Revista axecps ed03

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www.axecampinas.com.br / ano 1 ‐ edição o3 ‐ 2014

Omolu - Sànpònná Obàlùwaiyé Exposição : ‘Ervas e seus Orixas’ O que é Jurema? (parte final) Festas e Tradições Cultura/Artes Curiosidades

A Tradição em Festa Fotos: Arquivo

11º Arraial Afro Julino do Jongo Dito Ribeiro

Festa Julina e Inauguração do Novo Espaço Urucungos


padre Zezinho, a revista decidiu publicar suas considerações.

Editorial

POLÍTICA, RELIGIÃO E COERÊNCIA Padre Zezinho

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s pessoas, por serem imperfeitas, costumam ser incoerentes. Algumas, habitualmente, outras eventualmente. Mas é no discurso político e religioso que a incoerência mais se manifesta. Nada mais revelador do que as gravações de um sermão depois do outro e de uma campanha política depois da outra. Inerência supõe unidade intrínseca. Aderência supõe unidade buscada e assumida. Coerência, significa unidade de pensamento e de vida. Espera-se o mínimo de abandono e de retrocessos. Quando o discurso de agora não bate com o de ontem e muito menos com a vida, pregador e político correm o risco de cair em descrédito. E não são poucos os que caem. Um dia, o discurso se distancia demais da vida e da práxis. Naquele dia, fica difícil para o pregador ou para o político reconstruir sua carreira. Há mudanças, algumas delas, sinceras. Foro íntimo revista

Axé Campinas Site: www.axecampinas.com.br Facebook: facebook.com/axecampinas Uma publicação da: Bagan Comunicação CNPJ: 20.332.527/0001-20 (19)2511 3341 / 99117 1965

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não se questiona, mas o resto, sim! A verdade é que, quem ontem se declarou agnóstico, hoje termina seu discurso com atos de fé e ação de graças a Deus; quem ontem era inimigo figadal durante a disputa pelo governo, hoje é aliado. Quem se dizia coerente, foi lembrado de pelo menos três grandes infidelidades. Quem garantia rigidez fiscal terminou a campanha prometendo aumentos e gastos que não explicou de que caixa os tiraria. Quem jurou, no começo da campanha, não atacar os adversários, terminou em soleníssimo ataque: queria os votos do outro. Quem era demônio virou anjo e quem posava de anjo perdeu as asinhas. Quem disse que não julgaria, julgou e quem prometeu não manipular dados, manipulou. Mentiu e sabia que mentia. Também nos púlpitos a doença que era coisa do demônio, quando atingiu os familiares e membros da comunidade virou provação de Deus; o que foi anunciado como cura e milagre, ao não acontecer deixou de ser anunciado, nem mesmo para

pedir novas preces por quem fora dado como curado. Quando o marketing se torna caminho de vitória, de votos e de adeptos a qualquer preço, a mentira entra pela porta da frente e a coerência vai embora pela dos fundos. Poucas pessoas conseguem esta coerência. Reveja as campanhas políticas do passado e as mais recentes; reveja as pregações das- i grejas antes e depois. Um é o discurso de quem quer chegar, e outro o de quem chegou. Há os coerentes. E há os incoerentes. O pior de tudo é os abertamente incoe rentes abandonam amigos, partidos, igrejas e amores sob o argumento de que tiveram que fazê-lo por questão de fidelidade a si mesma. Só quem tem fidelidade a si mesmo sem fidelidade aos outros tem outro nome! Gratidão é virtude que, se faltar, bagunçará qualquer discurso!

Tiragem: 5.000 exemplares Periodicidade: mensal

Fotografia: Eric R. D. Freitas

Diretor Executivo: Eric Ramos Duque de Freitas

Arte e Revisão: Dinah Magalhães Fernando Silveira (Okun Olola)

Editora Responsável: Ana Diva Giraldi Corrêa Redação: Ana Diva Giraldi Corrêa

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A Revista Axé Campinas não se responsabiliza por matérias assinadas, sendo de responsabilidade dos autores.


Artes LIVROS

André Cozta: seguindo a missão Foto: Reprodução

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Reprodução

Reprodução

André Cozta: psicografando mensagens e obras enviadas por seus mestres e guias espirituais

Nagô com Devoção Ogan Alexandre Tarlei facebook.com/pages/AlexandreTarlei/685727751493883

POESIA

aúcho de Porto Alegre, André Cozta, desde muito cedo, acostumou-se com os rituais de Umbanda Sagrada realizados pelo seu pai, no terreiro que situava-se aos fundos da casa onde residia com a família. Define-se comoumbandistadepai,mãee avós, pois, seu pai foi “feito” no terreiro de seu avô materno, a Casa de Umbanda Pai Thomé. Ao longo da vida, acostumou-se com as lidas desta religião, praticando-a e nutrindo um amor a cada dia maior por esta doutrina, pelos Sagrados Orixás e guias espirituais manifestadores das qualidades Divinas destas divindades. Residindo na cidade do Rio de Janeiro desde 2001, em dado momento,entregou-se de vez à sua missão, na prática religiosa, na Magia Divina(é Mago Iniciador da Magia das 7 Chamas Sagradas, trazida ao plano material pelo Mestre Rubens Saraceni) e psicografando mensagens e obras que são enviadas por seus Mestres e Guias. Hoje, atuante como médium de Umbanda Sagrada, Mago servidor de Deus e escritor, usa da sua missão para mostrar à quantos irmãos em Oxalá lhe for possível, o quão pode ser simples e doce trilhar os “Caminhos da Evolução”. facebook.com/andrecozta andrecozta@gmail.com

Cor da Mata E do Meu Sangue Nagô com Devoção Cor do Mar Dos navegantes De ancestral tradição Porto Rico Resiste é nação E Reside no meu coração É remada cravada no Pina Todo ano tem dendê É baque virado que ensina Fundamento de terreiro Império de Ogum...Ogunhê!!! Darrun, biancó e melê Viva a Nação Porto Rico Patacorí Ogum Megê!!!

MÚSICA Reprodução

“Samba de Yayá” acaba de lançar seu primeiro cd de músicas relacionadas às religiões de matriz africana e ao samba de roda. O grupo é o braço cultural do Terreiro de Umbanda ‘Mãe de Deus’ a as composições são de autoria dos próprios integrantes do terreiro. Algumas canções de domínio público que também foram gravadas vieram da memória dos mais antigos, em um trabalho de pesquisa direta, muitas vezes ouvindo os pontos no pé da entidade.

O cd pode ser adquirido na página do facebook.com/sambadeyaya, na sede do grupo, rua Ana Arruda de Camargo 377- JDNilópolis – Campinas e pode ser ouvido neste endereço soundcloud. com/samba-de-yay. Contato: sambadeyaya@gmail.com Curta a página da Revista Axé Campinas no facebook facebook.com/axecampinas e concorra ao CD Samba de Yayá

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Cultura Comunidade em Festa na pisada da tradição Fotos: Nina

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Comunidade Jongo Dito Ribeiro consiste em um grupo de pessoas e familiares que reconstituem e vivem a cultura do jongo através da memória de Benedito Ribeiro, que foi festeiro de São João e devoto de São Benedito. Nasceu no ano de 1905 em Caldas (MG), e em 1932, já casado com a campineira Benedita Neves Baltazar estabeleceu-se na cidade de Campinas/SP, onde manteve a tradição recebida de seus pais, realizando rodas de jongo quando reunia os amigos. Em homenagem a Comunidade foi batizada com seu nome, “Comunidade Jongo Dito Ribeiro”, que desde o ano de 2000, liderada por Alessandra Ribeiro, sua neta, realiza trabalhos de reconstituição e permanência do jongo no município. Dia 12/07 até o amanhecer do dia 13/07 foi realizado o 11º Arraial Afro-julino Jongo Dito Ribeiro, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, público de aproximadamente 4.000 pessoas, é tida como uma das maiores festividades afro-brasileiras da região e já faz parte do calendário oficial do estado de São Paulo. Com barracas de alimentação, roupas, artesanatos e programação cultural e artística diversificada foi diversão garantida. Fonte: Pontão de Cultura Jongo Caxambu http://www.pontaojongo.uff.br/jongo-dito-ribeirocampinas-sp

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Todas as tribos se reuniram em mais uma linda festa, cheia de alegria e cores, a tradição e força da comunidade para comunhão da sociedade.

