Painel TCC II

Page 1

A PROPOSTA

CENTRO DE TRANSMISSÃO DOS SABERES TRADICIONAIS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ

POMERODE, SANTA CATARINA região. Embora contassem com alguns funcionários, muito do que era vendido na casa comercial era produzido pela própria família com conhecimentos passados de geração a geração e que ainda são guardados com carinho pelo Opa e pela Oma Passold, que produzem agora apenas alguns alimentos para consumo próprio. Propõe-se, assim, a criação de um Centro Cultural focado justamente na transmissão desses saberes, garantindo a conservação do patrimônio material existente no terreno e atuando diretamente na proteção da cultura e hábitos da comunidade rural de Pomerode. A intervenção parte do restauro da casa principal e do moinho e consiste no reuso de dois dos anexos que ainda estão em bom estado e na proposta de três novos volumes, cujo programa contempla atividades que preservam e partilham os conhecimentos, restaurando não só as arquiteturas presentes no conjunto mas também as atividades que o tornavam tão importante na rotina do bairro. A proposta de criar uma OficinaEscola focada nas técnicas tradicionais da imigração alemã desde a produção colonial (melado, müss, geleias, pão, cucas, queijo cozido, dentre outros) até as técnicas de construção civil (olaria, ferraria e serralheria, serraria e carpintaria) - se adapta bem ao lugar e trás nova vitalidade ao bairro, possibilitando não só a conservação dos conhecimentos tradicionais mas também estabelecendo novos elos com a comunidade.

A proposta de um Centro de Transmissão dos Saberes Tradicionais da Imigração na Casa Comercial Passold, edificação de alto valor cultural no município de Pomerode, vem como uma das possíveis respostas a uma questão importante na preservação do patrimônio cultural: como pode-se proteger o patrimônio imaterial através da proteção do patrimônio material? A Casa Comercial Passold representa um importante exemplar da cultura de imigração alemã em Santa Catarina, colonização de suma importância para a história deste Estado. Além de apresentar aspectos tipológicos, formais e construtivos característicos da imigração na região, a casa e seus anexos apresentam uma grande variedade de usos: comercial,

BÁRBARA BEATRIZ DO ESPÍRITO SANTO

residencial e de serviços. Esse uso misto é precisamente o que a

ORIENTADORES: DALMO VIEIRA FILHO E KARINE DAUFENBACH

com clareza a forma de organização daquela sociedade.

torna mais rica como exemplar cultural, na medida que traduz costumes e o modo de vida dos imigrantes, além de exprimir É, além de um exemplar formidável da arquitetura da imigração alemã em Santa Catarina, o local onde por mais

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO | ARQUITETURA E URBANISMO | UFSC | 2016

oitenta anos a família Passold dedicou-se a produção colonial. Essa propriedade reúne uma história de produção de mais de dez tipos diferentes de produtos coloniais - dentre eles laticínios, compotas, embutidos, pães e bolos - e da fabricação de peças particulares para primorosa construção das edificações da

PROGRAMA DE NECESSIDADES

Partindo das estratégias de intervenção, propõe uma implantação na porção do terreno junto a Rua Vitória, em ambos os lotes que fazem frente com a mesma. Essa é porção mais baixa do terreno, compreendida entre um desnível de aproximadamente 1 metro e atualmente é a área com vegetação menos densa, uma vez que recebe manutenção periodicamente. Os novos volumes se organizam conforme os alinhamentos das edificações existentes no complexo, de forma a configurar duas praças centrais que dão unidade ao conjunto edificado. Essas praças se encontram em dois níveis: a primeira, junto a casa principal, no nível da rua e a segunda, junto a edificação que abriga as oficinas, elavada em 1 m e nivelada com o piso principal do Moinho. A porção entre as praças faz a conexão entre os níveis, configurando uma suave rampa e evitando a criação de patamares e escadarias excessivas. Propõe-se, ainda, uma modificação da Rua Vitória e na rua Richard Passold no trecho que cortam o conjunto, para que seja possível uma leitura contínua das praças, sem interrupções nos fluxos de pedestres entre elas. Para isso, faz-se necessário que a pista de rolamento seja elevada em 30 centímetros e nivelada com as calçada, sem que haja quaisquer desníveis a serem superados pelos usuários nas travessias. É proposto, ainda, que nesse trecho os pisos sejam diferenciados do restante da rua, igualando-se aos utilizados nas áreas de praça nas calçadas - o bloquete de concreto hexagonal - e com blocos de concreto intertravado na cor natural e cinza escuro na área delimitada para a cirulação de veículos. Os acessos de serviço e estacionamento do conjunto são trabalhados em piso grama e piso intertravado, garantindo a permeabilidade do solo.

