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Figura 2 - Linha do tempo da evolução da domótica

acessíveis e as pessoas, no mínimo, já ouviram falar a respeito, seja por meio da mídia ou por algum amigo que já possui um sistema instalado em sua residência (Silva Apud, MURATORI e DAL BÓ, 2014, p.15).

Teza (2002) afirma que nos EUA mais ou menos 5 milhões de residencias já são automatizadas desde 1998 a cada ano cada vez mais residencias tem automação, gerando um mercado cada vez mais procurado. No Brasil segundo a AURISIDE (Associação Brasileira de automação predial e residencial), foi estimado que em apenas em São Paulo cerca de 2 milhões de residências teriam a automação residencial inserida em seus sistemas.

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Em 2004, apesar de parecer que houve uma evolução, Murati e Dal Bó (2014) relatam que o Brasil aos poucos está conseguindo chegar no mesmo patamar que o de mercados mais consistentes e evoluidos no mundo. Mas para isso é necessário ter profissionais habilitados e com conhecimentos especializados na implementação desses sistemas para que de fato exista mão-de-obra adequada para que a domótica cresça efetivamente no Brasil, e não se torne uma mão-deobra rara e onerosa. Para ilustrar toda essa evolução da domótica Domingues criou uma linha do tempo, a seguir:

Figura 2 - Linha do tempo da evolução da domótica

Fonte: (DOMINGUES, 2013, p. 16)

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3. HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA E A DOMÓTICA

3.1. HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA Nesse capítulo será abordado a maneira de habitar no século XXI, costumes e hábitos da atualidade, novas configurações da sociedade, das famílias e como isso influencia a arquitetura propriamente dita. Como abordado no capítulo anterior, hoje também faz parte da nossa rotina a convivência com aparelhos tecnológicos que facilitam tarefas, dessa forma, a tecnologia estará também atrelada a discussão de habitação contemporânea.

A evolução da arquitetura no decorer de cada ano, década e século, nos mostra a importância e a necessidade da adaptação do espaço físico de acordo com novos pensamentos críticos, culturas, novas formas e ponto de vista de habitar. Não se pode deixar de observar como a configuração do espaço de habitar no passado mudou, principalmente após a revolução industrial com a inserção dos aparelhos e eletrodomésticos. Forty, (FORTY, Tradução Pedro Maia Soares, 2007) ao tratar do LAR em seu livro relata que antes da revolução industrial as casas compreendiam espaços destinados exclusivamente pro trabalho, e depois do surgimentos de industrias e grandes empresas, a residência em si passou a se tornar o refúgio para descansar, comer, dormir, e outros ócios. Os eletrodomésticos permitiram também, cada vez mais a compactação de cômodos.

O século XXI mudou a forma de pensar e de agir da sociendade. Atualmente, com a evolução da tecnologia da informação, há a possibilidade de trabalhar no ambiente doméstico. Vivenciamos ainda a compactação das casas que abrigam perfis de famílias das mais diversas possíveis. As formas de habitar mudam não só de tempos em tempos, mas de família para família.

Montaner (MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011) cita quatro conceitos que definem a forma de habitar no presente,

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são elas: ADAPTAÇÃO AOS DIVERSOS MODELOS DE FAMÍLIA, ADAPTAÇÃO Á EVOLUÇÃO DESSAS FAMÍLIAS, NECESSIDADE DE CONSTRUIR ESPAÇOS NÃO HIERARQUIZADOS E ESPAÇOS SUFICIENTES PARA MULTIFUNÇÕES (TRABALHO, ATIVIDADES DOMÉSTICAS). (MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011).

O autor ainda afirma ainda que existe necessidade de socialização e que a socialização é de fato o que define a característica de novos agrupametos familiares, entre pessoas que se relacionam, amigos, família, e que a casa é um local que deve ser flexível podendo suprir qualquer um desses perfis familiares e grupos que vivem juntos.

O que pode explicar essas variedades hoje é que nossa sociedade atual é composta por uma diversidade infinita, em função das diferenças culturais, e aspectos como: religiões, idades, escolaridade, sexualidade e ainda, a permanência com grande peso das mulheres no mercado de trabalho. A escolha por ter ou não filhos, casar ou não, morar só ou acompanhado, além de dificuldades econômicas influenciam o projeto da moradora. Esses fatores transformam a configuração familiar e por isso, não se deve pensar em habitação de forma homogênea, , quando se há uma pluralidade de estruturas familiares (MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011).

