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Extensão redefine papel na formação acadêmica ARQ UIVO

INCUBADO RA

Proposta torna obrigatória inclusão de alunos na extensão. Em Cametá, cooperados recebem orientações sobre higiene no manuseio do açaí Págs. 6 e 7

Biblioteca Central comemora 45 anos dedicados à informação

Cursos da UFPA ganham destaque no Guia do Estudante 2007 Pág 8

MARI CHIBA

Reuni vai injetar R$ 70 milhões na reestruturação do ensino e ampliação física Pág 4 Entrevista com Josep Vidal, coordenador da Casa de Estudos Hispano-Americanos

Pág12 A evolução dos serviços prestados ao público marca esta trajetória Pág11


BEIRA DO RIO

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Universidade Federal do Pará

Coluna do Reitor Uma nova onda fascista ameaça as universidades públicas Alex Fiúza de Mello - Reitor

Fascismo não é de direita, nem de esquerda. É fascismo. Caracterizase por uma ideologia fundamentalista e totalitária, de pensamento único; autoreferente à sua única e absoluta "verdade"; avessa, portanto, ao exercício da razão dialógica e ao direito do contraditório; movida por ações fundadas na propaganda enganosa, na calúnia e, se necessário, na violência, disposta a atingir seus objetivos a qualquer custo, mesmo se para isso for necessário caluniar, intimidar, agredir, usurpar, humilhar, desconhecendo os fundamentos básicos dos direitos humanos e os limites civilizados do Estado de Direito. Fascistas foram todos os regimes políticos que condenaram à morte, sem defesa, todos os que, por eles, segundo critérios próprios, eram julgados seus adversários: dos campos de concentração de Auschwitz, na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial, ao arquipélago Gullag, na ex-URSS, em plena fase totalitária pós-revolucionária. As ditaduras militares dos anos 1970-80, na América Latina - os famosos "anos de chumbo" -, traduziram um ambiente semelhante de terror e de ameaça, que atingiu, inclusive, o espaço privilegiado, legado pela civilização, para fazer prosperar justamente o antídoto contra todo esse mal e contra toda for-

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Alex Bolonha Fiúza de Mello Reitor Regina Fátima Feio Barroso Vice-reitora Iracy de Almeida Gallo Ritzmann Pró-reitora de Administração Sinfrônio Brito Moraes Pró-reitor de Planejamento Licurgo Peixoto de Brito Pró-reitor de Ensino de Graduação Ney Cristina Monteiro de Oliveira Pró-reitora de Extensão Roberto Dall´Agnol Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Sibele Bitar Caetano Pró-reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal Luiz Otávio Mota Pereira Prefeito do Campus ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL JORNAL BEIRA DO RIO Luciana Miranda Costa Coordenadora Tatiana Ferreira Edição Erika Morhy, Walter Pinto, Tatiana Ferreira, Ana Cristina Trindade Reportagem Mari Chiba, Manoel Neto, Íris Jatene Fotografia João Luiz Lima de Freitas Produção Leylla Melo (texto), Roberto Carvalho, Gleison Furtado (secretaria), Gerson Neto (informática), Glaciane Serrão (letras) Estagiários Josely Dias - Editora da UFPA Revisão Rose Pepe Arte Impressão Gráfica da UFPA

Rua Augusto Correa nº1 - Belém/PA imprensa@ufpa.br - www.ufpa.br T 91 3201-7577

ma de obscurantismo: a universidade. Nada há de mais pernicioso e estranho ao mundo acadêmico que a ausência de liberdade de expressão, a negação do pluralismo ideológico, o impedimento do exercício da única força, aí, legitimamente admitida e insubstituível: a do argumento. Valores que, sob os regimes de exceção, são permanentemente desdenhados, censurados e combatidos. Triste e temerário é presenciar, na atual conjuntura brasileira, depois de uma longa e histórica luta contra a ditadura militar, novamente a emergência de práticas políticas a ameaçar tais valores, e, o que é pior, agora movidas não por parte do Estado, mas por facções e grupos que, inconformados com as derrotas em espaços democráticos, tumultuam a normalidade da vida das instituições, investindo em sua desmoralização pública. É isso o que está ocorrendo em muitas universidades públicas. Desde o primeiro semestre de 2007, com as indiscriminadas e injustificadas invasões de prédios de reitorias - dentre as quais ganhou maior notoriedade aquela, escandalosa, da USP -, até mais recentemente, com as novas invasões e tentativas de impedimento de deliberação, livre e legítima, de Conselhos Universitários sobre ma-

MARI CHIBA

LURDINHA RODRIGUES

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térias de interesse acadêmicoinstitucional - a exemplo da avaliação sobre a adesão ao Programa Reuni, do MEC, que prevê a expansão de vagas e de investimentos em universidades públicas -, o que se observa é a ação virulenta de grupos de estudantes - alguns, inclusive, de fora do meio universitário , alimentados por professores que se negam à exposição pública (por questões de ordem tática ou covardia), em desrespeito aos mais básicos princípios do bom senso, da racionalidade e das normas democráticas e colegiadas que regem os estatutos da vida acadêmica. São inúmeros os testemunhos indignados de reitores e de membros de Conselhos Universitários a repudiar esse tipo truculento de enfrentamento, a ponto de, de forma inédita, a própria Andifes (Associação Nacional que congrega todos os dirigentes das Instituições Federais de ensino superior) ter emitido uma Nota, aprovada em sua reunião plenária de outubro, repudiando o que considera "conteúdo fascista e totalitário" dessa forma de ação. Não são fatos isolados. São movimentos sistemáticos, contínuos, recorrentes, progressivos, orquestrados por alas de certos partidos políticos que, por possuírem seus quadros restritos ao meio universitário e a alguns setores do

funcionalismo público - sem maior representatividade junto à sociedade mais ampla -, objetivam não simplesmente atacar, a partir de dentro das instituições, os Governos popularmente sufragados, mas eleger, se possível, reitores, para poderem instrumentalizar a universidade - sua principal "trincheira" - em favor de seus escusos intentos políticos. "A defesa da universidade pública, de sua autonomia, pluralismo e liberdade, verdadeiras cláusulas pétreas de uma academia - arremata a Nota da Andifes -, terá de ser garantida com firmeza e por todos os meios legítimos e legais à disposição, sob pena da desmoralização das instituições, deterioração do patrimônio público e falência das conquistas democráticas, tão arduamente conquistas em nosso país". Sim, o quadro não é para brincadeira, nem para pusilanimidade. A universidade pública brasileira oscila entre a consolidação institucional e a barbárie. Ela não pode ficar refém dessa ameaça de plantão, que agride os seus Estatutos, a Constituição e toda sorte de racionalidade e de liberdade que deve imperar num ambiente universitário. Tudo depende de contexto; e, como não estamos sob regime de exceção, não há justificativa para tanta truculência.

Opinião O Pará nas Ondas do Rádio Luciana Miranda Costa - Profª da Faculdade de Comunicação e Coordenadora de Comunicação Institucional da UFPA

Quase octogenário, o rádio paraense construía sua história sem deixar muitos registros. Além da memória dos profissionais que trabalharam em rádio, durante quase 80 anos (1928/ 2008), pouca coisa ficou acessível. As pesquisas "Os setenta anos do rádio em Belém" e "Universidade no ar: ensino, pesquisa e extensão com as ondas do rádio" (Proint), ambas no âmbito da Faculdade de Comunicação da UFPA, buscaram contribuir para suprir esta lacuna, tornando-se fontes sistematizadas de informações sobre o tema. Em quase dez anos (1998/2007), trabalhou-se, com a colaboração de mais de 30 alunos do curso de Comunicação Social, na recuperação e análise da história do rádio em Belém em seus principais aspectos, como as radionovelas; os contextos político, cultural, econômico e social das décadas de 30 a 90; a estreita ligação entre o veículo e a política local; o sucesso do radiojornalismo esportivo e policial; a crise financeira enfrentada pelas rádios; o surgimento e fortalecimento das rádios comunitárias e religiosas; a terceirização de vários departamentos; e, mais recentemente, a transformação do rádio na era digital. Foram gravadas mais de uma centena de entrevistas com radialistas como Advaldo Castro, as radioatrizes

Iracema Oliveira e Tacimar Cantuária, e comunicadores como Costa Filho e Elói Santos. O rádio paraense teve e tem muitas histórias para contar. Os programas de auditório e as radionovelas, das décadas de 40, 50 e 60, marcaram época. Os radiojornais e informativos também se fizeram presentes. A Rádio Marajoara, que pertencia aos Diários Associados de Assis Chateaubriand, tinha radiojornais em várias edições diárias. O radiojornalismo policial teve seu ponto alto com o "Patrulha da Cidade", um programa apresentado pelo radialista Paulo Ronaldo, que atraia a audiência de homens, mulheres, policiais e bandidos. Desde a década de 90, entretanto, o clássico tripé radiofônico: música, informação e serviço tem balançado em Belém. Produtoras independentes, geralmente ligadas a agências de publicidade, contratam profissionais, vendem anúncios e patrocínios, alugam horários nas rádios e dividem os lucros com as emissoras. A fórmula foi a solução encontrada para que muitos programas não saíssem do ar. Nesses quase 80 anos de existência do rádio em Belém, o veículo que viveu seus tempos áureos nas décadas de 40, 50 e 60 com as radionovelas e programas de auditório, tem buscado

novos caminhos e fórmulas para reconquistar o público que migrou para a televisão e que, conseqüentemente, levou consigo os anunciantes e patrocinadores dos programas. Desta forma, a pesquisa, do ponto de vista prático, e com o objetivo de ampliar o acesso às informações e utilizá-las como instrumento pedagógico para os alunos do curso de Comunicação da UFPA e de outras instituições, optou pela criação de um site (http:// www.oparanasondasdoradio.ufpa.br), a publicação de um livro (com lançamento previsto para o início de 2008) e a realização de um Seminário temático (novembro de 2007), envolvendo alunos e profissionais do rádio paraense e de outros Estados, como a profª Nélia Del Bianco, da UnB - que tem coordenado as discussões sobre o rádio digital entre os pesquisadores de universidades brasileiras -; os professores Gustavo Lopes (Uninter - Curitiba) e Pedro Vaz (Faculdade Cásper Líbero - S.Paulo), que coordenam as rádios universitárias de suas respectivas instituições de ensino; além de representantes da Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias) e da Associação das Rádios Comunitárias da Amazônia. Convido todos a conhecer esse trabalho.