Festa Julina e Inauguração do Novo Espaço Urucungos, Puítas e Quijengues

Do lixo à cultura ativa A Comunidade Urucungos, Puítas e Quijengues, grupo com 26 anos de história na Cidade de Campinas, está em novo endereço, na casa de força do antigo VLT no Bairro da Vila Teixeira, Rua Salvador Lombardi Neto s/n, mas não pensem que foi fácil, no inicio da ocupação encontraram um local destruído e com toneladas de Lixo, e com a força e determinação do Coletivo e Amigos, transformaram em mais um espaço Cultural em prol da Comunidade . E neste dia 19 de Julho aconteceu uma festa julina diferenciada, com gente alegre e ritmos variados foi o cenário da inauguração do novo espaço do grupo Urucungos, a festa se iniciou com as benções de diversos líderes religiosos, em seguida houve a cerimônia de “Levantamento do Mastro”, realizada pelas Caixeiras das Nascentes, seguida pela apresenta-

ção do Boi de Pernambuco do Grupo Urucungos. Além da saborosa culinária, várias manifestações culturais e afrobrasileiras como samba, capoeira, maracatu, jongo, rap e outras, animaram a festa, que terminou com um forró pé de serra com direito a quadrilha. O grupo tem como principal missão preservar e divulgar a cultura popular brasileira, tem o apoio da Secretaria Municipal de cultura, foi fundado em 1988 pela Mestra de cultura popular Raquel Trindade filha do artista popular e folclorista Solano Trindade, que batizou o grupo de Urucungos (Berimbau), Puítas (Cuíca) e Quijengues (Tambor), instrumentos musicais africanos, vindos de Angola e muito conhecidos no Brasil. Campi nas está em festa. E desejamos que este novo espaço traga grandes frutos. http://urucungospuitasequijengues.blogspot.com.br


Cultura

Foto: Arquivo

Dia do Capoeirista

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o domingo dia 03 de Agosto das 9:00 as 12:00 horas aconteceu na concha acústica um grande evento em comemoração ao “Dia Nacional do Capoeirista”. Foi uma grande festa com muitos mestre de Campinas e região, com apresentações artísticas de capoeira, danças, orquestra de berimbaus e oficinas práticas simultâneas dentro da lagoa do Taquaral. Quem realizou este evento foi o Mestre Formiga, que tem trabalho aqui em Campinas, na Alemanha (em várias cidades) onde ele reside, na Holanda e Austrália. O evento teve apoio direto da Secretaria Municipal de Cultura, da Prefeitura de Campinas, contou com sorteios de brindes para os participantes e foi aberto à comunidade. História No dia 27 de janeiro de 2006, na cidade de Campinas – SP - Brasil, o Sr. Tiago de Camargo (Mestre Formiga) e seus alunos fundaram o Instituto Brasileiro Esporte, Cultura e Arte – Capoeira Ibeca. O trabalho deu início com o primeiro Retiro da Capoeira, com a presença de grandes personalidades do mundo da capoeira, como o conselheiro do grupo (Mestre Mauricio) e outros Mestres como: Mestre Cícero, Mestre Mauro Gomes, Mestre Kito, Mestre Paranhos. Também estiveram presentes outros mestres, professores, alunos e amigos do Mestre Formiga. O Instituto Brasileiro Esporte, Cultura e Arte – Capoeira Ibeca é uma dissidência do Grupo Senzala, do qual o Mestre Formiga pertenceu durante 11 anos, com base nos ensinamentos dos mestres do Grupo Senzala e outros grandes mestres da capoeira, o Mestre Formiga resolveu montar seu próprio grupo.

Com a coordenação do Mestre Formiga e o comprometimento dos Graduados, Instrutores e Professores, nosso grupo vem cada vez mais conquistando seu espaço. Destacamos que a prática da Capoeira não se limita apenas em uma roda onde duas pessoas fazem movimentos acrobáticos no meio, existe uma relação de harmonia entre o ritmo e o jogo, as músicas de Capoeira têm o propósito de passar uma mensagem de acordo com as realidades vividas pelos capoeiristas. Na sociedade em que vivemos hoje podemos afirmar que a Capoeira é uma Arte de libertação e união das pessoas, uma opção para o cidadão se desenvolver harmoniosamente e ao mesmo tempo consciente e crítico à sua realidade. Acreditamos que o processo de conscientização do nosso povo esteja profundamente ligado à questão do resgate da nossa identidade cultural. Entre outros em Campinas destacamos os Trabalhos desenvolvidos pelo Prof. Bombril em parceria com a Casa de Cultura Fazenda Roseira e Prof. Tartaruga na Estação Furtado.

Capoeira Ibeca: resgatando a identidade cultural

Capoeira Ibeca Fundado em 27 de Janeiro de 2006 o Capoeira IBECA pauta-se na proposta de profissionalismo na Capoeira. Isso trouxe sem dúvida um grande diferencial para o nosso trabalho. Contamos com a presença de profissionais de diversas áreas de atuação: Sociologia, Educação Física, Pedagogia, Fisioterapia, Medicina, Psicologia, Administração entre outras, sendo todos capoeiristas do grupo. Anualmente realizamos vários eventos no Brasil e no Exterior. Reprodução

O Berimbau Pai Michaell D’ Xangô

Instrumento de corda constituído por uma vara em arco, um fio de aço e uma cabaça, de origem angolana, também conhecido como Berimbau de peito em Portugal ou como Hungu em Angola e em grande parte do continente africano. Em Angola, também é conhecido por M’bolumbumba e é utilizado entre os Quimbundos, Ovambos, Nyanekas, Humbis e Khoisan. Este instrumento foi trazido pelos escravos angolanos para o Brasil, onde é utilizado para acompanhar uma dança/ luta acrobáti-

ca chamada Capoeira. No sul de Moçambique, tem o nome de Xitende. No Brasil, é conhecido por vários nomes: urucungo, urucurgo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, ricungo, berimbau metalizado, gobo, marimbau, bucumbumba, bucumbunga, gunga, macungo, matungo, mutungo, aricongo, arco musical e rucumbo. Fonte: Wikipédia.

