“SÓ A VIDA EXISTE”
aprender a viver é que é o viver
A ideia de morrer e viver tem sido um tema central na filosofia e na arte, explorada por grandes teóricos como Heidegger (1899-1976), que considerava a morte como o horizonte que dá sentido à existência, e Sartre (19051980), que via a vida como um projeto inacabado. Na fotografia, artistas como Robert Mapplethorpe (19461989) e Francesca Woodman (1958-1981), em seus espelhos de videmorte. Ambos capturaram a dualidade entre a vida e a morte, revelando a fragilidade e a transitoriedade da existência humana.
A fotografia, como um instante içado no tempo, serve como poderoso lembrete da finitude da vida, mas também da persistência da memória após a morte. Se é que ela existe, como diz o escritor argentino Jorge Luís Borges (1889-1986), no seu poema ao cemitério da Ricoleta, em Buenos Aires, para onde o fotógrafo Filipe Falcão viajou e trouxe excelentes fotos. A elas, fizemos acompanhar o artigo do cineasta argentino Marcelo Perez, atento a esses paradoxos da mortevida. Perez também assina a tradução do poema de Borges exclusiva para esta edição. Mas porque viver é muito perigoso, nos disse Guimarães Rosa, e “porque aprender a viver é que é o viver, mesmo” — ele repete —, o escritor Marcelino Freire resolveu nos contar a quantas anda a vida em São Paulo. E, no mote, ganhamos o espetacular ensaio de Renata Victor, que tem com a cidade sua própria relação de espantos e espelhos. E assim, neste Dia Nacional da Fotografia, sua Unicaphoto comemora a vida, na nossa solitária viagem pelo cosmo. Talvez bem tão solitária assim, a depender do olhar dos astrofotógrafos nesta edição, buscando ouvir estrelas, como no poema de Olavo Bilac (18651918), que brilha aqui, também. Viver é extremamente perigoso no Recife, se você olhar bem para o ensaio de Paulo André. Ainda sobre espelhos, os retratos feitos por Lucas Emanuel falam dessa vida fractual, quebradiça, o mundo em pedaços, na era da subjetividade, onde um rosto é vário e infinito, cuja fração é mais real que o todo.
Sobre essa simulação ou fingimento do real, leia o artigo de Ivan da Costa Alecrim Neto, José Afonso Silva Junior e Carolina Dantas de Figueirêdo, uma visão bastante peculiar sobre o fotojornalismo, mais especialmente o objeto fotografado: incognoscível. inapreensível. Infotografável. Ou será a vida superfotografável, e somente isto, penso aqui comigo, e que realmente vemos aqui, no ensaio de Leopoldo Conrado Nunes, é justo o que não está? Contudo, ali está a beleza, quer seja na vida religiosa ou na vida elamesma, dura, do homem. Do trabalho. Da luta contra a natureza, para quem, fatalmente, perderemos. É um ensaio sobre a indefensável solidão-de-todo-lugar, como um grande sertão, diria, de novo, Guimarães Rosa.
E há, ainda, a vida universitária, acadêmica, do nosso curso de Fotografia, no “Aconteceu”, em um semestre muito rico em experiências. De vida.
Celebremos pois os vivos, sempre: Salve-salve, Alcir Lacerda. Nesta edição do prêmio, Giselle Carvallo e Gustavo Bertini são os vencedores. Ela, entrevistada por Renata Victor; ele, por Filipe Falcão, apresentam uma síntese do seu trabalho e de suas aspirações na vida, de fotógrafos.
De todo modo, Fotografar é apostar no novo. Talvez esta fotografia de Carlos Drummond de Andrade (19021987) nos diga mais: Não serei o poeta de um mundo caduco. /Também não cantarei o mundo futuro. /Estou preso à vida e olho meus companheiros /Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. /Entre eles, considere a enorme realidade. /O presente é tão grande, não nos afastemos. /Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. /Não serei o cantor de uma mulher, de uma história. /não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela / não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida / não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins. / O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.
©Francesca Woodman. 1978.
©Francesca Woodman. 1978.
Renata Victor
EDITOR
Sidney Rocha
CONSELHO EDITORIAL
Filipe Falcão, Renata Victor e Sidney Rocha
IMAGEM DA CAPA
Darya Kawa Mirza/Reprodução
FOTO DA QUARTA CAPA
Filipe Falcão
QUEM É QUEM NESTA EDIÇÃO
Adhemar Duro é fotógrafo e professor
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi cronista e poeta brasileiro
Carolina Dantas de Figueiredo é professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco
Darya Kava é astrofotógrafo curdo
Francesca Woodman (1958-1981) foi fotógrafa americana
Filipe Falcão é professor da Universidade Católica de Pernambuco
Gisele Carvallo é fotógrafa
Gustavo Bettini é fotógrafo
Ivan da Costa Alecrim Neto é mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco
Jorge Luis Borges (1899-1986) foi escritor argentino
José Afonso Silva Júnior é professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco
Leopoldo Conrado Nunes é músico e fotógrafo
Lucas Emanuel é fotógrafo
Marcelino Freire é escritor
Marcelo Pérez é cineasta argentino
Olavo Bilac (1895-1918) foi poeta brasileiro
Paulo André é estudante do curso de Fotografia da Unicap e fotojornalista
Renata Victor é fotógrafa e coordenadora do curso de Fotografia e Jornalismo da Unicap
Roberto Mapplethorpe foi fotógrafo americano
Rodrigo Andolfato é astrofotógrafo brasileiro
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Unicaphoto é uma publicação semestral do Curso Superior de Tecnologia em Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco, de objetivos unicamente educacionais e sem nenhum ânimo financeiro.
Esforçamo-nos ao máximo para identificar e contatar todos os detentores dos direitos de imagem, e continuamos empenhados em garantir o devido reconhecimento a cada um.
Esta sua 23a edição vem a público em 19 de agosto de 2024 (ISSN 2357 8793)
viver em são paulo por Marcelino Freire & Renata Victor rettarteo por Lucas Emanuel fotojornalismo pós-indicial
Ivan da Costa Alecrim Neto José Afonso Silva Junior Carolina Dantas de Figueirêdo prêmio alcir lacerda 2024 por Filipe Falcão
ora, direis ouvir estrelas por Olavo Bilac e redação Unicaphoto
8 18 26 30 60
130 74
86 110
“sob este pesado manto, eu tenho companheiros com os quais estou enterrado.” por Paulo André morrer em buenos aires por Filipe Falcão, Jorge Luis Borges e Marcelo Perez vida: drama & tragédia por Leopoldo Conrado Nunes aconteceu: fotografia o tempo todo Abril a junho de 2024
sobre viver em são paulo
33 anos. Em 2024 faço 33 anos como morador de São Paulo. A idade de Cristo Redentor. Aquele da Cidade Maravilhosa aqui perto. Cristo vive de braços abertos, mas quem abraça mesmo é São Paulo. A Terra das Oportunidades. Onde o sol brilha mais alto por cima dos prédios. E a gente nem vê. A metrópole-cinza-decigarro.
Em São Paulo plantam-se guimbas. Nunca vi tanta fumaça espalhada pelo chão. A saudade já estava aqui quando cheguei. E os pombos também. Nunca vi tantos pombos em um único canto. Ratos no ar. E um infinito número de estátuas em cada esquina, lugar. O homem faz estátuas porque jamais conseguirá fazer árvores.
Ave! Já foi por terra a impressão que eu tinha de que São Paulo não tem verde. Tem sim. Parques da cor do dinheiro. Já senti, juro, cheiro de minha infância pelos jardins. São Paulo está repleta de jardins. A exemplo do Jardim Aricanduva, na zona Leste, o meu primeiro endereço. Sou retirante desde 1991. A rua em que morei se chama Luiz Gonzaga. Eta cidade mais nordestina! Por que tamanha judiação? Quem me deu sotaque foi São Paulo. Quando abro a boca e falo, até hoje vêm e me indagam: de onde você é? Da periferia do Brasil, mano. Oxente! Tá ligado? Tem gente que vem e diz: você já é paulistano. Você já perdeu sua raiz. Mentira! Respiramos por meio das raízes que carregamos. Sustentamos com elas a nossa existência. São Paulo, se a gente deixar, atropela. Sufoca. PauloiSão pelos ares. Olhar para os edifícios sem abaixar a cabeça. Esqueça. Silvio Santos não vem aí. Melhor abrir aos chutes o Baú da Felicidade. Anhangabaú da Felicidade. Wisnik. Tom Zé já me mostrou como tudo é. Muito antes de eu pôr o pé neste asfalto. A sua mais completa tradução: Augusto de Campos. E Rita Lee e Lygia e Maurício Pereira. E outros tantos. Eunice Arruda, Fabiana Cozza, as
Pastoras do Rosário. Alzira E, Itamar, Minchoni, Arrigo Barnabé. Zé Celso, Amara Moira, Erika Hilton, Noite Ilustrada. Só a arte para a gente se sentir fazendo parte. Deste latifúndio. Deste fim de mundo sinalizado por placas imobiliárias.
A grande dificuldade de cara foi: conseguir fiador. Para alugar um quarto, sala, ventilador. Morei em uns oito apertados apartamentos. Dividi com outras pessoas o mesmo beliche. Rua Santo Amaro, Guaianazes, 9 de Julho. O resto sai na Rua Purpurina. O que não mata é vitamina de abacate. Em São Paulo descobri o prazer de tomar um mate. Comer berinjela. Prefiro coentro. Toda pizza acaba em orégano. E na solidão de uma janela olhando para uma outra janela para uma outra janela.
