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12 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008

Entrevista

Mulheres vencem preconceitos no curso de Engenharia Civil

MÁCIO FERREIRA

JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO VI • No 64 • SETEMBRO, 2008

Oswaldo Coimbra

Regina Sampaio: “Desde criança, sempre gostei muito de Matemática”

BR - Ao dizer que a Matemática é bonita, a senhora está dizendo que a procura de rigor matemático não exclui o desfrute de sensibilidade estética? R.S. - Não há dúvida de que você pode usar a sensibilidade estética numa aproximação com a Matemática. Quem gosta de Matemática acha que ela é bonita, quando a estuda.

BR – Um dos responsáveis pelos projetos pedagógicos da Facul-

BR - Onde a senhora cursou o mestrado? R.S. - Fui aprovada, simultaneamente, em dois cursos de mestrado de Engenharia Civil: o da Universidade de São Paulo e o da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Preferi o segundo porque nele obtive, logo, bolsa de estudo. Lá fiz o curso na área de Estruturas, para a qual já tinha uma formação desde a graduação. Havia, inclusive, feito um estágio no escritório de Cálculo do professor Archimino Atayde.

Nós, as alunas, precisávamos sempre melhorar para nos firmarmos ali

BR - O que a senhora estudou na PUC? R.S. - Na PUC, desenvolvi um crescente interesse por Dinâmica, uma área atualmente muito valorizada.

BR - Em algum momento em sua carreira, o fato de ser mulher lhe atrapalhou? R.S. – Há uma situação difícil que a mulher sempre enfrenta: ela casa e, quando quer ter filhos, isto a afasta um pouco da vida profissional, o que leva algumas pessoas a supor que ela permanecerá envolvida somente com seus problemas familiares. Eu tive uma filha no meio do meu curso de doutorado. Precisei voltar a Belém porque também estava com problemas de saúde e meu marido tinha, igualmente, de regressar. Naquelas BR - Foi logo depois do doutorado circunstâncias, precisava muito da que a senhora retornou à UFPA? bolsa de estudos fornecida pela PUC R.S. - Foi. Entrei em contato com o do Rio. No entanto, houve lá quem professor Remo Magalhães de Souza, acreditasse que eu não iria concluir que desenvolvia um projeto para a o doutorado, e, por isto, cortaram a Eletronorte relacionabolsa. Fiquei um ano do com vibrações, jussem ela. Quando mitamente a minha área. nha filha completou Ganhei uma bolsa de seis meses, telefonei estudos do CNPq para para a PUC e avisei: participar do projeto e ‘Vou voltar, quero redepois permaneci no cuperar minha bolsa’. núcleo de pesquisadoConsegui, mas tive de res coordenados por ficar lá, sozinha com a ele, o NICAE (Núcleo minha filha. Meu maride Instrumentação e do ficou em Belém. Em Computação Aplicada resumo, numa situação à Engenharia). Atudesta, ninguém aposO preconceito almente, estamos deta em você, se você senvolvendo, através for uma mulher. Mas, está no ar, mas de um convênio com a minha filha nasceu e Vale, um projeto sobre não me impede hoje tem sete anos. Ela avaliação estrutural se chama Sophia em de fazer coisa de pontes e viadutos homenagem à Sophie ferroviários. Germain, a matemática alguma que viveu no sécuBR - Não foi o NICAE lo XVIII e, sozinha, que realizou em Bena biblioteca do pai, lém um congresso internacional? aprendeu Matemática a ponto de R.S. - Em 2006, o NICAE organizou, desenvolver o início da Teoria das em Belém, o Congresso Ibero-Latino Vibrações em placas. Americano de Métodos Computacionais, do qual participaram palestrantes BR - Então, ainda há preconceito convidados dos Estados Unidos, da contra a mulher na Engenharia Áustria, do Reino Unido e de outros Civil? países. O evento teve 65 coordenadoR.S. - O preconceito fica no ar, pores de mini-simpósios e aceitou 489 rém não me impede de fazer coisa trabalhos, que envolveram 1.119 aualguma, nem de receber apoio de tores. Este congresso já foi realizado muita gente.

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O Centro de Convenções da Universidade é uma das obras de destaque na Cidade Universitária

Entrevista A professora Regina Sampaio fala da experiência de ser estudante em um curso predominantemente masculino. Pág. 12

Audiovisual

Ensino Superior

Minuto da Universidade faz a diferença

UFOPA chega para integrar a Amazônia

Academia Amazônia faz a divulgação científica de pesquisas da UFPA e de outros projetos, além de preparar futuros profissionais. Pág. 8

Coluna do Reitor

Coordenador afirma que as oportunidades de cooperação científica e tecnológica no país e no exterior serão exploradas ao máximo. Pág. 9

Tecnologia

Alex Fiúza de Mello explica como está sendo feita a reforma na lotação do pessoal técnicoadministrativo. Pág. 2

Pesquisa destaca UFPA no desenvolvimento de software

Opinião

Segundo levantamento da empresa alemã Bosh, a Universidade Federal do Pará ocupa o 7º lugar entre

O professor Carlos Augusto da Silva Souza analisa até que ponto o pleito de outubro pode influenciar nas eleições de 2010. Pág. 2

Genética

25 instituições da América Latina que atuam na área de Engenharia de software. Pág. 5

Laboratório é referência no país

Agricultura

Crime cada vez mais longe da perfeição

Fungos melhoram o solo pobre

Estudo mostra que associação de fungos com raízes de plantas contribui para melhoria da qualidade do solo. Pág. 4

tualmente, a Prefeitura da Cidade Universitária gerencia mais de 80 obras nos campi de Belém e do interior. Construção de novos prédios para abrigar institutos, faculdades e bibliotecas, novo restaurante universitário, reforma de salas de aula e revitalização urbanística são alguns dos destaques que vêm transformando os campi. Os recursos são de emendas parlamentares, verbas próprias e do Reuni. Págs. 6e7

MÁCIO FERREIRA

dade de Engenharia Civil, o professor José Hélio Elarrat, quando soube desta entrevista, lembrou que a senhora, no curso de graduação, às vezes assistia sozinha às aulas dele. R.S. - Eu achava as aulas do professor Elarrat, de Análise Matricial, muito interessantes e não gostava de perdêlas. Fui assídua, como, aliás, eram assíduas também as minhas colegas, com as quais mantenho contato ainda hoje. No curso de graduação, eu sentia que nós, as alunas, precisávamos sempre melhorar para podermos nos firmar ali.

na Argentina, no Chile, na Espanha e na Itália. Seu objetivo é criar um fórum onde professores, pesquisadores, profissionais e estudantes possam trocar idéias e informações sobre métodos e sistemas computacionais empregados na Engenharia.

MÁCIO FERREIRA

Beira do Rio - Quando a senhora percebeu que gostava de Matemática? Regina Sampaio - Desde criança, sempre gostei muito de Matemática. Ela é muito bonita, pois tem sempre uma representação para a natureza, como se fosse uma linguagem. Você pode representar o fluxo de um rio através de uma equação. Ou a vibração de um cabo sob a ação do vento. Então, eu gostava de ler sobre Matemática, de estudá-la. Lembro que eu tinha três livrinhos de Matemática Elementar e me divertia resolvendo os problemas que eles apresentavam. Alguns números são muito interessantes.

Muita gente está se encaminhando para ela a fim de estudar o efeito das vibrações em estruturas submetidas a ventos e terremotos. Um dos professores da PUC, João Luís Pascal Roehl, desenvolvia um projeto para a Eletronuclear, através do qual estava sendo feita uma reavaliação da parte física do reator da usina nuclear Angra III. Ele se tornou meu orientador e fui aceita na execução deste projeto. Propusemos novas metodologias de avaliação, não só do prédio do reator, como, também, dos seus sistemas secundários, como o das tubulações que esfriam o reator - um sistema que não pode falhar, pois se sofrer uma pane o reator explode. Fizemos um trabalho extenso e eu lidei com o tema “Novas Metodologias para Análise Estrutural de Usinas Nucleares” ao longo do meu mestrado e do doutorado.

MÁCIO FERREIRA

O crescimento da presença feminina nos cursos de graduação da Universidade Federal do Pará levou as alunas a conquistar, nas matrículas do primeiro semestre de 2008, a maior parte das 24 mil vagas existentes na Instituição. Esse aumento resultou, também, na penetração delas em antigos redutos masculinos, como a Faculdade de Engenharia Civil (FEC). Este processo culminou, no período de 2004 a 2008, com a ocupação de mais de 150 das suas 600 vagas. Em Tucuruí, onde o curso de Engenharia Civil da UFPA também se instalou, elas ocupam quase a metade das vagas. Um dos pretextos antes utilizados para afastar as alunas da FEC era o de que as mulheres não raciocinariam com rigor matemático porque seriam muito afetadas pelas emoções. A inconsistência deste pretexto foi definitivamente revelada na própria Faculdade pela engenheira civil Regina Augusta Campos Sampaio. Aos 34 anos de idade, casada e mãe de uma garota de sete anos, Regina é professora de Cálculo Avançado no mestrado de Engenharia Civil da UFPA. Tem doutorado na sua área e interesse especial em Matemática Aplicada à Engenharia Civil. Nesta entrevista ao Beira do Rio, ela fala de sua ligação com a Matemática, de sua formação acadêmica, sua carreira e do preconceito contra a mulher.

