Lidão, o periódico do jornalista carioca

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ANO XIV NÚMERO 41 NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2014 w w w. j o r n a l i s t a s . o r g . b r w w w. f a c e b o o k . c o m / s i n d j o r w w w. t w i t t e r. c o m / S i n d J o r R i o INFORMATIVO DO SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Ações pelo fim da violência ganham destaque página 7 Fiscalização nas empresas do Rio cresce página 6 Sabe o que o Sindicato faz? Nós contamos páginas 4 e 5 Diretoria completa um ano de mudanças página 2

Campanha salarial 2015 É hora de nos unirmos por mais direitos e melhores salários

Retomada negociação salarial nas assessorias página 3


N OTAS O dia-a-dia do jornalista parece vale tudo. Demissões, contracheques depreciados, atrasos salariais, relações trabalhistas vilipendiadas, cortes de benefícios, assédio moral na mídia privada, na estatal e na pública. Com a concentração de empresas jornalísticas e de assessorias de imprensa, os locais de trabalho cada vez mais escassos se assemelham pela competitividade interna a octógnos. É violência física e simbólica de todo lado contra o jornalista. Até na rua somos acossados, ora por agentes do Estado que tentam nos calar, ora pela população que nos confunde com patrões desacreditados. E nessas lutas sem regras temos perdido de nocaute. É reagir ou...

Debates e documentário agitam a Semana de Atividades dos Jornalistas Cariocas

Mas não se trata de imaginar que jornalistas vão ser tornar campeões de vale tudo. Nessa lógica da força bruta, especialmente do poder da grana de nossos patrões, perderemos sempre. Precisamos usar nossa inteligência, o nosso poder de transformar a realidade a partir da nossa capacidade de união, de organização e de articulação com os movimentos sociais para reivindicar direitos, para obtê-los a partir da nossa livre manifestação. A História nos ensina isso: os trabalhadores só conseguiram conquistar direitos quando se uniram e lutaram juntos. Não existe outra forma.

O Sindicato protocolou denúncia no Ministério Público do Trabalho contra a Eletrobras por descumprimento da jornada legal dos jornalistas. A denúncia foi aceita e se instaurou um inquérito civil público para investigar a estatal, uma das várias que exigem uma jornada além das cinco horas previstas na regulamentação profissional. Se constatada irregularidade, o MP deve instaurar um pedido de ajuste de conduta, através de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta).

No último ano, a nossa categoria avançou no esforço rumo a essa união. Alguns poucos passos. Bastante tímidos. Ainda assim, o suficiente para terem causado bastante incômodo ao status quo. Vieram ameaças e tentativas de criminalização contra o sindicato. Outras entidades de classe também têm sofrido formas de perseguição até mais graves como as dos professores e a dos petroleiros. Nada que possa, no entanto, parar o movimento em curso de reorganização dos trabalhadores na luta por nossos direitos. Assim como não vão nos deter em bandeiras tão fundamentais como a desmilitarização da segurança pública, a democratização da comunicação, o combate contra a homofobia, o racismo e a tortura, a defesa da memória e da verdade. Como reagir, eis a questão. Há um primeiro passo a se consolidar que é a reconquista do sindicato como instrumento de luta da categoria. É fato que a nossa entidade pelo menos saiu da invisibilidade e se tornou propulsora de um debate inicial sobre a grave situação dos jornalistas. Mas ainda precisa ser compreendida por mais colegas como espaço efetivo de ocupação, debate e síntese de nossas questões de classe. Há uma série de frentes de ação, no campo da negociação, da fiscalização e no jurídico, assim como na realização de atividades no sindicato e nas ruas. A realidade dos jornalistas não precisa se circunscrever em um octógono. Mas, para isso, precisamos vencer antes de tudo os nossos medos para romper esses limites.

