Revista dos Bancários 12 - nov. 2011

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DOS

Revista Bancários Ano I - Nº 12 - Novembro de 2011

Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br

GREVE

HISTÓRICA Os bancários construíram a maior greve dos últimos vinte anos, pressionaram os bancos e conquistaram suas principais reivindicações, encerrando mais uma campanha vitoriosa

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Editorial

R$ 7,2 bilhões a mais para o Brasil

O

s economistas costumam contar uma história para explicar aos leigos a importância da circulação do dinheiro. Tudo começa com um viajante, que chega numa cidade e entra num pequeno hotel. Na recepção, entrega duas notas de R$100 e pede para ver um quarto. Enquanto o viajante inspeciona as instalações, o gerente do hotel sai correndo com as duas notas e vai até o açougue pagar suas dívidas com o açougueiro. O açougueiro vai até um criador de suínos a quem, coincidentemente, também deve R$ 200 e quita a dívida. O criador, por sua vez, paga o veterinário que quita sua dívida com o próprio dono do hotel. Nesse momento, o Campanhas viajante retorna dos quartos, diz salariais, não ser o que esperava, pega as duas como a dos notas de volta, agradece e sai do bancários, são hotel. Ninguém ganhou ou gastou fundamentais nenhum centavo, porém agora toda para manter a cidade vive sem dívidas, com o a política de crédito restaurado e começa a ver o futuro com confiança. crescimento e A história é simplista, mas ela desenvolvimento ajuda a explica como o Brasil tem do Brasil se mantido estável, diante da crise econômica mundial, que abala o planeta desde 2008. É claro que há muitos fatores para o bom desempenho brasileiro neste momento tão adverso, mas um deles é o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores, que tem ajudado a manter o mercado interno aquecido. Dentro deste contexto, as campanhas salariais, como a dos bancários, se tornaram fundamentais para manter a política de crescimento e desenvolvimento do governo federal. E este ano não foi diferente. Depois de 21 dias de greve, os bancários conquistaram reajuste de 9% nos salários e nos vales refeição e alimentação e valorizaram sua Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Somente estes quatro itens conquistados significarão um incremento de R$ 7,2 bilhões na economia, de acordo com projeção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Com esse dinheiro, os bancários poderão quitar dívidas, ir às compras ou investir. Qualquer que seja a opção, o dinheiro vai circular e ajudar o Brasil e continuar crescendo, com distribuição de renda.

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Índice Campanha Nacional

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Principais conquistas

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Histórias da greve

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Entrevista: Jaqueline Mello

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Bancário artista

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Dicas culturais

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Sindicato completa 80 anos

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Conheça Pernambuco

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Revista Bancários DOS

Opinião

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00 Fone: 3316.4233 / 3316.4221 Correio eletrônico: imprensa@bancariospe.org.br Sítio na rede: www.bancariospe.org.br Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Tereza Souza e Jaqueline Mello Redação: Fabiana Coelho e Fábio Jammal Makhoul Projeto visual e diagramação: Libório Melo e Bruno Lombardi Foto da capa: Ivaldo Bezerra Impressão: NGE Gráfica Tiragem: 10.000 exemplares


Capa

Campanha Nacional

Quem luta, conquista! A

Passeata pelo centro do Recife, em 29 de setembro

Campanha Nacional dos Bancários de 2011 entrou para a história, com a maior greve dos últimos vinte anos. Foram 21 dias de luta, 10 mil agências fechadas e vários centros administrativos de bancos públicos e privados parados em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Em Pernambuco, a greve fechou 70% das 543 agências bancárias do estado e todos os prédios administrativos. Com toda essa força, o resultado não poderia ser outro. Os bancos foram obrigados a atender as principais reivindicações dos seus funcionários, garantindo aumento real de salários, valorização do piso, melhorias na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e avanços na segurança bancária e no combate ao assédio moral. “Foi uma Campanha difícil, construída num cenário politico e econômico desfavorável. Mas graças à mobilização, conseguimos quebrar a intransigência dos bancos e conquistamos as nossas principais reivindicações. Os bancários e bancárias estão de parabéns pela luta, pois sabemos o quanto é difícil encarar uma greve”, comenta a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello. A greve começou no dia 27 de setembro e só acabou em 17 de outubro, com aquele sentimento de dever cumprido. REVISTA DOS BANCÁRIOS 3


Capa

Campanha Nacional

Vitória da e Ivaldo Bezerra

Pelo oitavo ano consecutivo, a Campanha Nacional dos Bancários terminou de forma positiva para a categoria que, mais uma vez, ampliou as suas conquistas e consolidou o sucesso da estratégia de unidade entre bancos públicos e privados

