do TEA? Autismo clássico: Evitam contatos sociais e não usam a fala como meio de comunicação. Frequentemente apresentam movimentos estereotipados, podendo ou não apresentar comprometimento intelectual; Síndrome de Asperger: Autismo de alto desempenho, em que o paciente é verbal e apresenta inteligência preservada, quanto menos dificuldade de interação social, mais perto da função social adequada estarão estes pacientes; Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação: É o diagnóstico mais difícil, pois não possuem sintomas do TEA suficientes para classificá-los em uma categoria específica.

Outra forma de trabalhar com a educação

muita luminosidade, muito

de comunicação verbal,

no entanto, vivem o mes-

mo processo de isolamento

adaptado no contraturno escolar, com o auxí-

a dinâmica, as necessidades da criança e estimule adequadamente seus canais sensoriais.

Segundo a especialista, no Brasil e em outros países, inclusive os considerados desenvol-

vidos, ainda faltam investimentos neste tipo

de profissional, transformando a educação inclusiva para crianças com autismo em um desafio muito grande para todos.

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA A família é um pilar muito importante para

a criança com autismo, já foi amplamente

comprovado, por meio de pesquisas, que o convívio e estímulo à interação entre pais e

filhos é essencial para o seu desenvolvimento, como para qualquer outra criança do univer-

so. Os pais ou responsáveis devem estimular comportamentos menos restritivos, promover

sua participação social respeitando seus as-

pectos de hipersensibilidade e não permitir que a criança se isole naturalmente.

Cada família deve compreender sua criança

e comportamento repetitivo, assim, são bem

na maneira de interagir com o ambiente e na

relacionado a uma melhor capacidade de sinte-

Iara Brandão, crianças com autismo têm uma

objetivos, mas não necessariamente isso está tização do conteúdo ministrado em sala de aula.

“Há quem diga que todo autista é

superdotado de inteligência, e isso não é verdade.

hora de realizar suas tarefas. Segundo a doutora

forma diferente de ser criança e os familiares devem ser flexíveis com essa característica.

“Se esta criança tem ligação com apenas

Sabemos que grande parcela das crianças com

um tipo de brincadeira, os pais devem brincar

intelectual, e aí elas têm um pensamento

espaço para outras opções de brincadeira,

espectro autista pode apresentar deficiência

concreto e que foge da questão de inteligência preservada”, afirma a doutora Iara.

O ideal é que a criança com autismo siga

sua educação em uma escola regular e não em

escolas especiais. Entretanto, é necessário que essa escola tenha um espaço físico e pedagógico

adequado para incluir o aluno, já que eles são hipersensíveis, em sua maioria, aos estímulos distratores, referidos anteriormente.

com ela desta forma, mas também devem dar

dando um simbolismo, um sentido para a nova atividade. Além disso, é preciso não reprimir o comportamento da criança o tempo

inteiro, porque isso vai causar estresse e ansiedade. Se ela fizer algo considerado errado

ao brincar, em vez de dizer logo de cara ‘não faça isso!’, você deve participar da brincadeira

desta forma e só depois mostrar-lhe qual é o jeito certo de brincar”, finaliza.

revista incluir

45


Educação

Como o professor deve agir? Seja flexível no sentido de auxiliar

Dê diretrizes objetivas e simples:

gará cada vez mais próximo de uma

a criança à sua necessidade: Se per-

Essa ação evita confusão nas tarefas,

comunicação efetiva;

cebeu que a criança possui sensibili-

já que essas crianças têm um pensa-

dade acústica e visual, evite lugares

mento mais objetivo e focado;

muito barulhentos e com muitos estímulos visuais, respectivamente;

Não seja inflexível com as atividades repetitivas: Faça questão de que ela não

Dê autonomia à criança: Procure

tenha comportamento repetitivo, mas

não fazer as tarefas em seu lugar, dê

trabalhe isso de forma amigável em vez

Estimule os canais de comuni-

a oportunidade de ela executar as

de ir de encontro às suas manias;

cação da criança: Se ela gosta de

atividades;

desenhar, comunique-se com ela dessa maneira, tente verbalizar o que o desenho significa;

46

revista incluir

Elogie: Valorize uma atividade realiConquiste sua simpatia: Respeite

zada de uma boa forma ou conforme

seus vícios e hábitos e assim che-

o esperado.


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47


Coluna

O cavalo e a síndrome de Down Por: Eliane Cristina Baatsch* | Foto: Augusto Moraes

A

equoterapia como intervenção

menta em controle postural, adequação de

de desenvolvimento global da

fala, estimulação sensorial, educacional, so-

terapêutica auxilia no processo

pessoa com a síndrome de Down, mais conhecida como cromossomo do amor.

A síndrome de Down ou trissomia do cro-

mossomo 21 é uma condição geneticamente

determinada com características físicas espe-

tônus muscular devido à hipotonia global, cial, cognitivo, comportamental, entre outros.

E como principal, a relação com o amigo ca-

valo, o cuidado, a confiança recíproca, por fim o benefício proporcionado pela montaria.

Comumente as pessoas com síndrome de

cíficas e atraso no desenvolvimento, algumas

Down apresentam boa interação com o cavalo

patologias. Normalmente a equoterapia é

no ambiente equoterápico, têm boas respostas

pessoas apresentam associações com outras

indicada, porém algumas pessoas podem apresentar cardiopatia e a instabilidade atlanto-axial entre outras. Por isso, a importância da avaliação médica e da equipe de triagem.

e com toda a equipe, socializando muito bem

na habilitação motora e de controle postural.

E a família, em conjunto as outras terapias, contribui amplamente com o desenvolvimento. No Brasil temos o atleta Claudio Aleoni

Embora a maioria das características físi-

Arruda que realiza equitação de trabalho,

ticante é diferente em seu contexto global.

participações em provas pela Federação Pau-

cas seja peculiar, na equoterapia cada praPortanto, tem o seu direcionamento especificado à queixa apresentada pela família,

encaminhamentos de outros profissionais,

avaliação da equipe equoterápica e objetivos.

Normalmente a equoterapia é procurada

como principal queixa à marcha e ao equilíbrio. Contudo, o prognóstico se comple-

48

hipismo, adestramento e é profissional, com lista de Hipismo (FHP) e na Eslováquia o Filip

Graño que participou da prova dos três tam-

bores pela NBHA BRAZIL na World Cup - 2016. “É o cavalo fazendo a diferença não só

na modalidade da terapia, mas também no

esporte, na profissão e na vida das pessoas com síndrome de Down.”

*Eliane Cristina Baatsch é equoterapeuta, coordenadora da Hípica Santa Terezinha, instrutora de equitação clássica, equitação para equoterapia e de volteio terapêutico. Pedagoga e psicopedagoga, especialista em deficiência múltipla

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Entrevista

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Natalia Martins Em bate-papo com a Revista Incluir, atleta revela como conquistou uma carreira de sucesso no esporte e fala sobre seu relacionamento com a comunidade surda Por: Julliana Reis e Leticia Leite | Fotos: João Pires/Fotojump

N

ascida e criada na cidade de Lorena,

no interior de São Paulo, Natália Martins de 32 anos é a primeira

jogadora de vôlei surda a atuar profissionalmente no Brasil. Com passagem pela seleção brasileira

de Vôlei, Natália integra a equipe Nestlé Osasco, um dos times mais populares do país.

Dona de uma história marcada por desafios

e muita perseverança, Natália é casada há três anos e sonha em ser mãe de cinco filhos, um

deles adotado. Confira essa e outras curiosidades sobre a atleta na entrevista exclusiva a seguir!

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51


Entrevista Você tem 70% de perda auditiva e desco-

briu isso ainda na infância. Como foi sua inclusão escolar?

Sempre estudei em escolas regulares, minha mãe apenas dizia aos professores que eu tinha

deficiência auditiva e os orientava para que eles falassem olhando para mim e que eu sentasse

na frente, mas eu era bagunceira e queria ir para o fundão. Normalmente as escolas abraçavam a minha causa, mas quando mudei de colégio,

do ginásio para o ensino médio, fui para uma escola que não me aceitou, disseram que o meu lugar era em uma sala especial. Assim, fiquei um

ano sem estudar, mas no ano seguinte concluí os estudos em outra escola.

Como sua família agiu durante o seu processo de conquista de independência?

As pessoas dizem que eu nunca convivi com surdos, e não mesmo, vivia em uma cidade

do interior onde a comunidade surda era muito pequena, cresci no meio de ouvin-

tes e minha mãe me tratava sem qualquer regalia ou diferença. Quando eu andava de bicicleta, por exemplo, ela tinha medo que

eu não escutasse o barulho dos carros, mas ela precisava que eu desenvolvesse uma per-

cepção. Com isso acabei ampliando o meu campo visual e aprendi a identificar quando estava vindo um carro. E, graças a isso, hoje eu tenho uma percepção muito boa.

Quando você conheceu o vôlei e como decidiu que atuaria profissionalmente?

Conheci o esporte através de uma professora

da escola, ela precisava de algumas meninas

para praticar ginástica, e como eu era alta acabei arriscando. Fiz dois anos de ginástica rítmica e, quando a professora percebeu que eu estava crescendo rápido demais, me convidou a migrar

para o vôlei, aí foi quando eu me apaixonei. Tive que aprender a fazer toque, manchete, sempre

observando as meninas. A professora acabou ficando só com ginástica e me apresentou para

outra treinadora em Guaratinguetá, uma cidade

52

revista incluir

Natália sonha em ser mãe de cinco filhos


vizinha. Eu continuava jogando na escola, mas as

Brasília e atualmente no Nestlé Osasco.

eu era surda. Mas de Guaratinguetá acabei indo

Você é uma mulher vaidosa?

pessoas falavam que ‘não ia dar em nada’ porque

para Mogi das Cruzes, e então precisei sair de

casa (eu estava com 15 anos) e ali eu realmente

percebi que queria me tornar uma profissional do vôlei.

Por quais clubes você já passou?

Em times estaduais atuei em Lorena, Guaratin-

guetá, Mogi das Cruzes, Porto Real e Varginha. Já na Superliga atuei no SESI de Uberlândia, no Minas Tênis Clube de Belo Horizonte, no Brasil

Telecom de Brusque, no Pinheiros e no SESI em São Paulo, no São Caetano, no Praia Clube de

“Foi um aprendizado muito grande e deixei uma semente plantada dizendo que os surdos também podem chegar até lá”

Sim! Gosto muito de me arrumar, de passar maquiagem, fora de quadra. Dentro de quadra eu só passo rímel porque ele não sai, e

não passo base porque mancha as toalhas e deixa uma marca horrível no rosto, você

vai tirar uma foto e o rosto fica um lado com base e o outro sem (risos).

Quem é o seu ídolo no esporte?