BR - Dê exemplo de um número interessante. R.S. - O número Pi, um número que aparece em muitas equações que representam a natureza.

fotos mácio ferreira

Presença feminina na UFPA cresce até mesmo em antigos redutos masculinos, derrubando velhos mitos

Canteiro de obras na UFPA

A Universidade foi a quarta Instituição brasileira melhor avaliada

Laboratório de Genética Humana e Médica da UFPA desenvolve tecnologias para uso dos peritos das Polícias Científicas. Pág. 3


LURDINHA RODRIGUES

2 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008

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BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008 –

Santarém

Coluna do REITOR Alex Fiúza de Mello

reitor@ufpa.br

O redimensionamento de pessoal na UFPA

Universidade Federal do Pará está realizando uma ampla reforma na lotação de seu pessoal técnico-administrativo, de forma planejada e estratégica, inspirada em padrões impessoais e modernos de gestão pública, após a conclusão de um criterioso e detalhado diagnóstico de seu quadro de servidores, seus limites e potencialidades. Baseada em metodologia rigorosa e transparente, pactuada com todos os gestores das unidades acadêmicas e administrativas, essa ação visa, primordialmente, prover a Instituição de um adequado dimensionamento de seu pessoal, associando capacitação, habilidades e competências dos servidores com as necessidades de cada setor, conforme modelo programado e desenhado em consonância com as finalidades institucionais. Nesse novo quadro, cada unidade e subunidade universitária passa a contar com um número básico de

servidores necessário ao seu funcionamento, segundo suas peculiaridades e especificidades, corrigindo-se distorções e assimetrias anteriores e nivelando-se os setores entre si, com padrão mais justo e equânime de lotação de pessoal. Para se atingir esse nível decisório, com segurança e objetividade, levou-se cerca de dois anos de muito trabalho e dedicação, motivados por um ideal comum de melhoria do serviço público, executada a tarefa por técnicos abnegados da PROGEP, aí incluídas inúmeras visitas às várias unidades, observações in loco, registros de ocorrências e, sobretudo, entrevistas com os diversos atores envolvidos no processo: os próprios servidores e suas chefias. A expectativa é de um salto de qualidade na motivação dos servidores e na produtividade de cada setor universitário, no atendimento público e na eficiência das tarefas de rotina e de sua inova-

ção, com melhor aproveitamento da força de trabalho disponível. Segue-se, ao movimento de relotação de pessoal, a implementação de uma política de avaliação permanente da conduta e qualidade dos serviços prestados por cada servidor em sua função e ambiente de atuação, esta associada a uma política permanente programada de qualificação e atualização de todo o quadro funcional, com controle criterioso, de hoje em diante, de cada remoção de qualquer servidor, pesadas as motivações de cada ato visà-vis os interesses institucionais, tudo em vista da manutenção do padrão alcançado de distribuição de pessoal pelo conjunto da Instituição e de seu balizamento e monitoramento. Com essa iniciativa a UFPA dá prosseguimento e consolida uma das principais diretrizes de seu Plano de Gestão, a saber: “a renovação e valorização dos quadros técnicos, qualificados a desempenhar fun-

ções essenciais de apoio acadêmico e assessoria didático-pedagógica, em todas as instâncias que lhes são pertinentes: gestão de pessoas, planejamento estratégico, administração e finanças, pesquisa institucional, secretariado executivo, tecnologias de informação, assessoria de comunicação, gestão de laboratórios, etc”. Sim, trata-se de uma vigorosa política de pessoal em curso, contínua, ampla e contemporânea, com plenas oportunidades de crescimento aos técnicos e administrativos, sua valorização, acompanhada de avaliação, assim contribuindo-se para um desempenho institucional global mais eficiente, responsável e de qualidade, essencial ao cumprimento das metas preconizadas no Plano Decenal de Desenvolvimento da Instituição e à realização dos anseios maiores da sociedade que espera, de sua universidade, exemplo de qualidade de gestão e de serviço público.

OPINIÃO

A influência da eleição municipal no pleito de 2010

H

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Rua Augusto Corrêa no 1 - Belém/PA beiradorios@ufpa.br - www.ufpa.br T 91 3201-7577

governo tucano, que seria importante para a reeleição de FHC e pela briga do PSDB na construção de maiorias nas Assembléias Legislativas, Câmara dos Deputados e Governos estaduais. Por esta razão, dependendo dos resultados das eleições municipais, os partidos governistas no âmbito dos Estados e da União podem corrigir rotas e oferecer políticas governamentais mais sintonizadas como o interesse da população local. De outra forma, as eleições municipais podem servir como instrumento de fortalecimento da oposição. Além disso, deputados e senadores interessados na reeleição podem avaliar melhor as necessidades e aspirações da população local, e desta forma oferecer políticas públicas municipais, através do direcionamento de recursos governamentais disponibilizados sob a forma de emendas orçamentárias, para a conquista ou manutenção de bases eleitorais, importantes para a eleição subseqüente. A eleição municipal por outro lado pode projetar novas lideranças políticas que serão relevantes para a composição das listas partidárias na disputa de vagas para a Câmara dos Deputados e Assembléias Legislativas. Além disso, a eleição municipal é uma excelente oportunidade para as agremiações partidárias costurarem

Pesquisa mostra causas da criminalidade

Professor constatou as principais motivações dos presidiários do município Suzana Lopes

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criminalidade no município de Santarém, no Oeste paraense, aumentou 134,52% entre 1999 e 2004, de acordo com dados da Polícia Civil do Pará. Foi a partir desse alto índice que o professor Jarsen Luis Castro Guimarães, do campus de Santarém da Universidade Federal do Pará (UFPA), percebeu a necessidade de pesquisar sobre a violência e a criminalidade no município. O professor coordena o projeto de extensão Relação entre teoria e prática no ensino jurídico: estudo da criminalidade, da Faculdade de Direito de Santarém, iniciado em 2006. Com palestras em escolas públicas, universidades e associações de bairro, ele divulga dados e constatações da pesquisa que realizou sobre a criminalidade naquele município. O estudo foi feito em 2004 e 2005, com a aplicação de questionários aos reclusos na Penitenciária Silvio

n Para cada crime, um motivo

Carlos Augusto da Silva Souza

á na ciência política um profícuo debate sobre a influência exercida pelas eleições municipais nos resultados das eleições estaduais e federais, notadamente para a disputa presidencial e para a eleição dos governadores. É praticamente consenso na literatura política que a influência da eleição municipal é bastante elevada. As eleições municipais são consideradas como o primeiro round na disputa pelas vagas na Câmara dos Deputados e Assembléias Legislativas e pelo Executivo Estadual e Federal. O bom desempenho dos partidos pode significar expansão do capital político no âmbito local, que se traduz como elemento importante para os resultados das eleições gerais que ocorrerão dois anos depois. Da mesma forma, as eleições municipais são consideradas como variável de avaliação das ações do presidente e dos governadores e do grau de aceitação ou rejeição por parte da população local das ações governamentais produzidas pelo partido que está no poder. Nas eleições de 1996, por exemplo, o bom desempenho do PSDB no controle das administrações municipais já sinalizava que o eleitorado mantinha certo grau de confiança nas políticas governamentais desenvolvidas pelo

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alianças e se organizarem nas municipalidades para a etapa subseqüente do jogo político, marcado por profunda competição e grande disputa pelas bases eleitorais. Por esta razão, todos os partidos demonstram grande interesse nas eleições municipais. Apesar de importante, é preciso, entretanto, relativizar o peso das eleições municipais nas eleições estaduais e federais, pois o simples fato do partido ter um bom desempenho na mesma não significa transferência de voto para a etapa posterior do jogo político. Cada esfera eleitoral apresenta uma dinâmica própria que modifica seus resultados. As preocupações do eleitor numa eleição para prefeito ou vereador são diferentes daquelas de uma eleição para presidente, governador, senador, etc. e, portanto, o eleitor não fará necessariamente as mesmas escolhas partidárias. Da mesma forma, no plano local, torna-se necessário levar em consideração as peculiaridades de cada município, seus problemas e sua diversidade. Na maioria dos casos o que está em foco são questões locais, que diferem do debate nacional. Por esta razão, nem sempre é possível federalizar ou estadualizar o debate político na esfera municipal. Nas grandes capitais e nas grandes regiões metropolitanas, o debate pode até assumir uma dinâmica

mais nacional, mas na grande maioria das municipalidades o eleitor está maior preocupado com os problemas mais imediatos que afetam a vida da comunidade e que são diferentes de município para município. A eleição para a composição da Câmara Federal e Assembléias Estaduais, bem como do Executivo federal e estadual ocorrerá daqui a dois anos, tempo suficiente para acontecerem eventos que podem modificar a motivação ou percepção do eleitor sobre os candidatos. O apagão em 2001, por exemplo, foi mais importante para a derrota do continuísmo tucano que a expansão eleitoral do PT em 2000. Por isso, é preciso evitar análises que consideram a eleição municipal como o primeiro round da eleição federal e estadual. As eleições municipais apresentam múltiplas facetas, algumas atinentes apenas à dinâmica local do poder. Por isso é preciso ver o real peso dos resultados eleitorais alcançados e ter cuidado com avaliações apressadas. Carlos Augusto da Silva Souza é doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro e professor da Faculdade de Economia e do Mestrado em Ciência Política da UFPA.

