Andreza Oliveira Sousa Soares

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FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANDREZA OLIVEIRA SOUSA SOARES

OS EFEITOS DA CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA 2014 A 2018 PARA O MERCADO DE TRABALHO DO CONTADOR

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA 2019


ANDREZA OLIVEIRA SOUSA SOARES

OS EFEITOS DA CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA 2014 A 2018 PARA O MERCADO DE TRABALHO DO CONTADOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR Curso de Ciências Contábeis como pré-requisito para a obtenção do grau de bacharel em Ciências contábeis. Orientador: Prof. Esp. Wilton Ferraz

VITÓRIA DA CONQUISTA – BA 2019



ANDREZA OLIVEIRA SOUSA SOARES

OS EFEITOS DA CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA 2014 A 2018 PARA O MERCADO DE TRABALHO DO CONTADOR

Artigo apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, curso de Ciências Contábeis como requisito parcial para obtenção do título em Bacharel em Contabilidade

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA / COMISSÃO AVALIADORA _________________________________________________ Prof. Esp. WILTON FERRAZ DOS SANTOS Orientador

_________________________________________________ Nome do 2º componente: FAINOR

_________________________________________________ Nome do 3º componente: FAINOR


OS EFEITOS DA CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA 2014 A 2018 PARA O MERCADO DE TRABALHO DO CONTADOR

Andreza Oliveira Sousa Soares¹ Esp. Wilton Ferraz dos Santos²

RESUMO Desde o segundo trimestre de 2014, a economia brasileira enfrenta uma forte crise econômica, uma das características mais marcantes desse períodofoi o aumento desenfreado do desemprego, afetando os mais variados setores da economia comprometendo a renda da população. Diante da importância dos fatos, o presente trabalho tem como finalidade analisar se a crise econômica afetou o mercado do profissional contábil com a mesma intensidade que os demais mercados de trabalho. Para atender ao objetivo geral proposto estudase á necessário estudar a crise econômica no Brasil entre os anos de 20142018, bem como seus possíveis impactos para o mercado de trabalho. Além disso, se faz mister apresentar os resultados da crise para o mercado de trabalho geral e comparar com os impactos sofridos pelo mercado de trabalho do profissional de contabilidade. Para o correto cumprimento do escopo deste trabalho, serão empreendidaspesquisas bibliográficas feitas através de livros, artigos, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Conselho Federal de Contabilidade - CFC e outros meios de comunicações de acordo com o tema proposto

Palavras-chave: Crise Econômica. Desemprego. ProfissionaisContábeis ABSTRACT Since the second quarter of 2014, the Brazilian economy has been facing a severe economic crisis. One of the most striking features of this period has

____________________

¹ Graduando em Ciências Contábeis pela Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR E-mail: sousa.soares02@gmail.com ² Especializado em Gestão Tributária pela Faculdade Visconde de Cairú - Graduado em Economia pela UESB. E-mail: @fainor.com.br


been the unbridled increase in unemployment, affecting the most varied sectors of the economy, compromising the population's income. Given the importance of the facts, this paper aims to analyze whether the economic crisis affected the accounting professional market with the same intensity as other labor markets. To meet the proposed general objective, it will be necessary to study the economic crisis in Brazil between 2014-2018, as well as its possible impacts on the labor market. In addition, it is necessary to present the results of the crisis to the general labor market and to compare with the impacts suffered by the accounting professional's labor market. For the correct fulfillment of the scope of this work, bibliographical research will be undertaken through books, articles, data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics - IBGE, Federal Accounting Council - CFC and other media according to the proposed theme.

