Catálogo: OBJECTOS DE ESCRITÓRIO DO SÉC. XX

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OBJETOS DE ESCRITÓRIO DO SÉCULO XX OBJETOS DE ESCRITÓRIO

HISTÓRIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE OBJETOS DE ESCRITÓRIO DO SÉCULO XX

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Departamento de História Departamento de Artes Visuais e Design

FICHA TÉCNICA Exposição e Catálogo

Edição e Coordenação Editorial Biblioteca Geral da UÉ Coord. Geral Carla Santos Textos e Prod. Editorial Rute Marchante Pardal Revisão de Textos Ana Cardoso de Matos Curadoria Imagem e Exposição Rute Marchante Pardal Design Gráfico Tiago Navarro Marques Tradução Luís Guerra Tratamento de dados / Arquivo UÉ David Nunes Baptista, Josefa Correia Créditos das Fotografias Coleção David Freitas e Coleção Mário Gama Freixo, Propriedade do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal Évora CME, Acervo Iconográfico à guarda da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC), DIVcom UÉ. Fontes identificadas nas imagens QRcode António Cachopas Impressão Serviços de Reprografia UÉ Execução e Montagem da Exposição Biblioteca UÉ Transportes Serviços Técnicos UÉ Contactos Gerais Universidade de Évora- BGUÉ, Largo dos Colegiais, 2. 7000 Évora ISBN 978-972-778-151-5 Agradecimentos Reitora da UÉ, Administradora da UÉ, Departamento de História e Departamento de Linguística e Literaturas da Escola de Ciências Sociais UÉ, Departamento de Artes Visuais e Design da Escola de Artes UÉ, e aos Departamentos de Informática, Física, Engenharia Rural e Matemática da Escola de Ciências e Tecnologia UÉ, Serviços Técnicos e Reprografia UÉ.

Especiais agradecimentos a Catarina Costa, trabalhadora da Biblioteca Geral UÉ, e a Maria Isabel Mira, pela oferta e empréstimo de alguns objetos que constam da exposição.

Agradecimentos a Isabel Manteigas, Dina Grácio, Conceição Ribeiro e Susana Afonso, do Património Postal e Telecomunicações, do Arquivo Histórico e da Biblioteca da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC), respetivamente, pela cedência, através de empréstimo, de telefones, bibliografia acerca das telecomunicações em Portugal, e pela cedência de imagens de época à guarda do Acervo Iconográfico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Agradecimentos a José Figueira Antunes, Diretor dos Serviços de comunicação e gestão administrativa e financeira da CCDR Alentejo, e a Vitor Traguedo e João Gordicho, trabalhadores da mesma Instituição, pela disponibilidade e gentileza na articulação e cedência, através de empréstimo, de alguns objetos expostos na Exposição. Agradecimentos a Eduardo Luciano, Vereador da Cultura da CME, a Susana Cunha do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora CME e a Cármen Almeida, Coordenadora do mesmo, pela cedência de algumas das fotografias de época que compõem a Exposição.

Agradecimentos a nove docentes da nossa Academia, a Tiago Navarro Marques, docente no Departamento de Artes Visuais e Design UÉ, pela sua preciosíssima colaboração, humanismo e criatividade; a Ana Cardoso de Matos, docente do Departamento de História UÉ, pela revisão da obra com apurado sentido crítico; a Luís Guerra, docente no Departamento de Linguística e Literaturas, pela tradução; a Maria Ana Bernardo, docente do Departamento de História UÉ, que no âmbito do Trabalho de campo elaborado na sua Unidade Curricular, Práticas de Património, no semestre par do ano letivo 2018-2019, na Licenciatura de Património Cultural, estabeleceu a ponte de colaboração com os seus alunos, Inês Isabel Martinho Banha, Mariana Penalva Rodrigues, e André Filipe Pratas Aurélio, na recolha de informação sobre alguns dos objetos expostos. Agradecimentos a José Sais e Luís Rato do Departamento de Informática, pela disponibilização de informação técnica respeitante a alguns computadores.

Agradecimentos a Shakib Shahidian, docente do Departamento de Engenharia Rural, a José Manuel Piteira Minhoto, docente do Departamento de Matemática, e a Manuel Pereira dos Santos, docente do Departamento de Física da UÉ pela cedência de objetos, provenientes dos seus gabinetes de trabalho.

Por último, “last but not least”, um especial abraço de agradecimento, pela revisão linguística do texto, “Ontem. Hoje. E o amanhã”, a Rui Pina Coelho, docente no Programa em Estudos de Teatro, e diretor do Centro de Estudos Teatrais e da Sinais de Cena – Revista de estudos de teatro e artes performativas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

O presente Catálogo foi publicado por ocasião da Exposição, “Objetos de escritório do Sé. XX” realizada entre março e dezembro de 2020, na Sala de Exposições do Arquivo Histórico, afeto à Biblioteca Geral da Universidade de Évora.

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ÍNDICE 5 9 19 39

49 54

58 67

71 75 78 94 111 120

126 136

138 142

Sinopse OBJETOS DE ESCRITÓRIO SÉCULO XX Estrutura expositiva 1 CENÁRIO MESA ESCRITÓRIO ANOS 60 Estrutura expositiva 2 MÁQUINAS DE ESCREVER MECÂNICAS Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE MÁQUINAS DE ESCREVER MECÂNICAS Estrutura expositiva 3 MÁQUINAS DE ESCREVER ELÉTRICAS Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE MÁQUINAS DE ESCREVER ELÉTRICAS Estrutura expositiva 4 MÁQUINAS DE CALCULAR Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE MÁQUINAS DE CALCULAR Estrutura expositiva 5 MÁQUINAS DE FRANQUEAR Galeria de imagens POSTERS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE MÁQUINAS DE FRANQUEAR Estrutura expositiva 6 TELEFONES Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE TELEFONES Estrutura expositiva 7 COMPUTADORES Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE COMPUTADORES Estrutura expositiva 8 COMPUTADORES PORTÁTEIS Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE COMPUTADORES PORTÁTEIS Ontem. Hoje. E o Amanhã?

Bibliografia 3

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SINOPSE Objetos de escritório do Séc. XX. Há objetos com história, memória e identidade que marcam épocas.

Há objetos que identificam pessoas e o quotidiano de outrora, de determinadas atividades e de determinados setores, ligados a Instituições públicas ou privadas, que reavivam a memória dos que, diariamente, lidaram com esses mesmos objetos, e que transportam as gerações mais novas para realidades que lhes são desconhecidas, embora a distância que os separa seja, apenas, de décadas.

Datados desde a primeira metade do séc. XX, os objetos expostos resultam do levantamento e recolha feito em algumas instituições públicas, privadas e particulares. Muitos destes foram recolhidos em diferentes espaços da nossa academia, alguns pertencentes a docentes e a gabinetes de trabalho dos próprios serviços e departamentos da Universidade de Évora, outros, gentilmente, cedidos por particulares ligados à Instituição, e exterior a esta. Alguns pertenceram a espaços, e serviços que caracterizaram a cidade de Évora, como nos demonstram algumas das fotografias de época expostas na exposição, que retratam as instalações do Banco do Alentejo, na década de 60 e as instalações da Companhia de Seguros A Pátria na década de 20, propriedade do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora (CME). Outros objetos, como é o caso do telefone e algumas outras fotografias de época pertencem a uma outra instituição nacional de cariz patrimonial, o Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

A presente exposição pretende apresentar uma viagem ao século XX, a partir da seleção de um conjunto de objetos e equipamentos que marcaram a vida quotidiana, associada ao ambiente de trabalho em escritório. Pretende-se, deste modo, dar conta do testemunho de alguns objetos icónicos na História da Tecnologia e das Comunicações e que, embora obsoletos, são hoje considerados vintage e artigos de Museus e de colecionadores.

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 1978 - Sala dos Fonogramas (Telegramas Telefonados). Estação Central Telegráfica e Telefónica de Lisboa.

AGCTT – Administração Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones.

As peças expostas evidenciam, assim, o modo como ao longo das várias décadas do século XX fomos comunicando, registando e arquivando a informação e o conhecimento. Desde há muito que o homem, alicerçado no seu objetivo de vencer a própria natureza humana, se instiga a criar engenhos que lhe permitam chegar rapidamente a lugares inacessíveis, mas que nunca alcançaria sem a sua capacidade criativa para inventar.

Além do testemunho recriável de um ambiente de escritório, onde podemos observar aquela que poderia ser uma mesa de trabalho da segunda metade do séc. XX, percorremos no tempo os equipamentos e os objetos que nos vão dando conta de uma parte significativa da evolução tecnológica no decurso deste mesmo século, desde as máquinas de escrever e/ou datilografar, às máquinas de calcular e de franquear, aos primeiros computadores e portáteis, bem como a alguns modelos de telefones, entre várias outras peças inerentes ao ambiente administrativo.

Ao longo da História da Humanidade a exclusão das distâncias e o encurtamento do tempo foram, em grande medida, uma das primeiras causa-efeito da necessidade primordial de comunicar e, consequentemente, da necessidade de registar a informação.

Atitude que levou o homem a aplicar o engenho na criação de sistemas e instrumentos que lhe permitissem concretizar tarefas, que sem o avanço tecnológico lhe teria sido difícil realizar.

Sendo o tempo uma lição de vida que resiste e permanece através do objeto-matéria, contamos, a partir destes objetos, dar o testemunho da sua permanência no tempo, evidenciando, também, a resiliência dessas mesmas marcas na vida de todos nós, habituados que estamos a registar cada momento da nossa informação e conhecimento.

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Inauguração do serviço telefónico internacional entre Portugal e Espanha. Central de Lisboa. Quadro interurbano.

Autor: Núcleo Fotográfico Reportagem. Data: 1928, 17 de Maio.

Num passado não muito longínquo, a necessidade de comunicar, registar e arquivar informação e conhecimento permanecia, maioritariamente, restrita aos ambientes de escritório, deixando para os ambientes privados os longos serões e as longas tertúlias onde, ainda, era possível, através da palavra, partilhar informação e conhecimento, com base na confrontação e no debate de ideias, sem o uso do subterfúgio mecânico, ou virtual, como acontece nos dias de hoje.

Em pleno séc. XXI, a comunicação e o registo da informação e do conhecimento ultrapassa em larga escala o ambiente de escritório, uma vez que nos é possível arquivar e comunicar através de plataformas online em qualquer parte do mundo. O escritório da nova era digital é, assim, bem mais permeável a contradições e bem mais flexível, não apenas, pelo massificar e intensificar dos novos canais tecnológicos que nos permitem produzir múltiplas interpretações e possibilidades num clic, mas também porque não se restringe a um único espaço físico, e em boa parte, pode até ser apresentado ou representado através de estruturas de outsourcing num qualquer aprazível horizonte sem fim, produzindo, igualmente, valor.

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Tal como no passado, atualmente, objetos e equipamentos de escritório são reveladores da evolução da tecnologia e são marcas da mesma no tempo.

Computadores, telefones móveis, smartphones e pc’s portáteis refletem a gradual transformação no modo como hoje comunicamos e organizamos a informação e o conhecimento, o que tem vindo a intensificar e a transformar o modo como as sociedades do século XXI, marcadas que estão pelo consumo do imediatismo e pelo uso da imagem em detrimento das palavras e das pessoas, interagem num mundo capaz de cruzar e criar múltiplas leituras e interpretações.

Ao longo de todo o século XX, a par e passo com a evolução tecnológica, o gradual consumo de bens e serviços intensifica-se. Utilizando o instrumento empresarial e os diferentes modus operandi projetamse, tanto quanto possível, os valores do capital. Nos contextos empresariais intensificam-se os efeitos de dominó, na oferta e na procura de determinados produtos associados a determinadas categorias profissionais, impulsionadas pelo avanço tecnológico ocasionando, por um lado, e em determinados setores, períodos e Países, uma produção e evolução desenfreada do comércio de produtos, e por outro, a consequente supressão desses mesmos produtos e das categorias profissionais ligadas ao seu funcionamento. No decurso de um século, e no decorrer da evolução das telecomunicações no século XX, telefonistas e datilógrafas(os) seriam, talvez, os casos mais emblemáticos dessa mesma realidade, que atribui à Mulher um papel determinante no decurso desses mesmos processos, mas que, progressivamente, vê desaparecer, décadas mais tarde, essas mesmas categorias profissionais.

O uso das novas plataformas e das novas tecnologias para os mais variados fins são hoje uma realidade em crescente mutação que, através da crescente massificação, e apesar de potenciarem benefícios e curas, encaminham e circunscrevem, em determinados contextos, o declínio da palavra e do pensamento com análise crítica. Em detrimento do pensamento fundamentado na razão crítica, e na ciência, assistimos hoje ao rápido e efémero avanço do acismo, do jogo da contrainformação e do uso da imagem como arma de arremesso, que banaliza a multiplicidade, em oposição à diversidade, originando a multiplicação de massas acríticas, e sobretudo pouco tolerantes ao outro.

Nesse sentido, importa ressalvar que os objetos e os equipamentos de que damos conta na exposição fazem, também, eles parte de realidades que foram, objetivamente, sofrendo inúmeras e profundas transformações ao longo de um século. Apresentar o seu legado histórico impõe, porém, não nos limitarmos a descrever as suas qualidades técnicas, uma vez que os objetos nos permitem percorrer e refletir, também, aquelas que são as múltiplas repercussões da sua utilização num mundo emancipado, civilizado, e capacitador de (de)equilíbrio humano.