Assembleia aprovou acordo com os bancos e encerrou mais uma greve vitoriosa, em 17 de outubro

D

ez anos atrás, os bancários viviam uma período difícil, em que as campanhas salariais visavam muito mais defender direitos do que ampliar as conquistas. Naquela época, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) adotou uma política de reajuste zero, que em oito anos arrochou os salários dos funcionários dos bancos públicos sem repor nem a inflação. Além disso, o governo tucano retirou uma série de direitos, criando, na prática, duas categorias de bancários na rede pública: os pré e os pós-1998. Nos bancos privados a situação não era diferente. Embora os bancários ainda tivessem algum tipo de reajuste salarial, os aumentos eram sempre menores que a inflação. As privatizações, fusões e aquisições também prejudicaram a categoria que chegou a ser composta por

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mais de um milhão de bancários, nos anos de 1980, e encerrou a década seguinte com menos de 400 mil. Em 2004, os sindicatos decidiram colocar em prática uma estratégia que já vinha sendo gestada há anos. O objetivo era unificar a campanha salarial entre os bancários da rede pública e privada em torno de uma mesma pauta de reivindicações. Assim, a categoria se uniu, passou a negociar em conjunto e, também, a realizar protestos, paralisações e até greves unificadas. Conclusão: o poder de pressão dos trabalhadores cresceu e desde então todas as campanhas salariais foram vitoriosas para os bancários. A secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, ressalta que de 2004 para cá todos os reajustes salariais foram acima da inflação e passaram a valer para todos os bancários. Os bancos públicos passaram a assinar a Convenção Coletiva da categoria e a cumprir todas as cláusulas. “Mas não deixamos as reivindicações específicas de cada banco de lado. Elas continuam sendo negociadas durante e após a campanha salarial. Com isso, garantimos o retorno de praticamente todos os direitos retirados nos bancos públicos e conquistamos reajustes com aumento real. Além disso, incorporamos uma série de direitos que não tínhamos, como o valor adicional da PLR, a 13ª cesta-alimentação, a ampliação da licença-maternidade para 180 dias e a extensão de direitos aos casais homoafetivos. Também conseguimos inverter a curva descendente do emprego bancário e ampliamos as contratações em todos os bancos. Hoje, já somos quase 500 mil bancários no Brasil”, detalha Suzi.


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Campanha Nacional

estratégia PRINCIPAIS CONQUISTAS DA CONVENÇÃO COLETIVA

AUMENTO REAL

Reajuste salarial de 9%, o que representa aumento real de 1,5%.

PLR maior

O modelo da PLR é o mesmo do ano passado, mas com aumento da parcela fixa da regra básica para R$ 1.400 (reajuste de 27,2%) e do teto da parcela adicional para R$ 2.800 (reajuste de 16,7%).

Demais verbas

Reajuste de 9% (1,5% além da inflação)

Valorização do piso

O reajuste de 12% garante aumento real de 4,30%.

Mais segurança

Fica proibido o transporte de numerário por bancários.

Combate ao assédio moral

Os bancos se comprometem a acabar com divulgação de rankings individuais dos funcionários.

PRINCIPAIS CONQUISTAS NO BANCO DO BRASIL

Valorização do piso com reflexo na curva do PCR (interstícios) Trava contra descomissionamentos arbitrários A melhor PLR do sistema financeiro

PRINCIPAIS CONQUISTAS NA CAIXA ECONÔMICA PLR Social, que prevê a distribuição de 4% do lucro líquido de forma linear para todos Mais bancários, com a contratação de 5 mil novos funcionários Valorização do piso

PRINCIPAIS CONQUISTAS NO BANCO DO NORDESTE Reajuste linear de 10% na tabela de cargos do PCR e VCP PLR Social, que prevê a distribuição de 3% do lucro líquido de forma linear para todos Valorização do piso

Leia a cobertura completa da Campanha Nacional 2011 e veja todas as conquistas da Convenção Coletiva e dos acordos específicos do BB, Caixa e BNB em www.bancariospe.org.br

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GREVE EM FAMÍLIA: Nilza, com sua filha Gabriela e seu genro Iraquitan, todos empregados da Caixa que participaram ativamente da mobilização

Para servir de exemplo

A participação de cada bancário foi fundamental para a construção da maior greve dos últimos 20 anos

T

oda greve é um movimento coletivo: quanto mais gente se une, mais força para arrancar conquistas. E a coletividade é feita por pessoas que acreditam em sua própria capacidade de lutar e ir adiante. Bancários novatos ou experientes, de instituições públicas ou privadas. Gente que não se dobra às pressões e que não faz da greve um momento de férias. A Revista dos Bancários escolheu algumas