Reitor: Alex Bolonha Fiúza de Mello; Vice-Reitora: Regina Fátima Feio Barroso; Pró-Reitora de Administração: Simone Baía; Pró-Reitor de Planejamento: Sinfrônio Brito Moraes; Pró-Reitor de Ensino de Graduação: Licurgo Peixoto de Brito; Pró-Reitora de Extensão: Ney Cristina Monteiro de Oliveira; Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Roberto Dall´Agnol; Pró-Reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal: Sibele Bitar Caetano; Prefeito do Campus: Luiz Otávio Mota Pereira. Assessoria de Comunicação Institucional JORNAL BEIRA DO RIO Coordenação: Luciana Miranda Costa; Edição: Adaucto Couto; Reportagem: Ericka Pinto/Walter Pinto/Adaucto Couto/Ana Cristina Trindade; Fotografia: Mácio Ferreira/Manoel Neto; Texto: Hellen Pacheco/Suzana Lopes; Comunicação Institucional: Lorena Filgueiras/Tamiles Costa/ Andréa Mota; Secretaria: Elvislley Chaves/Gleison Furtado; Beira on-line: Leandro Machado/Camilo Rodrigues; Revisão: Marcelo Brasil (Editora UFPA)/Glaciane Serrão (Ascom); Arte e Diagramação: Omar Fonseca; Impressão: Gráfica UFPA.

O pesquisador relacionou, assim, os tipos de crimes com as variáveis sócio-econômicas obtidas pelos questionários. “A motivação básica é diferente para o preso cometer os crimes de cada categoria”, constatou Jarsen Guimarães. Nos crimes contra a vida, por exemplo, a interação social foi a principal motivação, ou seja, os presos apresentaram situações sociais que influenciaram na prática criminosa, como a baixa escolaridade (64,14% dos detentos só possuem 4 anos, no máximo, de estudo) e o amplo uso de drogas (68,28% eram usuários). “Os crimes contra os costumes encontraram motivação na interação social e na herança familiar”, informa o professor. Além da escolaridade, contribuíram para que o preso cometesse o delito antecedentes de violência na família: 13,16% sofreram violência durante a infância ou adolescência. Já os crimes contra o patrimônio foram associados à condição econômica em que o criminoso se encontrava. Questões como renda média individual e familiar (95,61% se sustentavam ou sustentavam a família com empregos informais) e moradia (60,53% moravam em bairros periféricos) foram importantes motivações para o crime. Além disso, 75,44% dos presos por roubo e outros tipos de crimes contra o patrimônio possuíam antecedentes criminais. O tráfico de entorpecentes, por sua vez, apresentou uma diversidade e convergência das motivações descritas anteriormente. Assim, o professor constatou influências econômicas (97,87% dos detentos trabalhavam em empregos informais), familiares (27,66% tinham parentes que já haviam sido presos) e sociais (46,81% tinham de 4 a 8 anos de estudo).

Jarsen Guimarães conversa com a equipe que o ajudou no levantamento

Hall de Moura, de Santarém. Partindo das informações sobre aspectos pessoais, familiares e socioeconômicos dos presos, o professor pretendeu identificar que motivações os influenciaram a cometer crimes. Para a pesquisa, Jarsen Guimarães considerou os crimes contra a vida, contra os costumes, contra o patrimônio e o tráfico de entorpecentes, que aumentaram, respectivamente, 95,56%, 26,47%, 138,30% e 450% entre 1999 e 2004. Foram aplicados 353 questionários a uma população carcerária masculina que oscilou de 350 a 380 presos no período de análise. Do total de presos entrevistados, 145 foram enquadrados por crimes contra a vida, sendo 118 por homicídio e 27 por tentativa de homicídio; 38 cometeram crimes contra os costumes (estupros); 114 estavam encarcerados por roubo, furto, extorsão e estelionato - classificados como crimes contra o patrimônio; e 47 foram presos por tráfico de entorpecentes.

n Educação e lazer para combater a violência Os dados obtidos e as análises realizadas não se limitam ao projeto de extensão desenvolvido. “As respostas são importantes principalmente no que tange à possibilidade de respaldar a elaboração de políticas públicas na região Oeste do Pará, a fim de coibir a criminalidade”, aponta Jarsen Guimarães. Segundo o professor, a interação social do indivíduo e os estímulos para a sua boa formação com escolas de qualidade, praças de esporte e lazer, entre outros, são fatores primordiais para que o problema da criminalidade seja controlado. Guimarães propõe algumas alternativas, como acompanhamento psicológico do detento prestes a ser liberto, visitas de orientação ao ex-presidiário, contratos entre empresas e o Estado para propor-

cionar trabalho aos presos e oferta de ensino fundamental e médio dentro do presídio. “No combate à criminalidade é imprescindível o aumento dos investimentos públicos tanto na formulação e aplicação de políticas de segurança quanto na área social”, conclui. O papel da universidade é subsidiar com pesquisas e projetos políticas estatais e promover a discussão na sociedade. Pensando nisso, foi implantado, no Campus de Santarém, o curso de especialização em Ciências Criminais. Além de estimular a produção científica sobre a temática, pretende-se criar o Observatório da Criminalidade da Região Oeste do Pará, que abrangerá o debate sobre diversos assuntos vinculados à violência. AÇÕES - No hotsite “Pará, Terra

de Direitos” (http://www.pa.gov. br/hotsites/terradedireitos/acoes. asp), o Governo do Estado enumera ações em diversas áreas voltadas para os municípios paraenses. Em Santarém, essas ações prevêem, entre outras coisas, assistência e defesa jurídica do cidadão carente; implementação de Núcleos de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente (NAECA) e de medidas sócio-educativas em meio aberto; e manutenção e concessão do benefício Bolsa Trabalho. Também estão previstos o aumento do efetivo policial, além do aumento da capacidade operacional dos órgãos da segurança pública; a formação continuada dos agentes de segurança pública, padronização e humanização de unidades da Polícia Militar.

n Raio-X dos detentos* n Média de idade de acordo com o crime - O intervalo de idade é entre 18 e 75 anos; - Contra o patrimônio: 23,27 anos; - Contra os costumes: 36,13 anos; - Contra a vida: 26,71 anos; - Tráfico de entorpecentes: 28,89 anos. n Escolaridade - Contra o patrimônio: falta - Contra os costumes: 65,79% têm até 4 anos de estudo; - Contra a vida: 64,14% têm até 4 anos de estudo; - Tráfico de entorpecentes: 46,81% têm de 4 a 8 anos de estudo;

n Vínculo Empregatício - Contra o patrimônio: 95,61% estavam na informalidade; - Contra os costumes: 89,47% estavam na informalidade; - Contra a vida: 95,86% estavam na informalidade; - Tráfico de entorpecentes: 97,87% estavam na informalidade. n Procedência do preso - Contra o patrimônio: 60,53% moravam em bairros periféricos e 36,84% residiam em outros municípios; - Contra os costumes: 63,16% residiam em outros municípios; - Contra a vida: 48,96% moravam em bairros periféricos e 49,66% residiam em outros municípios; - Tráfico de entorpecentes: 53,19% residiam em Santarém.

* Pesquisa feita na Penitenciária Silvio Hall de Moura (Santarém), entre novembro de 2004 a abril de 2005. Ao todo, foram recolhidos 353 questionários


10 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008 –

Genética

Paixão de LER

Tecnologia molecular noLaboratório combate ao crime desenvolve tecnologias

mácio ferreira

Religiosidades caboclas, indígenas e africanas

usadas por peritos de polícias científicas

Nova publicação da EDUFPA reúne trabalhos sobre os cultos afro-brasileiros na Amazônia Suzana Lopes

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hega às estantes da Livraria Universitária e à literatura amazônica mais uma publicação da Editora da UFPA (EDUFPA): Pajelanças e Religiões Africanas na Amazônia. Organizado pelos professores da Faculdade de Ciências Sociais, Raymundo Heraldo Maués e Gisela Macambira Villacorta, o livro é composto de 20 textos escritos por sociólogos, antropólogos, religiosos, poetas e músicos. A publicação reúne uma rica contribuição para os estudos sobre religiões afro-brasileiras e pajelança cabocla, com enfoque para as encantarias amazônidas. O livro é resultado do Seminário “Pajelança e Encantaria Amazônica”, realizado de 24 a 26 de abril de 2002, pelo Grupo de Pesquisa Antropologia, Religião e Saúde, do então Departamento de Antropologia da UFPA. O evento visou discutir, principalmente, uma forma de xamanismo bastante difundida na Amazônia: a pajelança cabocla, e contou com

Sobre os organizadores n Gisela Macambira Villacorta é professora do campus de Marabá da UFPA. No momento está fazendo um estágio sanduíche na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) como parte do Doutorado em Antropologia que cursa na UFPA. Ela pertence ao Grupo de Pesquisa Antropologia, Religião e Saúde, do Laboratório de Antropologia da UFPA. n Raymundo Heraldo Maués é doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH/UFPA). Pertence ao mesmo Grupo de Pesquisa que Gisela Villacorta. Atualmente trabalha em três projetos: Catolicismo: Leigos e movimentos eclesiais; Escalpelamento: Lágrimas nos rios da Amazônia; e Ensino Religioso no Brasil.

cinco mesas temáticas que se tornaram os eixos do livro: Pajelança cabocla na Amazônia; Religiões afro-brasileiras: o Maranhão e o Pará; Religiões afro-brasileiras: umbanda e candomblé; Gênero e pajelança na Amazônia; e Encantados, encantarias e encantamentos na Amazônia. Participaram do seminário e contribuíram com textos para o livro, pesquisadores da UFPA e de outras instituições regionais, nacionais e internacionais. “Tivemos a participação de alunos de doutorado e professores de outras instituições, além de

sacerdotes de religiões afrobrasileiras, folcloristas, como Vicente Salles e músicos”, detalha um dos organizadores do livro, Heraldo Maués. O docente acredita que o mérito da publicação é comungar várias pesquisas com temas diversos e complementares. “É muito relevante reunir, em uma só publicação, trabalhos que tratam tanto das pajelanças amazônicas como das religiões afro-brasileiras, não só na Amazônia, mas também em outras partes do Brasil, como por exemplo, Maranhão e São Paulo”, destaca.

