Pesquisa em Foco
CARACTERIZAÇÕES REALIZADAS COM ARGILAS DA REGIÃO DO CARIRI - CEARÁ
1 Introdução
Amélia De Santana Cartaxo Engenharia de Materiais /UFCA ameliacartaxo@gmail.com
Antonio Demouthie de Sales Rolim Esmeraldo Engenharia de Materiais /UFCA tierolim@hotmail.com
Laedna Souto Neiva Professora/UFCA laedna@cariri.ufc.br
Maria Isabel Brasileiro Professora/UFCA isabelbras@cariri.ufc.br
produtos resultantes, sendo que a distância tornase um obstáculo. Este fato faz com que a região do Cariri-CE, possua um padrão produtivo considerado tecnologicamente atrasado quando comparadas a outras regiões do Brasil. Sendo que, o Anuário Estatístico (2010), relata que o Brasil também se encontra tecnologicamente atrasado frente a outros países produtores de cerâmica vermelha. Na opinião de Menezes et al. (2001), apesar da grande importância econômica e social da cerâmica vermelha no país, a grande maioria das jazidas de argilas não é devidamente estudada, não havendo, em geral, dados técnico-científicos que orientem sua aplicação industrial da maneira mais racional e otimizada possível. Desta maneira, este trabalho tem como objetivo a caracterização física e química das argilas utilizadas em olarias na região do Cariri- Ceará, como forma de desenvolver produtos que possuam características eficazes e que se enquadrem dentro das normas técnicas.
A indústria cerâmica brasileira tem participação de cerca de 1% no PIB nacional, sendo aproximadamente 40% desta participação representada pelo setor de cerâmica vermelha, também conhecida como cerâmica estrutural, a qual pertence a um segmento industrial de uso intensivo de mão de obra. Esse setor de cerâmica vermelha consome cerca de 70 milhões de toneladas de matérias-primas por ano, através das 12 mil empresas distribuídas pelo país, a maioria de pequeno porte, gerando centenas de milhares de empregos (MACEDO et al, 2008). No estado do Ceará, existem aproximadamente, 254 fábricas de produtos de cerâmica vermelha em atividade, distribuídas na sua maioria em pelo menos 10 municípios, oferecendo cerca de 8.000 empregos diretos e 30.000 indiretos (FIEC, 2012). Neste setor prevalecem as micro-empresas familiares com técnicas essencialmente artesanais e empresas de pequeno e médio porte que utilizam processos produtivos tradicionais (ANUÁRIO ESTATÍTICO, 2010, p.33). Na região do Cariri o número de fábricas chega a aproximadamente 30 empresas (MEHISUFC, 2014), sendo estas indústrias, de minerais não-metálicos, caracterizada como uma indústria “nativa” da Região, com uma estrutura de gestão marcadamente familiar, onde a presença das micro e pequenas olarias ainda é importante. O processo de manufatura, na maioria das fábricas da região do Cariri-CE, é simples e envolve a mistura de dois tipos de argila com água, passando em uma extrusora. A secagem, em algumas delas, é realizada ao ar livre, e a queima é feita usando lenha como combustível. Neste caso, todo o processo, na maioria das indústrias, fica comprometido, pois as peças não são monitoradas de forma adequada, comprometendo a sua qualidade e o rendimento da indústria. Outro agravante é que, a região do Cariri-CE, situa-se na região Sul do Estado do Ceará a aproximadamente 600km de distância da Capital Fortaleza e 500km de Campina Grande-PB, onde pode-se encontrar centros de pesquisa especializados, os quais poderiam realizar os testes necessários para aprimoramento das matérias-primas e dos
2 Fundamentação Teórica As argilas são compostas normalmente por diferentes minerais, que se misturaram durante o processo de fabricação. A quantidade e a natureza desses compostos, a composição química, granulometria das partículas e outros parâmetros da matéria-prima como o comportamento em presença de água, determinam as características do produto cerâmico. Desta maneira, o estudo das matérias-primas faz-se necessário para otimização do processo de fabricação, porém isto não é realizado por muitas indústrias brasileiras. O termo argila permite vários conceitos subjetivos e interpretativos, tornando-o, de certa forma, indefinível e com vários sentidos. As várias definições de argila dependerão do profissional que irá utiliza-la ou estuda-la, sejam eles, engenheiros civis, geólogos, agrônomos, mineralogistas, químicos, petrólogos, ceramistas, pedólogos, sedimentólogos, etc., os quais a definirá pelas suas propriedades, sua gênese, ou ainda pelas suas aplicações. Segundo Souza Santos (1989), a argila é um material natural terroso, de granulação fina, que 219