Os aspectos considerados fundamentais para essa pluradidade são:

a) A população estagnou, mas o número de casas necessárias está aumentando porque o número de habitantes por casa está diminuindo. b) O maior aumento é nas famílias unipessoais. c) A idade em que os jovens deixam a casa dos pais está mudando. d) A composição das famílias muda com mais frequência e mais repentinamente devido ao fato de as pessoas morarem juntas em uma base mais temporária. e) Os idosos vivem cada vez mais de forma independente. f) O número de pessoas nas famílias varia ao longo do tempo e de forma síncrona (MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011, p. 22- TRADUÇÃO PRÓPRIA).

Para os autores as habitações devem ser flexíveis, isso é, imparciais, entendendo imparcial como ausência de

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privilégios para alguém em específico, ou seja, sem hierarquias.

Isso pode ser alcançado usando cômodos, amplos, porém que não sejam visivelmente melhores ou maiores que os outros, que não haja conflito na escolha de determinado cômodo para determinado habitante que vive na residência.

Os autores ainda defedem que não se deve separar cômodos para usos exclusivos, integrando um ambiente a outro, fazendo que os usos sejam dos mais variados, sem prédefinições, como por exemplo, a cozinha deixar de ser um ambiente para serviços, tranformando-a num local de socialização, onde todos participam, e não necessariamente a mulher.

Uma maneira clara de ilustrar essa imparcialidade é com o crescimentos dos filhos, as necessidades que eles passam a ter no decorrer do seu crescimento, de privacidade, de local de estudo, diversão, descanso e trabalho, tudo dentro de um mesmo cômodo. Isso pode explicar que as necessidades com o decorer dos anos podem possivelmente, passar a serem as mesmas para todos os residentes que habitam naquela casa.

Os filhos que antes eram crianças, hoje podem optar por morar com os pais até os 25 anos ou mais, então tem que existir essa possibilidade de adaptação nos cômodos, sem hierarquia, da mesma maneira a casa também precisa ser pré-concebida com possibilidade de acessibilidade. Uma casa sem hierarquia também se trata de uma casa democrática, pensada para todos, o que salienta a necessidade da casa contemporânea de ser uma casa adaptável e flexível.(MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011)

Partindo desse princípio de novos usos, da diversidade de grupos familiares, novas formas de trabalho e tecnologias, é notável a necessidade de um espaço na habitação contemporânea voltado para o trabalho em casa. Muitas famílias tem optado por trabalhar em casa para aumentar a comodidade, melhorar a qualidade de vida e relação com pessoas que vivem ali, porém o desafio é não restringir e

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delimitar esse espaço única e exclusivamente, o recomendado é que ele seja adaptável, e flexível.

Os autores (MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011) enfatizam ainda que no caso de mulheres essa necessidade se torna ainda mais latente pelo fato de que as mulheres no geral , atualmente tem tido responsabilidades das mais diversas, executando multifunções, remuneradas ou não e que para ganhar tempo trabalhar no ambiente doméstico passou a ser essencial para conseguir executar todas as tarefas.

Por exemplo, costureiras, privadas professores que oferecem aulas extras, que realizam processos de acabamento em produtos manufaturados e muitos mais atividades desmentem a separação entre casa e local de trabalho como uma verdade universal. Em sociedades onde menos recursos e apoio institucional em relação ao cuidado infantil estão disponíveis, trabalhar em casa é o único meios de subsistência viáveis porque permite às mães conciliar o trabalho remunerado com as obrigações no que diz respeito ao cuidado das crianças e ao funcionamento da casa (MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011, p. 26 tradução própria). Ainda sobre como tornar a habitação cada vez mais flexível, a tecnologia é considerada um fator importante para tal, de forma que os sistemas construtivos e complementares, tornem as possíveis mudanças cada vez menos engessadas e mais simples. As habitações devem ser concebidas da mesma maneira que tecnologias digitais, como computadores, câmeras etc, que são cada vez mais adaptáveis e flexíveis, em constante mudança, de forma que consequentemente adaptações e mudanças se tornam cada vez menos onerosas (MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011).