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histórias desta greve, entre dezenas de outras, para que sirvam de exemplo e estimulem os bancários nas lutas que virão. Walzélio Ildefonso, do Banco do Brasil de Vicência, é um desses exemplos. Entrou no banco há seis meses. E não apenas aderiu ao movimento, como ajudou a fechar muitos bancos privados. Em Vicência só existe agência do Banco do Brasil. Ele se colocou, então, à disposição do Sindicato e foi ajudar a fortalecer a greve em Camaragibe. Para ele, o programa de reestruturação BB 2.0 enfraqueceu a organização dos trabalhadores do banco. “Muita gente que tinha sido comissionada ou contratada há pouco tempo não quis se expôr. Os colegas que estavam na mesma situação que eu não aderiram à greve. Tem muita gente nova que ainda não sabe a importância de participar do movimento. Se todo mundo parasse, a greve nem precisaria durar tanto tempo”,


opina. Apesar de ser novato na categoria, Walzélio tem experiência na luta. Já foi urbanitário e participava ativamente das campanhas salariais da categoria. Em família Experiência também não falta a Nilza Souto Maior. Com 22 anos de serviços prestados à Caixa, ela sempre participou das greves, atos e assembleias. Confessa que está um pouco cansada, mas nem por isso deixa de ser ativa no movimento, não apenas aderindo à greve como ajudando a parar os bancos privados. Nos últimos anos, ela encontrou um estímulo a mais para continuar fazendo o que sempre fez: a sua filha, Gabriela Amorim, empregada do banco há dois anos e meio e com a mesma disposição para a luta. O noivo de Gabriela, Iraquitan, é outro que faz parte desta história: também empregado da Caixa, também cidadão ativo. “A rotina era essa: pela manhã, ia para a porta de minha agência, depois seguia

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Campanha Nacional

para o Santander da Caxangá ou Cidade Universitária. Às vezes estávamos todos juntos: eu, minha mãe e meu noivo. Outras vezes, cada um seguia para uma agência diferente”, conta Gabriela. Ela aproveita para cobrar mais participação de seus colegas: “As pessoas estavam muito medrosas, desmotivadas. Se todos estivessem mais presentes, nossos resultados teriam sido bem melhores”, opina Gabriela.

do Brasil, ele não apenas adere ao movimento, como ajuda a fortalecê-lo. Nos anos anteriores, fechava sua agência e se juntava com os colegas da Caixa para fechar os bancos privados de São Lourenço. Este ano, ele preferiu se juntar às equipes do Sindicato para ajudar na capital. E ficou surpreso com a força da greve nos bancos privados. José Antônio, por exemplo, é bancário há 25 anos – dez deles no Itaú. Nunca participara de uma greve e somente no ano passado decidiu se sindicalizar. “Os bancos ganham muito e nós, que ajudamos a garantir estes lucros, não somos valorizados e temos de conviver com metas abusivas. Chega um ponto em que a gente diz: Basta!”, afirma. Na Região Metropolitana, quase todas as agências do Itaú foram fechadas. José Antônio ainda se juntou ao Sindicato para ajudar a fechar outras agências, sobretudo do Bradesco. Nem todos são tão ativos quanto ele. Mas muitos participam de forma indire-

Força nos privados Um dos diferenciais da greve este ano foi a adesão recorde das agências de bancos privados. Rivaldo Barbosa, do Banco do Brasil de São Lourenço, sabe a dificuldade que existe para o pessoal dos bancos privados fazer parte do movimento. Ele é funcionário do BB há 8 anos, mas tem uma longa estrada em bancos como o Real, Excel e BBV. Nesta época, era difícil entrar em greve. Mas, desde que passou a ser do Banco

Bancários do Banco do Brasil fecharam suas agências e ficaram na porta para dar orientações aos clientes

