Tcc Máirian Tirzá Cardoso Santana

FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MÁIRIAN TIRZÁ CARDOSO SANTANA

NOVA BIBLIOTECA PÚBLICA DE VITÓRIA DA CONQUISTA QUALIDADE ARQUITETÔNICA COMO INSTRUMENTO ATRATIVO DE ACESSO E FREQUÊNCIA DOS CONQUISTENSES NA BIBLIOTECA MUNICIPAL

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA DEZEMBRO - 2016

MÁIRIAN TIRZÁ CARDOSO SANTANA

NOVA BIBLIOTECA PÚBLICA DE VITÓRIA DA CONQUISTA QUALIDADE ARQUITETÔNICA COMO INSTRUMENTO ATRATIVO DE ACESSO E FREQUÊNCIA DOS CONQUISTENSES NA BIBLIOTECA MUNICIPAL

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Professor Orientador: Verbena Dourado Pereira Correia Santos

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA DEZEMBRO – 2016

S232n

Santana, Máirian Tirzá Cardoso Nova Biblioteca Pública de Vitória da Conquista: qualidade arquitetônica como instrumento atrativo de acesso e frequência dos conquistenses na Biblioteca Municipal. / Máirian Tirzá Cardoso Santana._ _ Vitória da Conquista, 2016.

80 f; il.

Memorial Descritivo (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) Faculdade Independente do Nordeste - FAINOR Orientador: Prof. Verbena Dourado Correia

1. Acessibilidade. 2. Arquitetônico. 3. Biblioteca. 4. Convivência. 5.

Tecnologia. I. Título CDD: 720

Catalogação na fonte: Biblioteca Ubirajara Brito - FAINOR

MÁIRIAN TIRZÁ CARDOSO SANTANA

NOVA BIBLIOTECA PÚBLICA DE VITÓRIA DA CONQUISTA QUALIDADE ARQUITETÔNICA COMO INSTRUMENTO ATRATIVO DE ACESSO E FREQUÊNCIA DOS CONQUISTENSES NA BIBLIOTECA MUNICIPAL

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Professor Orientador: Verbena Dourado Pereira Correia Santos

Aprovado em ___/___/______

Banca examinadora:

_____________________________________________________ Verbena Dourado Pereira Correia Santos Arquiteta Especialista Faculdade Independente do Nordeste

_____________________________________________________ Marcelo Silva Ferreira Arquiteto Mestre Faculdade Independente do Nordeste

_____________________________________________________ Larissa Ferraz Souto Arquiteta e Urbanista

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA

“Sem bibliotecas o que temos? Não temos nem passado nem futuro.”

Ray Bradburry (tradução nossa)

DEDICATÓRIA

Ao grande Arquiteto e Paisagista do Universo, àquele que conhece todas as medidas com precisão, que combina cores e estilos sem nunca errar. À Deus toda honra e todo louvor.

AGRADECIMENTOS

A tecnologia tornou o nosso trabalho menos complicado, não obstante, há pessoas que não podem ser esquecidas. Em primeiro lugar Deus, autor e consumador da minha fé, depois aos meus pais, que me sustentaram e apoiaram até aqui e sei que posso contar com eles sempre. Ao meu irmão que me acompanhou nesta jornada. À minha família extensiva, especialmente vovó e vovô que bem sei oraram muito por mim, à Elisângela Andrade Moreira Cardoso, carinhosamente, chamada por nós de tia Aninha. Não poderia me esquecer da minha orientadora, Verbena Dourado, e de muitos mestres queridos, colegas e amigos, que sempre pude contar com a boa vontade e profissionalismo deles e a todos que se dispuseram a me ajudar, a minha mais profunda gratidão.

RESUMO

Este trabalho oferece uma nova proposta de Biblioteca Pública Municipal para Vitória da Conquista – BA, buscando projetar um lugar que ofereça acessibilidade e atração ao público para a pesquisa, leitura, diálogo, convivência e lazer, baseando-se em uma análise entre a relação de diferentes bibliotecas e seus respectivos públicos, tanto em território nacional quanto no exterior. Nesta era de tecnologia digital, muitas bibliotecas que não se adequaram ao novo estilo de vida da população estão perdendo a atenção do seu público e a Biblioteca Pública José de Sá Nunes, em Vitória da Conquista é uma delas.

Por meio da pesquisa, de questionários e

entrevistas comprovou-se que a Biblioteca Municipal José de Sá Nunes (BMJSN) não atende adequadamente às necessidades de cultura e lazer da maioria dos conquistenses, tendo como consequência a redução quanto ao número de seus usuários. Nesse contexto, pesquisas bibliográficas e entrevistas apontam que, para manter ou aumentar seu público, as bibliotecas necessitam não apenas de espaços que sejam de fácil acesso, mas que sirvam como área de convivência e lazer em meio à diversidade em seus respectivos acervos e serviços. Este trabalho propõe, portanto, um projeto arquitetônico inovador e um programa de necessidades adequado para que a nova biblioteca possa atender às atuais demandas da população conquistense nesse novo milênio.

Palavras-chave: Acessibilidade. Arquitetônico. Biblioteca. Convivência. Tecnologia.

ABSTRACT

This research project provides a suggestion for a new municipal public library for the city of Vitória da Conquista, BA, seeking to design an accessible place that is an attraction to the public for the purposes of research, literature, dialogue, coexistence and leisure, based on an analysis of the relationship between different libraries and their respective audiences both in Brazil and abroad. In this era of digital technology, many libraries that have not adapted to the new lifestyle of the population are losing the attention of their public and the José de Sá Nunes Municipal Library in Vitória da Conquista is one of them. Through research, questionnaires and interviews, it was verified that the José de Sá Nunes Municipal Library does not adequately meet the cultural and leisure needs of the majority of the residents of Vitória da Conquista, with the consequent reduction in the number of its users. In this context, bibliographical research and interviews point out that, in order to maintain or increase their public, libraries need not only spaces that are easily accessible, but serve as an area of coexistence and leisure in the midst of the diversity in their respective collections and provided services. This project, therefore, proposes an innovative architectural design and an adequate needs program so that the new library can meet the current demands of the population of Vitória da Conquista in this new millennium.

Keywords: Accessible. Architectural. Library. Coexistence. Technology.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Representação Gráfica da Biblioteca de Alexandria ........................... 19 FIGURA 2 – Milhares de livros queimam numa fogueira enorme enquanto Alemães fazem a saudação nazista durante a onda de queima de livros que se espalhou por toda a Alemanha ....................................................................................................... 21 FIGURA 3 – Estilo arquitetônico da Biblioteca Nacional em 1910 ........................... 25 FIGURA 4 – Primeira sede da Biblioteca Pública da Bahia ..................................... 27 FIGURA 5 – Projeto da segunda sede da Biblioteca Pública da Bahia ................... 28 FIGURA 6 – Vista frontal da Biblioteca Watertown Free Public Library ................... 33 FIGURA 7 – Vista tardoz da Biblioteca Watertown Free Public Library ................... 34 FIGURA 8 – Vista frontal antes das reformas da Biblioteca Watertown Free Public Library ........................................................................................................................35 FIGURA 9 – Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin ........................................... 37 FIGURA 10 – Anel central do acervo da Brasiliana Guita e José Mindlin ................ 38 FIGURA 11 – Entrada principal da Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, São Paulo, SP ............................................................................................................................. 39 FIGURA 12 – O grande salão da Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, São Paulo, SP ............................................................................................................................. 40 FIGURA 13 – Biblioteca Municipal José de Sá Nunes- Vista Frontal ........................ 48 FIGURA 14 – Localização de Vitória da Conquista no mapa do estado da Bahia .... 49 FIGURA 15 – Entorno Biblioteca Municipal José de Sá Nunes ............................... 50 FIGURA 16 – Biblioteca Municipal José de Sá Nunes e vias de entorno ................ 51 FIGURA 17 – Interior da Biblioteca Municipal José de Sá Nunes. Da esquerda para direita: sala de estudo individual; área de pesquisa e de referências; banheiros públicos; acervo de romances; área infantil ............................................................... 52 FIGURA 18 – Mapeamento de corredores de ônibus ................................................ 55

FIGURA 19 – Terreno escolhido com marcação do entorno ..................................... 55 FIGURA 20 – Levantamento topográfico do terreno escolhido ................................ 56 FIGURA 21 – Mapa de fluxo das ruas no entorno da Rua Waldemar Sá Porto ........ 56 FIGURA 22 – Fluxograma ......................................................................................... 64 FIGURA 23 – Entrada principal ................................................................................. 65 FIGURA 24 – Planta de Situação com marcação de acessos .................................. 66 FIGURA 25 – Setorização do pavimento térreo ........................................................ 66 FIGURA 26 – Janelas e nichos salientes .................................................................. 68 FIGURA 27 – Vista do jardim de inverno .................................................................. 69 FIGURA 28 – Setorização do pavimento superior ..................................................... 70 FIGURA 29 – Vista do terraço ................................................................................... 71 FIGURA 30 – Vista interna olhando do térreo para o Lanternim ............................... 71 FIGURA 31 – Fachada Principal ............................................................................... 72

LISTA DE SIGLAS

ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas BMJSN – Biblioteca Municipal José de Sá Nunes BP – Biblioteca Pública CDC- Centro Digital de Cidadania COLTED – Comissão do Livro Técnico e Didático EUA – Estados Unidos da América FAINOR – Faculdade Independente do Nordeste FBN - Fundação Biblioteca Nacional IEED – Instituto de Educação Euclides Dantas IEB – Institutos de Estudos Brasileiros INFLA – Manifesto da Federação Internacional dos Bibliotecários e das Bibliotecas LLB – Lerner, Ladds e Bartels.

M.R. – Módulo de Referência NBR – Norma Brasileira PPS – Project for Public Spaces PMVC – Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista SNBP – Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas SIBI – Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo TCC – Trabalho de Conclusão de Curso – citado uma vez com significado ZR-1 – Zona Residencial 1 UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura USP –Universidade de São Paulo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................15 2 CONTEXTO HISTÓRICO DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS ...................................................17 2.1

A BIBLIOTECA NO CENÁRIO MUNDIAL ........................................................................17

2.1.1

Coleção de Templos .....................................................................................................21

2.1.2

Arquivos governamentais e Registros de negócios organizados ......................22

2.1.3

Coleção de papéis genealógicos ...............................................................................23

2.2 BIBLIOTECAS NO BRASIL ....................................................................................................23 2.3 BIBLIOTECAS NA BAHIA .......................................................................................................26 2.4 BIBLIOTECAS PÚBLICAS NO CONTEXTO ATUAL ...........................................................30 2.5 CONCEPÇÕES DE BIBLIOTECAS BEM SUCEDIDAS ......................................................31 2.6 A BIBLIOTECA WATERTOWN FREE PUBLIC LIBRARY COMO REFERÊNCIA INTERNACIONAL ..........................................................................................................................33 2.7

BIBLIOTECAS COMO REFERÊNCIAS NACIONAIS .....................................................36

2.7.1

Brasiliana Guita e José Mindlin ..................................................................................36

2.7.2

Livraria Cultura- Shopping Iguatemi .........................................................................39

2.8

BIBLIOTECAS COMO CENTROS COMUNITÁRIOS .....................................................40

3 METODOLOGIA .........................................................................................................................42 3.1

ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS POR MEIO DE QUESTIONÁRIO ....................42

3.2

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS .........................................................................................43

3.2.1

Biblioteca Municipal José de Sá Nunes ..................................................................44

3.2.2

Watertown Free Public Library ..................................................................................46

4 APRESENTAÇÃO DA ÁREA.....................................................................................................48 4.1

BIBLIOTECA MUNICIPAL JOSÉ DE SÁ NUNES – BILIOTECA LOCAL .....................48

4.2

TERRENO E ENTORNO ...................................................................................................54

4.3

LEGISLAÇÕES ...................................................................................................................57

5 DEFINIÇÃO DO PARTIDO ........................................................................................................60 6 PROGRAMA................................................................................................................................61 7 PROPOSTA / PROJETO ...........................................................................................................65 8 CONCLUSÃO..............................................................................................................................73 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................75 APÊNDICES ...................................................................................................................................78 Apêndice A – Questionário............................................................................................................78

15

1 INTRODUÇÃO

A Biblioteca Pública (BP) é considerada como um lugar de acesso ao conhecimento por oportunizar qualidades basilares para uma aprendizagem contínua entre os indivíduos e os grupos sociais, com vistas na tomada de decisão e no desenvolvimento cultural de todos os que se encontram inseridos nesse processo.

O Manifesto da Federação Internacional dos Bibliotecários e das Bibliotecas (IFLA) / Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, 1994), enfatiza que a BP deve possibilitar informações para todos, sendo, portanto, um instrumento crucial para a produção do conhecimento e o desenvolvimento da vida sociocultural. A palavra biblioteca tem sua origem nas palavras gregas biblíon, que significa livro e théke, que quer dizer caixa.

Criada com a finalidade de armazenar livros, revistas e documentos, a BP encontra-se nos mais distintos espaços sociais na mediação entre os processos de produção e a recepção da informação. (SANTOS, 2010).

Nesse cenário, nota-se que a Biblioteca é um espaço social importante, que promove não apenas o conhecimento, mas também a cultura e a memória de uma sociedade. Corroborando com essa ideia, Harris (1995, p. 6), salienta que: No decorrer da história, poderosas ideologias religiosas, políticas e sociais têm motivado indivíduos e grupos a apoiar de forma contundente a implantação de bibliotecas como meio de esclarecimento intelectual para desejáveis fins religiosos, políticos ou sociais. (tradução livre).

Ademais, esse espaço comunitário é visto como um local de convivência e lazer em meio a encontros que promovem diálogo, exposição e troca de ideias.