Key-words: Economic Crisis. Unemployment. Accounting Professionals

1. INTRODUÇÃO A crise econômica no Brasil teve início em meados de 2014. De acordo com especialistas, uma de suas consequências é a forte recessão econômica, a qual ocasionou recuo no produto interno bruto (PIB) por dois anos consecutivos. A economia contraiu-se em cerca de 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016. A crise também gerou desemprego que atingiu seu auge em março de 2017 com uma taxa de 13,7%, de brasileiros desempregados. Tal crise, além de ocasionar a estagnação econômica do país, retração no mercado de trabalho, também afetou todos os setores da economia entre os anos de 2014 e 2018. Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desempregados quase dobrou em quatro anos. Na esteira desta atual conjuntura de crise socioeconômica, nota-se que um período de recessão econômica será sempre acompanhado por fatores impactantes como a redução dos lucros das empresas, maior desemprego e redução do consumo das famílias (PINHEIRO, 2016). É neste ensejo que reside o interesse por esse estudo. Esse desejo justifica-se pela preocupação com a atual situação econômica do Brasil, a qual, consequentemente, tem refletido no mercado geral de trabalho. Nesse


sentido, este trabalho tem como escopo analisar qual o impacto desta atual crise para os profissionais de contabilidade. A crise econômica que atingiu o Brasil, conforme já exposto, principalmente a partir de 2014, levou a economia brasileira a uma estagnação e, posteriormente, recessão que impactou profundamente a dinâmica do mercado de trabalho, afetando os mais variados setores da economia; comprometendo o emprego e a renda da população. Contudo, é válido ressaltar, que nem todos os setores sofreram as consequências na mesma intensidade. Partindo, portanto, da existência desta crise econômica, suscita o seguinte problema de pesquisa: até que ponto o mercado de trabalho para o profissional de contabilidade foi afetado pela a crise econômica brasileira entre 2014-2018? A partir dessa pergunta, formulou-se a seguinte hipótese: Por ter um campo de trabalho com características próprias, o profissional de contabilidade sofre menos os impactos da crise econômica que o mercado de trabalho em geral. Para atender ao objetivo geral proposto ser á necessário estudar a crise econômica no Brasil entre os anos de 2014-2018, bem como seus possíveis impactos para o mercado de trabalho. Além disso, se faz mister apresentar os resultados da crise para o mercado de trabalho geral e comparar com os impactos sofridos pelo mercado de trabalho do profissional de contabilidade. No que diz respeito à metodologia, o trabalho com os dados será respaldado e ancorado a partir de análises bibliográficas e documentais. Segundo Ramos (2009) “para agirmos numa pesquisa, com senso prático e rigor científico, precisamos, inicialmente, trabalhar com a hipótese na busca de respostas que expliquem o problema da pesquisa, ou problemática, ou situação - problema”. Para o correto cumprimento do escopo deste trabalho, serão empreendidas pesquisas bibliográficas feitas através de livros, artigos, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Conselho Federal de Contabilidade - CFC e outros meios de comunicações de acordo com o tema proposto.


2. A CRISE ECONÔMICA NO BRASIL ENTRE 2014 – 2018 E SEUS IMPACTOS PARA O MERCADO DE TRABALHO. 2.1

A definição de crise econômica

Crise econômica pode ser compreendida como uma mudança abrupta e circunstancial no sistema econômico, na qual o ciclo da economia passa por um momento de arduidade. Pode, também, designar uma situação aflitiva, anormal e grave, assim como uma conjuntura perigosa (MICHAELIS, 2016). Já para o Dicionário de Economia (2014) crise e conômica é “perturbação na vida eco-nômica, atribuída pela economia clássica a umdesequilíbrio entre produção e consumo, loca-lizado em setores isolados da produção”. Comumente as crises econômicas são oriundas de uma série de conjunturas econômicas e políticas e merece um entendimento, assim como uma averiguação adequada de suas causas (CARNEIRO & COSTA 2017; BARBOSA FILHO & PESSOA, 2015). Já Blanchard (2004) diz por não haver consenso sobre a definição, grande parte dos economistas, usam o termo crise para se referir a um período de baixo ou nenhum crescimento, sendo mais prolongado que uma recessão, porém, menos profunda do que uma depressão. 2.2 A crise econômica brasileira de 2014. Até o período dos anos 2000, o Brasil gritava em meio a um processo de crescimento, com o mercado interno valorizado e exportações em alta. O país passava por uma fase positiva. A partir da crise de 2008, que assolou países como os Estados Unidos e Europa, o processo de crescimento do Brasil foi prejudicado, mas não de forma comprometedora, como ocorreu com o mercado externo em geral (O ECONOMISTA, 2016). O início da crise impactou mais as economias desenvolvidas (Estados Unidos e União Européia). De acordo com Perondi (2018) a crise começou a atingir o Brasil em 2009, atravancandoe arrefecendo o ciclo de crescimento. O governo brasileiro reagiu com uma série de medidas contra cíclicas que tiveram êxito em reverter a diminuição de 0,3% do Produto Interno Brasileiro – PIB, em 2009 para um surpreendente aumento de 7,5% em 2010.