O aniversário de um ano da atual gestão do Sindicato foi celebrado com uma série de eventos entre os dias 26 e 29 de agosto. Na Semana de Atividades dos Jornalistas Cariocas, temas como a organização por local de trabalho, a segurança para os profissionais e os rumos do jornalismo na nossa sociedade estiveram em debate no auditório. A importância da organização por local de trabalho na vida sindical foi discutida com a participação do professor de História Hélder Molina, da Uerj, do professor Alexandre Sames, do Pedro II, e de jornalistas da Comissão de Empregados da EBC. No debate ‘jornalismo em uma sociedade em crise’, os profissionais refletiram sobre saídas para o esgotamento do atual modelo de produção de notícias, e novas formas de atração e sustentabilidade dos jornalistas. A Semana de Atividades foi encerrada com uma sessão do documentário Abaixando a Máquina’, de Guilhermo Planel, que participou de roda de conversa com o professor Dante Gastaldoni, integrante da Comissão de Ética, e o fotojornalista Wilton Junior.

MPT investiga Eletrobras por descumprimento da jornada legal de cinco horas

Cinema no Sindicato

O Cine Bar Diálogos traz ao Sindicato, todo mês, um filme, seguido de debate entre os presentes. O bar fica aberto antes, durante e depois de cada exibição, para os interessados. Depois da exibição, é realizado um quiz com a premiação de livros. A realização do evento é uma parceria entre o Sindicato e o Centro de Estudos Ruy Mauro Mariny.

Sindicato sai da inadimplência no Ministério da Cultura

Está em processo de regularização a situação do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo, que apresentava pendências relativas a despesas de um seminário realizado em 2012. Em assembleia realizada em julho, os jornalistas decidiram que o Sindicato deve cobrir esses custos ao enviar as contas para o Ministério da Cultura. Assim, a entidade voltará a ficar apta a obter financiamentos para outros projetos por meio de editais.

Parece que foi ontem… Sindicato faz 80 anos em 2015

O Sindicato completa 80 anos de existência, e muita luta, em janeiro do ano que vem. Como uma data tão importante não pode passar em branco, já começaram os preparativos para uma série de eventos. Nós queremos a sua contribuição, com debate e sugestões, para a programação. Fique atento aos nossos boletins para saber como participar.

Aplicativo na palma da mão

Agora ficou mais fácil denunciar violações trabalhistas ou agressão sofrida por jornalistas nas ruas. O Sindicato lançou este ano o aplicativo Lide, que traz uma ferramenta inédita que permite denúncias em tempo real, com direito a geolocalização. Além disso, o Lide traz a legislação trabalhista e as convenções coletivas da nossa categoria.

Manda um Whatsapp

O Sindicato está no Whatsapp. Usamos o serviço para receber denúncias dos jornalistas e alertar sobre assembleias e eventos da categoria. Acesse já pelo número (21) 99439-2951. A ferramenta é mais um dos canais de diálogo com os jornalistas.

Não se perca da gente: receba o nosso boletim por e-mail

Não quer perder nada que acontece aqui no Sindicato? Cadastre-se para receber o nosso boletim informativo semanal diretamente no seu e-mail. É bem fácil: basta acessar o site www.jornalistas.org.br e digitar seu endereço de e-mail no campo ‘Receba nosso boletim’, que fica no menu á direita.

Presidenta: Paula Máiran – Vice-presidente: Randolpho de Souza – Secretária-geral: Cláudia de Abreu – 1ª Tesoureira: Camila Marins – 2ª Tesoureira: Amélia Sabino – Conselho Fiscal: Daniel Fonseca e Cecília de Moraes – Delegadas da Fenaj: Gizele Martins e Vivian Viríssimo – Suplentes: Regina Quintanilha, Raquel Júnia, José Olyntho Contente Neto, Samuel Tosta e André Vieira – Comissão de Ética: Sylvia Moretzsohn, Dante Gastaldoni, Álvaro Britto, Alberto Jacob e Nilo Sérgio Gomes – Jornalista responsável: Bernardo Moura Mtb 29.855-RJ – Diagramador: Claudio Camillo Mtb 20.478