Portanto, a Biblioteca é mais que um lugar que serve para depositar um variado acervo de livros e documentos antigos e atuais, ela também apresenta estrutura arquitetônica que pode influenciar, de maneira significativa, o acesso e a permanência do público que se utiliza desse espaço para os mais diversos serviços e atividades voltadas para a aquisição do conhecimento.

Nesse contexto é que o tema “Qualidade arquitetônica como instrumento atrativo de acesso e frequência dos conquistenses na Biblioteca Municipal” é

16

apresentado, tendo como objetivo a projeção de uma Biblioteca que servisse não apenas como local de pesquisas e leituras, mas também como um espaço de convivência e lazer, levando em consideração a acessibilidade e diversidade, bem como o estímulo ao diálogo pela troca de saberes e cultura entre o povo conquistense, tanto na literatura quanto nas artes visuais, visto que esse espaço é pouco frequentado pelo público conquistense. Nesse cenário, os meios para o alcance desse fim seguiram a especificidade de analisar a relação entre o público e a Biblioteca José de Sá Nunes, bem como descobrir o que torna uma biblioteca atraente ao público e comparar os serviços oferecidos por bibliotecas populares estadunidenses com a Biblioteca José de Sá Nunes. Para tanto, tomou-se como objeto de estudo a Biblioteca Municipal José de Sá Nunes que se encontra na cidade de Vitória da Conquista, na região Sudoeste da Bahia.

17

2 CONTEXTO HISTÓRICO DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS

2.1

A BIBLIOTECA NO CENÁRIO MUNDIAL

A escrita é como uma raiz que permite um crescimento embasado da sociedade e quando permitida ela conecta os leitores com o passado, o presente e o futuro da humanidade. A biblioteca conecta os membros da sociedade e serve como um instrumento para moldar e abrir a mente dos seus usuários, com vistas no alcance dos avanços da sociedade como um todo.

Concomitante a isso, Harris (1995, p. 15) assegura que: Um registo escrito, em material resistente razoável, pode imortalizar as ideias ou ações de uma determinada geração, mas somente se os registros forem organizados e preservados em bibliotecas eles afetarão seriamente o desenvolvimento das gerações por vir. (tradução livre).

O autor supracitado ressalta a relação entre a biblioteca e a sociedade com a ideia do antropólogo, etnólogo, Claude Levi-Strauss, ao elucidar que os livros e a escrita sempre estiveram relacionados com o poder e o “lembrete” da classicista Mary Beard: “Bibliotecas não são simplesmente os depósitos de livros. Elas são os meios de organizar o conhecimento e [...] de controlar esse conhecimento e restringir o acesso a ele”. (apud HARRIS, 1995, p. 11, tradução livre).

O termo Biblioteca tem origem grega (bibliothéke) e é usada no latim pelo termo biblioteca, que significa “coleção pública ou privada de livros e documentos congêneres, organizada para o estudo, leitura e consulta”. (FERREIRA, 1986).

Já Harris (1995, p. 3, tradução livre) define uma biblioteca como “uma coleção de materiais gráficos organizados para uso relativamente fácil, cuidada por uma pessoa ou pessoas familiarizadas com esse regime, sendo acessível a, pelo menos, um número limitado de pessoas”.

Ao longo da História, tradicionalmente o conhecimento foi transmitido de forma oral, uma vez que havia dificuldade para encontrar os recursos necessários para a escrita nos tempos remotos, como o alto custo do papiro e do pergaminho e o modo precário que as tipografias produziam.

18

Numerosas e distintas bibliotecas foram constituídas durante a Antiguidade e, como fora mencionado, elas serviam como um depósito de livros, cuja finalidade era preservá-los e difundi-los, não tendo, portanto, um caráter público. A estrutura arquitetônica das bibliotecas era voltava para o cuidado com o acervo que era organizado como nos dias atuais, em armários com divisórias, um ao lado do outro, com etiquetas indicando o título, cuja preocupação era que este não fosse retirado desse espaço. (MARTINS, 2002 apud SANTOS, 2012).

Contudo, de acordo com Battles (2003, p. 37 apud SANTOS, 2012), “[...] a reunião das obras em grande número ajudava, na verdade, mais a destruição que a preservação, e a maior parte das que sobreviveram pertenciam a pequenas coleções particulares”. Não se pode precisar o número de obras que se perderam devido aos incêndios e catástrofes, principalmente por se encontrarem organizadas em grandes quantidades. Destas, merecem destaque a Biblioteca de Nínive, de Pérgamo, as gregas, as romanas e a de Alexandria, considerada a mais antiga e famosa (BATTLES, 2003 ibid.). Porém, apesar da importância e grandiosidade, Souza (2005, p. 3, ibid.) assevera que “[...] nenhuma Biblioteca da Antiguidade sobreviveu”.

De acordo com Mey (2004, p. 12 ibid.), a Biblioteca de Alexandria... [...] provavelmente sofreu mais de algumas e menos de outras – de todas as causas, até mesmo por sua longa permanência na história: ao todo, cerca de seis séculos. Deixou-nos uma herança indelével, um exemplo a ser seguido, de busca do conhecimento e da intolerância. Certamente o homem moderno tem muito a aprender das lições de Alexandria [...].

Nesse viés, Júlio César pouco antes de ser assassinado, deixa como legado a ideia de biblioteca pública, muito parecida com as atuais, sendo concretizada pelos seus seguidores após sua morte por meio do Fórum Romano, que constituiu a primeira Biblioteca Pública de Roma (MARTINS, 2002 ibid.).

Usando como exemplo a democracia em que o povo tem em mãos o poder de escolher seu líder, nota-se um conceito liberal de que o sucesso depende da educação dos eleitores que, por sua vez, necessitam de educação ampla e o livre acesso à informação e sustentam a fundação da biblioteca pública.

(HARRIS, 1995, p. 6).

19

Segundo Battles (2003 ibid.), essa Biblioteca possuía dois salões de leitura decorados com estátuas de poetas e oradores dos idiomas em latim e grego, assim direcionado: um para os livros escritos em latim e o outro para os livros escritos em grego. Após queda da República e ascensão do Império, muitas outras bibliotecas surgiram em Roma, sendo a maior de todas as bibliotecas, Ulpiana, no império de Trajano.

Não obstante à realidade da Biblioteca de Alexandria, muitas bibliotecas romanas também foram destruídas pelos sucessivos incêndios e pelo caos político pelos quais passavam Roma e, como afirma Battles (2003, p. 58-59 ibid.) [...] “não existe biblioteca que não acabe desaparecendo, deixando atrás de si um quebra cabeça que as futuras gerações tentarão remontar [...]”. Nesse período, os recursos para aquisição do pergaminho ficaram escassos e a Idade Média anunciava um vasto momento considerado sombrio no tocante aos estudos, livros e bibliotecas, conforme apresenta imagem abaixo:

FIGURA 1 – Representação Gráfica da Biblioteca de Alexandria.

Fonte: <imperioromanodexaviervalderas.blogspot.com.br>, 2015.

De acordo com Martins (2002 apud Santos, 2012), a Idade Média evidenciou três tipos de bibliotecas, a saber: as Monacais que eram construídas dentro de mosteiros e abadias e fechadas ao público em geral, as Particulares e Bizantinas, e também as Universitárias, construídas no fim da Idade Média. Vale frisar que nessa época as bibliotecas continuaram com caráter de guardiã e não como disseminadoras de informações.

20

O autor supracitado enfatiza que existiam bibliotecas voltadas para a conservação do acervo, como as bibliotecas nacionais e aquelas que são especialistas em armazenarem livros, manuscritos e outros documentos raros e/ou acessíveis apenas a especialistas, e as bibliotecas definidas como de consumo, que são as públicas, abertas a todo o público por meio da leitura comum. Com o surgimento das tipografias após a difusão do papel no século XIV, as bibliotecas se configuram e passam a prestigiar todo o público, mesmo que de forma restrita aos reis e outras autoridades.

As bibliotecas assumem o papel de disseminadoras da informação durante o Renascimento e o bibliotecário passa a ser o agente administrador da biblioteca. Esse período revolucionou a leitura por meio da criação de novos livros e a acessibilidade para se ler de diversas formas, bem como pela aquisição de coleções consideradas raras e a organização das bibliotecas.

No século XX, a ligação do poder e da literatura continua sendo motivo de muitas queimas de livros por incentivo de líderes em diversos contextos da história, como na Alemanha Nazista que tinha Hitler como líder e, nessa época, muitos livros foram queimados com o intento de manter os jovens fortes e focados nos planos dele, que era “erradicar milhares de anos de domesticação humana” e “criar a Nova Ordem” (THE HISTORY PLACE, 2001, tradução livre).

Isso resultou em jovens profissionais que tinham excelente forma física e um vasto conhecimento da ideologia nazista, porém faltavam-lhes habilidades básicas nas áreas de Matemática e de Ciências, chegando ao ponto de os cientistas nazistas reclamarem da falta de conhecimento por parte desses jovens, como evidencia o trecho abaixo: Mas, para Hitler, essas deficiências realmente não importavam.

O sistema escolar agora produziu o que ele precisava, homens jovens que não questionavam e prontos para servir obedientemente a Pátria até a morte em meio a slogans nazistas, tais como: Crer, Obedecer, Lutar! (THE HISTORY PLACE, 2001, tradução livre).

Concomitante a isso, a imagem que se segue revela um momento de saudação nazista em meio a queima de livros:

21

FIGURA 2 – Milhares de livros queimam numa fogueira enorme enquanto Alemães fazem a saudação nazista durante a onda de queima de livros que se espalhou por toda a Alemanha.

Fonte: The History Place – site, 2001.

Diante do exposto, nota-se que o termo Biblioteca, ultrapassa a sua etimologia, perpassando por diversos conceitos, tipos, objetivos e recursos, sendo, portanto, um processo-produto da História. De tabletes de argilas, papéis de pergaminho, papiros e até a folha de papel e a página da internet, as formas que a humanidade tem utilizado para preservar e colecionar suas histórias e documentos evidencia a evolução das bibliotecas em meio às coleções. De acordo com Harris (1995, p. 7), existem quatro tipos de coleções gráficas que contribuem para a implantação da biblioteca: a coleção de templos, arquivos governamentais e registros de negócios organizados, que são interligados e a coleção de papéis genealógicos ou de família, que serão tratados com mais especificidade nos tópicos subsequentes.

2.1.1 Coleção de Templos Como o próprio nome aponta, as coleções de templos são religiosas. De acordo com Harris (1995, p. 8), “No Egito, Palestina, Babilônia, Grécia e Roma, a coleção de templo certamente foi uma das formas mais antigas e importantes

22

da proto-biblioteca”. E, para que as informações religiosas fossem lembradas, assim como outros tipos de informações, estas eram transmitidas de geração a geração por meio da oralidade. Essas informações provavelmente sofriam uma ameaça de outras crenças e ideias ou até a complexidade da história, e com o tempo foi necessário concretizar as informações. [...] a coleção de templo começou com cópias das leis sagradas, rituais, canções, histórias da criação, biografias dos deuses e, posteriormente, os comentários de escritos religiosos podem estar entre os materiais de escrita comuns de um determinado tempo e lugar, como papiro ou pergaminho. (HARRIS, 1995, p.

8, tradução livre).

Essas escrituras ficavam guardadas em lugares sagrados, cujo acesso era permitido apenas os oficiais mais importantes dos templos. Ademais, poucas pessoas sabiam ler e escrever, e as pessoas treinadas para ler e escrever eram consideradas muito importantes para a sociedade. Essas coleções eram, não apenas elaboradas, mas também destinadas a um número restrito de pessoas célebres e notáveis. (ibid.).

2.1.2 Arquivos governamentais e Registros de negócios organizados

Os arquivos governamentais servem para manter a ordem entre pessoas, governos e nações. Eles estão relacionados às leis, aos impostos, documentos de transações, aos acordos etc. e aos arquivos de negócios. As civilizações mais avançadas precisavam de uma forma de negócio que ultrapasse a ideia de troca e essa necessidade deu origem ao dinheiro e com ele, surgiu a necessidade de arquivar informações, como “propriedade, inventários, compras, vendas, impostos e tributos” e eventualmente...

Contas de viagens oceânicas ou explorações terrestres em busca de comércio, métodos de fabricação, ou fórmulas de produtos - tudo isso pode muito bem entrar no arquivo de negócios, que, em seguida, assumiu mais da natureza de uma biblioteca. (HARRIS, 1995, p. 9, tradução livre).

23

Esse tipo de coleção era muito comum no “Egito, Fenícia, Babilônia e posteriormente em Alexandria, Atenas e Roma”. (ibid., p. 10).

2.1.3 Coleção de papéis genealógicos

Estas coleções estão relacionadas aos documentos privados e de família.

Elas fazem parte da história da biblioteca por estarem conectados com a implantação das bibliotecas privadas. As famílias guardavam documentos como de propriedade, herança, ações, formas de vendas, estoques de gado ou de escravos, até genealogias, poemas de poetas locais, escrituras religiosas, rituais, lista de reis, cronologia histórica, contos e histórias tradicionais.

Em resumo, o que começou como uma coleção de registros Governo, templo, negócios ou privado – se transformaram gradualmente em uma biblioteca assim que outros materiais de natureza histórica, literária ou informativo foram adicionados a ele, e que a sua utilização cresceu além do indivíduo que a criava. (HARRIS, 199, p. 14, tradução livre).

Não é de estranhar que as famílias Gregas e Romanas tinham boas bibliotecas privadas em suas casas, com o intuito de manter em família os documentos com informações relevantes acerca do próprio contexto familiar. (ibid.).

2.2 BIBLIOTECAS NO BRASIL

No Brasil, as Bibliotecas são consideradas como primeiras instituições implantadas para o conhecimento. Entretanto, os documentos constituídos antes da metade do século XVI são considerados insuficientes, uma vez que os livros eram acessíveis apenas para os padres e os magistrados, no cumprimento de seus trabalhos. O aparecimento de Bibliotecas só ocorreu a partir de 1549 com o estabelecimento do Governo Geral em Salvador, BA, e a educação prestada pelos Jesuítas que possibilitaram os primeiros acervos. (SANTOS, 2010).