Arranjei em São Paulo um trabalho como revisor de textos. Em tempo: passo mais tempo revisando um texto do que escrevendo. Pergunte para a turma da Revista E. Estourei o prazo para a entrega deste testamento delírico que, agora, você lê. Releio, reviso, releio, reviso. Afunilo o ritmo. Rezo cada palavra em voz alta. Escuto como está a buzina do meu verbo. Nem em pensamento julgaria, um dia, acompanhar o nascimento dos SLAMs. Roberta Estrela D’Alva, o teatro. Gero Camilo, Hugo. O Grupo Clariô de Taboão da Serra. Quantas amizades sinceras! Ninguém olha para a cara de ninguém. Mas o coração vê. Existe amor em SP.
Por favor, senhor revisor, o certo é saraus ou sarais? Sarais, para rimar com Sérgio Vaz. E para rimar com Binho, como faz? É só não deixar de fazer. O poeta não sabe o que fazer, mas faz.
São Paulo não é. São Paulo são. Juro que estou são. São Paulo tem fama de deixar todo mundo doente. De fato, deixa. Minha frase pigarreia. Até hoje não me acostumei com o frio. Mas gosto de edredom. Dormir
é bom. Dizem que São Paulo nunca dorme. Dorme, sim, mas é sonâmbula. Violenta República. Tanta família largada na rua. Outros, mortos de pancadas de chuva. Morro de vontade de dar um banho, um dia, no Rio Pinheiros. Enxugar os sovacos do Tietê.
Eu conheci o Tietê desde a época em que li, à margem do Rio Capibaribe, o poema de Mário de Andrade. Aquele poeta que morreu de tristeza profunda na Barra Funda. Tula Pilar vive. Hashtag Marco Pezão.
Nós é ponte e atravessa qualquer rio. Com ou sem água. Aprendi que “seca braba” é chamada aqui de “crise hídrica”. Acorda, meu povo. E o povo se levanta. Passeatas históricas pela Paulista. Professores, metalúrgicos, comunidade artística, LGBTQIAPN+.
Quantas letras do alfabeto forem necessárias. Lembro-me dos caraspintadas (nada a ver com indígenas).
Lutar por todos os direitos. Tanto show de graça. Daí parti para fazer baladas literárias. Enquanto outras festas são feitas com um milhão, a Balada Literária desde 2006 é feita com humilhação. Eu peço.
Tenho a proteção de Xangô. Estreitei em São Paulo meus terreiros de devoção. Eu não ando só. É toda uma multidão. O povo, de cabeça baixa, rezando no celular. Amém, saravá. Uma procissão de filas. No meio do caminho tem um Minhocão. Minha santidade de devoção: Cauby Peixoto, Célia, Elis. Tata Fernandes, Lirinha, Otto, Cristine Takuá, Tiganá. Adrienne Myrtes, Mutarelli, Ferréz, Rubi. O cantor Rubi. A voz de Rubi. Muitas riquezas que São Paulo me deu. Tanta gente que se matou (e se mata) de trabalhar para a Paulicéia Desvairada prosperar. Em quê?
Economia Criativa parece nome de festa patrocinada pela Vale Quanto Pesa. Ou pela Bolsa de Valores.
A FeliZs é o acontecimento mais afetuoso da literatura. Idem a Mostra
É verdade que a gente encontra tanto artista em São Paulo, Marcelino?
Há muitos talentos cuspindo fogo nos semáforos. Não vê? Show de rock é muito caro. Conheci uma maravilhosa travesti chamada Lollapalooza. Amo. Em São Paulo tem muita esquina e abandono.
Marcelino Freire
de Artes da Cooperifa. A Ria e as outras livrarias de rua. Piva vive. Hashtag Glauco Mattoso. Conheci Miró da Muribeca no Espaço Plínio Marcos. Cruzei com Plínio em uma encruzilhada. Também vi uma vez, em passeio de rua, Caio Fernando Abreu indo à feira comprar Morangos Mofados. É verdade que a gente encontra tanto artista em São Paulo, Marcelino? Há muitos talentos cuspindo fogo nos semáforos. Não vê? Show de rock é muito caro. Conheci uma maravilhosa travesti chamada Lollapalooza. Amo. Em São Paulo tem muita esquina e abandono. Cachorro limpando a bosta que o dono fez. Criançada vendendo panos de prato, uma casinha no campo, xadrez. Vi um mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam. Todo copo é de cólera. A gente diz que ama São Paulo, mas só quer sexo. Amo João Silverio Trevisan. Adoro Adoniran.
Conheci o amor da minha vida subindo a escada rolante do metrô. Eu de um lado, ele do outro. A gente descobre que subiu na vida quando encontra uma escada rolante pelo caminho.
Acho que terminei o texto. Não vou revisar mais. Chega! Ufa! Que demora. Sempre essa correria.
São Paulo quando ficar pronta vai ficar muito bonita.
Referências: música “Asa Branca”; Rita Lee por Caetano Veloso; Criolo; Feira Literária da Zona Sul; Evandro Affonso Ferreira; Raduan Nassar; a última frase desse texto eu ouvi da cineasta paulistana Marcela Lordy.
rettarteo
a convergência de tecnologias e a multiplicidade do indivíduo
Lucas Emanuel
Rettrarteo é uma série de retratos desenvolvida pelo fotógrafo Lucas Emanuel. Ela é criada utilizando um telefone celular com tecnologia de ponta e um filtro prisma fabricado nas décadas de 1970 e 1980 na então Alemanha Ocidental. A técnica consiste em posicionar o filtro manualmente na frente da lente do dispositivo móvel, permitindo que a imagem capturada se revele e se modifique conforme o filtro é suavemente movimentado. Esta abordagem combina equipamentos de diferentes séculos, oferecendo uma proposta visual que explora a multiplicidade do indivíduo retratado. A arte do retrato tem evoluído constantemente, incorporando novas tecnologias e técnicas para capturar a essência humana. Rettrarteo propõe uma fusão interessante entre a tecnologia contemporânea de smartphones e um artefato histórico, um filtro prisma Prinz Mirage 49mm West-Germany/571, para criar uma experiência visual única.
Para a criação das fotografias, o filtro é posicionado manualmente na frente da lente do smartphone, sem qualquer tipo de fixação permanente. A movimentação suave do filtro permite que a imagem capturada se transforme continuamente, oferecendo múltiplas perspectivas do mesmo sujeito. Este processo não apenas une tecnologias de épocas distintas, mas também desafia a percepção tradicional do retrato como uma representação singular e estática.
A técnica utilizada resulta em imagens que nos trazem a complexidade da identidade humana. Embora cada fotografia apresente apenas um retrato de um indivíduo, ela sugere que cada pessoa é, de fato, composta por múltiplas facetas. Essa ideia é fundamentada na premissa de que nossas interações com os outros criam diferentes apresentações de nós mesmos. Por exemplo, um indivíduo pode ser visto como filho pelos seus pais e simultaneamente como vizinho por aqueles que vivem nas proximidades de sua residência.
O ensaio, que segue em execução por Lucas, oferece uma outra perspectiva sobre a arte do retrato, destacando a multiplicidade inerente à identidade humana. Todas as fotografias da série foram capturadas e editadas exclusivamente com o uso de um smartphone, demonstrando o potencial das tecnologias modernas em combinação com técnicas tradicionais. Essa abordagem não apenas celebra a evolução tecnológica, mas também convida à reflexão sobre a multiplicidade da identidade individual.[L.E]
fotojornalismo
fotojornalismo pós-indicial
Ivan da Costa Alecrim Neto
José Afonso Silva Junior
Carolina Dantas de Figueirêdo
Em 25 de março de 2023 um novo produto sociotécnico popularizou-se nas redes digitais ao ocupar as contas dos veículos de jornalismo - as imagens hiper-realistas geradas por Inteligência Artificial (IA) que têm intenção de assemelhar-se ao que entendemos historicamente por uma fotografia. Essa nova possibilidade, que nomeamos de promptografia ou fotografia pós-indical, veio à baila com imagem do Papa Francisco vestindo um casaco puffer. Este foi o primeiro evento midiático significativo envolvendo uma promptografia, apontando para novas possibilidades.
Vale recuperar aqui a memória do próprio fotojornalismo. Este emerge com ilustrações feitas a partir dos daguerreótipos produzidos de um incêndio na cidade de Hamburgo, 1842. O proto-fotojornalismo (Sousa, 2000). Ilustradores, mesmo não estando diante do acontecimento, debruçaram-se sobre as fotografias captadas e transferiram as imagens para seus desenhos. Para além das limitações dos parques de impressão dos jornais, que não tinham tecnologia suficiente para imprimir fotografias, a cultura visual do período era capaz de ancorar a “verdade” de um fato, independente do estatuto de presença, nas imagens feitas à mão que estampavam as páginas dos impressos diários ou semanais.
Isto posto, o que faz a fotografia ser uma ferramenta do jornalismo não é apenas a sua capacidade de representar
com grande semelhança um índice que ancore a provável aparências dos acontecimentos. Para tanto, vamos observar este pensamento de Baudrillard.