A proposta de um Centro de Transmissão das Técnicas Tradicionais da Imigração surge, então, a partir de algumas questões importantes. Primeiramente, coloca-se que existe um desestímulo ao desenvolvimento de atividades relacionadas as técnicas tradicionais em detrimento das concepções modernas de sociedade e atividades produtivas, colocando na margem os hábitos e modo de vida dos produtores e impondo barreiras para seu desenvolvimento socioeconômico. Atualmente, uma grande parte da produção artesanal alimentícia ocorre sem registro formal, sem as autorizações necessárias para a fabricação e venda e baseada nas relações de confiança entre o produtor e o consumidor. O produto artesanal é um retentor de valor simbólico, fundamental nas trocas sociais, mas que muitas vezes não participa ativamente no sustento do produtor, cuja principal fonte de renda vem de outras atividades não relacionadas com as técnicas tradicionais. Os aspectos legais são, também, um grande empecilho na formalização deste tipo de produção. Uma vez que não existe na vigilância sanitária municipal uma diferenciação do que é artesanal e o que é industrial no que diz respeito ao produto processado, muitas vezes o cumprimento da legislação é impraticável para o produtor, que não acumula capital o suficiente com a sua produção para que faça as adequações necessárias em suas estruturas e, então, obtenha as aprovações. A ausência de autorizações impede, por exemplo, que os produtores vendam seus produtos em eventos municipais ou na Feira-Livre da Casa do Produtor, importante espaço de encontro entre produtores e consumidores na cidade.

IMPLANTAÇÃO SEM ESCALA

A principal etnia da cidade é alemã, descendentes de imigrantes provavelmente vindos da região da Pomerânia, na Alemanha. Em sentido figurado, o nome Pomerode significa Colônia da Pomerânia, mas de forma literal pode se entender que o termo roden - que no alemão significa destocar ou retirar os tocos e raízes para que uma área se torne cultivável - indique uma área destinada a prática do cultivo e da agricultura. De fato a agricultura foi durante um longo período de tempo a principal atividade econômica da cidade: os primeiros imigrantes, estabelecidos em minifúndios estreitos e alongados que iam das estradas principais até as cumeadas de morros, cultivavam arroz, fumo, batata, mandioca, cana de açúcar, milho e feijão, além da criação de gado leiteiro e suíno. Sua produção era voltada principalmente a subsistência e a elaboração de alguns derivados do leite. Nos entroncamentos ficavam alguns poucos pontos comerciais, localizados por bairros, que faziam o abastecimento de itens que não eram produzidos pelos próprios colonos - tais como louças, artigos de armarinho, ferragens, dentre outros. Anos mais tarde, as pequenas produções de laticínios dos colonos deram origem as primeiras industrias, que viriam a ser uma parte importante da economia da cidade. Atualmente, Pomerode é um forte polo têxtil - possui 114 malharias que geraram, só em 2010, aproximadamente 3100 empregos na cidade - e metal mecânico - com importantes indústrias como a Netzch e a Bosch, que produzem equipamentos de uso industrial específico.