Ainda perspectiva de Perondi (2018), a desaceleração econômica que se verificaria a partir de 2012, até se transformar em recessão em 2015, mostraria o momento exato em que a crise chegaria no Brasil. A queda no preço das commodities e a desaceleração da demanda chinesa foram fatores cruciais para a perda do dinamismo da economia. No ano de 2015, o Brasil teve o pior índice para o PIB, em 25 anos, passando de 7,5% em 2010, para -3,8% em 2015. A queda foi impulsionada pelo setor de construção que abarca a parte de infraestrutura e também a de imobiliária, com queda de 8%, seguida pela indústria, que obteve uma queda de 6,2%. O setor de serviços, que correspondia a uma fração expressiva do PIB, sofreu queda de 2,7%, a qual estava atrelada ao fraco desempenho do comércio que recuou 8,9% no referido ano (CURY; CAOLI, 2016). Outro motivo paraessa situação de declínio do PIB, segundo a ótica de Cury e Caoli (2016), é a queda de 4% no consumo das famílias, o que se explica pelo alto número de pessoas desempregadas, que passa de 11 milhões. Dentre todos os setores analisados, apenas a agropecuária apresentou crescimento em 2015, com o índice de 1,8%, o menor desde 2012. Nesse mesmo sentido, e conforme assegura Barbosa Filho (2017, p. 58) a crise de 2014/2017 da economia brasileira teve como origem uma série de choques de oferta e demanda, na maior parte ocasionada por erros de políticas públicas que reduziram a capacidade de crescimento da economia brasileira e geraram um custo fiscal elevado. Ainda segundo Barbosa Filho (2017) a taxa de crescimento do produto potencial da economia brasileira saiu da faixa de 4% ao ano para menos de 2% ao ano. Ao mesmo tempo, o setor público brasileiro abandona um superávit primário de 2,2% em 2012 e gera um déficit primário de 2,7% em 2016. Conforme o IBGEprimeiro trimestre de 2017, o PIB subiu 1%, sendo o primeiro aumento após oito quedas trimestrais consecutivas. Segundo o IBGE o desemprego, a inflação continuaram elevados,o

consumo seguiu em

queda,além da precariedade na atenção aos serviços públicos fundamentais como saúde, educação, transporte e moradia continuarem constantes.

2.3 Impactos para o mercado de trabalho


O desemprego pode ser definido como uma situação em qual um cidadão deseja trabalhar ao valor da taxa de salário denominado ao mercado de trabalho, procura, mas não encontra a oportunidade de emprego (ZYLBERSTAJN e BALBINOTTO NETO, 2016). Segundo Ehrenberg e Smith: (...) a população pode ser dividida entre as pessoas que estão na força de trabalho (L) e as que não estão (N). A força de trabalho consiste das pessoas que estão empregadas (E) e das desempregadas que gostariam de estar empregadas (D) (EHRENBERG e SMITH, 2000, p.638).