Há duas pessoas que admiro bastante, a Fo-

fão, com quem eu já tive a oportunidade de jogar e foi uma experiência sensacional, e o

A atleta já passou por mais de dez clubes ao longo de sua carreira

revista incluir

53


Entrevista

Natália é fã de Bernardinho, ex-treinador de vôlei, e da ex-jogadora Fofão

Bernardinho. Quando eu tinha 12 anos assistia

giu, penso que vou perder tempo se for discutir

Qual é o balanço após a sua passagem pela

para ele. Mandei uma mensagem para ele na

mas situações e em alguns lugares, tinha sempre

Foi uma grande vitória, tenho uma lem-

muito vôlei na TV e decidi escrever uma carta internet, e não sei se foi realmente ele quem me respondeu, mas foi muito importante para

mim. Na mensagem eu disse que gostaria de ser igual a ele, chegar aonde ele chegou e ele respondeu: ‘Se você tiver garra, determinação e

perseverança vai chegar onde quiser’. E eu levei essas três palavras comigo a carreira inteira e

com a pessoa. Não me sentia incluída em algu-

que estar perto de alguém, tentar ser amiga de alguém, e eu nunca gostei disso. Mas em todos os times pelos quais eu passei me incluíram, me

ajudaram e me incentivaram, sempre aprendo com as meninas e elas aprendem comigo. É uma troca muito saudável.

até hoje, se acontece alguma coisa, eu me

Como é ser a primeira jogadora de vôlei com

passo até chegar aonde eu cheguei. Por isso

mente no Brasil?

lembro daquilo, e fui superando tudo passo a ele é muito importante na minha carreira.

A perda auditiva te fez pensar em desistir da carreira em algum momento?

Várias vezes. Já sofri discriminação, sempre tem alguém cochichando, mas isso nunca me atin-

54

revista incluir

deficiência auditiva a atuar profissionalNo início eu nem entendia muito bem o que

era isso, mas hoje posso dizer que é muito gra-

tificante, acabei me tornando uma referência

Seleção Brasileira de Vôlei?

brança incrível. Sempre fui uma pessoa muito pé no chão, via onde era o meu limite

e até onde podia ir, nunca imaginava que

um dia fosse chegar à seleção brasileira, embora tivesse o apoio de muitas pes-

soas. Quando o José Roberto Guimarães (técnico da seleção) me fez o convite, eu

fiquei muito feliz, até o Bernardinho me parabenizou e me desejou boa sorte. Foi

um aprendizado muito grande e deixei uma semente plantada dizendo que os surdos também podem chegar até lá.

para outros que queiram atuar no esporte e abri

Você participou dos Jogos Pan-Americanos

minho que eu, fiquei muito feliz em saber disso.

Foi sensacional! Os jogos aconteceram em

as portas para que eles percorram o mesmo ca-

de Vôlei para Surdos, como foi a experiência?


Washington, nos Estados Unidos, em uma

para que a comunidade surda participe dos

ouvintes porque eles são muito fechados, e

língua de sinais, foi uma experiência surreal

Não vamos entrar para as Paralimpíadas

estarem só entre eles, mas não é assim que

faculdade só para surdos, todos falavam a e quero ter a oportunidade de vivenciá-la mais vezes. Nos Estados Unidos há muitos jogadores com potencial, mas só eu

era profissional, as demais meninas eram

amadoras, o que dificultava o entrosa-

mento durante as partidas. As jogadoras surdas têm muita dificuldade visual e não possuem uma percepção tão boa quan-

to a que eu desenvolvi. Também foi um grande desafio para mim, pois tive que

tirar o aparelho para jogar, e você perde

jogos?

porque o surdo não tem literalmente uma deficiência física. O que precisa ser feito é a

divulgação da causa da comunidade surda,

participar, como a Surdolimpíadas, e estamos

Gostaria de dizer para que as pessoas te-

em busca de patrocínio. Acredito que a nossa

modalidade, o vôlei, conseguirá entrar porque estamos batalhando para isso e eu vou estar lá se der tudo certo.

que ajuda bastante na minha performance

Muitas pessoas me mandam mensagem atra-

técnico dava bronca, eu o desligava (risos).

Nas Paralimpíadas não há competições para

surdos, você acredita que há alguma chance

ouvintes e os ouvintes a eles.

Qual mensagem você deixa para os leitores

tras competições para surdos que podemos

Como é o seu relacionamento com a comu-

dentro de quadra, só às vezes, quando o

funciona, eles têm muito o que ensinar aos

precisamos de mais ênfase na mídia. Há ou-

o equilíbrio, quer ouvir um barulho e não

tem. Uso um aparelho de alta tecnologia

eu quero quebrar isso. Eles têm orgulho de

nidade surda?

vés da minha página na internet, e agora com a minha participação na seleção brasileira o meu contato com a comunidade

surda aumentou ainda mais. Mas a minha

maior vontade é trazê-los para o mundo dos

da Revista Incluir?

nham perseverança e fé diante das difi-

culdades, se alguém disser que você não vai conseguir, coloque na sua cabeça que

você consegue ir mais além do que pode imaginar. Tem um cara lá em cima sempre

nos guiando e colocando coisas boas ao

nosso redor. Deus me dá muita estratégia, às vezes Ele me desvia de um caminho

sem eu entender e depois eu percebo que foi para o meu bem, assim, peça a Deus para te colocar no melhor caminho e ele

sempre vai te mandar por caminhos que te façam feliz.

Natália com as parceiras do time Nestlé Osasco

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55


Beleza

Empoderamento Feminino Marcas lançam campanhas para destacar a beleza de todas as mulheres Por: Marina Sobrinho | Fotos: Celina Germer / Divulgação

A

representatividade e o empode-

pessoas com deficiência.

vêm ganhando espaço nos últi-

de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 9

ramento feminino são temas que

mos anos. As mulheres buscam a liberdade

de serem como são, exibindo a beleza de suas

realidades, sem julgamentos ou influências

tipo de deficiência.

Para atender a este público, algumas mar-

cas estão se tornando inclusivas e mostrando

timos necessidade de estar bem (inclusive

que já apresentaram campanhas inclusivas es-

esteticamente), e isso não é diferente com revista incluir

milhões de mulheres brasileiras têm algum

da sociedade.

Todos nós, independente de sexo, sen-

56

Segundo dados do Instituto Brasileiro

que beleza é sim para todos. Entre as marcas tão a AVON, a Maybelline e a Vult Cosméticos.


Tramita na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 6190/16, que estabelece cota de 5% de pessoas com deficiência

em peças publicitárias governamentais. A proposta garante a presença de pelo menos uma pessoa com deficiência em

Audio makeup

Desenvolvido exclusivamente para mulhe-

oferece aulas narradas de forma didática em 19

Maybelline, é o primeiro curso on-line de auto-

A partir disso, surgiu também a websé-

res com deficiência visual, o Audio makeup, da

módulos. {Disponível em: audiomakeup.com.br}

maquiagem. Criada com consultoria da maquia-

rie ‘Faça Acontecer’, em que a maquiadora

da Associação de Deficientes Visuais e Amigos

que prezam pela beleza, com a hastag De-

dora oficial da marca, Juliana Rakoza, em parceria (ADEVA), a ferramenta é totalmente gratuita e

entrevista mulheres com deficiência visual safio No Escuro.

Beleza além dos olhos

Quem também desenvolveu uma campa-

Em 2016, foram realizadas duas edições

nha para mulheres com deficiência visual é a

do curso e novas turmas serão formadas

dos olhos, a campanha tem como base o fato

produtos da marca possuem informações

marca Vult Cosméticos. Intitulada Beleza além de que toda mulher tem que se sentir linda.

A campanha envolve um curso de auto-

para 2017. Além das aulas inclusivas, os em braile para facilitar sua identificação.

“Foi muito importante cada aula, cada dica.

maquiagem produzido em parceria com uma

Hoje, estou me sentindo mais poderosa e perce-

Assistência ao Deficiente Visual - Laramara.

Maria Augusta Cadete, que realizou o curso.

rede de salão de beleza e a Associação de

bi que as pessoas me notam mais”, conta a aluna

cada propaganda e prevê ainda que as

pessoas selecionadas para a campanhas devem ter uma deficiência ‘aparente’.

Segundo a deputada Erika Kokay, autora do projeto, o mesmo foi idealizado com

o objetivo de alertar sobre a necessidade de inserir pessoas com deficiência em peças publicitárias para contribuir com

a reconstrução da autoestima e por seu empoderamento.

Dona dessa beleza

Considerada uma das principais marcas de

cosméticos do Brasil, a AVON lançou a campa-

nha Dona dessa beleza, em prol da diversidade,

que traz histórias de ‘influenciadoras’, como a atriz e modelo Samantha Quadrado, que

tem síndrome de Down; a blogueira Priscila Pereira Souza, que é surda; e a atleta paralímpica Terezinha Guilhermina, que é cega; além

de outros personagens como a modelo plus size, Bee Reis; a Mc Linn da Quebrada, que é transexual; e a rapper Kessidy Reis, que canta a música 'Não fica na reta', trilha da campanha.

revista incluir

57


Artigo

PEC 55 VAI GERAR CARÊNCIAS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS Por: Romeu Kazumi Sassaki* | Foto: Divulgação

A

gestão das escolas públicas, que há muito tempo já não vinha acontecendo a contento, devido, entre ou-

material de apoio individualizado para milhões

Plano Nacional de Educação (aprovada pela

• Recursos para cobrir necessidades básicas

referência às 19 estratégias contidas na Meta

de alunos em todas as escolas inclusivas.

tros motivos, à carência de recursos financeiros,

das escolas como, por exemplo: material da

próximos 20 anos. E, neste sentido, os problemas

limpeza.

ficará ainda pior com a vigência da PEC 55 nos de gestão não serão muito diferentes nas escolas

particulares, de modo que as carências de que

trataremos a seguir se aplicam a todas as escolas. Como se sabe, a educação de pessoas com

deficiência – conforme dispõe a Convenção

sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – deverá ser oferecida no contexto de sistemas educacionais inclusivos.

O entendimento do que seja ‘um sistema

administração, papel higiênico, material de

Lei 13.005, de 25/6/2014), notadamente com

4, que atingem os níveis infantil, fundamental, médio e superior.

Estes são os dez tipos de carência que, de

• Recursos para a compra e manutenção de

certa forma, já vinham acontecendo, mas que,

mais pobres que não terão meios para pagar

tros ao longo de sua vigência, num flagrante

transportes escolares, prejudicando as famílias transporte particular.

• Recursos financeiros para pagar professores

e demais profissionais que atuam nas escolas em todos os níveis hierárquicos.

• Projetos de pesquisas educacionais em

infelizmente, a PEC irá piorar, além de gerar oudesrespeito à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que o Brasil ratificou

com valor de Emenda Constitucional (Decreto Legislativo n°186, de 9/7/2008).

Irônico é o fato de que o Brasil promulgou o

todos os níveis escolares.

Decreto n°6.949, de 25/8/2009, afirmando que a

venção. Trata-se de um espaço educativo co-

mídias específicas sobre educação inclusiva.

executados e cumpridos tão inteiramente como

estudando juntos em um clima de aceitação

nologias da informação e comunicação para os

‘educação inclusiva’.

salas de aula serão objeto de recomendações da

inclusivo’ está bastante claro na referida Conmum a todos os alunos, com e sem deficiência, mútua, colaboração e cooperação. Daí o nome Ao mesmo tempo em que nos empenha-

mos em melhorar a qualidade da educação in-

• Projetos de publicações de livros e outras • Produtos de tecnologia assistiva e de tec-

Unesco a partir de 2017.