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Estrutura expositiva 1 CENÁRIO MESA ESCRITÓRIO ANOS 60

Fonte: Propriedade do Arquivo Fotográfico da CME. Instalações do Banco do Alentejo, em Évora. Autor David Freitas.

Data - Década de 1960.

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Fonte: Imagem do DIVcom UÉ.

Através das suas funcionalidades, os objetos revelam-nos modus operandi que atravessam décadas, metamorfoseando-se com relativa flexibilidade à evolução tecnológica, no decurso de todo um século. Contudo, apesar da sua evolução e transmutação no tempo, o propósito primordial destes equipamentos continuou a subsistir no tempo. Com o objetivo de registar dados e comunicar informação e conhecimento, no mais curto espaço de tempo, os objetos do passado continuaram a manter e a fazer perpetuar no presente duas das suas centralidades: registar para fazer perdurar no tempo determinada informação ou conhecimento, mantendo o seu carácter de utilidade «pública», centralizada e baseada na necessidade de controlo e planeamento de dados na área das organizações.

Os objetos que compõem uma mesa de trabalho de um escritório administrativo remetem-nos para um cenário de competências e funções que aguardam a execução de tarefas específicas. Redigir textos, cartas, realizar contas, ofícios e petições em escritórios e repartições públicas ou empresas até meados dos anos 80, quando surgiram os primeiros computadores pessoais, foram sendo tarefas mais ou menos compatíveis com o volume de processamento manual da documentação que os próprios equipamentos permitiam na altura.

Sendo o escritório administrativo, ou o gabinete de trabalho, um lugar de funções destinadas à escrita e ao registo de dados e/ou informação é também, muitas vezes, o lugar perfeito de devaneio lírico, determinado pelos minutos e horas do imperativo relógio de mesa e relógio de ponto, que nos impele a assentar e a delimitar o tempo. Nada que um toque frenético de telefone, adivinhando mais uma nova missão a cumprir, não acompanhe a toque de caixa.

Com as invenções tecnológicas, resultantes da Revolução Industrial (século XVIII), o mundo e as pessoas passaram a vivenciar inúmeras novidades e inovações que foram, gradualmente, estimulando profundas transformações nas sociedades, resultado da inequívoca alteração dos processos produtivos.

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 1957. Serviço de Assistência a Assinantes. APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited

Com o advento do comboio, do navio a vapor, da bicicleta, do automóvel, das máquinas de escrever, calcular e franquear, da fotografia, do cinema, do fonógrafo, do telégrafo, da rádio, da radiotelegrafia, e telefone (entre outras), o mundo e as pessoas passaram, em apenas algumas décadas, e mais rapidamente a partir da segunda metade do século XX, a correr com as velozes tecnologias da informação e da comunicação, impulsionadas pela eletricidade e pela evolução das telecomunicações. O mundo do registo mecanizado da informação e do conhecimento não foram exceção, e ao longo de todo o século XX estruturaram-se e capacitam-se novas realidades, até então nunca vividas, que culminariam no final do século XX com a rápida ascensão do Personal Computer, com o advento e massificação da internet e das mais recentes tecnologias de ponta que o século XXI nos viria a proporcionar.

Hoje, passado mais de um século, o mundo pensa e vive através de teclados de computador onde dedos, astutamente e de forma quase mecânica (porém automática), deslizam rapidamente através de ecrãs touch screen de smartphones, tablets e pc’s. Admiravelmente, tudo se tornou acessível à velocidade da luz numa fluidez que é bastante sintomática do modo como, hoje, objetos e equipamentos são pensados e produzidos, e no modo como estes mesmos objetos alteraram, por completo, a forma como as pessoas, profissional e pessoalmente, se relacionam e comunicam. O que (re)coloca na atualidade o velho paradigma do estadista estadunidense do século XVIII, Benjamin Franklin (1706- 1790) que no seu célebre Almanaque, Poor Richard’s Almanac (1732 a 1758) incluía a célebre frase: Time is Money! Não deixa de ser curioso que no que respeita às relações interpessoais e comerciais que todos nós vivenciamos, este permaneça um dos grandes paradigmas das sociedades contemporâneas.

Tudo ou quase tudo, convertido num clic, se compra e vende e deve gerar lucro.

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 1953. Como se faz um telefone. Com um apontamento de legenda escrita pela pessoa que a arquivou, ou pelo próprio fotógrafo: “V – outras manufacturas estão preparando as ligações do marcador”

Os equipamentos que fazem parte da mesa de trabalho que pertenceu ao poeta e historiador eborense Túlio Espanca representam essa ascensão e transformação dos modos de produção em larga escala que, progressivamente, se intensificam na segunda metade do século XX. Com funções no domínio das complexas estruturas administrativas, e com o intuito de fornecer aos órgãos governamentais e às pequenas e grandes empresas o contributo necessário para o bom desempenho de tarefas, que aumentam pelo acréscimo da acumulação de dados, resultante da crescente burocratização administrativa, estes objetos foram cumprindo de forma contante as missões a que foram destinados.

Estes objetos reúnem, assim, o testemunho do dinamismo tecnológico e económico do século XX, com o crescimento da indústria e da economia, e com a crescente produção em massa, que levaram a uma gradual desumanização dos trabalhadores, que muitas vezes se encontra associada à alienação1, com uma parte da população burguesa e liberal, e com a restante caracterizada por uma forte imobilidade social.

1 Fruto de décadas de estudos, este foi um conceito histórico aprofundado por Karl Marx (1818-1883), que produziu um profundo impacto na reflexão de como os diferentes setores da sociedade interagem numa relação de troca, onde as pessoas são apartadas dos bens que elas mesmas produzem.

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No fabrico destes equipamentos passou-se muito rapidamente para os modos de produção mecânica, onde o setor do ferro e do aço ganharam extrema centralidade, com o crescente e exaustivo recurso da mão de obra rentável, e com um número infindáveis de horas de trabalho, impensáveis nos dias de hoje aos olhos do Ocidente Europeu. Cenários, porém, não muito distantes do que se passa em pleno século XXI, quando olhamos para determinadas realidades da produção em larga escala em regiões como o sudoeste asiático, e um pouco por todo o mundo.

Passados mais de um século, e apesar de muito ter ocorrido no que respeita aos ganhos e benefícios decorrentes do pacto social com o final da II Guerra Mundial, em que se assistiu a “(…) um pacto social inédito até aí entre capital e trabalho.”2, a realidade de hoje reconfigura-se, porém, em novas distopias determinadas, em grande parte, pela precariedade laboral que acompanha inúmeras categorias profissionais neste mundo global, onde determinados

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 1947. Fabrico de telefones. Automática Eléctrica Portuguesa (A.E.P.)

2 Para aprofundar o tema, artigo: VARELA, Raquel (2019). O Pacto Social Europeu 1945 e a União Europeia. Tempo e Argumento.

Florianópolis, v. 11, n. 26, p. 574 - 600.

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atores e setores sociais continuam a ser os garantes e a força dos modos de produção de trabalho, no limiar de uma sobrevivência abaixo da reprodução biológica. Em determinados contextos, uma realidade acentuada pelo excesso de trabalho e más condições laborais, e a causa de uma das mais fadadas doenças do século XXI, o burnout3, já reconhecida pela World Health Organization – WHO, a Organização Mundial da Saúde, como um dos grandes flagelos do mundo do trabalho neste presente século, e que o universo refletido pelo poema de um anónimo4, que segue, tão bem nos ilustra.

Estou aqui entre papéis, canetas, monitor, teclado Memórias que permanecem impressas sem mudança de gesto Apenas o espirro viril desse parceiro E percebo que vivo

Não há sol aqui neste espaço, o telefone toca, Eu respondo e não é o meu Deus, é apenas o jornal de um qualquer dia, Música ajuda a conter o choro, pelo pensamento de uma fuga Para outro século

Com tudo o que digo, agrafador, chávena de café gelado, Tesoura que não corta as horas, o relógio do chão está em pausa ou esperando pela minha mão, A planta que mente e pede vida, a célula que me priva a prestar atenção às aplicações, Escravo estou, portanto, na minha mesa, preso a uma cadeira com as lágrimas de minhas refeições

De repente, a realidade atinge-me e eu pergunto-me o que estou aqui a fazer, porque não vou eu nessa Aventura que nos meus pensamentos viaja todos os dias, ainda tenho força, quem diz que é a lei da vida E que, assim, seja diariamente? Mas acalmo-me e assim chega outro dia.

3 Para aprofundar este que é já um dos maiores flagelos do século XXI, na área da produção do trabalho, consultar os estudos publicados pela historiadora Raquel Varela, estudos que refletem a abordagem nas áreas e categorias profissionais da Educação, com estudos realizados a professores, na área da Saúde, com estudos realizados a enfermeiros e médicos, sendo os seus últimos estudos de burnout no sector da Aviação, com estudos realizados a Pessoal de cabine e de Voo, e no sector dos Estivadores do Porto de Lisboa (Don’t Fuck My Job. As lutas dos Estivadores. Uma Perspetiva Global. Raquel Varela.

Edições Humus. 2019), e mais recentemente sobre a AutoEuropa em Portugal.

Victor Hugo do século XXI

Aceda ao QRcode para acesso aos conteúdos de descrição histórica sobre cada objeto exposto

4 Poema de um anónimo auto- intitulado Victor Hugo do século XXI, referenciado e consultado num blogue que se encontra, neste momento, indisponível.

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Fonte: Prospeto «Distribuição dos dedos» para as máquinas de escrever da Marca portuguesa Oliva. Offset Oliva, 1969. 30x31.

Imagem retirada do livro MARCELO, Paulo (2011). OLIVA, Memórias de uma marca portuguesa, Edições tinta-da-china, Lda, Disponível em http://www.tintadachina.pt/pdfs/f3cb6f582383edc278e7d54bf3d95344-inside.pdf

Máquina de escrever mecânica Oliva Modelo ABC 1500 |Portugal | C. 1960 Coleção Maria Isabel Mira

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Radio | Relógio | Suporte para canetas Westinghouse Modelo RLA 3190A | USA| C. 1970 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Telefone de disco AEP Modelo AEP – Automática Elétrica Portuguesa| Portugal | C. 1960 -1970 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 16

Suporte com Carimbos da Escola Regente Agrícola UÉ N/A Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Dispositivo de arquivo rotativo Rolodex Modelo SW35| EUA | C. 1970 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

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Candeeiro de escritório Frama Modelo Boomerang 2000 | Espanha | C. 1960 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

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Estrutura expositiva 2 MÁQUINAS DE ESCREVER MECÂNICAS

Fonte: Propriedade do Arquivo Fotográfico da CME. Instalações da Companhia de Seguros A Pátria.

Autor Mário Gama Freixo. Data 1925 19

As máquinas dactilográficas, vulgarmente conhecidas por máquinas de escrever mecânicas, marcaram um período importante na história das comunicações e das tecnologias, iniciando aquela que seria a forma mais eficaz para expressar e documentar uma ideia, em forma de texto, ou registar ofícios.

Alicerçada, por sua vez, numa segunda revolução tecnológica, empreendida na segunda metade do século XX, e na sequência do renascer pós II Guerra Mundial, as sociedades, capazes de gerar e transformar a comunicação e a informação, através dos novos equipamentos tecnológicos, capacitaram, gradualmente, alterações nos mecanismos de produção do conhecimento.

Estes equipamentos, de tipologias diversas, consoante o país de origem e de fabrico, desenvolvidos a partir da segunda metade do século XIX, contribuíram para uma maior fluidez no cumprimento de tarefas impulsionando, deste modo, o mundo comercial e económico-financeiro dos serviços, das repartições públicas e da banca. Traduzindo-se, também, na entrada da Mulher no mundo dos negócios, como podemos observar nas fotografias de época, gentilmente, cedidas pelo Arquivo fotográfico da Câmara Municipal de Évora (CME), e pelo Acervo Iconográfico à guarda do Aquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Com o acrescer de novas dinâmicas comercias e de diferentes sinergias de produção na área da informação assistiu-se, no decurso do século XX, à criação de novas profissões, como foi o caso do(a)s dactilógrafo(a)s. Palavra oriunda do grego antigo, que significa na sua origem “dactilo” - “dedo” e “grafia” - “escrita”.

Desde o último quartel do século XVIII, e ao longo de todo o século XIX, a industrialização, um pouco por todo o mundo5, foi determinando as bases e as poderosas teias com que se foi tecendo a gradual alteração e transformação do panorama socioeconómico e financeiro das sociedades até à segunda metade do século XX.

