Ser cusco em tempo de Covid -19

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Ser cusco em tempo de Covid-19


Ficha técnica:

Título: “Ser cusco em tempo de Covid-19” Autores: alunos do 6º ano da Escola Básica de Lamaçães Colaboradoras: Professoras de Português Editora: Biblioteca Escolar Propriedade: Agrupamento de Escolas D. Maria II Data da Publicação: junho de 2020


Foi pedido aos alunos do sexto ano para fazerem um pequeno texto sobre uma destas janelas. Teriam de se armar em cuscos, pois sĂŁo janelas dos vizinhos, e imaginar o que por lĂĄ se estaria a passar, em tempo do confinamento social. Alguns responderam ao apelo das professoras de PortuguĂŞs e surgiram os textos, que foram compilados neste ebook.


Na primeira casa da rua, Temos a menina Ritinha. Chateada com o pai, Por ser chamada de princesinha. Na casa da frente, Lá está o senhor João, A fazer exercício Para ficar fortalhão. No prédio de trás, Vemos a gata Falua, À janela a olhar, Para a luz da lua. Já na casa da direita, Há imensa gente, A arrumar e a falar: Todos com um ar contente! É aqui que eu vivo Em tempo de confinamento Apesar de ser um lugar tão afetivo Não gosto do isolamento! Ana Laura Conraria, 6º7


A Lua não é só para os cães! Acordei a meio da noite e fui à cozinha. Aí, vi o meu gato empoleirado no parapeito da janela, especado a olhar para a lua. Como não tinha mesmo nada para fazer, nem sono, fiquei também a admirar a lua. Naquela noite, a lua estava linda! A brilhar que nem LEDS do Natal. Mas,

depois

comecei

a

pensar...: "Porque está o gato à janela, a estas horas, se normalmente está na minha cama, a dormir?! Em que pensará?! O que estará ele a ver de tão interessante na lua?!" Fiquei mesmo confusa! Mas, depois reparei: era só uma mosca, pousada no lado de fora da janela! Ah! Ah! Então, depois de rir um bocadinho para mim, disse ao meu gato, enquanto me dirigia de volta à minha cama: - A lua não é só para os cães! E fui dormir. Só então reparei que já eram seis da manhã! Como é óbvio, eu e o meu gato acabámos por dormir o resto do dia todo!

Carolina Ferreira, nº5, 6º4


Quando olho pelas janelas da minha casa, pergunto-me o que se passará em casa dos meus vizinhos, para além do que consigo ver através delas. Sempre que olho pela janela da sala de estar, vejo a senhora Luísa a discutir com o senhor Manuel, para ser sincera acho que eles nunca se deram muito bem, apesar de serem marido e mulher. Sempre que é hora das refeições, vejo-os a discutir. O senhor Manuel não gosta da comida da senhora Luísa e isso ofende-a. Cá para mim, aquilo vai dar em divórcio! Pela janela da cozinha, vejo uma casa onde vive uma rapariga sozinha. Está sempre no quarto a estudar, passa a maior parte do tempo com a cabeça enfiada nos livros. Pareceme que só sai para comer ou ir à casa de banho. Deve gostar mesmo de ler e parece uma rapariga bastante aplicada nos estudos! Acho que ela anda na universidade, mas não tenho a certeza, pois não sei bem a idade dela. Gostava de a conhecer, parece ser uma boa rapariga, mas muito solitária. Nunca a vi com pessoas, acho que não tem família. Aliás, se a tem nunca a vi. Quando estou no meu quarto e olho pela janela, vejo o gato da dona Adelaide. É tão engraçado, está sempre à janela! Penso que ele gosta de olhar para as pessoas e para os pássaros que ali passam. Sempre que me vê na janela começa a miar e a bater com as patinhas na janela. Nunca está quieto. Anda sempre de um lado para o outro, com aquele ar magnífico, que