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Em ação Fotografando olhares Mário A. M. Macedo

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lém da Lavagem da Escadaria e a Festa de Ogum, faço o registro das Giras de Esquerda e Direita, Festas, Casamentos, Saídas de Santo, Batizados, Giras na Mata, fotos oficiais dos Dirigentes da Casa e, por último, Acervos da Casa. São mais de trinta mil fotos feitas ao longo de oito anos. Quando registro algo, a Casa tem sua cópia em CD e por todo este trabalho que faço nada cobro. Embora não compreenda totalmente o que vejo, do que me permitem registrar, tenho em mim, fortemente, a Fé e o respeito pelo que fotografo. Fotografo desde os 16. No início e por longo tempo, foi só Família e Natureza. Antes de iniciar-me no ‘ofício’ de lambe-lambe nas Casas de Santo, frequentei a Casa do saudoso Pai Cação, nos idos de 1984. E só em 2006, na Casa de Mãe Iberecy é

que tudo começou, com a permissão dela. Fotografava e montava, as vezes, DVDs do registro. Tempos depois, comecei, ao reolhar as fotos e uma me chamava mais a atenção, a procurar nelas uma descrição mesmo que lúdica do que estava ali, simplesmente retratado... O olhar, principalmente o olhar, dos médiuns incorporados, mais do que sua postura me dizia muito. Nas Casas que permitem o registro e a divulgação é que garimpo as fotos que acabam ganhando um texto, que depois publico. Umbanda, Jurema e Candomblé que conheço são como flores. São individuais, de beleza única, como as Umbandas e Juremas e parecidas, como de famílias, os Candomblés. E ainda existem, porque não? os Umbandomblés, como flores de Primaveras, que por estarem próximas, acabam por mesclar suas cores... Uma espécie de Jardim de Oxalá! Aí está, como exemplo, outra visão lú-

Foto: Divulgação

Mário A. M. Macedo é fotógrafo e colabora com entidades religiosas

dica de minha parte. As Casas que já visitei são a de Mãe Ana Maria Cação, Mãe Tatiana Rocha, Mãe Iberecy, Mãe Dango, Mãe Kayalodomim, Mãe Jebelonan, Mãe Nelly [Piracicaba], Pai Domingos, Pai Odecilê, Pai Toluan, Pai Oramidaime, Pai Valdecy, Pai José, Pai Bruno e Mãe Adriana [Jundiaí], Pai Luis e Mãe Silene [Valinhos], Pai Pedro e Mãe Olga, Mãe Alexandrina e Pai Zé Carlos, Mãe Emilia de Boiadeiro e Baba Toloji. Contatos: Facebook: Mário A M Macedo emails:mammacedo@bol.com.br e md250031@gmail.com Telefone: (19) 3365 6352 e (19) 9 9121 5241

Bem-vindos à aldeia nova Pai Michaell D’Xangô 1ª parte

A aldeia Tekoa Pyau, está localizada próximo ao Pico do Jaraguá no município de São Paulo.Atualmente conta 125 famílias, com uma população de aproximadamente 650 índios, dos quais quase 400 são crianças. Seu líder espiritual e social é o Cacique e Pajé Guirá-Pepó - José Fernandes,

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que orienta os destinos da aldeia, juntamente com um conselho represen tativo formado em sua maioria por anciãos. Como a aldeia está localizada dentro de uma grande metrópole, muitos são os problemas relacionados à interferência branca em seus usos e costumes, além da absoluta carência de recursos naturais para subsistência da população. Os recursos provêm da venda de artesanato, da ajuda dos órgãos competentes e doações de grupos

que se mobilizam para auxiliá-los, como exemplo, o grupo Guerreiros de Oxalá, onde seu presidente, Babalorixá Fabio D’Osogyan e seus parceiros, são responsáveis por uma festa voltada as crianças da aldeia, onde são distribuídos brinquedos, roupas e ainda fazem a tradicional e esperada tarde do cachorro quente, que também é recheada de muitas brincadeiras. Fonte: http://tekoapyau.zip.net


Em ação Cepir - Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha o último dia 25/07, A Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial (CEPIR), vinculada à Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, realizou, uma Roda de Conversa voltada para os meios de enfrentamento ao machismo, racismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais para com as mulheres. Contou com a presença de alguns políticos, representantes da Secretaria de Educação, Fundação Casa, Comunidades Tradicionais de Terreiro, Pastores Evangélicos, Artista Plástico, Grupo Hip-Hop, Educadores e simpatizantes. Houve a colocação sobre a coragem das mulheres negras que se preocupavam em comprar a alforria de seus maridos, mesmo que o preço fosse o aumento de sua escravidão particular. O movimento das mulheres negras sempre existiu de forma organizada, mas necessitando de uma maior fidelidade, reconhecendo que cada uma

Foto: arquivo

Saiba mais

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Campinas ganha Conselho inovador Nos dias 15 e 16 de Agosto, cerca de cem pessoas da sociedade civil organizada, movimentos culturais e a Secretaria Municipal de Cultura de Campinas, se reuniram na Conferência Extraordinária de Cultura, realizada na Estação Cultura, para a formulação do Projeto de Lei do novo Conselho de Politicas Culturais da cidade. Depois de um extenso processo de debates, ideias, trocas e formulações de mais de seis meses, a Secretaria de Cultura apresentou uma proposta de Projeto de Lei para a plenária, bem dirigida pelo Secretário de Cultura, Ney Carrasco, que durante onze horas e meia coordenou os trabalhos de forma dinâmica e progressiva, dando espaço para que a plenária chegasse no que acreditamos ser o início de um inovador Conselho de Politicas Culturais na cidade. O Projeto de Lei do Novo Conselho de Politicas Culturais será finalizado pelo jurídico da Prefeitura e posteriormente encaminhado a Câmara dos Vereadores.

tra somente neste espaço, pois nossos filhos devem ser criados para aceitarem as diferenças raciais, étnicas, religiosas, sexuais e outras pelo caminho da vida. A escola é tida como reprodutora de formação, por isso há a necessidade de se criar ferramentas para discussões como sexualidade e questões raciais, étnicas mais abrangentes no que se fala de cultura afrobrasileira.

Foto: Nina

Grupo discutindo as desigualdades deve ser considerada como aliada e portanto formadora de uma força maior. A conversa gerou uma discussão sobre a Lei 10.639, que apesar de seus 13 anos de aprovação, ainda engatinha nas ações educacionais, nas escolas, onde se fala mais em geografia do que praticamente em costumes étnicos. O racismo continua implícito e sutil, onde se vê a escola como local de prática, esquecendo-se que o mundo não se concen-

Lei n.° 10.639 de 09 de janeiro de 2003, que define a inclusão pelas escolas nos seus currículos de conteúdos de História da África e Cultura Afro-Brasileira. Tal proposição pode ser considerada como uma possibilidade de avanços no âmbito educacional e cultural e, portanto, uma possibilidade, também, de mudanças em práticas sociais humanas, e reconhecimento do que os negros proporcionaram à formação do povo brasileiro.

Sociedade civil reunindo-se em torno de movimentos culturais

Principais pontos destacados: 1. O Conselho passa a ter poderes deliberativo, consultivo, formulativo e fiscalizador como nunca antes na história da cidade; 2. A Presidência do novo Conselho passa a ser eleita pelo próprio Conselho; 3. O Conselho passa a ter 42 integrantes, sendo que 2/3 é representado pela

sociedade civil sendo 50% das vagas serão compostas por mulheres e 1/3 pelo poder público e governo; 4. Contaremos agora com Conselho Geral, 05 Câmaras Temáticas, 07 Conselhos Regionais e, obrigatoriamente, uma ampla plenária aberta à toda a cidade de prestação de contas para a sociedade.

Representação por Câmaras Temáticas - Câmara das Artes: 05 vagas para as linguagens artísticas; - Câmara da Cidadania Cultural: 05 vagas para os seguintes movimentos culturais: Hip Hop, Funk, Pessoas com deficiências, Cultura Digital e Midia Ativismo; - Câmara das Culturas Tradicionais: 05 vagas para cultura de matriz africana, cultura cigana e culturas tradicionais e populares e outras; - Câmara do Patrimônio Cultura e Memória: 03 vagas para Patrimônio Imaterial,

patrimônio material e museus comunitários. - Câmara Territoriais: 07 vagas para representantes dos conselhos regionais Conselhos locais por equipamento que deverão ser regulamentados por decreto. Poder Público De maneira inovadora 09 vagas para as coordenadorias da Secretaria de Cultura, 03 vagas para outras secretarias e 03 vagas para funcionários de carreira eleitos por seus pares, 01 vaga para secretaria Estadual de Cultura.

