Reflexões de um apaixonado por missões

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“Recomendar a leitura do livro escrito por Jairo de Oliveira é tarefa fácil. Sua abordagem clara, didática, fiel à Palavra e apaixonada leva o leitor a um aprendizado responsável sobre o tema de missões e a algumas implicações que isto traz. Faz com que o nosso coração arda pelos perdidos espiritualmente e nos leva não só à reflexão, mas a uma ação rumo à proclamação do Reino de Deus.” Ana Elisa Araújo Messias, missionária. Missão para o Interior da África (MIAF) “Esta obra nos reorienta a respeito da busca de equilíbrio no desenvolvimento da missão, da proclamação, da contextualização e, sobretudo, a respeito de algumas incoerências vividas por missionários no campo e fora dele. Recomendo este livro!”Claudemir Silva, missionário. Missão Antioquia e Secretaria de Missões da Assembleia de Deus em Madureira (SEMADEM) “As palavras de Jairo de Oliveira nos fazem refletir na missão da Igreja. Recomendo a leitura deste livro a todos aqueles que amam a Jesus e têm o objetivo de cumprir a Grande Comissão.” Cleber Balaniuc, missionário. Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira (JMM) “Reflexões simples, curtas, diretas. Os líderes da Igreja brasileira serão muito enriquecidos ao lerem este importante livro, principalmente em dias de um cristianismo árido, acomodado e moldado pelo pragmatismo de um evangelho consumista. Missões precisam, urgentemente, voltar às pautas das reuniões dos obreiros cristãos brasileiros!” Edson Ázara, missionário. Associação Linguística Evangélica Missionária (ALEM)


“A leitura deste livro é mais que uma simples leitura; é uma viagem missionária com alguém que vive a missão de Deus de maneira apaixonante. O escritor elucida particularidades da missão e aspectos problemáticos que envolvem seus principais agentes, sobretudo o próprio missionário e/ou família missionária. São abordadas questões práticas e filosóficas da missão de maneira simples e acessível ao leitor. Reflexões de um apaixonado por missões é leitura obrigatória, em todo treinamento missionário e curso de teologia da missão, principalmente a qualquer pessoa nascida de novo que deseja compreender melhor seu papel, para o alcance dos povos. Recomendo a leitura!” Gessé Almeida Rios, missionário. Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT) “Neste livro, Jairo de Oliveira nos leva a refletir no legado deixado por Cristo em Atos 1.8 e nos inclui como Igreja na responsabilidade da transmissão desse legado, como aqueles que foram chamados para fazer diferença nesta geração, cristãos apaixonados por missões (no sentido mais real e profundo da palavra), os quais abraçaram uma visão além do essencial. Boa leitura!” Nancy Araújo, missionária. Associação Missionária para Difusão do Evangelho (AMIDE) “Jairo de Oliveira expressa, em cada página deste excelente livro, uma paixão por Deus, pelas Escrituras, pelos perdidos espiritualmente e, objetivamente, pelo trabalho missionário. De maneira didática, relevante, analisa aspectos do cenário atual de missões, apresentando um conteúdo indispensável a vocacionados, missionários e igrejas.” Thiago Ishy, missionário. Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB)


Sumário

Prefácio 11 Apresentação 13 Introdução 17 1. Uma visão capaz de influenciar o mundo

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2. Missões: resultado de avivamento

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3. Por que ir para tão longe se aqui perto há tantas necessidades?

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4. Servindo entre os cristãos perseguidos

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5. Fugir ou encarar?

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6. Segurança na comunicação em contextos de oposição ao Evangelho

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7. Novos conceitos em missões

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8. Considerações sobre a Teologia da Missão Integral

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9. Questões relacionadas com a contextualização do Evangelho

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10. Auxílio ao missionário na volta para casa

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Epílogo 83 Referências bibliográficas

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Apêndice: Agências missionárias filiadas à AMTB

