6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (2005) - Viver na cidade - Catálogo

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AFRICA DO SUL,

2005

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UTOPIA, LUGAR NENHUM, PERTO.

Em contraste com a saturada paisagem -aculturada do mundo desenvolvido, a paisagem sul-africana é crua, primária, esmagadora e imensa em seu vazio. O romântico encantamento da paisagem africana, como é apresentada aos visitantes, distorce sua complexidade política e social. Espaços mentais e físicos estão marcados com histórias do Apartheid e façanhas coloniais. Estes formam a base - o statusquo - da promulgação da democracia. Neste novo quadro de liberdade, novas possibilidades, que desafiam as práticas do passado , estão sendo exploradas. As rápidas mudanças ocorridas nos IO anos de democracia e a demanda de uma sociedade em transição tornaram a arquitetura e o urbanismo uma prática pro-ativa e reativa. Enquanto a migração rural para os centros urbanos, e a rápida e extensa urbanização representam um fenômeno global, a busca de identidade e a ânsia de amenizar a segregação oferecem desafios específicos. Cidades sem legislação racial atraem ondas de imigrantes rurais e caçadores de fortuna, em toda a África. O breve vácuo de poder

ocorrido entre a pré e a pós -eleição nos anos go representaram um convite à maioria anteriormente excluída. A antiga cidade colonial, modernista e produto do Apartlieid está sendo reutilizada e reformada pelas novas formas de viver, pelo transporte e pelo comércio. Capitalismo e informalidade estão disputando a cidade a partir de diferentes necessidades e desejos. A arquitetura est á firmando pé no terreno ético - entre o comprometimento com as mudanças significativas e a resistência. Por um lado o desenvolvimento comercial está impondo a separação física através da utilização do medo e da paranóia como ferramentas de mercado. Por outro lado os profissionais estão encontrando formas para incorporar a informalidade e reduzir as diferenças através da exploração de espaços e usos, que surgem a partir da nova realidade sul-africana, com o objetivo de superar o legado de separação física e psicológica. Nas cidades e em suas vastas periferias, intervenções arquitetônicas significativas funcionam como a acupuntura liberando a tensão das áreas físicas, sociais e psicológicas da nação. A África do Sul pode ser entendida como uma cultura que está no limite da cultura popular global, de qualquer forma essa "cultura


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