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Destaque Baba Efun Okun Olola

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m seu Livro “Orixás – deuses iorubás na África e no novo mundo” – Ed. Círculo do Livro, Pierre Verger relata: “Existe uma confusão muito grande a respeito de Sànpònná Obalúayé, Omolu e Molu, que se misturam em alguns lugares e, em outros, são deuses distintos”. O que dificulta o problema vem do fato de que Nàná Bùrùkú é igualmente confundida com eles. Conclui-se que: Assistimos na África um sincretismo entre duas divindades vindo uma do Leste, Sànpònná – Obalúayé (Nàná Bùrùkú), e outra do Leste, Omolu – Molu (Nàná Brukung), que se juntaram e tomaram um caráter único no Ketú; Ou, então, tratarse-ia uma divindade única, trazida por migrações Leste – Oeste.” Indicações colhidas de Leste a Oeste sobre este Òrìsá, dizem: Obàlùwaie esteve em Ilè Ifé, mais precisamente em Òkè Itase antes da chegada de Odùdúwà; Em Òyó encontrava-se as mesmas indicações, afirmando-se que Obàlùwaie carrega uma vassoura na mão, ele havia vindo de Daomé e recebe o nome de Sànpònná-Boku, daí a aproximação de Nàná Buruku; Em Ibadan confirmou-se a origem de Tapa Sànpònná, e ele ainda é confundido com Nàná Bùrùkú; Em Obeokuta reina a mesma confusão, além do aparecimento de Omulu macho e outro fêmea vindo de Save Opara. Ainda em Obeokuta, outro templo Obàlùwaiyé está unificado a Nàná e para ambos não se usa metal; Em Abomei, no bairro de Djena, acha-se o templo de “Lisa” consagrado à Molu, e também no Oeste está o rio Odò Molu; Em Savalu, se diz que Molu vem de Lisa; Em Adja Aguna encontra-se o templo principal de Molu; nos arredores de Sakuite-Tagbadji se vê Arawe (Molu masculino)

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e em Akutagba se vê um templo destinado a Ajase (Molu feminino); Mais para Oeste, em Atakpame, no Togo, também se vê Molu Arawe; em Gbekon uma aldeia desta mesma região se vê Aji Aguna, Molu (feminino); Em Topli, também no Togo, Molu teria saído das águas com uma vassoura na mão, e na outra com um facão, mas mesmo assim o metal não é utilizado em seus sacrifícios, onde os animais são mortos a golpes de porretes; Em Ketú, ao contrário, Sànpònná – Obàlùwaiyé –Omolu estão separados de Nàná Bùrùkú. Existem numerosos templos na redondeza de Ketú, onde são feitas iniciações de Obàlùwaiyé, tais como Mepere e Igaji. Lá se encontra a afirmação que ele teria vindo de Aise, de Holi ou de Adja Popo. Os cultos deste Òrìsá conheceram altos e baixos no Ketú. Foram trazidos de Savalu, pelo Rei Agadjá (1708 – 1740), em decorrência de uma grande epidemia de varíola. Durante o reino de Agonglo (1789 – 1797) houve outra grande epidemia e os Sacerdotes Sapatanon assumiram grande importância. O rei Adandozan (1797 – 1818) desconfiado do poder dos Sapatanon os expulsou de Abomey, acorrentados foram levados para Adame. O Rei seguinte, Ghézo (1818 – 1858) consultou Ifá e trouxe de volta Sapatanon Favi Mishai, originário de Pingini Vedji, perto de Dassa Zume, e o instalou em Azali, bairro de Abomey. Em Dassa Zume, Sapana é conhecido pelo nome de Sapata, de origem Fon. Alguns afirmam que Obàlùwaiyé é o irmão mais velho de Sòngó, com origem Tapa, mais especificamente em Empé, e seu nome é Sànpònná – Airo. Porém sua origem é incerta. Uma Itòn conta que Obàlúwàiyé era originário de Empé (Tàpá) e havia saído em guerra aos quatro cantos do Mundo. As feridas causadas por suas flechas

tornavam as pessoas cegas, surdas ou mancas. Assim é que ele chegou ao território Mahi, norte de Daomé, destruindo a tudo, e a todos. O povo Mahi consultou um Bàbálawó e aprenderam a acalmar Obàlúwàiyé, com oferendas de Gúgúrú. Acalmado o valente guerreiro gosta do lugar e manda construir um palácio e nunca mais volta a sua terra de origem. As origens Nago – Yorùbá do Vodun Sapata são confirmadas durante os rituais de iniciação, onde os sapatasi são tratados pelo nome de “Ànàgonu ( nagos )” e o idioma usado nas orações é o Yorùbá. O que temos de origem Fon, é que Nàná Bùkùú é mãe de todos os Sapatas. Portanto, Obàlúwàiyé, Omulu, Saponon pode ser considerado uma só Divindade, valente guerreiro, Òrìsá conquistador e desbravador de territórios, portanto cultuado para obtenção de progresso e prosperidade. O Título de Jagun justifica a visão de ser Ele jovem guerreiro. Uma Iton conta que Saponon nasceu em Empé, território Tàpá. Ele era um valente guerreiro que acompanhado por suas tropas percorria o Céu e os quatro cantos da Terra, massacrando impiedosamente seus inimigos que morriam mutilados ou de pestes variadas. Chegando ao Território Mahi causou pânico aos habitantes locais, que consultaram um Bàbálawó que afirmou: “O valente guerreiro chegou, e se tornará o Senhor deste País, fazendo esta terra rica e próspera. Se o povo não o aceitar ele o destruirá. É necessário que se faça muitas oferendas a Ele, todas que ele goste, como: inhame pilado, feijão e farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne e muita pipoca. Todos devem respeitá-lo e servi-lo. Quando o povo reconhecê-lo como Rei, Saponon não mais o destruirá.” Quando o guerreiro chegou os ha-


Destaque bitantes do local o reverenciaram, colocando suas testas no chão e gritando “Atótó!” (silêncio). Assim Saponon aceitou os presentes dizendo: “Eu os pouparei. Em todas as minhas viagens sempre encontrei desconfiança e hostilidade, mas aqui foi diferente. Construam um Palácio e aqui será minha moradia doravante.” Saponon instalou-se então em Mahi tornando o País próspero e rico, e nunca mais voltou a Empé. Recebeu então um novo nome “Sapata”, mas também era chamado de “Ainon/ Senhor da Terra” ou então “Jeholú/Senhor das pérolas”. Ele tem o controle das epidemias e doenças contagiosas, usando-as como punição aos que o ofendem e conduzem-se mal. Tratar Obàlúwàiyé como jovem e Omulu como velho, são configurações dos Cultos Afro-Brasileiros. Como disse o Bàbàlòrìsá T’Ògún: “ As pessoas vão conhecendo Títulos de um mesmo Òrìsá e vão criando Divindades diferentes baseados nesses Títulos.” O nosso assunto é Omolú, de origem Jeje e posteriormente cultuado pelos Yorùbá está relacionado com a varíola e doenças infecciosas e epidêmicas, de um modo geral. Òrìsá misteriosos, como Iroko, Òsùmàré e Nàná. Os Vodun Daometanos tem características básicas que os diferencia dos Òrìsá Yorùbá, pois são associados a conceitos de castigos e punições, suas ameaças são mais graves e consequentes, com grande potencial de repressão ao ser humano; enquanto os Òrìsá Yorùbá são mais extrovertidos, mais humanizados e passionais. Pierre Verger afirmava que a cultura Daometana é mais antiga que a Yorùbá. O detalhe de não serem feitos sacrifícios a Nàná com metais, faz-se deduzir – dizia ele – que sua origem é de uma época em que não se conhecia o ferro e seus derivados, portanto, subtende-se que Ògún não