O real é produzido a partir de células miniaturizadas, de matrizes e de memórias, de modelos de comando - e pode ser reproduzido um número indefinido de vezes a partir daí. Já não tem de ser racional, pois já não se compara com nenhuma instância, ideal ou negativa. É apenas operacional. Na verdade, já não é o real, pois já não está envolto em nenhum imaginário. É um hiperreal, produto de síntese irradiando modelos combinatórios num hiperespaço sem atmosfera (1991, p. 9).
Assim, entende-se que a imagem do fotojornalismo pretende versar sobre “verdades”, no entanto, seguindo na direção da hiper-realidade, de tal forma que já não alcança-se nem o real e nem a verdade. “A era da simulação inicia-se, pois, com uma liquidação de todos os referenciais” (Baudrillard, 1991, p. 9). É justo nessa capacidade de perceber a simulação nos acontecimentos, que propomos observar a fotografia de atualidades. Baudrillard explica:
Dissimular é fingir não ter o que se tem. Simular é fingir ter o que não se tem. O primeiro refere-se a uma presença, o segundo a uma ausência. Mas é mais complicado, pois simular não é fingir: “Aquele que finge uma doença pode simplesmente meter-se na cama e fazer crer que está doente. Aquele que simula uma doença determina em si próprio alguns dos respectivos
Uma das primeiras fotografias premiadas (digidirect photography competition) gerada por IA do mundo, criada pela empresa Absolutely.ai
sintomas” (Littré). Logo fingir, ou dissimular deixam intactos o princípio da realidade: a diferença continua a ser clara, está apenas disfarçada, enquanto que a simulação põe em causa a diferença de “verdadeiro” e do “falso”, do “real” e do “imaginário”. O simulador está ou não doente, se produz “verdadeiros” sintomas? Objetivamente não se pode tratá-lo nem como doente nem como não-doente (1991, p. 9-10).
Outrossim, o fotojornalismo sustenta-se como ferramenta da notícia por ancorar no simulacro (mundos possíveis) sua capacidade de narrar um acontecimento. Dialoga sobre um achatamento entre o campo do real e o imaginário, criando um espaço de hiper-realidade que desenvolve-se em um hiperespaço. O que há numa fotografia, não há como afirmar que é verdadeiro ou falso. É justo na pressão deste achatamento que surge uma imagem possível para a fotografia de atualidades. Uma foto que é capaz de fixar-se como representação do factual, entendendo que o índice por si só não ancora a verdade, e podemos assim enunciar um fotojornalismopós-indicial.
Soulages (2010, p.99) escreve:
“a que se assemelha, pois uma fotografia? Em todo caso, não ao objeto a ser fotografado, porque ele é incognoscível, inapreensível e, portanto, infotografável, Uma foto só se assemelha a uma outra foto, nem mesmo ao fenômeno visual visado”. Em acréscimo, Barthes (1980) nos faz entender que a fotografia é uma articulação de três dimensões: O Operator é o fotógrafo. O Spectator somos todos nós, que compulsamos, nos jornais, nos livros, nos álbuns, nos arquivos, coleções de fotos. E aquele ou aquela que é fotografado, é o alvo, o referente, espécie de pequeno simulacro, de eídolon emitido pelo objeto, que de bom grado eu chamaria de Spectrum da Fotografia, porque essa palavra mantém através de suas raiz, uma relação com o “espetáculo” (1980, p. 20).
O próprio Barthes diz que “seja o que for o que ela dê a ver e qualquer que seja a maneira, uma foto é sempre invisível: não é ela que vemos” (1984, p. 16). Este desarranjo que uma fotografia é capaz de causar, que nos impulsiona a afirmar que enxergamos nela o objeto propriamente inscrito, está no fato da imagem ser produzida diante do índice e pelo contrato social firmado em seu surgimento que “envolve a promessa de fornecer uma imagem mais perfeita que a arte poderia produzir” (Afonso Júnior, 2021, p. 30). Isto posto, Berger nos esclarece: [...] assim que uma fotografia é usada como meio de comunicação, isso envolve a natureza da experiência vivida, e então a verdade torna-se mais complexa.
[...] Em certo nível não há fotografia que possa ser contestada. Todas elas têm o status de fato. O que deve ser examinado é de que modo a fotografia pode ou não dar significado aos fatos (2017, p. 98).
É fundante aqui elucidar que, segundo o autor, a fotografia não pode mentir, mas também não pode expor a verdade. Assim, “a verdade que ela diz, a verdade que ela pode em si mesma defender, é uma verdade limitada” (Berger, 2017, p.97). Entendemos então que o fotojornalismo, para que sustente-se enquanto a possível aparência dos acontecimentos, necessita superar a ambiguidade da fotografia. Pois, como afirma Berger “todas as fotografias são ambíguas. Todas foram extraídas de uma continuidade” (2023, p.91).
Se o acontecimento é um evento público, essa continuidade é a história; se é pessoal, a continuidade que foi rompida é a história de vida. Mesmo uma paisagem pura rompe uma continuidade: a da luz a do tempo. A descontinuidade sempre produz ambiguidade. Mas frequentemente essa ambiguidade não é óbvia, pois assim, tão logo as fotografias passam a ser usadas ao lado de palavras, elas juntas produzem um efeito de certeza, ou até mesmo de afirmação dogmática (ibidem 2013, p. 91-92).
Diante disso, podemos entender que o fotojornalismo é resultado de um protocolo de encenação, um mundo possível de ter acontecido da maneira como está sendo apresentado. O fotojornalismo é feito de mundos possíveis, mas que sustentam-se no conteúdo com o objetivo de informação. Ancorar na imagem fotográfica o estatuto de “verdade” é um resultado sociotécnico e sociocultural. É a “fé” que rendemos ao fotojornalismo, somado aos componentes formadores da notícia: manchetes, texto jornalístico, legendas e tudo isso embarcado no “sistema perito”.
A segunda, talvez mais significativa característica dos Sistemas Peritos é que eles implicam, da parte dos clientes ou consumidores, uma crença em sua competência especializada. (Miguel, 1999, p. 198)
Estes entendimentos abrem terreno para que o jornalismo possa absorver essa nova imagem emergente como ferramenta - a promptografia. Para tanto, é necessário propor que o universo do fotojornalismo deve radicar-se no espaço da pós-indicialidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS, AINDA QUE PROVISÓRIAS
Sem intenção de alongar, entendemos que o fotojornalismo não localiza sua “verdade” na presença de seu índice gerador. Ele tem a intenção da “verdade”, mas, situa a
O filósofo francês Rolland Barthes (1915-1980) Uf Anderson/Divulgação
mesma na soma das parcelas constituintes da notícia.
A manchete, o texto jornalístico, legendas e a própria fotografia, tudo isso embarcado em um sistema perito. Dentro da dimensão deontológica, a fotografia pós-indicial, em sua suficiência técnica, convoca a artificialização, mesmo escopo utilizado no protofotojornalismo, para localizar a realidade em um regime de imagens pré-indicial, feito por insuficiência técnica. Essa imagem prismática, capaz de unir o primeiro momento da fotografia de atualidades e o tempo presente, como um ouroboros do fotojornalismo, torna-se possível na medida que percebemos a fotografia como uma operação de simulacros.
Mas, o que faz com que o fotojornalismo ainda não tenha adotado a Inteligência Artificial como uma ferramenta?
A resposta reside em mindsetting. A imagem gerada por Inteligência Artificial ainda não é uma tecnologia assentada no escopo sociocultural, no entanto, a velocidade de desenvolvimento tecnológico e a pressão econômica devem fazer com que o fotojornalismo assuma esta tecnologia em
pouco tempo. É possível que, com a absorção da IA por parte das redações, várias profissões percam seu sentido, incluindo o fotojornalista, nos modelos que conhecemos até hoje, mas outras tantas apareçam.
REFERÊNCIAS
AFONSO JÚNIOR, José. Instantâneos da fotografia contemporânea 1.e.d. - Curitiba: Appris, 2021.
BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d’água, 1991.
BARTHES, Roland. A Câmara Clara: notas sobre a fotografia. 9.e.d. - Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980.
BERGER, John. Para entender uma fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
MIGUEL. Luiz Felipe. O Jornalismo como sistema perito. Tempo Social. São Paulo, maio de 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/ XwvpYqjz4DpvNBbzsXRD4cn/?format=pdf&lang=pt . Acesso em: 15 de dez. de 2023.
SOULAGES, François. Estética da Fotografia: Perdas e Permanências. São Paulo: Editora Senac, 2010.
SOUSA, Jorge Pedro. Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. 1. ed. - Chapecó: Editora Grifos, 2000.
prêmio alcir lacerda 2024
“A mulher nasceu para ser rio” [G.C.]
por Renata Victor
Sempre de olho na produção contemporânea da fotografia, sem esquecer as grandes contribuições da tradição, Gisele Carvallo vem construindo um modo de ver a fotografia e as imagens produzidas por mulheres no Brasil, especialmente em Pernambuco. Interessada nos grandes temas da vida brasileira, a fotógrafa vem arregimentando outras artistas visuais em busca de ocupar cada vez mais espaço no indústria fotográfica nacional, elevando as discussões sobre temas caros ao feminismo como a desmistificação de padrões e estereótipos na representação do feminino, na fotografia e nas demais artes visuais, buscando mudar a consciência mais comum sobre a diversidade de formas e identidades humanas, sobretudo das minorias, mais discriminadas pela violência de gênero, a questão racial e a visibilidade LGBTQIAPN+. Enfim, uma fotógrafa brasileira que reivindica o correto lugar da mulher na pauta das discussões contemporâneas.
