Casa de Acolhimento à Mulher

CASA DE ACOLHIMENTO À MULHER ESPAÇO DE REFERÊNCIA PARA A CONSTRUÇÃO DE CASAS ABRIGOS

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RESPONSABILIDADE SOCIAL, O IMPACTO DO QUE FAZEMOS, COMO PARTICIPAMOS, COMO CONSPIRAMOS, COMO FAZEMOS SURGIR AS PERGUNTAS SOBRE QUAL INGREDIENTE EXTRA PODEMOS IMAGINAR QUE FUNCIONA, QUE ENRIQUECE A VIDA DE OUTRAS PESSOAS, QUE AJUDA A TERRA A RETER SUA BELEZA.

Yvonne Farrell e Shelley McNamara, co-fundadores da Grafton Architects e ganhadoras do prêmio Pritzker 2020.

CASA DE ACOLHIMENTO À MULHER ESPAÇO DE REFERÊNCIA PARA A CONSTRUÇÃO DE CASAS ABRIGOS

Centro Universitário Barão de Mauá Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Por: Beatriz Barillari Orientador: Fernando Gobbo

Ribeirão Preto | 2020

OBRIGADA

Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha vida. Sempre será o que terei de mais Agradeço aos meus pais, Eva e Paulo, especial na vida. por sempre me incentivarem, pelo amor e Ao meu orientador, Fernando Gobbo, carinho diário que me proporcionam, mes- por acreditar nas minhas capacidades e pela mo a quilômetros de distância, por estarem paciência durante o projeto. Foi um prazer ao meu lado nos momentos mais difíceis, fazer esse trabalho com você. por sempre me darem o suporte necessário Aos meus amigos, Giovana Gléria, Mae acreditarem em mim. ria Luiza Debrunner, Paulo Ivizi Neto, Iara À minha irmã, Nayara, pela amizade, Nunes, um obrigado especial, cinco anos por sempre estar ao meu lado e confiar em dividindo risadas, desesperos, projetos e mim. aprendizados. Sempre me apoiaram e ajuAo meu namorado, Fernando, sempre daram em momentos difíceis. Nossa amizapresente nos momentos difíceis com uma de será da faculdade para a vida. palavra de incentivo e calmaria.

Por último, à todas as mulheres, que lutaram e continuam lutando por nossos diA minha madrinha, Fabiana, e minha avó, Cida, por sempre conseguirem dar reitos. atenção dedicada quando precisei.

Muito obrigada!

01 SUMÁRIO

03 05

TEMA Introdução Problema Objetivo Justificativa Contextualização

REFERÊNCIAS

Casa da Mulher Brasileira Abrigo em Israel Casa Mipibu

PARTIDO

BIBLIOGRAFIA

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LUGAR

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PROGRAMA

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Premissas para a escolha Área do projeto Mapa equipamentos Mapa transporte Mapa vazios urbanos Mapa uso do solo Mapa Figura e fundo Legislação e cógido de obras

Fundamentos Funcionamento Setorização Distribuição

PROJETO

Ficha técnica Implantação Subsolo Pavimento térreo Primeiro Pavimento Corte A Corte B

01

O TEMA

CONVIDA (Centro de Convivência para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica), local estruturado para o atendimento à mulher em situação de violência doméstica.

1979

1994 1986

INTRODUÇÃO

A Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, um tratado internacional aprovado em 1979 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

No Brasil, os direitos para garantir a integridade das mulheres começaram no século XIX, a partir de reiterados debates e mobilizações.

A primeira conquista foi a convenção CEDAW (Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher), criado no sistema das Nações Unidas, este foi o primeiro tratado internacional que dispõe amplamente os direitos humanos das mulheres, promovendo a busca pela igualdade e a oposição de qualquer discriminação.

Dentre estas conquistas, a mais importante, por ainda se verificar um aumento contundente do assédio nos dias atuais que a mulher repetidamente está sujeita, foi a instituição da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra Mulher, conhecida também como a Convenção de Belém do Pará, declarando a violência contra a mulher ou qualquer ato que causa morte, dano ou sofrimento físico, sexual e psicológico seja reconhecido como uma violência dos direitos humanos, assim como a Lei Maria da Penha que estipula punições para o agressor.