Esse mesmo autor enfatiza que a história das bibliotecas no Brasil é marcada por momentos de ascensão e glória e também momentos de problemas para vencer muitos desafios. A partir do século XIX essa história se resume em

24

três fases sucessivas: primeiro as bibliotecas Particulares e dos Conventos, depois a fundação da Biblioteca Nacional e a última fase, a criação da Biblioteca Pública da Bahia.

O período das Bibliotecas de Conventos e Particulares ocorreu durante os três primeiros séculos de colonização. Além das Particulares que tinham como proprietários padres, advogados e cirurgiões, havia também as Bibliotecas dos mosteiros, colégios religiosos e conventos. As melhores bibliotecas particulares se localizavam em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. Só a partir do início do século XIX é que os livros foram obtendo espaço e, por consequência as famílias começaram a reservar móveis para os livros e futuramente um lugar específico na casa. Após esta fase de popularização veio a necessidade de estabelecer lugares específicos para livros, como por exemplo, livrarias e bibliotecas. Com a proliferação da leitura, a biblioteca passou a ser um espaço de discussão e debates, surgindo assim, a necessidade de bibliotecas mais espaçosas, com lugares separados para leitura. (ibid.).

Já a Biblioteca Nacional teve como marco inicial a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil e a sua Real Biblioteca, com um acervo de 60 (sessenta) mil peças, compostas por livros, manuscritos, medalhas, moedas, mapas e estampas (ibid.). A Real Biblioteca foi oficialmente inaugurada no Brasil em 1810, nas instalações de um hospital e foi liberada apenas para intelectuais que deveriam obter prévia autorização. Ela só foi aberta ao público em 1814 e seu estatuto foi escrito em 1821. No ano seguinte o nome foi mudado para Biblioteca Imperial e Pública e, só em 1876 seu nome definitivo passou a ser Biblioteca Nacional. Esta Biblioteca só veio a ter o seu prédio próprio, definitivamente em 1910 (BIBLIOTECA NACIONAL, s/d). Segundo Santos (2010) o prédio foi construído sob a coordenação dos engenheiros Alberto de Farias e Napoleão Moniz Freire.

Nessa perspectiva, os engenheiros seguiam uma arquitetura, que podem ser evidenciadas tanto na citação quanto na imagem abaixo: De um estilo eclético, combinava elementos neoclássicos e artnouveau, contendo ornamentos de artistas como Visconti, Henrique e Rodolfo Bernardelli, Modesto Brocos e Rodolfo Amoedo. [...] suas instalações atendiam as exigências técnicas da época; pisos de vidros nos armazéns, armações e estantes de aço com capacidade para 400 mil volumes, amplos salões e

25 tubos pneumáticos para o transporte de livros dos armazéns para o salão de leitura. (SOUZA, 2005 apud SANTOS, 2010, p.

55).

A imagem abaixo evidencia as afirmações ora mencionadas:

FIGURA 3 – Estilo arquitetônico da Biblioteca Nacional em 1910.

Fonte: <tavares-falatudo.blogspot.com>, 2013.

O acervo dessa biblioteca era acrescido por doações, que muitas vezes era vista como uma biblioteca particular completa, e também por entregas obrigatórias de exemplares impressos em Portugal. (ibid.).

Com o passar dos anos, os responsáveis pela Biblioteca Nacional tiveram sempre o cuidado de fazer adequações, visando o acompanhamento da evolução e transformação da sociedade. Um exemplo disso foi a criação da Biblioteca Nacional Digital (BNDigital), que é composta por coleções digitalizadas, colocando assim a Fundação Biblioteca Nacional (FBN) na dianteira das bibliotecas Latino-americanas e inserindo-a no grupo das maiores do mundo no processo de digitalização do acervo e de serviços via internet.

(BIBLIOTECA NACIONAL, s/d).

26

2.3 BIBLIOTECAS NA BAHIA

As bibliotecas no Estado da Bahia tiveram início com a Biblioteca Pública da Bahia, em Salvador, no início da segunda década do século XX, mais precisamente no dia 13 de maio de 1811, foi criada a então chamada Livraria Pública da Bahia, sob a direção de D. Marcos de Noronha e Britto, governador da Capitania da Bahia, que endossou a iniciativa de um senhor de engenho muito rico, Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco e de um grupo de intelectuais, que às escondidas, liam em clubes maçônicos, livros franceses de ideias filosóficas, políticas e iluministas. Esta biblioteca foi a primeira a ser considerada, verdadeiramente pública, nascida no Brasil, pois as citadas anteriormente eram particulares e a Real Biblioteca do Rio de Janeiro, foi criada em Portugal e transferida para o Brasil (Moraes, 1979 apud Santos 2010). A Biblioteca Pública da Bahia iniciou-se com a doação da biblioteca particular de 4.000 (quatro mil) livros, do seu idealizador, Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco e mais 50.000 (cinquenta mil) réis doados por ele. Inicialmente a biblioteca funcionou na Catedral.

De acordo com Gonçalves Filho (1962, p. 21 apud Santos 2010), a

biblioteca tinha as seguintes dimensões: [...] media o salão da Biblioteca cento e onze palmos de comprimento por quarenta e três de largura, possuindo duas salas anexas de, respectivamente, trinta e um palmos e meio de comprimento por dezenove de largura e doze palmos por dez.

Dava entrada para o estabelecimento uma larga porta contígua à frontaria da Catedral [...].

A Biblioteca de Salvador se mantinha com as doações em dinheiro, pelos seus sócios. No entanto, ela sofreu com o desestímulo dos seus subscritores, destituição do conselho e abandono, ao ponto de contar apenas com 7.957 (sete mil novecentos e cinquenta e sete) volumes após 23 anos de existência. Depois disso, teve um crescimento em seu acervo, porém sofreu ataques de pragas, intemperismo físico, várias mudanças para locais diferentes e até um incêndio por causa de um bombardeio, por motivos políticos, no ano de 1912, quando a mesma já contava com um acervo de mais de 30.000 (trinta mil) volumes, o que lhe causou a perda de obras importantíssimas, como o primeiro jornal da Bahia, o “Idade d’Ouro”, restando somente 300 (trezentos) volumes. No entanto, seu

27

acervo foi sendo reconstituído aos poucos, através de restaurações, novas doações e créditos autorizados pelo governo e, em 1918 ela já contava com 25.000 (vinte e cinco mil) exemplares.

Em 1917, finalmente é aberta a concorrência pública para a construção do prédio próprio da Biblioteca Pública da Bahia, saindo vencedor o projeto do Engenheiro Civil, Eurico da Costa Coutinho. Dois anos depois estava construído o prédio, situado à Praça Rio Branco, depois Praça Municipal. A arquitetura da primeira sede própria da Biblioteca da Bahia foi uma réplica da Public Library de Nova Iorque, EUA.

FIGURA 4 – Primeira sede da Biblioteca Pública da Bahia.

Fonte: SOARES et al, 2011.

Em 1920, a Biblioteca Pública da Bahia abre suas portas para a realização de exposições de artistas famosos, expandindo assim o seu papel na sociedade de Salvador, não parando por aí. Mais tarde criou-se a Sala da Bahia, destinada a memorizar as obras referentes ao Estado da Bahia e a grandes nomes baianos. Esta biblioteca também passa a ser frequentada por estudantes de nível superior e secundarista, que devido à necessidade financeira buscam obras necessárias aos seus estudos, além da falta de outras bibliotecas públicas municipais. Assim, em meados do século XIX sua maior clientela era formada por estudantes de Medicina, Direito e alunos interessados em Literatura Brasileira. Desta forma a Biblioteca da Bahia foi se firmando como biblioteca escolar, devido a quantidade e variedade de livros que oferecia aos estudantes,

28

chegando ao ponto de funcionar aos sábados e domingos, para atender a demanda, especialmente em períodos de prova.

Neste mesmo período foi enviada uma circular às prefeituras do Estado da Bahia sugerindo a criação de Bibliotecas Municipais, sendo requerido da Biblioteca Pública da Bahia o seu apoio às novas bibliotecas que começaram a surgir. Com isso, o número de bibliotecas no Estado da Bahia chega a ser de 51 (cinquenta e uma), com destaque para as bibliotecas de Feira de Santana e de Santa Maria das Vitórias, pois seus boletins divulgavam o interesse do povo em frequentá-las. (SOARES et al, 2011).

Assim como a história das bibliotecas no Brasil mostra momentos de ascensão e declínio, a Biblioteca Pública da Bahia tem os seus, passando por grandes momentos de ampliação, incorporação de novos serviços à sociedade, modernização de seu acervo e sede, e mais uma vez, enfrentou outro incêndio, bem como o desaparecimento de volumes, depredação e desgastes físicos de sua sede. Um momento que vale a pena destacar é quando, devido especialmente a poluição sonora, faz-se necessária a construção de uma nova sede, mais moderna e funcional e, o governo da Bahia abre, em 1968, Concurso Nacional de Projetos, quando 69 (sessenta e nove) projetos arquitetônicos entram na concorrência, apenas quatro se classificam e sai como vencedor o projeto dos Arquitetos Ulrico Zurker, Enrique Alves e Rodrigo Pontual, conforme imagem abaixo:

FIGURA 5 – Projeto da segunda sede da Biblioteca Pública da Bahia.

Fonte: SOARES et al, 2011.

29

Nessa nova sede, pouco depois de sua inauguração em 5 de novembro de 1970, a biblioteca deixa de ser chamada de Biblioteca Pública da Bahia e passa a ser avocada como Biblioteca Central do Estado da Bahia. Outra biblioteca baiana que vale a pena destacar é a Biblioteca Central de Educação, criada pelo professor Anísio Teixeira, com o intuito de atender pesquisadores da área de educação, professores e alunos de Pedagogia, e ademais, a mesma cumpria o objetivo de assistir 200 (duzentas) bibliotecas na capital e no interior, mostrando que uma biblioteca não se limita apenas ao seu acervo, e sim à qualidade e o interesse na formação cultural, atendendo as necessidades da evolução das sociedades.

Porém, apesar do afã pelo crescimento e expansão e vistas a assistir à população com seus anseios e necessidades, e de ainda estar alojando a Comissão do Livro Técnico e Didático (COLTED), a Biblioteca Central de Educação funciona durante 19 anos e seu acervo é distribuído entre a Biblioteca da Secretaria de Educação e a do Colégio Paulo Américo. Mais tarde, a Biblioteca Central de Educação ressurge com o nome de Biblioteca de Educação e finalmente, em 1985, passa a se chamar Biblioteca Anísio Teixeira, em homenagem ao professor baiano que a criou. Além dessa biblioteca começam a surgir outras na capital baiana, como a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, que visa atender crianças, e nesse mesmo contexto surgem muitas outras bibliotecas de bairros em Salvador e pelo interior do estado devido ao crescimento urbano e a demanda por novos espaços culturais.

Hoje no Brasil, existem 6.102 (seis mil cento e duas) bibliotecas públicas, segundo os dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Púbicas (SNBP), elas estão localizadas em 5.453 (cinco mil quatrocentos e cinquenta e três) Municípios, sendo 503 (quinhentos e três) na Região Norte, 1.847 (hum mil oitocentos e quarenta e sete) na Região Nordeste, 501 (quinhentas e uma) na Região Centro-Oeste, 1.958 (hum mil novecentos e cinquenta e oito) na Região Sudeste e 1.293 (hum mil duzentos e noventa e três) na Região Sul. A Bahia possui 442 (quatrocentos e quarenta e duas) bibliotecas cadastradas no SNBP e, a Biblioteca José de Sá Nunes, em Vitória da Conquista é uma delas.

O SNBP (1992) tem como objetivo principal o fortalecimento das bibliotecas públicas do País e, vale esclarecer que os dados apresentados acima não evidenciam bibliotecas comunitárias e pontos de leitura mantidos por

30

entidades privadas, com ou sem fins lucrativos, e pessoas físicas, assim como a Biblioteca Nacional e bibliotecas especializadas ou universitárias, vinculadas ao governo federal.

Todo esse contexto histórico reforça a importância da preservação, implementação e criação de bibliotecas como lugares de saber, de troca de saberes e de cultura, que influenciaram e continuarão influenciando a sociedade de modo geral, e especificamente na formação do cidadão conhecedor, pensante e atuante no meio em que vive. Nessa perspectiva, a biblioteca abriga a história do conhecimento humano, tendo como papel principal preservar e disseminar essa história através do tempo por meio da atualização e manutenção do conhecimento pertencente à sociedade.

2.4 BIBLIOTECAS PÚBLICAS NO CONTEXTO ATUAL

Ao longo dos tempos a função da biblioteca pública era de educar e oferecer conhecimento às pessoas, possibilitando-lhes acesso à informação, permanece como uma constante, mas seus serviços têm evoluído de forma extraordinária. Além de emprestar livros e dar acesso à informação, a biblioteca, em muitos países, se tornou um espaço de convivência, lazer, estudo e cultura, sendo um ponto de encontro para a comunidade. (GONÇALVES, 2011).

O avanço tecnológico apresenta, cada vez mais, diversos tipos de informações e opções que se voltam para a preservação e difusão destas por meio de alternativas que envolvem leituras digitais, filmes, jogos, músicas e áudio livros. Com a utilização de ferramentas como televisores, computadores, internet, tablets e celulares muitos se perguntavam sobre a permanência do uso da biblioteca, devido ao grande avanço tecnológico, porém o que se nota, é que a tecnologia pode ser uma aliada do setor bibliotecário, como se pode observar pelos exemplos de algumas bibliotecas bem-sucedidas que existem.