A UnicaPhoto conversou com Gisele sobre os principais temas de seu trabalho e sua aposta sempre no coletivo.
Como você vê o papel das mulheres na fotografia contemporânea, especialmente dentro de coletivos como o que você participa em Pernambuco?
Durante toda a história da arte, ser artista mulher foi uma subversão e uma luta contra o silenciamento e a invisibilidade. Diante do advento da fotografia, não foi diferente para as fotógrafas. Se fizermos uma lista, os “principais” nomes da fotografia são masculinos, mesmo havendo mulheres fotógrafas que desenvolveram trabalhos bastante significativos.
Na fotografia contemporânea, mesmo que ainda não é o cenário ideal, vemos com satisfação esse movimento de ocupação de novos espaços, de mulheres se destacando nacional e internacionalmente. No entanto, nos dias de hoje, ainda que em menor escala, continuamos enfrentando as dificuldades de ser artista mulher numa sociedade que dá prioridade aos nomes masculinos.
Quais desafios você enfrenta como fotógrafa mulher na indústria fotográfica brasileira atual?
A indústria fotográfica brasileira atual ainda é um espaço majoritariamente masculino. Para encontrar mais referências de fotógrafas mulheres, precisamos entrar em alguns nichos considerados “mais femininos”, como ensaios e fotografia de família. No meu trabalho fotográfico, que transita entre a fotografia de rua, a fotografia de paisagem e a fotografia conceitual, tenho enfrentado o desafio de ser levada a sério como profissional e de ser reconhecida dentro dessa caixa de concreto que abre mais espaço, mais visibilidade e mais oportunidade para o trabalho dos fotógrafos homens. Na nossa cidade, assim como no Brasil e no mundo, os números de mulheres em exposições, prêmios, em contemplação de editais, na presença em galerias e museus sempre são significativamente menores.
Como o seu trabalho e o das outras fotógrafas no coletivo refletem as questões de gênero e feminismo na sociedade brasileira?
Ao explorarmos temas como a desigualdade de gênero, a identidade feminina e a resistência, usamos a fotografia como uma ferramenta de expressão e de luta por direitos iguais. As imagens capturadas e construídas não apenas registram a realidade e a subjetividade do ser, mas também evocam reflexões e debates sobre a força feminina e o papel ancestral da mulher na sociedade. Portanto, nosso esforço coletivo ajuda a dar visibilidade e a valorizar a perspectiva feminina na arte, sendo isso especialmente importante em uma indústria que historicamente tem favorecido a perspectiva masculina. Dentro do coletivo, retratamos e mostramos mulheres em papéis e contextos não tradicionais, desconstruindo narrativas limitantes sobre o que significa ser mulher e garantindo que suas vozes e experiências sejam ouvidas e vistas. Mulheres que falam sobre mulheres.
Da mesma forma, trabalhando em um coletivo, demonstramos a importância da solidariedade entre mulheres, criando um senso de comunidade e apoio mútuo, o que é essencial para a verdadeira luta feminista.
Desenvolvendo diferentes estilos fotográficos, desde a fotografia documental até a fotografia conceitual, dentro da história e vivência de cada uma, através de exposições, oficinas, cursos e apresentações do nosso trabalho, também trazemos à tona histórias de mulheres artistas que foram esquecidas ou marginalizadas pela sociedade. Ao resgatar essas narrativas, restauramos memórias e contribuímos para “refazer” a história.
Qual a importância da representatividade feminina na fotografia para você e para o coletivo ao qual pertence?
A história da arte e da fotografia foi predominantemente escrita e documentada por homens. Nos livros de história da arte e da fotografia, os nomes femininos são escassos. Isso tem contribuído para a formação de gerações de artistas que, em sua maioria, não têm muitas referências importantes de artistas mulheres, resultando em uma visão distorcida e incompleta da arte.
Buscar representatividade feminina na fotografia é um processo duplo de resgate, que entrelaça passado e presente. Envolve não apenas recuperar e dar visibilidade às contribuições das mulheres no passado, mas também promover ativamente a presença e o reconhecimento das fotógrafas contemporâneas.
Esse movimento feminino na fotografia, além de nos impulsionar, reverbera em sermos inspiração para outras mulheres também reivindicarem seu espaço como artistas. Essas mulheres, por sua vez, podem inspirar outras, criando assim um ciclo contínuo de inspiração feminina dentro da arte.
Em que aspectos você acredita que as mulheres fotógrafas estão inovando ou trazendo perspectivas únicas para a cena fotográfica brasileira?
As mulheres fotógrafas, dentro da pluralidade da linguagem fotográfica, exploram uma diversidade de conceitos e estéticas. Elas estão, por exemplo, desmitificando os padrões estereotipados de representação do corpo feminino na fotografia, indo de encontro com normas preestabelecidas, valorizando a diversidade de formas e identidades corporais. Outras têm adotado uma visão antropológica em seu trabalho, utilizando a fotografia como uma ferramenta para descobrir e documentar culturas, tradições e identidades de diferentes comunidades. Narrativas sobre ancestralidade se tornam muito mais fortes quando exploradas por mulheres, através de imagens que conectam o passado com o presente, trazendo à tona a força das raízes matriarcais.
Também emergem projetos fotográficos belíssimos que exploram de forma sensível, profunda e potente questões sociais, incluindo temas como violência de gênero, discriminação racial e representação e visibilidade LGBTQIAPN+.
As mulheres fotógrafas também têm criado intersecções poderosas entre linguagens artísticas, combinando referências de outras formas de arte, como pintura, escultura, performance. Ao desafiar a ideia de uma fotografia “perfeita”, algumas fotógrafas incorporam elementos de imperfeição e experimentalismo em suas imagens, adotando técnicas fotográficas experimentais e alternativas como pinhole, cianotipia, antotipia, fitotipia, fotografia híbrida, entre outras, mostrando narrativas que permitem a expansão dos limites da criatividade e da expressão visual.
O esforço coletivo para dar visibilidade e a valorizar a perspectiva feminina na arte, sobretudo na indústria que, historicamente, tem favorecido a perspectiva masculina. “Dentro do coletivo, retratamos e mostramos mulheres em papéis e contextos não tradicionais, desconstruindo narrativas limitantes sobre o que significa ser mulher e garantindo que suas vozes e experiências sejam ouvidas e vistas. Mulheres que falam sobre mulheres”, reforça Giselle. Na foto, o coletivo Fotógrafas em Pernambco, em vernissage de exposição recente, no Recife.
Como vocês lidam com a questão da diversidade dentro do coletivo, considerando diferentes origens, etnias e classes sociais das fotógrafas?
Todos esses elementos, dentro de um coletivo de quase 100 fotógrafas, contribuem para um dos objetivos do grupo: a pluralidade e a representação feminina. Realizamos alguns eventos para enfatizar nossas diferenças, como por exemplo o “Café com Fotografia”, onde algumas fotógrafas, de diferentes origens, etnias, classes sociais e faixa etária, são convidadas a apresentar seu trabalho e seu processo criativo em reuniões informais seguidas de rodasde-conversa que enriquecem a perspectiva artística das outras integrantes.
Quais temas ou questões sociais você acha que as fotógrafas do seu coletivo estão mais interessadas em explorar através de suas imagens? Questões de gênero, empoderamento feminino, inclusão e crítica social, a poesia da cidade dentro e fora de nós e a subjetividade do ser.
Como a tecnologia tem influenciado a produção de imagens dentro do coletivo, e de que forma as mulheres estão se adaptando ou contribuindo para essas mudanças? As tecnologias vêm trazendo novas possibilidades e desafios que as artistas têm abraçado de várias maneiras. A democratização da fotografia, através da fotografia de celular, nos permite criar com mais praticidade, pois estamos sempre carregando nosso instrumento de
fazer arte. As facilidades que as atualizações das ferramentas de edição avançadas, como Adobe Photoshop e Lightroom, têm trazido, possibilitam a exploração de novas estéticas e técnicas criativas. Plataformas digitais e redes sociais como Instagram nos proporcionam visibilidade. Cursos online facilitam o aprendizado contínuo, enquanto ferramentas de colaboração virtual possibilitam projetos com fotógrafas de diversas regiões. Ainda estamos tentando (falo por mim!) acolher a inteligência artificial, que é um assunto bastante polémico dentro da fotografia.
Você percebe alguma mudança na percepção da sociedade em relação ao trabalho das fotógrafas mulheres nos últimos anos? Se sim, quais? Mesmo sabendo que ainda falta muito por conquistar, observamos que, nos últimos anos, a percepção da sociedade em relação ao trabalho das fotógrafas mulheres mudou significativamente. Há mais visibilidade e reconhecimento de suas contribuições artísticas em exposições, prêmios e publicações. A sociedade também está valorizando mais as narrativas diversas que as artistas trazem. A conscientização sobre a igualdade de gênero na arte tem levado a esforços para promover a paridade e reconhecer o trabalho das mulheres. A formação de coletivos e iniciativas femininas como a nossa têm criado redes de apoio e oportunidades, enquanto temas como gênero, identidade, raça e inclusão social abordados por fotógrafas ganham maior destaque.
