Jornal Script

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JORNAL SCRIPT

Pelotas, Junho de 2017

Edição nº 01

R$3,00

CONTEMPORANEIDADE

Novo álbum do Metallica

EM FOCO

David Lynch

Disco duplo “Hardwired... To Self Destruct” é o primeiro em oito anos e volta às origens da banda

O diretor de cinema que também é artista plástico e como essas coisas se entrelaçam

PÁGINA 8 RESENHA

PÁGINA 4 EVENTOS

DEPECHE MODE VEM AO BRASIL

Dear White People Nova série da Netflix expõe a ferida do racismo contemporâneo com sarcasmo e tiradas inteligentes PÁGINA 6

Depois de 24 anos da última visita ao país, trio faz show único em São Paulo acontece em março de 2018 promovendo o álbum novo, “Spirit” PÁGINA 2


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EVENTOS

Com álbum novo, Depeche Mode volta ao Brasil depois de 24 anos

“N

ós vamos tocar todos os grandes hits”, diz Andy Fletcher, tecladista do Depeche Mode, que anuncia a vinda da banda ao Brasil durante a nova turnê em 2018. Será a primeira visita do grupo desde 1994, quando fizeram dois shows em São Paulo. “É uma pena termos perdido o show na última turnê [em 2009], mas as circunstâncias não nos permitiram ir. Estamos duplamente determinados a ir agora porque a reação do público na América do Sul é fabulosa. Nós vamos tocar uma seleção de músicas de toda a nossa história.” O novo álbum da banda, “Spirit”, foi lançado no dia 17 de março e é o 14º do grupo. O que o diferencia dos álbuns anteriores são suas letras que funcionam como resposta aos acontecimentos políticos recentes. “Não somos uma banda política, mas eu acho que o Martin [Gore] perdeu a paciência há alguns anos com o que vem acontecendo e achou que deveríamos dizer algo. Desde que ele escreveu as músicas, o Trump subiu ao poder, o Brexit aconteceu, a Europa está desmoronando e o nacionalismo está em alta, então [o

álbum] agora tem mais significado”, diz Fletcher. “Nós não esperamos que grandes coisas aconteçam, só queremos que as pessoas pensem”, reage quando indagado sobre que tipo de mensagem ele gostaria de deixar para o público brasileiro com “Spirit”. Quando mencionado o recente comentário de Richard Spencer –o nacionalista americano que ficou famoso por levar um soco durante uma entrevista– sobre o Depeche Mode ser a banda oficial do movimento conservador americano que apoia a supremacia branca, ele ri. “Aquilo foi muito estranho. Acho que ele é um fã do Depeche Mode, mas quando disse que somos a banda líder do movimento, deve ter sido uma piada dele. Só que acabou sendo bom para nós porque ninguém sabia que estávamos prestes a lançar um álbum em resposta a pessoas como ele. Então tivemos muita publicidade. Estou contente por ter mais um fã.” Fletcher conta que “Spirit” foi gravado em quase metade do tempo que os discos anteriores da banda graças ao novo produtor James Ford. “Terminamos bem mais rápido que

os álbuns anteriores. Fizemos este disco em três sessões e uma sessão tem duração de quatro ou cinco semanas. Normalmente demoramos cinco sessões.” Considerado o grupo eletrônico mais popular da história, o Depeche Mode influenciou outras grandes bandas como Arcade Fire, Nine Inch Nails e Pet Shop Boys. “Acho que somos o primeiro grupo eletrônico a ser nominado para o ‘Rock And Roll Hall of Fame’. O modo como fazíamos música nos anos 1980 é o modo como todos fazem música agora”, relembra. A banda traz a Global Spirit World Tour para o Brasil no dia 27 de março de 2018, no Allianz Parque em São Paulo. “Estamos incrivelmente entusiasmados por retornar à América Latina”, diz o vocalista Dave Gahan. “Não conseguimos ver nossos fãs latino-americanos na última turnê, então sabíamos que tínhamos que reparar isso e agendar shows especialmente para eles desta vez.” Após a grande turnê européia neste verão e a próxima turnê no outono na América do Norte, a banda continuará a “Global Spirit Tour” com duas semanas de shows

