Mário Rubem Costa Santana

FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MÁRIO RUBEM COSTA SANTANA

MÓDULOS MULTIFUNCIONAIS: MOBILIDADE, TRANSITORIEDADE E EFEMERIDADE EXEMPLO PARA UMA POUSADA SAZONAL EM BARRA GRANDE – MARAÚ – BA, OU EM QUALQUER LUGAR

Vitória da Conquista, Dezembro de 2017

MÁRIO RUBEM COSTA SANTANA

MÓDULOS MULTIFUNCIONAIS: MOBILIDADE, TRANSITORIEDADE E EFEMERIDADE EXEMPLO PARA UMA POUSADA SAZONAL EM BARRA GRANDE – MARAÚ – BA, OU EM QUALQUER LUGAR

Projeto Apresentado ao Colegiado do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Professor Orientador: Adriana Gusmão Braga

Vitória da Conquista, Dezembro de 2017

Ficha gerada automaticamente pelo sistema da Biblioteca Ubirajara Brito, com os dados fornecidos pelo autor da obra.

Santana, Mário Rubem Costa Módulos multifuncionais: mobilidade, transitoriedade e efemeridade, exemplo de uma pousada sazonal em Barra Grande - Maraú - BA, ou em qualquer lugar./ Mário Rubem Costa Santana._ _ Vitória da Conquista, 2017.

54 f; il.

Memorial Descritivo (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) Faculdade Independente do Nordeste FAINOR Orientador(a): Prof(a). Adriana Gusmão Braga

MÁRIO RUBEM COSTA SANTANA

MÓDULOS MULTIFUNCIONAIS: MOBILIDADE, TRANSITORIEDADE E EFEMERIDADE EXEMPLO PARA UMA POUSADA SAZONAL EM BARRA GRANDE – MARAÚ – BA, OU EM QUALQUER LUGAR Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Professor Orientador: Adriana Gusmão Braga Aprovado em 15 / 12 / 2017

Banca examinadora:

_____________________________________________________ Adriana Gusmão Braga Arquiteta e Urbanista Faculdade Independente do Nordeste - FAINOR

_____________________________________________________ Rafael Quadros de Castro Arquiteto e Urbanista Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR

_____________________________________________________ Morgana Nunes Arquiteta e Urbanista

Vitória da Conquista, Dezembro de 2017

Onde houver certeza, que eu leve a dúvida Falcão (Cantor e Arquiteto)

DEDICATÓRIA

Dedico o resultado desse trabalho a Darth Vader® e ao mestre Yoda®. O primeiro por, não poucas vezes, ter me mostrado como esmagar traqueias de longe dizendo: você não conhece o poder da força e o segundo por aparecer nesse momento pedindo calma ao seu aprendiz, só não fui seduzido pelo lado negro, porque Neide (minha esposa) estava do lado de Yoda®.

Dedico também à Spock®, pois sua lógica me ajudou a ficar calado nos momentos certos, e nos errados também. Ao comandante Sulu® por me mostrar a necessidade de rever meus preconceitos e aceitar a diversidade, aliás só quem fez um curso de Geografia e outro de Arquitetura para entender do que estou falando. 1

1 Darth Vader® e Yoda® são personagens dos filmes da saga Star Wars enquanto Spock® e o Sr. Sulu® são personagens dos filmes da saga Star Trek®.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a senhora paciência por ter me ajudado durante estes cinco anos. Também a muitos colegas e amigos, os quais me estimularam bastante dizendo que eu não teria essa senhora do meu lado para fazer outro curso de graduação, eles realmente me ajudaram nos momentos em que pensei em desistir e continuar ‘de boa’ no meu canto, pois sempre ficava pensando em suas ‘caras’ e suas vozes dizendo ‘eu falei, não falei’!

Agradeço também aos governos brasileiros por sua gana em tomar 1/5 do meu salário na forma de impostos para ‘esculhambar’ comigo e com o país, aumentar o ganho dos bancos, sustentar instituições particulares ruins, “lascar” com a educação, com a infraestrutura de transportes e saúde e pagar um monte de deputados (não agravando a todos) para ajudar a cavar o buraco onde o país está. À FAINOR um agradecimento especial por ter mantido a mais alta mensalidade entre todas as empresas privadas de ensino de Vitória da Conquista o que, muitas vezes, foi motivo de desestímulo, mas devo entender, ainda que não aceite como justificativa, o fato da mesma estar construindo uma estrutura muito à frente das outras instituições particulares, mas sem dúvidas agradeço pela oferta de um curso como esse na cidade de Vitória da Conquista.

Felizmente fiz muitos amigos, conheci gente legal, alguns mais jovens, quer dizer, todos mais jovens e agradeço, pois, hoje sou parte deles e eles parte do que sou.

Claro, não posso deixar de agradecer aos professores que efetivamente se dedicaram a prestar um serviço de melhor qualidade, mesmo considerando o parco reconhecimento que recebem, não os nominarei, pois quem é, sabe. Aqui cabe um destaque à minha orientadora Arq. Adriana Gusmão pelo apoio e presteza em auxiliar-me a concluir este trabalho Da mesma forma sinto que foi uma honra poder estagiar, durante um ano e meio, junto com Etti Falcão e Gerardo Bressan Smith, pois tive muitas lições de ser arquiteto criativo a iniciar o desenho na mente e no papel (mesmo que meus neurônios cansados não quisessem ajudar), junto a eles, meus colegas de estágio, participantes ativos das discussões sobre o ser da arquitetura.

Aos meus familiares, como sempre, distantes em razão das nossas opções de morar, meus irmãos, e a minha mãe que sofre com a saudade dos filhos pelo mundo e do marido que hoje viaja como energia por esse universo. À minha esposa pela aceitação, apoio e resignação nos momentos de convívio dela roubados pela minha decisão em construir uma nova base para um futuro incerto.

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Aos meus colegas da UESB, pela paciência com minha dificuldade em manter um trabalho adequado e qualitativamente excelente durante estes cinco anos de nova formação. À Banca Examinadora pelas contribuições na melhoria do trabalho.

Posso dizer que quase todos têm culpa no que existe de bom neste trabalho. Os erros, eu os assumo plenamente (mas credito uma parte à FAINOR).

RESUMO

A transitoriedade é a tônica da contemporaneidade, a fluidez das coisas e das relações, dos sólidos que viram líquidos, do novo que nasce velho, da radicalidade das anteposições que parecem homogeneizantes ou na homogeneização da diferença é a base da proposta que baseia este trabalho. A perspectiva de um mundo que se desfaz e refaz todos os dias indica a necessidade de rever os processos antagônicos de uma permanência que não se desintegra para, posteriormente se reintegrar ao todo em um movimento infinito e remete para uma Arquitetura do movimento fluido. Fluído no pensar e no ser, na composição desregrada, na revolta contra as normas que definem uma padronização para um mundo heterogêneo de desejos diferentes e ao mesmo tempo próximos. Esses elementos implicam na construção de um objeto versátil que possa ser adaptado, nesse mundo camaleônico, a variadas funções, implicando em uma arquitetura modular. Além disso é necessário pensar no processo de reintegração e reutilização o que remete para o uso da madeira como elemento principal da composição desse módulo permitindo a ele a flexibilidade necessária para a sua adaptação aos mais diversos momentos, locais e funções. Como exemplo de utilização tomar-se-á uma pousada de praia simples, com alguns serviços básicos que impliquem no uso de variados módulos, voltada para pessoas que não estejam preocupadas com extremo conforto, mas com a convivência junto à natureza de uma forma mais leve e prazerosa.

Palavras-Chave: Modular. Efêmero. Pousada. Madeira de Reflorestamento.

ABSTRACT

Transience is the tonic of contemporaneity, the fluidity of things and relationships, the solids that have become liquid, the new that is born old, the radicality of the homogenizing or homogenizing of the differences is the basis of the proposal that bases this work. The perspective of a world that is undone and rebuilds every day indicates the need to review the antagonistic processes of a permanence that does not disintegrate to later rejoin the whole in an infinite movement and refers to an Architecture of fluid movement. Fluid in thinking and being, in unruly composition, in revolt against the norms that define a standardization for a heterogeneous world of different and at the same time near desires. These elements imply the construction of a versatile object that can be adapted, in this chameleon world, to several functions implying in a modular architecture. In addition, it is necessary to think about the process of reintegration and reuse, which refers to the use of wood as the main element of the composition of this module allowing it the necessary flexibility for its adaptation to the most diverse moments, places and functions. As an example of use will be a simple beach lodging, with some basic services that involve the use of varied modules, aimed at people who are not worried about extreme comfort, but with the coexistence with nature in a lighter way and pleasurable.

Keywords: Modular. Ephemeral. Lodging. Reforested wood

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 10 2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA DO TEMA............................................................................................ 13 2.1 Teorias e Conceitos ..................................................................................................................... 13 2.2 Projetos Referenciais ................................................................................................................... 23 2.2.1 Projeto Referencial Yeta – Abrigo Camaleão ...................................................................... 24 2.2.2 Projeto Referencial Drop-box In-Tenta................................................................................ 26 2.2.3 Projeto Referencial “Ân Lam Retreats Ninh Van Bay” ....................................................... 27 2.2.4 Projeto Referencial Pousada Maravilha – Fernando de Noronha - PE................................. 28 3 CONCEITO E PARTIDO .................................................................................................................. 30 3.1 Conceito ...................................................................................................................................... 30 3.2 Partido ......................................................................................................................................... 30 4 O MÓDULO ...................................................................................................................................... 30 4.1 As paredes ................................................................................................................................... 31 4.2 Revestimentos ............................................................................................................................. 32 4.3 Fundações.................................................................................................................................... 34 4.4 Estrutura ...................................................................................................................................... 35 4.5 Piso .............................................................................................................................................. 38 4.6 Teto e cobertura........................................................................................................................... 39 4.7 Redes ........................................................................................................................................... 40 4.8 Os Estudos................................................................................................................................... 41 5 ESTUDO DE CASO – POUSADA ................................................................................................... 44 5.1 Conceito e partido ....................................................................................................................... 44 5.2 Características físicas da área ...................................................................................................... 45 5.3 Dimensões e características do entorno do terreno ..................................................................... 48 5.4 Massa Edificada .......................................................................................................................... 50 5.5 Ocupação do solo ........................................................................................................................ 51 5.6 Programa de Necessidades .......................................................................................................... 51 5.7 Dimensionamento ....................................................................................................................... 52 5.8 Fluxos Possíveis .......................................................................................................................... 53 5.9 Composição espacial e modulações ............................................................................................ 53 5.9.1 O módulo – apartamento ...................................................................................................... 56 5.11 Ambiência ................................................................................................................................. 57 6 LEGISLAÇÃO E NORMAS ............................................................................................................. 60 6.1 Normas para o módulo básico ..................................................................................................... 60

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6.2 Normas para a pousada ............................................................................................................... 61 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 64 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 64 ANEXOS............................................................................................................................................... 67

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1 INTRODUÇÃO A Arquitetura enquanto arte e técnica é a base deste trabalho, não por um aprofundamento na discussão dessas noções, mas pela tentativa de projetar algo que contribua para o desenvolvimento e aplicabilidade de novas funções tomando como referência a transitoriedade das coisas no mundo contemporâneo. Para isso o trabalho apresenta o projeto de módulos a serem construídos, preferencialmente, em madeira e que possam ser utilizados em diferentes situações, mas com as devidas adaptações aos ambientes nos quais for instalado e nas funções para as quais for designado.