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ta. Um bancário do HSBC, que prefere não se identificar, conta que costuma conversar com os colegas, mostrando as vantagens do movimento. Não toma a iniciativa de parar, mas também não resiste. “A presença do Sindicato na frente da agência é apenas um pretexto. Bastaria uma menina, de um metro e meio e 50 quilos, para fazer pararem todos os bancários da unidade”, comenta. Outro, do Bradesco, revela que nunca fez greve pois sua agência, na Concórdia, é um ponto estratégico do banco e a pressão é dobrada. Mas revela: “Este ano, deu pra perceber que a greve nos bancos privados estava bem mais forte. Até porque a gente, que estava trabalhando, sentiu a carga pois teve de suprir a demanda das agências que estavam paradas”, conta. Representação de base Papel fundamental para a organização do movimento coube aos delegados

sindicais. Osvaldo Luiz, por exemplo, é representante da agência da Caixa em Afogados da Ingazeira, onde trabalha desde 2006. Bancário há 29 anos, já passou por São Paulo, Brasília, Florianópolis. E já viveu muitas lutas, inclusive pela jornada de seis horas na Caixa. Ele conta que, no começo, ninguém quer fazer greve “A gente vai conversando; chama o pessoal da diretoria para participar de reuniões; e, aos poucos, vai construindo o movimento”, diz Osvaldo. A fórmula rende frutos: apenas dois dos funcionários da agência não aderiram à greve. O diálogo do delegado sindical não se restringiu apenas à sua unidade. Com a greve decretada, Osvaldo passou a manter contato constante com as outras agências do município, ajudou a parar o BB de Tabira e o Santander de sua cidade. “E o detalhe da greve este ano, na Caixa de Afogados, é que os supervisores também decidiram parar”,

conta o bancário. No Banco do Brasil, duas delegadas sindicais deram exemplos que merecem ser seguidos. Em Salgueiro, Josiane Leite, 18 anos de banco e representante de base pela primeira vez, conta que faz questão de buscar as informações, motivar os colegas e ouvir seus questionamentos. Em sua agência, dos 19 trabalhadores, apenas cinco não aderiram, dos quais um é gerente e outro está em estágio probatório. “Realizávamos uma ou duas reuniões por semana e estávamos sempre em contato com a sede regional do Sindicato”, diz Josiane. Como ela, Amanda Damazio, delegada sindical do Banco do Brasil, foi personagem essencial para o sucesso da greve em Igarassu. Ela e os colegas de agência fecharam o BB e ainda conseguiram estender o movimento para outros bancos. “Quanto mais pessoas estiverem na greve, maiores serão as nossas conquistas”, diz Amanda. Funcionários dos bancos públicos foram às agências da rede privada ajudar os colegas na greve

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Entrevista

Jaqueline Mello

O valor da organização Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, os bancários venceram o embate com os bancos graças à organização e unidade. Nesta entrevista, ela avalia a Campanha Nacional e fala sobre o sistema financeiro Como você avalia a Campanha Nacional deste ano? Foi mais uma campanha vitoriosa, a oitava consecutiva. Para isso, tivemos de encampar mais uma greve, que foi considerada a maior dos últimos vinte anos. Graças ao nosso poder de pressão, conquistamos um bom acordo com os bancos, que atenderam as nossas principais reivindicações. Esse acordo consolida nossa política permanente de recomposição dos salários, com aumento real e valorização do piso da categoria. Ao final, a tese do Sindicato sobre a necessidade de se investir no trabalhador venceu a tese dos bancos e da grande mídia de que salário gera inflação. E também estamos começando a derrotar a truculência dos bancos, que apelam para a Justiça com os famigerados interditos proibitórios para atrapalhar a greve. Este ano conseguimos derrubar vários pedidos de interdito dos bancos. A greve foi bem forte, principalmente em Pernambuco. Mas, não seria ideal garantir um acordo de forma negociada, sem greve? Seria, mas os bancos têm nos empurrado sistematicamente para a greve todos os anos. As instituições financeiras apostam na desmobilização, mas nos últimos anos mostramos que os bancários recuperaram o movimento de massa que fazíamos nos anos de 1980. Esperamos

que os bancos tenham maturidade no ano que vem para negociar com seriedade. Nós também precisamos criar outras estratégias de pressão para que a greve só ocorra em último caso e não seja banalizada. Em 2012, o Sindicato pretende discutir a Campanha Nacional com os bancários desde o início do ano para melhorar ainda mais a nossa organização. Por falar nisso, o que precisa melhorar na sua opinião? Acho que a condução da Campanha tem sido correta. Hoje, ninguém mais tem coragem de falar mal da mesa unificada de negociação com a Fenaban, a não ser aquelas pessoas que apostam no quanto pior melhor. Fazer bravata é fácil. Difícil é negociar com seriedade e construir uma mobilização que nos levou a uma greve histórica. Mas acho que existe um ponto na greve que precisa ser melhorado. Os funcionários precisam fechar as agências e ficar na porta para dar orientações aos clientes e convencer os colegas a aderirem à greve. Hoje, muita gente para e vai embora. Greve não é férias, é um momento em que a gente deixa de trabalhar para os bancos e passa a trabalhar por nós. A campanha unificada está realmente consolidada? Sem dúvidas. Desde que adotamos esta estratégia, em 2004, temos saído vitoriosos