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NOVEMBRO/DEZEMBRO


Campanha salarial 2015: o que vem por aí... O Sindicato completa 80 anos em 2015 e o presente de aniversário será mais mobilização na luta por mais direitos na campanha salarial. Até o fim deste ano, o Sindicato estará empenhado na organização de assembleias e encontros em que os jornalistas definirão a pauta de reivindicações a ser negociada com as empresas no ano que vem. Para garantir um reajuste digno, mais direitos e melhores condições de trabalho é necessária a participação de toda a categoria. O objetivo é fechar um acordo favorável aos trabalhadores em 1º de fevereiro, data-base dos jornalistas do Rio. Buscamos cada vez mais a unidade nas campanhas salariais, independente do segmento (rádio e TV, jornais e revistas e assessorias de imprensa). Desde o ano passado, o Sindicato tem apostado em pautas de reivindicações unificadas, como forma de agregar as lutas dos trabalhadores - que muitas vezes sofrem de problemas semelhantes, apesar de trabalharem em locais distintos.

Jornalistas de rádio e TV agora têm piso salarial Após 18 anos, os jornalistas de rádio e TV do Rio reconquistaram o direito a um piso salarial. Os valores estabelecidos na convenção são de R$ 1.350 (rádio) e R$ 1.500 (TV) para jornadas de cinco horas. Apesar de muito aquém do que o Sindicato considera como salário-base ideal (a reivindicação inicial era por R$ 4.927), o piso já tem contribuído para elevar salários nas redações menores da cidade. Como em anos anteriores, a intransigência dos patrões impediu que os jornalistas de rádio e TV obtivessem aumento real nos salários em 2014. Foi concedido somente o reajuste pelo INPC, de 5,26%. Jornalistas de empresas grandes conquistaram um complemento de R$ 1.000 sobre o valor pago na participação de lucros e resultados. A convenção de rádio e TV agora tem, pela primeira vez, valor de face para os tíquetes alimentação e refeição: R$ 390 por mês. O auxílio-creche subiu para R$ 350 mensais.

Reprodução / Facebook

Bernardo Moura

Bernardo Moura

Bernardo Moura

Sindicato mobiliza jornalistas de empresas públicas e privadas e de diversos segmentos, como rádio, TV, jornais, revistas e assessorias

Sindicato retoma campanha nas assessorias A campanha salarial de assessoria de imprensa, cujas negociações estavam paradas desde 2012, foi retomada pelo Sindicato em outubro. Este ano, a baixa participação dos jornalistas deste segmento impediram a continuidade da mobilização, e o acordo não foi celebrado.

Em jornais e revistas, mobilização por salário digno

Os jornalistas que trabalham em empresas de jornais e revistas continuam a luta pela reconquista do piso salarial, perdido há 18 anos. Os profissionais desse segmento rejeitaram a proposta patronal de R$ 1.450 para jornadas de cinco horas por considerá-la rebaixada demais. As empresas de jornais e revistas concederam aos trabalhadores

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reajuste de 5,26%, relativo ao INPC de fevereiro. Foi paga uma complementação de R$ 700 sobre os 20% do salário previstos na cláusula de participação de lucros. O valor mínimo dos tíquetes alimentação e refeição será de R$ 15,50 por dia de trabalho. O auxílio-creche aumentou paraR$ 330 mensais para jornalistas com filho de até cinco anos de idade.

A diretoria agora está empenhada nesta campanha e a pauta de reivindicações unificada já foi enviada para a apreciação do Sinco, sindicato que representa as empresas. Uma assembleia com os trabalhadores foi realizada em 28 de outubro. A campanha salarial das assessorias

é importante por impactar a vida de uma parcela cada vez mais crescente da categoria dos jornalistas no Rio. Assim como nas redações, os profissionais dessas empresas também sofrem com a precarização de seus empregos, baixos salários, jornadas longas e assédio moral.