Gisele Carvallo:
A conscientização sobre a igualdade de gênero na arte tem levado a esforços para promover a paridade e reconhecer o trabalho das mulheres. A formação de coletivos e iniciativas femininas como a nossa têm criado redes de apoio e oportunidades
“Sou um fotógrafo pernambucano”
por Filipe Falcão
Gustavo Bettini nasceu em São Paulo, mas como o próprio gosta de falar, logo se tornou recifense, onde mora desde o ano 2000. Foi na capital pernambucana que conheceu a esposa Claudia, teve os filhos Lis e Theo e criou uma sólida e respeitada carreira como fotógrafo. Tudo começou com o fotojornalismo que se tornou a base de formação de Bettini (como gosta de ser chamado) entre os anos de 2003 e 2008. Na sequência ele mergulhou em projetos autorais com as exposições Inframargem: margens de um mundo infravermelho (2008), Lusco-Fusco (2008), Entremeios (2014), em parceria com Lia Lubambo, e Travessia (2017 - 2019). Bettini faz parte do projeto ADI - Atelier de Impressão, empresa especializada em impressão de fotografias com padrão fineart. Em 2006, foi selecionado para expor na Bienal Internacional de Fotografia na Espanha, um dos principais eventos da fotografia mundial.
A UnicaPhoto conversou com Bettini sobre o começo da sua trajetória e sua ligação com a fotografia.
Como foi o seu começo na fotografia?
Eu sempre gostei de fotografia, desde quando eu era criança. Eu me lembro de quando eu tinha oito, nove anos, eu já fotografava coisas da casa, passeios familiares, o meu cachorro. Eu ganhei uma câmera muito simples de usar e quando tinha passeios da escola eu sempre levava essa câmera e fotografava. Eu gostava da ideia de na volta do passeio mostrar o que eu fotografei. Às vezes essas fotos eram publicadas no jornal da escola e saiam com o meu nome. Quando eu vim morar no Recife, no ano 2000, eu até fiz um curso de curtíssima duração com um fotógrafo. Na época não tinha graduação em fotografia. Eu estudei Turismo e Hotelaria na graduação, mas nesse curso eu acabava pegando cadeiras que eram de Fotojornalismo, Introdução à Fotografia, Fotografia Publicitária e um professor notou isso e me inscreveu para fazer um teste pra estagiário de fotojornalismo na Folha de Pernambuco. Isso foi no ano de 2003 e eu passei no teste. Eu deveria ter ficado dois ou três meses, mas eu gostei tanto que acabei ficando cinco anos. .
Você trabalhou muitos anos como fotojornalista. Como essa experiência ajudou você na fotografia autoral?
Sem dúvida nenhuma começar com o fotojornalismo me proporcionou conhecimentos e experiências que eu precisaria talvez de muitos mais anos para desenvolver. Eu acho que quem passa pelo fotojornalismo aprende e ganha uma agilidade na solução de dificuldades. O fotojornalismo te faz ter um olhar apurado que você vai facilmente identificar como resolver uma dificuldade. Você fotografa com várias condições de luz, com várias situações onde você vai dirigir alguém ou que você não pode dirigir. O fotojornalismo te dá esse lado criativo e prático.
Além da fotografia, quais são as referências que ajudam você no seu trabalho criativo?
Eu vou falar de uma série que eu acho fantástica, que quando alguém me pergunta qual série eu indico, eu geralmente falo ela. Não é uma série de fotografias, é uma série de gastronomia chamada Chef’s Table (2015 - seis temporadas) e eu acho que ela tem uma fotografia primorosa. Eu acho que é uma aula de composição, de luz e da maneira de contar a história. Outra coisa que eu gosto muito e estou numa fase de consumir bastante é o tipo de fotografia e direção de arte dos filmes do Wes Anderson. “Asteroid City” (2023), por exemplo, me encanta de uma maneira única pela maneira como ele conta a história e as imagens fantásticas que ele cria. São sensacionais. Gosto muito dos filmes do Jean Pierre Jeunet, como “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001).
Com relação ao seu trabalho autoral, como você cria os seus ensaios?
Eu tenho uma premissa com todos os meus ensaios. Eu crio as receitas, vamos dizer assim, as regras. Eu não vou sair fotografando para depois ver como as fotos se encaixam ou se juntar isso com isso vai dar uma história. Eu penso em todos os detalhes previamente, qual história eu pretendo contar com as fotos, qual estética eu vou usar e muitas vezes até a paleta de cor que as fotos vão ter. Então isso me ajuda a ter um norte e me ajuda a ser fiel ao trabalho que estou desenvolvendo. Quando você olha separadamente, eles são bem diferentes um do outro, mas dentro do ensaio eles têm uma unidade muito grande semelhante aos diretores que mencionei. Acho que talvez os meus ensaios sejam quase como filmes fotografados. Acho que eles têm uma história e eles têm uma unidade.
E como surgiu a relação do Atelier de Impressão com o seu conhecimento fotográfico?
Então, com relação ao Atelier, eu sempre gostei de processos de aprender a fotografar com filme, pensar na fotografia e na parte de impressão. Eu brinco que antigamente a gente tinha um laboratorista fiel que podíamos contar já que de modo geral não tínhamos muito controle sobre a parte de impressão. A gente chegava no laboratório, entregava o filme e pegava elas reveladas. Quando você conhecia um laboratorista, você podia minimamente pedir para ele deixar os tons
mais contrastados, a imagem um pouquinho mais saturada, enfim, você podia dizer o que você pretendia e o cara do jeito dele tentaria fazer, mas você não tinha controle absoluto. Então, quando o Fernando Neves e o Clício Barroso vieram conversar comigo sobre a proposta do Atelier, me fascinou. Sem dúvida nenhuma é fundamental o fotógrafo ter controle sobre como a fotografia vai ser impressa. Não adianta você fazer todo o processo, ter todo um cuidado durante o ensaio e você perder esse controle na última etapa. Então a impressão fineart é o processo que o Atelier trabalha e permite ao fotógrafo ter esse controle até o final e isso é fantástico.
Como surgiu este interesse pela impressão fotográfica?
Na época do jornal eu lembro que às vezes a impressão me frustrava. Eu olhava e pensava que aquela foto tinha uma sombra contrastada, uma sombra mais forte, mais profunda e não ficou do jeito que eu imaginava. E aí eu comecei a ir no parque gráfico, ir no setor de arte onde acontecia o tratamento da fotografia para entender porque a foto não saiu daquele jeito. E eu comecei a entender um pouco da latitude da impressão do jornal, de quanto de tinta aquele jornal consegue receber para ter contraste e entender quais eram as limitações. Eu passei a pensar na fotografia ia se relacionar com essa impressão, então fui tratar de entender como é que funcionava o processo offset de impressão de jornal para poder garantir que a minha fotografia fosse otimizada nesse processo. O jornal ganhava, eu ganhava e ficava mais satisfeito com o resultado. Então, foi o primeiro lugar que comecei a me interessar pelo processo de impressão e ver que dava
para ter algum tipo de controle conhecendo as limitações. Hoje no Atelier eu sei que os pilares da impressão são a qualidade e a longevidade. São preceitos que a gente busca o tempo todo. Então todo dia estão saindo técnicas novas, materiais novos, maneiras novas de se manusear e conservar essas impressões e isso me obriga a estar constantemente atualizado.
E com uma relação tão próxima e abrangente com a fotografia, como é para você receber o Prêmio Alcir Lacerda?
Eu tive o privilégio de conhecer seu Alcir quando eu estava buscando o meu desenvolvimento como fotógrafo. Eu sempre tive um interesse muito grande, mesmo quando já se falava do digital, na fotografia com negativo em preto e branco. Eu queria entender esse processo, então eu ia sempre levar os negativos para revelar com ele e quando eu ia pegar as fotos era um grande privilégio receber os comentários de seu Alcir. Era uma aula, ele me mostrava o negativo, o que ficou bom, o que poderia ficar melhor. Eu me lembro muito como ele tinha um prazer de abrir o armário e mostrar os equipamentos, as lentes e dizer para eu pegar tal lente e ir lá no jardim fotografar e ver qual seria o resultado, ver o efeito que a lente provocava. Era um grande aprendizado e eu sempre ficava muito feliz de ir lá e receber essa aula. Seu Alcir faleceu e, alguns anos depois, comecei a ser procurado pela família dele para revelar o material dele. Eu faço com muito orgulho porque eu tento retribuir o carinho e atenção que ele sempre teve comigo. E ganhar esse prêmio, que é a maior honraria da fotografia pernambucana, que leva o nome dele, é muito, muito, muito prazeroso. E eu fico muito feliz de receber esse prêmio.
ora, direis ouvir estrelas
para gostar de astrofotografia
Capaz de ver, ouvir e entender as estrelas
Neste 20 de julho, enquanto Unicaphoto preparava seu número 23,se comemoravam os 55 anos da chegada do homem à Lua. Você já deve ter ouvido todo tipo de teorias da conspiração para negar o fato científico. Mas imagens de Neil Armstrong passeando no satélite natural, a pé ou no módulo lunar, entre outras imagens que davam fim à competição entre as “estreças”! da Guerra Fria, fazem parte, hoje, dos livros de história e do imaginário da humanidade. “A Terra é azul”, disse o astronauta.
De lá para cá, o desejo estético e a necessidade científica de registrar estrelas e galáxias como tentativa de entender o universo tem sido uma ideia-fixa. Dos grandes telescópios as mais modernas lentes, há uma comunidade sem fim de astrofotógrafos, profissionais e amoadores, por aí.