No caso desse trabalho a demonstração do uso desses módulos será em unidades de uma pousada voltada para um público alternativo que se preocupe mais com a convivência com a natureza do que com o luxo.

Justifica-se a proposta em razão da transitoriedade e da efemeridade serem elementos que permeiam a contemporaneidade, elementos interessantes, relacionados a uma sociedade em constante mutação, cuja única permanência seria a própria transitoriedade. Os espaços são desiguais e diferentes, desiguais pelas diversas camadas sociais que os ocupam e diferentes pela conformação dos elementos paisagísticos que os compõem.

Sendo assim, esse trabalho traz uma proposta de dar forma a essa efemeridade ao criar módulos adaptáveis à diversidade de ambientes e paisagens, assim como a funções diversas: postos de controle, locais de venda de revistas, tickets, lanchonetes, saúde entre outros, além de tornar possível a sua composição para a criação de espaços maiores de acordo com a necessidade.

Da mesma maneira esses módulos devem ser transportáveis, montados e desmontados para atender a necessidades que, muitas vezes, ocorrem em lugares diferentes e para isso devem contar com um material que seja flexível, não muito caro e que atenda à possibilidade de ser reincorporado à natureza quando sua vida útil terminar e seja totalmente renovável: a madeira.

Como exemplo das possibilidades de utilização, e em razão da ampliação do turismo no Brasil, especialmente do ecoturismo, escolheu-se projetar uma pequena pousada voltada para uma clientela que se preocupa em ter um contato com a natureza sem a exigência de luxo, mas com conforto. Nesse caso, a ideia da pousada se constitui porque esta apresenta setores passiveis

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de serem montados com os módulos, como apartamentos, quiosques e setores de recepção e serviços.

Em razão do que foi observado até aqui o principal objetivo é elaborar o projeto de módulo multifuncional em estrutura de madeira adaptável à diversas situações, exemplificando com o projeto de uma pousada com implantação na localidade de Barra Grande – Maraú – BA. E para contribuir com o atendimento deste objetivo geral foram concebidos os seguintes objetivos específicos: estudar a aplicabilidade da madeira na construção de módulos multifuncionais; estudar a aplicabilidade dos módulos funcionais no projeto de pousadas que possam ser movimentadas periodicamente.

Entende-se que esta proposta é complexa por tomar a transitoriedade, mobilidade e efemeridade como referências, visto que a arquitetura tradicional não gosta de elementos que pareçam não ser fixos ou permanentes, ainda que se proponha à fluidez e à liquidez, na maioria das vezes, não é um objetivo.

Para cumprir o objetivo principal foram feitos estudos sobre a arquitetura da transitoriedade e efemeridade, utilização da madeira e métodos construtivos correlacionados, as possibilidades de aplicação das ideias de transitoriedade e efemeridade juntamente com a madeira chegando a aplicação da mesma em pousadas como referência e, por fim estudos sobre a cultura indígena por utilizar, frequentemente, a madeira no seu processo construtivo, e pela espacialidade das suas relações sociais.

Para testar a ideia foi escolhida uma área com baixa densidade populacional e de edificações, na zona litorânea do Estado da Bahia, próxima à praia e que não sofreu modificações significativas na sua paisagem e que estivesse relacionada a uma clientela mais alternativa, de pessoas que gostam da natureza e não exigem extremo luxo. Nesse caso foram consideradas as regiões turísticas chamadas Costa do Cacau, Costa do Descobrimento e Costa do Dendê que foi escolhida.

Dentro da Costa do Dendê haviam opções variadas, especialmente as Ilhas de Tinharé e Boipeba e a península de Maraú que foi escolhida em razão de apresentar maior facilidade para visitação em função da existência de estrada, ainda que precária, até o local.

O terreno, então, foi escolhido através da ferramenta Google Earth® e na mesma imagem o terreno foi demarcado identificando a sua morfologia e, posteriormente foi visitado para

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confirmação das informações e observar os elementos do entorno e informações da comunidade.

Ainda em relação ao terreno foi feito o estudo solar, o estudo da direção e sentido dos ventos, temperatura precipitação média e insolação, além da vegetação predominante e localização em relação ao oceano. Esses elementos, que já são importantes para uma edificação com sistema construtivo tradicional, torna-se ainda mais importante para um projeto que propõe módulos que podem ser transportados para outros locais, pois estas condições irão exigir adaptações ou soluções para tornar a edificação segura e confortável.

O levantamento topográfico foi realizado através do tratamento da imagem do Google Earth® no software Global Mapper®, salvo o arquivo no formato DWG® da Autodesk® e, posteriormente tratado no software BIM Archicad®. Com o resultado, em campo foram conferidas as informações com a utilização de GPS. Entende-se que um levantamento topográfico feito por um profissional habilitado e com o equipamento adequado produziria um resultado mais preciso.

Foram feitos levantamentos das normas municipais como Plano Diretor, Código de Obras, Legislação Ambiental Municipal e Federal, Norma Estadual e Federal de combate a Incêndio e as Normas da ABNT aplicáveis ao projeto.

Em paralelo foram levantados os projetos referenciais que poderiam indicar um caminho para as soluções arquitetônicas derivando ideias concretizadas nos croquis, desenhos, plantas e imagens diversas relacionadas aos estudos sobre a utilização de materiais e tratamentos diversos para o emprego da madeira assim como estudos sobre o sistema estrutural mais adequado.

Enfim associou-se o conceito às normas, fluxos, usos, materiais e programa de necessidades para chegar ao partido e, consequentemente, a produção do projeto final.

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2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA DO TEMA 2.1 Teorias e Conceitos A temática proposta neste projeto é relativamente complexa, apesar de tomar como base um elemento aparentemente simples: um módulo multifuncional que seja móvel dentro das necessidades e dos desejos de quem os adquirir e possa ser adaptável ao ambiente onde for instalado. Este módulo também deveria ser feito, preferencialmente, de um material reaproveitável dentro da sua vida útil e que seja renovável na natureza.

O tipo de madeira depende de especificações mais gerais, relacionadas à sua disponibilidade como matéria prima e das suas características, uma vez que existem muitas diferenças entre as espécies no que tange à sua composição química, as propriedades no sentido das fibras, origem e etc.

Como a proposição de um módulo multifuncional somente não seria suficiente, aplicouse a ideia a uma pousada voltada para um turismo mais ligado aos elementos da natureza. Por fim, uma leve remissão ao processo espacial dos indígenas brasileiros com os elementos de convivência adequados à realidade atual.

2.1.1 Mobilidade, modularidade e efemeridade como ideia

A tecnologia informacional do século XXI, a virtualidade e a possibilidade de ligar e desligar as coisas, de sustentar vidas sociais em grupos de pessoas que não se encontram fisicamente, o avanço tecnológico de equipamentos, a utilização de novos materiais e máquinas abriu um grande leque de possibilidades para os arquitetos, muitos inovaram e outros foram mais radicais em tempos pretéritos, a exemplo do grupo de arquitetos que em 1963 foi denominado Archigram, cujos expoentes principais eram Mike Webb, Denis Crompton, David Greene, Ron Herron, Warren Chalk e Peter Cook que publicou o livro Archigram em 1972.

Quando recém graduados propuseram um discurso plural que buscava se contrapor àquele tradicional da arquitetura feita até então. Utilizavam referências da arte e da música “pop” em direção a uma ácida crítica às formas de representação da arquitetura contemporânea.

A Figura 1 apresenta um amálgama das proposições do Archigram.

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Figura 1 – Bricolagem das propostas do Archigram.

Fonte: https://fayelewisinteriordesign.files.wordpress.com/2016/01/oxol_archigram.jpg?w=470

Sobre o Archigram, Silva (2004) afirma: Estes arquitetos ingleses não temiam romper todos os vínculos com a tradição e com os padrões estabelecidos. As suas propostas tinham sempre um caráter inovador e desafiador, elevando a moderna apologia do novo à enésima potência.

O Archigram surgiu a partir de alguns estudantes de arquitetura e urbanismo recém graduados que se reuniram para publicar uma revista ilustrada de caráter contestatório e provocativo, também denominada Archigram. Um nome que vem da junção entre as palavras architecture e telegram. A idéia era lançar uma publicação que fosse mais simples e mais ágil que uma revista comum e que tivesse a instantaneidade de um telegrama. Esta publicação mesclava projetos e comentários sobre arquitetura com imagens gráficas, cuja referência vinha do universo pop da TV, do rádio e das histórias em quadrinhos, como os space-comics, por exemplo. A linguagem utilizada na programação visual da revista era a da bricolage, através da justaposição de desenhos técnicos, artísticos, fotografias, fotomontagens e textos. Com esta publicação eles instauraram uma crítica irônica e radical às convenções e aos procedimentos estabilizados. Os questionamentos levantados em seus artigos eram uma reação contra a obviedade e a monotonia no processo de representação e de criação arquitetônica. (s.p.)

O Archigram questionava a estabilidade e durabilidade e considerava que as mudanças sociais e econômicas eram indicativas dessa impossibilidade de ver as coisas como estáticas e rígidas, tudo estava em transformação, então a arquitetura também deveria se transformar.

Tomando esse pensamento como referência e, considerando a velocidade das transformações atuais, movidas por um desenvolvimento cumulativo das invenções técnicas, especialmente da informática e do uso dos materiais, esse pensamento pode ser considerado muito mais atual.

Na atualidade as pessoas vivem as conexões, redes técnicas atravessam as cidades e as casas estão conectadas umas às outras, a fluidez das comunicações está mais intensa, mas as casas ainda não acompanham o proprietário como queria o Archigram, a exemplo da Walking City (Figura 2), as células passíveis de serem conectadas em qualquer estrutura situada pelo

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mundo ainda não existe, pelo menos não em sua totalidade, trailers, casas containers, casas préfabricadas e transportadas já são realidade. A Plug-in City (Figura 3) não existe na sua ideia inicial, mas é possível fazer as adaptações necessárias para criar módulos confortáveis, práticos, flexíveis, articulados e fáceis de transportar.

Figura 2 – Walking City

Fonte: https://fayelewisinteriordesign.files.wordpress.com/2016/01/walking_city_1.jpg

Figura 3 – The Plugin City

Fonte: https://proyectos4etsa.files.wordpress.com/2013/03/plug-in-city-perspectiva.jpg

Módulos práticos fazem parte da proposta de arquiteturas mutantes e que possam ser conectáveis, expansíveis e, além de tudo, móveis. Vários foram os projetos, destacando-se o

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Living Pod Project de David Greene (Figura 4) e The Cushicle de Mike Webb (Figura 5), Silva (2004) assim os explica: Living Pod Project era o estudo de uma casa cápsula que poderia se transformar em uma casa trailer, podendo ser inserida no interior de uma estrutura urbana plug-in ou ainda ser transportada e implantada numa paisagem aberta. Basicamente, poderia ser definida como uma cápsula hermética, pequena e confortável, com compartimentos internos planejados para múltiplos usos. Uma arquitetura híbrida constituída pelo espaço em si e pelas máquinas anexadas a ele. A maquinaria acoplada à estrutura principal era equipada com aparelhos de última geração, transformando o ambiente numa perfeita máquina de morar, planejada para ser implantada até no fundo do mar.