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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Expansão e consolidação dos cursos a distância na UFPA FO TO S MARI CHIBA

Modalidade ganha cada vez mais reconhecimento Pesquisa recente realizada com os alunos do curso de Licenciatura em Matemática na modalidade a distância da UFPA comprova a aceitação do curso, após três anos de implantado. Os números revelam que 74,3% dos alunos recomendariam o curso a outra pessoa e, 64,7% classificam o curso como ótimo e bom. Apenas 35,3% acham o curso regular e nenhum dos entrevistados o qualificou como ruim. Foram 212 entrevistados em Marabá, Cametá, Tucuruí e Belém. O estudo prosseguirá nos demais campi/pólos. A satisfação dos alunos está relacionada, principalmente, à qualidade do material didático, considerado excelente em todos os cursos, e ao acompanhamento pelos professores tutores. O mais baixo nível de satisfação é com o atendimento administrativo. Para a professora Selma Leite, que coordena a Assessoria de Educação a Distância junto à reitoria, o resultado é especialmente significativo, pois as políticas públicas para a área são recentes, datam de 2004, quando o Programa Pró-Licenciatura 1 foi lançado pela Secretaria de Educação a Distância do MEC (SEED/ MEC). A opinião dos alunos anima a Administração Superior a consolidar cada vez mais essa modalidade de educação na região, que vai ao encontro de pessoas que não teriam chance de freqüentar uma universidade pública e gratuita de qualidade se não fosse a flexibilidade de tempo e espaço que a EaD propicia.

Hoje, a UFPA e todas as universidades federais, além de algumas estaduais, integram o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB, uma política de estado iniciada neste governo, no período da gestão de Ronaldo Mota à frente da Secretaria de Educação a Distância - SEED/MEC e do Ministro Fernando Haddad. Em parceria com municípios e Estado, o sistema financia a expansão da educação a distância para todo o país, ocupando o espaço que antes era ocupado, principalmente, pelas universidades privadas e, timidamente, pelas públicas com seus programas de interiorização. Com o advento das novas tecnologias da comunicação, e, no Pará, com a conexão de parte do estado por meio de fibra ótica já instalada pela Eletronorte, em parceria firmada com o Governo do Estado, além de outras soluções via satélite, a Educação a Distância, ficará consolidada, contribuindo para inclusão digital e para o desenvolvimento de atividades importantes como telemedicina, gestão administrativa e mesmo para a melhoria do sistema de ensino em geral. Esse fenômeno de expansão do ensino pela via da modalidade a distância, já reconhecida pelo seu valor há muitos anos em todo o mundo, só recentemente está ocorrendo no Brasil. Mostrando essa expansão, o Anuário da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) diz que, em 2006, o número de inscritos no ensino a distância (somente instituições credenciadas) em todo o país subiu em 54%, chegando a 778 mil pessoas em 228 instituições.

Cursos de educação a distância da UFPA também envolvem aulas presenciais

Atualmente a AEDI está implantando todos os cursos na plataforma Moodle, recomendada para todo o sistema nacional. Será oferecida formação on-line e de forma continuada para professores selecionados para o trabalho de acompanhamento dos alunos nos municípios e em Belém (tutores), para produção de materiais didáticos em diferentes mídias e desenvolvendo no próprio sistema, programas que possibilitem acesso a pessoas portadoras de necessidades especiais, iniciando por aqueles que possuem visão subnormal. Um dos grandes incentivos que a EaD vem recebendo em todo o país e na UFPA, em particular, é a quantidade de equipamentos (computadores) para a sede Belém (50) e para os pólos, (30 para cada um), servidores com configuração capaz de suportar milhares de alunos on-line, salas de vídeo conferência, conexão banda larga com boa parte dos municípios da calha sul do Amazonas e do Sudeste do Pará, recursos para custeio, bolsas pagas pelo FNDE direto

aos professores que estão coordenando os cursos e escrevendo materiais, construção de um prédio de dois andares com cerca de 1.000 m², com todos os equipamentos e mobiliários em orçamento para serem financiados ainda este ano pelo MECSEED, já que grande parte dos recursos para construção foi conseguida via emenda parlamentar. Todos os professores que estão participando do programa são pesquisadores com experiência de gestão, pesquisa e ensino, o que permite uma gestão colegiada que tem trabalhado cooperativamente mantendo um excelente nível de entrosamento, o que garante a qualidade e a consolidação acadêmica dos cursos. Os resultados da aprovação dos Cursos no Consepe têm demonstrado a confiança que a administração superior e cada membro do Conselho deposita nas pessoas que estão a frente do programa da UFPA.

Curso de Administração tem projeto piloto em 25 universidades A proposição dos cursos na modalidade a distância tem atraído para esse amplo e flexível "espaço de aulas" alguns profissionais que já possuem uma graduação e que, inclusive, estão no mercado de trabalho. Esse fato vem ocorrendo porque o mercado tem exigido novas habilidades e atualização constante dos profissionais. É o caso dos alunos Gláucia Sério e Benedito Gaia, do curso de Administração da UFPA na modalidade a distância. O curso possibilitou que esses dois profissionais trabalhem e estudem sem a necessidade de deslocamento diário para aulas presenciais. Gláucia é pedagoga e secretária de Administração em Augusto Corrêa. Benedito é engenheiro civil e funcionário da Secretaria de Estado da Fazenda, em Tomé-Açu. "Eu tinha uma visão do senso comum sobre Administração e entendi que precisava me qualificar para acompanhar a modernização da máquina pública. O curso tem me dado embasamento teórico e me permitiu visualizar direitos e deveres dos

servidores", argumenta Gláucia, de 32 anos. Ela diz ainda que não teria condições de se aperfeiçoar profissionalmente se não fosse a possibilidade do estudo a distância, e ilustra dizendo que seu pólo fica na cidade de Capanema, embora estivesse em Belém apresentando seu trabalho no seminário temático de encerramento do segundo módulo do curso. O seminário ocorrreu, no final do mês de outubro, simultaneamente, também em Altamira (há 1000 km), Marabá (há 530 km), Capanema (há 166 km) e Santarém (há 800 km), pólos que ofertam o curso, e é uma das etapas presenciais. Benedito Gaia também assegura os benefícios do curso, o segundo a distância que faz. O primeiro foi uma pós-graduação em gestão e planejamento ambiental. "Aprendia muito ´na marra´, no dia-a-dia. A disciplina Sociologia me deu embasamento muito bom sobre a relação com os clientes e mesmo com os colegas de trabalho e a de Direito me deu segurança para fazer cobrança de impostos com fundamentação", explica. Ele diz que houve melhora na plataforma do curso, mas

se queixa da dificuldade em interagir mais com os outros colegas. Coordenador do curso de Administração, Erasmo Maia confirma que este é perfil da maioria dos alunos dos cursos a distância. O curso de Administração, assim como o de Licenciatura em Biologia, faz parte de uma rede nacional de universidades públicas, o que tem agilizado a produção dos materiais didáticos e garantido a qualidade. Na produção desses materiais, vêm trabalhando os melhores profissionais das instituições consorciadas, que são acompanhados por uma comissão editorial responsável pela coordenação da equipe. O curso de Matemática ainda utiliza os materiais didáticos do Consórcio das Universidades Públicas do Rio de Janeiro Cederj. Contudo, o corpo docente da UFPA já está produzindo conteúdos com apoio do programa de bolsas da UAB. O curso de Química também vai utilizar parte do material didático do Cederj e o curso de Letras Português, também com o apoio do programa de bolsas da UAB, é o único que está sendo totalmente escrito por professores da Faculdade de Letras da UFPA.

Selma Leite, da AEDI

Ainda este ano haverá mais um processo seletivo especial disponibilizando 600 vagas nos municípios de Bujarú, D. Elizeu, Parauapebas, Santana no Amapá e Goianésia do Pará. Finalmente, a UFPA terá concluído em 2007, uma expansão que salta dos 340 alunos que ingressaram na matemática em 2003, para 2.600 alunos em apenas 4 anos. Conheça mais sobre a AEDI: www.sead.ufpa.br


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REU N I

Consun aprova adesão da UFPA ao Reuni MARI CHIBA

Plano estabelece contratação de 513 docentes e investimentos em infra-estrutura no valor de R$ 77,2 milhões Walter Pinto

I

nstituído por meio do Decreto federal nº 6096/07, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) se propõe financiar planos de reestruturação e expansão das universidades federais durante os próximos cinco anos. Tem por objetivo ampliar o acesso aos cursos de graduação, reduzir o tempo de permanência neles, promover melhorias na estrutura física das instituições e prover recursos humanos para o cumprimento dessas metas. A adesão ao Reuni é voluntária, mediante aprovação do plano de reestruturação e expansão pelos conselhos superiores das universidades federais. Em algumas delas, a adesão transformou-se em processos bastante tumultuados, inclusive com invasões de reitorias por estudantes contrários à proposta. A adesão da Universidade Federal do Pará ocorreu no dia 19 de outubro, quando o Conselho Universitário aprovou o Plano de Reestruturação e Expansão 2008-2012. Antes de submeter a proposta ao Consun, a Reitoria realizou consulta eletrônica aberta a qualquer membro da comunidade universitária, com o objetivo de fornecer subsí-

Reunião do Conselho Universitário que deliberou pela adesão da universidade ao Reuni

dio à decisão da reitoria em submeter ou não o plano ao Consun. A maioria dos votantes manifestou-se favorável à adesão. O Plano de Reestruturação e Expansão da UFPA está estruturado em eixos, detalhados em metas, com especificação das estratégias para atingi-las. O cumprimento do Plano está estabelecido em etapas anuais e seu cumprimento pode determinar uma mudança significativa na instituição. Entre os principais eixos estão, ampliação da oferta de vagas; redução das taxas de evasão; ocupação das vagas ociosas; revisão da estrutura acadêmica e reorganização dos cursos de graduação; capacitação pedagógica; articulação da educação superior com a educação básica, profissional e tecnológica; política de inclusão, programas de assistência estudantil; política de extensão universitária; suporte da pós-graduação ao desenvolvimento