Greve da EBC completa um ano e empresa trava PECS Os gestores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) finalmente demonstraram interesse em concluir ainda neste ano o novo Plano de Empregos, Cargos e Salários (Pecs). A minuta deveria ter sido fechada no dia 3 de outubro, mas as discussões só começaram a sair da fase preliminar três semanas depois, após uma Assembleia Nacional. Na praça do Rio de Janeiro estiveram presentes mais de 90 trabalhadores, entre jornalistas, radialistas e

outros profissionais. O movimento lembrou os grandes quóruns que levaram à greve histórica, que completa um ano agora em novembro. A decisão das categorias foi por um indicativo de paralisação, para pressionar a empresa a cumprir o novo cronograma, para que o Pecs entre em vigor já em 2015. A EBC é a empresa pública à qual pertencem 13 veículos de comunicação, entre eles Agência Brasil, TV Brasil e as rádios MEC e Nacional.

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Mediação, fiscalização e ação para acabar com irregularidades nas redações e assessorias Além da de negociações, outra mesa onde Sindicato e empresas têm sentado para conversar é a redonda, mediada pelo Ministério do Trabalho. O recurso, oferecido pelo órgão, é o primeiro passo para a solução de conflitos resultantes de denúncias encaminhadas pelos trabalhadores. No caso dos jornalistas, as mesas redondas têm, principalmente, tratado de temas relacionados a irregularidades no banco de horas, jornadas estendidas além do limite da lei e a falta de pagamento de reajustes salariais e de benefícios previstos na convenção coletiva. O Sindicato já acionou o Ministério do Trabalho, seja para mesa redonda ou fiscalização, empresas como a Rede Globo, o Lance!, a Rede TV!, a Rádio Tupi, o Jornal do Commercio, a FSB e a Infoglobo. Na mediação com a Rede Globo, é negociado o fim do sistema de desconto no banco de horas, as conhecidas ‘horas negativas’, o abono de todos os dias que a empresa não escalar o funcionário para trabalhar, a adoção de uma escala de trabalho que respeite a folga obrigatória após seis dias de trabalho e o abono da hora de descanso que não for usufruída pelo jornalista. A mesa redonda com o jornal Lance! chegou ao fim em outubro com acordo pelo pagamento de parcelas atrasadas

Bernardo Moura

Transparência e fiscalização: reuniões são transmitidas on-line e cresce número de denúncias

da participação de lucros e resultados desde 2010. O Sindicato ainda monitora as recentes demissões ocorridas na empresa e o cumprimento de direitos, como banco de horas e controle de ponto na redação. Já a mediação com a assessoria de imprensa FSB discute a precarização do trabalho, a contratação de jornalistas como autônomos ou empresas individuais e o desrespeito à jornada legal de cinco horas. Em dezembro, o Sindicato iniciará mesa redonda com a Infoglobo, que edita ‘O Globo’, ‘Extra’ e ‘Expresso’, para tratar de denún-

cias relativas à jornada de trabalho, banco de horas e a compensação de folgas. O Sindicato aguarda ainda a realização de mesa redonda com a Rede TV!. O pedido já foi solicitado ao Ministério do Trabalho. Para solicitar uma mesa redonda, o jornalista deve denunciar o problema ao Sindicato - que levará a questão à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio. O órgão, por sua vez, marcará a data para ouvir as partes e tentar encontrar um consenso. Antes de entrar com o pedido na supe-

rintendência, o Sindicato tenta a negociação direta com a empresa para resolver o problema. Esse é o caso, neste momento, do jornal ‘O Dia’ e da Rede Record. Caso o problema não seja resolvido na mediação, o Sindicato pode fazer assembleia e decidir se os trabalhadores querem solicitar uma fiscalização do Ministério do Trabalho, entrar com denúncia no Ministério Público do Trabalho ou ajuizar ação na Justiça trabalhista. Atualmente, os Diários Associados - que reúne Rádio Tupi e Jornal do Commercio passam por fiscalização do MTE, a pedido do Sindicato, por conta de condições insalubres a que os jornalistas foram submetidos na mudança para a nova redação, que ainda estava em obras. No Ministério Público do Trabalho, corre inquérito que apura falhas nas condições de segurança que as empresas jornalísticas do Rio oferecem a seus funcionários. A investigação partiu de denúncia do Sindicato contra más condições de trabalho na TV Bandeirantes. Já na Justiça do Trabalho, há uma ação em curso contra a discriminação de funcionários por idade na Globosat. Eles são demitidos da empresa ao alcançarem ou estarem próximos de completar os 60, de acordo com a denúncia.

