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ENTREVISTA A FLORENTINO
FLORENTINO
Florentino tem sido uma das agradáveis surpresas no novo Benfica de Roger Schmidt. Depois de uma época de empréstimo ao AS Mónaco e de outra temporada cedido ao Getafe, o médio de 23 anos agarrou a titularidade nos encarnados e tem formado excelente dupla com Enzo Fernández no meio campo.
O internacional sub-21 português revela que as duas temporadas em que esteve afastado do Benfica permitiram que crescesse a nível profissional e pessoal e mostra-se muito entusiasmado com a atual equipa dos encarnados. Ainda assim, não assume qualquer favoritismo do clube ao título de campeão nacional e sublinha que o grupo só pensa jogo a jogo.
Entre elogios ao treinador Roger Schmidt e ao capitão Otamendi, o médio confessa que não pensa muito na possibilidade de chegar à seleção A, dizendo que, a acontecer, tal sucederá de forma natural.
Como está a ser o teu regresso ao Benfica, depois de duas épocas emprestado? Está a ser um bom regresso a casa, tanto individual como coletivamente, que é o mais importante. Temos alcançado os objetivos que eram propostos no início da época e agora é ir passo a passo.
Neste momento, sentes-te um jogador importante no Benfica e com outra responsabilidade? Sinto-me com a mesma responsabilidade que nos outros anos em que representei o Benfica. Cada jogador que representa o Benfica tem uma responsabilidade, que é dar o seu máximo e ajudar a que o clube esteja nos níveis mais altos, e é assim que me sinto hoje.
Sentes que os dois anos que passaste fora foram importantes para a tua evolução? Sim, foi muito bom para a minha evolução profissional e pessoal. No Mónaco, eu e a minha mulher éramos recém-casados, estávamos só os dois a aprender a viver um com o outro. Foi uma época de muito crescimento, até porque ela ficou grávida. E foram dois contextos diferentes de futebol, o que me ajudou a ganhar mais experiência, o que se reflete hoje em dia.
Esperavas apresentar um nível tão alto neste teu regresso? Esperava regressar dando o meu contributo. E, sempre que me chamarem lá para dentro, vou estar disponível para dar o meu melhor pelo Sport Lisboa e Benfica. Na minha posição , quando jogo com um jogador a meu lado, tento sempre fazer o que ele não faz, tento que haja um equilíbrio, pois se estivermos os dois sempre a fazer a mesma coisa não tiramos proveito.

Como tem sido a tua relação com o Enzo Fernández, com quem tens feito dupla no meio campo? Creio que é uma boa relação. Mas se fosse outro jogador qualquer a relação seria boa, pois temos de estar habituados a jogar com outros jogadores. O Enzo é um jogador com muita qualidade.
ENZO É UM JOGADOR COM MUITA QUALIDADE
Quando tens um parceiro novo no meiocampo, o que fazes para ter um maior conhecimento desse jogador? Costumas ver vídeos do futebolista em questão? Para ser sincero não costumo ver muitos vídeos. Costumo conhecê-los quando começo a treinar com eles, mas para mim é fácil adaptar-me a qualquer jogador.
Como se traduz a maior maturidade que tens apresentado? Traduz-se em mais experiência. Há coisas que só se aprendem jogando. Na primeira época em que saí do Benfica, porque não estava a ter muito tempo de jogo, foi isso que aconteceu. No nosso trabalho, quando se passa para a parte prática é que sabemos realmente como são as coisas. Tive mais tempo de jogo, ganhei mais experiência e foi muito positivo.
No AS Mónaco jogaste com Cesc Fàbregas, um grande nome do futebol mundial. Como foi essa experiência? Foi muito bom ter jogado com ele. Quando fui para o Mónaco e soube que o Fàbregas estava lá


fiquei muito contente, porque é um nome muito sonante. Tinha uma curiosidade muito grande para saber como era ele a treinar e a jogar, pois ele estava imbuído no Barcelona, uma equipa que eu gosto muito de ver jogar, ganharam muitos títulos naquela altura. Consegui perceber que ele é uma pessoa muito simples e apaixonada pelo futebol e que apesar de ter muitos anos de alto nível quer sempre mais. Aprendi muito com o Fàbregas, é uma pessoa muito simples, que por acaso deu-me uma prenda uma vez. Perguntou-me qual era o meu ídolo e eu disse-lhe que era o Sergio Busquets. Ele é muito chegado a ele e, sem eu saber nada, passado cerca de um mês, chegou com uma camisola assinada pelo Sergio Busquets, o que significou muito para mim.
Como tem sido trabalhar com o treinador Roger Schmidt? É um treinador com muito boas ideias, que quer sempre uma equipa muito pressionante e muito ofensiva, que dispute o jogo pelo jogo e que quer que façamos aquilo que nos pede.



