de seus primeiros livros (infelizmente eles estão agora esgotados). Eles são alguns dos melhores e mais bonitos livros-obra que eu já vi.” (Bookworks revisited, publicação original em 1980, republicado em Carrión, 1997, p.71 e 166) Mas se a primeira forma que nos vem à cabeça ao pensarmos no livro é o códice, a Wlademir Dias Pino e João Felicio dos Santos, primeira função é a de guardar informação. A marca e o logotipo brasileiros, 1974. E é sobre esse ponto de vista funcional que Pino vem construindo seu atual projeto, a Enciclopédia visual, originalmente com a colaboração de João Felício dos Santos (falecido recentemente). A Enciclopédia... é tida por Pino como uma ação social, uma forma de infiltrar a imagem no mercado cultural através de seu uso agregado à informação didática. Esse processo está ligado a sua mais profunda ideologia, um artista que aprendeu a ler nos jornais impressos da gráfica de seu pai antes de saber escrever. Ele mesmo imprimia nas oficinas da gráfica da Universidade Federal de Mato Grosso quando os funcionários demonstravam desinteresse, descuido ou incapacidade técnica. Máquinas consideradas problemáticas como a Solna 125 (usada na impressão da Enciclopédia...) não eram um desafio, eram uma parte integrante da criação. O volume inicial (ou fundador) da Enciclopédia... foi lançado como um livro comercial, A marca e o logotipo brasileiros, em 1974. Tem um formato de livro grande (26,5 x 18,5 cm), mas as páginas não são numeradas, apesar de serem mais de trezentas. É uma brochura costurada colorida, mas não com seleção de cores (como seria esperado), mas com cores chapadas puras (tintas prontas), normalmente duas impressões por página ou, quando apenas uma, o preto. Parece um catálogo de logotipos, mas ultrapassa isso em muito, já que tem uma infinidade de colagens obtidas por alto-contraste ou fotocópia, com o favorecimento do procedimento offset. De fato ele está longe de ser uma obra didática de comunicação visual nos moldes tradicionais, como certamente seria enquadrado pelo mercado livreiro. Depois desse lançamento, Pino passou para a segunda etapa da Enciclopédia visual, agora graficamente mais livre. Conseguiu imprimir seis números, todos com técnicas offset semelhantes a A marca..., mas agora em páginas soltas 20,8 x 20,8 cm. A partir desse momento, a Enciclopédia... será inteiramente sem textos, formada a partir de colagens, com o intuito de ser didática e trazer informação apenas visual. É um trabalho gigantesco de coleta e fotocopiagem para posterior reprodução colorida. Pino tem pronto todo o esquema para a sua continuação. Tudo: os assuntos, os títulos, os desdobramentos, a ordem mais indicada para publicação. Mas os originais não são perenes. Eles podem se modificar a qualquer momento, por adição, subtração ou rearranjo interno. As prateleiras de sua residência guardam centenas de pastas, todas classificadas e organizadas. Sua proposta é ad infinitum, com a pretensão de cobrir o conhecimento 183