Vem pro Sindicato. Jornalistas sindicalizados decidem os rumos da categoria e têm acesso a uma série de benefícios

Bernardo Moura

Participar do Sindicato é a melhor maneira de ter seus direitos respeitados e garantir melhores condições de trabalho. O Sindicato age por orientação única e exclusiva de seus associados, por meio das decisões tomadas em assembleias. É desta forma, por exemplo, que se pode conseguir um bom reajuste salarial ou o fim de uma prática que prejudique os trabalhadores.

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Além da negociação salarial e de direitos, o associado ao Sindicato também dispõe de orientação jurídica trabalhista, cível e criminal - sem custo adicional. É possível ainda utilizar o espaço físico do Sindicato, como o auditório, para a realização de eventos: basta marcar o horário. O sindicalizado tem ainda um computador a disposição na sede, para uso em horário comercial, e Wi-fi. Ao se sindicalizar, o jornalista tem acesso a dezenas de convênios que oferecem descontos especiais em cursos preparatórios, escolas de inglês e francês, planos de saúde, farmácias, academias, óticas, livrarias, teatro, dentistas e muitos outros. Acesse a relação completa em http://bit.ly/conveniojornalista.

Como se sindicalizar : Sindicalização

Cópias das seguintes páginas da carteira de trabalho: retrato, qualificação civil e registro profissional. Cópia do diploma (frente e verso) Cópia do CPF Cópia da carteira de identidade Cópia do comprovante de residência. Outros itens: Tipo sanguíneo (informar), 3 fotos 3×4, recentes e com fundo branco. Pagamento da taxa de R$60 referente à primeira mensalidade (R$ 30), taxa de inscrição (R$ 30)

Pré-sindicalização (estudante)

Declaração da faculdade com período que está cursando Cópia da carteira de identidade, Cópia do CPF 2 fotos 3×4. Pagamento da taxa de R$ 60 referente à primeira mensalidade (R$ 15), taxa de inscrição (R$ 15) e carteira (R$ 30).

Pré-sindicalização (período concluído)

Declaração da faculdade ou certificado de conclusão de curso Histórico escolar Cópia da carteira de identidade Cópia do CPF 2 fotos 3×4. Pagamento da taxa de R$60 referente à primeira mensalidade (R$ 15), taxa de inscrição (R$ 15) e carteira (R$ 30).

NOVEMBRO/DEZEMBRO


Na linha de frente. Sindicato age em defesa dos jornalistas contra a violência nos protestos Sem violência. Um dos lemas das jornadas de junho do ano passado se tornou um mantra para os jornalistas do Rio, empenhados em acabar de vez com a rotina de agressões, hostilidade e até morte durante o exercício da profissão. O Sindicato, que desde o ano passado alerta para o crescente clima de animosidade contra jornalistas por parte da polícia e de manifestantes nas ruas, esteve na linha de frente da campanha para dar um basta na violência contra a categoria na cidade.

Em fevereiro, os jornalistas sofreram um duro golpe com a morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade, que faleceu após ser atingido por um rojão disparado por manifestantes em um protesto no Centro do Rio. Além de condenar o crime, o Sindicato acionou o Ministério Público do Trabalho para investigar as condições de trabalho dos jornalistas. Santiago trabalhava sem qualquer proteção ou equipe de apoio naquele dia. Ele também dirigia o carro da TV Bandeirantes, onde trabalhava.