Ao longo de 20 anos, o Laboratório de Genética Humana e Médica da UFPA tornou-se referência no país Walter Pinto

O Obra reúne rica contribuição para estudos na área

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS n “AS AMAZÔNIAS DO SÉCULO XXI”, organizado por Sérgio Rivero; n “POESIA”, de Paulo Plínio Abreu; n “TRÊS SENTIDOS FUNDAMENTAIS NA OBRA DE PAULO PLÍNIO ABREU”, de Célia Bassalo; n “DESMITIFICANDO A PESQUISA CIENTÍFICA”, de Valéria Rodrigues de Oliveira.

n Pajelanças e encantamentos da região amazônica As religiões afro-indígenas, como a própria denominação revela, tiveram origem entre os índios, em especial os tupi, e entre os escravos trazidos da África. Também foram bastante influenciadas pelo cristianismo europeu, incorporado no Brasil pelos portugueses. Candomblé, umbanda, macumba, pajelanças caboclas e encantamentos são alguns

exemplos de rituais do cotidiano religioso amazônico. “Muito ainda falta ser estudado, mas o livro já apresenta um balanço geral dos principais estudos realizados na área das religiões e poderá difundir ainda mais o conhecimento e o debate dos temas apresentados”, acredita Heraldo Maués. Dentre os textos publicados, o pesquisador destaca

o de autoria do sociólogo Reginaldo Prandi, da Universidade de São Paulo (USP). Intitulado A dança dos caboclos: uma síntese do Brasil segundo os terreiros afrobrasileiros, o trabalho “possibilita interpretar a sociedade brasileira como um todo e a amazônica em particular, sob a ótica do estudo das religiões de matriz afro-indígena”, resume.

Em palavras poéticas, João de Jesus Paes Loureiro, autor de um dos textos do livro, escreveu sobre o imaginário religioso da região assim: “A Amazônia é uma encantaria do mundo. Um lugar ideal onde habitam seres encantados convertidos em mitos, lendas, paisagens ideais. Iluminação do imaginário universal, onde brilham as iluminuras de deuses e

n Bienal do Livro foi palco para lançamentos A Editora Universitária participou da 20ª Bienal do Livro de São Paulo com quatro lançamentos. No período de 14 a 24 de agosto de 2008, além dos títulos publicados ao longo

de 46 anos de existência, a Editora apresentou, no dia 20, mais quatro livros recém-editados. Além de Pajelanças e Religiões Africanas na Amazônia, foram lan-

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çados Marajó (o quarto livro da série “Extremo Norte”, do premiado escritor paraense Dalcídio Jurandir); Breviarium – Para Refletir com o Pe. António Vieira e A Pa-

lavra Divina na Surdez do Rio Babel (ambos são de autoria de Amarílis Tupiassu e homenagens da UFPA aos 400 anos do nascimento do Padre António Vieira).

crenças, poetizando a paisagem de rios e florestas. Vaga metáfora que cintila no longo verso do devaneio dos homens. Ela é imaginada como se fosse uma ilha isolada no oceano do desejo universal de felicidade. Há o Brasil. E há a Amazônia. Ilha de bem-aventurança. Lugar de errâncias nas origens onde estaria situado o paraíso na terra”.

Livraria do Campus Rua Augusto Corrêa, nº1, Campus Universitário do Guamá Telefax: (91) 3201-7965 - Fone: (91) 32017911. Livraria da Praça: Instituto de Ciências da Arte da UFPA. Praça da República s/n Fone (91) 3241-8369

grupo de genética humana do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA está completando 25 anos de atividades. Ao se formar, em 1983, trabalhava, inicialmente, com produtos do ácido desoxirribonucléico (DNA) - proteínas séricas e enzimas do sangue -, mas não propriamente com ele, considerado a parte mais importante da célula e detentor de informações vitais que são repassadas de uma geração à outra. A partir de 1990, o grupo começou efetivamente a trabalhar com o DNA, por meio da criação do método de análise de variação, tido pelos cientistas da

área como uma revolução nos estudos genéticos. Ao longo dos vinte anos seguintes, o grupo se fortaleceu e consolidou o Laboratório de Genética Humana e Médica como uma referência brasileira no desenvolvimento de tecnologia molecular, na formação de recursos humanos e na produção de pesquisas científicas. Funcionando em prédio inaugurado em setembro do ano passado, o Laboratório é composto por quatro laboratórios especializados, sob coordenação de professores doutores: Genética Forense (Sidney Santos); Diagnóstico de Doenças Negligenciáveis (João Guerreiro); Farmacogenética e Paleogenética

(Ândrea Santos) e Imunogenética (Eduardo Santos). Foi a partir de 2004 que o laboratório começou a trabalhar com genética forense, área que o tornou conhecido pelo grande público, em função dos exames de DNA para verificação de parentesco. Naquele ano, a Secretaria Nacional de Segurança Pública estabeleceu uma cooperação com universidades para formar peritos que atuariam em laboratórios de polícias científicas estaduais. Dos 60 peritos que concluíram a especialização na área, 40 realizaram curso na UFPA, no laboratório coordenado pelo biólogo e doutor pela USP de Ribeirão Preto, Sidney Santos.

n Kit ajuda a identificar a paternidade Atualmente, os 14 laboratórios das polícias científicas, juntamente com os laboratórios universitários, compõem a Rede Nacional de Genética Forense. Mas, enquanto que as polícias científicas realizam somente perícia, os laboratórios universitários atuam com maior amplitude. A Genética Forense da UFPA, por exemplo, além de produzir pesquisa e formar pessoal, desenvolve novas tecnologias que são repassadas aos laboratórios das polícias científicas. Os peritos de todo o Brasil já estão utilizando um kit inédito de análise de até 12 marcadores do cromossomo X, o chamado X DNA,

desenvolvido por uma pós-graduanda, orientada de Sidney Santos. O kit é utilizado nos casos em que há necessidade de identificar relação de paternidade, mas o pai já morreu e o único parente vivo é a avó paterna. É possível, então, a realização da análise direta porque o X DNA da avó passa para o pai e, desse, obrigatoriamente, para a filha. Nessa situação, o kit criado no Laboratório de Genética Forense da UFPA é de extrema importância. Trabalhando com DNA de pessoas que viveram há muitos anos, a doutora Ândrea Santos desenvolveu um método perfeitamente aplicável

para situações em que a quantidade de material para exame é muito pequena e ou até mesmo esteja degradada. Tomando como hipótese um assassinato em que o suspeito tenha dado sumiço no corpo da vítima e, para não deixar nenhuma pista, lavou o chão com hipoclorito de sódio (substância com propriedade de quebrar a seqüência de DNA), utilizando a metodologia da doutora Ândrea, é possível a realização do exame do DNA mitocondrial, caso, no rejunte do piso, tenha ficado algum resquício de sangue, muito pequeno e degradado pela ação do hipoclorito, amplificando um bilhão de vezes o número de cópias.

n Presente em tudo o que tem ou teve vida “Para se fazer uma análise, precisamos de muito pouco DNA. Isso possibilita variados tipos de análises”, explica Sidney Santos. “É possível extrair DNA, por exemplo, de um alguém que tomou café num copo, a partir do contato dos lábios. Ou examinando uma camisa, nas áreas de maior contato com o corpo. Há casos resolvidos assim pela polícia. O sujeito matou o outro, mas sujou a camisa com sangue da vítima. Para não ser

descoberto, enterrou a camisa. Tomado como suspeito, foi preso depois que sua camisa foi encontrada. O exame de DNA comprovou que o sangue era da vítima e a camisa, do criminoso”. O DNA pode ser extraído de tudo que tem ou teve vida. Assim, é possível conhecer o perfil genético de vegetais, de peixes e de animais de caça. Se um empresário vende mogno, por exemplo, o exame de DNA pode comprovar se realmente é

mogno ou outra espécie menos nobre. É possível identificar se os ovos vendidos como de codorna são mesmo de codorna ou de tracajá, cuja comercialização é proibida. Sidney Santos planeja desenvolver tecnologia para identificação de caça e formação de um banco de dados sobre as espécies amazônicas. “Essas informações têm que estar disponíveis para a Polícia Forense. Elas podem facilitar muito as investigações”, afirma.

n Lei impede banco de evidências Países desenvolvidos como a Inglaterra e Estados Unidos utilizam tecnologia molecular como linha auxiliar da investigação criminal. A Inglaterra realiza exame de DNA de todas as pessoas fichadas pela polícia. Nos Estados Unidos, o mesmo ocorre de acordo com a legislação de cada Estado. Essas informações compõem bancos de dados sobre criminosos que facilitam a elucidação de novos crimes. No Brasil, a legislação determina que ninguém é obrigado a fornecer prova contra si mesmo. Isso significa que a criação de um banco de dados genético só pode ocorrer se houver mudança na legislação. A Polícia quer a formação de “banco de evidências” composto de perfis genéticos de pessoas que praticaram algum tipo de crime. Caberia nesse banco, por exemplo, o estuprador que se evade depois de consumado o crime, mas que deixa DNA no esperma. Pesquisas indicam que em torno de 80% deles voltam a cometer estupro. Se assim ocorrer, basta comparar os perfis genéticos para saber se é o mesmo criminoso. Os dados em rede podem servir para fazer o acompanhamento do seu deslocamento por outros Estados e facilitar a ação da polícia.