existiria ainda. Cita que Odùdúwà, O conquistador, principal divulgador da Cultura dos Òrìsá, invadiu Ilé Ifé, que era então domínio de Daomé, e lá se radicou. Assim este Obàlúwàiyé – Omolú, já existiria na Cultura Daometana antes da chegada de Odùdúwà. Levando assim a crer que o caráter sombrio designado a Omulu possa estar ligado ao receio do povo Yorùbá, que não possuía em sua Cultura um Òrìsá tão violento e causador de doenças. Desta forma o mito criou a concepção que Omolú foi abandonado por sua Mãe Daometana (Nàná) e criado pela Mãe Yorùbá (Olusa). Tudo que se relaciona com os Òrìsá, de um modo geral, são informações orais, e nessa verbalização acaba-se acrescentando ou subtraindo algo, Jeje, Fon, Ketú, cada cultura conta sua versão. O que realmente podemos afirmar é que Òrìsá compõe uma Tradição e não uma Ciência, e na Tradição se crê, se tem fé, só na Ciência há que se provar cientificamente o que se afirma, e este não é o nosso caso. Nenhum Òrìsá ou Vodun é mais velho ou mais jovem, ou possui maior ou menor poder ou força. Todos se encontram em níveis iguais e tem sua importância dentro da Natureza. Em contradição ao mito de Nàná, existe um bom relacionamento entre Omolú e Ògún, comprovada na Iton que conta estarem os Òrìsá em uma festa onde todos dançavam alegremente, porém Omolú ficava parado timidamente na porta. Ògún então pergunta a Nàná: “Meu irmão fica lá parado na porta, não vem dançar por que?” E Nàná responde: “Ele tem vergonha de aparecer em público por causa de suas pústulas.” Ògún leva Omulu para o mato e rapidamente tece roupas de fibras e o veste. Omulu dança alegremente e canta uma cantiga agradecendo a Ògún. Ninguém queria dançar com ele, pois tinham

medo do que supostamente estava escondido debaixo do filá. Somente Oyá teve coragem de acompanhá-lo. Seu turbilhão de ventos levantaram as vestes de Omulu, e todos puderam ver o corpo de um homem belíssimo. Então Oyá recebeu dele o poder de reinar sobre os mortos, como recompensa e gratidão. Obàlúwàiyé (Rei Senhor da Terra) é saudado com a expressão: “Atótó” que literalmente significa “Silêncio”, ou ainda com: — Atótó! Omulu Oluké a Jí Béèrù Sápadà! Que se traduz: “Silêncio! O Filho do Senhor é o Senhor que grita e nós acordamos com medo e corremos de volta!” Seu elemento é a Terra, portanto seu Àsé é Dúdú (preto). Em sua dança, Omulu varre a Terra com seu Sàsàra! Este instrumento confeccionado com palitos de dendezeiro contém todos os segredos de Omulu e representa a coletividade. Seus componentes secretos, só são conhecidos pelos Altos Sacerdotes que sabem manusear este Àsé. Tem ele o mesmo simbolismo que o Ibiri de Nàná, mostrando o relacionamento existente entre estes Òrìsá. O Ìlèkè de Omolú é preto (dúdú) e branco (fúnfún) mostrando o relacionamento direto que este Òrìsá tem com Íkú (a morte) e a Ayé (vida na terra), mas também utiliza as cores preto, branco e vermelho. Os Omo também usam Lagidigba (ìlèkè dúdú feito de chifres de búfalos).

Nota do autor ‘Este texto foi extraído e formulado através de um apanhado de documentos de vários autores e apostilas repassadas aos iniciados dos Cultos dos Orixás, além de ensinamentos passados pelos sacerdotes e guias espirituais, não sendo assim de minha única autoria.’

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Em ação Povo de axé vive momento histórico Reprodução

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ntre os dias 26 de julho e 01 de agosto, os terreiros matriciais que deram origem ao candomblé nagô da Bahia, disse minado em todo o país, tiveram a visita de uma comitiva nigeriana em Salvador liderada por Sua Majestade Imperial, o Alaafin Oyo, Obá Ladeyemi III, considerado o descendente direto de Odudua, o fundador e primeiro ancestral do povo ioruba. O rei, que exerce um papel cultural e espiritual proeminente devido ao fato de ser o detentor legítimo do poder da coroa de Xangô, participou do I Seminário Internacional para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado Brasil-Nigéria. A cidade de Oyo localiza-se no Estado com o mesmo nome, na região sudoeste da Nigéria. Esta cidade foi capital de um dos maiores império s africanos, tendo ocupado grande parte da África Ocidental, desde onde hoje é a Nigéria, passando pelo Benin e pelo Togo, até ao Gana. A autoridade máxima deste império é S.M.I. o Alaafin Oyo. Este rei tradicional é considerado o descendente direto de Odudua, o fundador e primeiro ancestral dos iorubas. Com o tráfico transatlântico de escravos, a herança cultural do povo de Oyo e as tradições de Xangô instalaram se na Bahia, dando origem aos candomblés de tradição Nagô. Estas antigas casas, muitas delas originadas no século XIX, preservaram o legado cultural do povo ioruba e deram origem a milhares de

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Cartaz de divulgação do evento

outras que hoje se encontram espalhadas por todo o Brasil. Devido à importância da sua contribuição para a formação da cultura afro-brasileira e da cultura nacional, estes terreiros são protegidos e salvaguardados pelo Estado brasileiro, enquanto patrimônio histórico do Brasil. S.M.I. Alaafin Oyo é considerado guardião da cultura ioruba, por isso a sua visita à Bahia representa um reencontro do povo de santo com suas origens africanas. O Intercâmbio Bahia – Oyo já começou. Em junho de 2013, uma comitiva da Casa de Oxumarê, liderada pelo Babalorixá Sivanilton Encarnação da Mata, foi a Oyo, com o objetivo de estabelecer contato com S.M.I. Alaafin Oyo e outras autoridades tradicionais. Durante esta missão, o rei tomou conhecimento de que os terreiros de candomblé da Bahia, responsáveis pela preservação da cultura ioruba no Brasil, são atualmente reconhecidos pelas autoridades

brasileiras como patrimônio nacional. A proposta de intercâmbio foi construída conjuntamente pelos terreiros: Ilé Asè Iyá Nassó Okà (Casa Branca), Ilé Asé Opo Afonja, Ilé Iyá Omi Asé Iyamasé (Terreiro do Gantois), Ilé Maroialaji (Terreiro Alaketu) e Ilé Osùmàré Arakà Asé Ogodo (Casa de Oxumare), com a anuência de S.M.I. Alaafin Oyo, Adeyemi III. Autoridades religiosas destas casas acreditam que o intercâmbio cultural entre o Brasil e a Nigéria, cumprirá também o papel de evidenciar a importância das tradições iorubas de Oyo, de tal forma a alertar o governo nigeriano para a preservação urgente desse patrimônio internacional, de valor imensurável, também para as comunidades brasileiras. Isso porque apesar de a República Federativa da Nigéria dispor de instrumentos internos de proteção do patrimônio cultural e histórico, tendo inclusive conquistado os títulos de Patrimônio Mundial para a Paisagem Cultural de Sukur (1999) e a Floresta Sagrada de OsunOsogbo (2005), até o momento nada foi feito para preservar a antiga cidade de Oyo. Espera-se que este intercâmbio possa gerar desdobramentos no sentido de incentivar o governo nigeriano a apoiar pesquisas sobre o patrimônio de Oyo, classificar a cidade como patrimônio nacional e submeter uma candidatura de patrimônio mundial junto à Unesco.