O Cushicle (1966-1967) era uma unidade habitacional transportável ainda mais compacta, própria para uma estadia rápida e provisória em lugares desabitados ou esmos. Uma invenção com extrema sofisticação tecnológica que possibilita a um viajante levar consigo um microambiente habitável com alto nível de conforto térmico. Seria útil a um profissional que trabalha a serviço de entidades de pesquisa, proteção e desenvolvimento ambiental em florestas de difícil acesso e imprescindível para o itinerante que precisa explorar desertos. Dobrável e desdobrável, quando fechado, esse objeto arquitetônico pode ser levado pelo viajante em seu carro ou ainda ser carregado junto às suas costas, com um mínimo de esforço no transporte. Esta barraca high tech foi planejada para ser facilmente montada e desmontada por qualquer pessoa, ficando pronta para ser habitada, assim que é tirada da mochila.

O Cushicle era constituído por duas partes principais. Uma delas é o chassi, feito de armaduras dobráveis e desdobráveis que servem para estruturá-lo. O outro elemento maior é o envelope que envolve e protege o ambiente. A parte do envoltório contém uma casca extra feita de uma lona especial que funciona como uma tela de projeção.

Os dois sistemas se desdobram, abrindo consecutivamente. Articulado a esses sistemas encontra-se um assento reclinável, semelhante a uma cadeira de dentista, que é inflado assim que necessário. Junto com o Cushicle o viajante pode transportar uma série de equipamentos extras, inclusive de comunicação, para que ele possa entrar em contato com o mundo exterior, via satélite, em qualquer condição climática.

Figura 4 – Living Pod Project de David Greene

Fonte: https://lmichaellu.files.wordpress.com/2011/12/image0241.jpg

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Figura 5 – The Cushicle de Mike Webb

Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/40/b2/ 30/40b230a77a863232bae9cc111cd287f5.jpg

Tem-se ainda a Walking City, vista na Figura 2 e a Instant City (Figura 6) duas propostas relacionadas à mobilidade onde, na primeira, a cidade poderia ser deslocada indefinidamente em um movimento nômade, com a sua própria estrutura, e a segunda que poderia existir de forma efêmera visto sua flexibilidade em ser montada e desmontada, levando funções e atrações como um circo voador para diversos lugares do planeta.

Figura 6 – Instant City de Peter Cook

Fonte: http://news.psu.edu/sites/default/files/styles/photo_gallery_large/public/cook04.jpg?itok=DRRXX4Yy

Outra referência na arquitetura efêmera é Shigeru Ban com seus projetos para refugiados em várias partes do mundo, utilizando os tubos de papel e bambu, como aqueles depois do terremoto de Kobe no Japão. A vantagem dos tubos de papel é que eles podem ser reciclados

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indefinidamente, ao mesmo tempo que permitem uma arquitetura simples para soluções, às vezes, complexas.

Algumas experiências de Shigero Ban, que podem ser vistas nas Figuras 7 a 10, impõe ao olhar a simplicidade do desenho e proposital falta de rebuscamento no interior, no entanto não há sensação de desconforto. Observa-se que as soluções estruturais se superpõem a organização detalhada do espaço interno, reafirmando a transitoriedade da edificação.

Figura 7 – Casa em tubos de papel

Fonte: http://actamundi.com.br/wp-content/uploads/ 2017/04/Abrigos-Bambu-alel%C3%A3o-By-Shigeru-Ban10.jpg?x52494

Figura 9 – Casa em tubos de papel - Interior

Fonte: http://actamundi.com.br/wp-content/uploads/ 2017/04/Abrigos-Bambu-Palel%C3%A3o-By-ShigeruBan-08.jpg?x52494

Figura 8 – Casa em bambu

Fonte: http://actamundi.com.br/wp-content/uploads/ 2017/04/Abrigos-Bambu-Palel%C3%A3o- By-ShigeruBan-06.jpg?x52494

Figura 10 – Casa em bambu – interior

Fonte: http://actamundi.com.br/wp-content/uploads/ 2017/04/Abrigos-Bambu-Palel%C3%A3o-By-ShigeruBan-05.jpg?x52494

A ideia de efemeridade e transitoriedade é discutida por Paz (2008) considerando que determinadas estruturas móveis não são necessariamente efêmeras como, por exemplo, os trailers, para este autor seria mais adequado chamar de arquitetura móvel e para a mobilidade do objeto, o arquiteto considera três táticas:

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E aqui chegamos ao ponto deste tópico: como se dá essa capacidade, como o objeto arquitetônico é retirado de um lugar. Encontramos três táticas para fazê-lo: partição, compactação e rigidez.

Na partição, o objeto é dividido em peças menores, passíveis de transporte dentro da escala admitida antes. Na compactação, o objeto assume uma configuração mais compacta, sem os espaços vazios que constituem a área de vivência do homem.

Na rigidez, o objeto ganha solidez, sendo peça inteiriça.

Estas táticas, longe de serem “puras”, na grande maioria das vezes são empregadas em conjunto: uma barraca de camping tem elementos que se desmontam, e outros que se dobram, por exemplo. E tampouco são radicalmente distintas entre si: a partição e a compactação assumem gradientes, soluções intermédias, de difícil definição. Não são, portanto, maneira de classificação dos objetos, mas dos recursos empregados para se obter a mobilidade da construção, à mão dos projetistas. (s.p.)

Nesse processo tem-se, então, uma série de ações que se tornam uma só. Na mobilidade é preciso que existam elementos passíveis de serem transportados nos veículos e nas normas disponíveis. É preciso desmontar e remontar, é preciso transportar e reorganizar.

A possibilidade de existência de um ambiente efêmero está, em potência, na transitoriedade dos objetos e na intencionalidade dos projetistas. No desmonte está a essência do novo ou a evidência do fim. Uma proposta que tome como referência a mutação programada afirma a própria transitoriedade dos desejos. A diversidade construtiva, de materiais e combinações dos mesmos, pode ampliar significativamente as composições em uma remontagem tornando o novo diferente.

A própria questão do efêmero deve ser relativizada, pois nela sempre há uma referência ao tempo, e este não é absoluto, quanto é o tempo de algo efêmero? No caso proposto neste trabalho o efêmero está no quanto durar a necessidade do usuário, na sazonalidade das estações e nas demandas sociais.

2.1.2 O uso da madeira

A madeira é, sem dúvida, um dos materiais de construção mais utilizado na história da humanidade, a sua disponibilidade em tempos antigos permitiu isso, fosse ela própria diretamente utilizada ou como escoramento e fôrma para as edificações. Na atualidade, com a redução das matas nativas e os desdobramentos em termos de resultados para o ambiente natural a opção economicamente mais viável tem sido a utilização de madeira de reflorestamento que, como a madeira de áreas de matas naturais, tem baixo consumo de energia incorporada e, de acordo com os discursos dos teóricos do aquecimento global, alto poder de sequestro de

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carbono, no entanto muitas são as críticas relativas às áreas de plantio que geram a homogeneização da flora e, consequentemente, diminuição da biodiversidade.

Tomando as especificidades relativas aos processos construtivos com a madeira destacase a produção de Nennewitz et all (2012) que tem a intenção expressa em seu prefácio de ser um manual para o ensino profissionalizante. É um manual técnico que aborda questões de matemática e de ciências naturais, destaca os tipos de madeira e seus derivados assim como outros materiais usados em associação com a mesma, aborda o desenho técnico e seus instrumentos para projetar assim como os projetos possíveis. O autor também apresenta as formas de isolamento térmico, contra umidade, acústica e contra incêndio e as formas de fabricação e seu instrumental. Por fim demonstra a necessidade de observar a organização empresarial para garantir um resultado de alta qualidade na produção com madeira.

Tratando sobre a Madeira de maneira geral Linz (2009) apresenta diversas imagens que caracterizam a arquitetura com madeira do século XXI com destaque para as tecnologias envolvidas no processo construtivo e seu detalhamento, da mesma forma são apresentadas as principais características desse material e a diversidade de aplicações.

Com características parecidas à produção anterior, a publicação da Könemann (2014a), Arquitetura com Madeira, título em português, também apresenta diversas edificações produzidas com madeira destacando a versatilidade deste material e a sua eficiência como isolante térmico e acústico além da sua importância ecológica. Destaca também o retorno do seu uso em edificações variadas, não só residenciais, afirmando que isso se dá em razão do desenvolvimento tecnológico, o que permitiu ampliar a sua conservação e durabilidade.

Um outro livro da Könemann (2014b), Habitações em Madeira, também traz diversos exemplos da utilização deste material em uma diversidade de edificações em várias partes do planeta, como casas ou outras construções, além disso inclui mobiliário em madeira e um interessante catálogo com tipos de madeira utilizados na construção de casas e produção de móveis.

Sobre a madeira como material de construção Cachim (2014) trabalha as estruturas em madeira em Portugal e na Europa. É interessante por abordar historicamente a utilização desse material, tanto no seu formato original quanto com os produtos derivados desta. Procura, também, entender a própria estrutura da madeira e como isso vai influenciar na qualidade da

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mesma para a sua utilização no processo construtivo, identificando suas propriedades físicas, mecânicas e químicas.

A classificação da madeira também é abordada por Cachim (2014) assim como seus derivados de madeira maciça, seções estruturais onde pode-se destacar a madeira laminada colada e a madeira laminada colada-cruzada, além dos aglomerados de madeira como o OSB (aglomerados de partículas de madeira longas e orientadas) e CBPG (aglomerados de partículas de madeira ligados com cimento), por fim discute os elementos associados à durabilidade da madeira tentando entender as questões relativas à degradação, as patologias, os processos de preservação, resistência e proteção ao fogo e avaliação geral das condições da madeira componente de uma determinada estrutura.

Além destas referências é possível encontrar uma série de outras publicações na Internet que podem contribuir para a elaboração do projeto, tratando de especificidades estruturais e características da madeira, assim como o seu uso em diversas atividades como, por exemplo, em hotelaria.

2.1.3 Sobre pousadas e hotéis

A atividade de hotelaria não é nova, ela vem sendo desenvolvida há muitos anos, no entanto esse processo foi relativamente lento e, de acordo com Bonfato (2013), se movimentou com os seguintes passos: 1. Evolução para uma atividade hoteleira segmentada, com áreas físicas, equipamentos, serviços e atendimento voltados e adaptados às necessidades de determinados nichos de mercado.

2. Foco na rentabilidade do negócio, ou seja, a operação da unidade hoteleira volta-se para a geração de riqueza dos investidores, contribuindo para o aperfeiçoamento dos processos de gestão e operação e reforçando, portanto, o conceito de hotel como negócio rentável a médio e longo prazos.

3. Parcerias estratégicas entre diferentes empreendedores, sejam eles operadores hoteleiros tradicionais, organizações investidoras com experiência em outras áreas, construtoras, fundos de pensão ou até microinvestidores, a fim de se obter capital para instalação e operação da unidade hoteleira.

4. criação de novos produtos hoteleiros ou renovação de antigos produtos, como a hotelaria econômica e supereconômica, que, apesar da longa existência, agora é vista como elemento estratégico pelas redes, que passam a investir nesse nicho. A inserção dessa tipologia de hotéis em terrenos de alta visibilidade e fácil acesso (próximos a estações de metrô, por exemplo) é clara mostra da profissionalização desse seguimento. (p. 20)

Bonfato (2013) também traz um cenário atual no qual considera a importante participação de outros tipos de investidores como os fundos de pensão, pequenos investidores

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e grandes construtoras fazendo com que aumentasse a quantidade de administradoras hoteleiras do país.