Assim, foi criado o Agosto Lilás, a campanha nasceu com o objetivo de alertar a população sobre a importância da prevenção e do enfrentamento à vio-

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Maria da Penha , criada com o objetivo de punir com mais rigor os agressores contra a mulher no âmbito doméstico e familiar.

lência contra a mulher.

Embora haja imposição, os números de violência contra a mulher se elevam a cada dia. De acordo com o site da ONU (Organizações das Nações Unidas) o Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo, ao lado de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.

De acordo com a Lei 11.340/06 em seu art. 5.º, possui a violência familiar e doméstica contra a mulher, sendo qualquer ação ou omissão baseada no gênero que possa causar morte. O Ministério Público constatou, que o quadro de violência doméstica realizado contra a mulher, especificamente não ocorre em apenas um espaço familiar, sendo imperioso que a vítima e o agressor compartilhem o mesmo espaço.

A violência familiar ou intradomiciliar é todo ato de agressão física, verbal ou psicológica que é praticada em casa e entre indivíduos que pertencem à mesma família.

A Lei expressa, cinco formas específicas, podendo haver o reconhecimento de outras, violência física, violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial e violência moral.

2006 É o primeiro tratado internacional legalmente vinculante que criminaliza todas as formas de violência contra a mulher, em especial a violência sexual.

As palavras assédio e abuso são algumas das definições para violência contendo diferentes pesos, o assédio é estabelecido como qualquer avanço indesejado, pedido, conduta verbal ou física e comportamento que possa ser considerado como ofensa ou humilhação. O abuso significa a intrusão física ou ameaçada, seja pela força ou condições desiguais e coercitivas.

No Brasil a primeira casa abrigo foi inaugurada em São Paulo no ano de 1986, o CONVIDA (Centro de Convivência para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica), um local estruturado para o atendimento à mulher em situação de violência doméstica.

Atualmente já existem em média 72 casas abrigos no território brasileiro, o que é pouco para suportar a população feminina vítima de violência, sendo104,772 milhões de mulheres (51,6%) e mais de 70% das mulheres já sofreram alguma violência.

Esse projeto é essencial nos dias atuais, com finalidade de proteger a integridade física e psicológica da mulher, afastando-a dos abusos. Este espaço é preparado para receber a mulher com todo o acolhimento, confiança e suporte, a ela e seu filho.

PROBLEMÁTICA

OBJETIVO

Entretanto, ainda há um grande caminho a percorrer para acabar com a violência contra as mulheres, contudo houve avanços que reconheceu a voz e os direitos da mulher. Podemos citar a transformação dos direitos e hábitos sociais, a liberdade de vestir o que quiser, o que ainda não é suficiente para a sociedade feminista.

A humanidade se fundamentou sobre a égide de que era normal a mulher sofrer a todo o momento, sempre renunciando a suas conquistas diante da universalidade masculina. Como em todas as áreas, na arquitetura não difere, inúmeras arquitetas capacitadas são diariamente apagadas pela preponderância do homem.

A Casa de Acolhimento à Mulher proposta, auxiliará todas as categorias de violência e não apenas uma, proponho um programa com o amparo necessário para o atendimento imediato, de grande relevância para o estudo e a ideação de um espaço produtivo.

Diante das pesquisas, nota-se um problema que para os dias atuais é considerado preocupante: há diversas opiniões sobre a roupa da mulher e em muitos casos de assédio o agressor comenta que pela vestimenta a mulher estava “pedindo”. Somente em 1962, com o Estatuto da Mulher Casada, a mulher não precisou da autorização de seu marido para trabalhar fora de casa, receber herança e

Quando tais intimidações não avultam a capacidade da mulher, nos deparamos com projetos, obras e livros excepcionais, diante da dedicação extrema, percepção e o intelecto feminino. As mulheres

O projeto objetiva em primeiro lugar o impacto que o ambiente conseguirá trazer para a mulher, dessa maneira, é preciso analisar o meio mais favorável de criar um ambiente remetendo a ela o essencial para que se sinta acolhida e protegida. É fundamental que a qualidade espacial tenha uma característica que define o seu uso como, por exemplo o conforto, o qual não significa apenas um lugar onde você se sinta seguro, mas também que seja capaz de ser uma característica do espaço.

solicitar a guarde de seus lhos. No Brasil até o ano de 1977 não era possível se divorciar, a única possibilidade era o desquite (sem quebra de vínculo matrimonial) e com isso não era possível casar-se novamente.