O município de Pomerode situa-se no médio Vale do Itajaí, a uma altitude em seu núcleo urbano de 58 metros acima do nível do mar, com área total de 217 km2 e com os seguintes limites municipais: ao Norte com Jaraguá do Sul, ao sul e ao leste com Blumenau e Indaial e ao Oeste com Rio dos Cedros e Timbó. Desenvolveu-se ao longo do Rio do Testo, afluente do Rio Itajaí-Açú em sua margem esquerda, de forma semelhante a outros núcleos populacionais de imigrantes - com suas estradas principais se estendendo ao longo dos vales e rios. Em aproximadamente 1860 a sua ocupação inicia-se, então, a partir dessas estradas principais e com lotes na encosta do Rio do Testo - onde hoje é a região central da cidade - e prolonga-se até Pomerode Fundos, Testo Rega e Testo Alto - os bairros mais distantes do centro e os últimos a serem ocupados, em 1880.

JARAGUÁ DO SUL

RIO DOS CEDROS

Localização: Médio Vale do Itajaí Fundada: Dezembro de 1958 Emancipação político-administrativa: Janeiro de 1959 Município de Origem: Blumenau População: 30.009 mil habitantes (fonte: IBGE) Área total: 216 km2 (fonte: IBGE) Zona Urbana: 76,5 km2 Zona Rural: 139,5 km2

TIMBÓ

Principais atividades econômicas: indústria do vestuário, indústria metal mecânica, indústria de plásticos, indústria da porcelana, indústria de produção de cimento, fabricação de produtos em madeira e artesanato, fabricação de alimentos(queijo fundido, chocolate) e empresas de transporte.

INDAIAL

IMPLANTAÇÃO

A CASA COMERCIAL PASSOLD

ALIHAMENTOS E CONEXÕES COM ÁREAS VERDES

O uso da estrutura mista de concreto e aço responde a duas questões importantes nesse projeto. Primeiramente, a estrutura metálica permitiu a criação de vãos generosos com elementos relativamente esbeltos, criando espaços livres de convivência com poucas interrupções visuais, mesmo nas áreas cobertas. Esses vãos são fundamentais para a articulação de espaços como os das oficina, que utilizam o espaço interno e externo de forma integrada. Aparente nas fachadas, essa estrutura estabelece, ainda, um diálogo com as forma de construir o enxaimel, mas sem deixar de marcar o seu uso contemporâneo. Os panos de vedação foram projetados em blocos de concreto não estrutural, também aparentes em todas os volumes nas suas faces externas. Emprega-se, ainda, lajes de concreto moldado in loco. A infra-estrutura, por outro lado, precisava atender aos condicionantes climáticos da região. Pomerode possui o clima muito úmido, com chuvas frequentes, e o terreno em questão possui um curso d’água nas proximidades do local escolhido para a implantação. Essa alta umidade no solo coloca empecilhos no uso da estrutura metálica para fundação, que mesmo que esteja apenas parcialmente enterrada. Opta-se, assim, por uma infraestrura executada em concreto moldado in loco, com sapadas isoladas.

Dessa forma, o programa se divide em três setores principais correlacionados. O Setor 1, chamado de Cooperativa, abriga as estruturas administrativas da Cooperativa dos Produtores Coloniais de Pomerode, que atualmente não possui uma sede fixa, um comércio para a venda dos produtos feitos no próprio complexo, um restaurante e mais cinco cozinhas comunitárias para uso cooperado (voltadas produção de laticínios, embutidos, melado e de uso geral). O Setor 2, denominado Escola, acomoda as salas de aula, o auditório e sala de exposições, os jardins e as áreas de convívio. O Setor 3, destinado às Oficinas, acolhe a serralheira, a serraria e carpintaria, a olaria e um espaço de oficias multiuso, além de um pátio externo de trabalho.

DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES NO TERRENO

DISTRUBUIÇÃO DOS PÁTIOS DE TRABALHO (AMARELOS) E ESTAR (VERDES) E EIXOS VISUAIS PRINCIPAIS

H

H

2

30 +1,00 m

1

27

0,00 m

B’

29

+1,00 m

SALA DE DESCONTAMINAÇÃO

5 +0,50 m

36

16

SALA DE MATURAÇÃO

a reabertura da sala que era utilizada para esse fim e,

36

31

9

C’

+0,50 m

0,00 m

11

32

VISTA 01

12

VISTA 05

13

Assim como as demais cozinhas, possui áreas

D

15 0,00 m

I’

E’

C’

DEPÓSITO DO LIXO E ÁREA DE PROCESSAMENTO DA

18

COZINHA PARA PRODUÇÃO MELADO E MUSS

VISTA 04

32

19

SALA DE DESCONTAMINACÃO E BANHEIROS COZINHAS COMUNITÁRIAS

21

ACESSO DE VEÍCULOS E ESTACIONAMENTO

36

SALAS DE REUNIÕES

SEM ESCALA

37

COPA

30

DÉPOSITO ABERTO DE MATERIAIS

38

OFICINAS MULTIUSO

O volume que abriga a escola se abre tanto para o pátio central quanto para as áreas de vegetação densa presentes no terreno. o seu espaço é dedicado a salas multiuso para 20 pessoas no primeiro pavimento,

I

a passagem do sol mas protegendo as janelas orientadas a oeste E

do calor excessivo dos dias de verão. Esse volume acomada, ainda,

Exposição dos trabalhos feitos na Oficina, a fim de aumentar a

os vestiários e banheiros tanto da escola quanto das oficinas.

integração da comunidade com o oficío aprendido no conjunto através da observação não só do processo, mas também do

21 +1,00 m

resultado final dos cursos.

O uso do moinho pelo público é

fundamental para sua reinserção no conjunto e preservação a longo prazo, uma vez que já não há necessidade desse tipo de estrutura de moagem no complexo.

5

10 m

H’

2

intercalados com espaços de estar e

estudar cobertos. Sua fachada possui brises móveis, permitindo

+3,20 m

No Moinho restaurado estão abrigados o Auditório e a Sala de

17

1

22

SALA DE EXPOSIÇÕES

23

AUDITÓRIO

1

2

5

10 m

31

VESTIÁRIO E BANHEIROS

32

SALAS DE AULA

33

BANHEIROS

39

TERRAÇO JARDIM

VISTA 4

5m

1.5 m

VIGA PÓRTICO EM PERFIL I LAMINADO

VIGA DE SUSTENTAÇÃO DA COBERTURA PERFIL TUBULAR 5x5 cm PISO INTERTRAVADO NATURAL

PAREDE DE TIJOLOS MAÇICOS

+1,00

PISO INTERTRAVADO CINZA ESCURO CONEXÃO EM MÍSULA PARA VIGA PÓRTICO

PERFIL METÁLICO TUBULAR 10X5 cm PARA FIXAÇÃO DO GUARDA-CORPO

+3,20

+3,20

+1,00

PERFIL TUBULAR 5x5 cm

JANELA MAXIM-AIR COM TELA MOSQUITEIRA

VIGA EM PERFIL I LAMINADO

PAREDE REVESTIDA COM ARGAMASSA EM COR CLARA

JANELA MAXIM-AIR COM TELA MOSQUITEIRA

GUIA DE BALIZAMENTO EM CONCRETO

BRISE MÓVEL DE MADEIRA PISO ANTIDERRAPANTE

+1,00

PISO DE CONCRETO ALISADO

BLOQUETE DE CONCRETO HEXAGONAL

ARQUIBANCADA EM CONCRETO

GUARDA-CORPO METÁLICO EM PERFIL TUBULAR 5x5 cm E TELA METÁLICA HEXAGONAL

+3,20

+3,20

VISTA 3

ESCOLA

TERRAÇO JARIDM NÃO ACESSÍVEL

CORTE EE’

VIGA EM PERFIL I LAMINADO

PAREDE DE BLOCOS DE CONCRETO DE VEDAÇÃO

1

2

CORTE FF’

5m

1

2

5m

PORTA CAMARÃO EM MADEIRA E VIDRO GUARDA-CORPO METÁLICO EM PERFIL TUBULAR 5x5 cm E TELA METÁLICA HEXAGONAL

PAINEL PIVOTANTE DE MADEIRA PILAR EM PERFIL I LAMINADO MURO DE ARRIMO EM PEDRA BOLÃO

CARGA E DESCARGA

C’

