Estendal de poesia 2029/2020

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A avó Clemilde, Humilde era ela! Relembrava-me a infância, Que saudade eu tenho dela! Os dias cinzentos Mudavam com os nossos momentos. E a voz dela ainda surge nos meus pensamentos! Nos nossos lanches convívio não faltava, E ananás, na mesa, não restava! Agora, existe um vazio no meu coração, Que não pode ser preenchido Por mais nenhuma tarde de verão. Grupo: AV; GS; MS; RP, 12º A




Revisitando Alberto Caeiro, em vésperas de Natal O meu olhar é nítido como o de um pastor. Tenho por hábito guardar as minhas ovelhas Em baldios e serranias. Desejo-lhes sol e liberdade e chuva quando é preciso. Para mim, são todas iguais. Amo-as com o meu olhar e nunca com o pensamento. Se usasse o pensamento, de certeza encontraria uma ovelha negra. Mas não é essa a minha pretensão. Falo com elas e elas escutam-me. E o nosso diálogo é eterno. Ana Isabel Serpa, 15 de dezembro de 2019.




Poema de referência: «Pobre Velha Música!» Velha Amiga Amiga que te revi, Encheste os meus olhos com um mar de lágrimas Lembro-me das brincadeiras no jardim Numa infância que me relembro de ti. Não me recordo de ser feliz, Espero ter sido Não sei se sou feliz, Espero um dia ser.

Ema Correia Miguel Pedro


Pé descalço Descalço e sem calçado Vai o pé ante pé na frente do tio Zé. O pé que não quer ser calçado, descalço vai andar. Mas fica descansado Que nenhum prego vai encontrar. Descalço e sem calçado O pé encontra-se mal amado porque está um bocado salgado. Descalço e sem calçado O pé encontra um sapato. Um sapato que não quer ser calçado Por um pé que anda descalço. O tio Zé que vê o sapato que não Quer ser calçado pelo pé descalço. Descalça o seu sapato para o pé infortunado calçado ficar. Frederico Machado e Bárbara Medeiros


“Gato que brincas na rua”- “Jovem que te apaixonas na rua”

Jovem que te apaixonas na rua Como se não fosse complicado, Invejo a pureza que é tua Porque nem pensas no teu amor invejado. Bom servo das leis amorosas Que regem estas vidas dolorosas, Que tens instintos contra todos os males E sentes só o que sentes. És feliz porque és assim, Com toda a tua paixão. E vejo-me aqui sem ti Porque te conheço e sei que não sou eu A quem pertence o teu coração.

Ema Freitas


Poema Não sei o que fazer, Não sei o que pensar, Não sei o que sentir, Dou por mim a pensar em ti. E lá eu estou a sonhar contigo de novo, O que devo fazer? Parar? Se o meu pensamento deixasse! Ó coração, ó saudade, ó paixão! Sentimentos que sinto que não devo sentir. Uma noite, uma hora, vários beijos... Ó noite escura iluminada, ajudai-me a esquecer, Esta angústia que não para nem de dia nem de noite. Entra dia e sai dia, e sempre lá estás no meu pensamento... Choro ao lembrar da noite que tudo aconteceu. Em todas as lágrimas há uma esperança, Que pouco a pouco vai morrendo. Penso se sou insuficiente? Talvez! Não sou perfeita, mas sou humana, Sou uma pessoa! Aí coração! Como dói em pensar, Para de pensar! Para de sonhar! Para! Será o melhor a fazer... Haverá dias e noites melhores?! Assim eu espero... Capitolina de Jesus e Ambrosina do Céu


O meu sucesso é a minha fonte Aposto tanto nele que era incapaz de o ver ser destruído Eu não tenho o costume de estudar muito Mas era capaz de o fazer Era capaz de passar noite e dia a estudar Porque vejo Vejo o poder que isto tem sobre mim Sem que qualquer pensamento o retire Sofia Brilhante


Paródia do poema "Prefiro rosas, meu amor, à pátria" Prefiro comer, meu amor, a estudar E antes lasanha Que estudar história Logo que não fique cheio, como Que o estudo por mim passe Logo que não tenha fome. Que importa estudar se tenho fome Importa Que eu coma ou que estude, Se eu tenho sempre fome, Se a cada prato que como Aparece mais fome. E o resto dos estudos que os Estudantes Acrescentam à vida, Será que lhes passa a fome? Nada, estudo só como E na hora do teste Tiro negativa e continuo com fome.