em todas as campanhas. Por um motivo óbvio: quanto mais gente estiver na luta, maior o nosso poder de pressão contra os bancos. Graças à campanha unificada, conquistamos reajustes acima da inflação há oito anos, recuperamos o poder de compra dos bancários e retomamos uma série de direito que o governo FHC retirou dos funcionários dos bancos públicos. A campanha unificada trouxe ganhos para todos, nos bancos privados e públicos. E os clientes? Parece que este ano os bancários tiveram um grande apoio? Sim, os clientes nos apoiaram muito. E isso se deve ao diálogo que o Sindicato fez com a sociedade ao longo dos últimos meses. A diretoria conseguiu mostrar que nossas reivindicações também interessam aos usuários dos bancos, pois queremos mais crédito, menos juros, melhor atendimento. O Sindicato percorreu praticamente todas as agências da capital e do interior e conseguimos mostrar para a sociedade a necessidade de mudar o sistema financeiro atual. Nossa Constituição diz que os bancos devem atuar voltados para o desenvolvimento do Brasil. Isso é tudo que os bancos não fazem. Precisamos discutir que sistema financeiro queremos e, por isso, a Contraf e os sindicatos estão propondo ao governo federal a realização de uma Conferência Nacional para debater assunto. REVISTA DOS BANCÁRIOS 9


Bancário artista

Divulgação

Cultura

Funcionário do Banco do Brasil há 11 anos, Nery dá vazão à pressão do dia a dia como ator de teatro

Beto Nery

Entre o banco e os palcos

P

ara os bancários, ele é Carlos Nery, funcionário do Banco do Brasil desde 2000. Para a cena pernambucana, ele é Beto Nery, ator há mais de 25 anos. Mais de quinze anos antes de iniciar seu trabalho no banco, ele já estava no teatro. “É um vírus que se instala na gente, não dá pra escapar. Eu gosto de ser bancário, mas a pressão é muito grande. E o teatro tem essa coisa lúdica que nos ajuda a dar vazão aos sentimentos”, conta o artista. Conciliar estas atividades já lhe forçou a abandonar os palcos mais de uma vez. No entanto, ele sempre volta. Sua estreia no teatro foi em 1984, com “Crime na catedral”, de T.S.Eliot, montada por Arlindo Matias e Ângelo de Athayde. E a primeira interrupção veio três anos depois, quando ele decidiu trabalhar em uma multinacional. “Viver de teatro é difícil. A gente acaba tendo que optar por uma melhor qualidade de vida”, diz Beto. Longe dos palcos e do público ele passou dois anos. Voltou em 89, com

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um projeto do Sesc Santa Rita, que oferecia um espetáculo por mês no horário do almoço. Um dos frutos deste projeto foi o premiado espetáculo “Nordeste na Mente”, que em 91 lhe rendeu uma indicação para melhor ator no Festival Nacional de Teatro em Ponta Grossa. Muitas peças se seguiram. Com o diretor Vital Santos, integrou o elenco do que ele considera uma de suas melhores peças: “Concerto para Virgulino sem orquestra”. Também com Vital, participou de “O príncipe dos mares de Olinda contra a fúria das águas”. Com a Papagaios, e o diretor Manoel Constantino, integrou o elenco de “Uma história de Amor” e “A Flor e o Sol”. Ao mesmo tempo, dava aulas de reforço para sobreviver. Então veio o Banco do Brasil. E uma nova pausa, desta vez de cinco anos. Voltou, novamente, com um projeto do Sesc, desta vez o “Poetas da Terra”. A partir daí, participou de várias outras montagens, como “O amor do Galo da Madrugada pela Galinha d’água”, de Samuel Santos; “Coiteiros”, da Cia Spectrus; e “O Bom Samaritano” que juntou atores e atrizes da velha geração dirigidos por um diretor novo, Samuel Santos. Em seu novo projeto, Beto dá continuidade à esta ideia. Estão juntos, na produção e no elenco, três atores da velha geração, cada qual com uma ocupação diferente: ele, bancário; Morse Lira, procurador do Trabalho; Sílvio Pinto, educador. Com a perspectiva de estrear em março do ano que vem, eles estão ensaiando “Os três mal amados”, um poema de João Cabral de Melo Neto. E, com a ideia de trabalhar três concepções diversas em um mesmo espetáculo, foram convidados três diretores: a cineasta Kátia Mesel, o ator e encenador teatral Flávio Renovatto e a atriz e filósofa Fátima Costa. “Será um encontro de linguagens”, explica Beto. O difícil é driblar a agenda e conseguir tempo para os ensaios, à noite, e para captar recursos e enviar projetos para editais.