só os gatos têm. E sempre que vê um pássaro a passar pela janela pensa que o pode apanhar e, por isso, atira-se contra ela e acaba por bater com a cabeça nos vidros. Apesar de ser bastante engraçado, também fico com pena, pois pode-se magoar. Já da janela do quarto da minha irmã, vejo o casal Pereira a falar com a dona Matilde. Estão sempre a falar e a rir. Parecem ser bastante amigos. A dona Matilde adora falar e a senhora Pereira adora contar as novidades, por isso estão sempre a contar as novidades e a falar uma com a outra. Elas sabem a vida toda das pessoas do bairro. Imaginem, eu e a minha família chegámos h dois anos e elas já sabiam que nós íamos morar no prédio ao lado do delas. Apesar das coisas que eu vejo através das janelas, nunca sei tudo o que se passa. Há tanta coisa escondida através delas! Nunca se sabe, realmente, o que se passa em casa dos nossos vizinhos, pois só sabemos aquilo que as janelas nos deixam ver. E, se pensarmos bem, durante toda a nossa vida, estamos atrás de uma janela, só expomos o que queremos. O que não queremos, escondemos dentro das nossas paredes, longe da transparência dos vidros das janelas!

Antónia Barbosa, 6º7


Olho para a janela à procura de alguma coisa que me surpreenda. Olho para o prédio em frente e penso: “O que será que os meus vizinhos estão a fazer?” Reparo na primeira janela e apercebo-me de um casal. Parecem chateados! A mulher está de braços cruzados com uma cara zangada e triste e o homem está a falar e a gesticular. Talvez discutam por causa de problemas financeiros! Passo para a segunda janela e reparo numa jovem. Encontra-se num quarto, onde há uma cama com uma manta aos quadradinhos vermelhos e brancos. Será confortável? Também existe um armário castanho e um candeeiro de cristais. O que estará ela a fazer? Estará a observar-me através da sua câmara de filmar? Talvez procure o mesmo que eu… Observo, na terceira casa, um gato a miar, atrás de uma janela com cortinas beges. Estará ele a ver um pássaro e por isso está a miar? Em que estará a pensar? Será que se sente sozinho? Ou sentir-se-á honrado por ter uma família que o adora? Espero que sim! Na quarta casa, existem duas janelas. Na primeira, está um casal. Estão na cozinha a limpar os armários e a louça. Acho que são amigos das pessoas da casa ao lado. Nessa, vemos um senhor de idade e uma rapariga a chamar por eles na varanda. Devem ser da mesma família. Nesta quarentena, esta é a única forma de comunicação segura.


Concluo que apesar de estar isolada, não estou sozinha. Fecho a janela para ir descansar. Amanhã será um novo dia.

Mariana Mamede, 6º7


As janelas À hora do jantar, olho sempre para as janelas dos vizinhos e questiono-me: “O que estará a acontecer nas suas casas?”: Espreito por uma das janelas e vejo uma senhora que tem gatinhos sempre curiosos. Parece que, tal como eu, também anseiam coscuvilhar as janelas dos vizinhos. Noutra janela, vejo uma bela história de amor! Um rapaz e uma rapariga a brigar com ciúmes um do outro, mas, no fim, acabam sempre a fazer as pazes.

Já os vi a discutir

dezenas de vezes, mas acabam sempre a namorar, apaixonadamente! Um dia, durante este período, todos socializaram, na minha rua. Parecia uma festa! Tanto as famílias como as pessoas que vivem sozinhas vieram para a janela e conversaram felizes, quer nas janelas do seu prédio, quer com quem se encontrava nas janelas de outros prédios. Algo mágico que aconteceu no meu bairro, na minha rua. Só hoje descobri este tesouro da amizade e questiono-me: “Será que fomos sempre assim tão felizes ou só agora é que descobrimos a amizade dos vizinhos?” Davi Arruda, 6º7


Quando me sento na cadeira do meu terraço, olho à volta, observo as janelas dos meus vizinhos e tento imaginar o que se estará a passar. Outro dia, vi um gato numa janela do 3º andar no prédio da frente. Era muito peludo e tinha uns lindos olhos verdes, mas desapareceu depressa entre as cortinas. Talvez estivesse na hora de comer. Depois, olhei para a janela em frente à minha. Via-se uma cozinha e duas pessoas. Um homem sentado e uma mulher de pé que, ao início, parecia muito séria, mas, logo a seguir, disse algo que pôs os dois a sorrir. Eram, provavelmente, um casal e parecia que a senhora tinha revelado uma boa notícia. Decidi olhar um pouco para o lado esquerdo e parei numa janela onde apenas conseguia ver uma sombra a andar de um lado para o outro. Finalmente, a misteriosa sombra parou à frente de um espelho e pude observá-la melhor. Era uma mulher ainda jovem e notava-se que estava apressada. Da maneira como estava arranjada, pensei que o mais certo era que se estivesse a preparar para sair com alguém, apesar de estarmos em isolamento. É interessante ver o que se passa à nossa volta e ainda mais interessante poder imaginar tantas histórias diferentes ao ver tantos cenários diversificados. Maria Alexandra Oleksiv Leite, 6º7