MrStyx, Maria da Fome e Maria do Estudo


Prefiro livros, meu amor, à ignorância Prefiro livros, meu amor, à ignorância E antes Shakespeare amo Que a incultura e a ingenuidade. Logo que a vista não me canse, deixo Que o livro por mim passe Logo que eu fique culto. Que importa àquele a quem não lê nada [importa] Que um sabe e outro pensa, Se a vida é como um livro, Se cada vez com uma nova leitura Surgem as folhas E com o final do livro findam? E as coisas insignificantes que os [humanos] Agregam à existência, Que me aumentam na minha sabedoria? Nada, exceto o desejo de desprezo E a fina certeza Na hora transitória.

Domingos Reis


Não sei se é som, se silêncio Não sei se é som, se silêncio, Se uma mistura de angústia e alívio, Naquele quarto ela preenche-o Aprecio as notas em convívio. Entre barulhos silenciosos. Dó, Ré, Minto em acordes tristes pois a alegria assim o é. Talvez melodias sem sentido, Ruídos que bem soam sem soar a nada, Não são notas sonhos perdidos Aos intangíveis ouvidos? Feliz eu? Faz sol lá, Naquele quarto, de manhã. Mas já tocada se glorifica, Só de ouvi-la ouço-a pensar; Sob as cordas, minha mão fica, Sente-se o calor de a ouvir vibrar Ah, neste quarto sem medos, sem medos As cordas choram contra os meus dedos. Não é com melodias do outro mundo, Nem com cantigas que nem em sonhos duram, É com o sentimento onde se foca a calma, E toca a alma que com ela se cura. É nesta guitarra, onde não chega o pó, Que as notas cantam, entre si sem dó. Joana Almeida


Criança que não brincas na rua Criança que não brincas na rua Como se já não soubesses brincar Não invejo a tua ignorância Porque não é de a valorizar Grande serva dos novos tempos Que regem este absurdo mundial Quem apoiou isto, sinceramente, Devia estar agora a passar mal Só conheces o pouco que é teu És triste sem sequer ter noção Se visses como o mundo era outrora Verias que bem tenho razão. Regina Phalange


Vem sentar-te comigo, Varandas, à beira do estádio. Atentamente ouçamos as claques e aprendamos Que as direções passam, mas o clube fica. (Vendamos o Bas) Depois pensemos, direção infantil, que o mandato Passa e não fica, nada deixarás, por isso nunca regressarás. Queremos-te longe, muito longe, talvez para lá da 2ª circular, Longe, que é onde deves estar. Vendamos o Bruno, porque não vale a pensa esforçarmo-nos Quer ganhemos, quer não ganhemos, os banquetes continuam e o luxo continua. Mais vale comprarmos os Jesé’s e os Ilori’s. Sem qualidade, sem espírito de leão. Sem vontade, nem ambição, nem garra que erguem o estádio Nem futebol a dar movimento demais aos olhos, Mas com cuidado, para que ninguém se magoe E sempre com os rivais a somar. Enriqueçamos tranquilamente, pensando que podíamos Enganar tudo e todos, lavar dinheiro, e roubar, e roubar, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo o desmoronar do clube, que para sempre muitos irão amar. Enganemos os sócios, “fala tu com eles” e “deixa-os Na mesma”, e que a conferência de imprensa suavize o momento caótico Este momento em que, lentamente, tudo roubamos Porque o Sporting, para nós, não é nada. Ao menos, se te fores embora antes de acabar o mandato, lembrar-nos-emos de ti, depois, Como um homem sensato e não apenas como um corrupto incompetente Porque nunca vendemos os nossos jogadores, nem compramos os que valem o esforço financeiro Com tanta incompetência… E se, antes de ires, comigo quiseres falar, Dir-te-ei apenas Que te foste sem o teu objetivo alcançar E que contigo, ou sem ti, o Sporting nunca irá acabar!