O uso de novas tecnologias no ambiente doméstico, com o objetivo de proporcionar maior conforto, vem gerando um aumento na quantidade de equipamentos instalados, com as correspondentes repercussões no que diz respeito à estrutura da construção. A introdução de novos aparelhos elétricos, ar-condicionado ou sistemas de computador exige mais espaço em edifícios e exige que estejamos preparados para fornecer o espaço para permitir uma instalação sem problemas (MONTANER, MARTINEZ e FALAGÁN, 2011, p. 54 tradução própria).

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Essa necessidade e desejo, das formas de família, de implantação de novas tecnologias nos trás a domótica, ela como item Vimportante e facilitador para a integração e flexibilização desses novos usos dentro de casa. Dessa maneira permitindo comunicação rápida, e a mudança de um ambiente de trabalho por um ambiente de lazer em apenas um comando no celular ou até comando, por isso essa tecnologia tem se tornado cada vez mais parte do dia a dia das pessoas.

Com esse mesmo raciocínio Bolzani diz :

Espera-se que a residência inteligente possibilite espaços que possam ser programados para atender às necessidades do morador e para serem utilizados da forma e no momento em que se desejar. Isso pode parecer fantasioso, mas, se o espaço físico não se modificar, se permanecer inerte à introdução da tecnologia, a casa será sempre um local para a instalação de acessórios e nunca um ambiente em que tecnologia e arquitetura estejam integradas (BOLZANI, 2013 p. 137).

Deixando tudo isso ainda mais em evidência, atualmente existe uma urgência nessa adaptação da habitação contemporânea de forma flexível, isso porque vive-se em um contexto de isolamento social e quarentena decorrente da pandemia de Covid-19.

Frente ao contexto de crise ocasionada pela pandemia da COVID-19, diversas medidas foram adotadas por parte das autoridades que trouxeram repercussões para toda a população, especialmente para o mundo do trabalho. Entre elas está o distanciamento social, que trouxe como consequência o tele trabalho compulsório. (QUEIROGA, 2020, p.V).

3.2 HABITAÇÃO E A DOMÓTICA

A domótica pode proporcionar facilidades e colaborar para que esses objetivos da habitação contemporânea sejam conquistados.

Muitos edifícios tem implementado a domótica de forma objetivando a gestão de sistemas como a energia, gerando economia para favorecer todos os usuários.

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O sistema de gestão de energia permite reduzir o consumo de energia eléctrica e/ou custos de electricidade, mantendo o conforto e a segurança dos ocupantes do edifício. Ainda faz a análise da qualidade da energia recebida, e na sua falta exerce rotinas alternativas, como o uso de baterias, geradores e sistema de energia fotovoltaico, para que edifício funcione de maneira independente e quase autossuficiente (pelo menos por um tempo pré-determinado) (BARROS, 2010,p. 45).

O edifício Empire State em Nova Iorque (figura 03) é um bom exemplo de implementação do sistema domótico com o intuito de fazer a gestão de energia e gerar economia no controle de energia para os usuários. Apesar de ser um edifício comercial, ele ilustra muito bem a necessidade de mudança e economia.

Esse edifício mundialmente famoso, implementou os novos sistemas que geram economia financeira, após muitos anos de já construído. O projeto visou não só economia, mas também adequação aos novos parâmetros sustentáveis e mudanças da sociedade para melhorar a relação dos usuários com o edifício.

A instalação da solução de iluminação desenvolvida em colaboração com o administrador do Edifício Empire State, Jones Lang LaSalle, faz parte do projeto de remodelação das instalações do edifício para melhorar a eficiência energética e o rendimento financeiro. O projeto foi desenhado para reduzir o consumo de energia do edifício em 38% e os gastos em 4,4 milhões de dólares ao ano, ao mesmo tempo em que também previne a emissão de 105.000 toneladas métricas de gases que produzem efeito estufa durante os próximos 15 anos (Tecnologia de Lutron® em Edifício Empire State, s.p.).

Dentre os sistemas instalados para os objetivos citados, alguns deles foram sensores de presença que ligam as luzes quando algo se movimenta, controles que alteram a intensidade da luz quando a iluminação natural está ou não adequada, e uso de equipamentos sem fio que facilitam instalação e uso (Tecnologia de Lutron® em Edifício Empire State, Archdaily, acesso em 02 nov. 2020).

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