Nos dias atuais, o direito de ir e vir é mais amplo, mas o medo de ser assediada continua a restringir a circulação das mulheres. As conquistas que temos hoje foram resultados do esforço e organização das mulheres que lutaram por isso neste país, foram realizadas inúmeras ações e movimentos destas representantes, entre elas a pioneira Nísia Floresta, a escritora foi a primeira feminista do Brasil.

Em 2010 foi criado a ONU Mulheres com o intuito de unir, fortalecer e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres. Atualmente o cenário mudou, a mulher vem cada dia a mais conquistando o seu espaço e seus direitos, mas ainda há muito o que melhorar.

devem ser enaltecidas, precisam de espaço e voz para mostrarem o quanto são geniais, precisam ser reconhecidas pelo seu esforço e conhecimento, não como um “rosto bonitinho”.

Destacar-se por sua obra ser de grande qualidade, projetos que são um símbolo na arquitetura ou a identidade de algum lugar. No entanto, os Órgãos Públicos não tomam providências no sentido de aparamentar as cidades, na mesma proporção do crescente número de vítimas, atualmente poucas são as cidades que conseguem oferecer o suporte essencial para as mulheres e seus filhos. Ainda assim, quando há o suporte, na maioria das vezes, os espaços são insatisfatórios e não compatíveis com a necessidade das vítimas. Uma maneira eficiente de idealizar um projeto que atende todas as necessidades citadas, é realizar conforto ambiental, para acolher e proteger, como se deve ser.

A arquitetura é muito mais que um espaço, é sobre melhorar a qualidade de vida da pessoa, projetada para que o aproveitamento seja o melhor possível.

A arquitetura pode promover a interação entre a vida e a forma, estimulando relações de bem-estar e convivência, a sociabilidade presente no local gera uma sensação de pertencimento, através da interação entre pessoas desconhecidas, gerando um espaço de convivência, ou tornando-se uma atividade, pelo qual as pessoas possam estimular outras que estão sob as mesmas condições, a frequentar o lugar. O projeto vai muito além da palavra apoiar ou acolher, é um novo recomeço da vida, que para muitas mulheres é o mais desejado. Por conta disto, é de tamanha importância a conexão do projeto com a cidade e sociedade.

JUSTIFICATIVA Apesar dos avanços que as leis têm proporcionado, ainda temos muito o que melhorar, as leis existem, porém, não são tão efetivas e aplicadas quanto deveriam. A violência ocorre com muita habitualidade e intensidade. As vítimas não devem opor-se a este processo sem estar devidamente amparadas, sendo que o poder público e a sociedade também devem ajudar. As mulheres e seus lhos que já passaram por situações de violência, sabem o quão doloroso é, e que muitas vezes não há para quem pedir ajuda. É um processo árduo, porém, somos conhecedores de toda a história, e devemos romper este ciclo para melhorar as condições de acolhimento, modicando os paradigmas de patriarcalismo impostos pela sociedade de geração em geração.

Devemos a todas as mulheres que não deixaram calar sua voz, as conquistas para a evolução de todas as liberdades. Este trabalho é uma destas realizações, visa possibilitar a importância do rompimento de um ciclo e o início de uma nova vida. É uma qualidade espacial desenvolvida especialmente para vítimas que sofrem violência, garantindo a sua integridade física e psicológica.

O projeto é importantíssimo para a sociedade, uma vez que, as vítimas poderão contar com um lu-

gar para serem acolhidas, contribuindo com o suporte necessário para ajuda-las. Muitas mulheres estão vivas devido à existência das casas abrigos, no entanto, não são todos os lugares que dão esse apoio a elas.

Desse modo, o projeto será elaborado de uma forma racional e criando espaços com essência para que se sintam acolhidas. É sobre projetar uma arquitetura acolhedora, feminista, idealizadora e estrutural para a sociedade.

Assim, poderíamos observar com relevância o tema retratado, caso houvesse nas cidades um suporte para amparar as mulheres em suas piores situações.

Com certeza o índice de feminicídio dos dias atuais, reduziria consideravelmente.