UFPA quer elevar número de bolsas para 2.500 A partir de 2008, quando o plano entra em funcionamento, até 2012, a UFPA se compromete em reduzir a taxa de evasão para 10% a 20%, empregando estratégias como ampliação da oferta de vagas, principalmente no interior; incentivo à adoção de novas metodologias de ensino por meio de seminários, oficinas e cursos; revisão de normas de procedimentos acadêmicos na perspectiva de tornar o percurso acadêmico mais ágil e flexível. Também se compromete em reduzir para 10% o número de vagas ociosas mediante o estabelecimento de novas normas e mecanismos de controle acadêmico processado em um novo sistema computacional que atenda às necessidades da atual estrutura. Outra medida será dar ampla divulgação dos programas de mobilidade acadêmica interna e externa, passando a incluir no calendário acadêmico

anual os seus cronogramas, buscando sensibilizar docentes, técnicos e gestores à importância da participação dos alunos nesses programas. A UFPA planeja revisar a estrutura acadêmica e reorganizar seus cursos de graduação por meio de um novo regulamento do ensino de graduação com base nos princípios da flexibilidade, da racionalidade e da indissociabilidade. Como medida de estímulo, lançará edital para financiamento de cursos que apresentarem propostas de ações coerentes com as novas estratégias propostas. Em relação aos programas de assistência estudantil, uma das metas do plano da UFPA pretende ampliar a oferta de bolsas para 2.500, acrescentando mais 1.615 às atuais. Pretende também ampliar em 50% o atendimento mensal no Serviço de Assistência Psicossocial para alunos da graduação e da pós-graduação.

qualitativo da graduação; contratação de pessoal docente para graduação e pósgraduação e de pessoal técnico administrativo; ampliação da infra-estrutura física. Até 2012, a UFPA pretende ampliar a oferta de vagas aos cursos de licenciatura em até 50% no interior do Estado. Pretende também consolidar os cursos em funcionamento. Para cumprir essas metas planeja contratar 341 novos docentes, elevando o número de professores do quadro permanente do interior dos atuais 68 para 419 docentes, de acordo com a distribuição seguinte: 35 para Abaetetuba; 38 para Altamira; 47 para Bragança; 41 para Breves; 51 para Cametá; 37 para Castanhal; 81 para Marabá; 11 para Soure. Para a capital, o aumento na oferta de vagas será de 5% mediante contratação de 83 docentes, assim distribuídos por novos cursos: 10 para Biotecnologia, 8 para

Licenciatura em ciências, 9 para Licenciatura em ciências e matemática, 10 para Museologia, 9 para Saúde coletiva, 8 para Teatro, 10 para Dança, 10 para Fisioterapia e 9 para Terapia Ocupacional. A contratação desses docentes será realizada por etapas, segundo o cronograma a seguir: ano de 2008: 94 para o interior; ano de 2009, 125 (interior) e 24 (Belém); ano de 2010: 113 (interior) e 33 (Belém); ano de 2011: 9 (interior) e 26 (Belém). Também serão contratados 89 docentes para a pós-graduação no período assinalado. A expansão das atividades na capital e no interior exigirá a contratação de 116 novos funcionários técnico-administrativos, dos quais 71 de nível superior (NS) e 45 de nível médio (NM), assim distribuídos: Abaetetuba, 6 NS e 5 NM; Altamira, 5 NS e 8 NM; Bragança: 1 NS e 5 NM; Breves, 3 NS e 7 NM; Cametá: 3 NS e 7 NM; Castanhal; 1 NS e 2 NM; Belém 52 NS e 11 NM. A UFPA planeja expandir sua infra-estrutura total (Belém e interior) em mais 27.207 m², por meio de obras orçadas, hoje, em R$ 44.698.526,00. O maior aporte de recursos vai para o campus de Belém, cujas obras foram orçadas em R$ 26.294.100. Os demais campi receberão os seguintes valores: R$ 5.673.526,00 para Altamira; R$ 2.629.000,00 para Castanhal; R$ 1.446.900,00 para Cametá; 1.193.500,00 para Abaetetuba, R$ 1.418.500,00 para Breves; R$ 1.149.500,00 para Soure e Marabá R$ 2.881.000,00. Os investimentos em infra-estrutura e em equipamentos para laboratórios somam R$ 32.503.924,00.

Andifes condena truculência das manifestações A Associação Nacional de Dirigentes de Instituições de Ensino Superior divulgou nota condenando manifestações realizadas por grupos contrários ao Reuni em algumas universidades. Para a entidade, a truculência das manifestações contrasta com a forma democrática que os dirigentes das Ifes estão conduzindo a questão nos conselhos superiores. Leia abaixo a nota da Andifes: “Os reitores e demais dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, reunidos em Brasília na 91ª reunião extraordinária do Conselho Pleno da Andifes, vêm manifestar de público, perante a nação brasileira, o seu mais veemente repúdio à ação violenta e antidemocrática das invasões de reitorias e impedimento de decisões legítimas e soberanas de Conselhos Universitários, patrocinadas por certos grupos de estudantes que, com péssimo exemplo, não honram as melhores tradições do movimento que pretendem representar. Os lamentáveis episódios ocorridos recentemente em diversas universidades por ocasião da deliberação sobre a apre-

ciação dos projetos das IFES a serem submetidos ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Públicas - Reuni caracterizam o conteúdo fascista e totalitário desse tipo de manifestação política, que não condiz com as liberdades democráticas, a normalidade institucional e o pleno Estado de Direito em vigência no Brasil. Ao contrário do que apregoam alguns, a truculência tem caracterizado tais manifestações, em contraste com a atitude democrática de dirigentes das IFES, que, sem exceção, têm submetido aos Conselhos Superiores as grandes decisões institucionais. A defesa da universidade pública, de sua autonomia, pluralismo e liberdade, verdadeiras cláusulas pétreas de uma academia, terá de ser garantida com firmeza e por todos os meios legítimos e legais à disposição, sob pena de desmoralização das instituições, deterioração do patrimônio público e falência das conquistas democráticas, tão arduamente construídas em nosso país.”


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DIREITO

Indígenas usam radiofonia para defesa de seus direitos Rádio é utilizado tanto para intermediar sua participação política, como para reafirmar suas práticas culturais Érika Morhy FOTO S: ARQ UIVO PESQ UISADO R

Instrumento conhecido por grupos indígenas especialmente como meio de comunicação entre os funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), a radiofonia também passou a ser usada por muitos desses povos para defesa de seus interesses e mesmo legitimação de seus costumes. Em sua dissertação de mestrado no curso de Direito da UFPA, Liandro Faro analisou o processo de apropriação dessa tecnologia pelos Suruí Aikewara, Gavião Pykopjê e Xikrin do Kateté, localizados no sudeste do Estado. Ele estudou como esse instrumento, criado pela sociedade envolvente, passou a ter importância entre os indígenas, mais intensamente a partir da década de 1990, tanto para intermediar sua participação política, como para reafirmar sua cultura e proteger o meio ambiente. "Meu objetivo era estudar a mobilização dessas populações indígenas nesta nova fase que chamamos de Estado Democrático de Direito, que é o pós-1988. O Estado Democrático estava legitimando algumas ações indígenas e eu queria justamente analisar essa capacidade de organização dos povos", explica Liandro. Ele lembra que, até o advento da Constituição de 1988, os direitos das populações indígenas estavam regulamentados apenas pelo Estatuto do Índio, arcaico para as demandas da época. Com a participação ativa dos povos, afirma o pesquisador, foi possível construir uma constituição que garantisse o reconhecimento da organização social indígena, dos seus costumes e da sua terra. "Até onde pude pesquisar, não existia nada escrito sobre o processo histórico da radiofonia e sua inserção nas terras indígenas. Então tive de fazer a pesquisa entrevistando as pessoas que trabalham na Funai há 30 anos - que é quando surge a fundação, em 1973 -, pessoas aposentadas e os próprios índios", argumenta Liandro. Os depoimentos convergem para a idéia de que foi de fato a fundação que disseminou o uso da fonia em áreas indígenas. O Serviço de Proteção ao Índio (SPI), anterior à Funai, utilizava o instrumento, mas em pequena escala. "A Funai criou os postos fixos nas aldeias e os chefes dos postos precisavam de um meio de comunicação direta com a sede. O rádio usado pelas equipes volantes de saúde era móvel, caro e dependia de manivela, óleo, bateria. Depois das décadas de 1980-90, estes rádios começaram a ser fixos nas aldeias, movidos a energia elétrica. São os mesmos usados pelos rádio-amadores", explica o pesquisador. Os índios não tinham acesso ao aparelho, que era ligado 24 horas para uso exclusivo dos funcionários da fundação. Servia para informar sobre epidemias, mortes graves e conflitos, por exemplo. "No final da década de 1980 e

Dissertação mostra que povos indígenas fortalecem mobilização com a radiofonia, anteriormente usada só por funcionários da Funai

início da década de 1990, a Funai começou a ficar sucateada e facilitou a apropriação pelos índios, que passaram a exigir o uso do aparelho para si, pedir o conserto e mesmo a compra (...) O Estado não teve mais como controlar", narra Liandro, "e hoje os Xikrin, por exemplo, possuem mais de seis estações da radiofonia".