A proposta de Bonfato (2015) é levar ao leitor que pretende entrar no ramo a necessidade da elaboração de um planejamento baseado em pesquisas diversas, assim o autor indica a necessidade de fazer uma análise do mercado, a perfeita observação da localização do empreendimento, o entendimento da concorrência, a viabilidade financeira e o gerenciamento de pessoas para aqueles que trabalharão com poucos ou muito funcionários.

Outros autores tratam do planejamento de hotéis, por exemplo Andrade et all (2013) também apresentam um histórico da hotelaria no Brasil, planejamento e faz uma classificação dos hotéis, indica a necessidade de se pensar um projeto e a elaboração de um programa e seu dimensionamento.

Para classificar os hotéis Andrade et all (2013) indicam três abordagens: o padrão e as características das suas instalações; a localização e a destinação e também utiliza da Portaria nº 100 de 16 de junho de 2011 que instituiu o Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem para apresentar uma classificação. Nesse caso a Portaria indica a seguinte tipologia para meios de hospedagem: hotel, hotel fazenda, cama e café, hotel histórico, pousada, flat/apart-hotel.

Andrade et all (2013) tratando sobre pousadas afirma que São hotéis mais de descanso do que de lazer, quase sempre de pequeno porte, com poucos apartamentos e algumas poucas áreas de convívio social. O lazer consiste em atividades como natação recreativa em piscinas de dimensões modestas, cuidados com o corpo (banhos aromáticos, saunas, massagens e afins), passeios a pé ou a cavalo e, certamente, o desfrute do clima e da paisagem locais. O grande atrativo de muitas pousadas está além dos atributos naturais, na localização, na gastronomia e no tratamento acolhedor que proporciona aos hóspedes.

Os ambientes devem ser aconchegantes e proporcionar condições de grande conforto e, na medida do possível, aquela sensação de “estar em casa”, ou pelo menos na casa com que as pessoas costumam sonhar. Sem prejuízo dessas qualidades apontadas como essenciais, os ambientes podem ser mais ou menos luxuosos, o que certamente se reflete no preço que pode ser cobrado das diárias. (p. 89)

A citação acima demonstra que uma pousada não deve ser muito grande, mas que pode fornecer algumas atividades diferenciadas.

Quanto ao projeto arquitetônico Andrade et all (2013) afirmam que isso dependerá do tipo de hotel, mas afirma que existem áreas básicas: hospedagem, públicas e sociais, administrativas, recebimento, serviços, alimentos e bebidas e equipamentos. O autor detalha

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cada uma dessas áreas, seus fluxos e possíveis desenhos, além de apresentar os elementos necessários para a elaboração do projeto.

Tomando a visão de um administrador de pousada Hsieh (2006) destaca as etapas que compõem a perspectiva de construção e manutenção do sonho de ter uma pousada. O autor considera necessário estudar o mercado, as possibilidades de investir ou conseguir os investimentos, também vê como necessário um bom planejamento que seja constituído por uma clara estrutura de negócios e destaca a importância de uma boa gestão. Trata da situação não como uma forma pela qual os indivíduos se tornarão simples moradores da pousada, mas de administradores que devem ter clareza do contexto social e cultural onde se inserem e da diversidade de pessoas com que terão de lidar.

A questão da acessibilidade em pousadas também deve ser considerada, pois a inclusão deve ser um objetivo, mais que uma exigência legal. Uma pousada não pode ser construída sem levar a possibilidade de acesso a pessoas de diversas idades e/ou portadoras de alguma deficiência. Nesse caso além da aplicação da norma NBR9050, Barros (2012) traz orientações para bares, restaurantes e pousadas destacando o desenho universal que seria Um conceito de desenho para projetar espaços, equipamentos e utilidades – considerando a diversidade de tipos humanos – leva-nos a um parâmetro que alinha algumas premissas básicas como: 1) ser utilizado por qualquer pessoa; 2) pode ser utilizado de várias formas; 3) ser simples, intuitivo; 4) ser fácil de ser entendido; 5) ser seguro, confortável e integrado com outras soluções; 6) ser adequado às necessidades e limitações de cada um, exigindo pouco esforço para a sua utilização e 7) prever tamanho e espaço de aproximação e uso suficientes para qualquer um sentado ou em pé. (p. 15 e 16)

Então tomando a ideia do desenho universal como referência Barros (2006) trata das leis e o que elas dizem, discute a implantação dos projetos e as orientações arquitetônicas.

Destaca as orientações gerais sobre a pessoa com deficiência trabalhando também as referências simbólicas e de sinalizações necessárias para qualquer empreendimento como os destacados.

2.2 Projetos Referenciais Apesar da proposta abarcar uma ideia interessante, existem aspectos que devem ser remetidos para projetos elaborados anteriormente os quais podem contribuir para o estudo das soluções encontradas nestes e que podem ser adicionadas à proposta do módulo multifuncional

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demonstrando a possibilidade de sua aplicação e da utilização da madeira como material construtivo preponderante.

No âmbito desse trabalho são apresentados os projetos referenciais: Yeta – Abrigo Camaleão; Drop Box do grupo In-Tenta; o hotel Ân Lam Retreats Ninh Van Bay pelo uso da madeira; e a pousada Maravilha também pelo uso da madeira como principal material de construção.

2.2.1 Projeto Referencial Yeta – Abrigo Camaleão O arquiteto italiano Flavio Galvagni projetou, em Trentino na Itália, o Yeta como um módulo habitacional temporário, minimalista e confortável para uso temporário, mas com múltiplas funcionalidades. É construído utilizando de aglomerados de madeira buscando uma abordagem mais inovadora da relação com a natureza, mesmo que temporária, ampliando o relacionamento com o lugar onde a mesma é instalada.

Diretamente apoiado no chão, o módulo pode ficar disfarçado como uma pilha de madeiras. No seu uso prescinde de conexão com rede de água, esgoto ou outra qualquer, mesmo apresentando banheiro e iluminação interna através de luzes escondidas e natural em razão da área envidraçada.

Como é feito em madeira e vidro, os materiais podem ser todos devidamente reciclados e a sua suficiência energética é dada por painéis fotovoltaicos que podem ser escondidos quando necessário. Esses elementos fazem parte de um sistema construtivo modular que utiliza de padronização e pré-montagem para adequar o espaço às necessidades.

Os painéis fotovoltaicos têm o apoio de baterias para armazenar a eletricidade e a iluminação é feita com tiras de LED que economizam mais energia e podem ficar discretas no ambiente interno. A água é captada da chuva para alimentar a cozinha e o banheiro e os resíduos são tratados antes de serem descartados na natureza.

A seguir as Figuras 11 a 16 ilustram a versatilidade do abrigo Yeta.

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Figura 11 – YETA – Abrigo Camaleão, fachada frontal.

Fonte: http://www.legnoonweb.com/files/conten t/article/gallery/yeta_03.jpg

Figura 13 – YETA – Abrigo Camaleão, detalhe do interior e janela vitrine.

Fonte: http://www.legnoonweb.com/files/content/ article/gallery/yeta_05.jpg

Figura 15 – YETA – Abrigo Camaleão, fachada lateral direita.

Fonte: http://www.legnoonweb.com/files/content/ article/gallery/yeta_07.jpg

Figura 12 – YETA – Abrigo Camaleão, fachada fundos.

Fonte: http://www.legnoonweb.com/files/content/ article/gallery/yeta_10.jpg

Figura 14 – YETA – Abrigo Camaleão, interior.

Fonte: http://www.legnoonweb.com/files/ content/article/gallery/yeta_06.jpg

Figura 16 – YETA – Abrigo Camaleão, detalhe construtivo.

Fonte: http://www.legnoonweb.com/files/content/ article/gallery/yeta_detail_2.jpg

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2.2.2 Projeto Referencial Drop-box In-Tenta O In-Tenta é um escritório com sede em Barcelona na Espanha, fundado em 2012, que se caracteriza pela geração de produtos novos para empresas que investem em desenho e inovação, segundo a página da empresa na internet.

O Estúdio In-Tenta, no aporte da microarquitetura, criou suítes modulares para hotéis que podem ser movimentadas e devidamente instaladas em terrenos variados. No entanto os módulos não são totalmente independentes, pois necessitam de infraestrutura local para acoplamento dos canos de água e esgoto, assim como da parte elétrica. As figuras 17 a 22 mostram algumas das suítes criadas por esse estúdio.

Figura 17 – Drop Box CW. Fachada lateral esquerda. Implantado no campo

Fonte: http://in-tenta.es/index.php/design-works/ item/208-drop-box-cw

Figura 19 – Drop Box. Implantação em área de montanha nevada.

Fonte: http://in-tenta.es/index.php/designworks/item/205-drop-box

Figura 18 – Drop Box. Fachada lateral direita.

Implantado na praia

Fonte: http://in-tenta.es/index.php/design-works/item/205drop-box

Figura 20 – Drop Pod. Fachada lateral direita. Render 3D.

Fonte: http://in-tenta.es/index.php/design-works/item/204cabaña-drop-pod

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Figura 21 – Drop Eco-Hotel. Implantação em montanha

Figura 22 – Drop Eco-Hotel. Vista panorâmica de implantação em montanha.

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Fonte: http://in-tenta.es/index.php/designworks/item/105-drop-eco-hotel

Fonte: http://in-tenta.es/index.php/design-works/item/105drop-eco-hotel

2.2.3 Projeto Referencial “Ân Lam Retreats Ninh Van Bay” Internacionalmente uma interessante referência para o exercício projetual relacionado ao uso de madeira no processo construtivo e em toda a estrutura da edificação é o Hotel “Ân Lam Retreats Ninh Van Bay” localizado na baía Ninh Van, próximo à cidade de Nha Trang no Vietnam. As Figuras 23 a 28 demonstram algumas características do mesmo.

Figura 23 – Ân Lan Retreats Ninh Van Bay. Nha Trang. Vietnam. Vista geral.

Figura 24 – Ân Lan Retreats Ninh Van Bay. Nha Trang. Vietnam. Quarto.

Fonte: http://anlam.com/kalam-retreat

Fonte: http://anlam.com/kalam-retreat

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Figura 25 – Ân Lan Retreats Ninh Van Bay. Nha Trang. Vietnam. Restaurante

Figura 26 – Ân Lan Retreats Ninh Van Bay. Nha Trang.

Vietnam. Lounge.

Fonte: http://anlam.com/kalam-retreat

Fonte: http://anlam.com/kalam-retreat

Figura 27 – Ân Lan Retreats Ninh Van Bay. Nha Trang. Vietnam. Vista externa

Figura 28 – Ân Lan Retreats Ninh Van Bay. Nha Trang.

Vietnam. Quiosque de praia.

Fonte: http://anlam.com/kalam-retreat

Fonte: http://anlam.com/kalam-retreat

2.2.4 Projeto Referencial Pousada Maravilha – Fernando de Noronha - PE Em nível nacional e regional um projeto referencial é a Pousada Maravilha na Ilha de Fernando de Noronha - PE. Projeto arquitetônico da “Bernardes Arquitetura” de 2005. A construção segue uma proposta de reaproveitamento de água filtrada por sistemas específicos, utilização de energias alternativas entre outras atividades menos agressivas ao ambiente natural.