5 Obviamente, nesta análise deve-se ter em conta as abissais diferenças nacionais existentes em cada continente e país. Mesmo em relação a Portugal essas diferenças foram, claramente, discrepantes em relação à restante Europa, e mesmo dentro da nação não se poderá comparar todo um Portugal díspar entre si, uma vez que o que ocorreu no Norte, no Centro, e no Sul do país não teve a mesma expressão. Aliás, o próprio desfasamento entre o litoral e o interior é, ainda hoje, a fratura mais visível de um Portugal assimétrico. Quer o início, quer a duração da Revolução Industrial dependem e variam dos diversos contextos históricos, e de diversas equações com inúmeros coeficientes que variam, também, segundo as diferentes interpretações historiográficas. Eric Hobsbawm, por exemplo, considerou que a revolução industrial terá eclodido na Grã-Bretanha na década de 1780, mas que não terá sido totalmente percebida até meados da década de 1830 ou de 1840, enquanto que o historiador T. S. Ashton considerou que a mesma terá ocorrido aproximadamente entre 1760 e 1830. Contudo, outros historiadores do século XX, como o historiador económico britânico, John Clapham e o Professor de Economia e História Económica na Universidade de Warwick (Inglaterra), Nicholas Crafts, têm salientado que o processo de mudança económica e social ocorreu de forma gradual e que o termo “revolução” será demasiado pretensioso, ainda que convergente. Isolando o termo (revolução), a que a especificidade do tema nos obriga, o que quer que a própria definição do conceito signifique, quer no âmbito da industrialização, quer no âmbito da sua própria semântica, não se pode, contudo, contrariar e omitir as diferentes causa-efeito que os complexos contextos historiográficos, e suas interpretações possam refletir. Acerca do tema (VARELA, 2015).

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Fonte: Propriedade do Arquivo Fotográfico da CME. Instalações da Companhia de Seguros A Pátria.

Autor Mário Gama Freixo. Data 1925

Desempenhando um papel central no setor da dactilografia, a Mulher foi proeminente nesta área onde, pese-embora as hierarquias sociais, se foi emancipando à medida que foi fazendo parte ativa dos processos de transformação das novas formas de comunicar e dos novos modos de perpetuar a produção do conhecimento. Inicialmente como dactilógrafas, mais tarde, no desempenho de outras categorias profissionais, como a «menina telefonista», como tão bem nos ilustram as fotografias, gentilmente, cedidas pela Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC), a menina-moça-mulher começa, assim, a desbravar o seu próprio caminho, sempre com o olhar muito atento das hierarquias superiores, dominantemente masculinas.

De mecânica muito simples e de uma genialidade inventiva incrível, estas máquinas de escrever do início do século funcionavam a partir de teclados de vidro premidos sobre fitas com tinta, imprimindo, por sua vez, no contacto com o papel, caracteres a preto (e décadas mais tarde, a vermelho, também).

Era um processo unicamente mecânico, que utilizava o sistema de «tipos». Estes eram acionados por uma espécie de alavanca, a que correspondia cada letra no teclado. Esta letra pressionava a fita coberta de tinta, que se posicionava sobre o papel. O texto era, assim, impresso em tempo real e no caso de se errar uma letra, a mesma folha era, muitas vezes, inutilizada, devendo-se reescrever numa nova. Para evitar esta situação, o(a) dactilógrafo(a) precisava de dominar muito bem o equipamento, e ter uma boa destreza de mãos, dominando totalmente a técnica de escrever à máquina.

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Por isso mesmo, esta foi uma categoria profissional bastante solicitada e requisitada nas empresas e nas repartições públicas. Era uma profissão que exigia a formação de muitos jovens, na sua larga maioria jovens mulheres, que chegavam a passar por vários meses de curso, uma vez que para se transformar num bom profissional eram necessários longos treinos, que dariam uma média de cerca de 100 palavras por minuto. Nas formações de datilografia o(a)s aluno(a)s eram, muitas vezes, ensinado(a)s a escrever o posicionamento de cada letra do teclado com os olhos fechados ou vendados, de forma a conferir uma gradual rapidez à sua escrita.

Este aparelho foi, sem duvida, um legado histórico da revolução da imprensa do século XV, estimulado pela genialidade inventiva de Gutenberg, que imprimira os seus primeiros tipos de padrões de letras, impulsionando aquele que viria a transformar-se no rápido avanço da propagação de textos e livros, generalizando e disseminando, então, por todo o Sacro Império Romano-Germânico, os suportes materiais da moderna economia do conhecimento e da disseminação em massa da aprendizagem.

Embora sendo objetos do século passado, e desconhecidos pela larga franja da população mais jovem, são hoje considerados artigos vintage e peças únicas de museus, os parentes mais longínquos dos computadores. Ainda assim, estas máquinas sobreviveram até ao nosso século XXI, tendo sido extinta a sua última produção em 2011, aquando do encerramento, no Mumbai na Índia, daquela que seria a última empresa multinacional, a GodreJ & Boyce, a produzir máquinas de escrever.

Máquina de escrever mecânica Monarch Modelo Visible | EUA | C. 1920 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 22

Fonte: Cartaz publicitário alemão da máquina de escrever da Marca Monarch veiculado pelo ARTIFICHE THE LEADING ART GALLERY FOR SWISS POSTER DESIGN, Poster nº 2296, Koelliker, Hermann Alfred.

Disponível em https://www.artifiche.com/cms/front_content.php?idcat=6&article=2296&lang=2 23

Máquina de escrever mecânica Underwood Modelo 6 - 18’ | EUA | C. 1920-1930 Coleção Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA) 24

Fonte: Imagem de anúncio publicitário da máquina de escrever da Marca Underwood, veiculada pelo blogue, Antique Typewriter. The Martin Howard Collection.

Disponível em https://www.antiquetypewriters.com/typewriter/underwood-1-typewriter/ 25

Máquina de escrever mecânica Royal Modelo KMM | EUA | C. 1941 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

26

Fonte: Imagem de cartaz publicitário da máquina de escrever da Marca Royal, 1933.

Disponível em https://br.pinterest.com/pin/609323024555226349/?lp=true

27

Máquina de escrever mecânica Hermes Modelo Ambassador | Suíça | C. 1948 Coleção Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA)

28

Fonte: Cartaz publicitário das máquinas da Marca Hermes.

Disponível em https://www.pinterest.co.kr/pin/482377810058823372/

29

Máquina de escrever mecânica Messa Modelo M1 | Portugal | C. 1960 Coleção Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA)

30

Fonte: Cartaz publicitário de um Autocolante da célula do Partido Comunista Português da Fábrica Messa, em Algueirão - Mem-Martins. Fábrica portuguesa que produziu máquinas de escrever até ser desativada em 1985. Veiculado pelo artigo da Visão de 20/04/2012.

Disponível em http://visao.sapo.pt/nosection/2012-04-24-story 31

Máquina de escrever mecânica Triumph Modelo Gabriele 10 | Alemanha | C. 1969 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

32

Fonte: Campanha publicitária da máquina de escrever manual da marca Triumph, na Alemanha.

Disponível em https://oztypewriter.blogspot.com/2012/05/triumph-portable-typewriters.html

33

Máquina de escrever mecânica Daro Erika Modelo 41 | Alemanha | C. 1966 - 1969 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

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Fonte: Anúncio publicitário da máquina de escrever da marca Erika, veiculado no Jornal português “O Século” de 21 de Maio de 1943 à guarda da Hemeroteca de Lisboa

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Fonte: Fotografia do DIVcom UÉ

As duas máquinas de escrever da Marca ERIKA, que apresentamos de seguida, poderiam parecer iguais à primeira vista. Mas não o são. Se nos detivermos com mais atenção aos seus teclados conseguimos observar aquela que foi uma normativa nacional, com direito a decreto lei, aplicada pelo regime do Estado Novo, através do Decreto-lei nº 27 868 de Julho de 1937. A norma obrigava todo o País a adaptar o teclado Hcesar nas máquinas de escrever. Segundo manobras e malabarismo vários, como nos relata um artigo do Jornal Diário de Notícias6, o uso exclusivo do teclado Hcesar, em detrimento do teclado universal, o Azert, o mais usado pela generalidade dos teclados internacionais, acabou por ditar e normalizar o seu uso periférico, uma vez que este era usado, apenas, em Portugal. Foi no verão de 1937, a 21 de julho, que o Primeiro Ministro e Ministro da Finanças, António de Oliveira Salazar, decreta oficialmente a introdução do teclado Hcesar, como o único e exclusivo teclado nacional permitido em Portugal.

Exclusividade que logo criou um fértil campo de manobras, com magníficas ideias criativas para contornar o problema quando se importavam máquinas de escrever com teclados Azert, oriundas de outros países. Cenários que contemplavam reviravoltas e despistes vários nas alfândegas do Portugal dos anos 50 e 60, altura em que os teclados começaram a ser, também, produzidos em plástico sendo mais fáceis, portanto, de os trocar. Muitas vezes, acabava-se por trocar, ou substituir, apenas, as peças por outras não alterando, porém, o sistema. Contudo, deixava a sensação para quem controlava e verificava a impressão no papel, de que se trataria de um teclado segundo a normas nacionais decretadas.

6 In Artigo do Jornal Diário de Notícias, publicado a 18 de julho de 2007, “Quando um ‘qwert’ passa a ‘hcesar’ sem deixar de o ser.

Teclados. Norma nacional obriga a malabarismos ou ao disfarce dos teclados internacionais” 36

O teclado Nacional Hcesar tornou-se, assim, o layout de uso obrigatório em todos os organismos da função pública, nas empresas e na vida privada, e em todo o território nacional. Destes constam referenciados alguns dos exemplares patentes na exposição. Era, de facto, uma fratura incomensurável com o que vinha de fora, do estrangeiro, obrigando a quem adquirisse uma máquina de escrever em Portugal tivesse de dominar o uso exclusivo da combinação de determinadas teclas7. Manobras que obrigavam, também, à necessidade de escritores, jornalistas, intelectuais e comerciantes, que viajavam fora de Portugal, dentro e fora da Europa, a transportarem o seu pesado equipamento (tal como hoje transportamos os nossos portáteis), uma vez que chegados a outros destinos, não dominando o teclado Azert, o mais usado fora do contexto português, tinham, contudo, que continuar a trabalhar.

Como podemos constatar nos documentos do Diário do Governo, esta foi uma Normativa consagrada pelo Decreto-lei nº 27:868 de 1937, que decorreu de um “(…) primeiro parecer da Comissão nomeada por Portaria de 23 de Abril de 1936, publicado no Diário do Governo nº 141, 2ª série, de 19 de Junho seguinte (…)”8, onde se analisaram aquelas que seriam as primeiras considerações acerca da necessidade de se transformarem, em território nacional, todos os teclados das máquinas de escrever. Transformações que foram realizadas tendo em conta a “(…) apreciação do «Diagrama do Teclado português- - Chave geral» que o sr. Prof. Mendes de Póvoas insere a p. 30 do seu livro Dactilografia (edição de 1935).”9

Diário do Govêrno 2 ª. Serie II Semestre 19 JUN 1936

Fonte: Documento nº 1.

Arquivo da Universidade de Évora.

Fonte: Documento nº 2.

Arquivo da Universidade de Évora.

Fonte: Documento nº 3.

Arquivo da Universidade de Évora.

7 In Artigo do Jornal Público P3, de 05 de outubro de 2012, “O Teclado do Futuro…da visão de Salazar à atual”.

8 In Diário do Governo. 1ª Serie II Semestre 17 JUL 1937 9 In Diário do Governo. 2 ª serie II Semestre 19 JUN 1936 37

Diário do Govêrno 1ª Serie II Semestre 17 JUL 1937

Fonte: Documento nº 1.

Arquivo da Universidade de Évora

Fonte: Documento nº 2.

Arquivo da Universidade de Évora

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Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE MÁQUINAS DE ESCREVER MECÂNICAS

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Fonte: Anúncio publicitário da máquina de escrever da Marca Monarch, veiculado pelo Jornal New York Times de 31 de janeiro de 1905. Disponível em http://type-writer.org/wp-content/uploads/2014/01/ Monarch-ad-New-York-Times-Jan.-31-1905.jpg

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Fonte: Imagem de anúncio publicitário da máquina de escrever da Marca Monarch, de 02 de fevereiro do Jornal New York Time de 1905, veiculada pelo artigo Early advertising for the Monarch Visible, publicado no blogue, Type-Writer. org. Celebrating the writing machine, publicado a 04 de abril de 2014 por Mark Adams.

Disponível em https://type-writer.org/?p=2952

Fonte: Cartaz publicitário da máquina de escrever da Marca Monarch, veiculado pelo State Library of Victoria. Accessed from: National Museum of Australia.

Disponível em https://www.nma.gov.au/learn/ classroom-resources/what_is_this/typewriter/ monarch

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Fonte: Imagem de anúncio publicitário da máquina de escrever da Marca Underwood, veiculada pelo blogue, Antique Typewriter. The Martin Howard Collection.

Disponível em https://www.antiquetypewriters.com/typewriter/underwood-1-typewriter/

Fonte: Imagem de anúncio publicitário da máquina de escrever da Marca Underwood, veiculada pelo blogue, Antique Typewriter.

The Martin Howard Collection.

Disponível em https://www.antiquetypewriters.com/typewriter/ underwood-1-typewriter/

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Fonte: Anúncio publicitário da máquina de escrever Royal, veiculado na Revista, A Cigarra, de agosto de 1914. A Cigarra foi um periódico feminino paulista, fundado pelo jornalista Gelásio Pimenta, com artigos relacionados com as diversas transformações culturais ocorridas no início do século XX em todo o Brasil, em particular no Estado de S. Paulo, participando e dando conta do modo de viver paulista, entre 1914 e 1975.

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Fonte: Imagem de anúncio publicitário da máquina de escrever da Marca Underwood, veiculada pelo blogue, Antique Typewriter. The Martin Howard Collection.

Disponível em https://www.antiquetypewriters.com/typewriter/underwood-1-typewriter/

Fonte: Cartaz publicitário das máquinas da Marca Hermes.