FMA


Como quem numa morte abre o seu coração E espreita para a biblioteca do tempo a vida de um herói Às vezes, de repente, é inundado por uma emoção Que, por mais agradável que seja, dói Eu fico triste, incompreendido, querendo perceber Porque nunca mais te vou poder ver. Mas quem me mandou a mim espreitar? Quem me disse que podia sequer te relembrar? Quando a saudade nos passa pela cara, A mão pesada absorve a lágrima Que me ensinara Que só se é feliz abstendo-nos à máxima De qualquer pensamento que nos torne uma lástima… Assim, porque assim o desejo, quero viver-te para sempre…

ACD


Louco, sim, louco, porque quis positiva Qual a Sorte a não dá Não coube em mim minha ambição; Por isso onde o estudo está Ficou meu saber que existiu, não o que aqui está. Minha preguiça, outros que a tomem Porque com ela nada fazia, Sem preguiça que é o Homem Corpo sem descanso, pobre alma a minha, Encarcerada em matéria incessante que não folga nem procrastina. Tiago Vitorino


Como quem numa noite de inverno abre a janela de casa E espreita para o frio da cidade com a cara toda Às vezes, de repente, bate-me o Clima de chapa Na cara dos meus sentidos, E eu fico orientado, tranquilo, querendo obter Não sei bem o quê nem porquê... Mas quem me mandou a mim querer mais? Quem me disse que havia mais? Quando o inverno nos passa pela cara A mão densa e fria da sua brisa, Só tenho que sentir agrado porque é brisa Ou que sentir desagrado porque é fria, E de qualquer maneira que eu o sinta, Assim, porque assim o sinto, é que isso é senti-lo... Ricardo Moniz


Dizem que estudo ou percebo Tudo o que aprendo. Não! Eu simplesmente decoro Com a memória, Não uso o pensamento Por isso decoro a matéria Que não consigo perceber, Livre da má nota, Penso que irei ser. Serei? Só quem sabe é a professora! Henrique Melo e Francisco Pires


Mistério que brincas comigo Como se fosse fácil lidar contigo, Não vejo a hora de te desvendar Porque nem nessa hora te encontro. Bom seguidor das leis misteriosas Que regem homens e animais, Que tens o segredo contigo E sentes só o sofrimento, És feliz porque és segredo, Todo o nada que és está em mim. Eu vejo-te e não te encontro Conheço-te e não te desvendo. Chico Jordânio de Sevilha


Amante que brincas na rua como se fosse na cama Invejo a sorte de ela ser tua porque nem sorte se chama Bom servo das mulheres fatais Que regem as gentes Que tens instintos animais e sentes só o que sentes És feliz porque és assim Todo o nada que és é teu Eu vejo-te e fico fora de mim Conheço-te e nada é meu

Ema Pontífice e Gonçalo Costa


Vem sentar-te comigo, professor, à beira da secretária E sossegadamente fitemos os livros e aprendamos Que a vida passa por nós e os ''vintes'' também (Vinte vem a nós). Depois pensemos como seria a vida Com esses ''vintes'' que não aparecem Estão num mar muito longe, para lá de São Roque Mais longe que os Deuses. E assim colhemos o fruto do nosso trabalho Que no final não serviu de nada Este momento em que sossegadamente recebemos o nove, Alunos inocentes na decadência. André Soares e Francisco Cruz


O avaliador O professor quer, o aluno sonha, a nota desce O professor quis que a nota fosse vinte Que o aluno estudasse, já não estuda Apoiou-te, e foste desvendando o segredo da turma E a nota de repente subiu e o aluno ficou contente Aumentou, correndo, até ao fim do mundo Assim ficou a turma toda contente, de repente, Todos caíram redondos batendo no fundo A professora que te avaliou tramou-te no português Da interpretação ao texto as notas foram alvo de um vendaval Cumpriu-se o destino, e assim para o ano vou repetir português, Professor, suba a nota de português para honrar o nosso Portugal!! Afonso Martins e Tomás Melo


"Desconectado mas ligado" Como águas revigorantes Que alimentam o prado sereno Eu abro a minha mente E deixo fluir o pensamento Mas será que é em vão que perco o meu tempo? Porque me sinto perdido entre momentos. Deambulando por sentimentos que me levam ao extremo, Dou por mim já descontente Lembro-me da morte e perco o alento. Mas digo: vivamos o momento e que entre pela porta a dentro tudo aquilo que me traga tormento porque eu aceito o meu julgamento e tenho as armas para o meu salvamento. Entregar-me ao presente e tentar ser contente. Olha para mim e esquece o meu lamento. Marijohh


Movimento absurdo e irrequieto Das máquinas, dentro e fora, cima e baixo Sinto-me novamente a vir ao mundo Loucura incessante dos enlouquecidos Ó lé chilrear maquinal Ó lé negro sedutor Que mais não seria esta vida Sem ti, ó majestosas maquinarias I. M.