Já o IBGE classifica como pessoas desempregadas ou desocupadas aquelas que não esta trabalhando ou esta disponível para trabalhar e tomaram alguma providência efetiva para conseguir trabalho nos trinta dias anteriores. Esse artigo usara as considerações do IBGE para definição do desemprego. Segundo Martins (2015)a taxa de desemprego de 2013 foi de 4,3%, com essa taxa no ano de 2014 o Brasil não havia indício deque o desemprego aumentaria. Na média do ano, a taxa de desemprego foi de 6,8%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua. Já a pesquisa do IBGE, e a Pesquisa Mensal de Emprego – PME, indicaram um desemprego médio de 4,8%. Essa referida pesquisa, porém, é realizada apenas em seis grandes metrópoles, sendo menos abrangente do que a PNAD, que é realizada em cerca de 3.500 municípios. Mas no período de 2015 e 2016, a crise atingiu o emprego, potencializando o aumento dos números de desempregados. A taxa média de 2015 foi de 8,5%, enquanto em 2016, 11,5%, segundo o IBGE (2018). No último trimestre de 2016, a taxa já estava em 12%, ou 12,3 milhões de desempregados, em números absolutos. Os dados comprovam o impacto da crise econômico brasileira sobre o mercado de trabalho. Segundo pesquisa do IBGE (2018) a alta do desemprego foi verificada em março de 2017, quando o país estava aproximadamente com 14,2 milhões de desempregados (taxa de 13,7%). Ainda de acordo a pesquisa mês de abril do mesmo ano, apresentou uma pequena queda, que não se via desde 2014 no número de desempregados. A pesquisa mostra também que os números de desempregados caíram para 13,6%. No trimestre de outubro a taxa caiu mais


0,6 ponto percentual a trimestre anterior. Segundo IBGE (2018) fechou com uma taxa de desemprego 11,8%. No ano de 2018 percebe-se uma pequena redução no índice desemprego quando comparado ao anterior. Segundo o IBGE (2019), no trimestre encerrado em setembro de 2018 a taxa ficou em 11,9%, já no trimestre encerrado em dezembro houve um decréscimo passando para 11,6%, sendo 12,2 milhões de brasileiros desempregados. Também houve redução em relação ao mesmo trimestre de 2017, quando a taxa era de 11,8%. Gráfico 1 – A Taxa de Desemprego no Brasil de 2014 – 2018 (em %) 14.00% 12.00%

12.00%

11.80%

11.60%

10.00% 8.00% 6.00%

8.50% 6.80% Taxa de desmprego ao ano

4.00% 2.00% 0.00% 2014

2015

2016

2017

2018

Fonte: IBGE/PME (elaboração própria)

O gráfico 1 apresenta um comportamento dos índices de desemprego no Brasil no período de 2014 a 2018. Nota-se que em 2014 a taxa de desemprego estava 6,8% da população economicamente ativa, saltando em 2016 para 12%. Embora nos anos subsequentes o gráfico mostre uma pequena redução no índice de desemprego, o ano de 2018 encerrou com uma taxa ainda elevada, em 11,8% da população economicamente ativa . 3. O MERCADO DE TRABALHO PARA OS CONTADORES 3.1

Profissão Contábil


Segundo Almeida (2017) A ciência contábil é muito antiga, a história da contabilidade revela que esta ciência era utilizada desde os primórdios pelos mais diversos povos para fins de se controlar o estoque (inventário) de uma pessoa ou um grupo de pessoas de uma mesma região. Esses povos contavam por meio de pedrinhas, cada uma representava um rebanho. Nesse período a contabilidade também era representada por meio de desenhos rupestres pintados nas paredes das cavernas. Ainda por Almeida (2017) com o enriquecimento da civilização, a contabilidade vai se atualizado conforme cada povo e cada cultura. Naquela época existiam alguns povos, como os da Mesopotâmia, registravam seus bens em papiros enquanto outros efetuavam seus registros em argila (babilônicos). A Ciências Contábeis já passou pelo período medieval, período moderno e agora está no período contemporâneo, onde já é sólida em teoria e prática no mundo

inteiro.Atualmente,

as Normas

Internacionais de

Contabilidade

(InternationalAccounting Standard, IAS) representa o próximo nível da contabilidade: padronização para que esta ciência possa ser interpretada independente do país onde a informação é produzida, atendendo aos anseios do mundo globalizado. É uma área que vem crescendo e evoluído a cada vez mais, além de ter diversas opções atuações, segundo Alberto (2007): [...] aquele que optar pelo curso de Contabilidade terá inúmeras alternativas, entre as quais: contador, auditor, gerente de controladoria, analista financeiro, perito contábil, consultor contábil, professor de contabilidade, pesquisador contábil.