Roger Schmidt referiu publicamente estar impressionado contigo. Estas palavras dão-te ainda mais responsabilidade e confiança? Claro que é bom ouvir essas palavras do nosso treinador, mas dá-me mais responsabilidade porque sei que tenho de continuar a esse nível. O treinador confia em nós, tal como o clube confia em mim e a nossa responsabilidade é mostrar dentro de campo, de três em três ou quatro em quatro dias, aquilo de que somos capazes. Que diferenças encontraste neste Benfica para o Benfica de há duas épocas, quando foste emprestado pela primeira vez? As equipas têm sempre as suas particularidades. Claro que o Benfica de há duas/três épocas tinha uma equipa muito boa e muito competitiva. Nestas duas últimas épocas em que fui emprestado ainda fiz duas pré-épocas, na última carimbámos o acesso à Liga dos Campeões, com o PSV, na outra não carimbámos. Eram equipas muito competitivas, pelo que vi no início, tinham muita qualidade. Sobre a atual equipa, o que posso dizer à massa associativa é que está muito focada nos
ROGER seus objetivos para esta época. SCHMIDT É UM Pensas que o Benfica é um dos
TREINADOR COM BOAS grandes candidatos ao título? Candidatos ao título há o Benfica e outros. É uma coisa que está na nos-
IDEIAS sa mente, mas estamos a olhar passo a passo. Na época passada, o Benfica chegou aos quartos de final da Liga dos Campeões. Esperam pelo menos igualar esse feito? Foi um grande feito. É muito bom atingir os quartos de final da Liga dos Campeões, pois eleva o nome do clube.

O DIA EM QUE ASSINOU PELO BENFICA
CHEGASTE AO BENFICA MUITO NOVO, PARA AS ESCOLINHAS. QUE RECORDAÇÕES TENS DESSES PRIMEIROS TEMPOS?
Foram dias inesquecíveis. Um dos momentos que ficaram na minha cabeça foi o dia em que assinei pelo Sport Lisboa e Benfica. Foi quando estava a jogar nos Pupilos do Exército, num jogo entre o Benfica e o Real Massamá. O jogo estava a correr-me bem e, no fim do jogo, o Benfica perguntou-me se queria assinar com o clube e eu fiquei muito contente com essa possibilidade. Já tinham falado com os meus pais, já tinham tentado de tudo, até nesse dia foram a minha casa para reunir os documentos para assinar contrato para a época seguinte. Foi naquele dia que ficou feito o negócio e fiquei muito feliz.
FIZERAM TUDO NAS TUAS COSTAS (RISOS).
Sim, mais ou menos, mas quando soube que havia esse interesse fiquei muito feliz.
O plantel do Benfica tem muitos jogadores jovens. Como é o ambiente entre vocês? O ambiente é muito bom porque creio que há um bom “mix” entre juventude e experiência e esse “mix” é que leva a que no campo mostremos a nossa ousadia.
Há algum colega com quem tenhas uma maior relação de amizade? Dou-me muito bem com todos. Há três anos dava-me muito bem com o Gedson, um jogador que estava comigo desde o meu primeiro ano no Benfica. Dou-me bem com todos os jogadores, mas normalmente dou-me mais com os jogadores da formação.
Há algum líder de balneário com quem procures aconselhar-te? Creio que em termos de liderança olho muito para o Otamendi. Creio que é uma referência no balneário, é o capitão. Também aprendi muito com o Weigl, foi um jogador que quando chegou já era bom jogador e confirmou-se. É sempre um jogador que me dá conselhos e tento retirar o máximo.
Qual a próxima meta que vês para a tua carreira? Chegar à Seleção Nacional? Claro que representar a seleção é um dos expoentes máximos da carreira de qualquer jogador, mas não é um objetivo que tenha assim muito na minha mente. Vou encarar as coisas com naturalidade e, se tiver de acontecer, vai acontecer.
O facto de praticamente só teres representado o Benfica faz com que sintas o cube de forma diferente? Quando entras em campo, tens um sentimento especial? Todos os dias em que entro no Estádio da Luz e, sempre que há um jogo, tenho aquele “nervoso miudinho”, aquele arrepio. Desde criança que tinha o objetivo de chegar à equipa principal do Benfica e graças a Deus faço parte da equipa principal e isso é um sonho.
Sempre quiseste ser jogador de futebol? Sim, sempre. Mas também gostava de duas profissões que nada tinham a ver uma com a outra:
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rececionista de hotel ou astronauta. Astronauta porque gosto da natureza e acho que qualquer pessoa tem a curiosidade de ir ao espaço e eu tinha essa curiosidade. Se me dissessem “o Florentino pode ir para o espaço eu era logo o primeiro a ir”.
Existe alguma razão? É verdade, nunca fui de marcar golos, mas estou a treinar para marcar mais golos, vamos ver se esta época consigo.
Tens algum ídolo ou referência no futebol? A minha referência é o Busquets.
Qual o treinador que mais te marcou? Muitos treinadores me marcaram e seria injusto se dissesse que um ou outro treinador me marcaram mais, porque foram fases diferentes e cada treinador que apanhei ajudou-me a crescer. Todos de maneira diferente, mas todos de maneira positiva. Nunca foste de marcar muitos golos e, aliás, só apontaste um pela equipa principal do Benfica.
O único golo que marcaste não foi no Estádio da Luz. Já OTAMENDI É UMA pensaste como vais festejar quando marcares na Luz? REFERÊNCIA NO Acho que vou fazer uns dez fes-
BALNEÁRIO tejos. Vou esgotar o ‘plafond’ dos festejos. Tens algum ritual antes dos jogos? Por acaso não sou uma pessoa de rituais. Sou uma pessoa muito espiritual, muito apegada a Deus e antes dos jogos faço sempre uma oração a Deus muito sincera, em que não peço para ganhar ou para perder, mas para que Ele me proteja e que o propósito que Ele tem para a minha vida seja concretizado.