Cultura Dicas EVENTOS

Festa das

LETRAS

Começa no dia 11 de novembro a VII Festa Literária Internacional de Pernambuco. A Fliporto, que de início acontecia em Porto de Galinhas, estará em Olinda, na Praça do Carmo, onde será montado o Congresso Literário e várias tendas. Com o tema “Viagem ao Oriente” e Gilberto Freyre como homenageado, o evento abre com palestra do indiano Deepak Chopra, prossegue com a participação de Derek Walcott, prêmio Nobel de Literatura de 1992, e o venezuelano Fernando Baéz. Entre os brasileiros confirmados, destaque para Fernando Morais, Marcos Vilaça e Ryoki Inoue. Tem programação especial também para a meninada e para a juventude. Confira em: www.fliporto.net.

Para nunca mais me esquecer Este é o título da exposição que o artista plástico pernambucano José Paulo mostra no Centro Cultural dos Correios. A escultura que dá nome à mostra é representada por um alfabeto com ferros de marcar animais, ampliados para a grande escala. Em foco, a linguagem e sua capacidade de marcar e ferir. A exposição se divide em duas salas. Numa delas estão pinturas pequenas, uma escultura e um painel. No outro espaço, cinco mesas com carimbos siameses, num jogo de opostos com palavras; esculturas feitas com hastes de máquina de escrever superdimensionadas e ainda três desenhos em grafite sobre papel. Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 18h; sábados e domingos, das 12h às 18h.

Artes Cênicas

RECOMENDADOS O Circo Rataplan

Vai até 20 de novembro a temporada da peça “O Circo Rataplan”, no Teatro Arraial, na Rua da Aurora. Na trama, os bastidores do circo e a disputa entre o dono e o palhaço - patrão e empregado. Bancários sindicalizados tem 50% de desconto.

Cordel do Amor sem fim

Do mesmo diretor de “O Circo Rataplan”, Samuel Santos, a peça narra a trajetória de três irmãs em uma cidade do interior da Bahia. Sextas e sábados, às 20 horas, também no Teatro Arraial. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia).

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Memória

80 anos

Os bancários foram uma das primeiras categorias a se organizar no Brasil

Protagonista da história

O Sindicato acaba de completar 80 anos de sonhos, lutas e conquistas que colocam a entidade como uma das pioneiras da história do movimento dos trabalhadores no Brasil

O

ito décadas atrás, a batalha entre patrões e empregados no Brasil era posta nas sombras. Eram tempos de Estado Novo. Os sindicatos viviam sob a tutela do governo federal e a ele rendiam graças. Foi assim que o decreto que determina a jornada de seis horas para os bancários foi recebido, não como conquista, mas como um presente do governo. Um presente que, no entanto, ficou restrito ao papel durante alguns anos. Foi neste contexto que os funcionários dos bancos fundaram, em 14 de

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outubro de 1931, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, que acaba de completar 80 anos de história. De lá para cá, muita coisa mudou, tanto no trabalho realizado pelo bancário, como na organização da categoria. A própria comunicação entre o Sindicato e os bancários era muito diferente. O primeiro jornal criado pela entidade, em 1933, era um misto de elogios ao governo, denúncias e anúncios de eventos. Foi assim que o pioneiro Correio dos Bancários denunciou, em sua segunda edição, o fato de a jornada de seis horas não funcionar na prática: “Cumpre ao governo actual (sic) tão bem intencionado como tem revelado ser, e para ganhar a estima de certas classes que trabalham por um Brasil mais perfeito, mandar fazer cumprir rigorosamente todas essas leis sociaes (sic) que, as vezes, são recebidas ironicamente pelas classes trabalhadoras”. Além das denúncias, o Correio dos Bancários tinha artigos literários, poemas e noticiava os inúmeros eventos promovidos pelo Sindicato: festas e jantares dançantes; campeonatos desportivos; excursões; apresentações do Teatro dos Bancários;