n Câncer na mira dos pesquisadores A Genética Forense é uma das três vertentes científicas do Laboratório da UFPA. As outras duas são a Farmacogenética e a de Diagnóstico Geral de Doenças Genéticas. A farmacogenética abriu uma nova linha de investigação que trabalha com os mecanismos de reação do organismo em relação à ação dos fármacos. A ingestão de drogas não metabolizadas pelo organismo humano pode provocar sérios danos à saúde. Uma pessoa que tenha contraído tuberculose pode ter agravado seu quadro clínico caso seu organismo não metabolize a isoniazida, substância utilizada para combater a doença. O exame de DNA identifica o gene que não realiza a metabolização. Para Sidney Santos, o caminho da medicina no futuro será individualizado, com o médico tendo conhecimento prévio das drogas que o organismo do paciente não metaboliza. A vertente de diagnóstico geral de doenças genéticas vem sendo realizada há alguns anos. E dedica-se ao estudo de determinados tipos de câncer, sobretudo o câncer de estômago, cuja incidência é alta no Pará. “Estamos buscando desenvolver tecnologia para o diagnóstico desse tipo de câncer com antecedência”, informa Sidney Santos. “Neste momento, estamos formando 23 médicos e biomédicos do Hospital Universitário João de Barros Barreto. Eles estão desenvolvendo pesquisas sobre o câncer no nosso programa de mestrado e doutorado. Essa equipe vai trabalhar no Centro de Oncologia em construção no hospital”, conclui.


4 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008 –

Ensino Superior

Agronomia

Uso de fungos ajuda a agricultura

Em busca da integração Pan-Amazônica

Situada no centro da Pan-Amazônia, UFOPA enfatizará interdisciplinaridade

E

m regiões de solos pobres em nutrientes e sujeitos a intemperismos, como os Latossolos e Argissolos amazônicos, a adoção de estratégias de biotecnologia voltadas ao aperfeiçoamento de sistemas de manejo de nutrientes merece especial atenção pelos benefícios que podem trazer aos solos, às espécies vegetais e, especialmente, ao cultivo sustentável. No Assentamento Araras, em São João do Araguaia, município do sudeste do Pará, Andréa Hentz de Mello, professora do Campus Universitário de Marabá, coordena uma

pesquisa que utiliza como estratégia a associação de fungos micorrízicos e raízes de plantas para aumentar a eficiência do solo de baixa fertilidade, favorecendo a adubação fosfática e o controle biológico de doenças e pragas. O resultado dessa experiência biotecnológica pode ser observado por meio do crescimento bem mais acentuado das plantas. Bolsista do Programa de Apoio ao Recém-Doutor (PARD), da PróReitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA, Andréa Hentz iniciou a pesquisa em dezembro de 2007 e deverá concluí-la em fevereiro de 2009. Sua equipe é formada pela bolsista Vera Lúcia Boff, aluna de Agronomia, e

P Coleta de amostra de solos no assentamento Araras, em São João do Araguaia pelos colaboradores Anderson Rocha, engenheiro agrônomo; Elisângela Gomes de Souza, Maria Helena Vieira da Silva e Sandro Ferreira Nascimento, também discentes de Agronomia. A pesquisadora trouxe para a Amazônia a experiência acumulada em trabalhos realizados na recuperação de áreas degradadas em Paraty, no Rio de Janeiro (mestrado), e em Santa Maria, no Rio Grande do Sul (doutorado), utilizando a mesma tecnologia.

n Associação eficiente em áreas de baixa fertilidade Os fungos estão presentes naturalmente nos solos. Após serem isolados, são multiplicados em laboratório e estão prontos para serem inoculados no momento em que as sementes são colocadas nos vasos para germinarem. Após a germinação, imediatamente os fungos penetram nas raízes das plantas, dando início à associação simbiótica, com benefícios para as plantas e para os fungos. As técnicas clássicas empregadas para extração de fungos e de organismos presentes nas amostras de solo, como aranhas, collembolas e acaris, são as de peneiramento úmido e de centrifugação em água e sacarose a 40%. A presença desses organismos indica a maior fertilidade do solo e qualidade química, física e biológica. Os fungos aumentam a capacidade de absorção das raízes ao retirarem de solos nutrientes como fósforo, nitrogênio e potássio. Segundo observa a pesquisadora, a constatação de que a simbiose aumenta a absorção de nutrientes indica que a associação é mais eficiente em solos de baixa fertilidade, a exemplo dos solos tropicais, como os da Amazônia. A interação entre fungos e

A professora Andréa Hentz com alguns de seus colaboradores raízes, denominada associação micorrízica, constitui importante fator de sobrevivência e crescimento das plantas. Tais associações possuem ampla distribuição, sendo encontradas dos

pólos gelados às florestas tropicais úmidas e desertos. Estima-se que mais de 90% das plantas superiores formem micorrizas, grande parte de interesse agrícola e florestal.

n Resultado parcial detecta espécies diversas A pesquisa em realização no Assentamento Araras busca avaliar a ocorrência, caracterização e eficiência das associações micorrízicas e de comunidades de fungos micorrízicos arbusculares (fungos hospedeiros de árvores ou raízes) em cupuaçuzais (Theobroma grandiflorum wild ex Springs Schum) cultivados em sistemas agroflorestal e monocultivo. Coletas de solo foram realizadas numa área de implantação de roça de corte-e-queima, onde a mata

foi derrubada e depois queimada, e em área de quintal agroflorestal, onde foram encontradas as culturas de abacate, açaí, banana, cacau do mato, cajá, carambola, cupuaçu, manga, pitanga, pitomba, além de uma mata de embaúba. Foram coletadas dez amostras simples de solo em cada área, obtidas aleatoriamente, à profundidade de 10 cm, depois, enviadas ao Laboratório de Agronomia do Campus da UFPA em Marabá, em condições específicas de

Walter Pinto

Walter Pinto

No sudeste do Pará, estudos comprovam a melhora de solos pobres em nutrientes Walter Pinto

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armazenamento e temperatura. Como resultados parciais do trabalho foram encontradas diversas espécies de fungos nos diferentes sistemas e comprovada a diversidade de organismos indicadores da qualidade do solo. Observou-se um número maior de esporos (células reprodutoras capazes de originar um novo organismo) no cultivo de cupuaçu, seguido dos seguintes consórcios: leguminosa arbórea x mamona; mandioca x babaçu; capoeira x mamona.

n Mudas de qualidade No caso específico do cupuaçu, a grande predominância de esporos da espécie Acaulospora scrobiculata, encontrada nos dois sistemas, seria um indicativo da alta capacidade de adaptação desse fungo a amplas faixas ambientais, podendo representar uma alternativa de produção biotecnológica de mudas nativas. Segundo Andréa Hentz, os fungos permitem a produção de inoculantes para utilização na reprodução de mudas, que terão maior crescimento do que plantas não-inoculadas. No campo, esse crescimento será ainda maior, inclusive em solos extremamente pobres e em locais secos. As plantas inoculadas apresentam ainda uma proteção contra pragas e doenças. Além de aumentar a eficiência da adubação fosfática e de atuar como agente de controle biológico de doenças e pragas, a possibilidade de utilização mais imediata da associação entre fungos e plantas volta-se à recuperação de áreas degradadas ou à inoculação comercial de culturas. Para a agricultura familiar, os fungos são importantes porque os pequenos agricultores, sem recursos financeiros, não têm como produzir mudas de boa qualidade, uma vez que não aplicam fertilizantes químicos e fungicidas, não podendo também corrigir seus solos em relação à acidez e à falta de nutrientes. Os fungos são também importantes para a adoção de medidas tais como redução do uso de agroquímicos (fertilizantes e biocidas), adoção de sistemas de rotação de culturas, cultivo reduzido do solo, necessidade de melhor integração agricultura-ambiente e programas de recuperação de áreas degradadas.

hD em Geofísica pela Universidade da Califórnia, Berkeley, Estados Unidos, o físico paraense José Seixas Lourenço preside a comissão encarregada de implantar a primeira universidade federal no interior da Amazônia e a terceira no Estado do Pará, a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), com sede em Santarém. Nesse retorno à administração acadêmica, o exreitor da UFPA acredita que a localização privilegiada do Campus de Santarém, no centro da Amazônia continental, pode favorecer a concretização de um antigo sonho acalentado pelos pesquisadores da Pan-amazônia: a criação de uma verdadeira “Universidade da Integração Amazônica”, aberta aos países pan-amazônicos. Compete à Comissão, presidida por Seixas Lourenço, realizar estudos e atividades para o planejamento institucional, organização da estrutura acadêmica e curricular, administração de pessoal, patrimônio, orçamento e finanças, visando a atender os objetivos previstos no Projeto de Lei de criação da UFOPA. A nova universidade surge a partir da junção do campus da UFPA em Santarém e da unidade descentralizada da UFRA no Tapajós. Para Seixas Lourenço, a UFOPA pretende ser uma universidade comprometida com a excelência acadêmica e com a relevância social. “Temos a pretensão de criar unidades multidisciplinares de pesquisa e de formação de recursos humanos (graduação, mestrado e doutorado) em grandes áreas temáticas, de significativa relevância socioeconômica, onde as ciências humanas e sociais se interconectem com as da natureza e as da tecnologia”, explica. Ele cita, entre as grandes áreas, os recursos aquáticos, os recursos florestais e agronômicos e os recursos energéticos e minerais. Tendo a interdisciplinaridade do conhecimento como tônica, a UFOPA, segundo Seixas Lourenço, pretende romper com a departamentalização administrativa e burocrática das ciências e do conhecimento. Para atingir essa meta, não desconhece que será preciso usar a criatividade e realizar inovações metodológicas: “Temos consciência de que será fundamental desenvolver mecanismos inovadores para a atração e fixação na região de pesquisadores e técnicos de outros locais do Brasil e mesmo do exterior. Devemos explorar ao máximo as oportunidades de cooperação científica e tecnológica, nacional e internacional”. É neste contexto, e em função da localização privilegiada da UFOPA, que Seixas Lourenço propõe tornar realidade o sonho de instalar uma universidade da integração amazônica.