Concomitante a isso, Schull (2001), acredita que as bibliotecas têm rompido com as funções tradicionais que assumiam frente à informação e à educação, exercendo atualmente, direção que se volta para o desenvolvimento da troca cívica, cultural e social. Para se tornar e/ou continuar sendo um lugar bem-sucedido, as bibliotecas precisam levar em consideração, sobretudo, a atração.

31

De acordo com Schull (2001, p. 3),

Sejam novos ou atualizados, esses projetos de biblioteca são difíceis de passarem despercebidos. Na verdade, eles se tornaram ‘destinos’, da mesma forma que os museus, estações de trem renovados, e novos edifícios universitários atraem visitantes ansiosos para ver o mais novo na concepção arquitetônica. (Tradução livre).

Dessa forma, na construção de uma nova biblioteca, a novidade da concepção arquitetônica é importante, bem como o local que deverá ser de fácil acesso, centralizado e com boa visibilidade para atrair a população, aumentando assim, o fluxo de visitantes. Porém, será imprescindível programas e serviços que a biblioteca deverá oferecer para sua comunidade. Schull (2001) sustenta que a evolução de uma biblioteca se dá pelas parcerias e colaborações estabelecidas entre ela e a comunidade onde ela está inserida, e por suas programações e localização.

Nesse contexto, entende-se que quanto mais programas, informações e integração física ocorrerem entre a comunidade e as bibliotecas locais, mais forte ficará a parceria entre as mesmas. Afinal, como considera Schull (ibid.) “[...] as pessoas parecem desejar programas que os reúnam em espaços físicos, oferecendo oportunidades para discutir questões e compartilhar experiências em tempo real”. Apesar desses tópicos não fazerem parte do objetivo principal da biblioteca tradicional, eles servem como guia para o futuro papel desta, como espaço físico utilizado para melhorar o sentimento de cidadania e a esfera cívica, que transcendem a leitura e a informação.

2.5 CONCEPÇÕES DE BIBLIOTECAS BEM SUCEDIDAS

Há várias formas de uma biblioteca participar do dia a dia da sua comunidade e atrair mais visitantes. As observações feitas por meio de estudos voltados para o êxito das bibliotecas no cenário mundial evidenciam que elas precisam atrair a comunidade na qual estão inseridas e, para tanto, existem inúmeras possibilidades ou opções de atividades e serviços que podem ser oferecidos, tanto em programações quanto em espaço físico.

32

O site do Project for Public Spaces (PPS) (201-?) traz várias ideias de atividades e exemplos de bibliotecas populares, bem como as atividades que se destacam nas bibliotecas na cidade. Uma ideia é que a biblioteca pode e deve ser um espaço de encontro e, para este fim pode-se usar tanto a área de fora quanto de dentro para eventos como celebrações, feiras, festivais ou eventos menores como grupos de leitura, palestras e aulas. Estes espaços também podem ajudar no tocante ao aumento de vendas e mercados públicos, alugando espaços para cafeterias, copiadoras, eventos, galerias de arte e até a celebração de casamentos. A biblioteca de Riverside, Califórnia (EUA), aluga o espaço em frente para mercados especiais, o que aumenta bastante o número de pedestres na área. Bibliotecas também devem ter acesso fácil para que todos possam utilizá-la e, isso não se aplica somente à acessibilidade dentro e em volta, mas também às rotas de ônibus, estacionamento, passeios largos e faixas de ciclismo. Apesar de incluir nesse espaço o trânsito de veículos, é importante proporcionar uma área segura que priorize os pedestres. Ademais, conforto e acesso externo são tão importantes quanto os internos, por isso, a Biblioteca Toronto’s Beaches Branch que fica no Kew Gardens, em Toronto, Canadá, tem um parque e lago contemplativo na frente, tornando-a um local popular para encontros. A parte interna de uma biblioteca deve contemplar o funcionamento de locais específicos para certos públicos ou atividades e até pequenos recantos de leitura espalhados pelo interior que proporcionem espaços mais confortáveis.

A biblioteca Brookline Branch de Pittsburgh (EUA) é “elegante, com muitos ‘lugares’ distintos dentro dela. Há recantos de leitura confortáveis, parques infantis e salas para exibição de filmes que ajudam a criar uma diversidade de atrações dentro da instalação acolhedora”. (PPS, 201-?, tradução livre).

Outra forma de atrair pessoas para se reunirem e permanecerem por mais tempo nesse espaço consiste na oferta de vários serviços, como por exemplo, internet, Wi-Fi, árvores sombrosas, chafariz, artes públicas, etc., pois o oferecimento de um lugar para se assentar e se acomodar nos espaços internos e externos da biblioteca favorece a interação e troca de experiência entre seu público alvo. A biblioteca pública de Downtown Denver, Colorado (EUA), funciona também como uma exposição de arte, tornando-se uma atração para fãs e turistas.

33

O site da PPS destaca a importância das bibliotecas se envolverem com as celebrações da comunidade, aproveitando festividades anuais, feriados e datas históricas que visam à promoção de eventos e a inserção do público para conhecer melhor esse local e o seu funcionamento. Sintetizando, uma biblioteca existe para servir a comunidade e, apesar do avanço da tecnologia ao proporcionar atividades similares aos serviços tradicionais de uma biblioteca, quando estes não são contemplados por esse universo tecnológico, ela pode oferecer outros serviços que sejam condizentes à necessidade da comunidade.

2.6

A BIBLIOTECA WATERTOWN FREE PUBLIC LIBRARY COMO

REFERÊNCIA INTERNACIONAL

A Watertown Free Public Library é a Biblioteca Pública da cidade de Watertown, Massachusetts (EUA). De acordo com as informações obtidas no site <watertownlib.org>, ela foi construída em 1884, sob a crença do bibliotecário Solon Whitney de que a biblioteca pertence aos cidadãos, a qual após reforma funciona para prover os novos tipos de serviços procurados, conforme imagens que se seguem:

FIGURA 6 – Vista frontal da Biblioteca Watertown Free Public Library.

Fonte: NETCO, 200-?.

34

FIGURA 7 – Vista tardoz da Biblioteca Watertown Free Public Library.

Fonte: LLB Architects, 200-?.

Vale ressaltar que essa biblioteca foi reformada várias vezes, sendo ampliada em 1900, 1934, 1956 e alterada na parte elétrica e na adição de um elevador em 1991. Em 2006 houve uma grande reforma e expansão, algumas ampliações anteriores foram demolidas e em seu lugar foram erguidas novas construções que constituiu no dobro da metragem inicial da biblioteca, por metro quadrado. No ano de 2010 houve uma comissão de base comunitária para forjar um plano de longo termo para a biblioteca, que teve como objetivo tornar o espaço como ponto central em que todos da comunidade pudessem visitá-la e se servissem de seus interesses: educacional, informacional e de lazer. Dessa forma, sua missão... [...] se estende para além das suas paredes para conectar as pessoas às ideias, informações educação oportunidades criativas, e também uns aos outros. Enquanto preserva a rica história de Watertown a WFPL abraça o avanço do serviço de biblioteca, inspira o desenvolvimento pessoal, e promove a comunidade. A biblioteca fornece de graça recreação, entretenimento e enriquecimento. Ela acolhe e serve a todos. (WATERTOWNLIB.ORG, 201-?, tradução livre).

A imagem abaixo apresenta a vista frontal da Biblioteca Watertown Free Public Library, antes de suas reformas:

35

FIGURA 8 – Vista frontal antes das reformas da Biblioteca Watertown Free Public Library.

Fonte: <watertownlib.org>, 200-?.

Contudo, essa pesquisa permite apontar que após os horários de aula os grupos de jovens visitavam a biblioteca, tanto por motivos de lazer quanto para estudo, contando sempre com os serviços e funcionários presentes. Atualmente há 37 (trinta e sete) funcionários permanentes e 20 (vinte) funcionários temporários que trabalham para cuidar do espaço e atender os 33.000 (trinta e três mil) visitantes mensalmente.

A biblioteca é dividida em três setores: infantil, adolescente e adulto. Para alcançar sua missão, faz parte do acervo da biblioteca não só livros, mas livros digitais/áudio livros, filmes, músicas, e-livros, periódicos e jornais. Há computadores, iPads, scanners, impressoras e até um laboratório de mídia com um computador potente e com vários softwares que ajudam na criação de artes gráficas e mídias. Também é oferecida uma variedade de serviços e atividades como cursos, aulas, grupos de leitura, eventos especiais, leitura para crianças e trabalhos com escolas públicas e particulares. Especialmente, a biblioteca começou um novo trabalho chamado HATCH em um espaço doado pelo shopping local, equipado com impressora 3D, máquinas de corte a lazer, de costura e outras ferramentas de trabalho em que a ação voluntária dos frequentadores volta-se para ensinar e ajudar pessoas da comunidade, com o propósito de que estas aprendam a utilizar as ferramentas disponíveis nesse espaço, nas mais diversas criações possíveis.

36

Apesar de a Biblioteca Watertown Free Public Library estar situada numa cidade relativamente pequena, com uma população estimada em 32.943 (trinta e dois mil novecentos e quarenta e três) habitantes em 2014, ela continua crescendo e evoluindo junto à comunidade, servindo como referência em sua modernização arquitetônica, distribuição e utilização do espaço e na inovação de serviços e atividades tecnológicas, por ela proporcionada. (UNITED STATES CENSUS BUREAU, 2010).

2.7

BIBLIOTECAS COMO REFERÊNCIAS NACIONAIS

No Brasil, a ação da biblioteca pública está voltada, não apenas para o apoio à educação formal, mas também para o processo da educação continuada.

Assim, diante de tantas bibliotecas existentes no cenário brasileiro, merecem destaque as bibliotecas Brasiliana Guita e José Mindlin e a Livraria Cultural por serem consideradas como referências nacionais. Vale frisar que ambas se encontram no Estado de São Paulo e que serão tratadas com especificidade de detalhes nos tópicos subsequentes.

2.7.1 Brasiliana Guita e José Mindlin Em 1927, aos 13 anos de idade o advogado e bibliógrafo, José Mindlin, começou a comprar e colecionar livros. No final da década de 1990, aos 63 anos de idade, surgiu o desejo de doar sua coleção, que com a participação de sua mulher, Guita, tinha alcançado 17.000 (dezessete mil) títulos e 40.000 (quarenta mil) volumes. Mindlin, formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), teve certa simpatia pela universidade, visto que toda sua família é “USPiana”; sendo assim, a USP foi escolhida para receber a doação, ajudando a formar o acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. (FRAJNDLICH; FINOTTI, 2013), como evidencia imagem a seguir:

37

FIGURA 9 – Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.

Fonte: Nelson Kon (Archdaily), 2013.

No dia 23 de março de 2013 a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin foi inaugurada, cujo projeto arquitetônico fora de autoria dos arquitetos Rodrigo Mindlin Loeb, neto de José Mindlin, e Eduardo de Almeida, amigo; ambos foram convidados por Mindlin para realizarem o sonho de ter ampla coleção acessível ao

público

(ANTUNES;

FRAJNDLICH;

SCANDAROLI,

2013).

Nessa

perspectiva, em um único edifício funciona a Biblioteca Brasiliana, sendo esta uma Biblioteca Central de Obras Raras e Especiais, conectada pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SIBI) e o acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP (PUGLIESI, 201-?).

O projeto surgiu da IEB, que eventualmente, ganhou infraestrutura para fazer o regimento da Biblioteca e ao mesmo tempo criar uma biblioteca digital.

De acordo com Pedro Puntoni (s/d), diretor da Biblioteca Brasiliana Mindlin, “a digitalização é um instrumento de preservação e de democratização do acesso.

O programa do edifício foi pensado para atender esses objetivos. O objetivo da digitalização e o objetivo do centro de restauro”. (INTERVIEW, 2010).

Nesse cenário, incluiu-se no projeto arquitetônico uma área para laboratórios de digitalização de livros, o que ajuda a difundir todo o conteúdo dos livros em meio à tecnologia e o conhecimento do processo para a equipe de digitalização. O empreendimento de 21.950 m² inclui áreas públicas e restritas, incluindo pátios, salas de consulta, salas de estudo, salas de aula, livraria, sala

38

de exposição, auditório e cafeteria. O andar térreo é aberto ao público e serve também como passagem entre as ruas em volta do empreendimento. Neste pátio a coleção de Mindlin, que é restrita e mantida em um espaço com controle térmico e de proteção solar por ter materiais frágeis, pode ser vista através de cortinas de vidro, voltadas para um átrio, como vislumbra a imagem abaixo ao apresentar três dos quatro lados do anel central, onde fica o acervo da Brasiliana Guita e José Mindlin.

FIGURA 10 – Anel central do acervo da Brasiliana Guita e José Mindlin.

Fonte: Nelson Kon, Galeria da Arquitetura, 2013.

Um dos principais objetivos do projeto é proporcionar um espaço que preserve as obras raras e antigas. Os materiais utilizados ajudam na proteção dos objetos, como os vidros laminados com proteção UV, filtros de luminosidade ou peças de sombreamento, como o forro que permite 10% da entrada de luz e os brises e chapas de alumínio perfurados que são utilizados para estender a durabilidade das obras literárias.

O edifício em si foi inspirado em bibliotecas de outros países “como a Beinecke Rare Book & Manuscript Library (Biblioteca Beinecke de Manuscritos e Livros Raros), da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e a Biblioteca Saint Geneviève, de Paris, na França. A Library of Congress (Biblioteca do Congresso), de Washington, foi consultada para definir diretrizes de conservação das obras” (ARCHDAILY, 2013). Portanto, nota-se a importância da busca por soluções arquitetônicas por meio de pesquisas e referências.

39

2.7.2 Livraria Cultura- Shopping Iguatemi A Livraria Cultura está localizada no Shopping Iguatemi, em São Paulo; foi projetada pelo Stúdio MK27, cujo projeto foi assinado pelo arquiteto Marcio Kogan, com a finalidade de ser um espaço de encontro. O local dessa Livraria era um antigo cinema do Shopping e foi adaptado para criar diferentes níveis de serviços. O espaço, inaugurado em 2013, é a quinta unidade da rede e possui mais de 2,8 mil m² (LIVRARIA CULTURA, 201-?).