Eu escrevo, não por sentir, Mas por saber que é isto... É isto que as pessoas Anseiam ler Não passam de almas Desesperadas por se identificarem, Querem por força integrar-se Porque no fundo sabem... Não passam de almas vazias Sem nada com que se igualar Enchem-se com as expetativas De uma sociedade retrógrada Tal é o esforço para se encontrarem Que se perdem inevitavelmente, Acabam por se sentir sós Rodeadas de padrões inexistentes Então é isto que lhes dou Palavras vazias como elas Com que se possam relacionar E de certa forma, fazê-las acreditar Em algo que não existe Apenas para as reconfortar, Um abraço de falsidade A contrapor a pressão de uma sociedade I. M.


Pobre velha professora! Pobre velha professora Não sei porque ainda aqui estás Enche-se de transtorno O meu estudo parado! Recordo o meu amigo ouvir-te Mas não sei se percebi Nessa minha distração Nunca me lembro de ti Com aquela ansiedade e batota Quero aquela boa nota Serei capaz? Não sei Eis a minha revolta…

Fernanda e Alberta


Vagueio pelo campo Tudo em mim é sensação Perdida como uma ovelha no meio de um rebanho Vagueio sem rumo Guio-me pela natureza Onde pensar não existe E olhar é saber. Deito-me na relva E sinto o orvalho na minha pele O cheiro fresco do amanhecer E o chilrear dos pássaros Faz florescer o amor Tão puro como um girassol. F. S.


Sonhar aprender viver morrer um círculo vicioso duro de roer. Tempo perdido entre lamúrias do passado de um império que caiu e entregou-se ao fado. Heróis que se ergueram por escolha de algo que nos dá loucura de acreditar no parvo. De fazermos aquilo que não lembra ao diabo De querer o ridículo, o ridicularizado, O poder sentir algo que não é demasiado Mas apenas o suficiente para chegar além Do lago que nos mantém presos ao passado... Progredindo mentalmente para um novo patamar, Na ânsia de um dia alcançar os feitos Que nos fazem relembrar Que somos nação imortal. I. C.


Eu sou um fingidor Finjo tรฃo bem que chego a esquecer o que estava a fingir E os que leem o que escrevo nem de perto imaginam o que sinto pois nem eu sei bem E assim nesta vida cรก estou eu a tentar compreender-me e saber o que escrever

Gonรงalo Carreiro


Porquê? Ó ministério da educação, porquê? porquê, no último ano de escola, inventas que se tem de perceber pessoa pessoa essa que não é só uma mas… … imensas O que te fiz? diz-me! para merecer tanto mal? Diz-me a verdade qual é o teu objetivo que tenha crises de meia idade só com dezassete anos?? porque, se é esse o objetivo, parabéns! conseguiste!!!!! O que te fiz? diz-me! para merecer tanto mal? Quantas noites mal dormidas… …quantas refeições mal comidas… …quantas mais unhas vão ter que ser roídas… …para perceber pessoa O que te fiz? diz-me! para merecer tanto mal?

S.B.


Ó Fernando Pessoa, quanto do teu Qi São lágrimas de nós, alunos, Por não te entendermos, quantos de nós choraram Quantos dias ficámos sem sair Quantas noites ficaram por dormir Para termos tempo para ti, ó Pessoa. Valeu a pena? De nada vale Se o exame for difícil Mas quem quer passar além do dez Tem que passar além da dor Deus, dai-nos loucura e imaginação Para te entendermos, ó Pessoa. T. F.


Tenho pena de quem não teve uma infância verdadeira. Uma infância em que chegavam a casa com os joelhos esfolados, esgotados e transpirados desde a cabeça até aos pés. Uma infância em que saíam à rua sem o conhecimento das mães apenas para se divertirem uns com os outros. Ah! Saudade do tempo em que eu era feliz! As crianças de hoje preferem um telemóvel a uma bicicleta. Preferem um tablet a um brinquedo. Preferem um smartwatch a uns hotweels. Preferem coisas que os vão fazer ficar horas sentados, inativos, a coisas que trazem alegria e diversão. No meu tempo, era tudo mais alegre. As crianças saíam à rua para brincar, jogar jogos tradicionais, como "a mosca", e só iam para casa se as mães os chamassem e muitas das vezes não ouviam, ou faziamse de moucos. Ah! Saudade do tempo em que eu era feliz! Já as crianças de agora ficam em casa, Nos seus telemóveis a jogar E é assim que "passam" a maioria do tempo. Sentados a olhar para um ecrã que parece controlar a vida deles e tudo o que fazem. Ah! A infância já não é a mesma!

Henrique Sousa


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