Disponível em https://www.pinterest.co.kr/pin/482377810059213907/?lp=true

44

Fonte: Cartaz publicitário das máquinas da Marca Hermes. Disponível em https://www.pinterest.pt/ pin/323766660694978145/?lp=true

Fonte: Cartaz publicitário de um dos últimos modelos da máquina de escrever da Marca portuguesa Messa a serem produzidos pela fábrica de Algueirão - Mem Martins.

Disponível em https://fotos.web.sapo.io/i/ o400433ab/6892528_0hW9A.jpeg

Fonte: Cartaz publicitário da máquina de escrever da Marca Royal. Site Indisponível 45

Fonte: Cartaz publicitário alemão da máquina de escrever da Marca Triumph.

Disponível em https://oztypewriter.blogspot.com/2012/05/triumph-portable-typewriters.html

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Fonte: Cartaz publicitário alemão da máquina de escrever da Marca Triumph.

Disponível em https://oztypewriter.blogspot.com/2012/05/triumph-portable-typewriters.html

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Fonte: Cartaz publicitário alemão da máquina de escrever da Marca Triumph.

Disponível em https://oztypewriter.blogspot.com/2012/05/triumph-portable-typewriters

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Estrutura expositiva 3 MÁQUINAS DE ESCREVER ELÉTRICAS

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). Fotografia de 1978 - Serviço de Fonogramas (Telegramas Telefonados). Estação Central Telegráfica e Telefónica de Lisboa. AGCTT – Administração Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones 49

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 1978 - Serviço de Fonogramas (Telegramas Telefonados). Estação Central Telegráfica e Telefónica de Lisboa.

AGCTT – Administração Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones

“Mudam-se os tempos Mudam-se as vontades”10. E a partir da segunda metade do século XX as máquinas de escrever manuais são, gradualmente, substituídas pelas elétricas e em poucas décadas de evolução o homem salta para a máquina com energia!

A supremacia do avanço tecnológico mais uma vez (re)configura uma nova era, a eletrónica e, sucessivamente, o “mundo pula e avança”11 em direção ao que, décadas mais tarde, culminará no grande boom tecnológico da nova era da informática.

Na transição do modelo mecânico para o modelo elétrico das máquinas de escrever, a velocidade de circulação da produção e a distribuição aceleram, objetivamente, a informação e o registo de dados, dentro e fora dos organismos públicos, e empresas.

O inevitável interesse na produção de um equipamento que combinasse a perceção humana com a velocidade e a capacidade de armazenamento, e com a distribuição da informação produzida, torna-se, assim, o novo foco. Através do proeminente papel que a publicidade começa a desempenhar na vida das sociedades, generalizando-se no decurso de todo o século XX, os comportamentos de espírito mercantilista e consumista acentuam-se e afirmam-

10 Refrão da célebre canção, “Mudam-Se Os Tempos Mudam-Se as Vontades”, letra de um poema de Luís Vaz de Camões, e composta e (re)escrita pelo cantautor português José Mário Branco, que deu título ao seu primeiro álbum a solo, gravado em 1971 em Paris, por se encontrar exilado da ditadura do Estado Novo.

11 Frase da célebre canção, “Pedra Filosofal”, musicada pelo cantautor português Manuel Freire em 1970, e composta a partir do Poema de António Gedeão, um poema publicado no livro Movimento Perpétuo, em 1956.

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se cada vez mais, marcados que estão pelas novas lógicas de mercado que começam a ganhar força, terreno e poder na vida das pessoas, e das instituições públicas, e empresas.

A ascensão de uma rápida convertibilidade da velocidade nas diferentes formas de comunicar e informar é central nas nossas sociedades. Será compreensível, portanto, perceber esta tão rápida conversão destes novos equipamentos, modernos, capacitadores e geradores de novas funcionalidades. O futuro, finalmente, chegaria aos escritórios e o(a) datilógrafo(a) sentir-se-ia, finalmente, recompensado(a) pela velocidade e pelas múltiplas possibilidades desta nova máquina de escrever elétrica.

O sistema de alavancas destas novas máquinas de escrever elétricas acaba por ser trocado por um novo sistema de esferas, onde seriam gravadas as letras.

Estas novas máquinas, além de atingirem uma velocidade impressionante, possuíam um mecanismo que permitia apagar a letra errada e reescrevê-la, imediatamente, sem o recurso à borracha, ou à utilização de uma nova folha, o que tornava todo o processo bastante inovador, uma vez que a escrita se tornava maís rápida e cómoda.

Máquina de escrever elétrica Smith Corona Modelo Electra |EUA | C. 1960 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 51

Fonte: Anúncio publicitário da máquina de escrever elétrica da Marca Smith-Corona, veiculado pelo The job proved Smith Corona Electric with the most efficient keyboard ever designed, publicado em 1955. Tamanho aproximado do Cartaz: 10½ x 13½.

Disponível em http://www.atticpaper.com/proddetail.php?prod=1955-smith-corona-typewriter-ad-job-proved&cat=7 52

Máquina de escrever elétrica Philips Modelo VW2140| Holanda | C.1990 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Fonte: Cartaz publicitário do símbolo da Marca Philips, preconizado no início das décadas de 1920/1930. Disponível em https://br.pinterest.com/ pin/827184656528728600/?lp=true

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Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE MÁQUINAS DE ESCREVER ELÉTRICAS

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Fonte: Cartaz publicitário da máquina de escrever da Marca Smith-Corona.

Disponível em https://br.pinterest.com/pin/478366791668595758/ 55

Fonte: Cartaz publicitário da máquina de escrever da Marca Smith-Corona. Anos 1950s.

Disponível em https://br.pinterest.com/pin/478226054152699445/ 56

Fonte: Cartaz publicitário da máquina de escrever da Marca Smith-Corona.

Disponível em https://www.pinterest.pt/pin/68609594295936850/?lp=true 57

Estrutura expositiva 4 MÁQUINAS DE CALCULAR

Fonte: Propriedade do Arquivo Fotográfico da CME Instalações do Banco do Alentejo.

Autor David Freitas. Data Década de 1960 58

As máquinas de calcular, como os restantes equipamentos, foram sofrendo transformações ao longo de décadas, mas apesar disso mantiveram a sua grande funcionalidade de precisão. Ainda hoje, para quem necessita resolver operações rápidas ou mais complexas, ou para quem necessita, apenas, de realizar contas ou ajustes fiscais, a máquina de calcular continua a ser indispensável. Verificar e calcular para cobrar são os procedimentos básicos destes equipamentos que ilustram muito bem a sua longevidade funcional neste universo de século XXI, uma vez que a tarefa de contabilizar ou calcular continua a fazer parte dos nossos atributos contabilísticos.

Fonte: Imagem de anúncio publicitário da máquina de calcular da Marca Victor veiculada no artigo Victor Adding Machine publicado por Angela Regina Núñez Alonso.

Disponível em https://museoebc.org/eventos/victor-adding-machine

À semelhança da restante evolução tecnológica, pese-embora, com diferenças nacionais no decurso de todo o século XX, também, as máquinas de calcular conheceram a gradual transferência do manual para o elétrico, acompanhado, assim, também, a gradual ascensão do imediatismo tecnológico que em tão pouco espaço de tempo e em, apenas, poucas décadas, reformulou o modo de efetuar e armazenar os dados. A eliminação dos processos mecânicos e a conversão para os elétricos foi, assim, permitindo, também aqui, reduzir bastante o tempo, e facilitar as operações, através de mecanismos cada vez mais rápidos e eficientes.

Máquina de calcular mecânica Victor Modelo Victor 356609 | Chicago USA | C. 1940 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 59

Fonte: Logotipo da Marca Brunsviga da máquina de Calcular.

Disponível em https://de.wikipedia.org/wiki/Brunsviga_Maschinenwerke#/media/Datei:Rechenmaschine_Brunsviga_1905.JPG

Máquina de calcular mecânica Brunsviga Modelo 13 | Alemanha | C. 1930-1940 Coleção Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA) 60

Fonte: Anúncio publicitário da máquina de Calcular da Marca Brunsviga.

Disponível em https://de.wikipedia.org/wiki/Brunsviga_Maschinenwerke#/media/Datei:Rechenmaschine_Brunsviga_1905.JPG 61

Máquina de calcular manual Addo X Modelo 81| Suécia| C. 1930-1940 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 62

Fonte: Cartaz publicitário inglês da máquina de calcular da Marca ADDO. Disponível em https://www.ebay.com/itm/113546920865 63

Máquina de calcular manual Facit Modelo TK | Suécia | C. 1936 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 64

Fonte: Anúncio publicitário da máquina de calcular da Marca Facit, veiculado no Artigo, Faça as Contas, de 05 de DEZ de 2014, no jornal Brasileiro Estadão, no suplemento Economia e negócios Estadão.

Disponível https://www.estadao.com.br/blogs/reclames-do-estadao/faca-as-contas/ 65

Máquina elétrica de contabilidade Texas Instruments Modelo TI 5660 | EUA | C. 1980-1990 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Fonte: Anúncio publicitário da máquina de Calcular da Marca Texas Instrumentos, imagens extraídas de um jornal brasileiro, e veiculadas no blog Tecteclas. Disponível em http://tecteclas.blogspot.com/p/propagandas.html 66

Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE MÁQUINAS DE CALCULAR

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Fonte: Anúncio publicitário da máquina de Calcular da Marca Brunsviga.

Disponível em https://de.wikipedia.org/wiki/Brunsviga_Maschinenwerke#/media/Datei:Rechenmaschine_Brunsviga_1905.JPG 68

Fonte: Anúncio publicitário da máquina de Calcular da Marca Brunsviga.

Disponível em https://de.wikipedia.org/wiki/Brunsviga_Maschinenwerke#/media/Datei:Rechenmaschine_Brunsviga_1905.JPG 69

Fonte: Anúncio publicitário da máquina de calcular da Marca Facit, imagens extraídas de um jornal brasileiro, e veiculadas no blog Tecteclas. Disponível em http://tecteclas.blogspot.com/p/propagandas.html

Fonte: Anúncio publicitário da máquina de escrever e de calcular da Marca Facit, imagens extraídas de um jornal brasileiro, e veiculadas no blog Tecteclas.

Disponível em http://tecteclas.blogspot.com/p/propagandas.html 70

Estrutura expositiva 5 MÁQUINAS DE FRANQUEAR

Fonte: Propriedade do Arquivo Fotográfico da CME Instalações do Banco do Alentejo.

Autor David Freitas. Data Década de 1960 71

As máquinas de Franquear são um equipamento que serviu e, ainda, hoje serve o serviço postal, sendo que a sua função central é a de realizar o registo e a impressão de selos estampados, com as respetivas franquias nas correspondências. É um equipamento que à imagem dos restantes equipamentos expostos na exposição sofreu uma evolução no decurso do século XX passando de um mecanismo manual e mais robusto, aos de hoje, completamente automatizados, mas sempre com uma mesma composição, e com uma base e um medidor no auxílio do peso para a taxação da devida correspondência. Uma das suas características, apesar de ser uma máquina usada, essencialmente, nos serviços representados pelas agências portuguesas de Correios (CTT) é o facto de ser uma máquina instalada em estabelecimentos como gabinetes administrativos públicos, como os da nossa Academia, onde encontrámos os exemplares que figuram na exposição, e que pertenciam ao Serviço de Expediente dos Serviços Administrativos da UÉ.

Estas máquinas em contexto de trabalho administrativo permitiam, assim, imprimir o valor de uma franquia em qualquer correspondência, conferindo uma elevada comodidade na expedição dos objetos postais e uma maior simplicidade no processo de envio interno das correspondências, e de todo o restante correio em circulação em cada organismo, instituição ou empresa.

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Balança de precisão Precisa Modelo 310 Junior series| Suíça| C. 1990 - 1996 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Máquina elétrica de franquear Frama Electronics Modelo F100 | Suíça | C. 1970-1980 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Fonte: Publicidade numa Revista da máquina de franquear da Marca Frama. Site Indisponível 73

Fonte: Anúncio publicitário da máquina de franquear da Marca Pitney-Bowes, anunciando as vantagens no uso rápido e eficaz. Disponível em https://www.ebay.com/itm/1959-pitney-bowes-postage-meter-sad-redhead-empty -stamp-box-Blues-ad-/302571562102

Máquina elétrica de franquear Pitney Bowes Modelo 535 | EUA| C. 1950 - 1960 Coleção Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 74

Galeria de imagens POSTERS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE MÁQUINAS DE FRANQUEAR

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Fonte: Cartaz publicitário da máquina de franquear da Marca Pitney-Bowes de cariz marcadamente machista, onde o chefe tenta aliciar a funcionária para as vantagens no uso da máquina de franquear, ao que ela recusa, levando à pergunta do poster: “It is always illegal to kill a woman?”, veiculado ao Blogue de design, d. a diagonal diz coisas. Disponível em http://diagonaldesign.com/blog/publicidade-politicamente-incorreta/ 76

Fonte: Anúncio publicitário de cunho machista da máquina de franquear da Marca Pitney-Bowes. veiculado no artigo, Os anúncios publicitários machistas do Jornal brasileiro GGN. Disponível em https://jornalggn.com.br/cultura/artes-graficas/os-anuncios-publicitarios-machistas/ 77

Estrutura expositiva 6 TELEFONES

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). Fotografia de 1952. Telefonistas do Serviço de Informações.

APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited 78

Os primeiros telefones foram uma total reviravolta nas sociedades do final do século XIX, apesar das limitações inerentes a um mercado bastante restrito. Estes objetos fascinaram o mundo e as pessoas, pela sua grande inovação, passando por inúmeras transformações ao longo de todo o século XX. Os primeiros telefones foram o resultado de importantes invenções e descobertas que remontam ao período setecentista e oitocentista, período em que os estudos científicos da cultura académica e dos laboratórios se tornariam aliados da técnica, na experimentação da vida no quotidiano, aliando-se ao comércio, às grandes indústrias, e à cultura do entretenimento do século XX. A figura do inventor foi central e imprescindível na repercussão de uma técnica, desenvolvida por meio de um objeto que revelava os seus primeiros resultados, através da eletricidade. Os telefones acabariam por oferecer às sociedades uma das grandes utilidades e mais valias da eletricidade, num formatado que permitiria, assim, reunir a possibilidade funcional de se fazer chegar a voz humana a longo alcance, por meio de um emissor, um condutor e um recetor.

telecomunicações do século XX. Uma oficina que Bell aproveitara, precisamente, para procurar aperfeiçoar o seu último aparelho, o «telégrafo harmônico», um aparelho que estaria em elaboração e que visava transmitir em código Morse seis a oito mensagens em simultâneo. O «telégrafo harmônico» viria a ser uma das chaves para as descobertas sucessivas, uma vez que a chave do problema começava a ganhar corpo numa hipótese que, através da corrente elétrica, tornava possível transmitir a palavra telegraficamente.

Será em 1876, depois de inúmeros ensaios, que o entusiasmo de Alexander Bell ganha forma na sua primeira patente de um telefone. O primeiro meio de telecomunicação que possibilitaria a transmissão de sons de voz, através de sinais elétricos, entraria para a História. Ficou, assim, registada a primeira patente do primeiro aparelho eletroacústico que permitia, a partir de um ponto transmissor, a transformação de energia acústica em energia elétrica, e de energia elétrica transformada, novamente, em acústica para um ponto recetor. A partir daqui iniciar-se-iam as primeiras comunicações, e trocas de informações entre dois ou vários usuários, ligados por meio de uma central de comutação telefónica que permitia, por sua vez, redirecionar as ligações para os destinatários pretendidos.

A história do telefone inicia-se, como grande parte das grandes invenções, num ambiente de grande curiosidade e entusiamo, envolto num espírito criativo e inovador de finais do século XIX. Este percurso inicial ter-se-á desenvolvido numa oficina de Boston, onde trabalhava Tomas Watson. Neste espaço inventavam-se e aperfeiçoavam-se, com grande veemência, outros aparelhos elétricos rudimentares.

Terá sido nesta curiosa oficina que se encontraram aqueles que viriam a ser os grandes percussores do telefone: Tomas Watson e Alexander Graham Bell. Enquanto Watson era professor de fisiologia vocal, e especializou-se no ensino de um sistema denominado, palavra visível, um sistema que tinha sido inventado pelo seu pai, e que tinha como finalidade ensinar pessoas surdas a falar, Alexander Bell procurava um suporte tecnológico que sustentasse, de algum modo, a sua nova invenção. Será a partir desse universo de curiosidades, descobertas e invenções que trabalham, conjuntamente, na oficina de Boston, realizando, através de experiências ousadas, aquele que viria a transformar-se no objeto mais proeminente das 79

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 1930. Telefonistas em serviço na Estação Telefónica da APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, no Poço do Bispo, Lisboa

Em território português as primeiras experiências de telefone tiveram lugar no dia 24 de novembro de 1877, entre Carcavelos e a Central do Cabo em Lisboa, e muitas outras experiências se seguiram nos anos consecutivos. Segundo a Imprensa da época “Seria com um certo atraso que a imprensa daria as primeiras notícias sobre o início das experiências. O Diário de Notícias, na sua edição de 14 de Dezembro de 1877, com algum relevo, relatava que se realizara, a 24 de Novembro, o primeiro ensaio com telefones, conseguindo-se estabelecer uma ligação entre Lisboa e Carcavelos (…)”.12

Logo no ano seguinte, em 1878, a cidade de Évora, também, foi palco de uma dessas experiências que marcaria para a história aquela que seria a primeira comunicação a longa distância no território português, efetuada a partir das linhas telegráficas de Évora. Uma comunicação entre Lisboa e Évora, também, veiculada numa notícia da empresa da época “(…) veiculada pelo Diário de notícias, na sua edição de 18 Fevereiro de 1878. Em determinado momento dizia: «na semana passada, entre a Estação Central Telegráfica e a Estação de Évora, houve experiências de telefone, através das linhas telegráficas normais; os resultados foram em parte excelentes». O repórter, ao afirmar «em parte excelentes», referia-se ao enorme ruído das ruas da cidade e ao barulho da estação

12 (AAVV, 2005) pp 102.

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Fonte: Propriedade do Acervo iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 16 de Maio de 1947. Aspeto da Central Telefónica do Bonfim (Porto) no dia da sua inauguração. APT – The Anglo -Portuguese Telephone Company, Limited

telegráfica provocado pelo tráfego interno do serviço, todavia, «em Évora ouviu-se distintamente os sons produzidos em Lisboa, como se pôde verificar fazendo repetir pelo aparelho Morse tudo o que havia sido dito em Lisboa», conforme o próprio escreveu. A distância entre as duas cidades é de cerca de 150 quilómetros, o que permitiu, pela primeira vez, fazer ensaios reais a longa distância, fazendo crescer o interesse por este mágico aparelho.”13

As sociedades integraram muito rapidamente este novo objeto nas suas vidas, e o extraordinário interesse pelos novos empregos de “telefonista” acabariam por ditar a crescente emancipação da Mulher fora de casa levando-a, em grande número, para os novos locais de trabalho. Para que os primeiros telefones funcionassem era necessário a comutação a uma central manual operada pelas telefonistas, as «meninas dos telefones», nome pelo qual ficaram conhecidas em Portugal. A rápida ascensão desta nova categoria profissional permitiu, assim, que fosse possível efetuar chamadas a partir de casa, ou de um ambiente de trabalho, sendo estas, depois, direcionadas para uma central de comutação. Estes eram ambientes onde se viviam momentos de alguma tensão, devido

13 Idem 81

aos «picos de tráfego» que obrigavam as telefonistas a manter-se vigilantes e disponíveis 24h por dia, em rotatividade, de modo a executar e a ligar os assinantes através das mesas de comutação. Através de uma estreita manivela que cada telefone disponha em casa, era girada a manivela de forma a criar o input para a «corrente do toque». A chamada chegava, então, à menina telefonista que atendia a solicitação do usuário, e comutava nos pontos, manualmente, através de “pegas”, permitindo, assim, que a chamada pudesse ser redirecionada e conectada para o outro usuário a quem se destinava. Por vezes, com a consequente saturação das linhas, devido ao excesso de chamadas, nem sempre era possível atender todas no tempo desejado, o que por causava uma certa incompreensão por parte dos assinantes, e algum desconforto às «meninas telefonistas».

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografoa de 1932. Sistema Automático – Central da Trindade Sistema Manual – Estação Norte. Montra Publicitária da Estação Telefónica da APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, no Rossio, em Lisboa. Autor: Botelho

Na sequência de um uso cada vez mais regular por parte das populações, apesar deste ser um aparelho, frequentemente, sinónimo de posse e de estatuto social e, apenas, possível a uma pequena franja da sociedade assiste-se, em cinquenta anos, à passagem das redes públicas, inicialmente restritas pela Carta de Lei de 1881 às cidades de Lisboa e o Porto, a um alargamento das redes telefónicas ao restante território, e a um crescente alargamento das redes de serviço público com telefones automáticos.

Redes públicas que serão concretizadas mediante um concurso público, através de uma comissão nomeada pelo Governo, que define todo o processo de adjudicação, cumprimento, estabelecimento e exploração das primeiras redes telefónicas tornado a companhia britânica, a Edison Gower Bell Telephone Company of Europe Limited, como a primeira grande empresa de telecomunicações a operar em território português.

Com a automatização das centrais telefónicas, e com a inauguração da Central da Trindade, em Lisboa, em 1930, as chamadas passam a efetuar-se de modo mais rápido e direto, constituindo não, apenas, um significativo avanço tecnológico, como uma gigante repercussão na qualidade dos serviços prestados. O circuito da chamada telefónica passa a efetuar-se, diretamente, através de «discos» integrados nos telefones, para o respetivo envio de uma sinalização decádica, que consistia numa série de pulsos de 1 a 10. A possibilidade de cada utilizador estabelecer, diretamente, a sua própria ligação telefónica, sem a intervenção da telefonista, teve como resultado inúmeras vantagens, desde logo, ao nível da racionalização das tarifas telefónicas, que baixam gradualmente à medida que se verificam novos e mais assinantes.

Esta tecnologia predominou até o final da década de 1980 quando começaram a surgir os primeiros telefones com teclado eletrónico. Estes novos telefones facilitariam bastante a “discagem” do número, uma vez que demorava menos tempo para teclar o número desejado. Daí, até ao mundo dos telefones e das telecomunicações sem fios, seria um passo gigante, mas relativamente rápido.

Passado cinco décadas, em 1930, é inaugurado o primeiro serviço de telefones automáticos. E em 1937 a APT the Anglo- Portuguese Telephone Company, Ltd., a segunda companhia inglesa a operar em território português (após a transferência de concessão por parte da Edison em 1887) inaugura, então, a sua primeira estação automática na Estrela, em Lisboa.

Nesse mesmo ano a rede da APT contava com cerca de 48 000 assinantes.

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 1940. Telefonista do Serviço de Informações Telefónicas. APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited 83

Telefone de Mesa Standard Electric Modelo Standard Electric | USA| C. 1920 Coleção Telefonia/ Terminais de Rede Fixa do Património Postal e Telecomunicações da Fundação Portuguesa das Comunicações FPC

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Fotografia de 1928. A vida irradia destes postes. Montra Publicitária das Estações Telefónicas da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, na Rua Nova da Trindade e na Rua da Conceição em Lisboa

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Telefone de mesa AEP Modelo 332 AEP– Automática Elétrica Portuguesa sob licença da ATM – Automatic Telephone Manufacturerers, Ltd., Liverpool USA | C. 1965. Coleção Telefonia/ Terminais de Rede Fixa do Património Postal e Telecomunicações da Fundação Portuguesa das Comunicações FPC

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). “Troque o seu telefone por um destes modelos mediante a quantia de 37$50.” Companhia dos Telefones. Montra Publicitária de 1960/70 da Estação da APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, no Rossio em Lisboa.

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Telefone de disco Ericofon Modelo Ericofon| Suécia | C. 1957 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 88

Fonte: Imagem de anúncio publicitário do telefone da Marca Ericofon, veiculada pelo blogue da História dos telefones Ericofon.

Disponível em https://www.ericofon.com/history.htm 89

Telefone de disco AEP Modelo AEP – Automática Elétrica Portuguesa| Portugal| C. 1960-1970 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Panfleto publicitário “Vamos defender o telefone” CTT/TLP. S.d.

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Telefone de mesa Gôndola Modelo 5544 Gôndola Citesa| Málaga| C. 1960- 1970

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Panfleto publicitário “Vamos defender o telefone” CTT/TLP. S.d.

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Telefone com teclado eletrónico GPT - GEC Modelo Elotécnico, sob licença da GPT - GEC Plessey Telecommunications Ltd.| C. 1980-1990 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). Cartaz publicitário “Comunicar. Atender melhor”. Correios e Telecomunicações de Portugal. S.d.

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Telefone com teclado eletrónico Siemens Modelo Siemens| Alemanha| C. 1990 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). Cartaz publicitário “Instale um telefone”. APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited. Autor: Botelho 93

Galeria de imagens POSTERS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE TELEFONES

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Fonte: Cartaz publicitário de 1932 incentivando o uso do telefone.

Disponível em https://www.pinterest.com.mx/pin/702420873101033755/?lp=true 95

Fonte: Anúncio publicitário veiculado no site da Hemeroteca Digital da CMLisboa. Disponível em https:// www.flickr.com/photos/hemerotecadigital/39216541835

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). “Será em 1930 que o telefone automático aparecerá em Lisboa”. A adoração do Telefone Automático. Montra Publicitária da Estação da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited da década 1929/1930, na Rua Nova da Trindade e na Rua da Conceição, em Lisboa

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). Cartaz publicitário de 1937. Serviço Especial de Boas-Festas. Novo Ano. Administração Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones 97

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Números de Telefones por cada cidade. Montra Publicitária de 1931/1932 das Estações da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, na Rua Nova da Trindade, na Rua da Conceição e no Rossio, em Lisboa. Autor: Botelho

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

“Uma desgraça evitada. O telefone é o melhor seguro contra o fogo”. Montra Publicitária de 1928 das Estações da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, na Rua Nova da Trindade e na Rua da Conceição, em Lisboa.

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

“Através dos campos fala-se com a cidade”. Montra publicitária de 1937 da Estação da APT - The Anglo- Portuguese Telephone Company, Ltd. Autor: Botelho.

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). “Escolha o tipo de aparelho que melhor lhe convenha”. Montra Publicitária de 1929 das Estações da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, na Rua Nova da Trindade e na Rua da Conceição, em Lisboa

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuuesa das Comunicações (FPC). “Não perca tempo, telefone para tôda a parte”. Montra Publicitária de 1937 da Estação da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, no Porto. Autor: João Heitor 100

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). “Quantas são as aspirações da mulher? E entre tantas o telefone”. Montra Publicitária de 1933 das Estações da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, na Rua Nova da Trindade e na Rua da Conceição, em Lisboa. Autor: Alpoim

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portugal das Comunicações (FPC).