De acordo com Diana Radomysler, uma das arquitetas da equipe, algumas dificuldades ocorreram no início da obra devido à reduzida flexibilidade na estrutura do espaço, sendo sua porta de entrada antiga, “feia e pequena”. Ela também ressalta a importância de atrair e despertar a curiosidade dos frequentadores do Shopping, ao ponto de desejarem entrar nas partes mais amplas da livraria (GALERIA DA ARQUITETURA, 201-?). A nova entrada é feita por uma porta de vidro que é recolhida, deixando apenas uma abertura de 7,7 m. O pavimento térreo abriga os produtos audiovisuais e uma cafeteria próxima ao jardim. Escadas rolantes dão acesso aos próximos níveis, sendo o intermediário um mezanino com a loja Geek, que inclui brinquedos e histórias em quadrinho e o último nível que é o grande salão. (STUDIO MK27, 201-?).

A imagem a seguir evidencia a entrada principal da Livraria Cultura, no Shopping Iguatemi, em São Paulo:

FIGURA 11 – Entrada principal da Livraria Cultura do Shopping Iguatemi.

Fonte: PAKKET, s/d.

40

O salão apresenta um ambiente que chama atenção, por meio de um espaço aberto, com o intuito de melhorar a visibilidade e facilitar o percurso dos seus usuários. As paredes são revestidas com prateleiras brancas, pisos e forros são de madeira e, de acordo com a arquiteta Mariana Ruzante (arquiteta da equipe Studio MK27), esse tipo de material traz mais aconchego ao ambiente, deixando os visitantes mais à vontade (HOBSON, 2014).

FIGURA 12 – O grande salão da Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, São Paulo, SP. Fonte: Studio MK27, 201-?.

A arquitetura da Livraria Cultura promove interação tanto com os livros quanto entre as pessoas, tendo um percurso que começa de forma mais intimista que se abre para um salão, visto como “um lugar monumental, vivo onde fica a maioria dos produtos e onde os visitantes podem interagir uns com os outros, onde podem pegar um livro e ler um capítulo antes da compra, onde podem simplesmente descansar olhando o movimento” (STUDIO MK27, 201-?). Nesse contexto, nota-se o papel da arquitetura e do design em criar um espaço de permanência e interação.

2.8

BIBLIOTECAS COMO CENTROS COMUNITÁRIOS

Entre 1893 e 1919 o filantropo, Andrew Carnegie, cobriu os Estados Unidos com bibliotecas. De 1.689 (hum mil seiscentos e oitenta e nove) bibliotecas, ainda encontram-se em pleno funcionamento 800 (oitocentas).

Entretanto, o que chama a atenção para as bibliotecas Carnegie não são só os

41

números, mas o “impacto na vida cívica, especialmente de mulheres e crianças” (CAPPS apud SLYCK, 2014). Cada biblioteca incluía um auditório ou um centro comunitário, pois a intenção de Carnegie era que estes espaços fossem usados também desta forma.

Uma das grandes mudanças que elas trouxeram foi que as crianças foram bem-vindas para a biblioteca. Você vê a comunidade -o governo local- fazendo um papel maior na prestação de serviços para crianças. [...] Bibliotecas Carnegie forneceram salas de reuniões cívicas, em sua maior parte em seus porões, e é claro que eram muita ativamente utilizadas. Este foi um momento em que os clubes das mulheres realmente estavam prosperando, este foi um momento em que americanos estavam se unindo em organizações voluntárias e a biblioteca forneceu o espaço para deixá-los fazer isso. (CAPPS apud SLYCK, 2014).

As bibliotecas e livrarias atuais se empenham cada vez mais para se tornarem espaços comunitários e permanecerem com suas portas abertas.

Algumas bibliotecas estão passando por momentos de declínio, mas muitas usam esta oportunidade para renovar sua aparência e seus serviços, abraçando a tecnologia com que ela compete e convidando a comunidade para utilizar o espaço oferecido. Isso é notável nas bibliotecas Carnegie, bem como na Biblioteca Watertown Free Public Library que oferece seu espaço para várias programações durante a semana, além de perceber nas bibliotecas ora mencionadas, que em plena época tecnológica, elas continuam atraindo visitantes para seus respectivos espaços. Portanto, a ideia é que as bibliotecas evoluam junto com a comunidade, atendendo seus interesses e necessidades, mantendo-a ativa.

42

3 METODOLOGIA

Os estudos acerca da temática foram respaldados nas leituras de caráter teórico, realizadas a partir de pesquisas bibliográficas e a coleta de dados.

Utilizou-se a Observação Direta Extensiva, sob a forma de questionário com pessoas aleatórias em Vitória da Conquista para analisar o relacionamento entre a Biblioteca Municipal José de Sá Nunes (BNJSN) e os cidadãos. Nesta fase, aplicou-se um questionário on-line com 75 (setenta e cinco) pessoas, sendo 73 (setenta e três) conquistenses e 2 (duas) de cidades circunvizinhas. O questionário foi composto por perguntas objetivas e subjetivas, perfazendo um total de 15 questões, algumas com múltiplas escolhas.

Outra categoria utilizada foi a Observação Direta Intensiva por meio de Entrevista semiestruturada com a administradora e o bibliotecário da Biblioteca José de Sá Nunes e a diretora da Biblioteca Watertown Free Public Library, com a finalidade de conhecer os espaços e o funcionamento das respectivas Bibliotecas. Utilizou-se ainda, a Observação Assistemática com o intuito de comparar o funcionamento e os serviços oferecidos pelas Bibliotecas em questão.

3.1

ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS POR MEIO DE QUESTIONÁRIO

O objetivo específico da coleta de dados foi adquirir informações sobre o posicionamento da comunidade conquistense com a BMJSN. Ao analisar os dados coletados por meio do questionário constatou-se que o maior número de pessoas que respondeu as questões tinha idade entre 30 e 40 anos, era do sexo feminino e possuía nível de escolaridade superior, sendo que 53,3% delas cursaram a universidade e 29,2% têm pós-graduação.

Quando indagados se já haviam comparecido às programações da BMJSN, 100% dos entrevistados responderam não, após a resposta alguns questionaram se realmente há programações, mostrando assim uma falta de conhecimento e relacionamento com a atual biblioteca. Os dados apontam que em questão de horários e seleção de material da BMJSN, cerca de 50% dos entrevistados não sabem opinar, mostrando assim o desconhecimento da referida biblioteca.

43

Na questão sobre a atmosfera e decoração da BMJSN 38,6% acham que não é atraente, outros 18,6% são neutros com relação a esse tópico e 40% não souberam opinar. Demonstrando mais uma vez a falta de vínculo da comunidade com essa instituição. Porém a maioria dos entrevistados creem que se a BMJSA melhorasse sua aparência, a frequência melhoraria.

Os resultados obtidos com essa coleta de dados vieram a corroborar com as hipóteses levantadas inicialmente,

em especial nos aspectos de

acessibilidade, quando mais da metade dos inqueridos concordou que a localização da biblioteca não é boa; na questão de a necessidade do ambiente ser mais aconchegante, com uma arquitetura contemporânea e atraente, que ofereça outros serviços que envolvam tecnologia, arte, descontração, cultura, conforto, beleza e sobretudo leitura e conhecimento, e isso foi explicitado quando 90% responderam que frequentariam uma biblioteca que oferecesse essas amenidades.

Este trabalho de coleta de dados foi de suma importância para a execução do projeto pois contribuiu com informações que não se encontram em livros e veio a confirmar as hipóteses levantadas anteriormente.

3.2

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Como mais uma forma de coleta de dados e um aprofundamento do conhecimento sobre o funcionamento das bibliotecas, foram realizadas três entrevistas semiestruturadas, sendo uma com a Diretora Ana Paula de Oliveira e outra com o Bibliotecário Paulo Rodrigues1, os quais funcionários da BMJSN, situada na cidade de Vitória da Conquista, e uma por meio de correio eletrônico, com a Diretora da Biblioteca Watertown Free Públic Library (Biblioteca Pública Gratuita de Watertown), na cidade de Watertown, Massachusetts, EUA.

1

Atribuiu-se nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados.

44

3.2.1 Biblioteca Municipal José de Sá Nunes

A Biblioteca José de Sá Nunes conta com um quadro de dezessete funcionários; esses funcionários desempenham funções diferenciadas, mas os que exercem a mesma função, como recepcionista, desenvolvem em turnos distintos. Os cargos ocupados na biblioteca citada são: recepcionista, vigilante, auxiliar de higienização, encarregados para as diferentes seções, bibliotecário e diretor. Com exceção da diretora, do bibliotecário e do vigia, todos os outros funcionários trabalham em regime de turno único, porém especiais, ou seja, turnões. Nesta biblioteca não há voluntários, pois, este tipo de serviço não é permitido por lei, segundo a administradora.

Os entrevistados ressaltaram que o acervo é dividido pela classificação de Livros literários e romances; pesquisas e consultas; empréstimos, no caso de haver mais de um exemplar; livros infantis e setor de braile. Os livros são arrumados em ordem alfabética pelo último sobrenome do autor e/ou área de conhecimento, aos quais se aplicam. Os livros para consulta podem ser lidos ou copiados na própria biblioteca, porém, atualmente as cópias não estão sendo feitas, pois a máquina de xerox foi retirada do espaço, devido ao vencimento e não foi feita a renovação do contrato. A diretora informou que este acervo é formado por 44.000 (quarenta e quatro mil) exemplares, porém não soube responder quantos títulos a biblioteca possui. Já o bibliotecário respondeu que, extraoficialmente, há 24.000 (vinte e quatro mil) exemplares, mas não conhece o número de títulos disponíveis devido à falta de tecnologia adequada para registrar esses dados. Ambos entrevistados responderam que a BMJSA já esteve conectada às redes sociais através de internet, porém esta teve problema há alguns anos e que até os dias atuais este problema não fora resolvido.

Anteriormente a sala de Centro Digital de Cidadania (CDC) chegou a funcionar, mas não foi por muito tempo.

Tanto o bibliotecário quanto diretora têm planos para modernizar a biblioteca e torná-la mais atraente ao público, como por exemplo, a implantação de programas tecnológicos, softwares voltados para a manutenção e controle de arquivos, áudio-livros e outras mídias, sala de projeção, criação de sala de acervo raro, sala de projeção, convite a autores para discorrerem sobre seus livros, porém o que até hoje impediu esse trabalho foi a falta de verbas, pois

45

esses programas são muito caros. Quando perguntados sobre o funcionamento das questões financeiras, se a BMJSN recebe verbas específicas e qual a frequência que elas são liberadas, a diretora respondeu que não há verba fixa periódica e que a verba é municipal e vai para a Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, responsável pela administração da BMJSN, a qual repassa a verba quando solicitada por meio de ofícios, para uma ocasião especial ou necessidades da biblioteca. Quando questionados sobre a possibilidade de criar projetos, a nível federal e estadual para obter recursos, os entrevistados não souberam responder, deixando transparecer que desconhecem o assunto.

Os entrevistados expuseram o que para eles são pontos positivos e negativos da BMJSN, ressaltando em primeiro lugar como pontos positivos a iluminação, arejamento e uma sala de estudos separada das demais. Segundo os entrevistados, o silêncio já foi um ponto positivo, porém hoje ele está comprometido, devido a uma nova instituição da prefeitura chamada Centro de Referência Especializado de Assistência Social à População em Situação de Rua (Centro POP), que foi construída ao lado da biblioteca, pois os frequentadores desta instituição têm emitido sons que perturbam os usuários da BMJSN. Os pontos negativos citados foram: a dificuldade com transporte público e a acessibilidade, demonstraram também preocupação quanto aos banheiros e, o bibliotecário chegou a mencionar sua preocupação com algumas goteiras existentes no prédio.

Quando questionados sobre a frequência da comunidade nos espaços da biblioteca, os entrevistados disseram que a frequência diária é de trinta a quarenta pessoas e que estas visitam com o objetivo de estudar. Estes, em sua maioria, são jovens que estão cursando o Ensino Médio ou “concurseiros” que comparecem durante a semana, e dez a quinze pessoas fazem suas visitas aos sábados; esta frequência ocorre no período de aulas. Apesar de a instituição manter os mesmos horários de atendimento ao público durante todo o ano, das 08h00min às 18h00min de segunda à sexta e das 8h00min às 12h00min aos sábados, no período de férias a frequência cai consideravelmente. Esta frequência continua baixa mesmo quando a biblioteca promove eventos como saraus, exposições que são divulgados nas mídias locais, na página do facebook da biblioteca e na PMVC. Outras formas de envolver a comunidade são

46

intercâmbios com escolas, na sua maioria do Ensino Fundamental, porém com número limitado, entre trinta e trinta e cinco alunos por turno.

3.2.2 Watertown Free Public Library

Esta biblioteca possui 11 (onze) funcionários que trabalham um turno e outros 26 (vinte e seis) que trabalham em dois turnos, incluindo a equipe de higienização, vendas e bibliotecários. Essas 37 (trinta e sete) posições são permanentes e são funcionários públicos federais. Há também 20 (vinte) empregados temporários que arrumam os livros ou substituem os empregados do quadro permanente, quando estes estão doentes ou de férias.

A WFPL possui curadores que são eleitos por cidadãos para exercerem um mandato de quatro anos. Seu papel é supervisionar o processo orçamentário, edifícios e terrenos, e aprovar políticas da biblioteca. Eles se reúnem mensalmente com o intuito de planejar suas atividades.