H’

PERFIS DE VIAS

29

G’

BANHEIROS

OFICINA DE SERRALHERIA

F’

+1,00 m

G’

35

28

D’

19 F’

SALAS DA ADMINISTRAÇÃO

OFICINA DE MARCENARIA

20

da Cooperativa dos Produtores Coloniais, concentrada nas

34

27

+3,20 m

MOINHO

20 18

O segundo pavimento da casa é ocupado pela sede administrativa

OFICINA DE CERÂMICA

I’

CANA

E’

20

19

+1,00 m

26

39

+1,00 m

E

ABRIGO DO LIXO

F

MESAS EXTERNAS

25

VISTA 06

+1,00 m

16 32

17

D’

11

PÁTIO DE SECAGEM DAS PEÇAS

municipal. D

VARANDA

24

APP

I

1.5 m

CORTE 4-4’ | PROPOSTA- R. VITÓRIA | ELEVAÇÃO DA VIA

J

de descontaminação com banheiros, exigidas pela legislação

32

VISTA 02

10

36

37

o processamento da cana-de-açúcar, que gera uma grande produto final.

14

ESTOQUE

BANHEIROS

35

quantidade de resíduos considerados contaminadores do

COMÉRCIO

9

34

de cobre para produção de doces e uma área isolada para

0,00 m

APP

+3,20m

requisitos especiais na sua fabricação. Essa última exige tachos J

33

COZINHA

junto ao acesso de veículos.

cozinha dedicada a produção do melado de muss, que possuem

10

sua configuração orginal.

8

destinada ao depísito de materiais - argila e madeira - localizado

+3,20 m

específicas (voltadas a produção de pães, bolos e geléias) e a

+0,60 m

enxaimel, mas rebocada posteriormente, retomando aspectos da

SALÃO

pelas oficinas ao mesmo que promovendo a conexão com a área

A’

8

A’

37

recuperação de uma das paredes da casa que foi executada em

7

madeira, criando um pátio coberto que também é utilizado

J’

O novo volume passa a abrigar as cozinhas comunitárias não

35

e o espaço público externo. Propõe-se para essa área, ainda, a

6

posterior, a edificação é fechada por painéis pivotantes de

B

36

1,20 m

CORTE 3-3’ | R. VITÓRIA | TRECHO JUNTO AO CONJUNTO

8m

15

SALA DE FABRICAÇÃO

necessárias para o funcionamento da oficina-escola.

.3

1.5 m

SALA DE DESCONTAMINAÇÃO

COZINHAS COMUNITÁRIAS

F

2m

14

restauro da sua varanda, representando a ligação entre os salões

CORTE 2-2’ | R. VITÓRIA | SITUAÇÃO PROPOSTA)

6m

disseminação dos conhecimentos ensidados ali. Na sua porção

7

nos antigos quartos da hospedaria, além reunir as estruturas

1.5 m

SALA DE RECEBIMENTO DO LEITE

C’

7

complexo. Esse restaurante se expande até a praça através do

1m

13

6

restaurante, fundamental para a movimentação da área e do

8m

público, integrando os visitantes também na aprendizagem e

34

da comunidade. Ainda no primeiro pavimento, abriga um

1m

ACESSO DE CARGA E DESCARGA

+3,20m

do bairro é resestabelecido e volta a fazer parte da dinâmica

CORTE 2-2’ | R. VITÓRIA | SITUAÇÃO ATUAL

12

+1,00 m

consequentemente, um importante espaço de trocas sociais

5

trabalho. Assim, o processo de produção fica mais evidente e

J’ +0,50 m

A casa principal tem seu uso de comércio restaurado

1.3 m

28

B

CASA PRINCIPAL

6m

pátio que o conecta com o moinho como espaço também de

B’

- 1,80 m

1.3 m

possui grandes portas para a parte frontal, tirando partido do

+1,00 m

23

0,00 m

no primeiro pavimento e multiuso no segundo. Esse volume

- que aumentam muito o risco de contaminação da produção.