José Seixas Lourenço (à direita) preside a comissão que vai implantar a Universidade Federal do Oeste do Pará

n Em defesa do patrimônio natural e cultural A nova universidade trará benefícios para o Estado do Pará ao ampliar a oferta de ensino superior e gerar conhecimentos científicos e tecnológicos necessários ao desenvolvimento e à prosperidade para cerca de um milhão de habitantes da região oeste do Pará, que tem Santarém como principal pólo urbano. Para Lourenço, a superação do desafio do desenvolvimento da região deverá vir por meio de um efetivo investimento em educação, ciência e tecnologia, “de modo a contribuir, de forma estratégica, para a defesa do patrimônio natural e cultural da Amazônia, gerando um desenvolvimento sustentável,

fator preponderante na manutenção da soberania nacional da região, com repercussão positiva ao país e à comunidade internacional”. O papel fundamental da UFOPA será a formação de profissionais qualificados, em nível de graduação e pós-graduação, em especial nos setores diretamente relacionados às vocações da região (pesca, fruticultura, recursos florestais, energéticos e minerais) assim como, posteriormente, na área do turismo, com foco no ecoturismo. Em relação ao setor privado, a UFOPA buscará interação mais efetiva por meio do Parque Tecnológico do Tapajós, criado pelo

governo do Estado, sob coordenação da Secretaria Estadual de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, a ser instalado junto à Universidade. De acordo com Seixas Lourenço, o Parque Tecnológico é um instrumento de política econômica, indutor do desenvolvimento regional, propiciando a articulação de unidades de pesquisa científica e tecnológica com pequenas e médias empresas de base tecnológica, bem como a captação de recursos financeiros, públicos e privados, e incentivos fiscais para a implantação de atividades de pesquisa e desenvolvimento nas empresas.

n Modelo multicampi universaliza oportunidades Desenvolvendo atividades numa área de mais de 500 mil km² (equivalente a mais de duas vezes a área do Estado de São Paulo) com abrangência de vinte municípios, a Universidade Federal do Oeste do Pará adotará o formato multicampi, que possibilita a universalização das oportunidades de formação qualificada à maioria das micro-regiões e municípios. A formação e a fixação de competências em diferentes locais contribuirão para reduzir as assi-

metrias regionais. Segundo Seixas Lourenço, o formato permitirá a exploração do potencial sócio-ambiental de cada subespaço da região do oeste do Pará, servindo, ao mesmo tempo, de pólo integrador desses subterritórios. A UFOPA já nasce como universidade de médio porte, formada da junção das instalações e dos recursos humanos e materiais da UFPA na região (Campus de Santarém e núcleos de Itaituba, Oriximiná e Óbidos) e

da Universidade Federal Rural da Amazônia (Unidade Descentralizada do Tapajós). O núcleo de Óbidos será fortalecido, podendo ser ponto focal de alguns programas na área científica e cultural, bem como receber cursos de graduação dos campi da UFOPA. “No futuro, dada sua importância na área das letras e das ciências, a cidade de Óbidos poderá tornar-se sede de um novo campus da nova universidade”, revela Seixas Lourenço.

n Impulso à modernização e inclusão social Segundo o presidente da Comissão de implantação da UFOPA, os novos cursos a serem criados suprirão deficiências e mesmo ausência de nível superior em municípios do oeste do Pará. Tal situação tem impedido, historicamente, a formação e qualificação de profissionais para atuarem em áreas diretamente vinculadas ao processo de aproveitamento sustentável dos recursos naturais, que tem sido objeto de demandas por parte do setor público e do setor profissional. “A expansão da rede de ensino superior pública e a conseqüente ampliação do investimento em ciência e tecnologia irão promover a

inclusão social e terão um significativo impacto no processo de desenvolvimento regional”, avalia Seixas Lourenço. “A criação da UFOPA possibilitará um novo impulso à modernização e ao desenvolvimento sustentável da região, historicamente marcada pelo extrativismo vegetal e mineral e pelo baixo índice de desenvolvimento humano, além de resgatar um rico acervo de tradições culturais”. Indagado se a UFOPA não representaria uma perda para UFPA e UFRA, Seixas Lourenço justificou da seguinte maneira sua discordância em relação a essa hipótese: “A própria UFPA, com a participação

da UFRA, liderou o processo visando à criação da UFOPA. O reitor Alex Fiúza de Mello teve, e ainda tem, um papel da maior relevância, junto ao ministro da Educação, com o apoio da governadora do Estado, e dos parlamentares do Pará, visando à implantação da nova universidade. O reitor da UFRA, Marco Aurélio Nunes, nascido no interior de Monte Alegre, tem se mostrado um grande entusiasta da nova instituição. A criação da UFOPA não representa perda nem para a UFPA e tampouco para a UFRA, muito pelo contrário. É como o filho que cresce e ganha sua autonomia, mas mantém laços permanentes com os genitores.”


8 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008 –

Audiovisual

Tecnologia

Um minuto que faz toda a diferença

UFPA é destaque na área de software

D

ivulgação científica: objetivamente poderíamos definila como popularização da Ciência mas, na realidade, trata-se de um desafio que ainda precisa de compreensão, métodos e interesses para colocá-la em prática. Independente do conceito e dos problemas, a divulgação científica é fundamental para aproximar as pessoas do mundo da Ciência. E é exatamente esse o objetivo principal do Academia Amazônia. Implantado em 1991 como uma ação de extensão universitária, o projeto é referência em divulgação científica na região Norte do país. Localizado no Campos I da Cidade Universitária, o Academia Amazônia possui hoje um dos maiores bancos de imagem sobre ciência, tecnologia, cultura e meio ambiente, na região. Durante seis anos, o projeto foi responsável por um programa exibido nacionalmente pela TV Educativa. Também denominado

n Um desafio a ser conquistado Um dos principais desafios do Academia Amazônia é fazer um trabalho voltado para o real conceito de divulgação científica. “Não é possível fazer divulgação científica sem se aprofundar no assunto. O jornalista científico também é responsável pelo desenvolvimento da Ciência, entendendo, esclarecendo e informando à população”, explica Ataíde Malcher. Formar profissionais com essa mentalidade e um olhar diferenciado para apurar, pesquisar e fazer jornalismo com profundidade é a principal meta do Academia. Nesse sentido, os bolsistas participam diretamente de vários processos da pesquisa e da divulgação científica. Um desses trabalhos é o “Ciência e Comunicação na Amazônia: Aliadas na construção de boas práticas (CIECz)”. “Como aluna, é muito importante participar de um projeto como esse, porque estou tendo uma grande oportunidade de trabalhar com divulgação científica na Amazônia, uma área do jornalismo ainda pouco explorada, principalmente na nossa região”, conta Helaine Cavalcanti, bolsista do projeto. PARADIDÁTICOS - O projeto usa materiais paradidáticos – guias, cartilhas, livros, artigos, além de produtos radiofônicos, fotográficos e audiovisuais, disponibilizados na internet, na home page www3.ufpa.br/ciecz. “O principal objetivo é divulgar as ações da pesquisa ‘Custos e benefícios do manejo e recuperação de áreas degradadas para gestão de propriedades e de paisagens’, coordenada pela professora Oriana Almeida, que pretende ajudar na redução do desmatamento na Amazônia”, explica a bolsista.

Equipe do Academia em ação: projeto é referência na região Norte do país

n Ação integrada com o ensino Exibido duas vezes por semana, pela TV RBA, o Minuto da Universidade divulga os projetos de ensino, pesquisa e extensão da UFPA. Trata-se de uma boa forma de aproximar a instituição da sociedade e ainda facilitar a captação de recursos, a prestação de contas e os relatórios para as instituições financiadoras da pesquisa, nas mais diversas áreas do conhecimento científico. “Com o Minuto, o conhecimento sai dos laboratórios da Universidade e volta para o senso comum que é a origem de todo o processo”, explica a professora Ataíde Malcher. E é justamente em prol do conhecimento científico, que o Academia Amazônia passa por uma grande e profunda reestruturação. Uma das mudanças foi a integração do projeto ao curso de Comunicação Social da UFPA. Essa mudança possibilitou a ação integrada entre a faculdade e Aca-

demia ampliando, assim, o campo de experimentação na área do audiovisual e da divulgação científica para os alunos de Jornalismo e Publicidade. A intenção é que os alunos se apropriem e se sintam parte do projeto para que possam aprender e se preparar melhor para o mercado de trabalho. “No semestre passado, conseguimos uma grande vitória: pela primeira vez, os trabalhos produzidos pelos alunos, junto com os professores, foram totalmente finalizados e os alunos participaram de todo o processo, da produção das pautas até a edição e montagem dos vídeos”, comemora a coordenadora do Academia. Para se tornar uma produtora auto-sustentável, o Academia Amazônia tem conseguido desenvolver importantes trabalhos, envolvendo instituições de pesquisa e também da sociedade civil organizada e órgãos governamentais. Mácio Ferreira

Academia Amazônia, o programa tinha 30 minutos de duração e era um elo entre as instituições de pesquisa e a sociedade brasileira. No total, foram cerca de 250 programas, mostrando o conhecimento e as descobertas de todas as instituições de pesquisa da região amazônica, incluindo o Museu Emílio Goeldi e o Instituto Evandro Chagas. Atualmente, o projeto é coordenado pela professora doutora Maria Ataíde Malcher e tem como principal produto televisivo o Minuto da Universidade. Patrocinado pela Y.Yamada, um dos principais grupos empresariais do Estado, o programa foi um dos vencedores do Top de Marketing Social 2002. Realizado anualmente pela Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), a premiação homenageia e reconhece o trabalho de instituições públicas ou privadas na área da responsabilidade social.