O projeto, portanto, proporcionará soluções coerentes para que os Órgãos Públicos sejam capazes de implementarem a Casa de Acolhimento às Mulheres, nos municípios, não somente em cidades grandes.

O objetivo é acarretar também, um espaço de qualidade, considerando o envolvimento da vítima com o projeto, demonstrando os seus valores e as denições necessárias do tema abordado.

CONTEXTUALIZAÇÃO O projeto será desenvolvido na cidade de Ribeirão Preto. Com base no site da Prefeitura, a cidade em 2017 obteve 279 casos de violência contra a mulher notificados, de acordo com o site A Cidade On em 2018 foram relatados 387 atendimentos a mulheres vítimas de violência no NAEM (Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher). O NAEM é um local que oferece atendimentos gratuitos para as mulheres em situação de violência doméstica no Município de Ribeirão Preto, ampliando a possibilidade de enfrentamento da mulher. A região com o maior índice de violência na cidade de Ribeirão Preto é a região oeste.

Em 2012, a Prefeita Darcy Vera, inaugurou na cidade a primeira Casa Abrigo, o nome é Nilda Rocha Simões, com o intuito de abrigar mulheres e seus lhos menores de idade e os maiores de dezoito anos portadores de necessidades especiais, que dependam da mãe para sua sobrevivência. O local tem 500 m² de área construída, com uma capacidade para abrigar 20 mulheres, oferecendo um suporte jurídico, psicológico e social. A instalação contém o básico, quartos, banheiros, sala de convivência, os departamentos e o administrativo. O seu endereço é sigiloso, com o objetivo de proteger as pessoas que frequentam o local. No entanto, casa abrigo está em um estado lamentável, não é um espaço acolhedor, não há uma essência que faz a mulher se sentir confortável e ambientada com o lugar.

Ribeirão Preto por ser um polo central e de referência para as demais cidades interioranas (cidades satélites) necessita melhorar estes espaços, para que possa inclusive atender com mais efetividade estes municípios da região. Muitas cidades vizinhas por não terem o suporte necessário, acabam se deslocando as vítimas de violência para Ribeirão Preto, sendo esta a única forma de proteger essas mulheres.

Como uma destas referências temos a Casa de Acolhimento à Mulher.

Portanto, é preciso pensar na qualidade de vida da pessoa que irá residir no abrigo, obter um ambiente idealizador, com qualidades que façam o usuário considerar a sua casa temporária, o seu conforto, gerando um convívio entre as mulheres e seu bem-estar.

02

O LUGAR

PREMISSAS PARA A ESCOLHA DO LUGAR Para a inserção do projeto, foi escolhido o terreno localizado na Avenida do Café, na região oeste da cidade de Ribeirão Preto. O terreno soma aproximadamente 835 metros quadrados.

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A quadra é relativamente plana, no final a uma descida considerável para o córrego Laureano. O córrego faz a ligação da Avenida Bandeirantes com a Avenida do Café. O lote situa-se em uma esquina, é rodeado pela Rua Ireni Guidette e a Avenida do Café.

O lote ao lado, nos dias atuais, encontra-se um food-truck, seu funcionamento é drive-thru. O entorno possui instituições públicas e privadas, comércios, restaurantes, escritórios e serviços em gerais.

PEDR PE DR EIRA SAIID SA

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A escolha desse terreno foi feita por fatores considerados fundamentais para o funcionamento do projeto. Sua localidade, próximo à rodoviária de Ribeirão Preto. Outro fator são os pontos de ônibus, há um ponto de ônibus em frente ao terreno.

Na Avenida do Café, encontram-se muitos pontos de ônibus instalados, que atendem diversas regiões da cidade. A proximidade com a rodoviária e os pontos do ônibus acabam gerando uma certa facilidade e conforto para acessar o local, mesmo no período noturno, uma vez que, é perigoso andar sozinha pela cidade a noite.

Outra questão para a localidade do terreno e sua implantação, foi que a região oeste é a que mais apresenta casos de violência em Ribeirão Preto. A Avenida do Café passará por mudanças, será implantado o projeto integra o Pacote de Mobilidade Urbana, segundo o site da prefeitura, haverá corredor de ônibus de até 3,5 km de extensão, interligando a região do Parque Maurílio Biagi e do Terminal Rodoviário ao “campus” da USP. No canteiro central da avenida será construída uma ciclovia, que seguirá pela rotatória em frente à USP. As obras já se iniciaram e estão previstas para terminar no nal do ano.