Esta biblioteca possui departamento para adultos, crianças, adolescentes, alfabetização, serviços técnicos, áreas especiais de circulação e escritório. Além disso, o departamento de serviços técnicos tem uma área maior onde eles recebem e entregam materiais da biblioteca. Estes materiais são financiados principalmente pela cidade de Watertown, através de impostos cobrados dos residentes da própria cidade. O orçamento atual da cidade, para a biblioteca é de US $ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil dólares) e mais uma pequena quantia anual do Estado de Massachusetts; parte dessa quantia é aplicada em projetos especiais, como o HATCH-Espaço de Criação e compra de materiais para a biblioteca (coleções). O investimento em coleções de livros fica em torno de $ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil dólares) por ano.

A frequência média da Biblioteca de Watertown é de 1.100 (hum mil e cem) visitantes por dia. Para este feito, a WFPL está ativa nas mídias sociais, possui boletins mensais e mantém contato constante com os jornais e meios de comunicação local, que ajudam em sua publicidade. Esta também desenvolve trabalhos ou projetos junto às escolas públicas e privadas, como fornecimento de títulos de leitura de férias e oferece ajuda aos alunos e professores com projetos ao longo do ano escolar. Atualmente, através do projeto HATCH, projeto

47

que incentiva a criatividade dos cidadãos, a biblioteca tem recebido muitas colaborações de outras instituições.

A Biblioteca Pública Gratuita de Watertown está vinculada ao Sistema de Bibliotecas de Massachusetts (Massachusetts Library System) e trabalha com o Comitê de Delegados das Bibliotecas de Massachusetts (Massachusetts Board of Library Commissioners). Os funcionários desta instituição também participam da Conferência Estadual de Bibliotecas, e pelo menos um deles é enviado para a Conferência da Associação Americana de Bibliotecas (American Library Association).

48

4 APRESENTAÇÃO DA ÁREA

4.1

BIBLIOTECA MUNICIPAL JOSÉ DE SÁ NUNES – BILIOTECA LOCAL A Biblioteca Municipal José de Sá Nunes (BMJSN), (Figura 13) é a atual

Biblioteca Pública de Vitória da Conquista (VC), cidade localizada no Sudoeste da Bahia (Figura 14) é a terceira maior cidade do Estado (97NEWS, 2014). Mas, nem sempre foi assim. Em 1952, de forma similar às antigas bibliotecas do mundo, havia apenas um pequeno acervo formado por obras doadas e uma sala de leitura próxima à Praça Joaquim Correia, localizada no centro da cidade, no entorno da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista (PMVC). Seis anos depois, no dia 16 de junho de 1958 foi assinado um decreto tornando o espaço em uma biblioteca. Conforme seu crescimento, foi necessário relocar para espaços maiores e, em 1963 foi transferida para o Instituto de Educação Euclides Dantas (IEED), conhecido também como Escola Normal, no Bairro Recreio; em 1978 foi ampliada para atender melhor o público, depois transferida para um Casarão na Praça Tancredo Neves (atualmente o Centro de Convivência do Idoso), também localizada perto da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista e finalmente, em 1991 foi transferida para sua sede própria, um edifício de 750m², na Rua Jonas Hortélio, no Bairro Recreio. (PMVC, 2013).

FIGURA 13 – Vista Frontal da Biblioteca Municipal José de Sá Nunes.

Fonte: PMVC – site, 2013.

49

FIGURA 14 – Localização de Vitória da Conquista no mapa da estado da Bahia.

Fonte: Google Maps – site, 2016.

Também foram aplicados questionários, os quais apontam que a maioria dos entrevistados acredita que a BMJSN não está facilmente acessível (Gráfico 1). O empreendimento em questão fica localizado no final da Rua Jonas Hortélio, no Bairro Recreio, com um acesso extremamente complicado devido à falta de um ponto de referência. Conforme mapa abaixo (Figura 15), são observados pontos que poderiam servir de referência como a Comercial Ramos, localizada à Rua Bartolomeu de Gusmão e o Centro Médico na Av. Otávio Santos, porém esses não ofereciam acesso à BMJSN. Até meados do ano de 2016 tinha apenas uma rua de acesso, porém, uma nova via foi aberta conectando a biblioteca à Rua Expedicionários, entretanto este novo trecho não possui nome, não foi pavimentado e fica oculto à vista dos transeuntes (Figura 16).

50

Em sua opinião a BMJSN está em um local facilmente acessível?

11% 13% 56% 20%

Discordo

Neutro

Concordo

Não sei opinar

GRÁFICO 1 Fonte: Acervo pessoal, 2016.

FIGURA 15 – Entorno Biblioteca Municipal José de Sá Nunes Fonte: Google Maps, 2016.

51

FIGURA 16 – Biblioteca Municipal José de Sá Nunes e vias de entorno.

Fonte: Google Maps, 2016.

O espaço da biblioteca, mantido pela PMVC, como fora mencionado anteriormente, conta com um salão de entrada com a área de empréstimo, sala de pesquisa e estudo individual, área de referência, sala infantil, sala de projeção/depósito, sala de limpeza e distribuição de livros, banheiros públicos e de funcionários, sala de administração e cozinha/copa.

De acordo com os entrevistados, existe expectativa quanto a implantação de um programa informatizado para utilização de carteira digital, pois no momento, os usuários utilizam carteira provisória. A biblioteca também sedia eventos como saraus, exposições de arte e visitas de turmas colegiais de crianças. Os eventos são divulgados na imprensa local, na prefeitura e por rede social na página do facebook da BMJSN. O espaço em si (Figura 17) é aberto, facilitando visibilidade, porém, por não possuir tratamento acústico, internamente, o som também se propaga com facilidade, impossibilitando a concentração dos leitores quando há conversas ou movimentação e, principalmente, no horário de lanche dos funcionários, pois boa parte das divisões internas são feitas por divisórias. De acordo com o bibliotecário, o arejamento é ideal e a iluminação natural é de boa qualidade, diminuindo assim, os horários em que é necessária iluminação artificial. Os

52

banheiros não são acessíveis, impossibilitando a utilização destes por pessoas usuárias de cadeira de roda ou com mobilidade reduzida.

FIGURA 17 – Interior da Biblioteca Municipal José de Sá Nunes. Da esquerda pra direita: sala de estudo individual; área de pesquisa e de referências; banheiros públicos; acervo de romances; área infantil.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

Segundo a diretora, a biblioteca recebe cerca de 30 a 40 visitantes por dia, porém dos que responderam o questionário somente 63% já visitaram a biblioteca em seu local atual e, desse mesmo grupo, 97% (noventa e sete por cento) pouco visitam esse espaço, conforme Gráficos 2 e 3. O maior motivo pelo qual as pessoas não visitam a BMJSN é o fato de obter materiais de leitura por outras fontes (Gráfico 4).

Já Visitou a BMJSN no bairro atual?

Com que frequência visita a Biblioteca MJSN? 3%

37% 63% 97%

Sim

Não

GRÁFICO 2 e GRÁFICO 3 Fonte: Acervo pessoal, 2016.

Baixa

Média

Alta 0%

53

Por quais motivos não visita(ou) a Biblioteca MJSN? Outro Dificuldade em transporte Há pouco/nenhuma vantagem Não conheço o local Não conheço os serviços Não tenho necessidade Não tenho tempo Prefiro livros digitais Prefiro comprar livros Obtenho livros por outras fontes 0

5

10

15

20

25

30

GRÁFICO 4 Fonte: Acervo pessoal, 2016.

De acordo com Rodrigues (2015), uma pesquisa feita pela Oficina de Notícias mostra que a frequência de visitas à Biblioteca Municipal de Vitória da Conquista tem diminuído de 50 (cinquenta) leitores em novembro de 2013 para menos de 30, em 2015. “Dos 195 (cento e noventa e cinco) entrevistados, 141 (cento e quarenta e um) declararam que não sabem onde está localizada a biblioteca e 69 (sessenta e nove) disseram que sequer sabiam da existência de uma biblioteca na cidade” (RODRIGUES, 2015). Uma pessoa entrevistada pela equipe da Oficina de Notícias chegou a dizer: “[...] eu não sabia que tem biblioteca municipal em Conquista. Estou sabendo agora. Acho que se fosse num local de fácil acesso e num local visível com certeza eu frequentaria [...]”

(RODRIGUES apud JESUS, 2015). Apesar do número de visitantes diminuir, alguns ainda elogiam o espaço por ficar em um local quieto, arejado e iluminado, pois ajuda na concentração (RODRIGUES, 2015). Isso veio a corroborar com uma das alternativas mais sinalizadas pelos participantes no questionário feito para esta pesquisa, que aponta a alternativa de estudar, ler e pesquisar como a maior razão de visitar a biblioteca (Gráfico 5).

54

Por quais motivos visita(ou) a Biblioteca MJSN? Outro Usar o computador Eventos especiais Estudar/ler/pesquisar Doar materiais Locar materiais 0

5

10

15

20

25

30

GRÁFICO 5 Fonte: Acervo pessoal, 2016.

4.2

TERRENO E ENTORNO

A biblioteca é um espaço público que precisa ser facilmente acessível e visível, então foi necessária a escolha de um terreno próximo do centro da cidade e do terminal de ônibus, de instituições educacionais e em um local com um maior fluxo de pessoas do que o atual, contudo ainda valorizando o silêncio. Por esse motivo foi escolhido um terreno na Rua Waldemar Sá Porto, no Bairro Recreio, que de acordo com a Lei 1.481/2007 de Vitória da Conquista, é considerada Corredor de Usos Diversificados Nível III. Isso quer dizer que neste local é permitido a construção de um empreendimento do nível municipal e para os outros parâmetros de construção é utilizado a ZR-1, Zona do Bairro Recreio (Tabela 2).

O terreno fica 1.4km de distância do terminal de ônibus da Av. Lauro de Freitas, no centro da cidade. Apesar da rua do empreendimento não ser corredor de ônibus, as ruas ao seu redor são, como a Avenida Rosa Cruz e Rua Siqueira Campos, que são ruas movimentadas (Figura 18), e que têm um grande fluxo de pedestre, o que facilita visibilidade e acessibilidade. O local é cercado por instituições de ensino, comércios, áreas de esporte e lazer (Figura 19), e a rua serve de acesso para a Av. Rosa Cruz, no entanto, continua relativamente reservada, proporcionando um ambiente de baixa perturbação sonora.

55

FIGURA 18 – Mapeamento de corredores de ônibus.

Fonte: Google Maps, 2016.

FIGURA 19 – Terreno escolhido com marcação do entorno.

Fonte: Google Maps, 2016.

O terreno possui uma declividade suave, descendo cerca de 3m (Figura 20) ao longo de uma extensão de aproximadamente 100m. O declive foi mantido em boa parte do terreno havendo alguns locais aterrados. Imediatamente ao sul

56

e ao leste do terreno fica localizado o Instituto de Educação Euclides Dantas (IEED), ao norte e leste ficam terrenos vazios e ao sudeste uma concessionária de automóveis. A Rua Waldemar Sá Porto, rua de mão única (Figura 21), possui ciclo faixa e faixa para estacionamento (Figura 20), o que serve como mais um ponto positivo para transitabilidade, favorecendo o fluxo e permanência dos usuários no local.

FIGURA 20 – Levantamento topográfico do terreno escolhido.

Fonte: Acervo Próprio, 2016.

FIGURA 21 – Mapa de fluxo das ruas no entorno da Rua Waldemar Sá Porto.

Fonte: Google Maps, 2016.

Conforme ilustrado na Figura 20, o sol nasce no lado da rua Waldemar Sá Porto movendo em direção ao IEED de forma angulada em direção ao norte, isso

57

pelo fato do terreno estar localizado no Hemisfério Sul. De acordo com o Windfinder (2016) os ventos predominantes vêm do Leste-Sudeste e os secundários do Nordeste.

4.3

LEGISLAÇÕES

Seguem abaixo as legislações utilizadas na elaboração do projeto:  NBR: 9050/2015 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos: Essa norma foi utilizada para definir dimensões de rampas, escadas, corredores e vagas de automóveis assim como a configuração dos banheiros coletivos e acessíveis, baseando a localização destes na distância percorrida do usuário. Também foi aplicada para inserir o módulo de referência (M.R.) na área de resgate e na inserção do piso tátil seguindo os parâmetros da norma.  Decreto 16302/2015 - Regulamenta a Lei 12.929/2103 que dispõe sobre a Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras providências.

Este Decreto foi utilizado, conforme sugerido na Instrução Técnica nº.

011/2016, para a classificação do empreendimento que se enquadrou como Grupo F, local de reunião de público, Divisão F-1 (Tabela 1).

Tabela 1: Classificação das edificações, estruturas e áreas de risco.

Fonte: Decreto 16302_2015 Regulamento a Lei 12.929/2103.

 Instrução Técnica n°. 011/2016 – Saídas de Emergência.

A circulação do empreendimento foi planejada conforme esta instrução que define dimensões e quantidades de passagens, tipos de escada, distâncias a serem percorridas e áreas de resgate. Empreendimento da divisão F-1 e com menos de 12 metros de altura de piso pede escada do tipo não enclausurada. O cálculo do número de passagens para a escada se deu por: (População = área/3 m²) / Capacidade da Unidade de Passagem (UP)

58

428,69 / 75 = 5,72  6 unidades de passagem para escadas.

Esta Lei exige uma distância a ser percorrida até as escadas de 40m e no térreo até as portas de saída, 50m.  Lei 1.481/2007 – Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações e a Lei que acrescenta a ela: Lei Complementar 2.043, de 26 de junho de 2015.

Estas duas Leis foram utilizadas para definir os parâmetros de construção permitidos no terreno com base nas normas gerais de construção da cidade de Vitória da Conquista.

Como mencionado anteriormente, a Tabela 2 enquadra o terreno na zona ZR-1 que define os recuos e coeficientes como: Coeficiente de aproveitamento básico (Cab); Coeficiente de aproveitamento máximo (Cam); Coeficiente de ocupação (Co) e Coeficiente de permeabilidade (Cp).