Em grande parte da sua construção foi utilizada madeira de reflorestamento, como pode ser visto nas figuras 29 a 34 que seguem:

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Figura 29 – Pousada Maravilha, Fernando de Noronha – PE. Deck da piscina.

Figura 30 – Pousada Maravilha, Fernando de Noronha – PE. Deck da piscina.

Fonte: http://www.pousadamaravilha.com.br /a-pousada1/a-pousada-1.htm

Fonte: http://www.pousadamaravilha.com.br/ a-pousada1/a-pousada-1.htm

Figura 31 – Pousada Maravilha, Fernando de Noronha – PE. Deck da piscina.

Figura 32 – Pousada Maravilha, Fernando de Noronha – PE. Restaurante.

Fonte: http://www.pousadamaravilha.com.br/ a-pousada1/a-pousada-1.htm

Fonte: http://www.pousadamaravilha.com.br/ a-pousada1/a-pousada-1.htm

Figura 33 – Pousada Maravilha, Fernando de Noronha – PE. Lounge.

Figura 34 – Pousada Maravilha, Fernando de Noronha – PE. Quarto.

Fonte: http://www.pousadamaravilha.com.br/ a-pousada1/a-pousada-1.htm

Fonte: http://www.pousadamaravilha.com.br/ a-pousada1/a-pousada-1.htm

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3 CONCEITO E PARTIDO 3.1 Conceito A transitoriedade, mobilidade, fluidez, efemeridade, flexibilidade, multifuncionalidade e a máxima integração com o ambiente natural quando isso for necessário ou a possibilidade de se adequar a outros lugares, inclusive no meio da cidade, são ideias que permeiam o conceito trazido para essa proposta. Assim, o motor da proposta é projetar um módulo multifuncional em madeira que possa ser utilizado em várias atividades e em vários locais.

3.2 Partido Não é possível separar o partido do conceito, um está no outro, nesse caso em função da exigência de se ter uma proposta cujo projeto contemple um local e uma edificação escolheuse como exemplo de aplicação uma pousada de praia com os módulos de madeira e um desenho que remete para a organização espacial indígena buscando o convívio entre os usuários e a integração dos elementos naturais das edificações com a natureza circundante.

4 O MÓDULO Os materiais propostos para a composição do módulo estão relacionados com o processo construtivo conhecido como Wood Frame que é uma construção energitérmica sustentável, ou seja, economiza energia tanto no processo de ocupação quanto no construtivo e tem um excelente desempenho térmico.

No módulo básico o fechamento será feito com placas OSB (Oriented Strand Board), a qual pode ter papel estrutural ao contribuir para o contraventamento de partes da edificação associadas a perfis leves de madeira maciça, por exemplo pinus (de várias espécies), para garantir a adequada sustentação e rigidez à edificação.

De acordo com as condições ambientais dos locais para onde os módulos forem deslocados ou instalados deve-se pensar nas formas de proteção externa e interna dessas placas e da madeira das vigas e pilares, assim como dos assessórios metálicos utilizados. O OSB em si não é resistente à água, mas pode ficar exposto às intempéries desde que sejam aplicadas demãos de stain ou de verniz marítimo, no primeiro caso a manutenção pode ser feita a cada 18 meses e, no segundo caso a cada 12 meses.

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No que tange à resistência ao fogo o OSB atende as normas da ABNT 14432 – Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações – procedimento, no caso do módulo a NBR 14432 não precisaria ser aplicada porque está enquadrado na alínea “b” do Anexo “A” da mesma norma, porque teria área menor que 750 m2, mesmo assim devem ser utilizados retardantes de fogo como ácido bórico, sulfato de amônia e bromato de amônia (GORSKI, p 53). No entanto não foi calculada a carga de incêndio para o módulo, pois devese considerar a edificação como um todo, o que vai mudar de acordo com as aplicações destinadas à estes.

Dessa forma o módulo básico ou seus desdobramentos poderão ser completamente construídos em um processo industrial fora da obra e transportado para o local, da mesma forma, tomando alguns cuidados com a proteção da madeira, a montagem poderá ser feita na obra. Em ambos os casos as adaptações ao terreno deverão ser avaliadas durante o projeto e, se for o caso, corrigidas na implantação, em razão da adaptabilidade dos suportes.

4.1 As paredes As paredes poderão ser produzidas em processo industrial fora do local e montadas na obra, compostas internamente e externamente por placas de OSB (Oriented Strand Board) de 11,1 mm de espessura com dimensões variadas de acordo com a modulação (1,20 x 2,40 m ou 1,20 x 3,00 m) considerando que as mesmas ainda podem ser cortadas nos tamanhos necessários, e ligadas por perfis de madeira maciça, podendo ser pinus (mais comum) ou outra como eucalipto de dimensões 3,8 x 7,78 cm levando a parede à uma espessura total de 10 cm.

Esses perfis já têm papel estrutural pois podem distribuir a carga da cobertura para o piso ou para a viga que os suporta, além disso a placa OSB, na ausência de sistemas de contraventamento, também pode cumprir esse papel contribuindo com a rigidez do conjunto.

Um exemplo de como seria estruturada essa parede está na Figura 35. A diferença básica está no fato de que na proposta do módulo básico o revestimento é posto posteriormente, de acordo com a utilização que vai ser feita do mesmo.

Para controle térmico deve-se considerar que a madeira já tem uma excelente capacidade de isolamento em razão da sua baixa condutividade térmica. Quanto ao isolamento acústico, em razão da pequena espessura entre os painéis de OSB deve-se instalar fibra mineral ou poliestireno, análises recentes indicadas pelo documento DATec 30 elaborado pela consultoria Tesis por solicitação de uma empresa que produz wood frame indicou um isolamento acústico

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entre 39 e 47 db dependendo do material que o constitui. O material escolhido poderá contribuir para reduzir um pouco mais a condutividade térmica para dentro do habitáculo (Figuras 35, 36, 37 e 38).

Figura 35 – Estrutura da parede do módulo com a opção de acabamento nas faces.

Fonte: https://abrilcasa.files.wordpress.com/2016/11/estrutura5-casa-simplesde-manter-e-acessivel-para-moradores-da-3a-idade.jpeg?quality=95&strip =all&strip=info

Para o acabamento várias são as possibilidades: estuco, placa cimentícia, revestimento cerâmico, entre outros. Estes materiais devem ser combinados com produtos redutores do ataque dos agentes climáticos assim como insetos ou patógenos que atacam a madeira. Nesse caso a madeira deve passar por processo de autoclave para melhorar suas condições de preservação e durabilidade como indica o item 11 da NBR7190 Projetos de Estruturas de Madeira.

4.2 Revestimentos Os revestimentos vão variar de acordo com o local de instalação do módulo, assim como da sua função, os principais problemas relacionados dizem respeito a ação dos agentes biológicos e da umidade.

No caso da proteção contra o excesso de umidade deve-se considerar a aplicação de uma membrana hidrófuga que evita a penetração da umidade externa, mas permite a passagem de vapor e ar resultantes de diferenças entre as temperaturas interna e externa, além de proteger do calor e vento.

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Figura 36 – Detalhe em corte da parede apresentando os elementos que a compõem

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 37 – Detalhe em corte da parede com placa OSB e perfil de madeira

Fonte: elaborado pelo autor

De acordo com Molina & Calil (2010) os revestimentos Podem ser utilizados tanto dentro quanto fora da casa. As paredes externas por exemplo, podem ser revestidas com sidings de aço, madeira e PVC, desenvolvidos especificamente para este sistema, mas também podem ser utilizados outros tipos de materiais como placas cimenticeas que dão um acabamento semelhante ao da alvenaria, além de tijolos aparentes e argamassa armada. O revestimento tipo “TYVEK” tem a função e proteger o sistema das intempéries (por exemplo contra a umidade), mas de uma maneira, o revestimento visa também atender os requisitos de arquitetura e funcionar como isolante térmico. Nas áreas expostas à água como, por exemplo, banheiro e cozinha são utilizadas placas cimentíceas com selador acrílico anti-fungo e pintura de resina acrílica pura, ou ainda placas de gesso acartonado revestidas com azulejo (p. 152).

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Figura 38 – Detalhe em vista da parede com placa OSB e perfil de madeira

Fonte: elaborado pelo autor

Os autores Molina & Calil (2010) ainda reafirmam a necessidade de manter a estrutura sem infiltrações utilizando de outros mecanismos e a utilização de produtos que possam aumentar o isolamento térmico e acústico do ambiente como afirmado anteriormente.

4.3 Fundações Considerando a proposta de um módulo que pode ser movimentado ou instalado e retirado de qualquer lugar, as fundações somente teriam sentido se houvesse repetição dos locais de instalação. Nesse caso o módulo apresenta duas possibilidades, a primeira que considera a situação de apenas apoiar todo o conjunto sobre o solo para utilização em curtos períodos e em locais onde a atuação do vento não seja muito intensa, e a segunda relacionada a uma instalação mais duradoura onde seria necessária uma fundação para suportar e fixar o módulo.

Para ambas as situações colocadas a proposta traz suportes adaptáveis ao terreno que, nesse caso, devem ser feitos em aço tratado para suportar as intempéries. Esses suportes também devem ser utilizados para fixar um módulo sobre o outro, se isso for necessário, ou para fixar ao veículo durante o transporte do mesmo.

Os suportes contam com ajustes relativos a múltiplos de 18 cm para a adequação, quando necessário, das escadas até a altura de 72 cm (Figura 39), permitindo inclusive a adaptação à terrenos desnivelados.

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Figura 39 – Suportes de apoio ao solo ou para fixar o módulo à fundação, 72 cm.

Fonte: elaborado pelo autor.

Tomando a primeira situação os suportes funcionariam como apoios sobre o solo contribuindo para o equilíbrio do conjunto e por estar diretamente ligados à estrutura de vigas e pilares também teria a função de descarregar o peso sobre o solo (Figura 40).

Figura 40 – Suportes de apoio ao solo fixado ao módulo, 72 cm.

Fonte: elaborado pelo autor.

A segunda situação exigiria a instalação, dependendo do local da colocação do módulo, ou das edificações geradas a partir dele, de sapata corrida ou lajes tipo radier às quais os suportes seriam engastados com fixadores que poderiam ser retirados para a movimentação do mesmo.

Da mesma forma, os suportes poderiam ser adaptados nas medidas indicadas para afastar o módulo do solo.

4.4 Estrutura A estrutura do módulo é formada por dois sistemas que se auxiliam, inicialmente as paredes com o seu conjunto de perfis e placas OSB e uma estrutura de vigas e pilares para dar

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maior rigidez ao conjunto e auxiliar nas solicitações relativas ao içamento do módulo quando for necessário o seu transporte.

No caso dos perfis de madeira, nesse módulo eles se constituem como montantes em bitolas de 3,8 x 7,78 cm espaçados à cada 40 cm e guias inferiores e superiores com as mesmas dimensões, podendo ser produzidos em pinus, eucalipto ou outra madeira, claro cada uma delas deverá ter uma análise específica em termos de cálculos estruturais porque as madeiras apresentam características diferentes. A Figura 41 apresenta um exemplo da distribuição das cargas nesses montantes de madeira, enquanto a Figura 42 apresenta a distribuição dos montantes do módulo básico.

Figura 41 – Comportamento da distribuição das cargas sobre os montantes da estrutura das paredes.

Figura 42 – Sistema de montantes do módulo básico

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Fonte: http://gomboc.com.br/blog/wpcontent/uploads/2014/12/Capturar-2-300x275.jpg

Fonte: elaborado pelo autor.