• Recursos financeiros para a realização de

cursos e seminários de capacitação de milhões

escola.

nas escolas inclusivas.

Eis que a PEC 55 chega com força de lei após

de professores e demais profissionais que atuam • Recursos financeiros para a execução de

a sua promulgação no Congresso Nacional em

cursos de formação ou capacitação de cente-

so de desenvolvimento da educação inclusiva, a

Convenção da ONU (Artigo 19) e a Lei Brasileira

15/12/2016. Atravancando seriamente o procesaplicação do ‘teto dos gastos públicos’ resultará na carência dos seguintes:

• Materiais didáticos e pedagógicos, inclusive

58

revista incluir

neles se contêm.”

alunos com deficiência, cujos usos e acessos em

clusiva, estamos preocupados com os milhões

de pessoas com deficiência que estão fora da

Convenção e o seu Protocolo Facultativo “serão

nas de atendentes pessoais, conforme ditam a

de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n° 13.146, de 6/7/2015).

• Recursos para a execução, até 2024, do

*Romeu Kazumi Sassaki é consultor de educação inclusiva


revista incluir

59


Eventos

Arnold Classic investe em inclusão esportiva Pelo terceiro ano consecutivo, evento terá arena para a prática de atividades paradesportivas Por: Julliana Reis | Foto: Rodrigo Dod/Savaget

que a emoção do Arnold Schwarzenegger e dos atletas será sensacional”, explica.

Ainda de acordo com a coordenadora, nes-

te ano também será realizada a primeira edição

da mostra ‘Sua foto no Arnold Classic’, que terá como tema ‘Atividade física é para todos!’, que tem por objetivo expor imagens de pessoas

com deficiência praticando atividade física. “Com certeza essa ação irá quebrar paradig-

mas de muitos visitantes que não vivenciam essa realidade, porque a ignorância é a grande vilã do preconceito, e essa aproximação é

E

fundamental para a inclusão. Temos o apoio

da Wilson e esperamos despertar o interesse

Arnold durante visita à Arena Inclusão

ntre os dias 21 e 23 de abril, a cidade

America terá uma Arena Inclusão, onde serão

do Arnold Classic South America,

de rodas, bocha, futebol de 5, para pessoas com

de São Paulo vai receber a 4ª edição

maior evento multiesportivo e feira de nutrição

da América Latina, chancelado pelo ator e ex-

realizadas atividades de basquete em cadeira deficiência visual, e tênis em cadeira de rodas.

Segundo a coordenadora da arena, Adriana

fisiculturista Arnold Schwarzenegger, que

Dutra, o espaço tem por objetivo proporcionar

ao maior número de pessoas possível qualidade

para todos os públicos. “Pessoas com e sem

idealizou o evento com o objetivo de garantir de vida e saúde por meio do esporte.

O evento deve reunir cerca de 10 mil

competidores para disputar mais de 30 modalidades esportivas, entre elas, quatro

destinadas ao paradesporto. Isso porque, pelo terceiro ano consecutivo, o Arnold Classic South

60

revista incluir

a vivência de modalidades paralímpicas

deficiência poderão se divertir no circuito, fico muito feliz em poder levar o esporte adaptado

para a maior feira multiesportiva do Brasil. Este

será nosso terceiro ano com a arena e o primeiro

ano em São Paulo – as edições anteriores foram realizadas no Rio de Janeiro –, e temos certeza

de outras grandes empresas, para o esporte”, completa Adriana.

O Arnold Classic South America é realizado

pela Savaget Excalibur Promoção e Eventos e

a Arena Inclusão também tem apoio de mídia da Revista Incluir.

Arnold Classic South America – Arena Inclusão Dia/hora: 21 a 23/4, 6ª, das 14 às 20h; sáb., das 10 às 20h; e dom., das 10 às 18h

Local: Transamérica Expo Center (Av. Doutor Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 – Santo Amaro – São Paulo – SP)

Informações: arnoldclassicsouthamerica.com.br


APOIO: Confire as regras no site www.arnoldclassicsouthamerica.com.br ou use o QR Code ao lado: revista incluir

61


Saúde

A importância da fisioterapia Assiduidade e comprometimento com as atividades terapêuticas são essenciais para garantir bons resultados Por: Leticia Leite | Fotos: Divulgação

D

efine-se fisioterapia como a

dos ou nunca adquiridos. De acordo com

precisa de pistas sensoriais e motoras e isso

nas áreas neurológicas e neu-

pós-graduada em fisioterapia neurológica

o que ela é capaz de fazer, com algumas

reabilitação, principalmente

rofuncionais, através dos meios físicos. O

profissional da área atua com o objetivo de resgatar movimentos que foram perdi-

a fisioterapeuta Rebeca Santos Rehder, e proprietária da clínica Espaço Sete, há

abordagens diferentes para cada situação.

decorrente de uma lesão

mentos, por meio de atividades de treina-

movimentos e os perdeu

que seu corpo precisa

fazer e como se organizar

de forma sensorial e muscular, e o papel do fisioterapeuta é facilitar esse

reaprendizado mostrando novos caminhos”, diz a especialista.

TERAPIA INFANTIL

Uma criança com

desenvolvimento típico

explora o ambiente e se estimula sozinha, ela

engatinha, tentar escalar

o sofá, já a criança com

revista incluir

Nos casos de crianças que não adquiriram

desenvolvimento motor típico, a fisioterapia

ele já tem mapeado o

62

adaptações.

“No caso de um paciente que possuía

medular, por exemplo,

A paciente Ayla Vitoria da Silva na atividade de marcha

vai ajudá-la para que seu cérebro descubra

deficiência muitas vezes

trabalha para o aprendizado desses movi-

mento de marchas, exercícios com rolos, bolas e estimula o paciente para que ele

possa adaptar essas atividades em seu cotidiano. As crianças sem estímulo não criam

estratégias de aprendizado, então a fisiotera-

pia propõe desafios de maneira lúdica, pois a criança atenderá melhor os comandos do fisioterapeuta quando ela se divertir.

“Se a criança nunca teve um padrão de

movimento, precisamos dar a ela experiência motora. Se ela não chegou a andar, não posso dar um comando verbal para ela andar, preciso facilitar e proporcionar essa experiência a ela, fazendo treinamento de

marcha suspensa, por exemplo, onde tiro um pouquinho a ação da gravidade, e a criança fica suspensa por elásticos ou por corda fixa dependendo do objetivo da terapia”, diz.

Ainda segundo Rebeca, inicialmente o


terapeuta fará praticamente todo o exer-

cício para o paciente, mas trabalhando o estímulo visual e repetindo as atividades,

ele observará aos poucos a evolução da criança, até o momento que ela passa a agir com voluntariedade.

CONTRA O SEDENTARISMO

O corpo é feito para estar em movimen-

to, assim, evitar o sedentarismo é essencial

para não acarretar problemas circulatórios, cardiovasculares e cardiorrespiratórios, principalmente nas pessoas com deficiência. Os cadeirantes, por exemplo, permanecem

muito tempo sentados, e isso também pode trazer complicações físicas e musculares.

Nestes casos a fisioterapia aborda as li-

mitações físicas, evita o encurtamento mus-

cular, facilita seu fortalecimento e promove a adequação da postura, como também o

controle cardiorrespiratório para o desen-

volvimento de atividades do dia a dia. Há

algumas abordagens como a prevenção de deformidades, que é a prevenção para que

o corpo não se acomode a uma postura por muito tempo, e a orientação no uso

de adequadores posturais, de órteses e na aquisição de parapódios.

Rebeca afirma que o tratamento fisiote-

rapêutico deve se estender fora do ambiente

clínico, e isso demanda um envolvimento e dedicação diária de toda a família, dos acompanhantes e do fisioterapeuta, pois a frequência da fisioterapia é mandatória para os ganhos.

“Não adianta fazer uma hora de fisiote-

rapia contra as outras 23 horas do dia em

que o paciente é mal posicionado e mal estimulado, a orientação familiar é muito

importante no processo de reabilitação. Para ter um ganho motor, o mais importante é a continuidade e ser assíduo no

processo, é necessário manter um ritmo

terapêutico, o corpo precisa de rotina e acumular ganhos de repetição para garantir aprendizado”, finaliza.

Paulo Ferraresso faz atividade de marcha com a fisioterapeuta Rebeca Santos Rehder

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63


Tecnologia

Tecnologia na sala de aula Projeto Enabling the Future leva impressoras 3D às escolas e garoto de nove anos cria prótese para seu professor Por: Letícia Leite / Fotos: Divulgação

A Enabling the Future é uma orga-

ções pelos mais variados motivos.

ras 3D, cria próteses para aqueles

as salas de aula para que os alunos apren-

de apoio para os membros supe-

escolas no mundo todo os estudantes de

nização que, por meio de impressoque precisam de um dispositivo

riores. A equipe é composta por professores, estudantes, engenheiros, cientistas, médicos, de-

signers, artistas, filantropos, programadores, pais, filhos, pessoas que querem fazer a

diferentes idades ficam animados ao redor da impressora 3D por descobrirem algo

novo para resolver um dos problemas do

mundo real, e assim, fazer a diferença na vida de alguém.

No ano passado, mesmo que com difi-

culdades, a comunidade e-NABLE cresceu

Essas pessoas colocam de lado

de escolas, muitas delas, inclusive, têm in-

suas diferenças políticas, religiosas,

culturais e pessoais e se unem para colaborar com o bem-estar do pró-

ximo, desde aos que nasceram sem

algum membro aos que sofreram amputa-

revista incluir

dam mais sobre a tecnologia. Em diversas

diferença e ajudar a ‘dar ao mundo uma mão amiga’.

64

O projeto leva os equipamentos para

e conseguiu levar o seu projeto à dezenas corporado este aprendizado em sua grade anual de cursos. A organização criou ainda o

programa Prosthetic Kids, que envolve mais de 100 alunos na produção, montagem e acabamento de mãos impressas em 3D.


Aluno nota 10 Calramon Mabalot tem nove anos e agora

é integrante da comunidade Enabling the

Future. O motivo? Ele criou um modelo de

antebraço com dedos articulados para um de seus professores.

O garoto, que vive em San Diego, na

O professor Nick com seu aluno Calramon Mabalot

Califórnia (EUA), conheceu o professor Nick

durante as aulas sobre criação de projetos em 3D.

O equipamento foi finalizado em apenas

quatro dias e foi utilizado um diagrama de

base para finalizar os ajustes necessários da

prótese personalizada. O modelo criado foi

inspirado no personagem do filme Operação Big Hero, que tem como um dos personagens um robô-enfermeiro gigante.