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Prefácio

O livro Reflexões de um apaixonado por missões, de Jairo de Oliveira, enfatiza o assunto da atuação missionária da Igreja no seu contexto bíblico. À luz de sua própria experiência missionária, o autor responde, de forma prática, a indagações comuns, as quais têm sido barreiras à atuação missionária da Igreja brasileira. Jairo nos desafia a termos uma visão global, como global é a visão de Deus (João 3.16 e Atos 1.8). Evidentemente que há a tensão entre desafios locais e estrangeiros. Contudo, a Igreja pode atender a seus desafios locais e, simultaneamente, pensar, enxergar e atuar no mundo por meio do envio de missionários. Nesse contexto, o autor responde à pergunta: Por que ir para tão longe, se aqui perto há tantas necessidades? Ele pauta a sua resposta em alguns pontos importantes: atuar em missões é bíblico; não é opção, mas mandamento do Senhor; é uma questão de coerência, considerandose que há tantos que nunca ouviram, enquanto outros têm abundante acesso ao Evangelho; é um privilégio, assim como ação estratégica para a expansão do Reino de Deus. Apesar de os pontos levantados serem relevantes, o autor reconhece que missões ocorrerão como resultado


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de um necessário avivamento, como foi nos dias de William Carey. O avivamento virá, mas em resposta à oração e ao retorno ao texto bíblico e seu desafio missionário. O texto contrasta a realidade de uma parte da Igreja brasileira, indiferente e displicente, em especial quanto a missões, com a dedicação, fervor e preço que os cristãos de outros países pagam em lugares restritos e opositores à fé cristã. Em suas próprias palavras: Aprendi, entre os cristãos perseguidos, que tentar compreender a dinâmica da Igreja sofredora é um exercício que pode transformar, definitivamente, a nossa cosmovisão cristã brasileira. Sendo assim, ressalta: Em um ambiente de perseguição, o nível de espiritualidade e compromisso com a cruz de Cristo tende a ser mais elevado. Então, Jairo indaga se estaremos preparados, caso venhamos a ser perseguidos, ou, se somente debaixo da pressão da perseguição seremos mais comprometidos. Será que precisaremos de perseguição para ter mais compromisso com Deus e com a evangelização mundial? O livro ressalta que a atuação missionária não ocorrerá sem um alto preço a pagar, o qual envolverá adaptação a outra cultura, assim como aprender línguas difíceis, ter saudade de casa e desejo de voltar. Além disso, principalmente em lugares fechados ao Evangelho, a atuação missionária passará por uma série de cuidados referentes à segurança. Dessa forma, deportações prematuras serão evitadas. Nos últimos capítulos, Jairo nos instrui sobre as terminologias usadas para definir as prioridades missionárias no mundo. Exorta-nos a mantermos o equilíbrio entre ação e proclamação, pois as obras por mais necessárias que sejam, não deverão ser motivo para substituir a proclamação do Evangelho. Entretanto, a proclamação deverá passar por contextualização da mensagem e do missionário na nova cultura. Isso, dentro dos limites dos absolutos das Escrituras, para que não provoquemos sincretismo religioso. O livro Reflexões de um apaixonado por missões desafia a Igreja brasileira a se engajar na evangelização mundial, a partir de uma perspectiva bíblica. Silas Tostes Presidente da Aliança Evangélica Brasileira. Presidiu a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) por 8 anos e ajudou a organizar 4 congressos brasileiros de missões.


CAPÍTULO

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Uma visão capaz de influenciar o mundo

Oswald Smith, embora desejasse muito, não chegou a se tornar um missionário transcultural. Todas as suas tentativas de se estabelecer no campo missionário foram fracassadas em razão de complicações com a saúde, além de ter sido rejeitado como candidato por uma organização missionária. Nem por isso, desistiu de seu propósito de proclamar o Evangelho às nações. Uma vez que não tinha condições de ir pessoalmente como um missionário transcultural, na função de pastor colaborou intensamente com o envio de missionários. Um de seus lemas, que se tornou mundialmente conhecido, era: Nenhuma visão que não seja o mundo é a visão de Deus. Oswald Smith era pastor da Igreja do Povo, em Toronto, no Canadá. Por meio do programa de envio de missionários, desenvolvido em sua igreja, sustentou centenas de missionários no mundo inteiro. Suas iniciativas para influenciar as nações com o Evangelho foram tão grandes que milhares de pessoas passaram a chamá-lo de “Sr. Missões”. A Igreja