Memória ou a inauguração de sua biblioteca que reunia, em 1942, mais de 3000 obras. Com várias interrupções e retomadas, o jornal teve vida longa e existia ainda na década de sessenta. Mas, aí, os tempos eram outros. Sindicato ativo Eram tempos de batalha entre banqueiros e trabalhadores. Eram tempos de embate entre ideias capitalistas e socialistas. Entre as décadas de 1950 e 1960, o Sindicato tinha um perfil combativo e, principalmente, de solidariedade com as várias categorias. “Tínhamos um intercâmbio tão grande com outros sindicatos que nossa sede era chamada de Casa do Trabalhador”, lembra Zita Guimarães, que foi a primeira mulher na diretoria da entidade, como tesoureira. Segundo depoimento de Milton Percivo, presidente da entidade entre 1951 e 1953, a primeira grande greve nacional, de 1950, mobilizou até os funcionários do Banco do Brasil que, naquele tempo, não faziam paralisações. No ano seguinte, uma nova greve duraria 69 dias e entraria na história ao definir o 28 de agosto como Dia dos Bancários. Gilberto Azevedo, que presidiu o Sindicato entre 1959 e 1961, lembra que as assembleias reuniam 2500 dos 5 mil bancários que existiam na época. “Tínhamos comissão em todos os bancos. Em 1961, os bancários pararam tudo. Faltou troco na cidade. Nosso grau de organização era tanto que fechávamos banco até por telefone”, afirmou Gilberto. Não só na política o Sindicato dos Bancários teve papel decisivo. O Teatro dos Bancários é um exemplo. Por ele, passaram figuras como Zé Wilker e Teka Calazans. O Sindicato também foi palco de muitas atividades do chamado MCP (Movimento de Cultura Popular). Então veio o golpe militar de 1964. Uma tropa do exército invadiu o prédio, que funcionava na Avenida Conde da Boa Vista. Gilberto Azevedo, que na época

era deputado estadual pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), foi cassado, preso e obrigado ao exílio. O então presidente do Sindicato, Darcy Leite, empossado há nove meses, teve seu mandato interrompido. Não foi preso, mas perdeu o emprego no BNB, que só lhe foi restituído com a anistia, em 1979. E o Sindicato passou às mãos de interventores do governo militar. A reconquista da democracia Pedro Valdevino entrou no Banco do Brasil em 1971. Transferido para o Rio de Janeiro, entrou em contato com o grupo

80 anos

que se tornaria a oposição bancária de lá. E, ao voltar ao Recife, trouxe consigo o desejo de retomar as rédeas do Sindicato. Aqui, juntou-se a outros, que tiveram de enfrentar a brutalidade dos herdeiros da intervenção militar. “Agentes do DOPs conviviam com os chamados dirigentes sindicais. As assembleias – onde a oposição era quase sempre maioria – acabavam muitas vezes em agressões físicas. As eleições eram descaradamente fraudadas”, lembra Jorge Pérez, quer presidiu a entidade entre 1994 e 1997. A oposição cresceu com o movimento dos empregados da Caixa pela jornada

Primeira sede do Sindicato era uma pequena sala do prédio número 166 da rua da Concórdia

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Memória

80 anos

de seis horas e seu enquadramento na categoria bancária. Cresceu, também, com as sucessivas campanhas salariais. “Em 1987, foi a oposição quem tomou a frente da greve. E a defasagem salarial estava imensa. Viajamos por todas as regiões do estado e conseguimos um reajuste de 89%”, lembra Pedro Valdevino, diretor do Sindicato nas duas primeiras gestões pós-retomada. No ano seguinte, o MOB (Movimento de Oposição Bancária) retomou o comando. Mas uma nova fase difícil viria: os anos inglórios da década de 1990. Medo, esperança e reorganização Para os empregados de bancos privados, os anos 90 foram tempos de fusões, invasão de bancos estrangeiros, demissões. Para o pessoal dos bancos públicos, foram anos de perda de direitos, desestruturação de Planos de Cargos e Salários, Planos de Demissão Voluntária, transferências compulsórias, reajuste zero. Um dos momentos marcantes foi a luta contra a privatização do Bandepe que, se não evitou a venda, conseguiu ao menos um dos melhores acordos para empregados de bancos estaduais privatizados. As greves eram longas, com desfechos remetidos para a Justiça do Trabalho, em prejuízo dos trabalhadores. “Em 91, nós desafiamos a Justiça e continuamos a greve por dois dias depois do dissídio”,

Bancários e diretores no primeiro aniversário do Sindicato, em 1932

lembra Miguel Correia, presidente do Sindicato entre 2000 e 2004. A esperança voltou aos bancos com a eleição de Lula, em 2002. Mas bastou a primeira Campanha para os trabalhadores perceberem que nada lhes seria dado de mão beijada. Foi preciso brigar, e muito, para que os bancos públicos seguissem a Convenção Coletiva Nacional. E a unidade dos trabalhadores foi essencial para a reorganização do movimento e retomada das conquistas.