Nova configuração Com a disseminação do uso da radiofonia entre os indígenas, houve um processo que Liandro Faro identifica ser o de reconfiguração. Os indígenas passaram a usar um instrumento criado por outra sociedade, mas sem alterar seu próprio sistema de organização, ao contrário, passaram a fortalecer seu sistema, facilitar o processo de mobilização em defesa de seus direitos, reafirmar sua etnicidade, proteger o meio ambiente e manter laços afetivos. "Falei com um índio Xikrin que passava muito mais tempo em Marabá do que na sua aldeia, por estar estudando. São 500 quilômetros de distância. A maneira de se manter em contato com os familiares é usando a radiofonia. Ele sabe como foi a festividade, sobre a saúde dos parentes e treina a língua da tri-

bo. Ele consegue se reconhecer naquela comunidade, mesmo não estando lá durante o ano inteiro", exemplifica o pesquisador. Os usos passaram a ser os mais diversos, tantas quantas são as razões para os indígenas se mobilizarem. Orientador de Liandro, José Heder Benatti afirma que "para algumas comunidades indígenas o que mais as mobiliza é a defesa do seu território. Outras, que já têm consolidada a sua terra, a preocupação é com a sustentabilidade da área e a educação". O professor destaca, porém, que mais importante que o instrumento em si é o que ele propicia. Neste caso, a radiofonia cumpre um papel significativo na defesa dos direitos dos indígenas. Liandro acrescenta que além de se articularem entre si, cada um na sua língua, com seus códigos e nas suas próprias freqüências de rádio, os indígenas também passaram a fazer contato direto com a própria Funai, Funasa e Polícia Federal. "Se não fosse o rádio, essa participação na sociedade envolvente e a articulação com ela também ia ser muito mais difícil. E eles sabem fazer esse processo com muita habilidade", define. A garantia dos direitos indígenas é também uma garantia de sobrevivência para esses povos, que atualmente são mais 215 no Brasil, somando cerca de 358 mil pessoas e 180 línguas diferentes, segundo a Funai. Mais da metade da população indígena está localizada nas regiões Norte e Centro-Oeste, principalmente na Amazônia Legal.

Programa de Pós-graduação em Direitos Humanos A pesquisa de Liandro Faro retrata parte dos eixos de ação adotados pelo programa de pós-graduação em Direitos Humanos, do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA, que, na mais recente avaliação da Capes, subiu do conceito 4 para 5. As atividades de ensino, pesquisa e extensão do programa abordam os direitos humanos do ponto de vista dos grupos sociais e economicamente vulneráveis, incluindo as populações tradicionais da Amazônia. A proposta é oferecer conhecimento empírico necessário à proposição de promoção de seus direitos e a realizar pesquisas que busquem alternativas capazes de reverter cenários pouco favoráveis. O programa foi criado em 1983, mas a área de concentração em Direitos Humanos foi definida a partir de 2003, com a aprovação do doutorado. Até então, o programa oferecia mestrado com a perspectiva em Direito Público. O programa também elegeu como eixos a interdisciplinariedade, a proteção dos direitos humanos e do meio ambiente e a articulação com a prática de proteção dos direitos humanos. Uma iniciativa inédita do programa para o país foi a instituição de seleção diferenciada para indígenas, a partir de 2007. O ingresso dos alunos se dá mediante um edital específico, para se inserirem no processo de nivelamento. Depois dessa etapa, passam por nova avaliação, para ingresso no sistema.


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J O RN A D A

Capítulo inserido na proposta de regulamentação do ensino Walter Pinto ARQ UIVO INCUBADO RA

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o período de 5 a 7 de dezembro, a Pró-reitoria de Extensão promove, no Campus do Guamá, em Belém, a 10ª Jornada de Extensão na UFPA, cujo tema central, "Extensão universitária e políticas públicas", expressa a preocupação nacional da área em intervir qualitativamente nas políticas sociais governamentais. Nos últimos anos, principalmente a partir do ano 2000, a extensão praticada nas universidades federais vem mudando radicalmente de perfil. Projetos de cunho meramente assistencialistas se tornaram minoria. O que se pratica, hoje, é uma extensão que estimula a autonomia das comunidades. Parte indissociável da tríade ensino-pesquisa-extensão, cada vez mais, a extensão universitária se consolida como a porta da academia aberta ao mundo, através da qual articula o diálogo do ensino e da pesquisa com a sociedade. Por meio dessa ação, a extensão colabora para a formação de cidadãos críticos à medida que possibilita o contato mais intenso dos estudantes com a realidade e traz para o interior da instituição saberes populares que já não podem continuar ignorados pelos projetos pedagógicos dos cursos de graduação. Esta nova postura vai ao encontro das determinações do Plano Nacional de Educação, aprovado em 2001, no qual a extensão é uma das dimensões da formação acadêmica. As universidades, por exigência legal, devem prever um percentual de trabalho extensionista na grade curricular da graduação, de tal forma que todos os estudantes passem pela extensão. Para a pró-reitora de Extensão da UFPA, Ney Cristina Monteiro de Oliveira, as novas determinações proporcionam uma dimensão diferente à extensão universitária, cuja presença era, até então, muito tímida no perfil de formação profissional. Em meio ao debate nacional por uma extensão de qualidade, a Universidade Federal do Pará avançou bastante em relação às demais universidades, principalmente na região Norte. A instituição de um programa próprio de bolsas de extensão e a aprovação de resoluções que normatizam as atividades extensionistas são conquistas que fazem da extensão da UFPA um modelo na região. O Programa Institucional de Bolsas de Extensão (Pibex), mantido com recursos próprios da instituição, sinaliza a caminhada ascendente que a oferta de bolsa vem trilhando nos últimos anos na UFPA. Quando a professora Re-

Em Cametá, monitora da Incubadora ministra curso de higiene e manipulação para coorperados: trabalho alia ensino, extensão e pesquisa

gina Feio assumiu a Pró-reitoria de Extensão, havia apenas 40 bolsas. Quando saiu para assumir a vice-reitoria, o número havia passado para 150. Nos últimos dois anos, esse número subiu para 250. Ainda é pouco para uma instituição que se destaca pelo maior número de estudantes entre as universidades federais brasileiras. Por isso, trabalha para que o CNPq crie um edital específico para a extensão. A idéia foi bem recebida pelo conselho e pelos cientistas presentes à última Reunião Anual da SBPC. Mas para se tornar realidade, é preciso que os custos constem da matriz orçamentária do Ministério de Ciência e Tecnologia. A questão está sendo discutida pelo Fórum Nacional de Pró-reitores de Extensão, em Brasília. Ney Cristina Monteiro explica que a amplitude nacional dessa medida é importante porque nem todas as universidades federais atuam de forma uniforme: "A UFPA implantou um programa próprio de bolsas, apóia programas e eventos de extensão e estimula a relação com a comunidade externa. Mas essa não é a realidade das demais universidades da região Norte. A maioria ainda carece de recursos orçamentários, de programas de bolsa e de apoio aos projetos. Apesar das nossas dificuldades, muitas universidades têm a UFPA como mo-

delo e querem chegar perto do que já conquistamos". Além do aumento no número de bolsas, a Proex conseguiu também estendê-las aos campi do interior. "Temos, hoje, projetos de extensão em todos os campi. Quando a gente abre um edital, o campus de Santarém, por exemplo, concorre em pé de igualdade com o campus de Belém. Em geral, são projetos bem elaborados", afirma a pró-reitora. A inclusão dos campi do interior na extensão é uma preocupação permanente da Reitoria. Um exemplo disso pode ser medido por meio do Programa Nacional Conexão dos Saberes, do Ministério da Educação, que concedeu à UFPA 30 bolsas. Para que todos os campi possam participar do programa, a reitoria tomou a decisão de custear outras 21 bolsas com recursos próprios. As 51 bolsas estão espalhadas por todos os campi de Belém, Abaetetuba, Cametá, Castanhal, Breves, Soure e Bragança. A UFPA também avançou na obtenção de bolsas oferecidas por editais de programas patrocinados pelos ministérios da Educação, da Cultura, da Ciência e Tecnologia, das Cidades, do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social, entre outros. "Recentemente saíram dois editais do Ministério da Justiça e da Secretaria Especial de Educação em

WALTER PINTO

Ney Cristina Monteiro de Oliveira, pró-reitora

Direitos Humanos. A UFPA está concorrendo em nível nacional com chances de trazê-los para cá. Graças à dedicação dos nossos professores, técnicos e alunos, estamos conseguindo inserir a UFPA nos grandes programas federais de fomento à extensão", informa Ney Cristina. Atualmente a UFPA participa de 14 programas federais, responsáveis pelo custeio de 80 bolsas de extensão. Em âmbito interno, estão cadastrados na pró-reitoria 219 projetos, número quase três vezes superior aos 74 projetos registrados em 2005. Sabe-se, porém, que esse número é bem maior, pois há muitos outros projetos ainda não cadastrados.


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torna a extensão obrigatória para todos os estudantes WALTER PINTO

Projetos devem estimular autonomia das comunidades Os programas de perfil meramente assistencialista ainda existem na UFPA, mas eles são poucos. Atualmente, a Pró-reitoria de Extensão estimula o desenvolvimento de projetos, de qualquer área do conhecimento, que provoquem a autonomia das comunidades nas quais estão inseridos. A intenção da Proex é fazer com que a comunidade não se torne dependente da universidade ou de qualquer ação que o projeto de extensão desenvolva. O que se pretende é o estabelecimento de uma relação de alteridade, de tal forma que haja o empoderamento da comunidade apropriando-se do conhecimento e saiba continuar sua caminhada na história. "A melhor extensão será sempre aquela que nos possibilite intervir nas políticas públicas. Essa extensão é a que chega, impacta, modifica e provoca política pública. Ou seja, quando o projeto chega ao fim, sempre fica alguma coisa enraizada nas pessoas da comunidade", explica a pró-reitora. O maior desafio da extensão, porém, é projetar a mudança conceitual operada na comunidade para dentro da universidade. Segundo a pró-reitora, um exemplo dessa dificuldade ocorre com um dos mais bem sucedidos programas de extensão da UFPA, o Programa de Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Empreendimentos Solidários. Apesar dos avanços conquistados, a inserção da economia solidária, que está na sua base do programa, pode ser considerada ainda muito frágil no curso de economia, estando limitada a uma única disciplina de 60 horas. Por outro lado, o curso de serviço social faz da incubadora um campo de estágio para alunos na área de serviço social do trabalho. Nas cooperativas, eles desenvolvem atividades teóricas e práticas que redundam em trabalhos de conclusão da graduação. Atualmente, a disciplina tem mais de 12 estagiários curriculares atuando na incubadora. O estágio em serviço social é realizado durante quatro semestres, sendo que o último é dedicado ao trabalho de conclusão de curso. Serviço social do trabalho é um dos campos de estágio mais novos do curso. A grande mudança estrutural será, de fato, incluir a extensão como parte da formação dos alunos como consta da proposta de regulamentação do ensino de graduação. O capítulo sobre a extensão foi amplamente debatido nas reuniões promovidos para discutir o regulamento da graduação e em fóruns de extens reescrito várias vezes até que se chegou ao texto final encaminhado ao Consep.