Jornal Script | Junho de 2017

Reprodução

Anton Corbijn

Trio britânico toca no país em março de 2018

“Spirit” (2017), 14º álbum da banda

em estádios na América Latina em março de 2018. A turnê começará em 11 de março na Cidade do México, e continua por Bogotá, Lima, Santiago e Buenos Aires, antes de terminar em São Paulo. Os ingressos vão de R$120 a R$620 e estão à venda desde o dia 20 de abril no site da Livepass (livepass.com.br), que também conta com informações sobre pontos de venda físicos. Por Roberta Caldas


EVENTOS

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Pink Floyd comemora 50 anos com exposição em Londres

Reprodução

Visitantes podem entrar em réplica de van que transportou banda e ver mais de 350 itens, como cartazes e instrumentos. Cenários contam história da banda: de muro a estação de energia

Museu Victoria and Albert recebe a ‘The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains’

U

ma nova exibição em comemoração à carreira do Pink Floyd, que conta com numerosas curiosidades e homenagens à iconografia reconhecidamente surreal da banda, será inaugurada em Londres. O Museu Victoria and Albert irá sediar a “The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains” para marcar o 50º aniversário do lançamento do disco de estreia do grupo britânico, “The Piper at the Gates of Dawn”. “Não se trata somente de nostalgia”, disse o baterista do Pink Floyd, Nick Mason, que trabalhou com os desenhistas de algumas das ilustrações de capa mais lendárias da banda, Aubrey “Po” Powell e Storm Thorgerson, para conceber e

desenvolver a mostra. “Cinquenta anos sempre parece um bom momento, e a verdade é que não estaremos todos aqui para sempre. Perdemos dois da banda ao longo dos anos”, disse, referindo-se ao guitarrista e principal compositor original, Syd Barrett, e ao tecladista, Rick Wright, “e é muito importante... se você quiser contar estas histórias, fazê-lo quando as pessoas ainda estão por aqui para contá-las”.

Crônica audiovisual A exibição é uma crônica audiovisual da ascensão do Pink Floyd – de queridinhos da cena musical underground de Londres no final dos anos 1960 ao estrelato global e

Undertale

uma carreira que lhes rendeu 250 milhões de álbuns vendidos. Os visitantes entram em uma recriação em tamanho gigante da van que levou o Pink Floyd a suas primeiras apresentações e podem ver mais de 350 artefatos, que vão de pôsteres de show originais a guitarras, além de filmagens inéditas da banda em ação. As imagens emblemáticas vão de um modelo da estação de energia londrina de Battersea, que aparece na capa do disco “Animals”, de 1977, ao muro, que conta até com a presença de um professor gigantesco, que fez parte do cenário da turnê do álbum “The Wall” entre 1980 e 1981. Por Reuters

JOGOS MULTIMÍDIA

Reprodução/Toby Fox

O RPG em que você pode resolver tudo na conversa Undertale é um jogo lançado em 2015 para PC, feito quase unicamente por Toby Fox – incluindo a programação, roteiro, design e a incrível trilha sonora. Nesse jogo, você controla um humano que caiu no mundo subterrâneo dos monstros. O que é mais diferente é o sistema das batalhas, onde existe a opção “Act” ou “Ato,” na qual você pode conversar, contar uma piada, fazer carinho, flexionar músculos e Jornal Script | Junho de 2017

até flertar com o “inimigo.” A história é rica, os personagens são vivos e as piadas são muitas. Você pode fazer uma rota neutra, pacifista ou genocida. E o jogo lembra quais rotas você fez já fez! É aí que entra a quebra da quarta parede, com personagens que estão cientes de estarem em um jogo. Undertale está disponível para download na Steam por $19,99 e, acredite, vale cada centavo! Por Bárbara Kurz


EM FOCO

Lynch consegue causar medo com tomadas aparentemente banais e deixar dúvidas até onde não deveria apelando para recursos meramente visuais.

Chris Saunders

O cinema plástico de David Lynch O que esperar e como entender um diretor de cinema e artista plástico que parece trabalhar em prol da loucura.

