O contexto da indústria da carne no Rio Grande do Sul
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pecuária e a agricultura foram as duas estruturas de produção que caracterizaram a economia gaúcha no final do século XIX (LAGEMANN, 1985, p.19), portanto, define-se aí o início do período que marca o contexto do comércio da carne no Rio Grande do Sul. No final do século XVIII, iniciou-se o processo de industrialização da carne no Estado, com a introdução da técnica da salga e secagem ao sol, ou seja, o charqueamento. As charqueadas foram surgindo em lugares das regiões criadoras nas quais havia a possibilidade do transporte do produto para os mercados consumidores fora do Estado. Pelotas reunia essas condições e tornou-se, portanto, um núcleo charqueador importante na economia da região. No entanto, o final do século XIX veio encontrar esse setor econômico em plena crise que, segundo Pesavento (1980), estendeu-se até o início da Primeira Guerra. A autora observou que a crise deveu-se, sobretudo, à baixa rentabilidade advinda da precária tecnologia de produção e consequente sofrível disputa no mercado, então, já internacional (idem, p. 290). A Guerra desfez temporariamente a crise, porque a demanda por matéria-prima tornou-se premente, promovendo a procura por carnes de qualquer qualidade. É nesse momento que se introduziu a frigorificação da carne no Rio Grande do Sul e é sobre esse momento que se está a escrever. Destarte, enquanto a Guerra destruía países europeus, alguns outros da América tornaram-se campo de investimento para segmentos industriais e econômicos, que se beneficiaram do conflito armado. Um dos segmentos foi o da carne frigorificada, que se introduziu no Estado em um contexto marcado, sobremaneira, por três aspectos: 1) o da relação entre