Vizinhos

Duas

janelas

idênticas

separam

duas

famílias

completamente diferentes. O rapaz da blusa vermelha vive sozinho em casa e não quer saber dos vizinhos. É um verdadeiro lobo solitário! Já a outra janela pertence a um casal muito extrovertido e sociável, apenas o homem da blusa vermelha não interage com eles. Às vezes, acontecia ao casal olhar para a janela para tentar conhecer o homem, mas a mulher e o marido eram ignorados, como de costume. Assim, podemos dizer que são apenas as janelas esverdeadas a única coisa que estes vizinhos têm em comum.

Legenda: a imagem traduz uma situação comum que se vivencia atualmente, que é a falta de socialização entre os indivíduos que moram no mesmo prédio.

Pedro Costa, 6º2


As janelas

Olá! Hoje vou contar-vos o que anda a acontecer com os meus vizinhos e que eu tenho coscuvilhado pelas janelas. Bem, ontem, ao almoço, fui à janela do meu quarto e vi a filha do meu vizinho, o Sr. António Matagal, a chatear-se com ele, porque ela é muito mimada e quer tudo o que os outros têm. Pela primeira vez na minha vida, vi o Sr. António a dizer-lhe que não e depois dessa parte, ó Meu Deus, um escândalo que vocês nem imaginam, um berreiro daqueles que todo o bairro ouviu! Mais tarde, voltei lá e dei com a mãe da menina mimada na janela. Estivemos a falar durante um bocado. Ela não se calava e o meu cérebro só repetia: “ Por favor, D. Cassandra, eu gosto de si, mas tenho um texto de português para escrever e é para entregar no domingo!” Mais tarde, tentei ver outras coisas sobre os meus vizinhos, mas o gato estava a olhar para mim com um ar furioso, fiquei com medo e fui-me embora. Fui até ao quarto dos meus pais que é nas traseiras da casa ver os outros vizinhos. Estavam muito calmos. O Sr. Alfredo e a filha encontravam-se na varanda, enquanto a D. Francisca arrumava a sala. Até me disseram olá! Bom, tenho de ir, a minha mãe está-me a chamar. Prometo que amanhã volto a cuscar! Maria Silva, 6º7


A vizinha estranha À frente da janela do meu quarto há uma outra janela de uma casa grande e muito bonita. Todos os dias, por volta das quatro horas da tarde, aparece uma mulher com uma câmara a apontar para a minha janela. Fico curioso! “Será que ela quer saber da minha vida? Será que ela me está a filmar? Será que ela está mesmo a apontar na minha direção?” Eu queria perguntar-lhe o que é que ela está a filmar, mas não posso sair de casa, porque estamos a passar por uma pandemia! “Será que ela mora sozinha?” Hum… Eu acho que deve morar com outras pessoas! A casa é tão grande!” “Será que mora com amigos? Será que mora com os pais?” Espero poder conhecê-la muito brevemente!

Pedro, 6º3


Da minha janela Da janela do meu quarto, todos os dias, à tarde, observo os meus vizinhos da frente a conversarem. Parece ser um casal simpático! Talvez seja a hora a que ele chega do trabalho, pois ele senta-se e a sua esposa aproveita para lhe fazer companhia. “Será que tem saudades de conversar? Será que se sentia sozinha, antes de ele chegar? De que falarão?” pergunto eu muitas vezes a mim próprio. Imagino que, com a situação atual que vivemos, devem falar sobre como correu o dia e das suas preocupações em relação ao covid-19. Penso também que devem sentir muitas saudades dos seus parentes, pois há dois meses que apenas vejo os dois da minha janela. Gosto muito de os observar! Além de ser um casal simpático, ajudam-me a passar algum do tempo que sou obrigado a estar em casa. Afonso Sousa, 6º2


