Helios Seelinger (pintor) 1878 nasce no Rio de Janeiro, de pai alemão e mãe brasileira, descendente de franceses e gregos. 1892 freqüenta como aluno livre a Escola Nacional de Belas-Artes, discípulo de Henrique Bernardelli. 1897 segue para a Alemanha, tendo cursado a classe de Franz von Stuck na Academia de Munique, ao tempo em que nela estudavam Kandinsky, Paul Klee e Franz Marc. 1900 regressa ao Brasil e logo em seguida expõe na sede de OMalho, no Rio de Janeiro, suscitando comentários em sua maior parte desfavoráveis da crítica . 1903 conquista o prêmio de Viagem à Europa na Exposição Geral de Belas-Artes, com Boêmios, grande composição em que retrata Gonzaga Duque, João do Rio, Luiz Edmundo, Rodolpho Chambelland e Fiúza Guimarães. Partindo pouco depois, estuda em Paris com Jean-Paul Laurens. 1908 expõe no Museu Comercial do Rio de Janeiro. 1910 realiza as decorações do salão nobre do Clube Naval do Rio de Janeiro. 1911 permanência, até vésperas daeclosão da Primeira Gúerra Mundial, em França e na Bélgica. 1921 é um dos descobridores de Brecheret, que trabalhava no Pavilhão da Indústria, em São Paulo. 1951 medalha de honra no Salão Nacional de Belas-Artes. 1965 falece no Rio de Janeiro. Crítica Review "Não é, nem podia ser, tendo surgido em um país novo e sem uma maneira de arte definida e tendo aqui feito os primeiros estudos, um artista original, no que tem este vocábulo de extensão e justeza. Donde para o entendimento de sua obra a necessidade de filiar origens e determinar influências possíveis mais ou menos profundas das obras dos mestres, em cujo trato o nosso jovem pintor esteve durante a sua aprendizagem. Eassim que se tem querido ver nos trabalhos de Helios Seelinger influências germânicas, o que é tanto mais para aceitar quanto é sabido ter esse pintor assistido em Munich, durante o tempo do seu pensionato na Europa. São desse modo explicados a coloração fantástica, a maneira · peregrina, o desenho torturado, o assunto alegórico e simbólico dos
seus quadros. (... ) Helios Seelinger é o paradoxo vivo, incontentado, insofrido pela última maneira, a maneira rara, a maneira inédita. Fugiu do mundo, criando para a sua arte um outro mundo, que povoou de monstros, de animais fantásticos, de deuses terríveis, ressuscitando Salomés, Cleópatras, faunos bêbedos, tritões sedentos de vingança, ninfas e figuras delicadas e brancas de um sonho feito de fantasias." M. Nogueira da Silva, "Um artista estranho e paradoxal", in Pequenos estudos sobre arte, Rio de Janeiro, Editora Brasileira Lux, 1926. "A retomada do interesse pela obra de Helios Seelinger é recente, e deve-se ao prestígio de que ora desfrutam entre nós o Art Nouveau (sob cuja égide o pintor desenvolveu sua maneira, na Munique de 1900) e o Simbolismo. Esse artista, boêmio incorrigível, carnavalesco, irreverente, personagem de estórias e aventuras celebrizadas por Luiz Edmundo em ORio de Janeiro do meu tempo, foi, em seus melhores momentos, um extraordinário criador de formas, pintor original e sincero, vulto proeminente do nosso pálido Simbolismo pictórico e, sob muitos aspectos, um prenunciador das modernas tendências que se cristalizariam no Brasil após 1922." José Roberto Teixeira Leite
"Considering that he appeared in a new country, which did not have a definite art manner, and that it was here that he carried on his first studies, he is not, neither could he be, an original artist, taking into consideration the extension and correctness of such adjective. Whence, to understand his work, arises the necessity of establishing his origins and of determining how deeply was he influenced by the works of the masters with whom our young painter was in touch during his apprenticeship. Thus, one looks for in the works of Helios Seelinger, Germanic influences, which may be very well accepted, as it is known that this painter visited Munich while he lived in Europe. It is in this way that the fantastic colours, the peregrine way, the tortured design and the allegorical and symbolic themes of his paintings are to be explained. (...) Helios Seelinger is a living paradox, unsatisfied, not affected
by the latest fashion, the strange way, the unusual format. He escaped this world by creating within his art another world which he peopled with monsters, fantastic animais, terrifying gods, and ressurecting Salomes, Cleopatras, drunken fauns, tritons thirstily vengefull, nymphs and the delicate and white figures of dreams made up from fantasies. " M. Nogueira da Silva
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"The rebirth of the interest in the work of Helios Seelinger is recent and has been brought upon by the prestige which has nowadays been conferred, among us, to Art Nouveau (under which style the artist was influenced during his stay in Munich of the 1900) and to Symbolism. This artist, an incorrigible bohemian, a lover of Camival, irreverent, a character out of the stories and adventures made famous by Luis Edmundo in "O Rio de Janeiro do meu tempo", was, at his best moments, an exceptional creator of images, an original and sincere painter, a significant character in our inexpressive pictorial Symbolism, and in many ways, a herald of the modem trends which would find their place in Brazil after 1922. " José Roberto Teixeira Leite. Bibliografia BARATA, Mário. "Textos antigos sobre H. Seelinger e H. Cavalleiro", in Arquivos da Escola Nacional de Belas-Artes, VIII, 1962, p. 121. CARLOS RUBENS. Pequena história das artes plásticas no Brasil, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1941, p. 172-74. COSTA, Angyone. A inquietação das abelhas, Pimenta de Mello &Cia., 1927, p. 155-65. FREIRE, Laudelino. Um século de pintura 1816-1916, Rio de Janeiro, Tipografia Roh-e, 1916, p. 512-13. GONZAGA DUQUE. Contemporâneos, Rio de Janeiro, Tipografia Benedito de Souza, 1929, p. 51-59. LUIZ EDMUNDO. "Cinqüenta anos de vida artística e boêmia", Revista da Semana, Rio de Janeiro, 17 de abril de 1943. NOGUEIRA DA SILVA, M. "Um artista estranho e paradoxal", Pequenos estudos sobre arte, Rio de Janeiro, Editora Brasileira Lux, 1926, p. 119-30. RUBEM GILL. "O século boêmio: XV
Por mares nunca dantes navegados 1920 óleo s/tela 148,5 x 200 cm Cal. Museu Nacional de Belas-Artes, RJ
Helios Seelinger", Dom Casmurro, Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 1943. TEIXEIRA LEITE, José Roberto. "Helios Seelinger 1878-1965", Arte Vogue, São Paulo, setembro de 1978, p. 101-02. TEIXEIRA LEITE, José Roberto. Dicionário crítico da pintura no Brasil, Rio de Janeiro, Artlivre, 1988, p.466-67.
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