Segundo Zanluca (2012), a área de atuação do profissional contábil é bastante ampla, oferecendo inúmeras alternativas de trabalho. Dentre algumas áreas, além da tradicional atuação na prática de escrituração contábil, destacam-se: perícia contábil, auditoria, fiscal, gestão de empresas, gestão pública, atuarial, consultoria e ensino. Para exercer essas profissões é preciso graduar em Ciências Contábeis após a conclusão do ensino médio, o curso tem duração entre quatro e cinco anos. Depois que termina o curso é feito uma prova para validar seu


conhecimento, o exame de suficiência do conhecimento adquirido. Ao ser aprovado o bacharel estará habilitado para o exercício da profissão nas áreas de especialização. Para aqueles que tem o objetivo de atuar na área de auditoria de empresas abertas ou instituições financeiras a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige que seja realizado exames adicionais de conhecimento específico, que são elaborados pelo CFC. Como afirmam Iudícibus e Marion “O Profissional Contábil tem hoje uma posição bem definida na economia global, um campo de trabalho bastante amplo e diversificado, e objetivos bem claros de onde ele quer chegar” (IUDÍCIBUS; MARION, 2002, p. 27). Assim é preciso está em constante evolução, para que possa alcançar mais espaço no mercado de trabalho. No Brasil a profissão contábil vem crescendo em um nível elevado mesmo com a crise econômica, segundo Pati; Gasparini (2014) algumas áreas e carreiras sofreram menos os efeitos da retração da economia de 2014-2015 e entre elas estão o mercado financeiro, controller, auditoria e planejamento tributário que está dentro da área de atuação contábil. Já Firmino (2016) diz que as profissões de Gestor Contábil e Gestor Fiscal ficaram em quarto lugar, entre as menos afetadas pela crise. 3.2

Empresas e profissionais contábeis ativos

Essa parte do trabalho tratará do comportamento do mercado de trabalho, especificamente, para o profissional de contabilidade. Foram analisadas informações as variações quantitativas de contadores e técnicos contábeis registrados no Conselho Federal de Contabilidade. Conforme o CFC os números de contadores e técnicos em contabilidade vem crescendo a cada ano. Esse trabalho avaliou as variações medidas pelo conselho a parti 2014. Nesse ano eram registrados 317.288 mil contadores e 191.210 mil técnicos, já em 2015 esses números aumentaram passando para 334.675 mil contadores e 197.390 mil técnicos. Ainda de acordo o relatório do conselho, em 2016, mesmo num cenário de crise o número de contadores aumentou passando para 348.393 mil contadores. O mesmo relatório aponta uma redução no número de técnicos


contábeis, em 2016 o quantitativo desse profissional registrou 187.847 mil técnicos. O aumento de contadores faça um redução no número de técnicos, pode servir como base de comprovação da constante necessidade de evolução nos conhecimento. Visto que os técnicos contábeis vêm perdendo espaço no mercado de trabalho. Em 2017 os dados continuaram variando em sentidos opostos, ou seja crescimento no números de contadores e redução no número de técnico nesse ano registrado-se 349.599 mil contadores e 178.953 mil técnicos. Ainda de acordo com a pesquisa do CFC em 2018 percebeu-se o mesmo comportamento, o número de contadores aumentou 351.361 mil enquanto o numero de técnicos diminui 172.414 mil. O relatório do conselho apresenta também um aumento constante na quantidade de escritório de contabilidade. Dessa forma pode-se atribuir de forma direta o aumento de número de escritores o crescimento no número de contadores. De acordo o CFC em 2016 eram registradas 57.900 mil organizações contábeis. Já em 2017 o número dessas organizações passou para 63.483 mil, chegando a 66.690 mil o número de organizações contábeis já em 2018. De acordo os dados disponíveis no CFC, mesmo com o ano de 2019 ainda em curso o Brasil conta com mais de 69.344mil organizações contábeis e 520.684 mil profissionais registrados no Conselho Federal de Contabilidade.