Religião Orisà é pé no chão

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m minhas andanças e aprendizados tenho participado de vários cultos religiosos em várias nações e seguimentos dos cultos aos Orisàs, e tenho acompanhado e muito tem me intrigado o resultado da globalização nesta cultura tão linda. Não posso falar dos outros, primeiro por questões éticas e segundo porque aprendi com Ifá que só devemos julgar com vivência de causa e da mesma maneira e intensidade que queremos ser julgados, então vejamos: Tenho visto muitas casas onde a prática do Candomblé e de Umbanda deixou de ser um culto religioso e passou a ser um evento social (não que em uma família não deva haver eventos sociais), ou seja, o pessoal está mais preocupado com a beleza e os comes e bebes do que em cultuar os Guias e ou Orisàs. Rechilieu, bordados, babados, colares e firulas são mais importante que o bater cabeça no chão. Muitos adeptos procuram e confundem a beleza das festas e roupas de sacerdotes em vez de firmeza e axé. Não estou dizendo com isso que o Culto tem que ser no chão batido e que devemos usar farrapos, não, longe disso, simplesmente estou afirmando que a força de axé não está em roupas, colares e enfeites, a força vem do coração e da cumplicidade exercida entre a tríade Sacerdote- Consulente/filhoOrisà, é isso que norteará o bom resultado a real força de Axé. Quando meu Orisà nasceu ele estava de pé no chão (descalço), nas várias oportunidades que vi meu Sacerdote tomado pelo seu Orisà, ele sempre está de pé no chão, e ele já é iniciado há mais de 33 anos, e sempre que vejo um Orisà em terra ele se apresenta com o pé descalço. Então podemos entender que se ele, Orisà, não ostenta e não se apega em glamour, porque eu, como reles mortal tenho a obrigação de me encher de badulaques?? E agora sim, partindo dessa premissa, onde encontro maior axé, em um terreiro que tem 1000 m2 com luzes neon e com assentamentos Ojubos de 1 metro de altura, ou no terreiro da mãe Ma ria, que toca com muita dificuldade no fundo da casa alugada dela?? Amigo, a resposta é sempre simples: Não Sei, realmente não é nesta primeira visão de ostentação que posso julgar, tudo vai

depender do empenho, do amor, do dia a dia, da afinidade e perseverança que ambos dedicarem ao culto e aos Orisàs. Orisà não é pirotecnia como tenho visto, Orisà é diário, é um ancestral que convidamos para entrar em nossas vidas e como nossos amigos, devemos estar sempre atentos a este elo e desprendimento para que esta verdadeira amizade se perpetue, e assim atingir o verdadeiro Axé. Outro ponto que tem muito me alertado e não foge deste assunto, é referente a custos de rituais e feituras de novos iniciados no culto, nem todo adepto necessariamente precisa ser iniciado, iniciamos alguém quando este tem vocação sacerdotal e ou caminhos no culto de Orisà, A iniciação não é uma varinha de condão que vai acertar de vez a vida do iniciado, isso vai depender de uma série de fatores, e muitas vezes fatores que passam mais pela mudança pessoal do iniciado do que os atos litúrgicos do Rito (isso já é ponto para um novo texto que em breve iremos colocar). Fora o pingue pongue que muitos fazem de terreiro em terreiro, de culto em culto, e sempre saem falando que o Pai fulano é marmoteiro e que a Mãe fulana é louca, e por aí vai, tudo porque eles não conseguiram fazer os milagres que o Filhinho queria que caísse dos Céus. Será que não é o comportamento, e ou aceitação do Filho/consulente que estão errados?? Temos também que levar em conta o despreparo de algumas pessoas que se dizem sacerdotes, e não o são, não que não tenham anos de experiência, mas apesar de estarem na religião há anos, não sabem fazer o O com o copo, e inventam ou fazem ritos mirabolantes, visando unicamente o lucro financeiro, e não o resultado e auxílio a aquele ser desesperado e desinformado que está aos seus pés. Outra coisa que dói é ouvir de um Sacerdote, fulano te fez Orisà errado! Que merd... é essa?? como fez errado?? Orisà não deu Run? não deu Orunko? Ou então tava todo mundo brincando na iniciação e na festa ? O que pode acontecer são ritos mal feitos, existem sacerdotes despreparados, caminhos de Ebós mal dados, interpretação de “ODU” mal feitas, Sasanhas pela metade, Àdúrà misturadas, Igbà sem propósito, Oriki sem pé nem

cabeça e OFO sem vinculação de AXÉ (a força que realiza). Existem vários sacerdotes acomodados em cima da sua fama colocado cabresto em seus filhos e inventando o que não existe, somente no intuito de explicar os altos custos cobrados. E aí sim não é o Orisà que é errado e sim o rito. Volto a dizer, quem é feito em umbanda não é feito em candomblé e quem é iniciado em Jeje não é iniciado em Angola e por aí vai, são ritos e cultos diferentes, com rezas diferentes e com Energias diferentes. Logo, um assentamento de Angola de Lemba é diferente de Lissa e é por sua vez diferente de Orinsaalá, irão todos ter algumas peculiaridades, mas não serão iguais. A grande verdade, e vejo até pelos atendimentos que faço, tenho pessoas que passam pelos catiços e não acreditam na sua força, pois eles fazem seus trabalhos na caridade sem custos e preferem pagar um jogo comigo e tirar um Ebo que terá o mesmo resultado, só que ai com o custo ele acha que tem mais força, besteira, aí vão me questionar porque então o Sr. faz o jogo e tira o ebo? Simples, porque o Ori da pessoa é soberano e só tenho como transmitir o axé necessário à pessoa se o seu próprio ORI aceitar, só assim terei êxito. E assim eu digo, seja humilde, pois Orisà é pé no chão, trate-o com Nobreza, Ele merece, nós humanos somos reles instrumentos de Axé. Adúpé Quem sou? Eu sou Baba Efun Okun Olola, dirigente e Comandante Chefe de Terreiro da “Tenda Pai Cipriano”, tendo começado meus estudos em escola salesiana e posteriormente Kardecista, iniciei na Umbanda em 1984, sendo coroado pelos ritos Tradicionais de Umbanda em 1988, sou iniciado na Nação Ketú, sendo hoje, Baba Efun da “Egbè Ogun ati Orunmila” (dirigida pelo Sacerdote Ifaleye/ Baba Cícero Onitadewa) e estudante e seguidor da Filosofia de Ifá (tradicional religião aborígene africana). Nota de esclarecimento: Não sou o dono da verdade absoluta e muito menos da grande sabedoria do Universo, cada Casa é uma Casa, cada Casa tem seu Axé e ensinamento, não devemos nem podemos subjugar a ninguém, o Universo pertence a Olodumare, a Sabedoria encontramos em Orunmila e o Juiz é Esù.