O projeto de Mobilidade Urbana irá promover um melhor funcionamento do transporte público, no qual, para o projeto proposto será excelente. Uma vez que, o projeto atenderá mulheres de Ribeirão Preto e região.

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Os estudos, focados na região oeste de Ribeirão Preto, se inciam com o levantamento da distribuição de equipamentos de serviços, escolas, restaurantes, igrejas, esportes e hotéis.

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MAPA DE TRANSPORTE

Também foi criado um mapa para a análise do transporte público, verificando os pontos de ônibus presentes na área. É notável que a região demanda uma grande oferta de equipamentos e transportes, tendo como consequência o fluxo de trânsitos e pessoas circulando a área diariamente.

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O mapa de uso do solo por predominância revela forte predominância de comércio e residência. Há grande quantidade de vegetação apenas na área de preservação — APP e no canteiro central da Avenida do Café.

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AVENIDA DO CAFÉ

AVENIDA DO CAFÉ

O mapa de figura e fundo por predominância confirma a existência de um entorno diversificado, a parte norte predomina há maior taxa de ocupação, as residências ocupam a maior parte do lote.

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MAPA DE FIGURA E FUNDO

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LEGISLAÇÃO Para a determinação dos parâmetros construtivos foi consultada a Lei do Parcelamento, Uso e Ocupação do solo (lei n.º 2505/2012) que estabelece o zoneamento no qual o terreno se adequa.

De acordo com a lei, ele está demarcado como ZUP — Zona de Urbanização Preferêncial, permitindo a criação do projeto no local, obedecendo ao gabarito e recursos impostos. A Avenida do café encontra-se na zona oeste da cidade de Ribeirão Preto, subsetor O-5, com a ligação do córrego Laureano.

De acordo com o Código de Obras de Ribeirão Preto, o projeto é classificado com o uso residencial, descrito como habitação coletiva. Para essa descrição é permitido 2 pessoas por dormitório e uma pessoa por 4 m² de área no alojamento. Sendo o vão livre das portas com no mínimo 0,80 cm. A edificação destinada a uso residencial deve dispor 1 bacia, lavatório, chuveiro e banheiros acessíveis.

De acordo com o CAPÍTULO XI, as habitações devem conter no mínimo, compartimentos destinados a repouso, estar, instalação sanitária, preparo de alimento, serviços e os recuos mínimos obrigatórios laterais e de fundos, no pavimento térreo, poderão ser utilizados para estacionamento.

“

TODA VEZ QUE UMA MULHER SE DEFENDE, SEM NEM PERCEBER QUE ISSO É POSSÍVEL, SEM QUALQUER PRETENSÃO, ELA DEFENDE TODAS AS MULHERES.

Maya Angelou

03

REFERÊNCIAS

AS REFERÊNCIAS

A princípio foram escolhidas três referências projetuais para elaboração do projeto proposto, Casa da Mulher Brasileira — Lelé, Abrigo para Vítimas de Violência em Israel — Amos Goldreich Architecture, Jacobs Yaniv Architects e a Casa Mipibu — Terra e Tuma Arquitetos Associados. Os projetos contêm em comum a relação do pátio, o seu vazio, com o edifício e usuário. O que isso proporciona para cada indivíduo no edifício, a forma como se expressa e se utiliza. Portanto, é o principal elemento referencial de todos os projetos a seguir.

A Casa da Mulher Brasileira tem como referência para o projeto além do pátio, o seu programa de necessidade, no entanto, a estética do edifício não condiz com o conceito projeto proposto.

Sendo assim, o Abrigo de Israel ofereceu diretrizes cabíveis para o projeto, além de evidenciar a importância de projetar o edifício pensando no usuário e sua rotina, a espacialidade, assim como o programa de necessidades, estão formidáveis, cada ambiente foi elaborado analisando sua função.

Por fim, a Casa Mipibu, é um projeto pensado racionalmente e apresenta uma simplicidade, promovendo ao mesmo tempo, o conforto necessário para os moradores.