Saiba mais! A criação da pró-

tese passo a passo e outras atividades didá-

ticas realizadas por Calramon podem ser conferidas em seu perfil no Twitter: twitter.com/HabSkibbix/status/745090207041544193

outras historias No site da comu-

nidade são compartilhadas muitas histó-

rias, assim como a de

Calramon, para que todos possam se inspirar, lembrar que ainda há pessoas boas e sentir o amor que existe no mundo, acesse: enablingthefuture.org

revista incluir

65


Lazer

Bondinhos Aéreos de Aparecida Participantes do BioMob visitam a cidade e testam o bondinho Textos e fotos: José Eduardo

Turma da excursão para os Bondinhos Aéreos de Aparecida, em São Paulo

66

revista incluir


A

Bondinho é acessível para cadeirantes

preocupação com a acessibilida-

surpreendeu a todos. “Eu mesma não sabia

e funcionários capacitados para receber os

Aéreos de Aparecida (SP). Todos

malmente, que teria um bondinho adaptado

lidade é garantida. Pra gente é uma alegria

de é prioridade nos Bondinhos

podem aproveitar o passeio da melhor forma possível e se divertir com qualidade. Quem

que poderia chegar aqui e fazer o passeio norpara cadeirantes. Isso é muito legal”, avalia.

São quatro cabines adaptadas para receber

pôde comprovar isso foram os integrantes

cadeirantes. A gerente comercial dos Bondi-

rísticos e restaurantes, entre outros espaços,

preocupação com o bem-estar dos visitantes.

do BioMob, aplicativo que avalia pontos tu-

classificando a acessibilidade e disponibili-

zando os dados para todos os interessados. Um grupo de 15 pessoas, incluindo sete

cadeirantes participantes do projeto BioMob, visitaram a cidade de Aparecida e fizeram o passeio de bondinho. Segundo a consultora

Luciana Trindade, a experiência foi ótima e

visitantes com deficiência. “Aqui a acessibi-

enorme receber não só eles, mas todos que

quiserem fazer o passeio”, destaca Suelen. Para Ana Parente, que participou do

nhos de Aparecida, Suelen Alencar, destaca a

passeio, foi tudo muito tranquilo. “Minha

“Assim como em todo o complexo do Santuário

é muito legal, bem acessível. Vale a pena.”

Nacional, nós do bondinho procuramos garantir

vida é sempre uma aventura e esse passeio Sobre a acessibilidade da cidade, Lucia-

segurança e integridade física das pessoas com

na garante: “Aparecida tem pontos turís-

Nas duas estações, Santuário e Mor-

é um deles. Essa é uma informação que

deficiência física e mobilidade reduzida.”

ro do Cruzeiro, existem ainda rampas de acesso, elevadores, banheiros adaptados

ticos acessíveis. Sem dúvidas o bondinho

a partir de hoje já vai estar no BioMob”, conclui a consultora.

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67


Incluir cultural

Instituto Teatro Novo Grupo tem como objetivo quebrar preconceitos e promover o talento de atores com deficiência Por: Leticia Leite | Fotos: Divulgação

O

Grupo Teatro Novo é formado

por atores com síndrome de Down e dirigido pelo psicólo-

go Rubens Emerick Gripp, que desenvolveu durante 14 anos um trabalho de teatro com adolescentes e adultos na APAE de

Niterói – que formavam o antigo Grupo Sol. Gripp notou que os pacientes da organização não tinham independência e resolveu desenvolver com eles estas capacidades.

“Ao invés de fazer um trabalho dentro

da unidade fui para a rua, saía com três

alunos de cada vez para aprenderem a andar de ônibus, ir ao banco, fazer compras,

enfim, trabalhos de competência social. Quando chegavam à instituição, transformavam o que tinha sido feito na rua em

teatro. Daí surgiu o Grupo Sol na APAE de Niterói, e isso mudou a vida dos meninos,

pois eles passaram a se apresentar em di-

versos lugares, passaram por 15 capitais do Brasil e até mesmo pela Colômbia e Estados Unidos”, diz. Alunos do Instituto Teatro Novo

68

revista incluir

Já em dezembro de 1999, foi criado


rística marcante deste

PATS: inserções em estações de trabalho

apresentação é diferen-

radores.

trabalho, assim, cada te da outra. Após cada

e interação com funcionários e colabo-

“Queremos sensibilizar as empresas

espetáculo é realizado

e seus funcionários para a inclusão das

teia, quando é apresen-

trabalho, desmistificar o estereótipo de

um debate com a platado o trabalho desde

a criação do enredo da peça, dos personagens,

cenário, figurinos, e há uma conversa informal

sobre a experiência de vida dos atores.

Dentre os temas dis-

cutidos estão a inclusão, responsabilidade social, educação no trânsito,

pessoas com deficiência no mercado de uma arte sem estética e sem qualidade, que considera a pessoa com deficiência mais dependente, menos criativa, menos

inteligente e incapaz para a arte, não po-

dendo desempenhar um papel como ator. Inclusão significa promover o respeito ao

próximo. As pessoas saem das peças sem o sentimento de pena, elas provocam uma

mudança de olhar no público”, finaliza Rubens.

empreendedorismo, sustentabilidade, acessi-

bilidade, empregabilidade, reciclagem, ecologia,

economia empresarial,

relações familiares e pro-

Atores antes de entrar em cena

o Grupo Teatro Novo, uma companhia

independente de teatro cujas atuações transmitem o valor da arte como

fissionais, segurança no

trabalho, saúde, meio ambiente, inovação e enfermagem.

Estas apresentações, de forma criati-

instrumento do desenvolvimento do ser

va, utilizam a arte como ferramenta de

Teatro Cacilda Becker, e atualmente são

sobre a importância dos temas para o

humano. Desde 2000, eles ensaiam no quase 70 alunos adolescentes e adultos com deficiência intelectual. O grupo já foi

premiado diversas vezes, em 2012 recebeu

o Prêmio Rio Sociocultural, da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com Rubens, o principal ob-

conscientização e propiciam reflexões

efetivo exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida. O contato com os

atores com deficiência intelectual marca

definitivamente a vida das pessoas que assistem ao Grupo.

Nos últimos três anos, o ‘Teatro Novo’

jetivo do ‘Teatro Novo’ é “retirar as pessoas

se apresentou em vários festivais, mos-

pectadores, para que na posição de atores,

Brasil. Dentre suas atividades estão apre-

com deficiência da situação de simples esconscientizem a sociedade sobre a impor-

tância da inclusão social e do respeito às diferenças para um mundo melhor”.

Nas peças é utilizada uma linguagem

espontânea e improvisada, uma caracte-

tras, teatros, universidades e escolas do

sentações de esquetes para eventos ou empresas, projetos especiais como peças personalizadas para determinados grupos,

cursos de capacitação de professores e

profissionais da área e projetos para SI-

Fernanda Honorato caracterizada para a apresentação

revista incluir

69


Coluna

O CICLO DA INVISIBILIDADE A história da Pessoa com Deficiência é notoriamente marcada por preconceitos e discriminações geradas pela falta de conhecimento e dificuldade do ser humano em lidar com a diferença Por: Luciano Amato

N

a Antiguidade, as

dutos da união entre a mulher e o

ência eram mortas ou

da mãe e da criança.

crianças com defici-

abandonadas ao relento, atitude

demônio, o que justificava a queima

ção das pessoas com deficiência era

Com a organização da so-

este fato, é só perguntar a alguém

que era congruente com os ideais

ciedade e a revolução industrial

que a perfeição do indivíduo era

e a produtividade, a deficiência

morais da sociedade da época, em extremamente valorizada.

Na Idade Média, a deficiência

era atribuída a um caráter ‘divino’

ou ‘demoníaco’. Com a influência

priorizando o modelo econômico

começou a ser considerada como

que eram consideradas como pro-

estudou.

Neste período, as pessoas com

pela própria família, gerando um

prevalecem. Um fato curioso

pessoas com deficiência intelectual

quantas pessoas com deficiência

No período contemporâneo,

produtivos economicamente.

portanto, eram filhos de Deus ‘meções de caridade, com exceção de

com 20 anos, ou pouco mais, com

deficiência ficavam ‘escondidas’ ou

as discrepâncias entre as pessoas

recendo’ acolhimento nas institui-

quase inexistente. Para comprovar

um atributo dos indivíduos não

da doutrina cristã, começaram a ser

vistas como possuindo uma alma e,

Há pouco tempo, a participa-

com e sem deficiência ainda é o Ciclo da Invisibilidade que

ilustra muito bem como ainda

hoje a pessoa com deficiência está à margem:

Ficavam escondidos e

eram estigmatizadas muitas vezes

isolamento. Como não interagiam no dia a dia, nas escolas e no mercado de trabalho, não eram reco-

nhecidas como membros desta so-

ciedade, justificando a inexistência

de políticas públicas, instituições, edificações e cidades acessíveis, ampliando ainda mais o problema da

formação e da inclusão no mercado

eram estigmatizados

de trabalho com a exclusão desta parcela da população. Consequen-

Sem inclusão, continuam na invisibilidade e sofrendo discriminação

Não eram reconhecidos como membros da sociedade

temente, retornamos ao primeiro

ponto do ciclo que é a invisibilidade.

Para que a inclusão seja feita

verdadeiramente, é preciso quebrar este ciclo, incentivando e propician-

do cada vez mais políticas públicas e a participação das pessoas com Sem acesso, não con-

seguem ser incluídos

Se não eram membros, o

acesso não era necessário

deficiência na sociedade de forma

natural, por meio da equiparação

de oportunidades acadêmicas e no mercado de trabalho.

70

revista incluir

*Luciano Amato, vice-presidente de Eventos e Relações com a Comunidade da AAPSA – Associação Paulista de Recursos Humanos e de Gestores de Pessoa


N O S S O S MAIS DE:

1000 associados

eventos externos

reuniões técnicas

15

participação de mais de

1500 executivos decisores

100 90

N Ú M E R O S

grupos de debates e networking participação de mais de

mais de

2500

de pessoas cadastradas nos maillings

2milhões

1milhão

profissionais mais de

de postos de trabalho

Atenta ao cenário global desde a sua constituição, a Associação Paulista de RH e Gestores de Pessoas se tornou referência no debate de atualidades, tendências e inovações relacionadas à gestão corporativa e de pessoas. Anualmente, uma equipe de 80 experientes profissionais coordenam 15 Grupos de Debates e Networking, promovendo mais de 90 reuniões técnicas, que contam com a participação direta de mais de dois mil e quinhentos profissionais, criando um ambiente fértil para a troca de informações, boas práticas, conhecimentos, networkings e geração de negócios. Ao todo, a Associação contabiliza acima de mil associados, que empregam mais de dois milhões de pessoas e, no ano passado, promoveu mais de 100 eventos externos que atraíram a participação de mais de mil e quinhentos executivos decisores, gerando uma visualização de mais um milhão de pessoas cadastradas nos mailings da Associação.

Acesse saiba mais: www.aapsa.com.br

revista incluir

71


Projetos

Robo auxilia no aprendizado de crianças Protótipo reproduz movimentos humanos e oferece jogos educativos para ajudar crianças com autismo Da redação | Fotos: Divulgação

U

m robô que anda, fala e pro-

põe desafios para estimular a comunicação e a concentração

de crianças com autismo... Esse é Aria (sigla para Assistente Robótico de Inclusão

ao Autista), projeto desenvolvido por dois

alunos da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Carapicuíba, com o objetivo

de ser um novo aliado no tratamento de crianças com deficiência.