Como a precária segurança não era uma exclusividade da Band, o inquérito foi ampliado para abranger todas as empresas jornalísticas com sede no Rio. A investigação, ainda em curso, gerou um protocolo com 16 recomendações da Procuradoria do Trabalho às empresas para garantir a proteção dos profissionais. As normas incluem desde a obrigatoriedade de equipamentos de proteção individual - que depois veio a ser incorporada na convenção coletiva até o respeito à cláusula de consciência prevista no Código de Ética da profissão, ela garante ao jornalista o direito de se recusar a realizar tarefas que firam a ética profissional ou suas convicções. O Sindicato tem acompanhado o cumprimento das medidas. A violência contra jornalistas não cessou após o trágico episódio de Santiago Andrade. Para que o problema não se tornasse uma macabra rotina,

o Sindicato se empenhou na denúncia a autoridades estaduais e federais, organizações de direitos humanos e organismos internacionais. O relatório compilado de casos cometidos contra jornalistas na cidade foi um instrumento eficaz nessa divulgação e foi parar em audiência temática na Organização dos Estados Americanos em denúncia ao governo brasileiro. Até o início de outubro, o levantamento apontava que 67% das violações partiram da polícia, 31% de manifestantes e 1% - dois casos - de outros agentes. Além de alertar as autoridades, o Sindicato manteve interlocução permanente com os movimentos sociais nas ruas para evitar casos de violência praticados por manifestantes. Integrantes foram às passeatas com faixas e panfletos para dizer que o jornalista é trabalhador e não merece ser agredido no exercício de suas funções.

MPT faz recomendações de segurança às empresas

Reprodução / Facebook

Fotojornalistas realizam ato em memória do repórter cinematográfico Santiago Andrade, em fevereiro

NOVEMBRO/DEZEMBRO

Samuel Tosta

Com faixa e panfletos, Sindicato participa de manifestação ‘Grito dos Excluídos’ no dia 7 de setembro

Fui agredido. E agora? Nas ruas, o Sindicato tem orientado os jornalistas que sofrerem violações a registrarem o caso na delegacia e avisarem a entidade, que agora conta com assistência jurídica criminal, e a auditoria militar do Ministério Público estadual (em caso de violência policial). A cada caso, além de notas de repúdio, o Sindicato tem

enviado ofícios aos órgãos competentes. Os casos contra jornalistas também serão acompanhados pela Comissão de Segurança. O procedimento adotado pelo Sindicato foi apontado por autoridades da segurança pública e por movimentos sociais como o mais correto no enfrentamento da violência.

Jornalistas realizam plenária histórica Em agosto, uma coletiva de imprensa realizada por ONGs de direitos humanos no auditório do Sindicato, que reuniu parentes e ativistas presos por conta de inquérito policial sobre vandalismo em manifestações, foi o estopim para o início de uma campanha de um segmento de jornalistas contra a atual diretoria do Sindicato. Além de um pedido de desculpas aos que se sentiram ofendidos com a entrevista, a resposta da diretoria para o grupo, que alegava não se sentir representado pela entidade, foi ampliar ainda mais a democracia dentro do Sindicato. Foram criados a Comissão de Segurança dos Jornalistas do Rio, aberta e plural, e também se debate outras questões, como a organização por local de trabalho. As medidas foram propostas em plenária histórica da categoria, que reuniu mais de 400 jornalistas no auditório da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), em agosto.

Dessa plenária também surgiu um manifesto em defesa do jornalista, lançado em setembro em três idiomas e distribuído a autoridades, organizações de direitos humanos e movimentos sociais. O manifesto foi entregue nas ruas no último 7 de setembro, durante a tradicional manifestação Grito dos Excluídos. Agora, a Comissão de Segurança prepara a realização de uma audiência pública sobre a violência contra jornalistas na Emerj, mediada pelo juiz João Batista Damasceno, em 12 de novembro, às 9h. Essa será a segunda audiência sobre o tema. A primeira ocorreu na Câmara Municipal do Rio, em novembro de 2013. Desde o ano passado, o Sindicato realizou cinco plenárias com os jornalistas para discutir a segurança. Além da violência em protestos, a comissão também é voltada para outros tipos de violência sofrida por jornalistas, como o racismo, o machismo e a homofobia.