Eraserhead (1977)

Twin Peaks (1990)

Cidade dos Sonhos (2001)

Reprodução/Universal Pictures

Reprodução/ABC

Reprodução/American Film Institute

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EM FOCO

“L

oucura!”, “Insanidade!” e “Assustador!” foram os comentários que mais ouvi das pessoas ao meu redor durante as quase três horas de duração do filme Império dos Sonhos (2006). Os poucos espectadores que restaram ao término da sessão não se contiveram e iniciaram uma torrente de perguntas entre si. Com filmes que deixam o convencional de lado e ultrapassam as barreiras da criatividade, David Lynch consegue causar medo com tomadas aparentemente banais e deixar dúvidas até onde não deveria. São inúmeras indagações que muitas vezes deixam a mensagem do diretor padecer no campo do ininteligível. Essa barreira, na opinião de Lynch, não existe. Segundo o próprio, em seu livro Catching the Big Fish, “(...) Algumas vezes as pessoas dizem que não conseguiram entender um filme, mas, na verdade entendem muito mais do que percebem”. Tal declaração, apesar de reconfortante, não convenceu por completo os insistentes fãs de seu trabalho. Descendente de finlandeses, Lynch nasceu em 1946 numa cidade chamada Misoula, localizada no interior do estado de Montana, Estados Unidos. Sua biografia, ao que parece, não é tão “conturbada” quanto suas obras. É casado e pai de três filhos, sendo Jennifer Chambers Lynch a única mulher. Talvez a descendência feminina seja a que mais reverberou no mundo cinematográfico, pois é ela a autora do clássico Encaixotan-

do Helena, um ícone do cinema cult trash. É óbvio que os genes tendenciosos para o bizarro foram herdados de seu pai. Nos extras da versão remasterizada de seu primeiro longa-metragem, Eraserhead (1977), David Lynch conta que se inseriu no mundo artístico através da pintura. Acabou estudando na Academia de Belas Artes da Pensilvânia e apostou na carreira de artista plástico até ser seduzido pelo cinema, que, posteriormente, o fez reconhecido em todo o mundo. Todavia, um talento não anula o outro: seus primeiros trabalhos como diretor estavam, mais do que nunca, incrementados de referências puramente visuais, característica que o acompanhou durante toda sua trajetória e ainda se mostra presente em suas mais recentes obras. Citando um exemplo banal: o filme Eraserhead demorou mais de cinco anos para ser concluído por motivos orçamentários, mas Jack Nance, que interpretou o protagonista, manteve o excêntrico corte de cabelo durante todo esse tempo, mesmo com esporádicos dias de gravação. Decisão tomada em conjunto com o diretor que, ciente da complexidade de sua obra, acredita que uma simples alteração visual – o penteado – pode influenciar diretamente na interpretação do espectador. Em Twin Peaks: Fire Walk With Me (1992), pressupõe-se uma relação com o quadro surrealista A reprodução interdita (retrato de Edward

James), do artista plástico belga René Magritte. Na pintura, a figura de um homem olha para um espelho, que, por sua vez, reflete a mesma imagem que vemos, ou seja, o reflexo também está de costas. Já na cena de Twin Peaks, Dale Cooper, personagem do ator Kyle MacLachlan, olha para a câmera de segurança três vezes e corre para a sala de monitoramento, constatando, assim, que sua imagem permaneceu congelada. A sequência ficou famosa pelo que acontece logo depois: a primeira aparição do personagem de David Bowie, que transita indiferente à imagem estática. Alguns defendem que o circuito de câmeras de TV pode ser uma clara analogia ao espelho de Magritte, tanto por semelhanças visuais quanto pelo fato de que ambos quebram a lógica natural das coisas. É isso que deve se esperar de uma obra de Lynch, no mínimo. Quem já assistiu a Veludo Azul (1986), Estrada Perdida (1997) ou Cidade dos Sonhos (2001) – com destaque para a cena do Club Silencio – deve deve ter notado o grande número de close-ups utilizados. Não falo de focalizar rostos, como em qualquer filme convencional, mas um zoom que se aproxima de um objeto até seu completo desfoque. Esse recurso quase sempre vem seguido do uso das cores vermelha ou azul. Qual o significado disso? Desvendar esta questão é um norte fundamental para a assimilação do conjunto. Na época do lançamento de Mu-