A proposta dos estudantes Lucas Olím-

pio de Brito, 19 anos, e Wendell Pereira

Barreto da Silva, 22 anos, foi uma das principais atrações da 10ª edição da Feira Tec-

nológica do Centro Paula Souza (Feteps) e conquistou o primeiro lugar na categoria Saúde e Segurança do evento.

Com sua estrutura formada por peças

de filamentos de plástico, projetadas pelos Os alunos recebem o prêmio pela criação do robô

72

revista incluir


alunos e modeladas pela im-

Então, elaboramos um modelo

Robótica da Fatec, o robô se

um robô, mas com detalhes

pressora 3D do Laboratório de movimenta e oferece seis jogos digitais educativos, como

quebra-cabeças, disputa de

corrida com personagens, formação de palavras com sílabas

e identificação de animais pelos

sons. A criança pode interagir

com características claras de que remetem a uma relação mais humana, com olhos, pernas, movimentos e voz”, afirma.

Startup

O robô bípede será o

por meio de sensores e uma

primeiro projeto incubado no

Wendell explica que são

Inovação Tecnológica (NIT) do

tela de smartphone.

games especiais, com interfa-

ce gráfica simples e instruções dadas verbalmente para facili-

tar a compreensão da criança. “Nossa pesquisa constatou que

pessoas com autismo têm uma enorme atração por tecnologia.

Um Umprojeto projetoque que Um Umprojeto projetovidas! que que Um projeto que transforma transforma vidas! transforma transformavidas! vidas! transforma vidas! Fernando FernandoAranha Aranhacampeão campeãononoesporte esportee enanavida, vida, doa doacadeiras cadeiras decampeão decampeão rodas rodaspersonalizadas personalizadas para para Fernando Fernando Aranha Aranha no noesporte esporteee ena na vida, vida, Fernando Aranha campeão no esporte na vida, Fernando Aranha campeão no esporte e na vida, melhorar melhorar a a qualidade qualidade de de vida vida de de crianças. crianças. doa doacadeiras cadeirasde derodas rodaspersonalizadas personalizadaspara para doa cadeiras de rodas personalizadas para doa cadeiras de rodas personalizadas para Faça Faça parte, parte, ligue! ligue! melhorar melhorara aqualidade qualidadede devida vidade decrianças. crianças. melhorar de vida de crianças. melhorar aa qualidade qualidade de vida de crianças. Faça Façaparte, parte,ligue! ligue! Faça Faça parte, parte, ligue! ligue!

recém-inaugurado Núcleo de

Centro Paula Souza. O próximo

passo dos alunos será a

realização de testes em parceria com institutos que atendem crianças com autismo para

identificar ajustes e aprimorar as funções do robô.

Um projeto que transforma vidas! Fernando Aranha campeão no esporte e na vida, doa cadeiras de rodas personalizadas para melhorar a qualidade de vida de crianças. Faça parte, ligue!

Um projeto que transforma vidas!

Fernando Aranha campeão no esporte e na vida, doa cadeiras de rodas personalizadas para melhorar a qualidade de vida de crianças. Faça parte, ligue!

Apresentação do robô durante a Feteps

revista incluir

73


Coluna

Um anjo contempla seu destino? Por: Elaine Lemos* | Foto: Arquivo pessoal

E

ssa pode ser uma pergunta feita

Assim começamos 2017, transformando

pela Vitória (seis anos) que nunca

o destino das crianças do Projeto INCLUSIVE

chamar de sua. Ela estava na lista de espera

Os anjos liderados por Eduardo Florence,

atingirmos a meta, a dobraremos.

Que a sua meta, assim como a nossa,

VOCÊ.

ultrapasse o número de cadeiras e siga em

há quatro anos. A história da Thauany (sete

da MESTIÇA PROPAGANDA, deram início a

lher. Se podemos ser o nosso melhor, que

que emprestasse uma cadeira. Ela está há

piada no país, foi ressignificada e inspirou

teve uma cadeira de rodas para

anos) é diferente porque encontrou alguém seis anos na lista de espera por uma cadeira

própria. Ou então, uma pergunta feita pelo João Vitor, que tem dez anos, e foi abando-

uma campanha incrível. A frase, que virou muitas pessoas: “E quando atingirmos a meta,

melhor e em seu orçamento não cabe a troca

ANEL DA ATITUDE, afinal, são os responsáveis

Um anjo contempla meu destino? Não

apenas um, mas vários!

Muito obrigada a todos os anjos!

Os anjos mestiços, ao contemplarem des-

tinos, desenharam uma campanha no final

da cadeira que está pequena demais.

sejamos então!

dobraremos a meta!”

nado pela mãe quando ainda era um bebê.

A avó se dedica integralmente para lhe dar o

direção à nossa capacidade de amar e aco-

de 2016 para seus clientes e entregaram o

pelas TRÊS primeiras cadeiras entregues em

evento realizado no Centro de Voluntariado de São Paulo.

Para fabricar as cadeiras sob medida, a

empresa ALPHAMIX se torna um dos patrocinadores do projeto.

Além de tantos anjos que vemos por meio

das atitudes, acredito que muitos outros, in-

visíveis aos nossos olhos, contemplavam a

aura de amor e gratidão que tomou conta do ambiente.

Nesse exato momento, a certeza de que,

para lidarmos com a desigualdade, passamos

obrigatoriamente pelas pessoas que nos inspiram a ser mais do nosso melhor. Fica aqui

a minha profunda gratidão a todos os anjos envolvidos nessa jornada e que acreditam

que podemos fazer muito mais, afinal, quando

74

revista incluir

*Eliane Lemos Ozores é psicóloga com especialização no atendimento da pessoa com deficiência pela Universidade São Paulo. Atua como consultora e palestrante em educação inclusiva. eliane@entrerodas.org www.entrerodas.org www.facebook.com/entrerodasebatom @PsicoEliane


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75

06/07/16 11:02


Histórias que inspiram

Sete alunos com síndrome de Down ou déficit intelectual foram certificados mergulhadores

Aventura embaixo d’água Atendidos da APAE Barueri são as primeiras pessoas com síndrome de Down e déficit intelectual do mundo certificados em mergulho Por: Leticia Leite | Fotos: Arquivo pessoal

P

or ser um país repleto de pontos

com deficiência também pode praticá-la.

quisadora Chrystianne Simões Del Cistia,

modo recreativo com equipamento,

tíficas sobre o mergulho adaptado para

grama em Distúrbios de Desenvolvimento

larizou no Brasil, e a boa notícia é que pessoas

um projeto inédito comandado pela pes-

ideais para mergulho, a atividade de

mais conhecido como scuba diving, se popu-

76

revista incluir

Ainda não existem publicações cien-

pessoas com deficiência intelectual, mas

Educadora Física e Doutoranda do Prona Universidade Mackenzie, provou que todos podem se divertir embaixo d’água


com segurança e que a prática pode trazer

benefícios para as pessoas com deficiência. A pesquisa intitulada ‘Mergulho para

pessoas com síndrome de Down ou Déficit Intelectual: estudo exploratório sobre riscos,

benefícios e função cardiorrespiratória’, em

parceria com a APAE Barueri e a escola de mergulho Scafo Mergulho|ABC, capacitou

20 pessoas com síndrome de Down ou dé-

ficit intelectual a partir de 12 anos. Os participantes passaram por aulas teóricas para

compreenderem os equipamentos e seu manuseio e por aulas práticas em piscina.

Foram aplicados testes de manuva-

cuometria, espirometria e oximetria para

verificar se os exercícios respiratórios e as

técnicas da atividade trazem benefícios para a parte diafragmática, pulmonar e de oxigenação sanguínea do mergulhador.

“O projeto tem o objetivo de investigar

os efeitos do mergulho na função respirató-

ria de pessoas com síndrome de Down ou déficit intelectual e quais são os cuidados

básicos para indicação e contraindicação desta atividade para estes grupos. O méto-

do baseia-se em uma proposta longitudinal que inclui avaliação periódica quantitativa,

por meio de testes específicos de avaliação

cardiorrespiratória e vivência do mergulho”, diz Chrystianne.

A pesquisa é marcada por um feito iné-

dito, pela primeira vez no mundo pessoas com síndrome de Down ou déficit intelectual foram certificadas mergulhadores pela PADI - Professional Association of Diving

Instructors. O mergulho oficial aconteceu

nos dias 24 e 25 de janeiro em Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e o ‘batismo’ certificou sete mergulhadores em scuba diving.

“Os meninos foram espetaculares, fi-

zeram todos os procedimentos corretos,

descemos com eles em uma profundidade de cinco metros. Foi uma experiência única,

surpreendente e muito emocionante, até chorei embaixo d’água”, finaliza.

revista incluir

77


Trabalho

COMO SE PREPARAR PARA O MERCADO DE TRABALHO? Instituições em São Paulo oferecem orientação aos jovens com deficiência que buscam oportunidades e auxiliam empresas que querem contratar Por: Leticia Leite | Foto: Juan Esteves

I

niciar os estudos e ingressar no

APAE SÃO PAULO

de Pessoas com Deficiência Intelectual.

é um desafio. Muitas pessoas não

APAE de São Paulo é uma entidade

Apoiado, largamente utilizada em países

o currículo? O que estudar? Quais empresas

sional regulamentada no Ministério do

mercado de trabalho muitas vezes

sabem por onde começar: como preparar procurar?. Atualmente, na cidade de São

Paulo (SP), algumas instituições já ofere-

cem serviço de orientação profissional para pessoas com deficiência e prestam serviços de assessoria para que as empresas que

buscam estes profissionais saibam como recrutá-los e incluí-los em suas corporações.

Com programas customizados, a

formadora para a aprendizagem profisTrabalho. Seu processo inclui: análise de postos de trabalho, palestras de sensi-

bilização, diagnóstico clínico, indicação de pessoas, qualificação profissional e acompanhamento pós-inclusão.

A instituição possui um programa

de Qualificação e Inclusão Profissional

Com base na Metodologia do Emprego

da Europa, Estados Unidos, entre outros, pessoas com deficiência intelectual são

incluídas e recebem apoio técnico no próprio local de trabalho, por pelo menos

12 meses. Com isto, pessoas que historicamente encontravam dificuldades para

ingressar no mercado de trabalho, rece-

bem o suporte necessário para sua efetiva inclusão e permanência no emprego.

QUALIFICAÇÃO E INCLUSÃO PROFISSIONAL

2015

2014

2013

2012

Pessoas com deficiência intelectual qualificadas

531

450

250

311

Pessoas com deficiência intelectual incluídas no mercado de trabalho

405

300

281

94

Pessoas com deficiência intelectual que permanecem no mercado de trabalho

98%

96%

94%

85%

Dados: APAE de São Paulo

78

revista incluir


Há duas etapas neste tra-

balho: o processo de qualificação, que tem como objetivo

desenvolver nessa pessoa

com deficiência habilidades para o trabalho, e quando

inserida na empresa há outro processo, onde é feito o

mapeamento dos postos de trabalho e pessoas com perfis

específicos são indicadas para as vagas. Também são ministradas nas empresas palestras de sensibilização com o grupo

que receberá a pessoa com deficiência.