“O telefone lança na sombra todos os outros meios de comunicação”. Montra Publicitária de 1930 das Estações da APT The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, na Rua Nova da Trindade e na Rua da Conceição, em Lisboa.

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). “Toda a vida se passa através o telefone”. Montra Publicitária de 1932 das Estações da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, na Rua Nova da Trindade, na Rua da Conceição e no Rossio, em Lisboa. Autor: Albertino dos Santos 102

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

“Comunicando com o Mundo inteiro”. Companhia dos Telefones. Montra Publicitária de 1960 da Estação da APT – The Anglo -Portuguese Telephone Company, Limited, no Rossio, em Lisboa 103

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Inauguração do Automático: O Mostrador. APT- The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited. Data: 1930, 30 de Agosto

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). “Está na sua mão ligar-se a todo o mundo”. Montra Publicitária de Estações da APT - The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, no Rossio, Rua da Conceição e Rua da Palma, em Lisboa. Autor: Botelho

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). Evolução do número de centrais automáticas entre 1930 e 1960. Montra Publicitária de 1960/1961 da Estação da APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited, no Rossio, em Lisboa 106

Fonte: Imagem de anúncio publicitário do telefone da Marca Ericofon, veiculada pelo blogue da História dos telefones Ericofon.

Disponível em https://www.ericofon.com/history.htm

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Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portugal das Comunicações (FPC). “Telefone. Posto Público CTT”. Sinalização de uma Cabine telefónica pública. Desenho da placa informativa. Data: s.d.

Fonte: Cartaz publicitário do Telefone da Marca Ericofon.

Disponível em: https://www.scandinavianobjects.com/somaterial/ericofon_replica/ericofon-telephone.html 108

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Cartaz publicitário de 1936, “Não vá senão de telefone”. APT – The Anglo-Portuguese Telephone Company, Limited.

Autor: Cunha Barros 109

Fonte: Propriedade do Acervo Iconográfico à guarda do Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC).

Folheto “Menina... O nove, sete, sete, sete!.. (telefone avariado). Fox Trot para piano por Cipriano Gil N.º 18.”

Coleção horas de recreio, N.º 2. Depositário Exclusivo: Júlio da Fonseca & Filho. Sucr. – Porto. Data: s.d.

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Estrutura expositiva 7 COMPUTADORES

Fonte: Propriedade do Arquivo do Jornal Diário do Sul de Évora.

Fotografia de época, em contexto de escritório, com computadores dos finais da década de 90. Fotografia tirada na redação do Diário do Sul, na Estrada de Arraiolos, aos Arcos da Cartuxa.

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Sendo o Computador uma máquina que permite, através das suas variadas funcionalidades, o tratamento e o processamento automático de dados e informações nas diversas áreas, este é, também, um equipamento que exprime e produz, através da imagem e da palavra escrita e falada, múltiplas outras possibilidades ao nível da informação e da comunicação, naquela que é já uma das mais influentes realidades do séc. XXI: a realidade virtual da informação, do conhecimento e do entretenimento, na qual a sociedade de consumo do presente século vive hoje, largamente, dependente.

Verifica-se que na segunda metade do século XX, as novas comunicações aceleram o crescimento de tráfego, possibilitando, desde logo, o armazenamento de elevados volumes de informação induzindo um “(…) especial relevo nas comunicações internacionais, contribuindo, decisivamente, para a mundialização das economias e para o fenómeno designado por «Aldeia Global». “A partir do final da década de 60, assistiu-se à maior das revoluções operada no sector das comunicações, graças às conquistas proporcionadas pela microeletrónica, com consequências absolutamente imprevisíveis, aquando da fase inicial da sua aplicação.”14

Contudo, desde os seus primórdios, e antes mesmo do advento dos modernos computadores que hoje tão bem conhecemos, o computador apresentou soluções no campo das matemáticas, na orientação de diversos tipos de cálculo, no quadro da denominada teoria da computação empreendida no início do século XX, em contexto norte-americano. Nesse contexto, investigadores e cientistas usaram para fins, estritamente, militares aqueles que viriam a tornarse nos primeiros computadores. A sua capacidade era determinada por um elevado cálculo de variáveis físicas na intersecção de códigos matemáticos imprescindíveis, portanto, às dinâmicas e equações de guerra. A comunicação fluía através de redes, com um valor inestimável para a própria orgânica e funcionamento das estruturas militares, que permitiam, assim, o empreendimento de novas e mais eficientes soluções no campo do armazenamento da informação. Soluções que capacitariam, no futuro, as novas formas de comunicação que daí adviriam.

Em contexto norte-americano são desenvolvidos os primeiros pesados e enormes computadores, que ocupam salas inteiras. Estes eram orientados para gerir e processar um enorme volume de informação, sendo capaz de oferecer serviços no processamento de dados a milhares de usuários, através de milhares de terminais conectados diretamente numa rede que ficava alojada na unidade central de processamento, a qual ficaria conhecida na história da computação com o nome de mainframes. Ainda, hoje, estes computadores de grandes dimensões fazem parte das realidades das grandes corporações, na área da informática, pelo facto de serem altamente eficientes na realização de diversas operações efetuadas com extrema velocidade, e sobre um grande volume de dados em processamento.

Ao longo da história da computação, muitos dos primeiros avanços foram, então, o resultado do desenvolvimento de aplicações e softwares ao serviço da hierarquia militar, que culminariam, décadas mais tarde, no desenvolvimento dos primeiros computadores eletrónicos e digitais, após a eclosão da Segunda Guerra Mundial.

14 AAVV (2005). Cinco Séculos de Comunicações em Portugal. Edição FPC. Lisboa. pp. 135 112

Nos finais da década de 70, e ao mesmo tempo que cresciam estas enormes máquinas com os seus complexos sistemas de computação destinados às grandes empresas, diminuíam, por outro lado, formatos e tamanhos, dando espaço ao aparecimento dos novos computadores, que haveriam de chegar ao mais recém-criado mercado, à escala mundial, satisfazendo os novos clientes, agora, em ascensão.

Em poucas décadas os novos formatos, capazes de processar e tornar mais eficiente e rápido alguns dos processos internos nas repartições públicas, nas empresas, e na vida de cada um de nós, acabariam por se tornar célebres através de inputs provenien-

tes de académicos entusiastas, oriundos de uma das mais influentes Universidades americanas, a Stanford University, que produzia investigação nesta recém criada área das altas tecnologias da informática, lançando as bases dos primeiros Personal Computer. Uma nova realidade de consumo, e uma nova realidade comercial e social, em ascensão, no último quartel do século XX.

Fonte: Fotografia de época, dos computadores da década de 70, veiculado pelo artigo, Os Computadores dos anos 70, publicado no blogue, Nostalgiarama, um blogue dedicado a diversos artigos e produtos vintage. Disponível em: https://nostalgiarama. blogspot.com/2015/05/os-computadores-dos-anos-70.html 113

Logo em 1971, a Intel, um dos maiores fabricantes de processadores do mundo, sediado na Silicon Valley na Califórnia, no Estados Unidos da América, o lar das empresas da alta tecnologia desde inícios do século XX, e os percursores da nova tecnologia informática, inventa aquela que ficaria conhecida para a História como a quarta geração de computadores, que se caracterizou, essencialmente, pelo uso de um microprocessador. Esta foi uma invenção revolucionária e essencial para o desenvolvimento daquela que seria a nova geração de computadores com um processador CPU (Central Processing Unit).

Era na essência uma unidade central de processamento de toda a informação que tinha a capacidade de processar, em torno às 100.000 informações por segundo. Será a partir destas pastilhas de silício que a informação passa a ser processada no computador. Este sistema que processava e salvaguardava toda a informação tinha sido até há bem pouco tempo realizado através de gigantes rolos magnéticos. Situação que volta a ganhar novamente uma outra dimensão, em 1974, com a marca Toshiba.

Dos enormes rolos magnéticos, nada práticos e de difícil armazenamento, em apenas quatro anos passou-se para novas formas de armazenamento com formatos mais pequenos e, portanto, mais práticos e cómodos de transportar.

As famosas disquetes, que muitas gerações de utilizadores usariam, acabariam, também, por ser, progressivamente, suplantadas por outras novas soluções de menor formato. A necessidade de reduzir formatos no armazenamento de dados tornar-se-ia, assim, central e inevitável e, rapidamente, se passam das famosas disquetes para formatos mais fáceis e cómodos de transporte, como são exemplo as práticas pen drive ou os discos externos que, atualmente, não necessitam, sequer, ser transportados fisicamente, uma vez que dispomos de outras possibilidades virtuais para o armazenamento da informação, mais práticas e acessíveis, e possíveis devido ao acesso de nuvens (clouds), facultadas por meio da internet.

Porém, até finais dos anos 70 a grande maioria dos escritórios funcionava, mais ou menos, como no segundo quartel do século XX. Arquivos de metal e as revolucionárias máquinas de escrever elétricas, em vez dos promissores computadores, haveriam, ainda, de figurar na maioria dos ambientes de escritórios, das empresas e repartições públicas, e em muitos casos, nomeadamente em Portugal, até bem mais tarde, até meados da década de 80, como foi o caso dos serviços da Universidade de Évora, segundo consta dos relatos de alguns trabalhadores.

Assumindo que para toda uma sociedade de finais do século XX, os Personal Computer iniciariam o icónico percurso da recém-criada nova Era da Informação, será nos finais da década de 70 que surge, com a recém-criada empresa, Apple Computers, Inc., uma nova e repentina mudança. Em 1977 a marca lança o seu primeiro computador doméstico de sucesso: o Apple II, sucessor do menos bem-aventurado Apple I. Parecendo mais um eletrodoméstico que propriamente um computador, o Apple II rapidamente dá início à revolução dos computadores domésticos conquistando, gradualmente, um significativo acréscimo no repentino número de vendas e nos novos clientes, apaixonados por esta nova era digital em curso.

Daí em diante, surgem novas séries e novas linhas que se multiplicam e sucedem anos, após anos, tornando-se este um dos mais promissores produtos da crescente comercialização de um novo mercado a explorar.

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Fonte: Fotografia de época, dos computadores da década de 70, veiculado pelo artigo, Os Computadores dos anos 70, publicado no blogue, Nostalgiarama, um blogue dedicado a diversos artigos e produtos vintage. Disponível em: https://nostalgiarama. blogspot.com/2015/05/os-computadores-dos-anos-70.html 115

Com um mesmo processador de baixo custo desenvolvido pela mesma equipa que criara os processadores para outras marcas que, entretanto, surgiram, como a norte americana Motorola, ou a italiana Olivetti, o modelo da Apple II consegue, no entanto, continuar a ser mais rápido e mais barato que os seus concorrentes do mesmo período. A margem de sucesso criada pela recém-formada empresa, Apple Computer, Inc., lança as bases para um outro novo modelo, o Apple Macintosh, que irá ganhar, progressivamente, terreno e fama no mundo das Artes, das Ciências e das Tecnologias persistindo até hoje, num formato portátil, como um dos computadores mais procurados pelas elites à escala mundial.

Computador de mesa Olivetti Modelo PRODEST PC1| Itália| Ca. 1988 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora Monitor Olivetti Modelo PRODEST MM1012| Itália| 1988 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Impressora Logitech Modelo Logitech K3 – ADF| Tailândia| N/A Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora Rato Mitsumi Electronics Corporation Modelo ECM-S3101| Malásia| N/A Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora 116

Fonte: Imagem de um anúncio publicitário dos computadores da Marca Olivetti, veiculado num Jornal Australiano do mundo dos negócios dos Computadores, publicado no site, Found an old computer magazine at work. From 1983. Disponível em: https://imgur.com/gallery/Z04xX/comment/510154925 117

Apple Hard Drive 20 SC| Modelo M2604Z| Irlanda| Ca. 1986 - 1989 Apple Macintosh Plus Modelo Plus M0001A|Irlanda| Ca. 1986 - 1990 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

Rato Easymouse Genius Modelo Genius| China| N/A Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora Impressora Apple StyleWriter| Japão| Ca. 1990 - 1991 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

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Fonte: Imagem de capa da Revista The Macintosh Magazine. Publicidade dos computadores da Marca Apple modelo Macintosh. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/436427020113570916/ 119

Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE COMPUTADORES

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Fonte: Imagem de um anúncio publicitário dos computadores da Marca Apple, modelo II, veiculado pelo artigo, Histórico e Evolução dos computadores. Conteúdo sobre a História e Evolução do Computadores, publicado no site do WordPress.

Disponível em: https://histricoeevolucaodoscomputadores.wordpress.com/2016/09/22/4a-geracao-de-computadores/

Fonte: Imagem de anúncio publicitário dos computadores da Marca Apple modelo Macintosh de 1984. Disponível em: https:// www.ebay.com/itm/THE-ORIGINAL-APPLE-MACINTOSH-128K-THINK-DIFFERENT-COMPUTER-POSTER-/202676574036 121

Fonte: Imagem de anúncio publicitário dos computadores da Marca Apple modelo Macintosh.

Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/481463016391879653/ 122

Fonte: Imagem de anúncio publicitário dos computadores da Marca Apple modelo Macintosh 128 Promotional de 1984.

Disponível em: https://www.pinterest.ca/pin/298715387782356292/?nic=1a 123

Fonte: Imagem de anúncio publicitário dos computadores da Marca Apple modelo Macintosh. Disponível em: https://www. cultofmac.com/463776/tiah-first-mac-ships/

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Fonte: Imagem de anúncio publicitário dos computadores da Marca Apple.

Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/154529830947204987/?lp=true 125

Estrutura expositiva 8 COMPUTADORES PORTÁTEIS

Fonte: Propriedade do Arquivo do Jornal Diário do Sul de Évora.

Fotografia de época, em contexto de escritório, com portátil dos finais da década de 90. Armindo Monteiro no seu gabinete na Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), em Évora.

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Vivemos hoje num mundo bastante diferente do de há 30 ou 40 anos atrás. O mundo e as sociedades vivenciam antagonismos sociais, económicos, políticos e ambientais que em muito refletem os abismos que separam países, religiões, credos, etnias e classes sociais dominantes, e à margem. As desigualdades intensificam-se, as realidades opostas distanciam-se, e agudizam-se as dinâmicas de quem pode, ou não, ter acesso aos equipamentos a que esta revolução tecnológica nos foi habituando, influenciando, sob diversos aspetos, as massas que, contudo, têm essa mesma possibilidade de aceder.

Com o aumento do acesso das sociedades aos personal computers, e consequentemente, ao mundo da tecnologia e dos complexos sistemas de computação, em apenas duas décadas, pessoas, escritórios e gabinetes de trabalho públicos e privados viram os seus hábitos alterados, potenciados pela difusa celeridade que esta nova dimensão computacional acabara de criar.

Como seria espectável, com a polarização dos novos equipamentos portáteis e logo após a massificação do uso da internet nos finais da década de 80 (em Portugal, apenas, no final da década de 90), a gestão da informação e o dia- a- dia das pessoas nunca mais seriam iguais. Com a massificação dos primeiros sistemas operacionais de uso doméstico, e graças ao conceito da World Wide Web (WWW), que surge logo após 1989, quando o investigador britânico, Tim Berners-Lee, do laboratório de Física CERN (Genebra) propõe uma rede de sites que pudessem ser pesquisados e «descarregados» através de um protocolo, o Hypertext Transfer Protocol (HTTP), a transformação do panorama mundial das comunicações, da informação e da produção de conhecimento altera-se, vertiginosamente. Na sua essência este seria um projeto que visava “(…) a criação de um projecto global de hipertexto enquanto trabalhava no CERN (Centre Européen pour la Recherche Nucléaire), que permitisse

que as pessoas trabalhassem em redes através das organizações, links e navegações de páginas com conteúdo.”15. A partir da WWW, a permanência de fluidez nas trocas de comunicação e de informação nos diversos mundos do capital, e na vida privada de cada um de nós, altera-se e cresce significativamente. Capacitam-se e desafiam-se novas mudanças nos diversos setores e dinâmicas das sociedades, efeitos que potenciariam novas realidades por meio de um único equipamento que permitiria, agora, em simultâneo, múltiplas possibilidades, apenas, num clic.

O primeiro modelo de um computador portátil ficaria conhecido para a história, em 1981, através de Adam Osborne, considerado o pioneiro dos computadores portáteis. A invenção de Osborne ficou, assim, conhecida com o primeiro computador totalmente portátil da história, um computador que pesava aproximadamente 12 kg e cabia debaixo do banco de um avião. Este ficaria conhecido com o nome de Osborne 1 e vendeu cerca de 10 mil exemplares.

Logo no ano seguinte um outro portátil aparece no mercado, o Compaq Portable, vendido pela marca Compaq que lança o seu primeiro computador portátil compatível com o IBM PC, que à época era a grande referência em desktops.

Em 1983 surge o modelo TRS-80 Model 100, e dois anos depois, em 1985, chega ao mercado o TRS-80 Model 200, dois modelos vendidos nas lojas da RadioShack (USA), e produzidos pela Tandy Corporation.

Este último ficaria conhecido como o primeiro notebook dobrável, como os modelos que utilizamos atualmente.

Só em 1989 teremos a Apple a lançar o seu Macintosh Portable que, depois de 1990, se tornaria num dos modelos mais populares, agradando aos consumidores pela sua grande capacidade de memória, com monitores coloridos e atrativos e, claro, pela sua grande capacidade de transporte fácil e prático. Em 1994, chegaria ao mercado o primeiro notebook com drive de CD, e em 1997, os computadores portáteis também já contavam com drive para leitura de DVDs.

15 LOURENÇO, Idalécio (2006). “Da World web à web2.0: as novas formas de comunicação na Internet” In Revista Codice. ano IX. Série II nº 3. Edição FPC. Lisboa. pp. 76-87 127

Fonte: Fotografia de época, dos computadores da década de 70, veiculado pelo artigo, Os Computadores dos anos 70, publicado no blogue, Nostalgiarama, um blogue dedicado a diversos artigos e produtos vintage. Disponível em: https://nostalgiarama. blogspot.com/2015/05/os-computadores-dos-anos-70.html

As «autoestradas da informação», como lhes chamou Pierre Lévy16 no seu livro editado na viragem do século, acabariam por ditar e contribuir para a gradual acessibilidade e democratização dos processos de produção e obtenção do conhecimento, nos quais se têm vindo a imprimir alterações significativas ao nível da sociabilidade nas diversas culturas um pouco por todo o mundo. Ainda que com diferentes nuances, dependendo do contexto nacional em causa. “Se pararmos um momento para pensar no que potenciou esta exploração por detrás dos números, é fácil: a proliferação da tecnologia e das comunicações está a gerar esta interconexão massiva e significativamente complexa, onde sistemas e objetos comunicam entre si numa evolução exponencial.”17.

Contudo, apesar da informática contribuir para significativos avanços na respetiva democratização do uso do microcomputador tornando, desde logo, o personal computer o responsável pela utilização em massa da informática, devido ao crescente número de pessoas que passaram a poder adquiri-lo a preços competitivos e convenientes, o personal computer tem vindo a contribuir, também, de forma sistemática, para o adensar de novos paradigmas neste presente século XXI.

16 LÉVY, Pierre (2001). A conexão planetária. o mercado, o ciberespaço, a consciência. 34 ed. São Paulo.

17 VIEGAS, Estela (2010). “O Planeta Inteligente” In Revista Codice. Ano XIII. Série II nº7. Edição FPC. Lisboa. pp.4-9

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Fonte: Fotografia de época, dos computadores da década de 70, veiculado pelo artigo, Os Computadores dos anos 70, publicado no blogue, Nostalgiarama, um blogue dedicado a diversos artigos e produtos vintage. Disponível em: https://nostalgiarama. blogspot.com/2015/05/os-computadores-dos-anos-70.html

No cerce do amplo e polémico debate acerca das transformações que as sociedades foram sofrendo, quer ao nível dos benefícios, quer ao nível dos perigos cibernéticos, quer ainda ao nível dos diferentes modos de produção e circulação do conhecimento, os computadores portáteis e os restantes equipamentos tecnológicos do mundo digital têm sido determinantes para uma dualidade desconcer-

tante que tem vindo a afetar as sociedades no seu todo. Isto porque, se potenciam uma via mais democrática no acesso à informação e à produção do conhecimento, potenciam, também, uma via mais volátil e permeável ao enigmático mundo da (des) informação virtual. “No fundo, é olharmos a actividade das tecnológicas, incluindo o que o desenvolvimento, investigação e inovação representam, na criação de um futuro mais instrumentalizado, interconectado e objetivamente mais inteligente.”18.

18 Idem.

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O incrível contributo veiculado pelos computadores, através da revolução digital e da poderosíssima ferramenta WWW (World Wide Web), colocou na viragem do século novos e enigmáticos problemas às sociedades vindouras. Com a rápida difusão da informação veiculada pelos diversos canais do mundo digital, o domínio da inteligência artificial, dos algoritmos informáticos, das Fake News e dos Faits Divers rapidamente se intensificaram, e em determinadas realidades e um pouco por todo o mundo, as fronteiras entre o legível e o ilegível, entre o consumo e o desperdício, entre o lucro e a pobreza, e entre o domínio e a opressão tornaram-se muito ténues. Estas fronteiras têm revelado, por sua vez, uma profunda e insidiosa instrumentalização e manipulação da informação que nos é veiculada todos os dias, determinando padrões e comportamentos nas sociedades.

Por outro lado, transportam-nos para universos incertos, nos quais as sociedades de século XXI se debaterão nas próximas décadas. Utilizadores das diversas plataformas digitais são hoje frequentemente reféns dum uso indevido que potencia, não apenas, dependências ao nível cognitivo, como cria adições perturbadoras. Outro problema, e não menos importante, prende-se com o uso indevido dos dados desses mesmos utilizadores, o que nos coloca, nesses casos e nessas situações, perante realidades obscuras e bastante duvidosas, nas quais somos frequentemente “(…) sempre expostos a manipulação” – questões sobre a Inteligência Artificial (…)”. Questões que denunciam situações em que “(…) Se há um desequilíbrio entre o que queres e o que pagas, então tu és o produto, és tu que estás a ser pesquisado, porque todas as informações que deixas para trás tornam-te parte do

produto”19. São realidades com as quais teremos de lidar e resolver neste presente século e que apesar de mais ou menos visíveis tornam-se, largamente, invisíveis aos olhos de quem detém o poder e de quem, na realidade, poderia ou deveria acionar a diferença.

Computador portátil EPSON Modelo AX3s| Japão| C. 1989 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

19 A partir de uma entrevista do Jornal online, Observador, realizada na Web Summit 2019, pela jornalista Laurie Segal a Margrethe Vestger, comissária da União Europeia. https://observador.pt/2019/11/07/vestager-deixa-mensagem-ao-facebook-mais -acao-menos-palavras/ 130

Fonte: Anúncio publicitário de época, dos primeiros computadores da Marca Epson.

Disponível em: https://picclick.com/EPSON-HX-20-Portable-Computer-First-laptop-computer-113775239032.html

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Computador portátil com rato incorporado TOSHIBA Modelo T1950| Japão| Ca. 1990 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

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Fonte: Anúncio publicitário de época, dos primeiros computadores da Marca Toshiba.

Disponível em: https://www.pinterest.pt/marcioportoferr/computers/

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Computador portátil TOSHIBA Modelo 220 CS| Japão| C. 1996 - 1997 Coleção da Biblioteca/Arquivo da Universidade de Évora

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Fonte: Anúncio publicitário de época, dos primeiros computadores da Marca Toshiba.

Disponível em: http://vintage69.blogspot.com/2017/08/koney-scanlinesmsx-toshiba.html

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Galeria de imagens POSTERS E ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS ANTIGOS DE COMPUTADORES PORTÁTEIS

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Fonte: Anúncio publicitário de época, dos primeiros computadores da Marca Epson.

Disponível em: https://picclick.com/ EPSON-HX-20-Portable-Computer-First -laptop-computer-113775239032.html

Fonte: Anúncio publicitário de época, dos primeiros computadores da Marca Epson.

Disponível em: https://www.ebay.com/itm/EPSON-HX-20-Portable-Computer-First -laptop-computer-1982-Vintage-Print-Ad-/113775239032

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Fonte: Anúncio publicitário de época, dos primeiros computadores da Marca Epson. Disponível em: https://picclick. com/EPSON-HX-20-Portable-ComputerFirst-laptop-computer-113775239032. html

Ontem. Hoje. E o Amanhã?

JUNHO 2020 Por impeditivos do confinamento em território nacional, decorrente do Estado de emergência, decretado pela primeira vez na democracia Portuguesa a 18 de março de 2020, vimos a nossa exposição, “Objetos de Escritório do Séc. XX”, ser impedida de inaugurar a 20 de março de 2020, como previsto.

Assim sendo, e dada a convulsão económica e social que todos nós temos vindo a atravessar neste cenário pós covid, não poderíamos deixar de incluir umas palavras que procurassem sintonizar o mundo que hoje vivenciamos, passados mais de três meses desde o início da pandemia.

Sob o pano de fundo atual, com a extensa imobilização da capacidade produtiva20, um pouco por todo o mundo, e transversal aos diversos setores que compõem as sociedades, os verbos comunicar, informar, ensinar, trabalhar, registar conteúdos, ou tratar “à distância”21, através dos meios tecnológicos são, nos dias que correm, ações que levantam grandes questões, exigindo-nos um profundo e sério debate. O crescente adensar do panorama “à distância“ passou, atualmente, a ser a norma determinada para a grande parte dos sectores essenciais e centrais à vida em comunidade, bem como o determinante de certo tipo de padrões de exclusão, segregação, exploração e discriminação cultural e social. Estes estavam já há muito instaurados nas nossas sociedades, mas vêem-se agora, sob o pretexto do fadado coronavírus, e da sua fadada doença, covid-19, abundantemente, ampliados entre as populações. Porém, neste mundo pós covid, além da mortífera tragédia mundial, observável a cada novo dia, constatamos, paralelamente, uma outra nova extensão da realidade.