Quadro 1 –Dados Da Profissão Contábil

ANO

ORGANIZAÇÕES

CONTADORES

TÉCNICOS


2014

45.348

317.288

191.210

2015

51.351

334.675

197.390

2016

57.900

348.393

187.847

2017

63.483

349.599

178.953

2018

66.690

351.361

172.414

Fonte: CFC (elaboração própria)

Como pode ser visto na Tabela 1 houve um crescimento constante e considerável no número de contadores e organizações contábeis entres os anos de 2014 e 2018. É possível, ainda analisando a tabela, notar que o número de técnicos contábeis começou a reduzir a partir de 2016. 4. ANÁLISE DE DADOS Conforme foi demonstrado por meio da abordagem e dos números apresentados no gráfico 1, respectivamente, a crise econômica que assolou o país entre 2014 e 2018 afetou sobremaneira o mercado de trabalho brasileiro. Os dados a esse respeito são bastante contundentes. De acordo com informações do IBGE, nesse mesmo período, o desemprego atingiu cerca de 13,7% da população economicamente ativa. No entanto, apesar do forte impacto sofrido pelo mercado de trabalho, nem todo os setores da economia foram atingidos com a mesma gravidade, no caso de alguns seguimentos, como os da área de contabilidade, os efeitos não foram negativos. Pelo contrário, conforme já havia asseverado, por ter um campo de trabalho bastante peculiar, os contadores não sofreram, em sua área, os impactos da crise econômica da forma como os demais campos do trabalho sofreram. Enquanto o mercado de trabalho brasileiro, de um modo geral, a partir de 2015, começou a sofrer redução no número de vagas, com crescimento acentuado do desemprego nos anos subsequentes, (12,3 milhões de desempregados em 2016), nesse mesmo período conforme dados do CFC aumentou o número de empresas de contabilidades. Tal fato, relacionado à profissão do contador, em parte, pode ser explicado pela própria história dessa profissão. Por ser uma área diretamente


ligada ao modelo de sistema econômico, político e social no qual vive o Capitalismo e suas variações, a contabilidade e seus profissionais exercem o papel preponderante na economia. Prova disso, é o fato da atuação do contador nos setores de Analista Contábil, Auditor, Perito, Análise Gerencial dentre outras, figurarem entre as funções posições que se mantiveram em alta durante o período de crise. Enquanto para o mercado de trabalho geral a taxa de desemprego, entre 2014-2018, atingiu o ponto máximo de 12%, 2016, e mantendo uma média de 11,8% entre 2017-2018 (ver gráfico 1), a área contábil aparece na contramão da crise com números bastante expressivos: de 2014 a 2018 houve um amento de 34.073 registros de contadores. Em relação à quantidade de técnicos, há uma gradual diminuição. Entretanto, em valores absolutos o número de profissional contabilista, quando somados contadores e técnicos cresceu no período estudado. Pode analisar pelo gráfico abaixo:

400,000 348,393

350,000 300,000 317,288

349,599

334,675

351,661

250,000 200,000 191,210

178,953 197,390

197,847 172,414

150,000 100,000

50,000 0 2014

2015

Contadores 2016

Técnicos 2017

Gráfico 2- Comparação de Técnicos de Contadores 2014-2018 (em número)

2018


Fonte: CFC (elaboração própria)

O Gráfico 2 mostra a comparação de contadores e técnicos, assim observa-se o comportamento do crescimento dos contadores e a diminuição dos técnicos em números absolutos. Isso pode indicar uma necessidade de qualificação já que o número de contadores aumentou no mesmo período. De acordo com dados do CFC, apresentados no quadro 1 deste trabalho, houve crescimento no número de organizações contábeis. Esses dados estão representados no gráfico 3 bem como no número de profissional no Conselho.