Além disso, será utilizado a mesma técnica construtiva, o bloco de concreto tem um custo maior do que o bloco cerâmico, no entanto, quando o projeto é pensado de uma forma racional, permite a diminuição significativa no custo total da obra. O pátio interno também é uma diretriz que foi adotado no projeto.

CASA DA MULHER BRASILEIRA POR JOSÉ FILGUEIRAS LIMA - “LELÉ”

O projeto foi realizado para ser implantado em todas as capitais do Brasil, no momento foi construído apenas em Brasília, São Paulo e Campo Grande.

A casa apresenta uma cobertura levemente ondulada, as cores verde e amarela representam a bandeira do Brasil, a roxa associa a ideia de proteção e acolhimento para as mulheres. Possui um pátio interno, ao redor desenvolve às atividades da casa, sob módulos subdivididos.

O programa de necessidade proporciona para a mulher um atendimento completo, na área da saúde, justiça, segurança pública, assistência social e oportunidades de autonomia financeira.

O sistema construtivo utilizado foi o sistema de alvenaria estrutural, sendo uma das grandes diretrizes de obras públicas, a redução de custos de obra e a agilidade na construção.

ABRIGO PARA VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM ISRAEL AMOS GOLDREICH ARCHTECTURE, JACOBS YANIV ARCHITECTS

Amos Goldreich é um admirador do artista Eduardo Chillida, projetando o abrigo, recordou um de seus projetos populares “Okamoto”, que projetou ao escavar uma montanha. Com isso, relembrou a ideia de uma pedra escavada por dentro, deixando-a com duas superfícies: uma externa rústica, enquanto a interna seria lisa e delicada.

A analogia tornou-se o conceito principal do edifício, com duas fachadas, a externa segura e protetora, e a fachada interna, voltada para o jardim central, o “coração terapêutico do abrigo”.

O Abrigo oferece uma pequena casa, integrada no edifício, para a família. Os ambientes foram pensados e distribuídos conforma sua função, para que as mulheres e seus filhos possam criar uma rotina.

O programa de necessidades é completo, todo o suporte necessário para amparar a família. Em destaque, há um espaço para voluntários, criando interação entre as pessoas. O pátio interno, é um meio importante para a interação das mulheres e crianças, faz com que não se sintam sozinhas.

CASA MIPIBU TERRA E TUMA ARQUITETOS ASSOCIADOS

A Casa Mipibu, construída em um lote estreito, desenvolvida como uma construção inversa, essa inversão no layout ocorreu porque os arquitetos perceberam que o térreo seria mais silencioso e reservado, já que o andar de cima recebe mais som externo. O desafio para eles eram atender um programa extenso em um lote relativamente pequeno.

Para atender o programa, optou pela verticalização do edifício, uma vez que, os muros fazem divisa com os vizinhos.

Os recursos para a construção do projeto eram escassos, portanto, o escritório se empenhou para que cada detalhe e que de forma racional, para que a obra se tornasse viável.

Os pátios internos foram posicionados de modo que além de proporcionar iluminação e ventilação necessária, articulam os ambientes e funcionam como áreas externas da casa.

O projeto apresenta uma harmonia, com sua simplicidade dos materiais, blocos de concreto autoportantes ou de vedação, sem revestimento, é simétrico com a exposição das tubulações, piso e escadas de concreto, todos aparentes.

PROGRAMA

04 O Pátio: Destinada para a integração dos funcionários e usuárias, assim como, iluminação e ventilação dos demais ambientes.

Quartos: pequenas “casas” para as mulheres, e seus filhos. O quarto possui um banheiro privativo.

DEAM (Delegacia da Mulher): recebe todas as vítimas de violência, para o amparo necessário, preservando sua integridade física.

Tribunal da Justiça: atende com celeridade pessoas que necessitem de medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha.

Defensoria Pública: profissional de direito, con-

figurando uma espécie de assistência jurídica gratuita.

diária e também possui a interação entre as mulheres.

Psicóloga: o papel da psicóloga é fundamental no auxílio a mulheres vítimas de violência, pois ele pode não só realizar um trabalho de acolhimento, mas também contribuir para a compreensão da construção do sujeito e abordar sua relação com a sociedade.

Os voluntários: como esteticistas, cabeleireiros, manicures para as mulheres e profissionais de entretenimento, professores, entre outros que ajudam as crianças em seus estudos e conhecimentos de informática.