O segundo sistema é formado por pilares e vigas com bitola de 5 x 18,5 cm apoiados uns aos outros e fixados por chapas de aço e parafusos para maior fixação e possibilidade de suportar as cargas resultantes dos movimentos de içamento do conjunto. As vigas superiores são apoiadas nos pilares os quais, por sua vez são apoiados em parte no solo e nas vigas inferiores que ainda recebem a carga dos montantes e as distribuem diretamente no solo ou sobre os suportes quando os mesmos necessitam ser afixados no conjunto (Figura 43). A Figura 44 demonstra como os elementos se relacionam na parte superior, o mesmo processo ocorre de forma invertida na parte inferior.

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Figura 43 – Sistema de vigas e pilares do módulo básico com os suportes

Figura 44 – Sistema de conexão entre vigas e pilares do módulo básico

Fonte: elaborado pelo autor.

Fonte: elaborado pelo autor.

Esse conjunto tem o papel de distribuir as cargas permanentes e as acidentais, também deve suportar as forças resultantes da ação dos ventos e ainda a pequenos tremores de terra em razão do contraventamento relacionado às placas de OSB. Também em conjunto a distribuição das cargas pode reduzir a flambagem dos perfis com a ação dos pilares e placa OSB e dos próprios perfis ao atuarem solidariamente. Além desses sistemas ainda deve-se contar com o papel das lajes de cobertura e de piso (Figura 45).

Figura 45 – Sistema de vigas e pilares juntamente com os montantes e a placa OSB

Fonte: elaborado pelo autor.

É preciso esclarecer que não foi a intenção deste trabalho elaborar testes estruturais para identificar a capacidade de resistência dos elementos componentes aos diversos tipos de cargas, isto se põe como um estudo mais avançado, além disso deve-se considerar que essa estrutura será submetida a cargas diversas em função da proposição de diversidade de uso o que exigirá testes mais específicos.

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4.5 Piso O piso do módulo básico é constituído por réguas de madeira de comprimento variado, largura de 9,5 cm e espessura de 2,1 cm assentadas em paralelo no sentido transversal do módulo, para aumentar a rigidez do conjunto, sobre perfis com dimensões de 9,5 cm de altura e 3,5 cm de espessura dispostos nos sentidos longitudinal e transversal sobre uma placa OSB mais espessa que aquela das paredes com 1,8 cm (Figura 46).

Para ampliar o conforto térmico no módulo as réguas são separadas por um espaçamento de 0,5 cm por onde deve ascender o ar que entra pelos dutos de ventilação existentes na placa de OSB (Figura 47, as medidas estão aproximadas). Em conjunto com as portas e janelas esse sistema deve melhorar as condições de ventilação dentro do habitáculo, nesse caso não há isolante entre a placa OSB e as réguas para permitir uma melhor circulação do ar. Esse tipo de solução para ventilação deve ser adotado de acordo com a zona climática, pois em locais muito frios ela pode ser desnecessária.

Pode-se apor um formato mais simplificado com a ideia de laje seca sobre a qual poderse-ia aplicar vários tipos de revestimentos: cerâmicos, carpetes, laminados entre outros. Nas áreas molhadas ou molháveis é possível a instalação de placas cimentícias devidamente impermeabilizadas sobre a placa de OSB. De acordo com fabricantes de placas OSB deve-se aplicar em todas as juntas, cantos e ralos telas de poliéster para completar a impermeabilização.

Figura 46 – Vista do piso e detalhe das paredes com os montantes e a placa OSB.

Fonte: elaborado pelo autor.

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Figura 47 – Piso, detalhe em corte do sistema de ventilação juntamente com os montantes e a placa OSB

Fonte: elaborado pelo autor.

4.6 Teto e cobertura O teto apresenta estrutura semelhante ao piso com placa OSB de 1,8 cm de espessura sobre montantes de 9,5 cm de altura dispostas transversal e longitudinalmente contribuindo para a rigidez da estrutura, sob este conjunto outra placa OSB de 1,8 cm (Figura 48). Em relação ao conforto térmico, diferentemente do piso, o teto conta com isolamento tanto térmico quanto acústico entre os perfis.

Figura 48 – Teto – corte com detalhamento da estrutura.

Fonte: elaborado pelo autor.

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Sobre a placa de OSB podem ser instaladas coberturas como proteção contra intempéries, coleta de água da chuva para armazenamento e placas fotovoltaicas para a captação de energia solar. Nesse caso a membrana hidrófuga pode auxiliar no processo de barrar a umidade como ocorre com as paredes e, sobre ela, é possível aplicar outros revestimentos.

Algumas empresas já fornecem placas de OSB revestidas que podem ser pintadas e receber a membrana hidrófuga, além disso recomenda-se a instalação de filmes de alumínio como barreiras radiantes.

4.7 Redes As redes de eletricidade, água e esgoto podem seguir o mesmo padrão dos sistemas convencionais ou sofrer adaptações ao caráter móvel do módulo. No caso da rede elétrica é possível instalar um sistema associando painéis fotovoltaicos que alimentariam baterias, pois o sistema apesar de ter avançado ainda não prescinde dessas. A fiação e a instalação de luminárias, interruptores, tomadas e fitas de LED devem acompanhar o direcionamento dos perfis tentando evitar que os conduítes atravessem os perfis verticais, se isto for necessário deve estar previsto no projeto para evitar um ponto de fragilidade no sistema estrutural.

As tubulações de água também devem seguir o direcionamento dos montantes, evitando atravessar os perfis verticais. O sistema pode ser o convencional com a implantação de caixa de água, mas isso exigiria modificações estruturais, nesse caso deve-se aproveitar a pressão de água da rede externa para que a alimentação chegue a todos os pontos. Nesse caso pode-se utilizar um banheiro convencional com chuveiro, pia e vaso sanitário, mas também deve ser possível a instalação de banheiros compactos como os utilizados em trailers e motor homes (Figura 49) Figura 49 – Banheiro de motor home

Fonte: https://mlb-s1-p.mlstatic.com/749305-MLB20863006995_082016-C.jpg

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Esse sistema funciona, no caso do fornecimento de água com a possibilidade de conexão externa ou a um tanque de água pequeno com até 500 l de capacidade e a água é movimentada com uma bomba automática. No que tange ao sistema de esgotos, são instalados dois tanques de armazenagem na parte inferior do módulo (Figura 50) que servem para os dejetos e outro para águas cinzas aos quais é adicionado cloro para facilitar o tratamento. Posteriormente esse material pode ser coletado e conduzido à locais de tratamento e descarte.

Figura 50 – Banheiro de motor home

Fonte: http://blog.rvshare.com/rv-plumbing/

4.8 Os Estudos Para a elaboração dessa proposta foram feitos vários estudos de forma e volumetria, experiências com poliedros e outros sólidos para chegar à forma mais simples e de melhor e rápida montagem, permitindo o uso de estruturas menos complexas e fáceis de serem produzidas As Figuras 51 a 59 mostram a evolução do estudo principal que culmina com o módulo básico.

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Figura 51 – Estrutura básica de vigas e pilares

Figura 52 – Estrutura básica com os suportes desmontáveis

Fonte: elaborado pelo autor.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 53 – Estrutura básica com suportes e frame do piso

Figura 54 – Estrutura com os frames de piso e teto

Fonte: elaborado pelo autor.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 55 – Elementos estruturais e placa OSB com dutos de ventilação

Figura 56 – Elementos estruturais com réguas de piso e isolamento no teto

Fonte: elaborado pelo autor.

Fonte: elaborado pelo autor.

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Figura 57 – Estrutura com a instalação das placas de OSB no teto.

Figura 58 – Instalação dos montantes verticais das paredes

Fonte: elaborado pelo autor.

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 59 – Módulo com as paredes montadas

Fonte: elaborado pelo autor.

Anterior aos estudos de elaboração do módulo foram produzidas formas diferentes que pudessem ser utilizadas em situações diversas ou servissem como base para o módulo proposto.

As figuras 60 a 63 demonstram parte desses estudos.

Figura 60 – Estudo 01

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 62 – Estudo 02

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Figura 63 – Estudo 03

Figura 64 – Estudo 04

Fonte: Elaborado pelo autor.

Fonte: Elaborado pelo autor

Os estudos 05 e 06 (Figuras 65 e 66) apresentam o formato mais recente associado a possíveis acabamentos e, mais especificamente no estudo 06 são utilizados dois módulos de 2,348 x 6,06 x 2,59 m para formar uma edificação dentre aquelas que servirão de exemplo da sua aplicabilidade.

Figura 65 – Estudo 05

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 66 – Estudo 06

Fonte: Elaborado pelo autor.

5 ESTUDO DE CASO – POUSADA 5.1 Conceito e partido

Conceito e partido, nesse caso seguem os mesmos relacionados ao módulo básico, a ideia de mobilidade e transitoriedade agora se associam à experiência sensorial com a forma e os elementos naturais, como resultado tem-se uma edificação que utiliza de materiais naturais na sua construção cujo desenho, apesar de suas inúmeras possibilidades tenta se integrar ao entorno.

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5.2 Características físicas da área O terreno escolhido como referência está situado na Península de Maraú no município de Maraú no estado da Bahia na região turística conhecida como Costa do Dendê (Figura 67).

As coordenadas dos vértices são: 1 – 13°53’01,05”S e 38°56’39,88”O; 2 – 13°52’58,90”S e 38°56’40,96”O; 3 – 13°52’56,14”S e 38°56’33,29”O; 4 – 13°52’57,72”S e 38°56’31,76”O.

Figura 67 – Localização do terreno. Península de Maraú. BA

Fonte: Google Earth

A ventilação ocorre predominantemente no sentido SE – NO e as velocidades não são muito altas como pode ser visto no Quadro 1.

Quadro 1 – Direção e velocidade do vento (m.s-1) Mês

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Ano

Direção

NE

SE

SE

S

S

S

SE

SE

SE

NE

NE

NE

SE

Velocidade

2,55

2,43

2,35

2,51

2,67

2,69

2,76

2,60

2,73

2,91

2,95

2,70

2,65

Fonte: Inmet, 2017.

A temperatura média é de 24,7 C°, variando durante o ano com as médias mais baixas ocorrendo em junho e as mais altas em fevereiro Figura 68, em razão da proximidade com o mar a amplitude térmica varia pouco.

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Figura 68 – Comparativo da temperatura média (C°)

Fonte: Inmet, 2017.

A precipitação ocorre durante todo o ano predominando as chuvas resultantes da evaporação das águas do mar (convectivas) e a chegada de frentes frias vindas do Sul A pluviosidade média anual de 2.327 mm sendo o período de março a julho mais intenso e setembro o de menor precipitação, como pode ser visto na Figura 69.

Figura 69 – Comparativo da precipitação acumulada (mm)

Fonte: Inmet, 2017.

No que tange à insolação pode-se afirmar que os meses com maior quantidade de horas de sol sem cobertura intensa de nuvens corresponde à dezembro e janeiro, inversamente, em junho e novembro tem-se as menores taxas de insolação (Figura 70). A carta solar apresentada na Figura 71 também demonstra a direção e duração do insolejamento para a latitude do local.

Tomando a NBR 15220 – Desempenho Térmico de Edificações na sua parte 3 o distrito de Barra Grande que fica na zona 8 e exige as seguintes estratégias para alcançar o conforto

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bioclimático adequado: grandes e sombreadas aberturas para ventilação, paredes e coberturas leves e refletoras.