Hellen Pacheco

O

Laboratório de Engenharia de Software da Universidade Federal do Pará (LABES-UFPA) foi o 7º colocado dentre 25 instituições de ensino de ciência e tecnologia da América Latina que atuam na área de Engenharia de Software. O resultado foi apontado em uma pesquisa realizada pela empresa alemã Bosch. Em 2007, o LABES recebeu o segundo lugar no “Prêmio Dorgival Brandão Junior de Qualidade e Produtividade de Software”, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), pelo projeto do Software Livre WebAPSEE. Para avaliar e classificar as instituições, a Bosch usou quatro critérios: publicações do grupo (envolvendo assuntos de qualidade e maturidade de software); projetos

conduzidos por cada grupo especificamente na área de processos de software; parcerias consolidadas pelo grupo; e interesse e disponibilidade de cada grupo para realizar novas parcerias na área. Dentre as instituições avaliadas estão também a USP (1ª posição), PUC-RS (2ª) e UFRJ (5ª). “Foi muito gratificante concorrer ao lado de instituições tradicionais, como a USP e a UFRJ, que possuem uma estrutura física e um grande número de professores envolvidos nessa área de desenvolvimento, sendo que o LABES possui apenas cinco anos”, afirma a professora Carla Reis, uma das coordenadoras do laboratório. Ainda segundo ela, essa colocação é uma conquista também para os estudantes envolvidos, pois é sinal de que estão desenvolvendo algo realmente

Em meio a todos os trabalhos em produção, a equipe pretende, até o final deste ano, lançar o portal do Academia. Além disso, está finalizando o piloto de um programa que deve se chamar “Universidade”. Será um híbrido de revista eletrônica com telejornal e vai divulgar as atividades de pesquisa, ensino, extensão desenvolvidos pela UFPA e também de outras instituições de pesquisa, a exemplo do que ocorreu no programa produzido na década de 90, mas com outra linguagem. O diferencial será a participação dos alunos de Comunicação Social em todo o processo de produção. A idéia é envolvê-los na parte prática da construção de um telejornal ou qualquer outro produto audiovisual. Sempre com conteúdos voltados para o conhecimento científico, o programa pretende ser universal. “Teremos matérias e quadros sobre cultura, meio ambiente, comportamento e vários outros assuntos de interesse da comunidade acadêmica e de toda a população”, explica a jornalista do Academia Amazônia, Elissandra Batista. Outro objetivo da equipe é ampliar as parcerias, principalmente, auxiliando projetos e instituições com problemas na área da comunicação. “O esforço dos profissionais e de todos os estudantes envolvidos tem valido a pena, pois cada vez mais, os trabalhos vão surgindo. E fazemos tudo sem perder o foco da divulgação científica”, finaliza Maria Ataíde.

O Minuto da Universidade é exibido na TV RBA, canal 13, toda quintafeira às 19h20, com reapresentação às segundas, às 12h50. O patrocínio é do Grupo Y. Yamada e o apoio é da Fadesp e do Grupo RBA.

EM DIA

produtivo dentro da Instituição. Evitar a “fuga” de cérebros é um dos principais objetivos do grupo. Segundo a coordenadora, bem antes de criarem o grupo de estudos era muito comum que os estudantes concluíssem sua graduação aqui e posteriormente partissem para outros Estados que ofertassem melhor remuneração e capacitação acadêmica mais completa, com mestrado e doutorado. Entretanto, com profissionais bem aproveitados e engajados no grupo local, a pesquisa é valorizada e o processo produtivo fica mais fortalecido. “E é isso que vai fortalecer o desenvolvimento dessa área no Estado e proporcionar oportunidades de aprendizado aos estudantes, pois a aplicação desse conhecimento ocorre sempre que possível em parceria com empresas”, esclarece a pesquisadora.

n Programa piloto está em fase final

serviço

Para se tornar auto-sustentável, o programa tem feito importantes trabalhos

Universidade conquista o 7o lugar entre 25 instituições da América Latina Incubação

O Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica (PIEBT) da UFPA está com inscrições abertas, até 30 de setembro, para incubação. Mais informações: www. piebt.ufpa.br ou pelos telefones 3201-8022/ 8023 e 3249-9520.

Banco de pautas

Mácio Ferreira

Academia Amazônia contribui com o processo de divulgação científica

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Para divulgar os resultados da produção científica desenvolvida na UFPA e informações sobre projetos de extensão em andamento, a Ascom está atualizando seu banco de pautas. Os interessados podem enviar e-mail com as seguintes informações para imprensa@ufpa.br: 1. Título; 2. Período de Realização (início e término); 3. Coordenador (es); 4. Equipe; 5. Faculdade/ Curso; 6. Agência de Fomento (quando for o caso); 7. Objetivos (principais); 8. Área geográfica de abrangência; 9. Atores sociais envolvidos; 10. Resumo (entre 10 e 20 linhas); 11. Principais benefícios para a sociedade e meio ambiente; 12. Principais resultados; 13. Contatos (telefones e e-mails) e 14. Site. Mais informações: 91 – 3201-7463/ 3201-7577.

O LABES desenvolveu, em conjunto com pesquisas dos estudante, uma ferramenta baseada em software livre

n Soluções inovadoras para problemas críticos A ferramenta WebAPSEE, sistema baseado em software livre para gestão de processos de software, é desenvolvida desde 2005 pelo laboratório, inicialmente por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), em parceria com a regional Belém do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO). É voltada para os gerentes de projeto e adota soluções inovadoras para problemas críticos de gerência e acompanhamento dos processos de software. A principal finalidade desse mecanismo é aten-

der aos requisitos organizacionais para auxiliar na coordenação das atividades relacionadas ao desenvolvimento do programa. “O WebAPSEE também visa o aumento da qualidade de software. Desde o início foi desenvolvido em conjunto com os estudantes, por meio de pesquisas”, declara a professora Carla Reis. Por ser uma ferramenta livre, o sistema pode ser acessado por qualquer pessoa. Atualmente, os projetos do LABES envolvem parcerias com universidades brasileiras e instituições de ensino da ciência e tecno-

logia do Brasil e do exterior como o CNPq, a FINEP, a Eletronorte e a Microsoft. Para viabilizar uma disseminação mais efetiva do que é produzido na área de melhoria de processo, foi criada uma empresa spin-off do grupo de pesquisa (a QRConsultoria), que está na Incubadora de Empresas da UFPA. Ela atua em um nicho de mercado voltado para a implantação da melhoria de qualidade e certificação das empresas que atuam no desenvolvimento de software no Norte e no Nordeste do país.

n CTIC pode atingir nível mais alto de avaliação Atualmente, o LABES trabalha junto ao Centro de Tecnologia da Informação da UFPA (CTIC) em um projeto cujo objetivo é aumentar a maturidade do software que é desenvolvido na instituição. Por atender a uma comunidade com grandes dimensões e demandas como a UFPA, freqüentemente é exigida do CTIC a capacidade de criar sistemas complexos. “O CTIC recebe muitas demandas, tem poucos funcionários e alta rotatividade. É um cenário desafiador para trabalharmos”, afirma a professora Carla Reis.

Com o acompanhamento do grupo, espera-se que até o final do ano o CTIC tenha um nível de maturidade certificado pela Softex, que é a associação para melhoria da qualidade de software brasileiro. O LABES segue o modelo de qualidade brasileiro, chamado MPS.BR. Ainda neste segundo semestre, virá a Belém uma equipe de avaliadores-auditores, que acompanhará a rotina do CTIC e o que está sendo desenvolvido no âmbito dos projetos de software. Desse acompanhamento virá uma

avaliação que poderá colocar o Centro no nível G, que é o primeiro na escala crescente de capacidade e maturidade do MPS.BR. “Esse conhecimento que os estudantes estão adquirindo e que eles mesmos estão construindo serve de apoio à própria Universidade, que lhes dá a formação. Eles atuam efetivamente na elaboração do projeto e também na sua implantação no próprio CTIC. Posteriormente, a finalidade é expandir para os outros setores da Universidade que também atuem no desenvolvimento de software”, concluiu.

Artigo premiado

O professor Emanuel Macedo, da Faculdade de Engenharia Química, vinculada ao Instituto de Tecnologia (ITEC) da UFPA, teve seu artigo premiado pela revista científica “International Journal of Numerical Methods in Heat and Fluid Flow”,da editora inglesa Emerald Publishers. A produção de título “Hybrid Solution for Transient Internal Convection with Axial Diffusion: Integral Transforms and Local Instantaneous Filtering” foi feita em parceria com os professores Romberg Rodrigues Gondim da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e Renato Machado Cotta da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Mulher

“As Faces da Diversidade” é o tema do III Encontro Amazônico sobre Mulher e Gênero, que será sediado na UFPA, de 23 a 26 de setembro. Promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Eneida de Moraes sobre Mulher e Gênero (GEPEM), o encontro reunirá pesquisadoras e pesquisadores que trabalham com as variadas possibilidades de se tratar a temática da mulher.