Crescimento das Organizações 80,000 70,000

57,900

60,000 50,000 40,000 45,348

63,483

66,690

51,351

30,000 20,000 10,000 0

2014

2015

2016

2017

Gráfico 3- Crescimento das Organizações2014-2018 (em números )

2018


Fonte: CFC (elaboração própria)

O Gráfico 3 mostra o crescimento das organizações contábeis do período de 2014-2018, com o um aumento significativo em números absolutos. O estudo indica que o período analisado, o profissional da área contábil conseguiu responder positivamente à

crise econômica instalada no país,

criando novas oportunidades de trabalho.

5. CONCLUSÃO Este trabalho analisou, a partir das pesquisas e averiguações realizadas, os efeitos da crise econômica brasileira ocorrida entre 2014-2018 para o mercado de trabalho dos profissionais de contabilidade. Para tanto, a princípio, com base em alguns teóricos, tais quais: Michaelis (2016), Carneiro & Costa (2017), Barbosa Filho & Pessoa (2015), foi possível perceber que a Crise econômica que atingiu o Brasil no ano 2014 deixou duas marcas o que se refere ao mercado de trabalho; e, também ficou constatado que crises dessa natureza são ocasionadas por fatores conjunturais associados à política, à economia, entre outros. No entanto, antes se fez necessário uma imersão nos trabalhos de Almeida (2017) e Alberto (2007) para fins de averiguar o sentido de Contabilidade e profissional contábil empregado neste trabalho. Além dos referidos autores, este trabalho também foi construído com base em Perondi (2018), Cury e Caoli (2016), os quais possibilitaram visualizar a ocorrência da crise a partir da sua incidência no Brasil. Partindo disso, assim como do escopo desta pesquisa, constatou-se, por meio dos dados analisados, que o esfreamento do mercado de trabalho, em função da crise, de um modo


geral não afetou negativamente a área dos profissionais contábeis, haja vista que esse campo tem especificações próprias. Tal constatação, sintetizada na análise desse texto, possibilitou a ratificação da hipótese que ora fora levantada no início deste trabalho. Além disso, importantes questões sobre a profissão do contador também foram apresentadas. Elas possibilitaram compreender tal profissão de forma mais abrangente e como sendo multifacetada. Ademais, por meio deste trabalho conclusivo, aspectos relevantes acerca da área de contador dentro de um contexto bastante importante foram mostrados. Tais aspectos apontaram para a versatilidade dessa profissão, o que, consequentemente, explicou o crescimento de contadores num período de crise, bem como o fato de esse mercado de trabalho não ter sido afetado. Dessa forma, portanto, por seu aspecto técnico e inovador, essa pesquisa é recomendada por fornecer ao debate acadêmico uma discussão sobre a Profissão de Contador, tendo o estudo da crise econômica como pano de fundo, bem como por contribuir para futuros trabalhos científicos acerca dessas questões. REFERÊNCIAS ALBERTO, Valter Luiz Palombo. Perícia Contábil. 4 ed. – São Paulo: Atlas, 2007. ALMEIDA, Erico. História da Contabilidade – do surgimento aos dias atuais. Disponível em: <https://suficienciacontabil.com.br/2017/09/19/historiada-contabilidade/>. Acesso em 01 out. 2019. BARBOSA Filho, F. A Crise Econômica de 2014/2017, Estudos Avançados, v. 31, p. 51, 2017. ______; H. & Pessoa, S. A. A desaceleração veio da nova matriz, não do contrato social. In: Bonelli, R. &Veloso, F. (orgs.). p. 1-29, 2014. BLANCHARD, O. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/wpcontent/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-deEconomia.pdf>. Acesso em 17 set. 2019. CARNEIRO, C. & COSTA C. (2017). Comitê da FGV afirma que recessão recente foi a mais longa e a mais intensa desde anos 80. O Globo Economia. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/comite-da-fgv-


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