22

CORTE 1-1’ | R. RICHARD PASSOLD

O volume nos fundos do terreno é dedicado às oficinas específicas

laticínios são de cobre e a gás, sem necessidade de fogões a lenha

24

VISTA 03

4

fabricação e embalagem.

Sugere-se, ainda, intervenções gerais no entorno que complementam a inserção do projeto na área, facilitanto seus acessos e fluxos, além de aumentarem a qualidade da circulação no espaço público do bairro de forma geral. A Rua Vitória é, atualmente, uma rua asfaltada com duas faixas de rolamento, circulação de veículos nos dois sentidos e muitos trechos sem calçadas ou com calçadas muito estreitas. A via possui mais ou menos 1 km de comprimento, com fluxo pequeno de veículos, funcionando principalmente como uma conexão entre a SC-416 e as ruas internas do bairro Testo Rega. Propõe-se, assim, que a mesma seja reestruturada, com redução para apenas uma faixa de rolamento, dando lugar a uma ciclofaixa e calçadas mais largas e confortáveis, além da implantação de canteiros com arborização urbana em uma das suas laterais. A Rua Richard Passold também receberia um novo tratamento, uma vez que ainda é uma rua de chão batido, com calçadas apenas em frente as edificações existentes na rua. Dessa forma, sugere-se a instalação de piso drenante e execução de calçadas de no mínimo 1,5 m de largura por todo o seu comprimento.

38

fabricação e maturação. Os tachos utilizados para a produção dos

passando pela sala de descontaminação, processamento,

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO NO ENTORNO

OFICINAS

produtivo, iniciado com recebimento do leite e seguido pela

26

de acordo com o fluxo do processo produtivo dos embutidos,

com

VISTA 2

embutidos, os espaços se organizam de acordo com o processo

3

espaços generosos em cada sala existente. As salas são organizadas

SALA DE PÓS-PROCESSAMENTO

INFRA-ESTRUTURA EM CONCRETO

A

25

de um produtor possa utilizá-lo de forma simultanêa, fornecendo

4

ESTRUTURA METÁLICA

pequenas modificações. Semelhante a cozinha para produção de

0,00 m

sala de processamento. Esse espaço foi pensado para que mais

CÂMARA FRIA

PERFIS TUBULARES PARA O ACABAMENTO E FIXAÇÃO DOS GUARDA-CORPOS

a abrigar a cozinha dedicada a produção dos laticínios, com

Os defumadores ficam nas áreas internas da cozinha, dentro da

3

LAJE DE CONCRETO MOLDADO IN LOCO

APP

A estrutura que hoje funciona como garagem e depósito passa

cozinha de produção dos embutidos tradicionais da imigração.

SALA DE PROCESSAMENTO E FABRICAÇÃO

GALPÃO EM PÓRTICO

APP

A

A estrutura do antigo açougue passa a ser utilizada como

2

VISTA 1

G

COZINHA PARA PRODUÇÃO DE LATICÍNIOS

APP

APP

1

A casa foi tombada pela Fundação Catarinense de Cultura em novembro de 2002.

CONEXÃO COM AS EDIFICAÇÕES EXISTENTES,

SETOR 1 COOPERATIVA

G

COZINHAS PARA PRODUÇÃO DE EMBUTIDOS

Nos anos seguintes, a casa de comércio se transformou em um verdadeiro complexo comercial: além do comércio/ hospedaria, foram acrescidos ranchos para criação de gado e porcos, um açougue com defumador, uma queijaria, um moinho, uma ferraria, uma olaria e uma serraria. Mantinham também uma pequena farmácia e um serviço de banco dentro da casa comercial, que permaneceu sob comando da família Passold até a década de 80. Quando os grandes supermercados surgiram em Pomerode, a necessidade pelo comércio começou a ficar cada vez mais escassa, as atividades existentes cada vez menos lucrativas e a oferta da matéria prima necessária para produção dos produtos coloniais foi reduzida. Neste panorama inseriu-se, ainda, o maior rigor das leis sanitaristas dos anos 80 como fator decisivo para o fechamento de algumas das estruturas do complexo, como a queijaria e o açougue. Nos anos finais do comércio, pouco era vendido para a comunidade e um número muito reduzido de produtos era vendido nas feiras em Blumenau. Por fim, a construção da nova estrada diminuiu muito o movimento na R. Vitória, o que resultou no fechamento do armazém.