lholland Drive houve uma grande revolta vinda de espectadores que diziam não ter entendido o filme, além de não compreenderem o porquê de tanto espaço que a mídia destinou para tal. Para satisfazer as mentes mais confusas, Lynch redigiu uma lista com “dez dicas para ajudar a entender Mulholland Drive”, e duas delas se remetem a características de alguns objetos que aparecem durante o longa: o luminoso vermelho e a chave azul. Isso gerou tantas teorias por parte dos mais aficionados que já é senso comum achar que quando objetos azuis são enfocados, trata-se de um rompimento nas fronteiras entre o sonho e a realidade, já o enfoque no vermelho sinalizaria o regresso. Uma hipótese satisfatória, se em seu livro Catching the Big Fish, o diretor não dedicasse um (curto, porém inteiro) capítulo sobre essa questão, onde diz apenas uma frase: “(...) não faço ideia do que sejam”. Voltamos ao ponto de partida. Lynch quer libertar-nos dos padrões do cinema contemporâneo estimulando nossa imaginação. A essência de sua obra está fundamentada no fato de não interferir diretamente na interpretação de cada um, a fim de criar vários universos particulares. Parodiando a banda Depeche Mode, seria algo como “your own personal David Lynch” ou, “seu próprio David Lynch pessoal”. Por Sergio Coletto

ARTE DIGITAL Diversos artistas de estilos variados se uniram para criar uma exibição inspirada nas obras de Stephen King, o mestre do terror. A exposição, que acontece na Gallery 1988 em Los Angeles, leva o nome de KING e traz uma infinidade de artes que remetem ao trabalho do autor. As artes ficarão na galeria até o dia 27 de maio. Você pode conferir todas as obras no site da Gallery 1988 (https://nineteeneightyeight.com/ collections/king).

Arte e Stephen King

ShinYeon Moon

Exibição inspirada nas obras do mestre do terror são de gelar a espinha

Por Priscila Ganiko

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RESENHA

Série ‘Dear White People’ expõe as feridas abertas do racismo contemporâneo “E

Reprodução/Netflix

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is uma lista de fantasias para Halloween permitidas e não ofensivas: um pirata, uma enfermeira de roupas mínimas, qualquer um dos primeiros 43 presidentes dos Estados Unidos. “No topo das lista das fantasias inaceitáveis? Eu.” E assim, com um soco bem dado no queixo de quem diz que o racismo está acabado (nos Estados Unidos, Brasil, ou qualquer lugar que seja), que tem início a nova série da Netflix, Dear White People, cujo título no País ganhou a tradução de Cara Gente Branca. Trata-se da expansão do filme que sacudiu o festival de cinema de Sundance, realizado nos Estados Unidos, em 2014, e deu, ao diretor e criador Justin Simien o prêmio especial do júri dedicado aos novos nomes a ingressar na indústria cinematográfica. Ao atingir um novo público, de consumidores de TV por streaming, abordando com as mesmas questões de apropriação e assimilação cultural e conflitos raciais, Dear White People mostrou uma ferida muito mais putrefata do que o circuito de cinema independente exibia.

Um curto teaser da série, publicado em 8 de fevereiro deste ano, com 34 segundos de duração, foi visto 4,9 milhões de vezes no YouTube. Nele, a personagem Samantha White, interpretada por Logan Browning (da série Powers) narra as regras de etiqueta (ou bom senso) a respeito das fantasias para as festas do Dia das Bruxas norte-americano. Só isso foi suficiente para o vídeo receber mais de 400 mil avaliações negativas no YouTube (aqueles símbolos de polegares para cima e para baixo que aparecem próximos dos vídeos). Petições online foram criadas na tentativa de fazer com que Dear White People tivesse sua estreia cancelada na Netflix. Outros fizeram ameaças online prometendo cancelar a assinatura do serviço. Acusaram o trabalho de Justin Simien de racismo reverso, antes mesmo de assistirem aos episódios. E, se assim o tivessem feito, teriam respostas para suas questões, da inexistência de algo como “racismo reverso” e, principalmente, das questões que jovens negros enfrentam desde os primeiros anos até a vida adulta. Ali, foca-se no ambiente universitário norte-americano e na realidade dos poucos estudantes negros naquele ambiente. A série da Netflix expande o universo satírico criado por Simien