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Religião O que é o culto da Jurema? Foto: Arquivo

Mãe Emília de Ayrá casadeboiadero@gmail.com parte final

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m Discípulo de Jurema passa por vários graus de desenvolvimento para se tornar um padrinho mestre, que é o grau que um Juremeiro pode chegar. Os graus são os seguintes: 1º - Discípulo Apontado. 2º - Discípulo Consagrado. 3º - Mestre. 4º - Padrinho. 5º - Padrinho Mestre. Discípulo Apontado: É a pessoa que é convidada para fazer parte das seções de jurema começando daí seu desenvolvimento e seu primeiro contato com o mundo invisível. Nesse estágio ela

Mãe Emília de Ayrá, dirigente do Ylê Asé Ayrá Tunji

pode percorrer um dos caminhos dos discípulos, que é o do Curupiro (Guardião da Jurema – o mesmo que ogã no candomblé, eu prefiro Guardião, segundo Rio Verde, o Guardião da jurema é o Juremeiro principal dentro de um Caatimbó) que é uma pessoa que auxilia os mais velhos nas seções, entregando os materiais pedidos pelos espíritos, ou arrumando o ambiente para a sessão, não entram em transe (não há acostamento), o outro caminho é o da Caixa que são

pessoas que entram em transe (os mestres acostam). Discípulo Consagrado: É o que passou pelos rituais de confirmação, consagração, e cimentação, tanto o Curupiro (Guardião da Jurema), quanto a Caixa passam por esses rituais. Mestre: É a pessoa que tem condições de atender as pessoas através de sua ciência. Padrinho: É o discípulo que inicia novos discípulos no culto de jurema. Padrinho mestre: É o discípulo que é a raiz de vários grupos de catimbozeiros. Obs.: tanto a Caixa quanto o Curupiro (Guardião da Jurema) podem ter ciência para se tornar um padrinho mestre.

Os espíritos da Jurema Os Mestres e Mestras: São espíritos dos antepassados, pessoas que quando vivas cultuavam a Jurema e que depois de desencarnarem trabalham nas sessões de jurema. Os Encantados: São espíritos elementares ou sendo espíritos ligados à natureza que no momento da morte se encantaram em animais e plantas. Os Príncipes: São parecidos com os encantados com a diferença de que estão ligados à natureza, mas não se encantaram em plantas nem animais. Os Reis e Rainhas: Espíritos milenares que por sua antiguidade podem atuar nos fenômenos naturais em beneficio da humanidade. Os mestres e as mestras são de dois tipos: os que trabalham na direita, ou seja, executam trabalhos de construir, e os que trabalham na esquerda, que são os responsáveis por destruir cer-

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tas situações. Os Mestres e as Mestras vêem em diversas linhas ou chamadas, as principais são: Caboclos: Espíritos mistos de índios com brancos e geralmente são todos oriundos do norte e nordeste do Brasil. Boiadeiros: Espíritos sertanejos ligados ao interior do nordeste, havendo algumas exceções quanto a espíritos que vem de 4 outras regiões do país e do mundo, são ligados a vaquejar gado. Pajés: Espíritos de antigos indígenas das terras brasileiras. Ciganos: Espíritos errantes que tem atuação nos trabalhos de magia Européia e Oriental são Juremeiros somente aqueles que foram para o nordeste e tiveram contatos com os índios. Curadores: Espíritos de médicos rezadeiras e xamãs, raizeiros.

Pretos Velhos: antigos rezadores do Brasil, de descendência africana são homenageados, porém nem sempre são Juremeiros, os que são Juremeiros levam o nome de Mestre antes de seus nomes. Andam muitos por ai dizendo-se Juremeiros, mas como em toda religião o culto em si não é ruim, algumas pessoas que estão na religião é que são ruins, devemos tomar cuidado e buscar orientação através de indicações, pois a melhor propaganda é “boca a boca”. Se um Juremeiro é realmente de fato um mestre, ele será indicado por pessoas satisfeitas com seu atendimento e trabalho bem feito e claro com sua honestidade. Visite uma casa de Jurema, antes de julgar e sair falando do que não conhece, primeiro conheça para poder comentar com conhecimento de causa e ser justo, sendo assim desejo a vocês muita saúde e paz, e que a Jurema sagrada os abençoe em nome de Deus!


Religião Breve introdução à Umbanda Omolokô Reprodução

Mário A. da Silva Filho

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Babalorixá Ornato José da Silva afirma, em seu livro, “Culto Omolokô: os filhos do Terreiro”, que a palavra Omolokô é de origem Yorùbá e significa: Ọmọ (filho) e Oko (fazenda). A fazenda, para o autor, seria a zona rural onde esse culto, por causa da repressão policial que havia naquela época (início do século XX), era realizado, ou seja, na mata ou em lugar de difícil acesso, no interior das fazendas que abrigavam ex-escravizados. Talvez, por cau sa disso,segundo o autor, possamos teorizar que hoje temos as denominações de “Terreiro” e “Roça” para os lugares onde os cultos afro-brasileiros e de matriz africana sãorealizados. Pode-se relacionar o significado da palavra Omolokô, também, com o Òrìṣà Oko, Orixá da agricultura ou com o Òrìṣà Irókò, Orixá que habita a árvore de mesmo nome. Algumas fontes dão conta de que a origem do nome Omoloko, também está ligada ao povo Loko. A tribo Loko estava divida em tribos menores ao longo dos Rios Mitombo, Bênue e Níger, e no litoral de Serra Leoa. Sua cidade principal era Lokoja, que ficava muito próximo ao reino Yorùbá. Crê-se que alguns escravizados do povo Loko, no Brasil, vieram a formar o que alguns chamam de Nação Omolokô. No culto Omolokô as divindades possuem nomes em língua Yorùbá, Fon-Ewe ou Congo-Angola. Na maioria dos Terreiros Omolokô há o culto aos Orixás, em semelhança ao Candomblé Ketu, por issosão utilizados os Oríkì (poemas laudatórios) para homenageá-los e são assentados de forma semelhante. Os Orúkọ (nomes iniciáticos) são dados por meio da consulta ao jogo de búzios. Podemos afirmar que o nome Omolokô define um culto originário do Rio de Janeiro com práticas rituais e de culto aos Orixás e que aceita cultos aos Caboclos, aos Pretos-velhos e demais Entidades Espirituais da Umbanda. O culto Omolokô é apontado por estudiosos do assunto e praticantes como um dos principais influenciadores da formação da Umbanda

Sacerdote, Dirigente do Templo Espiritual Pantera Negra. Especialista e Mestre em Ciências da Religião pela PUC/ SP. Professor do Programa de PósGradução em Ciências Policiais

africanizada ao lado do Candomblé de Caboclo, da Macumba, da Cabula e do próprio Candomblé. Para o músico e escritor Nei Lopes o Omolokô seria um “antigo culto banto cuja expansão se verificou principalmente no Rio de Janeiro, na primeira metade do Séc. XX. O nome liga-se provavelmente ao quimbundo muloko, ‘juramento’; ou ao suto, moloko, ‘genealogia’, ‘geração’, ‘tribo’. Na Angola précolonial, Nganaia-Muloko era o sacerdote encarregado da proteção contra os raios”. (2004, p. 497). A Umbanda Omolokô foi organizada por Tata Tancredo da Silva Pinto, cujo nome iniciático (Sunna) era Fọ̀ lkétu Olóròfẹ̀ . Para ele, o culto Omolokô chegou ao Brasil proveniente do sul de Angola, onde era praticado por uma pequena tribo pertencente ao grupo Lunda-Quiôco, que ficava às margens do rio Zambeze, que lhes fornecia alimentação no período das cheias. Tata Tancredo afirmava que “a Umbanda é (gn) africana, é um patrimônio da raça negra” e que achava graça quando ouvia os “líderes da Umbanda Branca dizendo que a religião [apenas] sofre influência das tradições africanas” (FREITAS e PINTO, 1957, p. 58). Para ele, a Umbanda é um culto de origem africana e esse viés africanista da Umbanda pode ser visto em uma de suas afirmações: “Terreiro de Umbanda que não usar tambores e outros instrumentos rituais, que não cantar pontos em linguagem africana, que não oferecer sacrifício de preceito e nem preparar comida de santo, pode ser tudo, menos Terreiro de Umbanda.” Para afirmar a característica africana da Umbanda e dar uma formação intelectual aos praticantes do Omolokô, organiza no Rio de Janeiro o primeiro curso de língua e cultura Iorubá. Na Umbanda Omolokô

