O Frigorífico Anglo na Argentina
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pecuária, como bem observou Aguirre em seu texto já clássico de 1958, está na base tanto dos hábitos alimentícios como na da industrialização da Argentina. No que tange à indústria, o mercado inglês foi determinante nesse país. A Argentina foi o primeiro país a exportar carne refrigerada e congelada para a Europa, no ano de 1877 ( JUSTIPARAN; PUEYO, 2010), e a River Plate Fresh Meat Co. foi a primeira empresa estrangeira, de capital britânico, a construir um frigorífico no país, em Campana, província de Buenos Aires. Na verdade, esse foi o primeiro frigorífico a ser instalado na América Latina. Deste modo, o capital europeu fez a Argentina ser pioneira em muitas fases da indústria da carne: em 1883, foi enviada a primeira remessa de carne para Londres e poucos anos depois, tornou-se o primeiro país a exportar carne refrigerada. Em 1885, surgiu o Frigorífico La Negra, em Avellaneda, com capital argentino e britânico. E, em 1902, instalou-se na mesma cidade o La Blanca, com capital inteiramente nacional. Nessas três décadas que antecederam o século XX, os frigoríficos estrangeiros impunham-se progressivamente sobre os nacionais e nos primeiros anos do novo século o investimento britânico associou-se a outros capitais, tornando-se ainda mais forte. Em seu estudo sobre as trabalhadoras argentinas nos frigoríficos, Lobato (2007) observa que o capital britânico também estava presente em outras indústrias, como a têxtil, mas que o ramo industrial que mais gerava empregos foi o da carne (p.83). Segundo Buxeda (1983), em seus estudos sobre os frigoríficos no Rio da Prata, as empresas norteamericanas introduziram novos métodos de trabalho nos anos da década de 1910. Entretanto, uma década seria o tempo a transcorrer para que esses métodos se generalizassem determinando padrões pelos quais a repetição na sequência de operações imprimia destreza em cada operário. Logo, esperava-se diminuir o tempo de realização da tarefa e aumentar, consequentemente, o ritmo e a produtividade.