Mácio Ferreira

Mácio Ferreira

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Mácio Ferreira

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008 –

Mácio Ferreira

6 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Setembro, 2008

Revitalização

Universidade realiza mais de 80 obras nos campi da capital e do interior

mari chiba

Mácio Ferreira

n Prefeitura elabora projeto especial para orla Tendo como um dos limites o rio Guamá, a Cidade Universitária possui uma orla de 3 km de extensão, que vem sofrendo um processo de erosão acentuado nos últimos 20 anos. Até o momento, as tentativas de contê-lo mostraram-se frustrantes. Considerando a questão como de extrema importância, até mesmo por questões de segurança, a Prefeitura está elaborando um projeto especial para resolver definitivamente o problema. O projeto está em fase de formulação e conta com a participação de pesquisadores das áreas de Geociências, Estrutura e Hidrologia, além da experiência acumulada por Luis Otávio Mota Pereira em trabalhos com orlas e recuperação de áreas marginais. O projeto é ambicioso: não pretende construir um sim-

n Urbanização

n Salto urbanístico de qualidade é um dos resultados Em relação ao atendimento da demanda imediata, a Prefeitura realiza, entre outras obras, a expansão do Centro de Ciências Biológicas, construiu vários laboratórios no Instituto de Tecnologia e expandiu o número de salas de aulas. Há também, uma série de obras de urbanização que dá ao velho campus do Guamá um aspecto de canteiro de obra, entre as quais, instalação de novo calçamento, construção de passarelas, pavimentação de estacionamentos, criação de nova programação visual, recuperação da ponte de pedestres e melhorias no sistema viário. Em todos os campi do interior estão sendo realizadas ampliações físicas, segundo um novo perfil adotado pela Prefeitura da UFPA, o de obra integrada. “Se tenho que construir um bloco de sala de aula e um laboratório num determinado campus, então, projeto também o seu entorno”, explica Luis Otávio Mota Pereira, professor da UFPA da área ambiental e prefeito do campus. “Na verdade, os campi foram crescendo de forma vegetativa, muitos deles eram escolas municipais

Calçamento novo e paisagismo dão uma nova 'cara' ao campus do Guamá reformadas para receber a Universidade. As obras em execução vão proporcionar aos campi um salto urbanístico de qualidade”. Realizadas com recursos do Reuni, que destinou R$ 44 milhões só para

infra-estrutura física, além de R$ 33 milhões para equipamentos, dentro de um período de três anos, as obras nos campi incluem desde a construção de bloco de salas de aula à ampliação de biblioteca, reformas e adaptação de refeitório.

ples muro, mas resgatar parte do campus perdido ao longo dos anos pela ação da erosão. Será um projeto de contenção, com aterramento hidráulico do fundo do rio, mas, principalmente, de urbanização, explica o prefeito. Até o final do ano, o projeto estará concluído. A contratação da obra deverá ocorrer a partir de janeiro de 2009. Considerando que a parte da orla não ocupada continua intacta, o projeto se estenderá por 1.650 metros de orla ocupada, compreendendo do início do campus básico ao Igarapé Sapucajuba. Já está no Congresso Nacional, a emenda da bancada paraense que possibilitará iniciar a obra no começo de 2009. “O importante é deixar, até o final do mandato do reitor Alex Fiúza de Mello (julho de 2009), um

projeto sustentável, com obras contratadas e recursos definidos. É um projeto que, mesmo com os recursos disponíveis, não deve ser feito de maneira açodada. Sugerimos que o prazo para execução seja de dois anos”, informa Luis Otávio. O projeto Orla Universitária terá uma faixa de 1.650 metros de comprimento e 30 metros de largura, com contenção (muro de arrimo), calçadão para passeio, pista de âmbito local (mas não de alta velocidade), áreas urbanizadas e de convivência (praças, recantos, etc.). Segue praticamente a mesma concepção do Portal da Amazônia, que, por sinal, é de autoria do atual prefeito da UFPA. Quando a obra for concluída, a Universidade restituirá à sociedade uma orla com finalidade absoluta de lazer.

A orla será transformada em área de lazer

sustentável do campus é meta

Engenheiro de atender os campi I, II, infra-estrutura, Luis III e IV, com 100% de Otávio Mota Pereira tratamento, por meio de possui também formatecnologia de ponta”, ção na área ambiental. informa. Em novembro de 2007, Um dos probleele aceitou convite para mas dessa área que está assumir a Prefeitura da sendo resolvido é o de UFPA. Trouxe consigo melhorar o sistema de a experiência acumulada drenagem do campus. A no exercício de cargos primeira parte eliminou públicos dentro de sua as zonas mais críticas do área de atuação. “Uma campus básico e profisdas primeiras missões sional. A Prefeitura tamconfiada pelo reitor foi a bém trabalha para reforde transformar os campi çar o abastecimento de em áreas urbanizadas água cujo sistema possui, sustentáveis. Além disaproximadamente, 25 so, transformar áreas anos. Em outra frente, a densamente povoadas Prefeitura está concluinda Cidade Universitária do o projeto de melhoria em áreas sanitariamente e recuperação do sistema seguras”, explica o previário, devolvendo à cofeito. munidade universitária Diante do desaum sistema compatível. fio, Luis Otávio está O sistema sofreu interempenhado em resolver venção durante a execuum dos principais proção das muitas obras no O Vadião foi um das setores que foi totalmente revitalizado blemas de saneamento campus. Também foram do campus do Guamá: realizadas pavimentação dotá-lo de uma rede de esgoto com em áreas novas. Segundo Luis Otávio, quisadores. “Após estabelecermos tratamento. Atualmente, a rede exisessas obras de infra-estrutura urbana todos os critérios, a Prefeitura protente cobre apenas 15% do campus, buscam tornar o campus compatível cederá licitação para contratação de mas com tratamento incipiente, em com o crescimento acadêmico-pedauma empresa que realizará a obra. geral, realizado pelos próprios pesgógico da instituição. Será uma nova rede de esgoto para mari chiba

Com capacidade para mil pessoas, o centro de convenções está com os trabalhos bem adiantados

Mácio Ferreira

N

os últimos anos, a Universidade Federal do Pará (UFPA) vem sendo dotada de infra-estrutura compatível com o salto qualitativo experimentado pela instituição nos últimos anos. O desenvolvimento pedagógico e científico fez crescer a demanda de pesquisadores, cursos e projetos específicos por novos espaços físicos. Atualmente, a Prefeitura da UFPA gerencia mais de 80 obras em execução na Cidade Universitária José da Silveira Netto e nos nove campi do interior. Para solucionar a falta de um espaço apropriado para a realização de grandes eventos, está sendo construído na Cidade Universitária, em área próxima à reitoria, um Centro de Convenções dotado de um auditório para mil pessoas. Previsto para ser concluído em fevereiro do próximo ano, o Centro representa um grande salto de qualidade, na medida em que possibilitará a realização de grandes eventos científicos e culturais. O auditório será equipado com infra-estrutura tecnológica adequada ao conforto dos participantes dos eventos que ali serão realizados. Outra obra de grande envergadura é o complexo do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ), em construção no setor profissional, composto de dois blocos didáticocientíficos e de prédio do Juizado de Causas Especiais. Trata-se de uma obra que atenderá às necessidades advindas do crescimento das Ciências Jurídicas e que inaugurará o conceito de subsetor, segundo proposição da Prefeitura da UFPA. Como é sabido, a Cidade Universitária é composta pelos campi I, II, III e IV. No interior deles, estariam instalados subsetores em áreas específicas totalmente urbanizadas, dispondo de instalações físicas, calçamento, estacionamento, paisagismo e iluminação adequada. O primeiro será o de Ciências Jurídicas. Posteriormente, virão os das áreas Tecnológica, Ciências Humanas e Geociências. Ao lado do Atelier de Arquitetura, está sendo erguida outra obra de grande vulto, o Centro de Tecnologia de Desenvolvimento Sustentável (CTDS), uma nova unidade da UFPA centrada no crescimento com sustentabilidade.

mari chiba

Walter Pinto

Mácio Ferreira

Trabalho coordenado pela Prefeitura da Cidade Universitária busca compatibilizar infra-estrutura física com salto qualitativo da academia

n Campus terá Código de Postura e Plano Diretor A Cidade Universitária não dispõe de um Plano Diretor, mas a Prefeitura já tem pronta uma proposta de Código de Postura, que será submetido ao Conselho Universitário. O código regulamentará as festas universitárias, a fixação de faixas, a localização de ambulantes, a definição de áreas de alimentação, entre outras questões. Por ser um código, ele traz penalidades administrativas para membros da comunidade universitária e multa para prestadores de serviço que violarem as determinações. Em relação às demandas por novos espaços físicos, Luis Otávio Mota Pereira esclarece que algumas vezes não é possível autorizar o pedido. Para evitar esse desgaste e regularizar obras na Cidade Universitária, a Prefeitura também está elaborando uma proposta de Plano Diretor Urbanístico. Há uma série de demandas urgentes, entre as quais, destacam-se: as áreas a serem ocupadas pelo Parque de Ciência e Tecnologias, as instalações do curso de Engenharia Naval e o setor previsto para tratamento de lixo e esgoto. “São coisas que precisam estar regulamentadas e que independem da vontade do atual prefeito ou do reitor”, afirma Luis Otávio.


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