Enfermagem: para cuidar das mulheres que sofreram com a violência física. Também, caso alguém fique doente e precisa de cuidados médicos.

Oficinas: aulas para as mulheres criarem produtos e revendê-los, gerando assim, uma renda financeira.

Cozinha / Refeitório: ambiente que faz o preparo das refeições e também contém o estoque dos alimentos. O refeitório é o espaço para a alimentação

Jardim de Infância / Brinquedoteca / Berçário: são espaços destinados para as crianças.

Administração: setor administrativo do edifício.

05

PARTIDO Para a elaboração do projeto foram tomados alguns pontos de partida. O primeiro deles se refere a sensibilidade do edifício com o usuário, o seu modo construtivo e a sua funcionalidade. Foi priorizado criar um espaço de convívio aberto, porém, o terreno é estreito e para isso ocorrer, foi estudo e optado em deixar esse espaço na centralidade do edifício, seguindo o vazio até a cobertura. Guiando a elaboração da volumetria, foi a forma como foi estudada a concepção do pátio interno. Desse modo, foram criados os demais ambientes, resultando em uma distribuição do programa circundando pátio. Seguindo o conceito do pátio, os dormitórios que se encontram no pavimento térreo, formam uma caixa retangular, elevando a volumetria para o andar superior e subsolo, assim como, a circulação do edifício.

O lote está em um local bastante movimentado, onde o fluxo de pessoas e carros é constante, por se tratar de uma avenida principal. Em vista disso, é preferível que a entrada do edifício ficasse na rua lateral. O terreno é relativamente plano, no entanto, a uma descida considerável em direção ao córrego, criando uma linda paisagem para quem está na edificação.

Para desfrutar essa vista, no primeiro pavimento do

edifício, a parte posterior terá uma abertura com o fechamento em vidro.

A implantação do edifício e a disposição dos ambientes favorecem a iluminação e ventilação natural dos ambientes, a partir das aberturas propostas para o edifício. A técnica construtiva será por blocos de concreto, criando um conceito do edifício ser rígido por fora, como um sinal de proteção, mas ao adentrar seria flexível e aconchegante.

Outro partido para a criação do projeto, foi analisando as funções de cada ambiente, com o intuito de, desenvolver uma rotina na vida das mulheres e seus filhos no abrigo.

06

PROJETO

CONTEXTUALIZAÇÃO

A violência contra a mulher ocorre com muita habitualidade, principalmente em tempos de pandemia, onde muitas mulheres não têm para aonde ir.

Nesse sentido a arquitetura pode contribuir e propor espaços acolhedores e seguros.

A Casa de acolhimento visa, portanto, ser um projeto referencial para as demais casas de acolhimento. Proporcionando soluções coerentes para que os Órgãos Públicos sejam capazes de implementarem em todos os estados. A sua localização, próxima à rodoviária, é de extrema importância para o projeto, uma vez que, atenderá mulheres de Ribeirão Preto e região.

O projeto reúne diversas funções em um único edifício, prezando integralmente pela comunicação entre os diferentes usos e dar visibilidade ao problema. Esses espaços de uso coletivo garantem a interação entre usuário e construção. Os espaços livres traduz aquilo que o edifício busca ser para as mulheres: sua liberdade. Portanto, demostra o potencial e a capacidade do equipamento e sua necessidade no cotidiano da população.

10.58

9.00

7.45

3.85

5

6

4.00

3

2.75

2

5.10

1.10

5.80

4.70

4.00

3

15.99

PLANTA DO SUBSOLO ESC: 1/250

7 1. RECUO 2. BANHEIROS- 14,11 m²

3

5.10

2.75

2

3. CIRCULAÇÃO VERTICAL 4. SALA 1 - 28,27 m²

7.45

3.20

4.65

5. SALA 2 - 73 m² 6. SALA 3 - 25,51 m²

4.00

9.40

7. PÁTIO - 70 m²

4

5.77

7.20

11.80

35.20

1

10.58

No subsolo encontram-se as atividades e áreas sociais do edifício. Para obter um espaço mais livre, foi estudado e optado pelo uso de portas divisórias, com isso é possível montar o ambiente que lhe convém. Este espaço é destinado para os voluntários, para aulas, oficinas, palestras, e demais atividades.