no filme de 2014 ao ter mais tempo para trabalhar no ponto de vista de cada um dos personagens que protagonizam a trama, Samantha White (Logan Browning), Lionel Higgins (DeRon Horton), Troy Fairbanks (Brandon P Bell), Colandrea ‘Coco’ Conners (Antoinette Robertson e Reggie Green (Marque Richardson). Em um texto encharcado de sarcasmo e tiradas inteligentes o bastante para desconstruir argumentos de gente que diz “racismo não existe mais”, Simien apresenta diferentes pontos de vista diante da questão central da série, a luta pela igualdade racial. “Eu quis levar toda a questão muito mais à frente do que havia conseguido ir com o filme”, disse Simien, em um painel realizado em Nova York, que debatia a liberdade criativa nas séries de TV. “Estava esperando que eles (Netflix) surgissem com uma lista de coisas que deveríamos cortar da série. E eles praticamente deixaram que a gente fizesse exatamente o que queríamos. Foi uma experiência única para alguém que está em seu segundo projeto como esse.” Para o criador, filme e seriado lidam com mais questões do que apenas o racismo. “Para mim, são histórias sobre buscas da própria identidade”, garante – e infeliz é aquele que enxerga o racismo onde não existe e deixa de ver aquele que está logo ali, diante do seu nariz. “Não estamos só dizendo: ‘Ei, pessoas brancas, é isso que vocês precisam saber’. A série também permite que as pessoas negras se enxerguem ali.” Por Pedro Antunes

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RESENHA

D

eixei claro em outras críticas que o gênero de filme que mais me atrai é o cinebiográfico, quando bem feito, óbvio. Por isso, descobrir sobre três mulheres que estavam a frente do seu tempo e ajudaram bastante na corrida espacial americana chamou minha atenção. Muito mais do que um longa sobre racismo Estrelas Além do Tempo fala de superação intelectual. A história se passa na época da segregação nos Estados Unidos, onde negros e brancos tinham posições bem distintas na sociedade. Não há nenhuma novidade aí, pois existem diversos outros filmes com racismo como tema principal, contudo não é o caso aqui e pode ser que algumas pessoas se incomodem pela falta de militância das personagens, por assim dizer. O que talvez elas tenham dificuldade para enxergar é que a proposta de Estrelas Além do Tempo é de ser um filme de superação pessoal e que dá para abordar um assunto sem ser de forma direta. A premissa aqui é mostrar o que três mulheres afro-americanas fizeram

Reprodução/Twentieth Century Fox

‘Estrelas Além do Tempo’ e a luta através da superação intelectual

para vencer as adversidades em campos de trabalho totalmente dominados por homens… brancos. Por mais que queira retirar o fator étnico da equação não seria possível, tendo em vista que a todo instante nos é apresentada essa diferença gritante entre os funcionários da NASA. Katherine Goble (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monaé) eram conhecidas como computadores humanos em Langley, assim como outras meninas como elas que habitavam um prédio dentro do complexo destinado aos funcionários afro-americanos. Só que as três possuíam habilidades específicas que contribuíram bastante

Aborda o racismo de uma forma menos incisiva do que o esperado, porém tão incômoda quanto.

para auxiliar os Estados Unidos na disputa espacial com a Rússia. O longa é dividido nas visões de cada uma das protagonistas sobre o papel que desempenharam nessa corrida espacial. Katherine foi ‘promovida’ para resolver questões de geometria analítica envolvendo equações que ajudariam a lançar alguns foguetes ao espaço e depois conseguir trazê-los de volta em segurança, para então num futuro não tão distante, terem a capacidade de fazer a mesma coisa com um astronauta a bordo. Mary foi designada a ser assistente do Engenheiro-Chefe que era responsável pela construção do foguete e encorajada pelo mesmo a se tornar uma Engenheira, pois era tão qualificada quanto qualquer um ali no departamento. E Dorothy, que estava cansada de ser deixada para trás e se humilhar para ter seu potencial reconhecido, viu na chegada dos novos computadores IBM a oportunidade perfeita para que ela e as outras meninas não fossem eventualmente substituídas pela máquina. Estrelas Além do Tempo é baseado no romance homônimo da escritora Margot Lee Shetterly e mostra a árdua caminhada dessas mulheres para serem finalmente vistas por sua capacidade intelectual e não mais definidas pela cor da sua pele. O filme aborda o racismo de uma forma menos incisiva do que o esperado, porém tão incômoda quanto. As expressões de asco, o ar de superioridade, o tom de deboche, as humilhações, a segregação do espaço, as dificuldades de locomoção, está tudo ali sem precisar que seja explicado em palavras, é nítido. Elas mostraram através de ações significativas o quão valiosas eram para o programa espacial e deram um fim a essa história de segregação, ao menos dentro de Langley. Todavia, suas contribuições ecoam e vão continuar a ecoar pelo mundo e servir de inspiração para muita gente. Por Melissa Andrade