Figura 70 – Comparativo da insolação total (horas e décimos)

Fonte: Inmet, 2017.

Figura 71 – Carta Solar – Barra Grande Bahia.

Fonte: elaborado pelo autor – Software SOL-AR

Ainda em relação às estratégias deve-se buscar a desumidificação dos ambientes através da renovação do ar interno com a ventilação que deve ser cruzada, observando-se a direção dos ventos predominantes e como o entorno altera essa direção.

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5.3 Dimensões e características do entorno do terreno O terreno situado na Rua Maraú ou Estrada de Barra Grande, s/n, possui 17.166,58 m2 e um perímetro total de 647,34 m distribuídos da seguinte forma: face Norte com 244,62 m; face Este com 67,01 m; face Sul com 262,15 m e a face Oeste com 73,56 m.

As Figuras 72 e 73 apresentam a rua principal que dá acesso ao terreno, na primeira o terreno aparece no lado direito da foto na segunda o inverso.

Figura 72 – Rua Maraú sentido Centro Ponta do Mutá – Barra Grande – Maraú – BA

Figura 73 – Rua Maraú sentido Ponta do Mutá Centro– Barra Grande – Maraú - BA

Fonte: Fotografia do autor.

Fonte: Fotografia do autor.

As Figuras 74 e 75 apresentam os vértices 1 e 2 do terreno onde pode-se ver a vegetação secundária resultante de desmatamento anterior e alguns coqueiros que ainda permanecem. A mesma situação pode ser encontrada nas Figuras 76 e 77 onde a vegetação secundária, parte dela vegetação pioneira característica de zonas litorâneas que se instalam mais rapidamente em áreas recentemente desmatadas. A Figura 78 mostra a Fachada Este do terreno voltada para a praia onde destacam-se alguns coqueiros bastante altos em contraste com a vegetação rasteira e arbustiva e a faixa de areia recortada pela ação da maré alta.

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Figura 74 – Vista a partir do vértice 1 do terreno

Figura 75 – Vista a partir do vértice 2 do terreno

Fonte: Fotografia do autor.

Fonte: Fotografia do autor.

Figura 76 – Vista a partir do vértice 3 do terreno

Figura 77 – Vista a partir do vértice 4 do terreno

Fonte: Fotografia do autor.

Fonte: Fotografia do autor.

Figura 78 – Fachada Este do terreno.

Fonte: Fotografia do autor.

O terreno possui uma diferença de 2m entre seu ponto mais alto e o mais baixo, no entanto o desnível não é abrupto chegando, no máximo à 7% na ponta sudeste do terreno onde há um declive de 1 m para a distância de aproximadamente 14 m, a parte central do terreno é quase plana com uma declividade entre a face Sul e Norte de 1,9% e grande parte na cota de 8 m em relação ao nível do mar, isso pode ser visto nas pranchas em anexo.

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O entorno imediato do terreno conta, em sua face Este, com o mar e face Oeste com a Rua Maraú. As faces Norte e Sul apresentam terrenos vazios, mas nas proximidades existem outras pousadas e algumas residências de veraneio.

Deve-se destacar que o terreno está localizado em uma das pontas da Praia dos 3 Coqueiros, um dos pontos turísticos importantes da Península e a, aproximadamente, 500 m da Ponta do Mutá, outro local bastante visitado com águas calmas e locais onde a prática de esportes náuticos é indicada.

5.4 Massa Edificada A Figura 79 apresenta a distribuição das áreas com edificações nas proximidades do terreno, pode-se observar certa horizontalidade e uma distribuição rarefeita das edificações na parte inferior direita da fotografia. Nessa área existem residências de moradores permanentes originários ou não do local e casas de veraneio com uma população sazonal flutuante.

Nas áreas ao Norte são encontrados terrenos sem ou com ocupação muito mais rarefeita, enquanto na borda Este há uma ocupação um pouco mais densa e que não fica muito clara no mapa em razão da vegetação arbórea mais densa.

Figura 79 – Mapa de massa edificada.

Fonte: Google Earth, 2017 e elaboração do autor.

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5.5 Ocupação do solo Na Figura 80 estão as principais atividades realizadas nas proximidades, há uma área mais residencial localizada na parte sudeste da imagem, onde existem residências de pessoas do local e outras vindas de outras regiões, assim como moradias temporárias ocupadas de acordo com as estações do ano, na parte Este a ocupação é feita por pousadas e serviços associados como bares de praia e restaurantes, também são encontradas algumas casas de veraneio que são alugadas durante determinados períodos do ano.

Figura 80 – Uso do solo

Fonte: Google Earth, 2017 e elaboração do autor.

Ao Norte, uma grande área desocupada, que recentemente, em visita ao local, foi constatado que estava à venda, entende-se que em função da alta valorização da terra no local a propriedade com ocupação bastante rarefeita se mantém desocupada em função do processo de especulação imobiliária bastante intensa em áreas turísticas em expansão.

5.6 Programa de Necessidades Pousada/Lodge com 12 UH (unidades de habitacionais), para clientes ligados à vivência com a natureza que prescindem de muito luxo, composta por: • •

sistema de modularidade e mobilidade das edificações no terreno quiosques com cama de casal ou solteiros;

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• • • • • • • •

serviço de recepção e administração; área de estacionamento; café da manhã e serviço de refeições leves; lavanderia; espaço de convívio e atividades medidas permanentes para a redução do consumo de água e energia elétrica; medidas permanentes para a redução de resíduos sólidos com foco na redução, reuso e reciclagem; armazenamento dos equipamentos esportivos, vela, mergulho, stand-up, surf, arborismo.

5.7 Dimensionamento

O dimensionamento tomado aqui teve como referência os livros de Góes (2015), Andrade et all. (2013), Bonfato (2013) e as normas da EMBRATUR para a construção de hotéis.

Unidades Área Mínima Área total 2 12 Unidades habitacionais (EMBRATUR 3,6 x 4,6 m) 16,56 m 198,72 m2 • 6 casal = 12 hóspedes • 6 casal + beliche = 24 hóspedes • Total = 36 hóspedes Banheiros > 1,8 m2 Almoxarifado 0,35 m2 x 12 > 4,2 m2 Lavanderia 0,95 m2 x 12 > 11,4 m2 2 Rouparia 0,30 m x 12 > 3,6 m2 2 Saguão 2 m x 12 24 m2 Espera 10% da área do saguão 2,4 m2 Coffee Shop/Restaurante 1,5 m2 x 36 hóspedes 54 m2 Cozinha 25% da área do restaurante 13,5 m2 Depósito de alimentos e bebidas 50 % da área da cozinha 6,75 m2 Estacionamento 10 % do n° de quartos > 1,2 vagas

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5.8 Fluxos Possíveis

Figura 81 – Fluxos de hóspedes, funcionários, mercadorias e resíduos

Fonte: elaborado pelo autor com base em Góes (2015) e Andrade (2013)

5.9 Composição espacial e modulações

Conforme o interesse, a criatividade do arquiteto e da necessidade, emergencial ou não, os módulos poderão ser constituídos de formas variadas, no entanto para a demonstração nesse trabalho foram consideradas modulações mais simples com os módulos dispostos lado a lado, outras modulações possíveis podem ser vistas na Figura 82.

Figura 82 – Algumas modulações possíveis

Fonte: Elaborado pelo autor

Em um mundo que se transforma à todo momento, onde nada mais é permanente a ideia do módulo é paradoxal visto que a ideia é ter algo básico, mas a sua utilização pode ser variada

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de acordo com os desejos ou definições dos seus usuários, definido por eles ou pelos proprietários.

Assim o módulo não seria ele efêmero enquanto estrutura que dá sustentação ao edifício, mas as formas as quais a sua utilização pode gerar não precisam ser permanentes, podem ser transitórias, temporárias, podem surgir e sumir no mesmo dia. Seu ciclo de vida não precisa se alongar, poderá fazê-lo até sumir o desejo, quando o objeto poderá ser transformado, levando a novas experiências sinestésicas.

Inicialmente o módulo básico é uma forma geométrica pouco fluída que parece não permitir a fuga das suas linhas, é quase uma prisão (Figura 83) No entanto a sua multiplicação pode parecer com um líquido que se expande ao sabor do movimento típico da sociedade efêmera indo em várias direções (Figuras 84, 85 e 86).

Figura 83 – Estrutura do módulo básico.

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 84 – Duplicação horizontal do módulo básico.

Fonte: elaborado pelo autor

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Figura 85 – Duplicação vertical do módulo básico.

Figura 86 – Expansão horizontal e vertical do módulo básico.

Fonte: elaborado pelo autor

Fonte: elaborado pelo autor

Considerando a fluidez dos espaços, nos quais os desejos se movimentam espontaneamente ou provocados pela força do capital o módulo básico pode ser combinado propositalmente em uma ordem pré-determinada (Figura 87) ou de maneira fortuita, randômica e inconsequente gerando fractais reproduzindo a própria forma (Figura 88).

Figura 87 – Expansão organizada para criar cheios e vazios.

Fonte: elaborado pelo autor

Além da própria questão relacionada à possibilidade da transitoriedade a estrutura em madeira tem certas vantagens que devem ser consideradas na sua aplicação na produção do módulo básico: o processo construtivo pode ser bem mais rápido que aquele em alvenaria convencional; a resistência também é comprovada, não só pelos testes realizados pela Tesis que gerou o documento DATec 30, mas pelas experiências nos países nórdicos, Estados Unidos e Canadá na América do Norte e Chile na América do Sul.

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Figura 88 – Expansão fractal partindo do módulo básico.

Fonte: elaborado pelo autor

Também deve-se contar com a grande versatilidade das construções de madeira e o seu baixo custo de manutenção ao mesmo tempo que permite uma diversidade de revestimentos e. portanto, soluções estéticas interessantes. Além disso o conforto térmico já descrito em função das características da madeira se associa a um processo de construção considerado como sustentável em razão da reduzida interferência no ambiente natural.

O processo de produção pode ele ser todo industrializado. De acordo com o projeto pode-se ter maior precisão no resultado, especialmente na sua adaptação ao terreno. Todas essas qualidades têm como resultado uma edificação que vai agradar ao usuário, tanto no que tange ao seu uso quanto às experiências sensoriais com a edificação.

Da atualidade também é a sociedade das experiências sinestésicas rápidas, do olhar fortuito que exige da arquitetura a construção de edificações para satisfazer os sentidos pelo tempo da transição do passageiro, do caminhante. Isso exige uma superfície que dê uma identidade visual ao módulo, uma distinção dada pela experimentação ao mesmo tempo que o proteja durante o tempo em que parecer permanente.

Na experimentação é necessário então dar forma e superfície ao módulo. Na utilização encontrar ou criar locais com funções e soluções arquitetônicas e estéticas que possam ser mutantes quando isso for necessário. No caso dessa proposta constrói-se uma pousada simples tomando os módulos apartamentos como referências para a criação de variados elementos físicos.

5.9.1 O módulo – apartamento

As normas da EMBRATUR exigem que um apartamento voltado para hospedagem tenha um dimensionamento interno mínimo de 3,6 x 4,6 m ou seja 16,56 m2, ainda que esta não

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seja a realidade encontrada na maioria das pousadas visitadas pelo autor quando do levantamento para esses estudos. Para o banheiro a área mínima exigida corresponde a 1,8 m2 e para o terraço pelo menos 3 m2.

