ENEM 2012

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Domingo 4.11.2012

Educação

FOTOS DE LAURA MARQUES

Precoces. Alunos do 9º ano do ensino fundamental do Pensi Jacarepaguá realizam simulados pensando no Enem. A escola aplica exames a partir do 4º ano

Preparação intensa

Valorização do Enem exige adaptação das escolas, que aplicam simulados desde o fundamental GABRIEL ROSA

gabriel.rosa.rpa@oglobo.com.br

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oje, 5.791.290 estudantes realizam a segunda etapa do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, em 1.612 municípios do país. A prova será a única forma de entrada para a UFRJ e a UFF em 2013. A valorização do exame,

ao longo dos anos, acarretou mudanças na forma como as escolas preparam seus alunos. Se antes os esforços se concentravam no ensino médio, quando os alunos tinham uma grande carga de exercícios e conteúdo, agora eles estão disseminados durante toda a vida escolar. Alguns colégios, como o Pensi Jacarepaguá, já têm simulados visando ao Enem a partir do 4º ano do fundamental.

— Os simulados nesta fase têm o objetivo de familiarizar as crianças com o ambiente de vestibular — conta o diretor pedagógico, Sand Jorge. — As provas funcionam como bônus para as notas e inserem os alunos num universo em que há cartões-resposta e tempo determinado. Mesmo sendo aplicado para alunos que têm entre 8 e 9 anos e ainda estão muito distantes da realidade do Enem,

as provas têm boa aceitação entre pais e alunos. Facultativas, e aplicadas aos sábados, pelo menos uma vez por semestre, elas costumam registrar índices de frequência que beiram os 80%. — Acho fundamental começar a preparação mais cedo — relata Cristina Mello, mãe de Gabriel, aluno do 4º ano do Pensi e um dos que participam dos simulados. — É um treinamento importan-

te para que os estudantes não se apavorem na hora em que for para valer. Caroline Carvalho, de 12 anos, faz os simulados desde o ano passado, quando ingressou no 6º ano da escola. Com o passar do tempo, conta, foi se sentindo mais confortável com o teste: — Quando comecei a fazer os simulados, ia muito mal. Não estava acostumada a provas de múltipla escolha


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Domingo 4 .11 .2012

CAROLINE CARVALHO, 12 ANOS

“É muito importante viver este tipo de experiência”

ALAN CRAVO, 15 ANOS

“Quanto mais cedo se começa, melhor se encara este tipo de prova” Experiência necessária. Caroline, aluna do Pensi, e Alan (com um cartão-resposta, após fazer um simulado), que estuda no Alfa Cem: confiança na realização de exames preparatórios desde cedo

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com cartão-resposta. Hoje, já acompanho o ritmo da minha turma. O modelo de preparação diluído ao longo dos anos também está presente em outras escolas. É o caso do Alfa Cem de Jacarepaguá, que aplica o “Enenzinho”, teste para alunos do 6º ao 9º ano do fundamental. — Não adianta achar que, trancando o aluno do 3º ano do ensino médio numa sala, o sucesso está garantido — diz Cosme da Cunha, coordenador de ensino do Alfa Cem. — É preciso formar o aluno desde a base. Em 2009, o Enem mudou de perfil. A prova passou a ter questões interdisciplinares e a exigir a resolução de situações-problema, elaboradas a partir de acontecimentos do cotidiano. Foi aí que o Alfa Cem passou a aplicar simulados para alunos mais novos. Realizando o “Enenzinho” há três anos, Alan Cravo, de 15 anos, aluno do 1º ano do ensino médio, já se considera mais preparado para encarar o vestibular: — Para mim, Enem e vestibular são uma questão de experiência. Quanto mais cedo se começa, melhor. Para Andréa Ramal, doutora em Educação, a prática é benéfica se, como acontece no Pensi e no Alfa Cem, tiver caráter opcional, e seguir alguns parâmetros. — Se os exames integrarem uma proposta pedagógica consistente e tiverem apoio dos pais, não vejo problema. Até porque só vão fazer os alunos interessados, e, se não forem bem, não sairão prejudicados. Estas provas podem ajudar a ganhar concentração e resistência na leitura e dar ao aluno um retrato de sua aprendizagem. Mas seriam negativas se o clima fosse de cobrança e pressão. Estas crianças ainda são pequenas, e não há sentido em submetê-las a isso. l Continua na página seguinte


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