Incubadora: modelo de extensão universitária A incubadora presta apoio técnico na área de gestão e trabalho associativo para pequenos empreendimentos, por meio da transferência de tecnologia social nas várias áreas do conhecimento. Isso implica no assessoramento durante todo processo de formação e no acompanhamento, até a autogestão ou, como preferem os integrantes do programa, a desincubação do empreendimento. Liderada pelo professor Armando Lírio, atualmente licenciado para o doutorado, a incubadora começou, em 2001, como um projeto do Centro Sócio-Econômico e atingiu o patamar de programa de extensão em 2004. Atualmente envolve vários cursos, inclusive de outros institutos, em função da natureza do trabalho cooperativista exigir equipe interprofissional. Estudantes e professores de serviço social trabalham na organização social e acompanhamento dos cooperados. Os de economia atuam no estudo da viabilidade econômica das cadeias produtivas até a comercialização dos produtos. Os de administração prestam assessoria na gestão cooperativista. Os de engenharia de alimentos e nutrição atuam na qualidade dos produtos. A área jurídica é fundamental para formalização dos empreendimentos. A contabilidade se encarrega da organização contábil. Para Vera Lúcia Batista Gomes, atual coordenadora do programa, as cooperativas apoiadas pela incubadora possuem certa diversidade relacionada

Equipe da Incubadora de Empreendimentos Solidários do Centro Sócio-Econômico da UFPA

a própria realidade do Estado do Pará e, mais especificamente, da região metropolitana de Belém, onde há uma preponderância de cooperativas nas áreas de serviço (limpeza e higienização), confecção de roupas, produção de bijuterias e movelaria. Nos municípios do interior, o ramo de atividade se difere pelas características próprias das cadeias produtivas, com preponderância da fruticultura, especialmente do açaí. Segundo a coordenadora, o programa está em fase de transição, com a conclusão de alguns projetos e início de outros. "Estamos concluindo trabalhos junto a ADA, à Finep e ao Banco do Brasil e começando outros em parceria com o Governo do Estado, que está implantando um projeto de incubação de empreendimentos solidários, de di-

mensão e alcance social muito grande na perspectiva da geração de trabalho e renda. Teremos oportunidade de alocar estagiários de vários cursos", explica Vera Lúcia. Programas de extensão como a incubadora de empreendimentos solidários permitem aos alunos da graduação e da pós-graduação aplicar os conhecimentos teórico-metodológicos que recebem nos cursos. Trata-se de um exercício de prática que articula ação e teoria. Na avaliação de Vera Lúcia, os alunos que passam pelo programa se constituem num diferencial em relação aos demais que não tiveram a mesma oportunidade. "Eles têm essa possibilidade do exercício teórico e prático e passam a conhecer melhor a realidade em que estão inseridos"

10ª Jornada traz como novidade Prêmio Jovem Extensionista A 10ª Jornada de Extensão da UFPA, promovida pela Pró-Reitoria de Extensão, terá como tema central "Extensão universitária e políticas públicas". Programada para o período de 5 a 7 de dezembro, será precedida, no dia 4, pelo I Encontro de Bolsistas de Extensão. As conferências, mesa-redonda, exposições e programação cultural serão realizadas no auditório, no Vadião e hall da reitoria. Neste ano de comemoração do Cinqüentenário da UFPA, a Proex apresenta uma programação diversificada com destaque para o I Encontro dos Bolsistas de Exten-

são, que reunirá os alunos que participam de projetos de extensão. Outro destaque vai para o Prêmio Jovem Extensionista, que vai laurear os trabalhos dos bolsistas que "assumem a dimensão da extensão em sua vivência acadêmica, inovando e produzindo conhecimentos e efetivando, na prática, ações socioeducacionais desafiadoras que reverberam na relação da universidade com a sociedade paraense", segundo informa a programação. No período de 5 a 7 de dezembro será desenvolvida a programação acadêmica da jornada, por meio de apresentações de trabalhos nas formas

de comunicação oral e pôster. A conferência de abertura "Pensar a extensão é pensar a universidade pública" será proferida pela professora Iguatemi Lucena, representante do Ministério da Educação, enquanto a de encerramento "A extensão na UFPA em seus 50 anos", será proferida pelo reitor Alex Fiuza de Mello, ex-pró-reitor de Extensão na gestão do reitor Nilson Pinto de Oliveira. Haverá ainda uma mesa-redonda sobre o tema "Extensão universitária e políticas públicas". Leia a programação completa no site da Proex, no portal da UFPA (www.ufpa.br).


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GUIA DO ESTUDANTE

Guia do Estudante 2007 premia cursos da UFPA Qualidade do ensino de Geologia e Pedagogia foi destaque na última edição Leylla Mello MARI CHIBA

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Guia do Estudante 2007, da Editora Abril, premiou os cursos universitários de todo o Brasil que alcançaram destaque quanto à qualidade do ensino, ao desempenho em pesquisa científica, entre outros itens de avaliação. A Universidade Federal do Pará (UFPA) recebeu dois troféus durante a premiação do Guia do Estudante 2007, ocorrida em São Paulo no último mês de outubro. Foi a vencedora na categoria "Área do Conhecimento: Ciências da Natureza", concorrendo com USP e UFRJ. Na categoria "Pesquisa científica: Escolas públicas da Região Norte" foi a vencedora em função do trabalho desenvolvido nas áreas de ensino e pesquisa voltados para o meio ambiente. Entre os cursos da instituição contemplados com o conceito excelente (5 estrelas) estão Geologia e Pedagogia. O curso de Geologia da UFPA, que em 2007 completa 40 anos, tem procurado valorizar as atividades de campo como forma de capacitação discente e procura vincular o ensino ao contexto econômico-social da Região Amazônica. "Nosso Estado tem vocação mineira e a grande maioria dos profissionais egressos dos bancos da Faculdade de Geologia da UFPA está a frente dos trabalhos profissionais do geólogo amazônico. Nada mais importante do que um curso formador de profissionais sintonizados com o progresso da região onde estão inseridos", destaca o vice-coordenador do

Atividades práticas estão entre os pontos fortes do Curso de Geologia da UFPA, um dos melhores do país, segundo o Guia do Estudante

curso, professor Fernando Pina. Segundo Pina, o curso tem como um de seus pontos fortes a excelente base de informação que subsidia suas atividades cotidianas e formativas por meio da Divisão de Documentação do Instituto de Geociências da UFPA. Também ressalta o esforço didático-pedagógico do corpo docente do curso, 90% dele composto por professores-doutores,

pesquisadores nos mais diversos campos do conhecimento geológico. Além disso, cita a realização sistemática e ininterrupta das atividades práticas de campo, entre elas o mapeamento geológico, um dos itens didático-pedagógicos fundamentais no binômio ensino-aprendizagem e que tornam o curso diferenciado dos demais. O curso de Pedagogia também ganhou destaque no Guia do Estudan-

te 2007. Fundado em 1954, o curso tem como principal objetivo a formação prático-teórica por meio de trabalhos interdisciplinares e pesquisas em vivências que estejam relacionadas à realidade social. Atua na formação de um profissional competente para trabalhar em diferentes níveis de ensino. Veja cursos premiados no site: www.ufpa.br/beiradorio

UFPA reafirma crescimento de sua pós-graduação Érika Morhy

O

resultado da mais recente avalia ção trienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), divulgada em outubro, sinaliza que a pós-graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA) está em franco processo de expansão e consolidação. A despeito de tantos desafios, sete programas subiram de conceito, criando boas expectativas para formação de recursos humanos qualificados para produção de conhecimentos e desenvolvimento da região. Outros quatro programas preparam recursos para contestar os resultados junto à coordenação e a universidade aguarda, em dezembro, o julgamento que poderá elevar os conceitos deles. Direito e Genética e Biologia Molecular, ambos com cursos de mestrado e doutorado, foram os dois programas que subiram do conceito 4 para 5. Os doutorados em Doenças Tropicais, Biologia Ambiental e Ciências Sociais (Antropologia e Sociologia) alcançaram conceito 4, assim como os mestrados em Educação em Ciências e Matemáticas e Ciência Animal. Para o

pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFPA, Roberto Dall'Agnol, os resultados são muito representativos e importantes, tendo em vista que a universidade "ainda é a grande formadora de recursos humanos na região amazônica; tem papel decisivo no processo de expansão". A Administração Superior, garante ele, tem se empenhado para induzir a criação e o fortalecimento dos programas. Mostra desse compromisso são os seminários promovidos pela Pró-reitoria anualmente para orientar os coordenadores dos programas, professores, técnicos e alunos e ouvir deles o que diz respeito às duas demandas específicas. Além da política de aproximação com os programas, a instituição também adotou como prioridade a oferta de vagas nos concursos para pós-graduação. Em 2006, cita Dall'Agnol, foram abertas 17 vagas e, em 2007, 32. “O novo quadro é precioso e decisivo para a qualidade dos programas”, defende. Doenças Tropicais e Ciência Animal, por exemplo, foram contemplados com vagas. O investimento em infra-estrutura é um dos pontos que tem exigido criatividade da instituição. "Os recursos precisam ser