Considerando que o módulo básico tem dimensões externas de 2,438 x 6,06 m equivalendo a aproximadamente 14,77 m2 e 13 m2 internamente, não permitindo o atendimento às questões de ergonomia, optou-se pela utilização de dois módulos para compor o alojamento somado ao banheiro e a varanda ou terraço.

No que tange à distribuição de pilares e vigas mantem-se aqueles do módulo básico, no entanto paredes de uma das faces são retiradas para ampliar o espaço de circulação e outras inseridas internamente na instalação do banheiro, seja no formato tradicional seja no sistema de motorhome.

Nesse caso as paredes do banheiro devem ter composição e tratamento especial diferente das paredes que não recebem água constantemente, nessas de acordo com Molina & Calil (2010) devem ser instaladas placas cimentícias tratadas com selador anti-fungo e pintura de resina acrílica pura. Sobre a placa cimentícia também podem ser aplicados outros revestimentos como azulejos por exemplo.

Externamente as paredes e o teto devem receber tratamento específico contra a umidade, especialmente a água da chuva, nesse caso considera-se a estrutura já vista no item 4.1 deste trabalho, no qual é explicado que a parede deve receber após a placa de OSB a membrana hidrófuga e um revestimento em sidings de madeira ou taubilhas o que vai variar de acordo com o efeito estético pretendido.

A proposta desse trabalho é que o módulo apartamento tenha um revestimento externo que remonte aos desenhos dos índios pataxós que habitavam a área de estudo deste trabalho ao mesmo tempo que imprima uma experiência sinestésica de conexão com a natureza

5.11 Ambiência Para o conjunto da pousada e o próprio módulo apartamento tenta-se resgatar um pouco das comunidades indígenas do local que tinham algo de transitório dentro da sua temporalidade uma vez que costumavam deslocar-se em ciclos longos quando havia um esgotamento dos solos explorados.

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A vivência cotidiana com a natureza, da qual o indivíduo da atualidade se propôs a separar, assim como a relação entre as edificações e a cultura indígena se tornam tentativas de definir uma implantação que possa gerar a sensação, no cliente, de estar imerso em uma vida de relações com os elementos naturais, com poucos caminhos predeterminados e muitos efetivados pelo desejo do indivíduo.

Ao mesmo tempo espera-se que os componentes possam passar a ideia de leveza e fluidez, de possibilidades diversas de experimentação e circulação por entre as edificações e vegetação do local.

Algumas experimentações foram feitas para testar a ambiência e a relação do módulo apartamento com o entorno (Figuras 89, 90 e 91) Figura 80 – Distribuição dos apartamentos com praça central comum aos índios brasileiros

Fonte: elaborado pelo autor

Também foram feitas outras experiências relativas à ambiência com a criação de um apartamento de pousada com dois módulos justapostos lateralmente e, posteriormente revestido com materiais diversos com siding na parte externa e o apoio diretamente no chão o que não seria recomendado para áreas constantemente molhadas.

Esse módulo apresenta uma vantagem por não ter problemas diretos com a questão da acessibilidade por estar na linha do solo, no entanto a aplicação dos suportes de aço mudaria a situação da casa. As Figuras de 92 a 94 demonstram essa experiência que teve um resultado bastante interessante.

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Figura 90 – Imagem do lounge com a visão de um apartamento ao fundo

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 91 – Spa, ao fundo o Lounge e após o depósito de equipamentos náuticos

Fonte: elaborado pelo autor.

Figura 92 – Módulo ambientado com iluminação interna e instalações provisórias

Fonte: elaborado pelo autor.

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Figura 93 – Visão lateral esquerda do Módulo ambientado com iluminação interna e instalações provisórias

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 94 – visão frontal da edificação proposta com remissão ao povo indígena.

Fonte: elaborado pelo autor.

6 LEGISLAÇÃO E NORMAS

A legislação e as normas devem ser vistas sob duas óticas, aquela relativa ao módulo básico e a outra relativa à pousada, sequência que será utilizada a seguir para explicar quais foram utilizadas.

6.1 Normas para o módulo básico As construções no sistema Wood Frame ainda não estão normatizadas no Brasil, na maioria das vezes os construtores utilizam de normas internacionais como a estadunidense WFCM 2001, as europeias DIN 1052, EUROCODE 5 e manuais como o Forest Products Laboratory: wood frame house construction.

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Para o dimensionamento estrutural das peças de madeira como vigas e pilares foi tomada como referência a NBR 7190 – Projetos de estruturas de madeira, no entanto deve ficar claro que essa pesquisa não contemplou os cálculos estruturais aos quais a norma se refere. No caso da NBR 14432 – Exigências de resistência ao fogo já foi constatado que os painéis de OSB resistem ao fogo pelo tempo mínimo exigido na norma, 30 minutos e, neste caso do módulo básico e suas derivações não haveria situação em que o tamanho resultante da edificação exigisse tempo maior de resistência ao fogo.

Os testes comprobatórios relacionados ao Wood Frame foram solicitados por uma empresa do setor que gerou o DATec nº 30 a qual, enquanto a norma está sendo elaborada, tem servido como referência para as construções nesse sistema, inclusive adotada como parâmetro pela CEF para habitação de interesse social, nesse teste são encontradas as características relacionadas

a estanqueidade,

resistência ao fogo, isolamento termoacústico entre outras.

6.2 Normas para a pousada No que tange especificamente à pousada foi considerada a PORTARIA Nº 100, DE 16 DE JUNHO DE 2011 que institui o Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass), estabelece os critérios de classificação destes, cria o Conselho Técnico Nacional de Classificação de Meios de Hospedagem (CTClass) e dá outras providências. O estudo da mesma foi necessário para identificar as características específicas para uma pousada de praia decidindo qual a sua abordagem e clientela e, consequentemente, quais os setores necessários para o funcionamento da mesma, nesse caso foi tomado como guia o Art. 7° da Seção III Dos tipos e categorias que define pousada como um empreendimento de característica horizontal, composto de no máximo 30 unidades habitacionais e 90 leitos, com serviços de recepção, alimentação e alojamento temporário, podendo ser em prédio único com até três pavimentos, ou contar com chalés ou bangalôs; e também gera categorias em “estrelas”.

O Plano diretor de Maraú (LEI COMPLEMENTAR Nº 030/2006 DE 31 DE AGOSTO

DE 2006 Aprova o Plano Diretor de Maraú e dá outras providências.) também foi outro instrumento legal necessário para a definição da área passível de instalação de um empreendimento turístico com as características propostas nesse trabalho, destacando-se inicialmente o Quadro 2 com a Zona de Consolidação Urbanística para localidade de Barra Grande e outras

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Quadro 2 – Zonas de Consolidação Urbanística (ZU5) DESCRIÇÃO Consolidação urbanística das localidades de Barra Grande, Campinho e Itaipu de Dentro.

USO COMPATÍVEL Uso residencial, institucional, comercial, turístico e para instalações industriais caseiras, dentro das seguintes características: Taxa de ocupação máxima: 40% Taxa de permeabilidade: 50% Afastamento frontal: 3m Afastamento lateral: 1,5 m Afastamento de fundos: 3 m Gabarito de edificação: 2 pavimentos ou 7,5 m de altura MEDIDAS DE PROTEÇÃO Replanejamento urbanístico Saneamento básico Criação e manutenção de áreas verdes Educação e informação ambiental Proibição de toda e qualquer extração mineral.

Restrições ao corte de mangue e interferências urbanas diretas sobre área de manguezal Fração mínima para desmembramento: 500 m2 Fonte: PDU de Maraú, 2006

Para a definição da acessibilidade dos espaços foi utilizada a NBR 9050 – Acessibilidade, especialmente para o cálculo de rampas, quando estas fossem necessárias e dos sanitários voltados para a pessoa com deficiência (PCD). Que foi associada as regras de ergonomia para ampliar o conforto dos clientes.

Em relação às intervenções no ambiente natural foram consideradas as premissas indicadas pela Lei Nº, 111 de abril de 2016 que institui a política municipal de meio ambiente de Maraú/Ba, seus princípios, objetivos e diretrizes, cria o sistema municipal de meio ambiente – SISMUMA, estabelece os instrumentos para gestão ambiental municipal e dá outras providências que indica a necessidade de o Poder Público incentivar o Ecoturismo e da obrigatoriedade dos empreendimentos apresentarem uma avaliação de impacto ambiental como está descrito em seu Art. 109.

Também foi considerada a legislação relativa à incêndio e pânico do estado da Bahia especialmente no que tange ao seu Art. 5°, neste destacam-se entre as alíneas: I - garantia de acesso emergencial de viatura do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia nas edificações ou nas áreas de risco; II - separação entre edificações para garantir que o incêndio proveniente de uma edificação ou área de risco não se propague para outra; III - resistência ao fogo dos elementos estruturais e de compartimentação que integram a construção ou fabricação das edificações e áreas de risco;

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IV - compartimentação adequada, a fim de impedir a propagação de incêndio para outros ambientes da edificação e da área de risco no plano horizontal ou vertical; V - controle de materiais de acabamento e revestimento utilizados na construção ou fabricação das edificações e áreas de risco, para reduzir a propagação do incêndio e da fumaça; VI - saídas de emergência em dimensões adequadas que possibilitem a evasão dos indivíduos em segurança e o acesso do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia para combater o incêndio e retirar as pessoas que a ele estejam expostas; (...)

XII - sistema de detecção automática e alarme de incêndio; XIII - sinalização de emergência destinada a alertar para os riscos de incêndio existentes e orientar as ações de combate, facilitando a localização dos equipamentos; XIV - sistema de proteção por extintores de incêndio; (...)

XX - sistema de proteção contra descargas atmosféricas; XXI - controle de fontes de ignição. (BAHIA, 2015)

Outras normas em um estudo mais aprofundado deveriam ser consideradas, especialmente aquelas relativas à estrutura, resistência aos ventos, fundações entre outras.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Naturalmente a proposta não se esgota neste projeto, pois seu desenvolvimento se processará ao longo dos próximos trabalhos que puderem tomá-lo como referência. A ideia de transitoriedade e efemeridade apesar de estar no dia-a-dia das pessoas ainda não é completamente assimilada por todos.

Tudo está em constante transformação, a diferença está na velocidade em que isso ocorre, pois depende do motor que faz acelerar os processos, novas tecnologias, novas ideias, novas necessidades e novas formas de ver o planeta motivam as transformações e em um mundo mutável deve-se pensar em estruturas mutantes, adaptáveis às demandas emergentes seja na proposta futurista do Archigram ou de Buckminster Fuller.

Inovar é sempre arriscado, propor mudanças na forma de ver o mundo também, mas é sempre importante correr o risco para que as transformações ocorram, para que novas leituras das coisas passem a existir e, consequentemente, novas práticas.

Da mesma forma o convívio com a natureza deve ser visto como primordial para uma vida futura mais leve e livre, dessa maneira a Arquitetura como forma de viver profissionalmente não pode prescindir da criação de elementos que permitam/sejam a integração com a natureza natural e a natureza cotidianamente mutável do ser social.

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ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10520: Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

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ZENID, Geraldo José. Madeira: uso sustentável na construção civil. 2. ed. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas: SVMA, 2009.

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ANEXOS Anotações e figuras que mostram o percurso dos estudos sobre a temática dessa pesquisa.

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