1.78

6 1

2.13

1.00

10.50

2

2.13

1

1.80

1.20

1.20

1.05

0.80

0.80

1.05

1.20

1.20

1.70

CORTE A ESC: 4/1

4.20

1

3

1.30

PLANTA DO TÉRREO ESC: 1/250

3

4

16.00

4.80

0.80

1.40

27.10

1.20

1.00

1.20

4.40

1. DORMITÓRIO - 26,76 m²

1.30

0.80

2. CIRCULAÇÃO/PERMANÊNCIA - 222,00 m² 1.20

4. RECEPÇÃO ENTRADA - 70,16 m²

1.20

3

5. PÁTIO - 70 m²

4.20

1

6. PONTO DE ÔNIBUS

2.13

1

1.05

1 4.00

2.13

2.40 1.20 1.00

1.70

8.00

1.05

0.80

1.20

1.20

2.00

1.20

1.00

3. CIRCULAÇÃO VERTICIAL

5

1.35

9.05

No pavimento térreo, seguindo um pé direitoduplo na circulação, foi optado deixar espaços livres, simbolizando a liberdade e sensibilidade para as mulheres. Ao entrar no edifício você irá se deparar com uma parede de elementos vazados, feito por bloco de concreto, separando os ambientes, assim como, com o intuito de preservar a intimidade das mulheres.

Permanecendo apenas o dormitório no térreo, proporciona uma sensação de privacidade e também um espaço mais silêncioso.

4.00

1.35

9.05

0.80

7.60

0.80

1.60

1

3.30

1.60

1.70

1.65 2.15

4.60

2.00

0.80

3.60

2.40

2

2.00

4

3

PLANTA DO PRIMEIRO PAVIMENTO

1.65

2. DEFENSORIA PÚBLICA - 19,75 m² 3. TRIBUNAL DA JUSTIÇA - 23,00 m²

5

4. CIRCULAÇÃO VERTICAL

4

2.00

4.60

1.80

0.80

4

2.15

1. ADMINISTRAÇÃO - 19,64 m²

16.00

6.00

ESC: 1/250

6. ENFERMEIRA/PSICÓLOGA - 19,64 m² 7. COZINHA - 20,00 m²

2.20

4.40

0.80

8. REFEITÓRIO - 103,00 m²

0.80

2.00

2.40

0.80

6 8 3.30

1.60

7

1.60 1.70

5. DELEGACIA DA MULHER - 10,43 m²

4.00

10.50

No primeiro pavimento há dois elementos vazados, o pátio e o pé direto duplo do pavimento térreo. É neste andar que mantém-se a infraestruturado edifício, todo o atendimento ocorre neste andar.

O destaque desse pavimento é a vista que as pessoas poderão desfrutar, o andar possui uma abertura com o fechamento em vidro, próximo ao re feitório, para a entrada de iluminação e ventilação natural para ambos os pavimentos.

CORTE B ESC: 4/1

07

BIBLIOGRAFIA CAIXETA, Michele C. B. F. O usuário e o processo de projeto: Co-design em edifícios de saúde. Vol. 01. Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia. Instituto de Arquitetura e Urbanismo. São Carlos. 2015.

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Revista Monolítica. Páginas 12-25. LIMA, Ana Gabriela G. Gênero e Processo. Revista Monolítica. Páginas 4952.

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Código de obras de Ribeirão Preto - <https://w w w. r i b e i r a o p r e t o. s p. g o v. b r / l e s / s p l a n / p l a n o d /obras-novo.pdf> Distribuição de casos noticados em Ribeirão Preto - <https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/ ssaude/pdf/vigilancia018.pdf> Casa da Mulher Brasileira. <http://www.capital.sp.gov.br/noticia/casa-da-mulher-brasile i r a - e - i n a u g u r a d a - e m - s a o - p a u l o > <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/mulheres/equipamentos/index.php?p=288423>

CASA DE ACOLHIMENTO À MULHER ESPAÇO DE REFERÊNCIA PARA A CONSTRUÇÃO DE CASAS ABRIGOS

Centro Universitário Barão de Mauá Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Por: Beatriz Barillari Orientador: Fernando Gobbo

Ribeirão Preto | 2020