“Percebemos uma evolu-

ção nessas pessoas, muitas delas chegam sem orientação e uma oportunidade de

trabalho muda suas vidas,

Turma de Qualificação e Inclusão Profissional da APAE São Paulo

muitos acabam contribuindo com a fa-

parceria com a AACD, oferecem cursos

seu currículo em sites de emprego, sabe

autoestima e dá a ela uma perspectiva

rante seis meses aprendem competên-

damos algumas dicas e fazemos uma

mília, e isso faz toda a diferença para sua de futuro. Entendemos que o trabalho é

tão importante quanto a escola, quanto atividades de lazer, então entendemos

que é uma oportunidade de a pessoa se

desenvolver como qualquer outra e estar na sociedade”, diz a gerente Valquiria Bar-

bosa, do departamento Socioassistencial da APAE São Paulo.

de capacitação nos quais os alunos du-

cias comportamentais para mercado de trabalho, como Pacote Office, raciocínio lógico e redação corporativa, entre outros, e normalmente quando eles fazem

este curso já são contratados ao término

“Esse é um desafio porque ainda

em mim’, e sabemos que a população

verdade em suas empresas.

“Percebemos que de 2015 pra cá

já instrumentaliza a empresa para que

Empresas que possuem vagas des-

a diversidade.

uma assessoria para fazer a inclusão de

escolarização, além de avaliar seu potencial

tinadas ao público com deficiência, em

também precisam passar por um trabalho

há preconceitos, muitas pessoas com

aconteceram muitos encontros de RH,

psicoprofissional.

Entretanto, Lydiane ressalta que as

taneamente para orientá-las em relação

um trabalho de orientação vocacional para

saber se a pessoa tem que investir na sua

sua formação”, diz.

de orientação para saber como lidar com

e foi criado em uma época em que as

ao cumprimento da Lei de Cotas e como

a descobrir novas potencialidades. É feito

pessoa com deficiência a ir em busca da

Streapco, o programa existe desde 2006

Paulo, é oferecido o Serviço de Orienta-

objetivo ajudar a pessoa com deficiência

com cada caso, sempre incentivando a

pessoas que estão dentro das empresas

De acordo com a psicóloga Lydiane

empresas buscavam a instituição espon-

ção e Empregabilidade, que tem como

orientação bem customizada de acordo

das aulas.

AACD

Já na AACD, também na cidade de São

como procurar as oportunidades. Nós

fóruns de inclusão e diversidade que ela faça o seu próprio processo seleti-

vo, porque uma pessoa com deficiência bem orientada sabe como preencher o

deficiência dizem ‘meu chefe não confiava com deficiência tem condições de ter uma

alta performance profissional, mas em alguns casos ela precisa de preparação, de uma ponte que faça sua ligação com

a empresa e que trabalhe para que seu gestor seja mais apoiador. E a AACD vem atuando como uma consultoria nesse processo de inclusão”, finaliza.

revista incluir

79


Turismo

Canela: acessibilidade na Serra Gaúcha Cidade conta com diversas atividades com acessibilidade para os turistas Por: Leticia Leite / Foto: Dani Villar e Divulgação

A

cidade de Canela, localizada na

Bondinhos Aéreos Parques da Serra

damente 40 mil habitantes e faz

Bondinhos Aéreos proporcionam uma vista

cisco de Paula, Caxias do Sul e Três Coroas. De

contemplar a Cascata do Caracol e a natureza

Serra Gaúcha, abriga aproxima-

divisa com as cidades de Gramado, São Fran-

característica turística, conta com uma vasta rede hoteleira e várias atrações de lazer para todos os públicos. A revista Incluir separou algumas atividades imperdíveis na cidade que

possuem acessibilidade para que pessoas com deficiência possam se divertir com conforto e segurança, confira!

O passeio é dividido em três estações, co-

Para quem gosta de belas paisagens, os

meçando pela Estação Central. O local possui

inesquecível. O parque possibilita aos visitantes

te que permite uma vista completa do vale

da mata nativa da Serra Gaúcha por um ângulo privilegiado. Os primeiros bondinhos do

Rio Grande do Sul passaram a funcionar em dezembro de 2013, no total são 12 bondinhos,

que comportam confortavelmente oito pessoas cada um, e a distância do percurso de ida e volta é de 840 metros.

uma área de alimentação, lojas e um mirana 60 metros de altura. A próxima parada é a

Estação Animal. Com um desnível de 130 metros, o espaço conta com mirante e trilhas por onde é possível acompanhar a identificação das árvores e se conectar com a natureza.

O Espaço das Esculturas que Falam é outra

atração do local, com cerca de 85 peças talhadas em madeira pelo artista plástico Masaharu Hata. A Estação Cascata completa o trajeto. Nela é possível contemplar a beleza do vale

e a Cascata do Caracol, uma queda d’água de 131 metros, oferecendo uma vista inesquecí-

vel ao visitante. A atração é indicada para todas as idades e possui acessibilidade em todas as estações.

“Temos total estrutura para atender pesso-

as com deficiência. Defendemos que devemos

atender todos os visitantes de maneira igualitária, por isso sempre buscamos melhorias, para que as pessoas possam realizar o passeio

e conhecer nossas atrações da melhor forma possível, e que saiam daqui satisfeitos com

vontade de retornar em outra oportunidade”, diz o diretor dos Bondinhos Aéreos Parques da Local oferece acessibilidade para cadeirantes

80

revista incluir

Serra, Fabricio Bogo.


A montanha-russa Alpen Blizzard é a maior em aço do Rio Grande do Sul

Alpen Park

Inaugurado em 2003, o parque é um dos

maiores complexos de diversão e de entre-

tenimento da Serra Gaúcha. Em um cenário que une natureza e alta tecnologia, o parque oferece atrações para todos os públicos. Para

os amantes de aventura, o empreendimento apresenta opções como rapel, escalada, bungee trampolin, arvorismo e tirolesas.

Há outras opções de lazer como a pista de

trenó, a primeira deste tipo no país, e a maior

montanha-russa de aço do Rio Grande do Sul. O parque conta com adaptações para facilitar

a circulação e uso dos brinquedos por parte das pessoas com deficiência. “Todas as atra-

ções são indicadas para qualquer pessoa com

deficiência, respeitando as normas de segurança específicas. Faz parte da nossa missão proporcionar entretenimento de qualidade

para todos que nos visitam, e nos orgulha muito atender as pessoas com deficiência dentro de suas expectativas”, explica o diretor do Alpen Park, Renato Fernstenseifer.

Parque possui a primeira pista de trenó do Brasil

revista incluir

81


Mundo a Vapor Inaugurado

em

1991,

o parque chama atenção

pela riqueza de detalhes e

o funcionamento das mesmas. O tour inclui ainda um passeio de trenzinho.

Atualmente o parque conta com rampas

fidelidade de réplicas em

de acesso nas áreas externas e internas e com

máquinas, fábricas e usinas.

além de materiais impressos com as informa-

escala reduzida de diversas O espaço reúne mais de 20

atrações, todas em pleno funcionamento, e os visitantes são acompanhados por

A fachada icônica do parque 'Mundo a Vapor'

uma equipe de monitores que explicam todo

banheiros preparados para os cadeirantes, ções repassadas pelos monitores. “O Mundo a

Vapor se preocupa em receber bem todos os

visitantes, e trabalhamos para facilitar a visita de todos”, garante a diretora Caren Urbani.

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Ônibus possuem acessibilidade para cadeirantes e deficientes visuais

Bustour

Uma rede de ônibus panorâmicos que

percorre as principais atrações de Gramado e Canela, o passeio no Bustour passa por mais

de 30 pontos turísticos da região. Com o

equipados com o que há de mais moderno no

ria. “Para pessoas com deficiência, o Bustour

inglês e espanhol, apresentando as principais

da ao veículo, e para pessoas com deficiência

mercado, contando com áudio em português, informações histórico-culturais da região.

Com funcionamento diário, o Bustour

sistema de embarque e desembarque livre, o

possui tickets para um, dois ou três dias. Ou-

com seus interesses. Os veículos de dois andares

um desconto especial na compra dos bilhetes

passageiro pode montar o roteiro de acordo são abertos na parte de cima e totalmente

82

revista incluir

tra facilidade é o pacote família, que oferece para um casal e um filho de qualquer faixa etá-

possui rampa de acesso que auxilia na entravisual temos o sistema de áudio que acaba

facilitando muito o turista em seu trajeto. Para nós, acessibilidade significa eliminar as bar-

reiras de locomoção, promovendo a inclusão social”, diz a gerente de Marketing da Bustour, Adriana Rambo.


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revista incluir

83


Alternativa

Almoço sensorial:

gastronomia rica em sensações Além do paladar e da visão, todos os sentidos foram trabalhados nos pratos servidos no evento, promovendo uma experiência única para os participantes Por: Leticia Leite | Fotos: Divulgação

te que pode ser apreciada com o tato, e

essa forma de sentir a comida traz novas

sensações para pessoas com deficiência visual, que passam a aproveitar ainda mais as refeições.

Com o intuito de promover um ban-

quete rico em sensações para pessoas com

e sem deficiência, o Senac Osasco ofere-

ceu um almoço sensorial em sua sede, em evento realizado em parceria com o Casu-

lo Cultural. O cardápio foi desenvolvido e preparado pelos alunos de gastronomia

da instituição, com coordenação do chef Lucio Roberto, um dos organizadores

A

Participantes sem deficiência visual passam pela experiência de almoçar vendados

gastronomia está em constan-

te transformação, atualmente,

ser apenas saborosa já não é

seja, que despertem a vontade de ‘comer com os olhos’.

Além do paladar, os alimentos possuem

o suficiente para agradar os clientes, que

uma série de características que podem

é que os pratos sejam apresentados cada

de uma carne que é agradável ao nosso

estão cada vez mais exigentes. A tendência vez mais bonitos, de forma elaborada, ou

84

revista incluir

aguçar os demais sentidos, como o cheiro

olfato, a textura de uma massa crocan-

do evento.

“Para a construção dos

pratos pensamos que teríamos a questão visual envolvida, então a intenção era que todos os pratos


brócolis). Já a sobremesa foi uma panacota com calda de frutas amarelas, seguida por um

café tradicional com biscoito de castanha-do-pará. As bebidas servidas durante o banquete eram água aromatizada e suco de laranja.

As pessoas com deficiência visual que

participaram do almoço tiveram a oportude sensações, e as pessoas sem deficiên-

privadas – que visem o desenvolvimento

cia passaram pela experiência de aguçar os demais sentidos, já que não poderiam pudessem mesclar os outros sentidos, como o tato com as diferentes texturas, a audição na crocância das amêndoas, o olfato pelos

aromas que eram propostos, trazer esses outros elementos agregando valor e outras per-

cepções aos alimentos, já que a visão é bem importante quando falamos da montagem de um prato. Gostamos muito do resultado, os alunos estão de parabéns, defenderam e

enxergar o que estavam comendo. Para a

cantora Márcia Torres, que almoçou com

os olhos vendados, a experiência foi única. “Foi difícil acertar o corte da carne,

quase impossível, bati vários garfos sem

dutores culturais e iniciativas – públicas ou cultural da região oeste do estado de São

Paulo. Nascido em maio de 2016, o Casulo Cultural reúne a experiência e a vivência de

quatro jovens empreendedores da cidade de Osasco: Eva Coutinho, Gabriel Oliveira, Karem Schumacher e Thiago Gallindo.