buscados fora, como no CT-Infra. O problema é que a prioridade é dada aos programas já estabilizados. Então a UFPA tenta compensar associando aqueles já consolidados com os mais novos, para poder justificar e garantir o financiamento", explica Dall'Agnol. Assim já foi feito na área de Ciências Exatas e Naturais, que conta com o programa de Geologia e Geoquímica, que têm conceito 6, e os programas de Física e Química, com 3 e 4 respectivamente. Doutorado - Atualmente, a universidade conta com 39 programas de pós-graduação, sendo 16 em nível de doutorado. Quatro deles aprovados só em 2006. Para Dall´Agnol, esse nível de formação deve ter atenção especial da Administração Superior porque é ele que promove saltos qualitativos nas pesquisas e forma pessoal qualificado para comporem o corpo docente das instituições. Fomentar os cursos de doutorado também exige menos investimentos do que a criação de mestrados, porque já conta uma base de infra-estrutura. Assim como o programa de Ciência Animal, com a subida de conceito, de 3 para 4, o programa de Educação em Ciências e Matemática, criado em 2002, já poderá se

candidatar ao doutorado. "É um anseio muito grande, não só no Pará, mas na região amazônica como um todo. Tanto é que os nove estados já estão organizados e elaborando uma proposta de doutorado em rede, sob nossa coordenação, a ser proposta à Capes no próximo ano, com objetivo de formar cerca de 100 doutores", adianta Terezinha Valin Oliver Gonçalves, diretora geral do Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico (NPADC) da UFPA, que é responsável pelo programa. A pós-graduação também tem sido estimulada nos campi do interior, com o foco sobre as vocações regionais. Um bom exemplo é o programa de Biologia Ambiental, em Bragança, que subiu do conceito 3 para 4 e já implantou seu doutorado, o primeiro no interior da Amazônia. O programa centraliza suas atividades no estudo dos ecossistemas costeiros amazônicos e teve início no ano 2000, fruto do amadurecimento de pesquisas que se iniciaram em 1995, com o projeto Manejo e Dinâmica de Manguezais (Madam).


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Paixão de Ler

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Livraria do Campus: Rua Augusto Corrêa, nº1, Campus Universitário do Guamá Telefax (91) 3201-7965 - Fone (91) 3201-7911. Livraria da Praça: Instituto de Ciências da Arte da UFPA - Praça da República s/n - Fone (91) 3241-8369

Publicação enfoca a educação profissional no Pará "O livro visto por fora, não mostra nada; por dentro está cheio de mistérios". (Pe. António Vieira - Sermão de N. Sª de Penha de França)

A obra "A Educação Profissional no Pará", organizada pelo grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação da UFPA, coordenado pelo professor Ronaldo Marcos de Lima Araújo, vem suprir uma grande lacuna no conhecimento sobre a formação profissional dos trabalhadores. Há algumas obras no Brasil, mas raras são as focadas no Norte. As diferenças regionais determinam tratamento especial, de acordo com a realidade espaço-temporal. Os trabalhadores tornam-se mais vulneráveis à exploração capitalista, pois há uma rede de complexas relações. As saídas coletivas são desencorajadas. A necessidade de adaptação individual se impõe. Há novos processos de trabalho e de gestão. Ao longo do texto, verifica-se uma série de especificidades do desenvolvimento da educação profissional na Região Norte do Brasil, mas as políticas emanadas pelos gestores públicos, nos últimos anos, desconhecem as diferenças por meio de propostas pretensiosamente universais. São cinco os capítulos: - o 1º capítulo trata das mudanças na esfera da produção e faz algumas referências sobre o velho e o novo em Educação profissional em 3 subitens: A Construção da Institucionalidade da Educação Profissional Brasileira; A Idéia de uma nova institucionalidade da educação profissional; Características da nova realidade do mundo do trabalho e da educação profissional. O 2º capítulo aborda a Conformação Histórica da Educação Profissional Paraense iniciando-se pela Contextualização histórica da Educação profissional no Brasil e no Pará; A educação profissional pública e o protagonismo da escola de Aprendizes Artífices do Pará, do Instituto Lauro Sodré e do Sistema "S"; O sistema "S" no Pará; Organizações da sociedade civil e a educação profissional livre: o caso do sistema Salesiano de Formação Profissional no Pará e, finalmente, A formação Profissional no Pará na Atualidade: uma nova institucionalidade. Políticas Recentes de Educação Profissional é o título do 3º capítulo, que enfoca: A reforma da educação profissional promovida no governo FHC e a referência adotada para uma nova institucionalidade; Os limites da nova institucionalidade pautada na noção de competências. A Educação Profissional no Pará é o foco do 4º capítulo, que, a partir de acurada pesquisa, identifica na privatização seu principal sentido, com uma constante transferência de recursos públicos para a realização de programa em instituições privadas, em detrimento das públicas. São 6 os subitens: Os programas da Educação profissional e seus financiamentos; A Educação Profissional de Nível Médio e Técnico em Belém; A Educação Profissional Livre em Belém; A Formação profissional do Sistema "S" no Contexto Paraense; A Educação profissional, o movimento sindical e a CUT-PA; A renovação do velho. Velhos e Novos Problemas e Desafios é a temática do 5° capítulo apresentando O fundamento do sociometabolismo capitalista; Trabalho e Qualificação: da criação dos trabalhadores livres à produção crescente de um exército de lázaros; Novos e Velhos desafios para a educação profissional na ordem regressivo-destrutiva do capital. E, para completar o deleite do leitor, as considerações finais levam-no à reflexão: a nova institucionalidade da educação profissional do Pará e os desafios para o curso de pedagogia. Asseguram os autores: "defende-se uma pedagogia que priorize, nas suas práticas, o desenvolvimento integral do homem, que considere as contradições sociais e que fundamente as suas ações na dialética entre a

necessidade e a liberdade do trabalhador". Segundo denominou Machado (2000), Pedagogia do Trabalho é um campo do conhecimento teórico e prático que estuda a concretização do processo de desenvolvimento das características do gênero humano nos indivíduos. Realiza-se pela ação educacional dirigida ao desenvolvimento das potencialidades humanas visando o desempenho ativo e consciente, ou seja, não alienado, em sociedade. Os autores são professores de instituições de ensino superior não só do Pará, todos com reconhecida competência na área de Educação: Ronaldo Marcos de Lima Araújo; Elinilze Guedes Teodoro; Justino de Souza Júnior; Gilmar Pereira da Silva; Aldenora Martins de Lima; Rute Costa Galvão; Verônica de Lima Carneiro; Sabrina Conde Koury; Viviane Guimarães da Silva; Ana Paula Cunha Ramos; Deusa Martins Lobato e José do Egypto Soares Filho. O livro tem o selo da Edufpa e está disponível em suas duas livrarias, do Campus Básico e da Praça da República.

LANÇAMENTO S RECENTES DA EDUFPA História de um pesacador - Cenas da vida do Amazonas Inglês de Sousa Avaliar para aprender - Vivências de um professor reflexivo Eugênio Pacelli Bittencourt O surf na pororoca - Sustentabilidade e turismo em São Domingos do Capim-PA José Lúcio Bentes do Nascimento PRÓ XIMO S LANÇAMENTO S Reciclagem e sociedade - Uma abordagem social da análise do ciclo de vida das latas de alumínio Arimar Leal Vieira Local: Livraria Newstime - Shopping Iguatemi - 29/ 11, 18h

Respeito e igualdade na pauta do Movimento Orquídeas O Movimento Universitário Orquídeas foi lançado oficialmento no dia 13 de julho de 2007, durante a 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Belém, e as comemorações dos 50 anos da UFPA. A criação do grupo foi iniciativa de um pequeno número de pessoas ligadas à universidade. Em poucos meses de existência passou a contar com 140 membros. São

pessoas que se identificam com a luta pelos direitos à igualdade e dignidade da comunidade GLTTB. O grupo pretende implantar um núcleo de estudos e pesquisas contra a homofobia na UFPA. A idéia é promover o debate da diversidade sexual sob uma perspectiva científica. Nos útimos dias 8 e 9 de novembro, o movimento realizou o Seminário "Universidade e Diversidade Sexual: as perspectivas aca-

dêmicas para a construção de uma nova sociedade", como um dos eventos preparatórios para a realização do 6º Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual, que ocorrerá em Belém, em 2008, e terá como sede a UFPA. O evento é anual e reunirá milhares de alunos universitários de todo o país. "É preciso dispor de um espaço para discutir sexo e sexualidade para que possamos entender

as nossas identidades de gênero e sexuais. Um espaço para desconstruirmos tabus e preconceitos. E este espaço privilegiado é a nossa academia. Temos atualmente o apoio da Administração Superior da UFPA apoiando eventos nesse sentido", afirma Cléo Ferreira, membro do Grupo GLTTB Orquídeas da UFPA. Para entrar em contato com o grupo: orquideasufpa@ yahoogrupos.com.br.