A Tabela 3 nomeia a categoria de uso e o código da construção indicando a área de um empreendimento de nível municipal como de 2.500-5.000m².

Sendo acima de 750m² o empreendimento deve ter acesso de no mínimo 3,50m com uma vaga de estacionamento para cada 30m² de área útil, conforme descreve a Tabela 4. São oferecidas no projeto 133 vagas incluindo 3 vagas para pessoas usuárias de cadeira de roda, 6 vagas para idosos e 20 vagas para motocicletas.

TABELA 2 - Classificação do empreendimento Zona

Corredor Nível III

ZR-1

Local

Conforme Inciso III.3 do Art. 1° desta Lei Recreio

Usos permitidos

Cab

Cam

CV, S até o nível Municipal -

-

-

1,0

3,0

Co

-

Cp

-

0,60 0,15

Recúo Frontal

Recúo

-

-

3,0

1,50

Lateral

Fonte: Lei 1.481/2007 – Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações e a Lei Complementar 2.043 26-06-2015.

59

TABELA 3 – Área de influência do empreendimento Tipo Código Categoria de Área de Uso Influência Serviços e Educação

Biblioteca e Arquivo

S-3.2

S-i

Local: < 2.500m² Municipal: 2.5005.000 Regional: > 5.000

Fonte: Lei 1.481/2007 – Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo

e de Obras e Edificações e a Lei Complementar 2.043 26-06-2015.

TABELA 4 – Quantidade de vagas e dimensões de acesso Código Porte Vagas Acessos Quantidade Largura Altura min.

Livre Livre min. min.

S-i, S-3.2 Acima de 1 vaga para 1 3.50 2.30 750m² cada 30m² área de útil Fonte: Lei 1.481/2007 – Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações e a Lei Complementar 2.043 26-06-2015.

60

5 DEFINIÇÃO DO PARTIDO

Ao longo dos anos a ideia de biblioteca passou por várias transformações começando como um local privado e eventualmente abrindo suas portas para todos, porém, com a chegada de novos meios de obtenção de informações, a quantidade dos que passavam por aquelas portas começou a reduzir. Foi necessário repensar o espaço e o papel da biblioteca, trazendo-a para além dos livros e adequando-a para a era da informação. As bibliotecas de mais sucesso não atuam apenas como espaços de leitura, mas também, centros comunitários, proporcionando inúmeros serviços e atividades a todos que tenham a curiosidade e interesse de se aproveitar destes. Bibliotecas não são mais somente caixas de livros, como sugere a origem do nome. Elas evoluíram, renasceram.

Com a

inserção

dessas novas atribuições

de

uma

biblioteca

contemporânea no projeto foi essencial desenhar um espaço com fluidez nos movimentos internos e externos, preparando cada ambiente para atender as diversas necessidades dos usuários. A importância da permanência dos visitantes é realçada pela interatividade concedida pela construção e pelos móveis, atraindo olhares e convidando indivíduos para sua utilização.

Arquitetonicamente, também é possível demonstrar a ideia das transformações estabelecidas para o papel de uma biblioteca. Materiais tradicionais como tijolo e pedra foram e continuam sendo usados em construções há séculos. Com a chegada de novos elementos como fachadas de vidro, aço e concreto, nasceu a fusão do velho com o novo; da tecnologia com o tradicional.

Com um jogo de formas pode-se demonstrar o relacionamento entre o passado e o futuro, tanto da concepção da biblioteca quanto da construção, traduzindo uma ideia de que do velho surge o novo.

61

6 PROGRAMA

A biblioteca pública deve proporcionar um espaço que forneça aos seus usuários o acesso livre ao conhecimento, entretenimento e lazer, uma vez que estes aspectos abrem um campo amplo para novos serviços e o programa deste espaço. Para delimitar e definir o programa de necessidades, foi utilizado como uma referência os programas da Biblioteca Watertown Free Public Library e da Livraria Cultura. Ambos têm área infantil, de jovens e adolescentes, espaço de jogos e amplos espaços de leitura. Outra referência foi obtida pelo resultado de um questionário aplicado, especialmente com moradores de Vitória da Conquista. Neste, foi sugerido aos participantes alguns itens que seriam atrativos para uma biblioteca, e os entrevistados poderiam marcar os que mais os interessassem (Gráfico 6). Entre as opções, os mais populares foram Café, WiFi, Exposições e salas de estudo. Também foi perguntado sobre os ambientes mais procurados para leitura, tendo como resultado maior interesse em conforto físico e salas isoladas (Gráfico 7).

Marque os serviços abaixo que te interessam ou interessariam em uma biblioteca.

Outros Audiolivros Espaço adolescente Espaço infantil Sala multi-uso Exposição Café Wi-Fi Computadores Sala de estudo em grupo Sala de estudo individual Sala de jogos Sala de reunião Jogos Filmes Histórias em quadrinho Revistas/Periodicos Romances 0

GRÁFICO 6 Fonte: Acervo pessoal, 2016.

10

20

30

40

50

60

62

O que voçê mais procura em um ambiente para leitura?

Espaço para leitura em grupo Nichos Salas amplas Jardins Comforto físico Sala isoloada Outro 0

10

20

30

40

50

60

70

GRÁFICO 7 Fonte: Acervo pessoal, 2016.

Seguindo estes dados e informações, foi montado o programa que segue abaixo e um fluxograma para analisar as ligações entre ambientes.

PROGRAMA:  Administração:  Balcões de informação e circulação de materiais: Estes balcões serão espalhados pelo empreendimento, facilitando o monitoramento do espaço pelos trabalhadores e proporcionando ajuda ou informações ao público. Alguns destes serão destinados também ao recebimento e empréstimo de materiais;  Sala de Administração;  Arquivo;  Almoxarifado;  Sala do Diretor;  Sala do vice-Diretor;  Sala de reunião: Sala destinada a reuniões entre funcionários ou funcionários com pessoas de fora.  Apoio:  Depósito de Materiais de Limpeza;  Sanitários dos Funcionários;  Copa dos Funcionários;  Inventário, etiquetagem, catalogação e distribuição: Este ambiente recebe os novos materiais que são preparados para juntarem com os materiais retornados e serem distribuídos pelo empreendimento;  Estacionamento;  Área técnica, gás, lixo, medidores;

63

 Doca: A doca facilita o recebimento de novos materiais que chegam por meio de vans ou caminhões.  Serviço:  Café:  Copa/balcão: Esta área é onde são feitos os pedidos e alimentos/bebidas rápidas são preparadas e/ou vendidas aos clientes;  Cozinha: A cozinha é utilizada para preparar alimentos com mais cuidado servindo como apoio à copa/balcão;  Despensa;  Sanitário;  Lavagem;  Escritório;  Depósito de Material de Limpeza.  Setor Público:  Seção criança:  Sala multiuso: Sala exclusiva para eventos infantis;  Sala de computadores: Sala para uso de computadores com supervisor;  Área de leitura.  Seção Adolescentes:  Salas de estudo;  Sala de jogos: Sala utilizada para jogar videogame;  Computadores;  Área de leitura.  Seção Adulta:  Salas de estudo;  Sala de jogos: Sala utilizada para jogar videogame;  Computadores;  Área de leitura.  Jardim.  Sanitários.  Salas multiuso: Salas utilizadas para eventos especiais ou específicos como: exposições, aulas, apresentações, filmes, etc.  Sala de reunião: Sala para grupos maiores.

64

FIGURA 22: Fluxograma Fonte: Acervo pessoal, 2016.

A Figura 22 é o fluxograma, do estudo feito antes do projeto arquitetônico, o qual retrata uma ideia de organização dos setores e os acessos a estes. As áreas de administração e de apoio e serviço têm entradas restritas, com exceção dos banheiros de uso público. Os outros ambientes têm passagens desimpedidas para o uso de todos. Observa-se que a maioria dos setores são interligados, facilitando a comunicação entre estes, tanto pelo público quanto pelos que trabalham no local.

65

7 PROPOSTA / PROJETO

Criar um espaço funcional e acessível é imprescindível para uma biblioteca que visa ser um local de encontro e permanência dos usuários. As Bibliotecas devem ser acolhedoras, prestando serviço para todos e promovendo uma vida em comunidade. Para chegar a este nível é necessário que a biblioteca seja frequentada e, portanto, precisa chamar a atenção, atrair o público e ser um local de permanência. É indispensável uma arquitetura atraente e de boa qualidade e, consequentemente, recomenda-se uma parceria entre público e privado para a construção desta.

Seguindo o raciocínio de projetar uma biblioteca atraente, um dos primeiros aspectos prováveis de chamar a atenção de um possível visitante seria a aparência. Por este motivo a frente do terreno será fechado com gradil para que a fachada do empreendimento fique exposta a quem passar pela Rua Waldemar Sá Porto. O empreendimento é locado no terreno de forma que a entrada principal, um portal de vidro (Figura 23), fique voltada no sentindo oposto ao fluxo da rua, encontrando-se diante de quem passa de carro, bem como visível aos pedestres (Figura 24). A biblioteca é rodeada por áreas verdes e jardins, promovendo encontros ao ar livre. Por ser em declive, o terreno escolhido sofre um risco de receber águas pluviais que escorrem da rua, portanto foi utilizado, além de bastante área verde, pisos permeáveis como o concregrama, utilizado nas vagas de estacionamento e o piso intertravado, utilizado nos passeios e na rua interna.

FIGURA 23 – Entrada principal.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

66

FIGURA 24 – Planta de Situação com marcação de acessos.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

FIGURA 25 – Setorização do pavimento térreo.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

67

A Figura 25 ilustra os setores do pavimento térreo, divididos por cores.

Segue abaixo a explicação de cada setor: Virado para a Rua Waldemar Sá Porto, fica o Café. O Café foi um dos pontos mais marcados no questionário, portanto colocado na frente do empreendimento onde pode ser frequentado, individualmente da biblioteca, e possivelmente despertando o interesse dos seus clientes em conhecer o resto do

empreendimento.

As salas multiuso também podem ser

usadas

individualmente, abrindo em horários diferentes da biblioteca, logo elas têm suas próprias entradas de fácil acesso ao estacionamento e abrem para um deck que pode ser usado como um espaço de confraternização. Por estes ambientes mencionados terem a possibilidade de funcionamento individual em eventos especiais, foi estabelecido nesta área um depósito onde podem ser guardados biombos que servem para restringir o acesso aos acervos. Este espaço também serve para guardar cadeiras das salas multiuso e outras peças e móveis pertencentes à biblioteca.

Ao Leste há a entrada secundária que facilita o acesso e saída de quem estaciona no fundo. O acesso a esta porta possui nicho de leitura e janelas em forma de volumes de vidro salientes (Figura 26), relembrando a entrada principal e a ideia anteriormente mencionada, de que do velho surge o novo. Esta porta fica entre os ambientes destinados a adolescentes e jovens e às crianças. Foi escolhido colocar os setores infanto-juvenil no térreo para simplificar a admissão, também mantendo estes espaços mais seguros e vigiados. O setor de jovens e adolescentes inclui uma área de computação, salas de jogos, salas de estudo em grupo e móveis diferenciados e interativos que estimulam interesse e proporcionam mais conforto físico (também um dos itens mais marcados no questionário aplicado). O setor infantil também incentiva a interatividade oferecendo um móvel em formato de barco, estimulando a imaginação das crianças que utilizarão o espaço. Ainda na seção infantil há a sala multiuso e a sala de computadores. A sala multiuso viabiliza um espaço para atividades específicas e a

de

computadores oferece

um espaço

seguro com

acompanhamento para crianças explorarem e aprenderem usar esta tecnologia.

68

FIGURA 26 – Janelas e nichos salientes.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

Ao Norte do empreendimento fica a parte administrativa que é restrita, mas possui passagem para a entrada principal, para o resto da biblioteca e para a doca que fica ao Noroeste. A entrada da doca é por onde a biblioteca recebe novos materiais, passando por todo um processo de preparo e segue para a distribuição destes, feita por meio de carrinhos e do elevador. Outra doca é proporcionada ao Sul do empreendimento próximo ao Café, diminuindo a

69

distância percorrida para o abastecimento deste. Esta ala também abriga as salas dos diretores e dos funcionários de administração, junto com salas necessárias para seu dia de trabalho como copa, banheiros e sala de reunião.

Entre todos estes setores fica o jardim de inverno (Figura 27) que possibilita uma conexão da população com a natureza, usufruindo do espaço para leituras, conversas e até apresentações no pequeno anfiteatro. O jardim é cercado por janelas amplas dispondo de uma vista do jardim a todos os setores da biblioteca.

FIGURA 27 – Vista do jardim de inverno.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

Há três circulações verticais no edifício; duas escadas e um elevador.

Uma escada fica na entrada principal e a outra junto com o elevador próximo à entrada secundária, cada circulação proporcionando um caminho mais próximo para o andar superior. O elevador é utilizado também para a distribuição de materiais pela biblioteca. Nas proximidades de cada escada foi posicionado uma área de resgate para pessoas usuárias de cadeira de roda, em caso de emergências.

70

FIGURA 28 – Setorização do pavimento superior.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

A figura acima (Figura 28) relata a setorização dos acervos do pavimento superior. Segue esclarecimento destes.

O pavimento superior do edifício abriga um acervo maior, destinado à parte dos adultos. Este andar foi separado nos seguintes setores: o setor de mídia; sala de jogos e criação digital; computadores; setor de ficção; setor de história e dados; salas de estudo e o terraço.

A área do acervo de mídias é um local de pouca permanência devido à falta de material para foliar, portanto fica perto da entrada principal, ao lado da sala de jogos, sala de criação digital e dos computadores que ficam entre as escadas.