Atualmente o Casulo é um projeto

nada na boca achando que tinha algum

itinerante e vem ocupando espaços de

de quem passa por isso e o quão impor-

atividades. Em poucos meses de atividade,

alimento e entendi, de fato, a dificuldade

tante é aguçar os outros sentidos para que a refeição seja completa”, afirma.

entenderam a proposta e o resultado ficou

empresas parceiras para desenvolver suas

o Casulo já mostrou que tem garra para colocar todo o projeto em prática. O obje-

tivo dos ‘casulianos’ é montar um espaço que ofereça atividades diárias a todas as

bem interessante”, garante o chef.

pessoas criativas da região oeste. Neste

O cardápio, rico em aromas e texturas,

espaço poderão ser desenvolvidos cursos

teve como entrada um tartelete de salmão

de aprimoramento profissional, além de

defumado com involtini de uva. Em seguida

palestras e workshops. Atividades de ex-

foram servidos dois pratos principais, o pri-

pressão artística das mais diversas, como

meiro, um risoto de limão-siciliano com pernil

exposições, intervenções, shows, mostras e

desfiado e amêndoas laminadas, e o segun-

o que mais a mente humana permitir, serão

do, um medalhão de mignon com trilogia de

apresentadas no espaço que pretende ser

purês (cenoura, be-

terraba e

O Casulo Cultural é um projeto que

nasceu para ser o elo entre artistas, pro-

nidade de desfrutar de uma refeição repleta

Entrada servida durante o evento

O Casulo Cultural

Medalhão de mignon com purês

um mix de Centro Cultural, coworking de criatividade e escola.

revista incluir

85


Minha história

Por: Rafaela Trindade do Vale| Fotos: Arquivo pessoal

deira, pois ele não havia se acostumado com

o seio, e no mesmo instante que ele sugou o leite o mesmo começou a escorrer por todos os orifícios da face, olhos, nariz, boca... Foi uma

cena muito chocante, pois até então o Natã

estava bem e poderia mesmo estar em casa.

Foi então que meus pais olharam dentro da boca do meu irmão para ver se tinha algo de errado e eles observaram um orifício no céu da sua boca.

Imediatamente ele foi levado ao pediatra

que alegou não ter visto essa abertura no céu

da boca enquanto o bebê estava na UTI. Junto a isso, foi constatado que havia restos de parto

nos ouvidos do Natã, mas que por um milagre não gerou nenhuma infecção. Meu irmão foi

encaminhado ao Centro de Atendimento ao Fissurado Lábio Palatal (CAIF) onde, além do cuidado com a fenda palatal, foi realizado o

exame de audição que constatou que o Natã

M

era surdo profundo bilateral.

e chamo Rafaela Trindade

saúde. Essa perspectiva durou apenas algumas

nossa família, pois, além de não termos sido

quando tinha apenas cinco

à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com

noção de como nos comunicar com ele. Algum

do Vale, tenho 20 anos, e

disse aos meus pais que meu sonho era ter um irmãozinho. Esse sonho foi realizado

horas quando meu irmão teve que ser levado taquipneia transitória, sendo então entubado.

Passados sete dias foi constatado que o

no dia 19/11/2002, quando o Natã nasceu,

Natã tinha capacidade de respirar sozinho e

sem nenhuma deficiência ou problema de

mãe, Janete, foi amamentá-lo com a mama-

prematuro, mas aparentemente um bebê

86

O diagnóstico foi um choque para

revista incluir

poderia ir para casa. Já em nosso lar, minha

informados da melhor maneira, não tínhamos

tempo depois o Natã passou a utilizar próteses auditivas, as quais ele não se adaptou, fez uma

cirurgia plástica no céu da boca, colocou tubo de ventilação nos ouvidos para evitar infecção e, aos três anos e meio de idade, operou o


o Natã foi diagnosticado com síndrome de

sua qualidade de vida. Meu irmão não fala

que afeta 1 em cada 500 mil pessoas. Desde

são e isso dificulta nossa comunicação, mas

Wolfram, uma doença extremamente rara

então meu irmão recebe atendimento de várias especialidades médicas (neurologista, endocrinologista, cardiologista, nefrologista,

oftalmologista), visto que essa síndrome afeta

Hoje o Natã tem 14 anos e, apesar de todas

ir ao estádio de futebol e acompanha todas

blema na tireoide, faz acompanhamento renal por conta do diabetes e da própria síndrome

e também acompanhamento com psiquiatra. Desde que meu irmão nasceu ele precisa

trabalhou sua estimulação auditiva.

algumas coisas.

tus tipo 1, atrofia do nervo óptico, que pode

profunda bilateral, atraso no crescimento, pro-

e também uma escola para alunos surdos, onde

e também consegue expressar oralmente

essas adversidades, é um adolescente muito

progredir para a perda total da visão, surdez

coclear. Natã sempre frequentou escola regular

ele usa a Língua Brasileira de Sinais (Libras)

diversos sistemas do corpo.

Atualmente o Natã apresenta diabetes melli-

ouvido esquerdo colocando o implante

como nós, ele não tem a mesma compreen-

de cuidados especiais e uma maior atenção.

Até os dias de hoje meus pais e eu vamos em busca de novos médicos, novos tratamentos, e tudo que for possível para melhorar

feliz, risonho, atencioso, estudioso, gosta de as partidas de todos os times pela TV, gosta de estar com os amigos da igreja e da escola,

presta atenção em cada detalhe, cuida da nossa família e se importa com cada pessoa

próxima. Ele é um verdadeiro milagre e a cada dia mostra que é mais forte que todas as injeções que leva diariamente e que qualquer outro obstáculo que venha a existir em seu

caminho. Esperamos que sua história sirva de inspiração para muitas pessoas.

Até os oito anos de idade nós acháva-

mos que a única deficiência do Natã era a auditiva, até que em uma consulta de rotina oftalmológica o médico disse que ele possuía

uma progressiva atrofia no nervo óptico e, além disso, percebeu que ele tinha um há-

lito cetônico muito forte e já o encaminhou

para um endocrinologista. Na consulta com o endócrino, após exames de sangue, o Natã

foi internado imediatamente com hiperglicemia, permanecendo ali por cinco dias. Ele foi diagnosticado com diabetes mellitus tipo

1, passando a usar insulina de quatro a oito vezes por dia, e fazendo o monitoramento glicêmico nessa mesma proporção.

Após apresentados vários sintomas, os

médicos desconfiaram que meu irmão pos-

suía uma doença genética e então o encaminharam ao Hospital de Clínicas em Curitiba

para fazer o acompanhamento endocrino-

lógico, e a um geneticista, para que fosse feito um exame genético e confirmasse ou

descartasse a hipótese de uma doença genética. Assim, em 2010, após o teste genético,

revista incluir

87


Artigo

Inclusão escolar: reconhecer as diferenças é acordar para o conhecimento Por: Zilanda Souza* | Foto: Vitor Beltrame

E

stamos na era da neurociência. Nunca se descobriu tanto sobre o desenvolvimento humano, seu

é experimentar luz, clareza, conhecimento. Levar a ciência para dentro da sala de aula.

Se os desenvolvimentos diferentes

funcionamento típico e atípico. As redes so-

existem, a neurociência também nos

sobre dislexia, TDAH, autismo, deficiência

PLASTICIDADE NEURAL, que constitui na

ciais trazem todos os dias chuvas de ideias

intelectual, superdotação, altas habilidades. Inclusão não é mais uma palavra desconhecida. Embora nossa construção deva sempre ser filtrada pelas evidências científicas.

São notáveis as iniciativas para se promo-

ver a inclusão. São todas eficazes? Não sei. Temos uma legislação. E um começo que

deve ser considerado e celebrado. Por quê? Porque a ciência vem trazendo

consideráveis evidências sobre as possíveis disfunções, transtornos e dificuldades que

podem acometer o desenvolvimento humano

por diversos motivos: ambientais, hereditários,

neurobiológicos e circunstanciais. Sendo assim, não temos como garantir a uniformidade do

trouxe a boa notícia sobre o conceito da

capacidade do cérebro em responder

à experiência. Onde estão as mais ricas experiências que os humanos

podem vivenciar? Em quais ambientes somos privilegiados por constantes

plasticidades que culminam em estímulos

e desenvolvimento de novas habilidades? Certamente em ambientes onde pode-se ter contato com habilidades diversas, diferentes

níveis de conhecimento e muita liberdade.

Imaginem um trabalho de intervenção em atenção onde todos os membros do

grupo são desatentos? Onde buscaremos a referência da atenção?

A diversidade de habilidades e neces-

desenvolvimento. A sociedade não deve

sidades potencializa o processo de plasti-

e os educadores também não.

desafio para o processo de inclusão escolar é

esperar por um padrão de indivíduos. A escola A tentativa da padronização, de reunir

iguais, é um fracasso. Reconhecer as diferenças é acordar para a realidade. Somente acor-

dados, podemos promover inclusão. Acordar

88

revista incluir

cidade de todo o grupo, porém um grande a profissionalização do professor com ênfase

em grupos diversos. A inclusão escolar, se bem compreendida, beneficia a todos: professor, aluno, escola e a sociedade.

*Zilanda Souza é mãe, professora, especialista em psicopedagogia e neuropsicopedagogia. Autora do livro ‘Brincando de Palavrear’, escritora da coluna ‘Desenvolvimento e Aprendizagem’, coordenadora da pós-graduação em neurociência aplicada a avaliação e intervenção psicopedagógica. Diretora da Espaço Vida em Minas Gerais e no Distrito Federal. Atua em pesquisa voltada para a intervenção em funções executivas em crianças do ensino fundamental. Instagram: @espacovidagvbsb Facebook: facebook.com/espacovidagv Youtube: Canal Espaço Vida


Há 11 anos, o INSTITUTO CHEFS ESPECIAIS faz inclusão pela Gastronomia para jovens com Síndrome de Down. Para que esse trabalho continue e cresça, precisamos do seu apoio! Traga sua Empresa para ser nossa parceira ou faça sua doação mensal ou única.

Itaú - 341 Ag. 6961 - CC 16161-0 CNPJ: 15.224.993/0001-52 Informações para parcerias: chefsespeciais@hotmail.com.br ou (11) 2638-7478 Cardápio especial para sua Empresa: Vivências, Coffee Break, Confraternizações

89 www.chefsespeciais.com.br revista incluir


Notas Notas

BEBÊ ALBINO FAZ SUCESSO EM ENSAIO

FOTOGRÁFICO

O pequeno Rhyan, que tem albinismo, encantou

fotográfico

a

todos

realizado

durante no

o

Estúdio

ensaio

Roni

Sanches, especializado em fotos de recémnascidos, bebês e gestantes.

Vestido de pintor e anjinho, o bebê teve

Roni Sanches

seus primeiros meses de vida registrados em

cenários criados pela artista plástica Adriana Sanches.