A astrofotografia é uma arte/ técnica que combina ciência e criatividade, permitindo capturar a beleza e o mistério do universo através da luz. Da observação dos planetas mais próximos às galáxias distantes, a astrofotografia nos oferece uma janela para o cosmos. Unicaphoto tenta explorar um pouco os primórdios desse segmento e sua
evolução e destaca grandes nomes dessa área em torno do mundo, incluindo fotógrafos brasileiros excelentes. Esta matéria vai sugerir fontes e livros para você que deseja mergulhar mais profundamente nesse fascinante campo das galáxias, nebulosas, quasares, buracos negros, cometas, supernovas, planetas e pulsares.
TUDO COMEÇOU...
A astrofotografia tem suas raízes no século XIX, com a invenção da fotografia em 1839 por Louis Daguerre. Em 1840, John William Draper foi o primeiro a fotografar a Lua, e, em 1845, Léon Foucault e Hippolyte Fizeau capturaram a primeira imagem do Sol. No entanto, foi somente com a invenção de filmes mais sensíveis e telescópios de maior precisão que a astrofotografia começou a florescer verdadeiramente. A introdução de placas fotográficas sensíveis permitiu que os astrônomos capturassem imagens de estrelas e nebulosas, revelando detalhes que não podiam ser vistos a olho nu. A partir do século 20, a astrofotografia se expandiu rapidamente com o avanço da tecnologia, incluindo o uso de câmeras digitais e softwares de processamento de imagem que possibilitam fotografias mais nítidas e detalhadas. Ente os nomes que mais se destacam nesse ramo, podemos citar:
Embora Ansel Adams (1902-1984) seja mais conhecido por suas icônicas fotografias de paisagens, ele também foi pioneiro em técnicas de fotografia que influenciaram a astrofotografia. Sua abordagem meticulosa ao controle de exposição e contraste
inspirou muitos astrofotógrafos a experimentar técnicas similares na captura do céu noturno.
David Malin é um astrônomo e fotógrafo britânico-australiano que revolucionou a astrofotografia ao desenvolver técnicas de amplificação de imagem que permitiram capturar detalhes extremamente sutis em fotografias astronômicas. Ele é conhecido por suas imagens coloridas de galáxias e nebulosas que revelam a beleza e complexidade do cosmos. Uma galáxia tem o seu nome, Malin 1, que ele descobriu em 1986 e que é a maior galáxia espiral até agora descoberta.
Robert Gendler é um astrofotógrafo americano que produziu algumas das imagens mais detalhadas e impressionantes de galáxias e nebulosas. Utilizando telescópios de última geração e técnicas de processamento de imagem, Gendler criou uma biblioteca visual do universo que é amplamente reconhecida pela sua qualidade e beleza. A Astronomy Magazine citou suas imagens da galáxia de Andrômeda (M31) como uma das “mais belas imagens astronômicas dos últimos trinta anos”.
Thierry Legault é um astrofotógrafo francês amador conhecido por suas fotografias de alta resolução de eventos astronômicos, como eclipses solares e trânsitos planetários. Legault também é famoso por capturar imagens do Telescópio Espacial Hubble e da Estação Espacial Internacional em trânsito diante do Sol. É uma grande referência na astrofografia amadora.
A astrofotografia no Brasil
O Brasil, com seus céus claros e extensas regiões de baixa poluição luminosa, é um local privilegiado para a astrofotografia. O país tem produzido astrofotógrafos talentosos que têm contribuído significativamente para a área.
Rodrigo Andolfato é um astrofotógrafo brasileiro cujo trabalho se destaca pela qualidade e atenção aos detalhes. Ele é especialmente conhecido por suas imagens da Via Láctea e de fenômenos astronômicos raros, que capturam a imaginação e inspiram muitos a olhar para as estrelas.
O professor Adhemar Duro, recebeu o título de ‘Embaixador Fotográfico’ de uma entidade internacional pelo trabalho com a astrofotografia. Ele é o único brasileiro entre os 19 fotógrafos nomeados embaixadores do European Southern Observatory (ESO).
Carlos Fairbairn (Kiko), é formado em administração e pós graduado em gestão de meio ambiente, trabalha na área ambiental e, há vários anos, dedica suas horas vagas à fotografia astronômica. Já registrou o céu estrelado de vários lugares do mundo, com destaque para Brasil, Chile e Estados Unidos.
Kiko Fairbairn
Conjunção entre
Vênus e Marte
os números
“O astrofotógrafo curdo Darya Kawa capturou meticulosamente detalhes intrigantes da superfície lunar.
Este projeto ambicioso envolveu quatro dias consecutivos de observação e fotografia contínuas da Lua, culminando em um tamanho de imagem de 708 gigabytes: mais de 81.000 imagens empilhadas.
Ao mesclar engenhosamente quatro fases lunares distintas e regiões sombreadas, a imagem final revela de forma requintada a cativante topografia da superfície da lua.
A resolução da imagem é impressionante, com 159,7 megapixels.”
4 dias 708 gigabytes
81.000 imagens 4 fases
159,7 megapixels
Darya Kawa Mirza, 28 anos, de Erbil, capital da região do Curdistão, no Iraque, compartilha suas imagens de astrofotografia no Instagram, onde tem 131.000 seguidores.
Em uma entrevista recente, Darya disse ao Newsflash: “Eu amo o céu noturno, as estrelas e os planetas, e explorar o desconhecido.”
Sobre como ele consegue fotos perfeitamente cronometradas, Darya disse: “A astrofotografia é diferente da fotografia normal, e você tem que ser paciente, calmo, esperando pelo melhor momento. Às vezes, mesmo depois de trabalhar em uma única imagem por um mês, a maioria das fotos está longe de ser perfeita e 95% acabam indo para o lixo.”
números da lua
Técnicas e equipamentos na astrofotografia
A astrofotografia requer uma combinação de equipamentos especializados e técnicas específicas para capturar imagens claras e detalhadas do céu noturno. Aqui estão alguns dos elementos essenciais:
Telescópios e lentes
Os telescópios são ferramentas fundamentais para a astrofotografia, permitindo aumentar a luz e os detalhes de objetos celestiais distantes. Telescópios refletores e refratores são comumente usados, dependendo do tipo de fotografia desejada. Além disso, lentes de câmera de longa exposição são essenciais para capturar imagens do céu profundo.
Câmeras digitais
As câmeras digitais modernas, especialmente as DSLR e mirrorless, são amplamente utilizadas na astrofotografia devido à sua capacidade de capturar imagens em alta resolução e com baixo ruído. As câmeras modificadas para astrofotografia podem ser especialmente eficazes para capturar
comprimentos de onda específicos de luz, como o hidrogênio alfa, que é crucial para fotografar nebulosas.
Montagens e rastreamento
Montagens equatoriais e sistemas de rastreamento são essenciais para manter o telescópio ou a câmera alinhados com o movimento das estrelas. Isso permite longas exposições sem que as estrelas apareçam como rastros, garantindo imagens nítidas e focadas.
Software de processamento de imagem
O processamento de imagem é uma etapa crítica e uma das mais especializadas na astrofotografia. Softwares como Adobe Photoshop, DeepSkyStacker e PixInsight são amplamente usados para empilhar, alinhar e ajustar imagens, revelando detalhes e cores ocultas no céu noturno.
Se você está começando na astrofotografia, aqui estão algumas dicas para ajudar a capturar suas primeiras imagens do cosmos:
Comece com equipamento básico Não é necessário investir em equipamentos caros imediatamente. Uma câmera DSLR básica e uma lente de 50 mm podem capturar belas imagens da Via Láctea e de constelações.
Escolha uma localização escura
Procure locais longe da poluição luminosa para maximizar a visibilidade das estrelas e outros objetos celestiais. Especialistas afirmam que o deserto do Atacama, no Chile, é um dos melhores lugares do planeta para observar estrelas. Mas dá para encontrar lugares bons para a prática mais perto.
Experimente longas exposições
Use exposições longas para capturar mais luz e revelar detalhes que não são visíveis a olho nu. Experimente diferentes tempos de exposição.
Utilize um tripé estável Um tripé robusto é essencial para manter a câmera estável durante longas exposições e evitar imagens tremidas.
Aprenda sobre pós-produção O pós-processamento é uma parte vital da astrofotografia. Aprenda a usar softwares de edição para aprimorar suas imagens e destacar os detalhes ocultos.
Paciência, sobretudo a astrofotografia exige técnica apurada e muita paciência. Para a produção de uma única imagem, pode-se tirar mais de mil fotos por várias horas ou mesmo uma noite inteira.
Há 140 anos, nascia o poeta paraibano Augusto dos Anjos, morto há 110 anos. Poeta de difícil catalogação, até hoje, pode-se dizer que seu interesse pela natureza (o termo tem várias acepções em sua obra) como, por exemplo, nestes versos de “Tristezas de um quarto minguante”: Pelos respiratórios tênues tubos/ Dos poros vegetais, no ato da entrega/ Do mato verde, a terra resfolega/ Estrumada, feliz, cheia de adubos.
“A árvore da Serra” é um dos seus sonetos mais conhecidos. Um poema “ecológico”, escrito em um tempo onde ainda não se falava de ecologia.
Bem a calhar nos lembrarmos dele diante deste ensaio de Girleide Germana.
“Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Soneto XIII Olavo Bilac, do livro “Via Láctea”
dicas para iniciantes em livros e recursos para aprender mais
A astrofotografia é uma arte que continua a evoluir, impulsionada por avanços tecnológicos e pela paixão dos fotógrafos em capturar o universo. Desde os pioneiros que abriram o caminho no século 19 até os mestres contemporâneos que desafiam os limites do que é possível, a astrofotografia nos oferece uma visão única e inspiradora do cosmos. Com os recursos e conhecimentos certos, qualquer pessoa pode explorar e capturar a beleza do céu noturno, conectando-nos ao infinito de maneira profundamente pessoal e visual.
Se você está começando sua jornada na astrofotografia ou é um fotógrafo experiente em busca de novas inspirações, lembre-se de que o céu noturno está sempre em constante mudança, oferecendo infinitas oportunidades para descobrir e capturar sua beleza. Olhe para as estrelas, ajuste suas lentes e comece sua exploração do cosmos. A aventura espera por você.
Para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos em astrofotografia, aqui estão algumas recomendações de livros e recursos:
“Astrophotography” por Thierry Legault: Um guia abrangente sobre técnicas de astro-fotografia, cobrindo desde o básico até técnicas avançadas de captura e processamento de imagem.
“The Deep Sky Imaging Primer” por Charles Bracken: Este livro é ideal para iniciantes e oferece uma introdução clara e detalhada à astrofotografia de céu profundo.
“The Astrophotography Manual” por Chris Woodhouse: Um manual detalhado que cobre todos os aspectos da astrofotografia, desde a escolha do equipamento até o pro-cessamento de imagem.
“Astrophotography for the Amateur” por Michael Covington: Este livro clássico é uma excelente introdução à astrofotografia, oferecendo dicas práticas e técnicas para fotógrafos amadores.
Sites e fóruns online
Participe de comunidades online, como Cloudy Nights e AstroBin, onde você pode aprender com outros astrofotógrafos, compartilhar seu trabalho e receber feedback.
“Sob este pesado manto, eu tenho companheiros com os quais estou enterrado.”
A divina comédia, canto VI, versos 37-38)
Paulo André
Recife, 01 de julho de 2023. Rua da Saudade com rua João Lira. Boa Vista, Santo Amaro, ali onde a cidade se mistura. O Movimento de Luta por Moradia de Pernambuco enfrenta o inferno da desapropriação. A luta frequente. Uma cidade toda desigual. Assim como no Inferno de Dante, onde se deve deixar a esperança antes de se entrar, o movimento por casa e digni-dade se ergue em um tipo de fé chamada luta. Diante do descumprimentos de direitos humanos universais, além das promessas rompidas em muitos casos, como naquele dia, o povo segue em meio a uma cidade escurecida.
As imagens são do fotógrafo Paulo André. Elas dispensam mais palavras. Talvez mais uma: solidariedade.
Ela está no rosto de cada um desses e dessas lutadoras.
ensaio & tradução
La recoleta
Convencidos de caducidad por tantas nobles certidumbres del polvo, nos demoramos y bajamos la voz entre las lentas filas de panteones, cuya retórica de sombra y de mármol promete o prefigura la deseable dignidad de haber muerto. Bellos son los sepulcros, el desnudo latín y las trabadas fechas fatales, la conjunción del mármol y de la flor y las plazuelas con frescura de patio y los muchos ayeres de a historia hoy detenida y única.
“sólo a vida existe”
fotos de Filipe Falcão
textos de Jorge Luis Borges & Marcelo Pérez
Equivocamos esa paz con la muerte y creemos anhelar nuestro fin y anhelamos el sueño y la indiferencia. Vibrante en las espadas y en la pasión y dormida en la hiedra, sólo la vida existe.
El espacio y el tiempo son normas suyas, son instrumentos mágicos del alma, y cuando ésta se apague, se apagarán con ella el espacio, el tiempo y la muerte, como al cesar la luz caduca el simulacro de los espejos que ya la tarde fue apagando. Sombra benigna de los árboles, viento con pájaros que sobre las ramas ondea, alma que se dispersa entre otras almas, fuera un milagro que alguna vez dejaran de ser, milagro incomprensible, aunque su imaginaria repetición infame con horror nuestros días.
Estas cosas pensé en la Recoleta, en el lugar de mi ceniza.
“Fervor de Buenos Aires”, 1923
Jorge Luis Borges | “Poesia Completa”, págs. 19 e 20 | Debolsillo, 3ª. edição, 2016
A Recoleta
Convencidos de caduquez por tantas nobres certidões do pó, demoramo-nos e abaixamos a voz entre as lentas fileiras de panteões, cuja retórica de sombra e de mármore promete o prefigura a desejável dignidade de ter morrido.
Belos são os sepulcros, o despido latim e as travadas datas fatais, a conjunção do mármore e da flor e as pracinhas com frescura de pátio
E os muitos ontens da história hoje detida e única.
Equivocamos essa paz com a morte e acreditamos anelar nosso fim e anelamos o sonho e a indiferença. vibrante nas espadas e na paixão e dormida na hera, só a vida existe.
O espaço e o tempo são formas suas, são instrumentos mágicos da alma, e quando esta se apague, apagaram-se com ela o espaço e o tempo e a morte, como ao cessar a luz
caduca o simulacro dos espelhos que já a tarde foi apagando
Sombra benigna das árvores, vento com pássaros que sobre os galhos ondeia, Alma que se dispersa em outras almas, Fosse um milagre que alguma vez deixassem de ser. Milagre incompreensível, Ainda que a sua imaginaria repetição
Infame com horror os nossos dias.
Estas coisas pensei em La Recoleta, No lugar da minha cinza.
Fervor de Buenos Aires, 1923
Jorge Luis Borges | Poesia Completa, Tradução de Marcelo Perez
Recoleta-Borges e os paradoxos
por Marcelo Pérez
Agências de turismo divulgam La Recoleta como competidor do Père-Lachaise de París, como cemitério mais cobiçados por viajantes. Hoje, são quase 5.000 mausoléus, nos 5,5 hectares do seu labirinto, traçado originalmente pelo engenheiro francês Próspero Catelin. Ali, se hospedam, além dos restos mortais de renomadas figuras da vida pública da nação argentina, uma inestimável riqueza em obras de arte. Considerado o campo santo com maior concentração de esculturas, produzidas por artistas franceses, italianos, espanhóis, argentinos, seguindo estilos clássicos e neoclássicos, belamente ilustrado nestas páginas.
Primeiro paradoxo
Fundado como público, em 1822, imbuído o governo de ideais de secularização e profilaxia que recomendaram: “enterratorios ajenos a la jurisdicción eclesiástica y que fueran lugares de sanidad mortuoria más seguros que las tumbas en el interior o en los atrios de las iglesias.”; o local escolhido foi a horta da igreja dos ‘recoletos’ del Pilar, anexa ao convento, na Zona Norte da cidade. Particular por ser uma das poucas partes ‘altas’ da região, sobre as barrancas do Rio de la Plata. Um jovem negro liberto e uma jovem humilde foram seus primeiros ‘moradores’ definitivos.
Segundo paradoxo
Foi o Aedes aegypti, vindo nos barcos mercantes, ou seus parentes de Paraguai, que vieram vingar a triste Triple Aliança os que causaram a quarta epidemia da febre amarela em Buenos Aires? Parentes dos que inspiraram os túmulos do Cemitério dos ingleses de Santo Amaro das Salinas, no Recife, com seus relógios travados em 1850, sob o epitáfio de ‘Yelow fever’?
Aproximadamente um décimo da população de Buenos Aires morreu em 1871, na quarta irrupção da peste. As famílias mais ricas dos bairros centrais da metrópoles procuraram, então, os locais de menos densidade populacional e mais ventilados, transformando assim La Recoleta e áreas vizinhas nos terrenos mais valorizados da cidade. Depois chegaram os próceres da independência a habitar e solenizar a necrópoles.
Terceiro paradoxo
A leitura dos sobrenomes no frontispício dos túmulos nos ilustra sobre a linhagem das famílias da oligarquia nativa que garantiram a sua morada em tão privilegiado recanto. Mas o selfiódromo principal do local é justamente o que alberga os restos da diva que muitos dos seus vizinhos, se vivos fossem, gostariam de expulsar. Eva
Perón. Evita. A abanderada de los humildes. Derrotada por um câncer em 1952, protagonizou um funeral saído do realismo mágico. Dezesseis dias de peregrinação levaram dois milhões de pessoas a desfilar frente ao seu féretro. Importaram-se flores dos países vizinhos e até do Japão. A poucos metros do seu descanso, no mausoléu da família Duarte, repousam os restos do general Aramburu, que depois do sangrento golpe de estado em 1955, ordenou sequestrar o cadáver embalsamado de Evita do seu mausoléu, na Central General del Trabajo. Durante 16 anos seu paradeiro foi um mistério. Finalmente foi devolvido ao seu viúvo na Espanha. Sepultado em pé, sob nome apócrifo num mosteiro na Itália. O cadáver tinha marcas de sevícia. Em 1970, um grupo revolucionário peronista, Montoneros, sequestra e executa o ex-presidente Aramburu, no que denominaram ‘julgamento revolucionário’, pelos fuzilamentos ocorridos depois do seu putch. Quatro anos mais tarde, o mesmo grupo armado, numa ação inspirada por sentido de “marqueting”, sequestra agora o ataúde de Aramburu, na própria Recoleta, para forçar o governo (peronista no momento), a repatriar os restos da “Jefa espiritual de la Nación”, título que lhe fora outorgado meses antes da sua morte.