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Ações do sindicato em prol dos jornalistas Reconquista do piso salarial para jornalistas de rádio e TV Mesas redondas no Ministério do Trabalho sobre denúncias na TV Globo, no Lance! e na FSB Fim de parcerias com alvos da atuação sindical, como empresas de comunicação, sindicatos patronais e governos Fiscalização da nova sede dos Diários Associados por condições insalubres de trabalho

Cinco plenárias com debates sobre violência contra os jornalistas. A maior delas reuniu quase 500 jornalistas em agosto. Audiência pública na Câmara Municipal do Rio sobre violência contra os jornalistas Participação em audiência na Organização dos Estados Americanos sobre a violência contra profissionais da imprensa no Rio Notas públicas pela condenação de casos de agressão contra jornalistas

Fiscalização sobre o ponto nas redações onde o controle é feito por papel

Ofícios à autoridades com pedidos de providência em casos de violência contra jornalistas

Assembleias da campanha salarial próximas ao local de trabalho para facilitar a presença dos jornalistas

Diálogo com movimentos sociais e organização de direitos humanos pela conscientização da importância do papel do jornalista na rua

Ação judicial contra escala de trabalho ilegal na EBC Campanha pelo cumprimento das cinco horas de trabalho da jornada legal dos jornalistas de empresas estatais Fiscalização e cobrança a partir de denúncias de jornalistas de agências internacionais que atuam no Rio, como AFP, Reuters e EFE Pesquisa sobre as condições de trabalho nas redações cariocas Pesquisa sobre assédio moral nas redações Fiscalização do descumprimento das normas da convenção coletiva nas redações Cobrança por melhores condições de trabalho no jornal ‘Povo do Rio’ Denúncia ao MPT sobre abusos cometidos contra jornalistas na cobertura do Carnaval Cobrança aos ministros da Justiça, dos Direitos Humanos e da Comunicação Social, além do secretário-geral da Presidência, sobre a violência contra jornalistas no Rio Apoio irrestrito à greve dos trabalhadores da EBC

Manifesto em defesa dos jornalistas publicado em português, inglês e espanhol Assistência jurídica criminal a todos os jornalistas vítimas violência no trabalho, mesmo se não for filiado ao sindicato Estímulo ao registro de casos de agressão, prática elogiada pelos órgãos de segurança pública Ampliação dos canais de comunicação do Sindicato (Whatsapp, aplicativo Lide, mailing semanal e atualizações diárias nos perfis de Facebook, Twitter e Google+) Solução para a inadimplência do Sindicato provocada pela falta de prestação de contas do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo Participação ativa na articulação pela PEC do Diploma Apoio à implementação do Canal da Cidadania no Rio, que vai gerar mais empregos para jornalistas na cidade Realização do 1º Congresso de Jornalistas da cidade do Rio de Janeiro Oficina sobre utilização de banco de dados abertos para jornalistas

Plenárias setoriais com jornalistas de sindicatos e de empresas públicas

Requisição à Receita Federal pela inclusão dos jornalistas no sistema Simples

Ação judicial para impedir que jornalistas fossem barrados nas cercanias do Maracanã durante a Copa

Criação da Comissão da Verdade dos Jornalistas do Rio

Relatório de casos de violência contra jornalistas no Rio aberto e acessível pela internet

Pioneiro processo seletivo para escolha de assessor de imprensa Debate com Andrew Jennings, jornalista inglês que investiga a Fifa

Apoio e suporte à Comissão de Segurança dos Jornalistas Cariocas, criada por anseio da categoria

Homenagem a Edward Snowden e ao jornalista Glenn Greenwald pelas revelações de espionagem da NSA

Investigação no Ministério Público do Trabalho sobre a responsabilidade da TV Bandeirantes no caso Santiago

Cine-Bar Diálogos, uma sessão de cinema mensal acompanhada por um bom bate-papo

Medidas de segurança a serem seguidas pelas empresas por recomendação do Ministério Público do Trabalho

Nota de repúdio à Rachel Schererazade por declarações que feriram o Código de Ética profissional


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