há o culto aos Orixás (se tiver um viés Ketu), aos Bacuros e Inkices (se tiver um viés Angola Bantu) ou Voduns (se tiver um viés FonJêje). Há também o culto às entidades encontradas em outras vertentes de Umbanda tais como Pretos Velhos, Boiadeiros, Baianos, Marinheiros, Crianças, Exus, Pomba Gira (Bombogira) e outras entidades encontradas no Catimbó-Jurema, Toré, Babaçuê, Tambor de Mina etc. Várias casas de Umbanda, cujas formas de culto são consideradas de cunho africanista, originaram-se do culto Omolokô, ou das antigas Casas de Macumba que, mais tarde, foram reconhecidas como praticantes do culto Omolokô, especialmente depois da divulgação de suas práticas nos livros escritos por Tata Tancredo da Silva Pinto. Essas Casas mantiveram uma estrutura de culto aos Orixás, em harmonia com os guias espirituais. Sobre a Umbanda Omolokô, podemos ver no sítio de Internet da Federação de Umbanda do Brasil (FUB) a seguinte afirmação: “Não objetivamos afirmar que a Umbanda Omolokô seja a melhor ou a pior. Em minha concepção a Omolokô é a mais ‘original’, no sentido de manifestações, é a que mais se próxima daquilo que as entidades que povoam os cultos afro-brasileiros ou afro-ameríndios representam. No Omolokô as entidades não precisam se utilizar dos comportamentos ‘doutrinados’, em que tudo é padrão. As entidades podem se manifestar livremente e isso é muito desejável. Os Babalorixás e Yálorixás não determinam como as entidades devem se manifestar, apenas determinam como deve ser o comportamento ético do médium, colaborando com seu crescimento espiritual, atraindo para si entidades de Luz.” Referências:

● FREITAS, Byron Torres de & PINTO, Tancredo da Silva. Camba de Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Souza, 1956. ● LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora africana. São Paulo: Selo Negro, 2004. ● OMOLU, Caio de. Umbanda Omolocô: liturgia, rito e convergência. São Paulo: Ed. Ícone, 2002. ● SILVA, Ornato José da. Culto Omoloko: os filhos do Terreiro. Rio de Janeiro: Rabaço Editora, s/d.

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Indicação de Leitura e atividade por Dinah D’Iansã

Revista Axé Campinas incentiva a implantação da Lei 10.639, que institui o ensino da cultura africana e afro brasileira nas escolas.

Curumim Koumba e o tambor diambê

Ilustração: Reprodução

O

livro fala sobre Koumba, um pequeno menino, muito alegre e de um imenso sorriso, que adora tocar diambê, que adora tocar tambor. E o diambê toca o coração de Koumba. A melodia do diambê alegra as casas, as ruas, toda a cidade e viaja longe pelo ar. Koumba ouve a canção do tambor, canção que veio da África, canção do povo negro. O tambor toca a canção da alegria, o tambor toca a canção da liberdade. Vamos viver as diferenças e acabar com o preconceito racial.

Pinte o pequeno Koumba e seu diambê

Ilustração: Rubem Filho

◄CRUZADINHA ÁFRICA

Escritora: Madu Costa Ilustração: Rubem Filho Editora: Mazza

K O U M B A

CANÇÃO

I

Ê

L

CORAÇÃO DIAMBÊ

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KOUMBA

A R

NEGRO RACIAL

O

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TAMBOR


Agenda

Setembro 6 e 7 ‐ EXPO AFRO BRASIL 2014/ SP – Congresso & Feira da Cultura Afrobrasileira, Indígena e Cigana – Artesanato, oficinas e palestras - Aberta ao público e entrada gratuita – Local: Parque do Trote – Vl Guilherme/ SP – Mais informações: (11) 3453.6175 9 a 11 ‐ KILOMBISMO/ RJ – Identidade, Tradição, Educação – Atividades programadas Palestras, Seminários, Rodas de Reflexão, Feira de Arte Afro e Indígena - Local: Pucc Rio – Gávea/ RJ – Mais informações: (21) 9.92036035 – www.facebook.com/ panoramaafro 13 ‐ SARAU DO AXÉ – MUSICAL E CULTURAL / CAMPINAS – O evento que traz como convidado especial Pai Élcio de Oxalá, diversas atrações e atividades culturais,

Jongo Dito Ribeiro, além de exposição de livros e artigos religiosos. – Será dia 13 de Setembro às 16:30hs – Local: Fazenda Roseira – Realização: Saravaxé.

14 ‐ 5º SEMINÁRIO MUXIMA DIA MUHATU/ CAMPINAS – O evento propõe um espaço de discussão e um olhar das Comunidades Tradicionais de Terreiro para a prevenção, diversidade e saúde sexual, tendo a representatividade de Movimentos Sociais, Professores e Doutores e ainda o poder público trazendo as políticas referentes do município – Informações: inzomusamburainha@yahoo.com.br

de Setembro – Informações e inscrições: www. circuitogitano.com – (11) 2307.5001.

21 ‐ 7ª. CAMINHADA EM DEFESA DA LIBERDADE RELIGIOSA / RJ – Caminhando a gente se entende. Eu tenho fé. Realização: Comissão de Combate à Intolerância Religiosa – acontecerá dia 21 de setembro às 11:00h – Local: Orla de Copacabana / RJ.

21 ‐ 5º FESTIVAL DE CURIMBA “UM GRITO DE LIBERDADE” / SP – As incrições já estão abertas, com vagas limita20 e 21 ‐ CIRCUITO GITANO das. Será dia 21 de Setem2014/SP bro – Local: Casa de Show – Um evento especialmente Expresso Brasil – Organidedicado à dança e a cultu- zação: Aldeia de Caboclos ra cigana. Serão 19 oficinas de dança, 05 palestras e 01 Mais informações: (11) workshop – Dias 20 e 21 2796.4374.

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Luz Castañeda expõe ERVAS E SEUS ORIXAS na FCM- UNICAMP Foto: Reprodução

rtista autodidata, es tudiosa da ciência apaixonouse pela genética. Fez PhD na UNI CAMP em Ciências Bio lógicas; foi professora da PUCSP em História da Ciência. Esses 20 anos nes sa área de pesquisa, deixou como herança uma estética visual de formas orgânicas e colorido intenso que é iden tificado em sua expressão artística. Pinta, borda, cola, pinta com tintas diferentes. Tanto pinta que pintou exposições individuais e coletivas reali zadas no Brasil e no exterior desde 2006. Empreendedo ra, fundou em 2007 o espa ço coletivo Céu Aberto. Um Hub de profissionais orien tados para arte, terapias in tegrativas e educação para

A

SAIBA MAIS de Pintar ▪RuaCasaCássia, 255 Campinas – SP – 13085‐140 fone (19) 98177‐1137 Luz Castañeda: formas orgânicas e coloridos intensos como tema de pesquisa

paz. Atualmente sob nova coordenação. Adora a Frida Kahlo, fez sua cadeira e ga nhou o prêmio 2012 Instala ção Jardim de Frida. Salão de Artes Plásticas Wal demar Belizário. Curadora desde 2012 do Espaço Arte. Uma pop up galeria, idealizada pelo show room do Ateliê Revestimento, Campinas.

Contato: ▪luzcastaneda@ uol.com.br Site: ▪facebook.com/ luzia.castaneda1

(Mais informações e fotos no site www.axecampinas. com.br)


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