Quarto paradoxo
Borges pouco fala de amores nos seus textos, mas os elementos arquitetônicos, os espaços metropolitanos estão retratados, apreciados e incorporados ao seu olhar existencial. O poema aqui traduzido faz isso com o local que inspira o presente artigo.
Seus versos finais, e outros, como “yo estaba siempre (y estaré) en Buenos Aires.” no poema “Arrabal” , de Fervor de Buenos Aires, sugerem que era intenção do escritor perpetuar sua transvida nos bairros em que viveu, Recoleta e Palermo.
As palavras do seu amigo de longas datas, Bioy Casares, sugerem que não estava nos planos originais do poeta ficar para a eternidade no Plainpalais, Genebra; onde fora, como ele desejava com saudades, recuperar a obscuridade. A cegueira tinha lhe roubado esse cotidiano fenômeno, duas décadas antes, para sumi-lo numa permanente galáxia amarela.
Nas horas certas, a mesma árvore projeta sua sombra sobre o seu túmulo e também sobre o de Grisélidis [Marcelle Réal] famosa mulher suíça, que escreveu alguns livros, pintora feminista e considerada uma das prostitutas mais cobiçadas no seu país e na Alemanha, em tempos da Guerra Fria.
O Borges do poema
Para os seus leitores este poema é manso, porque mansa é a sua leitura da vida e da morte. Não escapa à sua regra filosófica existencial, que eu aprendera a decifrar, nas tardes longínquas duma biblioteca anarquista em Mar del Plata. Minha sorte foi ter chegado às minhas mãos, naquele templo, antes que suas obras, (a memória me roubou, se em revistas ou em livro), entrevistas com ele. Numa delas, que me deslumbrou, interrogado sobre a possibilidade de alguma forma de além morte, explicou sua crença e ‘esperança’ de que nada mais existisse, considerando que de modo contrário seria injusto, depois de toda uma vida, não ter o direito a um apagamento total. Está nesse poema toda a nada hermética epistemologia borgeana. Essa amena descriçãocaricia das simplíssimas (e surpreendentes) coisas de todos os dias, a luz e seus matizes, a ventania, como ‘almas’, os pássaros, a harmonização do mineral com o vegetal, a sua admiração pela inteligência humana, capaz de elucubrar conceitos sobre fenômenos inexistentes como o tempo e o espaço. A futilidade das paixões humanas, porque “equivocamos esa paz con la muerte”, porque, ao fim das contas: “sólo la vida existe.”
Assim como na tragédia grega, o destino frequentemente parece implacável. Ele nos coloca frente a dilemas e sofrimentos inevitáveis. Neste ensaio, Leopoldo Conrado Nunes nos faz assimilar esses golpes, através do drama diário, onde cada um luta para encontrar sentido e redenção, buscando luz em meio à luz que há na escuridão. Estas fotos são uma narrativa onde o destino de cada um se apresenta, em todos seus paradoxos. Lançados à sorte, em todo lugar, está clara nossa trágica condição humana. Paisagens solitárias onde pessoas solitárias tentam se esconder. Se ali não houvesse um fotógrafo como Leopoldo.
vida: drama & tragédia
Leopoldo Conrado Nunes
aconteceu: fotografia o tempo todo
abril a junho de 2024
ABRIL
03 a 30
Realiza-se a Exposição Catavento: vivências artísticas fruto do Projeto Catavento, no hall da Biblioteca da Universidade Católica de Pernambuco
09
Bate-papo com o ex-aluno Renato Menezes, sobre o tema. Fotografia: mestrado e doutorado.
13
A professora Eduarda Andrade, e o seu orientador, Dr. Dario Brito, pesquisadores do Programa de PósGraduação em Ciências da Linguagem (PPGCL), estiveram em uma atividade de extensão realizada em parceria com os cursos de jornalismo (@jornalismounicap_) e fotografia (@unicap_ fotografia) da Unicap. Como parte do seu estágio de docência, Eduarda está coorientando os estudantes de jornalismo na construção da revista laboratório O Berro, realizada semestralmente com as turmas do sétimo período. 17
Formatura da 2ª turma do nosso curso MBA em Cultura
Visual: fotografia e arte Latinoamericana. Parabéns a todos e todas, pela dedicação e pelos trabalhos incríveis ao longo do curso. Desejamos sucesso nas novas jornadas!
18
Alunos do 3° módulo do curso de fotografia da disciplina de gerenciamento de cor e impressão da professora Mariana Nepomuceno foram conhecer tudo sobre o processo de impressão fine art na ADI, Atelier de Impressao. 24
O curso de Fotografia recebe o grupo Fotógrafas em Pernambuco, para a Oficina de laboratório químico preto e branco.
MAIO
Na disciplina “Linguagem Fotográfica II”, recebemos a visita do nosso ex-aluno de fotografia de moda @__uhgo , um dos fotógrafos mais bem conceituados deste segmento em nível nacional. Nessa noite incrível, fruto da no projeto da disciplina de Linguagem Fotográfica II, do professor João Guilherme Peixoto, Hugo compartilhou um pouco da sua trajetória e projetos que vem realizando, mostrando o seu processo de produção com a turma. Neste semestre, realizaremos parceria com uma marca de Streetwear de Pernambuco, com o intuito de fazer com que teoria e prática sejam vivenciadas de uma maneira muito conectada pelos nossos alunos do 3° módulo do Curso de Fotografia. Para enriquecer ainda mais os projetos desse semestre, Hugo estará conosco assinado a direção criativa e de fotografia. Nas realizações, a criação de um ensaio fotográfico, e a produção audiovisual, o “Fashion film”.
01
Estudantes de Fotografia da Universidade Católica de
Pernambuco visitam o Instituto Ricardo Brennand, um dos mais visitados museus da América do Sul.
04
Na tarde deste daquele sábado, os estudantes do primeiro módulo do curso puderam aplicar na prática os conceitos teóricos aprendidos em sala de aula. Na disciplina de Processos e Anatomia da Fotografia, os estudantes fazem uma imersão nos conceitos e funções que envolvem uma câmera como lentes, diafragmas, composições e uso dos flashes.
Exibição do filme “Sem Coração” de Nara Normande & Tião, no Teatro do Parque, no Recife, culminando no bate-papo com o diretor, Tião. Na plateia, alunos e professores de Fotografia Unicap.
08
Anunciados os finalistas do Expocom Nordeste 2024 e Gts.: E teve gente nossa, da Unicap e de Fotografia, entre eles. Um trabalho acadêmico desenvolvido pelos nossos professores, orientadores e estudantes. O curso de fotografia da Unicap tem se deixado sua marca no Expocom,
graças ao esforço de todos e todas. A gente agradece. 25
Aconteceu a tradicionalíssima e mais desafiadora competição de fotografia e audiovisual em linha reta: a Gincana do Saber Fotográfico, em sua 8ª. edição.Na competição, estudantes colocam em prática todo o conhecimento adquirido em sala de aula
através de uma série de desafios práticos e teóricos envolvendo tanto fotografia quanto audiovisual.
27
A gestora e historiadora Betânia Correa, diretora do Museu da Cidade do Recife, juntamente com o pesquisador Sandro Vasconcelos, historiador do museu formalizaram parceria com o Curso de Fotografia da Unicap na realização de concurso fotográfico importante, alusivo às comemorações do bicentenário da Confederação do Equador. O concurso é aberto ao público em geral, incluindo fotógrafos e fotógrafas, estudantes universitários, pesquisadores, historiadores e interessados na história do Brasil. As inscrições do “Concurso de fotografia Confederação do Equador vão até dia 15 de julho e devem ser feitas pelo e-mail museucidaderecife@ gmail.com
JUNHO / JULHO 03
A turma do primeiro módulo de Fotografia da Unicap recebeu um convite especial. O Coordenador do Programa de Ações de Cidadania da Defensoria Pública, @wilkerneves, convidou nossos estudantes para participar do casamento comunitário promovido pela instituição em 11 de junho no Geraldão, no Recife. Essa iniciativa tem como objetivo proporcionar aos estudantes uma experiência cidadã valiosa. Juntamente com a equipe de fotógrafos da @defensoriape e @bastidoresdopovo , os estudantes interessados irão ajudar a eternizar esse momento tão especial na vida dos noivos.
Recebemos a visita do nosso ex-aluno @oromulochico, que nos presenteou com um bate-papo inspirador. Ele compartilhou conosco seus projetos e realizações em fotojornalismo, traçando um panorama desse mercado amplo e diverso. Romulo também destacou a importância do aprendizado em sala de aula para sua trajetória profissional, mostrando como o conhecimento adquirido no curso tem contribuído para a sua carreira.
04
Conversa muito franca e produtiva com o fotógrafo convidado Pedro Pereira, tambpem ex-aluno, a turma de Linguagem Fotográfica II, ministrada pelo professor João Guilherme Peixoto. O fotógrafo compartilhou sua experiência e insights valiosos sobre o mercado de fotografia de eventos, além de dicas práticas para quem deseja seguir esse nicho rentável e cada vez mais profissional. 07 a 15
Trabalhos dos estudantes de fotografia, jornalismo, e publicidade e propaganda compõem a Exposição Interdisciplinar, na Biblioteca Central da Unicap, uma das culminâncias da disciplina de fotografia dos Cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.
09
Som do Alto no Compaz: Nos meses de maio (e junho), os estudantes do Curso de Fotografia da Unicap estiveram no Compaz, desenvolvendo uma ação de extensão dadisciplina Projeto Integrador I, sob coordenação da professora Renata Victor.