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MULTICAMPI

Desenvolvimento Regional na pauta de Abaetetuba Equipe da Administração Superior participa de reuniões com a comunidade acadêmica Cristina Trindade ÍRIS JATENE

campus de Abaetetuba entrou na agenda das come morações dos 50 anos da UFPA e dos 20 anos de interiorização no final do mês de outubro. A exemplo de outros campi, a programação incluiu reuniões com a comunidade acadêmica e da região de atuação do campus, além de homenagens aos que ajudaram a construir o ensino superior na região do Baixo Tocantins. Durante os encontros foram anunciados os novos investimentos que o campus terá nos próximos cinco anos dentro do programa de reestruturação do MEC. O campus de Abaetetuba terá um curso novo, o de Engenharia Industrial. "Vamos firmar parceria com a Albrás para que a instalação do curso seja em Barcarena, porém vinculado ao campus de Abaetetuba", informou o reitor Alex Fiúza de Mello. Ele explicou que os investimentos nessa área tecnológica são estratégicos e irão consolidar Abaetetuba como pólo de educação tecnológica na região, já que a prefeitura do município também se empenha pela implantação de um centro federal tecnológico no município. A construção de um laboratório de linguagem e de um centro de treinamento e formação na área de informática, com investimentos no valor de R$ 616 mil, também estão previstos. "Teremos também a consolidação do curso de Le-

Novos investimentos para expansão das atividades foram anunciados em Abaetetuba

tras, viabilizada pela contratação de mais dez professores e com a oferta de uma habilitação em Língua Espanhola", informou o pró-reitor de graduação Licurgo Brito. Para Licurgo, a necessidade de professores de língua estrangeira para atuar na educação básica justifica a criação da nova habilitação. O pró-reitor informou ainda que outros cursos serão beneficiados com a ampliação do quadro docente. Matemática terá abertura de sete vagas para professores e Pedagogia seis. A expansão do campus também será estendida ao corpo administrativo. Nos próximos cinco anos, haverá concurso público para técnicos com vagas para conta-

dor, analista e administrador. Durante a visita ao campus a equipe da administração superior visitou os espaços administrativos e acadêmicos que já estão sendo reestruturados, com destaque para o laboratório de informática. As melhorias são comemoradas pelos alunos. "O laboratório de informática trará mais recursos e a ampliação dos meios de pesquisa porque irá compensar a escassez de livros. Além disso, a internet é mais um espaço para divulgarmos a produção do curso", afirma Odileia Rodrigues, natural de Campomapema, ilha próxima a Abaetetuba. A estudante é um dos 50 alunos do Curso "Pedagogia das Águas" - turma especial do

Pronera, assim chamada por agregar 50 alunos moradores da região das ilhas de Abaetetuba. Há nove meses a frente da coordenação do campus, a professora Francisca Carvalho considera positiva a visita da Administração Superior ao município. "Os benefícios foram para todos os integrantes da comunidade acadêmica e da sociedade da região porque tiveram a oportunidade não só de comemorar os 50 anos da UFPA e os 20 anos de interiorização, mas de refletir sobre o futuro dessa universidade na região do Baixo Tocantins", avaliou. A coordenadora lembra que o campus ainda enfrenta o desafio de lidar com um orçamento restrito para atender suas demandas. A comunidade acadêmica se ressente da falta de espaço físico para as faculdades, centros acadêmicos e laboratórios, além de financiamento para a pesquisa e a extensão. Assim mesmo, para a coordenadora, é uma experiência rica fazer parte de uma universidade pública no interior da Região Norte, especialmente no Pará. "Temos dificuldades, mas também muitas oportunidades de aprender e contribuir com o desenvolvimento do campus e da região", observa. A aprovação do Regimento Interno do campus, reestruturando recursos humanos e infra-estrutura, e o funcionamento do novo laboratório são consideradas por Franscica importantes metas concretizadas nos últimos meses com apoio da Administração Superior.

Campus de Soure reflete sobre vocação acadêmica O futuro do campus de Soure esteve em pauta durante as comemorações dos 50 anos da UFPA e dos 20 anos de instalação do ensino superior na ilha do Marajó. Criado há 20 anos, o campus atende a população dos municípios de Soure e Salvaterra e outras localidades marajoaras próximas. Como também está incluído no Projeto de Reestruturação do MEC, a comunidade acadêmica teve a oportunidade de debater as condições didático-pedagógicas e de infra-estrutura para o desenvolvimento das atuais atividades de ensino, pesquisa e extensão e para a criação de novos cursos voltados às demandas locais. "Além de resgatar as condições adequadas de trabalho, deve-se pensar que áreas devem ser priorizadas na oferta de novos cursos", observou o reitor Alex Fiúza de Mello na abertura do encontro, no auditório do campus. O reitor frisou que cabe à comunidade repensar os cursos oferecidos e avaliar a possibilidade de oferta de outros que melhor atendam

as demandas regionais e tornem Soure uma referência estadual em alguma área do conhecimento. "Talvez a oferta de cursos intervalares seja mais proveitosa para atrair jovens de outras regiões do estado levando em conta o potencial turístico da cidade", sugeriu. As atividades acadêmicas no campus de Soure envolvem a oferta do curso de Letras (com habilitações em português, inglês, francês e alemão), Matemática, Pedagogia, Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Educação Artística (com habilitação em Música), Geografia, História e Turismo. Durante encontro com a equipe, problemas como a falta de professores e a falta de acervo bibliográfico para as habilitações em língua estrangeira foram relatados. A diretora do Sistema de Bibliotecas da UFPA, Silvia Moreira, sugeriu que o campus buscasse parcerias com unidades da instituição que mantêm convênios com órgãos estrangeiros para obter doações de acervo específico.

Praias fortalecem a vocação turística de Marajó, região que abriga o campus de Soure

A proposta de reestruturação das atividades do campus de Soure será estudada, a partir de 2008, por uma comissão que deverá, entre outras questões, resolver o antigo problema relacionado à fixação de docentes. "O desafio desse grupo será redesenhar a vocação acadêmica do campus, garantindo a fixação do corpo docente", afirmou a vice-reitora Regina Feio. O Reuni prevê investimentos para o campus, como a construção de um laboratório de linguagem, um centro de treinamento e acesso à informação,

e a expansão do prédio administrativo, além da abertura de concurso para o quadro docente e técnico-administrativo. Paralelo às discussões de reestruturação, o campus de Soure consolida seu alcance social junto à comunidade."Nosso último fórum interdisciplinar voltado para alunos do ensino médio teve boa participação, assim como os cursos livres para as práticas de música e inglês, além de um curso de libras que oferecemos para a comunidade" avalia a coordenadora do campus, Luizete Carliez. Veja mais fotos no site www.ufpa.br/beiradorio.


BEIRA DO RIO

Universidade Federal do Pará

Novembro, 2007

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BIBLIOTECA

Biblioteca Central: 45 anos dedicados à informação Comemorações, no mês de dezembro, envolvem solenidade, lançamentos de livros e inaugurações Tatiana Ferreira ARQ UIVO UFPA

Modernidade e eficiência. Essas são duas palavras que definem precisamente a trajetória da Biblioteca Central da UFPA, que atualmente é referência regional e nacional na área de bibliotecas universitárias. No próximo dia 19 de dezembro, a biblioteca completa 45 anos de existência e a UFPA tem muito a comemorar. Durante todo o mês será realizada programação especial, que inclui a solenidade comemorativa, o lançamento de publicações especiais e a inauguração da acessibilidade ao prédio da biblioteca para portadores de necessidades especiais. Acompanhar a evolução tecnológica que modificou completamente o funcionamento de grandes bibliotecas em todo o mundo foi o maior desafio enfrentado pela Biblioteca Central nos últimos anos. "Em tempos passados, eram oferecidos serviços tradicionais, como a consulta local ao acervo por meio do catálogo de fichas em papel. Hoje, o acervo e nossos serviços evoluíram para os meios eletrônico, digital e virtual, e conseqüentemente o catálogo do acervo das bibliotecas da UFPA está disponibilizado na rede mundial" observa Silvia Moreira, diretora do Sistema de Bibliotecas da UFPA. Para alcançar o patamar em que se encontra, a Biblioteca Central contou com a dedicação de gerações de dirigentes e servidores. Sua criação foi concebida na gestão do ex-reitor José Rodrigues da Silveira Netto (19601969). Durante dez anos, ela funcionou em diversos endereços provisórios: até 1969, ficou instalada na Av. Governador José Malcher e, posteriormente, ocupou um prédio estilo germânico na Rua José Bonifácio. Já o prédio definitivo, no Campus Universitário, foi inaugurado na gestão de Aloysio Chaves (foto), em 1972. Em 1975, por meio do Decreto nº 75.377, de 14 de fevereiro, a Biblioteca recebeu o nome oficial de Biblioteca Central - BC. Em 1976, houve a ampliação do prédio passando a ocupar uma área de 6.117 m². Silvia Moreira lembra a importância dos diretores que lhe precederam, ressaltando que cada um "cumpriu papel importante com ações que contribuíram para o avanço da biblioteca". Atualmente, A Biblioteca Central é coordenadora do Sistema de Bibliotecas da UFPA (SIBI/UFPA), composto por 33 bibliotecas que atendem aos institutos, núcleos, unidades acadêmicas especiais (hospitais e Escola de Aplicação) e aos campi do interior. Um importante ganho para o sistema é a efetivação da sua nova configuração organizacional, face aos novos Estatuto e Regimento Geral da UFPA. A nova estrutura da Biblioteca Central e o funcionamento sistêmico das bibliotecas integrantes do Sibi/UFPA serão regulamentados por

O prédio definitivo da Biblioteca Central, no Campus Universitário, foi inaugurado na gestão de Aloysio Chaves, em 1972

meio de regimento em fase de apreciação pelo Conselho Universitário (Consun). Dessa forma, o SIBI/UFPA será, de fato, institucionalizado. Na prática, suas normas e regulamentos passam a ser aplicados em todas as bibliotecas, o que tornará os serviços padronizados e ainda mais eficientes. A Biblioteca Central realiza em média 2.500 atendimentos diários. Quando se trata de inovação, tem sido pioneira na Região Norte ao implantar recursos modernos como o software Pergamum e e o sistema eletromagnético anti-furto de acervo. Em dezembro, será inaugurada a acessibilidade para portadores de necessidades especiais, o que inclui rampas de acesso, entradas com desníveis, barra de apoio, corrimão e plataforma elevadora. O espaço Braille será reinaugurado com área mais ampla, modernos equipamentos e softwares voltados aos portadores de deficiência visual. Durante as comemorações dos 45 anos da Biblioteca Central serão lançadas as publicações "Catálogo de Teses e Dissertações dos Programas de pós-graduação Strictu Sensu da UFPA, 1976-2007" e "Manual de Normalização de Trabalhos Acadêmicos", que deverá ser adotado nos cursos da instituição. Já o "Ementário dos Conselhos Superiores Deliberativos da UFPA: Consun, Concur, Consep, CONSAD, 1957-2007" será disponibilizado em Cd-Rom e via internet. O website do SIBI/UFPA está sendo reestruturado para tornar-se mais atrativo e interativo. O novo site também deverá ser inaugurado durante o mês de dezembro e poderá ser acessado no endereço www.ufpa.br/bc.