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do Povo, pastoreada por Smith, chegou a enviar mais missionários a outros países do que qualquer outra igreja de sua época. É empolgante voltarmos os nossos olhos para a biografia de Oswald Smith. O que encontramos é um homem que se empenhou de todas as maneiras no empreendimento de ações práticas de amor a Deus e à humanidade. Seu objetivo era o de ver Cristo ser glorificado em todos os continentes, países, cidades, povos, aldeias e malocas. As Escrituras nos revelam que o sentimento de amor pela humanidade moveu o coração do Deus Pai, a ponto de dar seu Filho unigênito para a salvação dos perdidos espiritualmente: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.16) A missão de Deus é para o mundo todo e sempre foi desenvolvida segundo esta perspectiva. Teologia bíblica e missões estão integralmente relacionadas entre si. Portanto, identificarmo-nos com essa visão, tendo como exemplo homens como Oswald Smith, e trabalharmos para proclamar o Evangelho às nações é agir de acordo com os propósitos de Deus. Não se trata de modismo ou de influência do fenômeno da globalização, mas de uma atitude de obediência ao mandamento divino: [...] recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra! (Atos 1.8) Dessa forma, podemos afirmar que o desafio para a Igreja hoje consiste em corresponder às necessidades locais e ao mesmo tempo pensar, visualizar, orar e agir globalmente, isto é, atuar tanto em uma ação local como em um mutirão mundial.


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Oswald Smith entendeu bem esse conceito; por isso, impossibilitado de servir pessoalmente em um campo transcultural, participava no trabalho missionário global por meio das suas orações fervorosas, ofertas generosas, escritos apaixonantes, dentre outras iniciativas. Também entendia que era um missionário em sua própria cultura. Enquanto enviava outros irmãos para influenciarem o mundo, desenvolvia como pastor o seu ministério e alcançava os que estavam ao seu redor, assumindo a sua responsabilidade na evangelização local. Se de fato almejamos concluir a tarefa da Grande Comissão, precisamos demonstrar obediência a Deus, com respeito ao que ele tem para cada um de nós. Por exemplo, se o nosso campo de atuação não se estabelece em um ministério transcultural, devemos contribuir para enviar outros para esse tipo de contexto, enquanto cuidamos da ação da evangelização local. Usando a linguagem de Atos 1.8, podemos dizer que, fisicamente, quem não vai aos “confins da terra” deve alcançar esses lugares por meio do envio de outros, enquanto permanece fisicamente em “Jerusalém”, evangelizando os não alcançados da sua cidade. A verdade é que todos os cristãos foram comissionados para ser testemunhas do Evangelho, em um contexto local ou transcultural. Seria requerer demais que os cristãos desenvolvam uma consciência e uma ação global, enquanto cuidam das suas responsabilidades locais? Não – é claro! Afinal de contas, a Igreja foi estabelecida para corresponder aos desafios mundiais, inclusive os locais. Deve, portanto, ser caracterizada por sua visão do mundo. Um bom exemplo de que é possível a uma igreja conciliar sua ação local com uma visão global, encontramos na experiência da Primeira Igreja Batista de Santo André, localizada na região do ABC Paulista. Esta igreja é um referencial na realização da tarefa da evangelização mundial, mantendo mais de 30 parcerias com obreiros que atuam


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tanto em seu próprio contexto, como nos mais variados campos missionários. O comportamento da igreja reflete bem o que pensa o seu pastor, Edison Queiroz, a respeito da tarefa missionária da Igreja: Alguns têm uma visão errada da obra e tarefa da Igreja. Pensam que ela deve atingir somente o seu bairro com a mensagem de Cristo. Oh! Como precisamos de visão! Como precisamos de uma operação sobrenatural de Deus, abrindo os nossos olhos para a tarefa que está diante de nós! A visão de Deus é que a Igreja seja testemunha de Cristo em Jerusalém, Judeia, Samaria e confins da terra ao mesmo tempo. 3 As Escrituras e a História da Igreja testificam que a participação do corpo de Cristo na tarefa da evangelização mundial glorifica a Deus, abençoa os povos e é essencial para a vida da Igreja. De outra forma, a Igreja – agência do Reino de Deus para as nações – nega a sua própria natureza e perde a sua própria identidade. Oswald Smith aludiu, em seus escritos, a este perigo: Dedicamo-nos à evangelização porque a igreja que não evangeliza em breve deixará de ser evangélica.4 Não há dúvida de que, mais que em qualquer outro tempo, o mundo clama por homens e mulheres com uma visão voltada para Deus. Onde encontrar a esperança de dias melhores ou de uma vida melhor? Esse cenário transforma em urgente a tarefa de cada igreja local, de se identificar com a visão do alto e assumir ações transformadoras, em todas as partes do planeta. Que dizer daqueles que vivem em condições menos favoráveis, mas ainda não foram alcançados com a pregação verbal do Evangelho, 3 A igreja local e missões, p. 20. 4 Paixão pelas almas, p. 81.