ESQUEMA ESTRUTURAL

SETOR 2 ESCOLA

SETOR 3 OFICINAS

Entende-se, assim, a necessidade e importância da estruturação de um espaço comunitário onde os produtores possam fabricar e comercializar seus produtos, dentro das normas sanitárias e de forma cooperada, garantindo a continuidade e transmissão da culinária e dos hábitos alimentares trazidos pelos imigrantes. Essa ação não só representa uma forma alternativa de geração de renda para as famílias, mas também alinha-se com os interesses municipais, trazendo novas possibilidades de sustentação econômica para a região. A transmissão das saberes relacionados a construção civil - carpintaria enxaimel, marcenaria, olaria e ferraria -, por outro lado, exigem outro tipo de aproximação. São ofícios aprendidos durante o próprio processo de execução, passados pelos mestres aos aprendizes dentro de suas oficinas. Dessa forma a prática cotidiana tem que ser vista como principal componente na conservação desses conhecimentos e os mestres - carpinteiros, oleiros, serralheiros e pedreiros - parte importante na formação de mão-de-obra especializada nas técnicas tradicionais. A estruturação de uma Oficina-Escola focada nessas técnicas supre, assim, a necessidade de aprendizado dos ofícios fora das oficinas dos mestres, ampliando o alcance dos conhecimentos e possibilitando a especialização de outros profissionais. Experiências como a da Oficina-Escola de João Pessoa, na Paraíba, e da Oficina Escola de Laranjeiras, em Sergipe, demonstram que esses espaços podem cumprir, ainda, um importante papel social, atuando na capacitação de jovens para intervir fisicamente no patrimônio edificado do munícipio e estabelecendo novos elos da comunidade com a memória do lugar.

A Casa Comercial Passold localiza-se na Rua Vitória, número 1138, no bairro Testo Rega, e foi construída em 1897 por Gustav Salinger. No local ele ergueu uma filial do comércio que mantinha em Blumenau, acompanhado de um estoque, um dormitório para funcionários e uma parada para cavalos e carroças. Em 1922, Salinger vendeu por seis contos de réis a casa comercial e todas as terras à Richard Passold, um antigo funcionário da loja. Inicialmente, a casa comercial abastecia toda a área rural do Bairro Testo Rega e à medida que as necessidades da comunidade do Rega iam crescendo, novas estruturas eram acrescidas ao comércio, que passou a trabalhar também com produções próprias feitas a partir das matérias primas fornecidas pelos colonos da região. Nos cinco quartos existentes no andar superior, a família estabeleceu uma pequena hospedaria que funcionava, em alguns casos, com base para a troca de serviços. Foi nesse sistema que se construiu muitas das benfeitorias do complexo como, por exemplo, o moinho alguns anos mais tarde. Em 1947 a família fez algumas modificações na casa para transforma-la também em moradia - o estoque foi expandido e transformado para abrigar essa nova função.

+1,00

+1,00

+1,00

+1,00

+1,00

+1,00

+1,00

+3,20

+3,20

PISO INTERTRAVADO CINZA ESCURO

PERFIL TUBULAR 5x5 cm VIGA EM PERFIL I LAMINADO BRISE MÓVEL DE MADEIRA PORTA CAMARÃO VENEZIANA DE MADEIRA

+1,00

+1,00

PISO EM CONCRETO ALISADO ARQUIBANCADA EM CONCRETO

CORTE AA’

CORTE GG’ SEM ESCALA

1

2

5m

CORTE BB’

1

2

5m

CORTE HH’ SEM ESCALA

CORTE CC’

1

2

CORTE DD’

5m

CORTE II’ SEM ESCALA

CORTE JJ’ SEM ESCALA

1

2

VISTA 5

5m

VISTA 6


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