O uso generalizado das novas tecnologias nos diferentes sectores da sociedade, em particular nos sectores do ensino à distância e no teletrabalho, têm revelado essa outra nova extensão da realidade que hoje vivenciamos, e que começou a intensificar-se a partir do confinamento das sociedades, à causa dos Estados de emergência provocados pela pandemia em curso de Covid-19. Esta outra extensão da realidade veio, assim, determinar consequências bastantes significativas e muito preocupantes nas sociedades do presente. O que nos mostra, à escala mundial, como a massificação da tecnologia e o uso das designadas novas tecnologias da informação e comunicação usadas, neste caso, no ensino à distância ou no teletrabalho em geral têm vindo a ampliar uma manifesta segmentação e estratificação nas nossas democracias, estimulando uma desigualdade, e observável, em parte, pelo uso contínuo e generalizado de inúmeras horas de jovens, crianças, professores e trabalhadores de todo o mundo de frente a um ecrã. Realidades que, nalgumas situações poderão reforçar e expor os mesmos perante perigos iminentes, uma vez que estes são afastados e isolados dos seus contextos jurídico-laborais e dos seus contextos escolares, sendo-lhes atribuída uma quase total desproteção que seria, entretanto, abrangida e salvaguardada pelas comunidades e instituições físicas que estariam, no momento, prontas a visionar e a atuar. Por outro lado, subalterniza-os a uma hierarquia do dinheiro.

Quem tudo tem, muito pode. Quem não tem, não pode nada. Assim sendo, é-lhes vedado, a estes últimos, o leque de possibilidades para a realização das suas vidas em sociedade, orientada por uma suposta normalidade democrática. Corresponde, ao invés, situações em que não existe uma efetiva possibilidade de escolha na gerência e na partilha

20 Com o princípio de uma defesa e/ou resgate das margens de lucro das atividades mais expostas à concorrência internacional e às lógicas dos mercados internos.

21 Aqui entendida, remotamente, através de plataformas on-line.

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dos afetos e das novas aprendizagens, bem como da transmissão do conhecimento, que se estabeleceriam, contrariamente, no social, em comunidade, e em espaços funcionais. Sendo que, o saber, o transmitir e o aprender, através dos afetos, e em espaços funcionais são características que, à partida, e na sua essência, definiriam a própria humanidade.

Urge um debate sério nos dias que correm. É urgente debater e estimular um diálogo que procure questionar os sérios malefícios e/ou benefícios do uso generalizado das novas tecnologias para os mais variados fins nas nossas sociedades de século XXI, e que procure questionar como o saber informativo e o algoritmo da previsão dos novos comportamentos de hoje, moldam e normalizam as atitudes comportamentais de um amanhã, e através das quais se estabelecem e legitimam as relações humanas e interpessoais a longo prazo, num futuro próximo. É urgente, a partir das lentes artificiais da tecnologia, questionarmos a virtualização da existência humana no mundo atual, na qual se estabelecem e normalizam padrões de desigualdade social, antidemocráticos, e até de mesmo de perpetuação da memória, utilizada para legitimar o presente, e o futuro. Por sua vez, uma das grandes questões daí decorrentes seria o relativo atraso, em determinadas zonas urbanas e localidades, não apenas no acesso a meios de comunicação, infraestruturas, e meios tecnológicos para aceder a toda a informação, bem como uma total ausência dessa mesma tecnologia, supostamente para atingir os mesmos fins democráticos, em situações à margem, e de periferia. Situações que ocorrerão, efetivamente, numa parte significativa da população humana, semeando, além das desigualdades socias, antagonismos sociais e económicos sistémicos e profundos nos sistemas de ensino, de saúde, e de trabalho um pouco por todo o mundo.

Porém, nos diversos setores das sociedades, as tecnologias não terão sido apenas a resolução, ou até mesmo a revolução, uma vez que são a parte central do problema. Se por um lado, numa primeira abordagem ao tema, as tecnologias parecem continuar a ser para alguns o garante de grandes oportunidades de progresso que, paralelamente, acabam por denunciar o já referido sistema antidemocrático para

uma parte da população, que não tendo acesso aos equipamentos tecnológicos, e a internet, não se enquadrariam no sistema, e por isso mesmo, quanto menos no leque de possibilidades para ser e agir; por outro lado, as tecnologias parecem denunciar um outro mal maior, sendo que são a parte central de alguns dos grandes problemas que se nos colocam hoje em sociedade. E assim o são, porque estimulam, precisamente, o abismo existente, e que se vem agudizando neste cenário pós pandemia covid, entre quem pode, e quem não pode procurar outras vias que não apenas as tecnológicas, estas agora largamente legitimadas e impulsionadas pelos poderes político-económicos, e pelos gigantes tecnológicos, e que, supostamente, servem para aprender e trabalhar à distância.

Num planeta onde já existem assimetrias sociais e regionais, o risco de aceleramento dessas assimetrias é aqui neste contexto largamente manifesto, sendo que esta é uma realidade que galopa tão velozmente quanto a velocidade luz na qual essa mesma tecnologia “viaja”. Ou seja, no caso do ensino à distância, o distanciamento humano que a tecnologia permite numa situação de confinamento, e/ou a “desmocratização” e a “alienação” que ocasiona por outro, poderá criar, a longo prazo, uma total alienação na efetiva aprendizagem, uma vez que esta se consubstancia no social, em espaços funcionais, e através de uma humanização personalizada. Situação que segundo alguns especialistas da área da pedagogia e da psicologia têm vindo, agora, a alertar, não tem ocorrido, atualmente, no ensino remoto. Isto é, mesmo existindo os mesmos equipamentos tecnológicos para uma parte, ou para a grande parte da população, a situação no ensino à distância têm sido uma verdadeira tragédia, uma vez que nenhumas das duas partes consolidou, efetivamente, os diferentes saberes através dos únicos meios tecnológicos que nos assistem no momento, e que, supostamente, nos proporcionam novas aprendizagens.

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Situações que se agravam, obviamente, para quem não tem bolso para procurar outras alternativas de estudo, que não apenas o estudo remoto, ou para quem não têm a possibilidade de ter um pai e uma mãe que lhes assista, ou um ambiente doméstico favorável à aprendizagem e à consolidação das matérias. Portanto, a questão que insistentemente se tem colocado na ausência dos equipamentos tecnológicos para uma extensa parte da população, não será, apenas, e efetivamente, o centro do problema no contexto do ensino à distância, mas tão somente o ponto inicial gerador do verdadeiro e gigantesco fosso criado por estes mesmos equipamentos tecnológicos, fixados agora pelos poderes político-institucionais como a única via, que vão assim determinando e ditando as fronteiras entre quem pode, e quem não pode procurar outras formas de aprendizagem mais personalizada, consubstanciais de um saber crítico e producente, em vez de um saber virtual desumanizado.

Em pleno século XXI, e em parte com o confinamento mundial, surgem, assim, novos epifenómenos que lançam para as luzes da ribalta os novos desafios e as novas oportunidades, como também os novos problemas relacionados com o ensino em sistema de e-learning e com o teletrabalho (e os regimes de layoff), e até mesmo com a saúde mental e com a telemedicina, com os seus sistemas de b-health services.

Estes últimos, como já acontece em certas zonas da remota China continental, através dos quais são ministradas, remotamente, consultas médicas e operações em plataformas online, desafiando, assim, todas as contrariedades de um território extenso e denso, e sem as devidas instituições que respondam devidamente às necessidades das sociedades. São desafios que nos colocam em permanente sobressalto, uma vez que nos subjugam, por um lado, ao controlo e à manipulação das hierarquias de poder, e ao controle das próprias máquinas, e que nos distanciam de um legado mais próximo da natureza social humana, mas que por outro lado nos poderão alavancar, também, a novas possibilidades de existência.

De qualquer forma, algumas possíveis respostas avançam timidamente, uma vez que sabemos que para viver e aprender é necessário socializar com a maior transparência e com as devidas regras sociais e comunitárias que nos garantam que, por exemplo, as capturas sistemáticas de informações coletivas em plataformas como o Facebook, o Zoom, ou a Google e outras empresas na área da computação, não determinem, nas orgânicas e nas organizações estruturais das sociedades, sistemas antidemocráticos que acumulem novas guerras cibernéticas e/ou biológicas, que poderão ter todo o potencial e matéria -prima para se transformaram em grandes tumultos e revoluções político-sociais, a que a humanidade, infelizmente, já vai assistindo a olhos incrédulos.

Ficam, contudo, muitas dúvidas e interrogações, quer para o presente, quer para um futuro próximo. De que forma estes novos desafios dos gigantes tecnológicos estimularão o equilíbrio necessário para as nossas vidas em sociedade, e em que medida estimularão as nossas democracias de forma não subjugada? E de que modo não extravasarão o espaço individual e a privacidade de cada um, perpetuando-nos como humanos e não como máquinas? Tais questões ficarão por responder, quando olharmos para a história das primeiras décadas do século XXI, e quando, sob os diversos ângulos multidisciplinares, nos posicionarmos e refletirmos sobre os diversos efeitos que a tecnologia teve neste contexto da complexa pandemia, causada pelo coronavírus.

Um exercício espontâneo seria, contudo, revelador. Seria apenas necessário recuarmos a um passado próximo para percebermos o quanto fomos felizes e nem sabíamos. O quanto fomos cobardes e indiferentes, e nem sabíamos. O quanto fomos loucos e egoístas, e nem sabíamos. Passados mais de três meses, desde o início da pandemia, hoje sabemos quase tudo.

Muitos estudos floresceram, e continuam a florescer, o ambiente revigorou por momentos, as cidades deixaram de poluir por semanas, em suma, o básico e o essencial restringiu-se às capacidades elementares humanas e da natura. Reconectámo-nos com esta, porém, desconetámo-nos do essencial à vida humana e mundana. Desconectámo-nos da possibilidade de socializar, de aprender, de trabalhar, de receber e dar afeto e alimento com a naturalidade de outrora.

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Na viragem desta nova etapa do início da segunda década do séc. XXI, novos paradigmas socioeconómicos urgem. Os atuais modelos socioeconómicos não nos servem e são, em grande parte, a infeliz causa deste desbarate nas enfermidades latentes.

Apesar de ao longo deste último século o mundo não ter caminhando, ainda, a passos largos para a autossuficiência, castigando-nos pelos excessos cometidos contra nós próprios, humanidade, e contra o berço -mãe, o planeta que nos acolhe, apesar disso alguns iluminados têm tido a coragem, a audácia e a resiliência para criar e estimular novas vias mais justas e autossustentáveis, e portanto, geradoras de novos equilíbrios. Esta vias estão aí em cima da mesa, infelizmente, serão sempre uma questão de opção política, com o peso e a medida da balança do grande capital económico-financeiro e claro, todas elas fruto de opções políticas encabeçadas, ora pelos grandes capitais e monopólios setoriais, empresariais e financeiros, ora por uma alienação política oculta, em detrimento, quase sempre, das minorias e de quem produz.

Temos vindo, contudo, a vivenciar excessos e desrespeitos que hoje questionamos profundamente, através do empoderamento social, político e ambiental, procurando moldar, nas atitudes interpessoais, uma luta significativa que não esbarre no excesso de zelo e no distanciamento. Travam-se lutas, não apenas, contra o que não pode acontecer, mas também contra o que já vai tarde. Todavia, confinados que estamos nas nossas ilhas virtuais, e numa incapacidade para nos colocarmos, grande parte das vezes, na pele do outro, permite-se-nos que tudo ou quase tudo seja possível perante 4 paredes, e que tal extravase para o espaço público e cibernético. Hoje o mundo parece estar cá dentro. Hoje é possível fi-

car em casa e assistir a um cinema, a um teatro, a um concerto gratuito, ir ao museu e à biblioteca, não remunerando quem produz, apesar de também ser possível o contrário. Produção e consumo em larga escala, mas no virtual, sem o afeto do toque que não, apenas, o do teclado ou o do touch screen. O toca e foge, e tudo como bem remunerável para consumo, e/ou como bem essencial ao pensamento, ao ócio, ou à saúde. Mas, em certas situações, revestidas de uma subtil opacidade estão, efetivamente, por detrás, audazes interesses económicos com os seus gigantes monopólios sectoriais, que nos apresentam, sistematicamente, a única e última solução possível. Aprazer-me-ia dizer por analogia, “como se fossem a última Coca-Cola do deserto”. Que não o são, porque a concorrência dos mercados internos e internacionais produz, simultânea e invariavelmente, quantas mais “Fantas” e “Pepsis” os mercados conseguirem gerar, de modo a satisfazer o alimento da eterna sede de consumo.

No momento crucial em que nos encontramos, em pleno estado pandémico em curso, as nossas vidas parecem, assim, moldadas, por um lado, pelas lentes artificias da tecnologia, e por outro, pela falta do alimento. Moldados que estamos em nossas vidas, onde tudo parece ser feito de covid, experienciamos hoje as novas tecnologias da informação e comunicação de forma sistemática e sob diversos ângulos, sendo que estes são, sistematicamente, moldados sob o mote de uma hipotética salvação nacional. No entanto, se não nos detivermos às consequências, aos efeitos e aos desafios que os gigantes tecnológicos poderão circunscrever os diversos setores da sociedade, poderemos ficar limitados a uma desumanização latente, e ao empreendimento de uma insidiosa disrupção social e económica um pouco por todo o mundo. Cabe à humanidade responder com uma moeda de troca que não substancie, apenas, a ação do valor cambial e o seu poder de valor de troca com base no lucro, mas que substancie a ação do poder do bem, com base num valor justo e autocrítico, no combate contra o mal.

Rute Marchante Pardal 141

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