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não tiveram ainda a oportunidade de ouvi-lo de forma compreensível? Mencionamos, inclusive, pessoas que vivem em contextos de isolamento geográfico, religioso e social e, para serem alcançadas, carecem de ajuda externa, como, por exemplo, a intervenção de um missionário. Em nossa própria nação, há uma enorme quantidade de grupos étnicos, de comunidades diversas e de adeptos de seitas que ainda não tiveram a oportunidade de ouvir e crer no Evangelho de Cristo. Segundo informações divulgadas pelo missionário e missiólogo Ronaldo Lidório, os segmentos menos evangelizados do Brasil são os indígenas, os ribeirinhos, os ciganos, os sertanejos, os quilombolas, os imigrantes, os surdos e os mais ricos dos ricos e os mais pobres dos pobres.5 É urgente expandirmos nossa ação e influenciarmos o mundo a partir de uma visão dada por Deus! Vale lembrar aqui que uma igreja que expande seus horizontes e atua globalmente não é aquela que disputa terreno com outras igrejas e faz da sua denominação uma marca registrada em cada país ou capital. Uma igreja que obedece à ordem divina é aquela que anuncia o Evangelho e faz discípulos, também onde Cristo ainda não foi proclamado. Oswald Smith, ao longo da sua trajetória, escreveu 35 livros, traduzidos em 128 línguas. O impacto de seus escritos é extraordinário. Billy Graham, o grande evangelista americano, ao recomendar o livro The Enduement of power do referido autor, escreveu a respeito dele: Seus livros têm sido usados pelo Espírito Santo para penetrar nas profundezas da minha alma e tiveram uma influência tremenda em minha vida pessoal e em meu ministério. Mesmo depois da morte de Oswald Smith, no ano de 1986, a sua vida se destaca por sua visão global, capaz de influenciar o mundo.

5 Ultimato. Quem são os menos evangelizados do Brasil? http://www.ultimato.com. br/conteudo/quem-sao-os-menos-evangelizados-no-brasil. Acesso em 06/01/2016.


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São surpreendentes, tanto a sua paixão por missões e a relevância dos seus escritos quanto a trajetória da igreja que ele pastoreou, a Igreja do Povo, no Canadá, e que se mantém como uma referência mundial, em termos de evangelização. Testemunhos de vida como o de Oswald Smith, além de empolgantes, servem-nos como amostra do que a visão de Deus pode fazer no coração de alguém apaixonado pela evangelização mundial. Cabe-nos orar: “Senhor, contempla a Igreja brasileira e nos dá a tua visão capaz de influenciar o mundo!”

REFLEXÃO E DISCUSSÃO 1. Quais foram as dificuldades que impediram Oswald Smith de se tornar um missionário transcultural? 2. Por que Oswald Smith pode ser considerado um cristão com visão missionária? 3. Todos os cristãos foram comissionados para ser testemunhas do Evangelho. Que pensa você a respeito disso? 4. De que forma uma igreja deve conciliar a ação local com a visão global? 5. Quais são os segmentos menos evangelizados do Brasil? Pense nisto: "A missão surge do coração do próprio Deus e é transmitida de seu coração para o nosso. A missão é o alcance global de um povo global que pertence ao Deus global." (John Stott, citado por Christopher Wright, no livro A missão do povo de Deus - uma teologia bíblica da missão da igreja (p. 31). Publicado por Edições Vida Nova & Betel Brasileiro Publicações, 2012.


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