Confira a galeria de fotos no link {minu.inf. br/iE4pi7HSSQ}

SP RECEBE FEIRA INTERNACIONAL DE

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Entre os dias 27 e 29 de abril, acontece em

São Paulo a segunda edição da Rehafair - Feira Internacional de Tecnologias

Divulgação

Assistivas, Empregabilidade e Esporte Adaptado. O evento, que promete reunir

o que há de mais moderno e inovador no segmento inclusivo, será realizado no

inscrever gratuitamente no site: rehafair.

(Educin).

Durante os três dias de evento serão

Na

drive. O evento, que tem apoio de mídia

Parque Anhembi, em São Paulo (SP).

realizados seminários e simpósios que

vão apresentar as novidades do setor,

além de propor novos conhecimentos aos

90

participantes, revista incluir

que

podem

se

com.br.

programação,

destaque

para

os

seminários de Mobilidade (Mobilitech) e

de

dos

Inovações

simpósios

Tecnológicas,

de

além

Empregabilidade

(Empregasim) e de Educação Inclusiva

Também

serão

realizadas

apresentações de Equoterapia e test

da revista Incluir, acontece das 13 às 20 horas, no Pavilhão de Feiras do Anhembi,

que fica na avenida Olavo Fontoura, nº 1.209, em Santana.


CARTILHA ESCLARECE

BRINQUEDOS ADAPTADOS

O APARELHO URINÁRIO

PARA CRIANÇAS COM MIELOMENINGOCELE

Algumas crianças, por causa da mielomeningocele, também conhecida como espinha

bífida, apresentam complicações neurológi-

cas como a bexiga neurogênica e não sentem vontade de fazer xixi. 'Juca em uma viagem pelo aparelho urinário' é um projeto de extensão do curso de enfermagem da Universidade

Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu. Para o

professor João Luiz Amaro, presidente da So-

Um projeto em análise na Comissão de

CHEFS ESPECIAIS

“a informação exerce um papel fundamental,

(CDH) prevê que shoppings tenham, no

Com 11 anos de atuação, o Instituto Chefs

áreas de lazer adaptados para pessoas com

na inclusão de jovens com síndrome de

382/2011). A medida será incluída na Lei de

pelos chefs de cozinha Márcio e Simone

dessa parcela dos brinquedos em parques

do casal em desenvolver uma ação social

do projeto na CDH, senadora Regina Sousa

promovendo assim sua inclusão profissional

deficiência em todos os ambientes e acredita

Com isso eles podem ser mais independentes,

ciedade Brasileira de Urologia, seção São Paulo,

melhorando a qualidade de vida das pesso-

as com bexiga neurogênica” explica ele, que completa: “para as crianças o fator educacio-

nal, ou seja, a compreensão não somente do problema vesical e das técnicas de cateterismo, é fundamental, pois poderá evitar as com-

plicações, como infecções urinárias, decorrentes da bexiga neurogênica”, alerta o médico. A Cartilha 'Juca em uma viagem pelo aparelho

urinário' está disponível para donwload no site: www.doutorbexiga.com.br/#book5/page1

CONSULTORIA CONTRATA

Direitos Humanos e Legislação Participativa

mínimo, 5% dos brinquedos instalados em

Especiais promove um trabalho maravilhoso

deficiência ou mobilidade reduzida (PLS

Down por meio da gastronomia. Idealizado

Acessibilidade, que já prevê a adaptação

Berti, o instituto surgiu da necessidade

de diversões públicos e privados. A relatora

para

(PT-PI), defende a inclusão das pessoas com

por meio da gastronomia.

que a medida será aprovada ainda neste ano.

inclusive financeiramente, pois o projeto

bom trabalho, serem autossuficientes e

PROFISSIONAIS COM AUTISMO

contribuírem para o sucesso dos projetos

A everis, multinacional de consultoria

com o apoio da Specialisterne Foundation,

que oferece soluções de estratégia e de

negócios, do Grupo NTT DATA, implantou o Projeto TEA, que visa a inclusão de

profissionais com o Transtorno do Espectro Autista. De acordo com a gerente da

empresa, Rita Souza, o projeto pretende gerar

uma

mudança

de

perspectiva

sobre o autismo na empresa, promover

a diversidade entre seus profissionais e mostrar a grande capacidade que as pessoas com TEA têm de executarem um

dos clientes. Nesse processo, a everis conta uma organização dinamarquesa que atua na capacitação de profissionais com TEA na

área de TI e em sua inserção no mercado de trabalho. "Estamos muito felizes com

esta parceria, pois a everis é um grande exemplo de empresa que investe em uma política inovadora de gestão de pessoas,

busca e potencializa o talento diverso, atuando como uma empresa socialmente responsável",

enfatiza

o

Specialisterne, Thorkil Sonne.

fundador

da

atender

jovens

com

deficiência,

envolve a realização de eventos sociais

como confraternizações, cafés da manhã e outras ações, com a participação destes jovens que transformam o ato de cozinhar em um momento único e especial para os

convidados. Segundo Simone Berti, para que

o trabalho seja mantido, o instituto busca

novos apoiadores individuais e também

patrocinadores. Quem conhece o trabalho dos Chefs Especiais sabe de sua importância

para muitas famílias que, além de uma ajuda na renda, consegue acompanhar o desenvolvimento de seus filhos.

Os interessados em conhecer, colaborar, ou

ainda contratar os Chefs Especiais para um evento, podem fazer contato pelo telefone (11) 2638-7478.

revista incluir

91


Vitrine

Livros Volta ao mundo em 13 escolas O livro é resultado de uma pesquisa dos amigos

André Gravatá, Camila Piza, Carla Mayumi e Eduardo Shimaraha, que percorreram cinco continentes

em busca de novos olhares para a educação

contemporânea. A ideia da obra é inspirar pais

inquietos, jovens curiosos e novos empreendedores

em educação. O livro pode ser baixado

gratuitamente no link: minu.inf.br/Nx4FUcPaTY

Coletivo Educ-ação | 293 páginas Educação inclusiva – Proposta de escolas eficazes

Com a proposta de rever práticas Neuropsicologia do desenvolvimento O livro de Mônica Carolina Miranda, Mauro

Muszkat e Claudia Berlim de Mello abrange os principais distúrbios que acometem

a criança, abarcando as lesões cerebrais congênitas e adquiridas, os transtornos desenvolvimentais e de aprendizagem, bem como as disfunções neurológicas. Editora Rubio | 251 páginas

Manual dos direitos da pessoa com deficiência Este manual congrega em seu bojo os princípios do respeito à vida, à igualdade, à

solidariedade, à dignidade e à fraternidade, da primeira à última página, uma vez

que os autores George Salomão Leite, Glauber Salomão Leite, Carolina Valença Fer-

raz e Glauco Salomão Leite acreditam que o direito à diversidade é de todos nós, pessoas com deficiência ou sem deficiência. Editora Saraiva | 477 páginas

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que dinamizam o espaço escolar

a fim de torná-lo mais inclusivo, a autora Luciane Porto Frazão de Souza Rever apresenta a educação inclusiva

como princípio que redimensiona e reestrutura a escola.

LP-Books | 128 páginas


Lei de cotas - Pessoas com deficiência a visão empresarial

Luiz Eduardo Amaral de Mendonça aborda a importância da atual lei de cotas brasileira e questiona se esta é a melhor forma de in-

clusão para pessoas com deficiência, além de apresentar a ótica da empresa e uma

análise histórica e crítica da lei, bem como

a atual interpretação adotada pela fiscalização do trabalho e pelos tribunais. Editora LTR | 240 páginas

Direito da infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência O livro trata de questões como o acesso à informação e o mundo

digital, que revela as mazelas já conhecidas, porém até então ainda não expostas com tamanha intensidade, como: a falta de políticas

satisfatórias da inclusão social de menores abandonados, o descaso com os idosos e a ausência de perspectivas mais favoráveis às pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Editora Atlas | 368 páginas

Atividades físicas para jovens com deficiências graves

Estratégias lúdicas para o ensino da criança com deficiência

Por meio de uma abordagem

dinâmica e um formato prático de

consulta, o livro de Rebecca Lytle e

No livro, a autora Kelem Zapparoli compartilha sua

Lindsay Canales traz 50 atividades

crianças com deficiência, porém as sugestões e os

passo a passo e acompanhadas

de como elaborar propostas pedagógicas para estes

uma educação física acessível e

experiência de mais de dez anos na educação de

relatos expostos não têm por objetivo trazer uma receita alunos, mas sim mostrar algumas das experiências

vivenciadas em educação especial, que poderão servir de apoio a outros professores e demais profissionais.

físicas envolventes, explicadas de fotografias para promover

de alta qualidade para jovens com deficiência.

Editora Manole | 134 páginas

Editora Wak | 152 páginas

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Vale ler

GRITO SILENCIADO Conceitualizações de violência na comunidade surda Por: Leticia Leite | Foto: Arquivo pessoal

O

livro ‘Grito Silenciado’ aborda

os leitores a respeito da violência sofrida

que tange ao processo de língua oral, no

demonstrar o que pode ser feito por di-

(Libras) principalmente no

caso, a tradução da língua portuguesa para a língua de sinais, e tem como temática

a violência sob a perspectiva da própria pessoa surda.

O interesse pelo tema surgiu do envol-

vimento do autor, Nilton Câmara, com a comunidade surda e pessoas com defici-

ência desde 1998. O doutorando e mestre em Linguística Aplicada pela Universidade

Estadual do Ceará atua como educador

no ensino e intérprete da Libras, com a formação de professores, como consultor

em empresas que precisam se adequar à realidade da pessoa com deficiência, viajan-

do por todo o Brasil para ministrar cursos, palestras e oficinas.

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O conteúdo serve de apoio para educar

a Língua Brasileira de Sinais

pelas pessoas com deficiência, bem como, versos agentes intervenientes, como, por exemplo, governo e prefeituras, provedores

de serviços, sociedade civil e associações de pessoas com deficiência de modo geral,

com o intuito de acabar e diminuir com a

violência contra a pessoa surda, motivando a todos para que incluam a prevenção da violência contra as pessoas com deficiência em seu trabalho, e de incentivarem as

pessoas com deficiência a se protegerem contra os variados atos de violência.

Grito Silenciado

Editora Garimpo | 212 páginas


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Vale assistir

O contador Fotos: Divulgação

Christian Wolff (Ben Affleck) é um sábio contador que tem mais

afinidade com os números que com pessoas, devido ao autismo.

Atrás desse disfarce, num escritório de uma pequena cidade, ele trabalha como freelancer para uma das mais perigosas organiza-

ções criminosas, até que descobre registros fraudados e se torna uma ameaça e passa a ser perseguido.

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Gêneros: Ação, suspense e drama Ano: 2016 Duração: 130 minutos Direção: Gavin O’Connor


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Turma do Dauzito

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A A falta falta de de informação informação faz faz com com que que AAfalta faltadedeinformação informaçãofaz fazcom comque que pensem pensem que que eles eles são são incapazes incapazes pensem pensemque queeles elessão sãoincapazes incapazes

EEnós, nós,viemos viemospara paraprovar provaro ocontrário! contrário! EEnós, nós,viemos viemospara paraprovar provaro ocontrário! contrário!

HáHá 5 anos 5 anos lutando lutando pela pela inclusão inclusão HáHá 5 anos 5 anos lutando lutando pela pela inclusão inclusão

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