UFPA investe nas bibliotecas dos campi O projeto de automação, modernização e revitalização das bibliotecas dos campi do interior já pode ser considerado uma realidade. Várias melhorias foram efetivadas nos últimos anos, quando essas unidades receberam o maior volume de investimentos de sua história. Pela primeira vez, foi realizado concurso público para o cargo de bibliotecário para atuar nos campi do interior. Atualmente, as dez bibliotecas são dirigidas por esses profissionais da informação. Além disso, novos espaços estão sendo construídos, outros ampliados e equipados; enquanto os acervos estão sendo atualizados.

"A automação trará vantagens aos usuários da UFPA e também à comunidade em geral, pois além de socializar a informação permite otimizar o tempo da pesquisa, disponibilizar acervos e produtos e integrá-los ao SIBI/UFPA e ao mundo", avalia Silvia Moreira. FOTOS MARI CHIBA

A diretora Silvia Moreira

Alunas na biblioteca de Castanhal

A biblioteca Josineide da Silva Tavares, do campus de Marabá I, foi a primeira a iniciar a automação do acervo da biblioteca do Campus I, como também aquele que iria formar o da biblioteca do campus II. Também iniciaram a automação do acervo as bibliotecas dos campi de Santarém, Bragança e Altamira.

As bibliotecas dos campi de Marabá I e II, Altamira, Castanhal e Soure foram inauguradas em novos espaços, visando maior conforto aos usuários para estudo e pesquisa e o novo prédio da biblioteca de Abaetetuba está em construção. A biblioteca de Santarém foi toda revitalizada. Silvia Moreira está participando das visitas e comemorações dos 50 anos da UFPA e 20 anos da interiorização ao longo do segundo semestre vivenciando em poucos dias a realidade marcante desses campi.


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BEIRA DO RIO

Novembro, 2007

Entrevista

Universidade Federal do Pará

JOSEP PONT VIDAL - COORDENADOR DA CEHIA

Casa de Estudos Hispano-Americanos aproxima fronteiras Tatiana Ferreira FOTOS MARI CHIBA

O

professor espanhol Josep Pont Vidal está há quatro anos no Brasil e há três no Pará, onde vem atuando como pesquisador do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea). No último mês de outubro, ele assumiu a coordenação da Casa de Estudos Hispano-Americanos, vinculada à Assessoria de Relações Nacionais e Internacionais (Arni) da UFPA. Em entrevista ao Beira do Rio, ele fala sobre os planos da nova coordenação, que incluem o incremento das oportunidades de troca de experiências entre a UFPA e universidades hispano-americanas. Quais são suas expectativas em relação à coordenação da Casa de Estudos Hispano-Americanos? Assumir a coordenação da Casa de Estudos Hispano-Americanos é um desafio para mim e toda a equipe porque, afinal, trabalhamos juntos. Acho que é um desafio para a universidade toda. Temos procurado estabelecer parcerias com universidades espanholas e latino-americanas. Existem universidades latino-americanas de ótima qualidade, assim como na Espanha, e acho que nesse momento de globalização é imprescindível conhecer as universidades dos povos irmãos do Brasil, que são os latino-americanos. Conhecer esses povos permite trocar idéias, permite também transferir experiências, mostrar o que estamos fazendo, conhecer outras experiências e, principalmente, conhecer outros povos e outras pessoas descobrindo uma cultura e um mundo diferente e, em definitiva, transmitir utopias. Temos aqui um instrumento da

UFPA que nos proporciona conhecer outras culturas, fazer parcerias com outras instituições de ensino superior, e também com outras pessoas e diria até em contato com elas, conhecer a nós mesmos. Quais linhas de atuação da casa que você destacaria? A Casa de Estudos HispanoAmericanos tem várias linhas de atuação. Fazemos convênios e parcerias com outras universidades e institutos de pesquisa latino-americanos e universidades espanholas que permitam enviar e receber alunos de graduação e pósgraduação e professores, e estabelecer parcerias de forma continuada nas respectivas áreas de pesquisa. Por enquanto, ainda temos poucas experiências nesse sentido. Em geral, elas têm acontecido por causa de contatos pessoais e o que nos interessa é institucionalizar esses contatos e democratizar essas oportunidades para que todos os alunos e professores dos nossos institutos e centros saibam dessa possibilidade. Nossa idéia é que a direção dos institutos e dos núcleos de pesquisa possam nos informar seus interesses e prioridades. Quais as prioridades nas áreas tecnológicas, de humanidades, de desenvolvimento, enfim, fazer uma espécie de diagnóstico para que se possa tirar o melhor proveito dessas oportunidades. Quais são as outras linhas de atuação? Uma linha de atuação diz respeito ao trabalho junto ao Centro de Recursos Didáticos de Espanhol, que é mantido pelo Ministério de Educação e

Josep Pont Vidal, novo coordenador da Casa de Estudos Hispano-Americanos

Ciência espanhol para difundir a cultura e a língua espanhola, neste caso, na Amazônia. No centro, existe uma boa biblioteca de literatura hispano-americana (ver reportagem abaixo). Temos vídeos, músicas e ele está aberto a todas as pessoas do Pará que têm interesse na cultura hispano-americana. Além disso, estamos coordenando aqui o DELE, Diploma de Espanhol como Língua Estrangeira. Estamos aplicando a prova em Belém em parceria com o Instituto Cervantes. Como o senhor avalia a cooperação latino-americana no caso do ensino superior na Amazônia? É imprescindível que a UFPA se

abra às boas experiências da América Latina e da Espanha; aqui temos experiências e pesquisas que podem servir de modelo, mas historicamente acho que estamos olhando mais para o norte. A questão do novo eixo Sul-Sul passa pela necessidade da integração latino-americana. Temos centros de pesquisa de primeira magnitude a quem podemos nos reportar e também aprender com eles. Conhecer nossos vizinhos e trocar experiências, metodologias e pesquisas, é fundamental no mundo atual. É importante saber o que estão fazendo, que alternativas para a Amazônia e para o continente latino-americano discutem... Quem está interessado em estudar na Espanha já pode obter informações na casa de estudos hispano-americanos? Sim. Pode procurar tanto a casa de estudos hispano-americanos, quando o Centro de Recursos Didáticos. Eu recomendaria a todo aluno e a todo professor que tente fazer a experiência de aprender e estudar por algum tempo em outro país. É uma experiência enriquecedora para observar outras realidades, ver a própria realidade com um pouco de distanciamento, transmitir o seu conhecimento e também aprender coisas novas. Assim, quem sabe faremos uma Amazônia e um mundo diferente. Quero ressaltar que estamos trabalhando no sentido de que a casa esteja aberta a todos os professores e alunos da universidade, sendo um instrumento a sua disposição para concretizar parcerias e essa troca de experiências com a Espanha e os países latino-americanos.

Recursos didáticos para professores e alunos de espanhol O prédio da Arni, na travessa 3 de maio, abriga um espaço privilegiado para todos os interessados no ensino da língua espanhola. Prestando serviços gratuitos há dois anos, o Centro de Recursos Didáticos de Espanhol (CRDE) dispõe de um acervo que vem crescendo anualmente, com mais de 1000 itens, entre livros, manuais, dvds e cds, revistas especializadas, jornais catalogados, que podem ser emprestados a professores, estudantes de todas as idades e interessados na língua espanhola. Para utilizar os serviços, é necessário se inscrever no Centro, que atualmente tem quase 300 cadastrados que recebem informações de convocatórias de bolsas de estudo, prêmios e concursos. O CRDE é resultado de um convênio entre a UFPA e o Ministério da Educação da Espanha, por meio do Conselho de Educação da Embaixada da Espanha no Brasil. O centro oferece diversas atividades para difundir e apoiar a língua e a cultura espanhola e hispanoamericana, tais como debates, palestras, seminários informais e filmes. Qualquer pessoa interessa-

Livros, revistas, e dvds estão disponíveis aos interessados na língua espanhola

da pode ter seu trabalho apresentado em espanhol, uma vez avaliado pela coordenação. No início deste mês, a equipe do CRDE, que formou o grupo de teatro Quizás, apresentou a peça "Recorridos", durante o 5º Fórum de Línguas Estrangeiras da UFPA. "A língua espanhola é falada por 20 países e há mais de 400 milhões de falantes em todo o mundo, o que significa uma grande variedade lingüística. No entanto, existe um corpus lingüístico comum que é mantido especialmente na literatura e nos meios acadêmicos. O centro apóia todas as pessoas interessadas

no ensino de espanhol, oferece consultas e empréstimos do material bibliográfico e audiovisual disponível, além de permitir pesquisas na internet em nossos computadores", explica a professora Maria Cristina González, co-coordenadora do CRDE em conjunto com o professor Pont Vidal, coordenador da Casa de Estudos Hispanoamericanos (CEHIA). O Ministério da Educação da Espanha também tem promovido cursos modulares de atualização didática para professores de espanhol brasileiros em cooperação com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Unama e a Associação Paraense de Alunos e Professores da Língua Espanhola. Em julho de 2007, foi ministrado o I Curso Interuniversitário de Atualização Didática para professores de espanhol entre a UFPA e a Universidade de Granada (Espanha). Quanto ao ensino da língua espanhola no Pará, a co-coordenadora do CRDE faz uma avaliação positiva. "Existe um corpo de professores muito bem preparados e outro de alunos em vias de formação com grande interesse e dedicação.

A maioria deles está cadastrada aqui no Centro de Recursos Didáticos de Espanhol. Eles vêm habitualmente, consultando, fazendo empréstimo de livros, sugestões... A nossa constante interação com eles é essencial", observa Cristina. A importância do ensino do espanhol no Brasil também passa pela aproximação entre os povos da América Latina. "Esse é um aspecto relevante porque o Brasil está rodeado de países que falam espanhol, embora também falem línguas indígenas. Temos cadastradas muitas pessoas da comunidade latina do Pará. Fazemos empréstimo de todo o material que necessitam, um assessoramento, pensando também em estimular essa interação", afirma a co-coordenadora. A equipe do Centro de Recursos Didáticos de Espanhol também conta com uma profissional da UFPA e duas bolsistas. Serviço: Travessa 3 de maio, 1573, São Braz (entre Magalhães Barata e Gentil) Telefones: (91) 3249-6606 e 3229-4469


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