A área de ficção fica perto da escada e do elevador por ser uma parte mais frequentada; a de história mais reservada e perto das salas de estudo e pesquisa. Ao Norte ficou um terraço que permite uma vista do jardim e de toda a biblioteca pelas janelas. O terraço (Figura 29) também motiva a leitura e convivência ao ar livre mediante assentos diferenciados e o piso interativo de xadrez com peças em uma escala maior.

71

FIGURA 29 – Vista do terraço.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

A cobertura, ilustrada anteriormente na Figura 24, é feita majoritariamente em laje e telhas metálicas sanduiche, que são termo acústicas. É incluso neste local a área técnica, casa de máquinas do elevador e o espaço das caixas d’água. Seguindo a referência da Biblioteca Brasiliana, houve um cuidado com a incidência solar nos materiais utilizando nos elementos de vidro, incluindo o lanternim na cobertura e o portal da entrada principal, vidro laminado com Película Polivinil Butiral (PVB) que protege o público, os materiais e os móveis dos raios ultravioleta (UV). O lanternim (Figura 30), que fica acima de um rasgo na laje do primeiro pavimento, permite que o ar quente do empreendimento saia e a iluminação entre, criando melhor conforto térmico aos usuários e diminuindo a necessidade de luz artificial.

FIGURA 30 – Vista interna olhando do térreo para o Lanternim.

Fonte: Acervo pessoal, 2016.

72

Além dos vidros protegerem o material de raios UV, as prateleiras são configuradas de forma que fiquem perpendiculares às janelas diminuindo ainda mais a sua exposição direta à luz do sol.

A entrada de veículos fica ao Norte da obra seguindo até o Sul onde há uma saída e uma rotatória, permitindo o retorno do motorista, em caso de não encontrar vagas. O portão do Norte também permite saída de tal forma que caso não haja vagas no estacionamento ainda há uma chance de estacionar na rua.

As fachadas do empreendimento foram trabalhadas utilizando tanto formas que remetem a arquitetura do passado quanto modernas. Observa-se na Figura 31 o emprego de materiais como o tijolinho e elementos como colunas falsas, lembrando um estilo mais antigo, assim como materiais como alumínio, vidro e concreto assemelhando-se mais uma vez à modernidade. A fachada como um todo retrata a fusão do velho com a novo.

FIGURA 31 – Fachada Principal Fonte: Acervo pessoal, 2016.

73

8 CONCLUSÃO

O presente trabalho propôs um novo conceito de biblioteca municipal para a cidade de Vitória da Conquista, num espaço de fácil acesso, com uma construção contemporânea, mesclada com as raízes históricas dessa instituição.

Para tanto, levou-se em consideração uma projeção arquitetônica criativa, como instrumento para tornar essa nova biblioteca atraente, não apenas para pesquisadores e leitores, bem como para o público de diferentes idades e objetivos, oferecendo também novos programas e tecnologias, que como apontaram os estudos, já são adotados por outras bibliotecas no Brasil e no mundo.

Diante dessa proposta foram realizados estudos, visitas in loco, questionários aplicados com a população local, pesquisas bibliográficas sobre bibliotecas que continuam obtendo sucesso em seu funcionamento, estudos de documentários e livros que expressam a importância da arquitetura, como ponto chave nesse tipo de empreendimento e entrevistas com profissionais da área da biblioteconomia, tanto a nível local quanto internacional. Constatou-se, portanto, que a Cidade de Vitória da Conquista carece de uma biblioteca contemporânea e, acerca da Biblioteca Municipal José de Sá Nunes, observou-se que há falhas na estrutura física, no que diz respeito a atratividade visual, tanto interna quanto externamente, bem como falta isolamento acústico, dentre outros fatores. Outro aspecto analisado que veio a corroborar com as hipóteses levantadas está relacionado à acessibilidade da BMJSN: tanto usuários quanto funcionários concordam que o acesso é difícil e que não há transporte público circulando nas ruas que circundam esse espaço. Ademais, constatou-se que a falta do Café e de programas tecnológicos, como internet com serviços de WiFi, que auxiliam os funcionários e que, como observado nos resultados do questionário, são considerados essenciais para aumentar a frequência e a permanência de seus usuários.

Contudo, conclui-se que a modernização do espaço físico das bibliotecas por meio de projetos arquitetônicos e inovações de serviços é uma necessidade social de grande relevância e urgência. Vale salientar que esse espaço precisa

74

permitir encontros culturais agradáveis em meio ao conforto e aconchego que favoreçam o vínculo da cultura antiga dos livros com a rapidez e a conectividade das novas tecnologias, uma vez que o uso destas nas bibliotecas disponibiliza à comunidade serviços imprescindíveis que contemplam não apenas à população local, mas também toda a região do seu entorno.

75

REFERÊNCIAS

97NEWS; Conheça as 50 maiores cidades da Bahia em população, Brumado é a 30ª maior jan.

2014.

Disponível em: <http://www.97news.com.br/noticias/1234-2014/01/06/conheca-as-50maiores-cidades-da-bahia-em-populacao-brumado-e-a-30%C2%AA-maior> Acesso dez. 2016 ABNT NBR: 9050-2015; Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 3. ed. Rio de Janeiro, 2015, 148p.

BIBLIOTECA NACIONAL. Histórico. <http://www.bn.br/portal/> Acesso em: 07 nov. 2016.

Disponível

em:

BIBLIOTECAS – SISTEMA ESTADUAL DE BIBLIOTECAS DA BAHIA. Bibliotecas Públicas Estaduais; Biblioteca Pública do Estado da Bahia.

Disponível em:< http://www.bibliotecas.ba.gov.br/> Acesso em 15 nov.2016 CAPPS, Kriston; How Andrew Carnegie Built the Architecture of American Literacy. CityLab- The Atlentic Monthly Group. out. 2014.

Desponível em: < http://www.citylab.com/design/2014/10/how-andrewcarnegie-built-the-architecture-of-american-literacy/381953/> Acesso em: jun. 2016 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário AURÈLIO. Rio de Janeiro: ed. Nova Fronteira, 2000.

GONÇALVES, Maria da Graça Simão. A Biblioteca Pública do Paraná como instrumento de ação cultural: atividades e mediação da informação. Londrina: UEL, 2011. Disponível em: . Acesso em: 29 abr. 2014.

HARRIS, Michael H.; History of libraries in the western world. 4. ed. Unites States of America: Scarecrow Press, Inc. 1999. P. 1-16. Disponível em:<https://books.google.com.br/books?hl=en&lr=lang_en|lang_pt&id=KQ3 FmadbMvkC&oi=fnd&pg=PP2&dq=history+of+libraries&ots=f2IaeXc_Gx&sig =CZZ7tUS5KcNz3AEIvCrDBa6K9II#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: maio 2016 HISTORY PLACE; The Triumph of Hitler, The Burning of Books, 2001.

Disponível em:<http://www.historyplace.com/worldwar2/triumph/trbookburn.htm.>. Acesso em: 08 de jun. 2016 Interview: Pedro Puntoni, Brasiliana USP - YouTube <https://www.youtube.com/watch?v=GPoovn1dp88>15 de jul de 2010 Vídeo enviado por flimultimidia Acesso em: nov. 2016

76

MANIFESTO DA IFLA/UNESCO SOBRE BIBLIOTECAS PÚBLICAS 1994.

Bibliotecas Públicas. Disponível em: <http://archive.ifla.org/VII/s8/unesco/port.htm> Acesso em: 09 nov. 2016 O GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, Decreto N° 16302_2015; Regulamento a Lei 12.929, de 27 de dezembro de 2013, que dispõe sobre a Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras providências. 2015, 47p.

PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA DA CONQUISTA; Biblioteca Municipal José de Sá Nunes comemora 55 anos. dez. 2013. Desponível em: < http://www.pmvc.ba.gov.br/biblioteca-municipal-jose-de-sa-nunescomemora-55-anos/> Acesso em: maio. 2016 PAKKET; Livraria Cultura Shopping Iguatemi. s/d Desponível em: <http://www.pakket.com.br/portfolio-item/livraria-cultura-shopping-iguatemi/> Acesso em: dez. 2016 PMVC; Lei 1.481/2007 – Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações. 2007, 163p.

PMVC; Lei Complementar N° 2.043, de 26 de junho de 2015. p.85-100 PROJECT FOR PUBLIC SPACES (PPS), How to Make Your Library Great.

Desponível em: < http://www.pps.org/reference/libraryattributes/> Acesso em: maio. 2016 RODRIGUES, Maria C.; Diminui a frequência de visitantes à biblioteca pública de Vitória da Conquista. Oficina de Notícias. dez. /2015 Desponível em: <https://ofdenoticias.wordpress.com/2015/12/03/diminui-a-frequenciade-visitantes-a-biblioteca-publica-de-vitoria-da-conquista/> Acesso em: jun.

2016 SANTOS, Josiel Machado. Bibliotecas no Brasil: um olhar histórico.Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação,São Paulo, v.6, n.1, p.5061, 2010.

SANTOS, Josiel Machado. O Processo Evolutivo das Bibliotecas da Antiguidade ao renascimento, Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v.8, n.2, p.175-189, jul./dez., 2012.

SCHULL, Diantha D.; Libraries and Placemaking. Project for Public Spaces.

Desponível em: <http://www.pps.org/reference/libraryplacemaking/> Acesso em: 09 de jun. 2016 SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA; CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DA BAHIA; Instrução Técnica N°. 011/2016 – Saídas de Emergência. 2016, 47p.

77

SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLCAS (Brasil). Dados das Bibliotecas Públicas no Brasil. Disponível em: <http://snbp.culturadigital.br/informacao/dados-das-bibliotecas-publicas/>.

Acesso em: dez. 2016.

SOARES, Francisco Sérgio Mota [et al]. A Biblioteca Pública da Bahia: dois séculos de história. − Salvador: Fundação Pedro Calmon, 2011. 204p.

UNITED STATES CENSUS BEUREAU; 02472. 2014. Desponível em: < http://factfinder.census.gov/faces/nav/jsf/pages/community_facts.xhtml> Acesso em: out. 2016

78

APÊNDICES Apêndice A – Questionário Questionário Este questionário tem como propósito ajudar o entendimento do relacionamento entre o povo de Vitória da Conquista e uma biblioteca.

Idade: _____________

Sexo:_____________________________________

Grau de Escolaridade: _____________________________________________ Cidade/Bairro: ___________________________________________________ 1. Já visitou uma Biblioteca ou serviço similar (livraria, locadora, etc.) em Vitória da Conquista? □ Sim □ Não a. Se sim, com que frequência? _______________________________________________________________ b. Se sim, por quais motivos? □ Locar/comprar livros □ Estudar/ler □ Locar/comprar filmes □ Usar computador □ Locar/comprar jogos □ Usar Wi-fi (Internet) □ Outro: ______________________________________________

2.

Já ouviu falar da Biblioteca Pública de Vitória da Conquista (Biblioteca Municipal José de Sá Nunes)? □ Sim □ Não a. Como ficou sabendo? __________________________________________

3. Já visitou a Biblioteca Municipal José de Sá Nunes em Vitória da Conquista em seu local atual (bairro Recreio)? □ Sim □ Não a. Se sim, com que frequência? _______________________________________________________________ b. Se sim, por quais motivos? (Marque todos que aplicam) □ Locar material de leitura □ Doar material de leitura

79

□ □ □

Estudar/ler/pesquisar □ Usar um computador Eventos especiais Outro: ___________________________________________

c. □ □ □ □ □ □ □

Se não, por quais motivos? (Marque todos que aplicam) Obtenho livros por outras fontes □ Não conheço o local Prefiro comprar livros □ Vejo pouca ou nenhuma vantagem Prefiro livros digitais comparado aos serviços similares Não tenho tempo □ Dificuldade em transporte Não tenho necessidade de ir □ Este serviço não me interessa Não conheço os serviços oferecidos Outro: ___________________________________________

4. Tem participado de algum evento promovido pela Biblioteca Municipal? □ Sim □ Não a. Como ficou sabendo? __________________________________________

5. □ □ □

Em sua opinião a Biblioteca está em um local facilmente acessível.

Fortemente discordo □ Concordo Discordo □ Concordo fortemente Neutro □ Não sei opinar

6. □ □ □

Os horários de atendimento são convenientes para suas necessidades.

Fortemente discordo □ Concordo Discordo □ Concordo fortemente Neutro □ Não sei opina

7. □ □ □

Há uma boa seleção de material.

Fortemente discordo Discordo Neutro

8. □ □ □

O atmosfera e decoração da biblioteca são atraentes.

Fortemente discordo □ Concordo Discordo □ Concordo fortemente Neutro □ Não sei opinar

□ □ □

9. Qual sua primeira reação ao chegar na Nunes? □ Muito positiva □ □ Positiva □ □ Neutra □

Concordo Concordo fortemente Não sei opinar

Biblioteca Municipal José de Sá Negativa Muito negativa Não sei opinar

80

10. O que poderia ser feito para melhorar sua experiência? _______________________________________________________________ 11. Marque os serviços abaixo que te interessam ou interessariam em uma biblioteca. (Marque todos que aplicam) □ Romances □ Salas de estudo em dupla ou □ Revistas/Periódicos grupo □ Livros didáticos □ Computadores □ Histórias em Quadrinho □ Wi-Fi □ Filmes para locar □ Café □ Videogames para locar □ Espaço para exposições □ Jogos de tabuleiro □ Sala multiuso □ Salas de reuniões □ Espaço para crianças □ Salas para jogos/ atividades em □ Espaço para adolescentes grupo □ Audiolivros □ Salas de estudo individual □ Outro:___________________________________________________ 12. Se houvesse uma biblioteca que oferecesse os serviços marcados você frequentaria? □ Sim □ Não

13. O que você mais procura em um ambiente para leitura? Marque todos que aplicam. □ Sala isolada silenciosa □ Salas amplas □ Conforto físico □ Nichos □ Jardins □ Espaço para leitura em grupo □ Outros:__________________________________________________________