O desafio, agora, é atingir a nova geração de bancários, que cresceu em um ambiente de estímulo ao individualismo e competição desenfreada, mascarados com o nome de produtividade. “De 2003 para cá, temos avançado lentamente neste percurso: o de fazer com que os mais novos conheçam e reconheçam a riqueza de nossa história e deem continuidade a ela”, afirma Jaqueline Mello, atual presidenta do Sindicato, primeira mulher a assumir o comando da entidade.

Muita festa para comemorar os 80 anos O Sindicato está preparando uma programação especial para novembro como forma de comemorar seus 80 anos. No dia 25, sexta-feira, a entidade lança um vídeo e uma revista para resgatar a história dos bancários de Pernambuco. No dia seguinte, sábado 26, haverá uma grande festa para a categoria. Acompanhe a programação no Jornal dos Bancários e pelo site www.bancariospe.org.br.

Faça seu recadastramento no Sindicato e concorra a prêmios O Sindicato está realizando um recadastramento dos associados para atualizar os dados e melhorar ainda mais sua relação com os bancários. Para se recadastrar basta entrar em nosso sítio eletrônico (www.bancariospe.org.br) e preencher o formulário com algumas informações básicas: nome, matrícula, banco, agência, endereço, telefone e endereço eletrônico. Feito isso, o bancário recadastrado vai receber um número e concorrer a vários prêmios, que serão sorteados na festa de 80 anos do Sindicato, em novembro. Entre os prêmios estão uma moto, notebooks, Ipads e Iphones.

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Quem se filiou ao Sindicato de agosto para cá não precisa se recadastrar. Já está, automaticamente, concorrendo aos sorteios. “Foi uma forma que nós encontramos para estimular os bancários sindicalizados a atualizarem seus dados. Muitos, principalmente os que são sócios há mais de três anos, estão com dados incompletos ou desatualizados em nosso sistema. E estas informações são essenciais para que a gente possa manter a comunicação com a base, repassando materiais informativos e reforçando o contato com os trabalhadores”, explica o secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix.


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“Um cientista profundo solicitou, certa vez, que eu lhe dissesse os três desmantelos desse mundo. Eu respondi, num segundo, é mulher, doido e ladrão. Expliquei mais a razão: ladrão não tem consciência, doido não tem paciência, mulher não tem coração”.

Berço imortal da poesia

H

á uma frase muito conhecida em São José do Egito. Dizem que, na cidade, quem não é poeta é louco e quem é louco faz poesia. Os versos acima são de um destes loucos: Lourival Batista, o Louro do Pajeú. Como ele, há outros, muitos outros. Rogaciano Leite, jornalista e ganhador de vários prêmios Esso; Antônio Marinho, o primeiro cantador de viola do município; Jó Patriota, o rei do lirismo; Bil de Crisanto; Pedro Leite; as poetisas Rafaelzinha e Severina Branca. São José do Egito é a terra de João Batista de Siqueira, o mestre Cancão. É a terra de Dimas Batista e seu irmão

Otacílio Batista, a “Voz do Uirapuru”, que ganhou fama ao ter seu poema “Mulher nova, bonita e carinhosa” musicado por Zé Ramalho. Mas é, também, a terra de uma nova geração de poetas. Aliás, quem mora lá costuma dizer que todos, desde crianças, versejam. Como se, ao aprender a falar, já fossem descobrindo a poesia. São muitos os que dão continuidade à tradição de seus pais, avós e mantém a fama da cidade. É assim com Bia Marinho, filha de Lourival Batista; Jorge Filó, filho de Manoel Filó; Gilmar Leite, Vinícius Gregório, Marcos Passos, Neném Patriota, entre dezenas de outros. Houve um tempo em que era comum encontrar os poetas na feira, improvisando um repente ou recitando seus versos. O talento desses artistas populares faz do município um dos maiores centros de realização de cantorias no Nordeste. A riqueza poética da cidade pode ser conferida em eventos como o Festival de Cantadores e Poesia Popular, que acontece durante a Festa de Reis, em janeiro. Ou em outros, como festas de São José, padroeiro da cidade; a Festa de Santo Amaro e a Festa dos Violeiros. Toda essa história artística está reunida na Casa do Poeta, construída em 1997. São José do Egito fica no Sertão do Pajeú, a 404 quilômetros da capital. REVISTA DOS BANCÁRIOS 15


Sindicato dos Bancários de Pernambuco

para sua carreira não afundar

Nem sempre uma história de amor tem final feliz. Principalmente quando esta história é entre você e o banco. Assédio moral, metas abusivas, falta de segurança, estresse... Sindicalize-se hoje mesmo e fortaleça a luta para não ver sua carreira e saúde naufragarem.

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