FOTOGRAFIA

Fotografia brasileira em destaque ‘Oscar’ da fotografia mundial tem quatro brasileiros na final

O World Photography Awards, o “Oscar” da fotografia mundial, conta com quatro brasileiros entre os 10 finalistas nas categorias Profissional e Aberta. São eles: João San, Franklin Neto, Gil Josquin e Caio Vita. De acordo com publicação da Folha de S. Paulo, as fotografias deles foram escolhidas entre 227 mil fotos enviadas de 183 países diferentes. O anúncio dos ganhadores será feito em Londres, na Inglaterra, em duas datas diferentes: 28 de março e 20 de abril - dependendo da categoria em que estão inscritos.

João San

Por Catraca Livre

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CONTEMPORANEIDADE

Animais Fantásticos e Onde Habitam – o roteiro é nosso!

Depois de oito anos, Metallica lança novo disco Álbum duplo mostra a banda voltando às suas origens

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enhuma banda conseguiu aperfeiçoar tão bem a mistura de agressão e melodias suaves. Agora, com “Hardwired... To Self-Destruct”, os deuses do heavy metal dos EUA lançam o seu 11° álbum. O álbum do Metallica está à venda tanto nas versões física quanto digital. Há 35 anos na estrada, o Metallica é, por assim dizer, uma banda de idade avançada, mas seu som não perdeu nada com o tempo. Lançada em agosto de 2016, a canção-título “Hardwired” aumentou a alegria antecipada dos fãs. Aqui estão eles outra vez, os velhos guerreiros, que com pouco esforço, muita velocidade e a voz inconfundível de James Hetfield, fazem jus às origens. Não é nenhuma coincidência que, neste novo disco, um conhecedor da banda se lembre do primeiro álbum do grupo, Kill ‘Em All (1983). O baterista e fundador do grupo, Lars Ulrich, admite que “existam ali alguns elementos que passaram para o novo álbum.” Por Deutsche Welle

Reprodução/ Warner Bros. Pictures

Reprodução

Rocco publicará roteiro original do filme

A

Editora Rocco publicará em português, como parte do novo programa de publicação do Mundo Bruxo de J.K. Rowling, a edição impressa do roteiro original do filme Animais Fantásticos e Onde Habitam. Inspirado no livro-texto de Hogwarts escrito pelo personagem Newt Scamander, Animais Fantásticos e Onde Habitam: Roteiro original é uma história nova que marca a estreia como roteirista para o cinema de J.K. Rowling, autora da adorada série Harry Potter, bestseller internacional. O livro compreenderá o roteiro de J.K. Rowling para o filme na íntegra: uma aventura emocionante apresentando uma variedade de personagens e criaturas mágicas. O design da capa e do miolo de foi criado pela dupla de design gráfico

Miraphora Mina e Edwardo Lima, conhecida como MinaLima. MinaLima produziu os símbolos, mapas e outros itens de design para todos os filmes de Harry Potter, assim como do lançamento Animais fantásticos e onde habitam. A edição em e-book do roteiro em português será publicada pelo Pottermore, responsável pela edição digital do Mundo Bruxo de J.K. Rowling em todo o mundo. “Animais fantásticos e onde habitam leva os fãs de volta ao mundo mágico de Harry Potter, ao mesmo tempo em que os convida a conhecer novos personagens e a viver novas aventuras. A Rocco se orgulha de ser a editora do Mundo Bruxo de J.K. Rowling no Brasil e de trazer mais uma obra incrível para os seus leitores”, afirma Paulo Rocco. Por Editora Rocco

QUADRINHOS Campeão de pedidos para que fosse relançado, a JBC traz de volta a obra máxima de Hiromu Arakawa em uma caprichada Edição Especial de Colecionador nos mesmos moldes de Yu Yu Hakusho e Rurouni Kenshin (Samurai X). Assim como a versão original japonesa, a nova versão do mangá terá ao todo 27 volumes contando as surpreendentes aventuras dos irmãos Edward e Alphonse Elric em busca da lendária Pedra Filosofal para recuperarem os seus corpos.

Aventuras de Edward e Alphonse retornam em edição especial de colecionador

Reprodução

Era verdade: Fullmetal Alchemist está de volta!

Por Editora JBC

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