Janela do pensamento Durante o dia, da janela do meu quarto, consigo ver um prédio azul, com todas as janelas pintadas de amarelo. Todas menos uma, que está pintada de branco. Quase sempre que olho para essa janela, vejo um gato cinzento a olhar para baixo. Ele fica a ver os carros a passar. Quando não passa nenhum, fica a olhar para as pessoas que andam na rua de máscara pois, até há pouco tempo, não era comum ver gente assim. Outras vezes, põe-se a olhar para o nada. Acho que fica a pensar num plano para os gatos dominarem o mundo ou então na situação atual que estamos a viver.

Mariana, 6º2


Uma conversa da vizinhança

Da minha janela, vejo o que parece ser uma discussão, mas porquê? Situações económicas? Política? Deve ser algo inocente, pelo que parece. Na minha janela lá fico eu a ver aquela confusão que ali vai... mas....que horas são? Será que eles percebem que há gente a ver aquelas figurinhas? Sinceramente, nunca pensei tanto nos meus vizinhos como agora. O que será que vou ver amanhã?

Rafael Castro Sousa 6º4


A rapariga estava em sua casa, já há alguns dias, cumprindo as regras da quarentena e procurava o seu gato, quando o vê pela janela do seu quarto, na casa do vizinho a espreguiçar-se. Ela entra em desespero, pois não sabe como tirar o seu gato de lá, mas tinha de fazer alguma coisa. A rapariga não sabia nada sobre o seu vizinho, mas pegou na sua máscara, passou álcool em gel nas suas mãos e foi em direção à casa do seu vizinho. Quando chegou lá, bateu à porta e tentou explicar a situação, mas o vizinho disse que o gato era dele. A rapariga ficou em choque! Não era o seu gato? Tinha-se enganado e continuava sem saber onde ele estava. Quando chegou a casa, estava lavada em lágrimas,

tinha

perdido

o

seu

companheiro! Estava um bonito dia de sol, era um dia quente, e ela decidiu abrir a persiana do seu quarto, para arejar um pouco o ambiente. Mas, quando estava a abrir, ouviu algo: era o gato que miava desesperado na parte de trás da persiana. O bichano ficara preso quando tentava afiar as garras. Felizmente que a rapariga o conseguiu encontrar e retirálo da prisão onde estava! José Setti, 6º4


Um olhar à janela Estava a amanhecer e o gato da minha vizinha encontravase à janela de casa. Era um gato espantoso, tinha uns olhos grandes e um pelo magnífico! Conseguia ouvir o seu miar, enquanto observava os seus donos que saíam para a escola de mochila às costas. Repentinamente, o seu olhar desviou-se noutro sentido. Estavam uns gatos abandonados a brincar no caixote do lixo, ele só pensava no quão bom seria estar ali a brincar com eles e não estar fechado em casa. Sentia-se sozinho, agora que não tinha companhia para brincar. E continuou à janela, à espera.

Beatriz, 6º2


Da varanda do meu apartamento, consigo observar o prédio vizinho, a rua, entre outras… Num certo dia, olhava eu para a janela da minha vizinha do lado direito (do lado esquerdo nem se fala, aqueles barulhentos!), quando vi o gatinho dela, todo peludinho, a olhar muito atento para a rua. Alguma coisa lhe estava a provocar aquele interesse! Perguntei-me por que estaria ele a olhar tanto naquela direção!? “O que estaria ele a pensar?” Bem, curiosa, decidi ir ver se estava tudo bem. Frustrada por não satisfazer a minha curiosidade, voltei para casa. Toquei à campainha da minha vizinha, mas ninguém abriu a porta, apenas silêncio. Passara uma hora, ouvi o gato a miar bastante. Miava tanto, que até se ouvia da rua! Voltei lá novamente. Desta vez tinha de saber o que se passava! Era a minha vizinha! Ela tinha ido ao supermercado e tinha comprado bastantes coisas. Vinha carregada de compras! Estavam explicados quer a atenção quer os miados do gatinho!

Clara Oliveira, 6º3




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